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ESPORTIVA:
ESPORTES
INDIVIDUAIS E
COLETIVOS
Ericson Pereira
Corridas de resistência
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A corrida é um movimento natural do ser humano; as crianças, por
exemplo, correm em diversas brincadeiras. Porém, alguns hábitos nada
saudáveis têm tornado o ser humano cada vez mais sedentário e, junto
com isso, têm aumentado a incidência de doenças provenientes desses
hábitos. Dessa forma, muitos adultos têm se tornado indivíduos seden-
tários, o que acaba aumentando o risco de diversas doenças silenciosas,
como a hipertensão e o diabetes.
A corrida de resistência surge como uma opção na tentativa de tornar
esse indivíduo mais ativo. Estudos iniciados pelo médico americano
Kenneth Cooper, na década de 1970, já mostravam resultados positivos
para a saúde com a prática de corridas em ritmo moderado. Assim, a
prática dessas corridas recebeu um grande estímulo, o que resultou em
um aumento significativo no número de praticantes. Esse aumento é
facilmente percebido devido ao aumento do número de assessorias que
surgiram para atender à demanda de novos corredores. Além do apelo
da melhora na saúde, as corridas de resistência geram grande motivação
pela superação de limites; nelas, o homem é motivado a correr cada
vez mais e mais rápido. Um exemplo de motivação é a atual busca dos
atletas pelo rompimento da barreira de 2 horas na maratona masculina.
2 Corridas de resistência
mulheres acabaram passando mal após a prova devido ao esforço, ela foi
excluída, retornando apenas nos jogos de Roma, em 1960.
A prova de 1.500 metros está presente nos jogos também desde a primeira
edição; nela, os atletas realizam três voltas completas e ¾ de uma volta, sendo
essa prova equivalente à distância clássica da milha (1.609 metros), que era
uma corrida comum nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, devido ao sistema
métrico. As mulheres estrearam apenas nos jogos de Munique, em 1972,
conforme aponta a Associação Internacional de Federações de Atletismo
(CBAT; IAFF, 2017).
A prova de 5.000 metros também foi disputada desde a Antiguidade,
inspirada nos grandes feitos dos mensageiros militares, e chamava-se “doli-
chos”. Nessa prova, os atletas realizam 12 voltas e meia na pista (CBAT; IAFF,
2017). Ela está presente nos jogos modernos desde 1912, em Estocolmo. As
provas de resistência feminina são recentes; sua estreia ocorreu nos jogos de
Los Angeles, em 1984, na distância de 3.000 metros; nos jogos de Atlanta, foi
substituída para os atuais 5.000 metros.
A prova de 10.000 metros está presente nos jogos modernos desde 1912,
em Estocolmo. Nela, os atletas realizam 25 voltas completas na pista. As
corridas para fins de apostas eram muito populares na Grã-Bretanha e nos
Estados Unidos no século XIX. A versão feminina estreou apenas em Seul,
em 1988 (CBAT; IAFF, 2017).
As provas de 5.000 e 10.000 metros tiveram atletas finlandeses com grande
destaque internacional, como Paavo Nurmi e Lasse Viren, além do tcheco Emil
Zatopek, conhecido com a “locomotiva humana”. A partir dos anos 1980, os
etíopes e quenianos passaram a dominar os eventos masculinos, enquanto,
entre as mulheres, a China e a Etiópia se destacam.
Normalmente, fora da pista o percurso oferece alguns obstáculos relaciona-
dos à altimetria, que se refere às subidas com diferentes graus de inclinação.
Devido a essas variações, existem locais onde são realizadas essas provas que
favorecem a quebra de recordes, por possuírem um percurso favorável, ou seja,
uma altimetria baixa. Já outros percursos acabam ficando conhecidos por sua
dificuldade. Assim, torna-se difícil reproduzir em locais diferentes provas
com as mesmas características. O Quadro 1 apresenta as melhores marcas de
algumas provas de resistência, tanto em pista como em rua.
4 Corridas de resistência
Em pista
Na rua
5 km 30% 70%
10 km 20% 80%
Influência no desempenho
Entre os fatores que determinam o desempenho, segundo Evangelista (2010),
está a economia de corrida, que está relacionada à absorção de oxigênio pelo
corpo. Assim, atletas com os mesmos valores de VO2máx não necessariamente
correm na mesma velocidade; essa economia está relacionada à capacidade
de correr em velocidades maiores com menor gasto energético. Uma maior
quantidade de mitocôndrias está relacionada a uma menor produção de lactato,
a densidade de capilares está relacionada ao fornecimento de sangue com
oxigênio aos músculos, e uma maior capacidade cardíaca também vai fornecer
maior quantidade de sangue aos tecidos musculares.
Segundo Machado (2009), as corridas de resistência podem proporcionar
respostas agudas e crônicas. A melhora do desempenho com o treinamento
está relacionada com mudanças crônicas.
10 Corridas de resistência
Treino em altitude
Os treinos em altitudes acima de 1.800 metros podem acarretar melhoras
entre 1,8 a 2,5% na performance do atleta, segundo Evangelista (2010). Entre
as alterações encontradas, a permanência por no mínimo duas semanas em
elevadas altitudes pode gerar aumento no número de células vermelhas e,
entre 3 e 6 semanas, aumento da capacidade mitocondrial.
Corridas de resistência 13
Durante as corridas de resistência, sempre surge a dúvida: “devo respirar pela boca ou
pelo nariz?” Normalmente, em repouso, respiramos pelo nariz, pois essa respiração
atende à nossa demanda de oxigênio. Além disso, o ar é aquecido e filtrado antes de
chegar aos pulmões. Porém, durante o exercício, a frequência respiratória aumenta,
devido à necessidade de mais oxigênio para manter o trabalho. Assim, com uma
frequência elevada, fica desconfortável respirar pelo nariz, além de a quantidade de
ar demandada ser insuficiente. Por isso, a respiração pela boca acaba sendo utilizada,
pois atende à demanda de oxigênio necessária para o exercício.
CBAT; IAFF. Atletismo: regras oficiais de competição 2016-2017. São Paulo: Phorte, 2017.
EVANGELISTA, A. L. Treinamento de corrida de rua: uma abordagem metodológica e
fisiológica. São Paulo: Phorte, 2010.
FERNANDES, J. L. Atletismo: corridas. 3. ed. São Paulo: EPU, 2003.
GOMES, A. C. Treinamento desportivo. Porto Alegre: Artmed, 2009.
MACHADO, A. Bases científicas do treinamento de corridas. São Paulo: Icone, 2011.
MACHADO, A. Corrida: teoria e prática do treinamento. São Paulo: Icone, 2009.
MCNAB, T. Corridas de velocidade, fundo e meio fundo. Porto: Talus, 1983.
Leitura recomendada
BROWN, R. L. Corrida como condicionamento físico. São Paulo: ROCA, 2005.