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OS IMPACTOS DA PANDEMIA CAUSADA PELA COVID-19 NA

SAÚDE MENTAL DOS ADOLESCENTES

Túlia Juliee Malcher Pimentel1


Carla Adriana Schneider Sebastian2

RESUMO
A pesquisa se propõe a identificar os impactos da pandemia causada pela COVID-
19 na saúde mental dos adolescentes, analisando as consequências do isolamento
social e a importância de promover a saúde mental para o bem-estar. É necessário
se aprofundar mais neste estudo, por conta da atual situação em que o mundo
passa, onde, o isolamento social pode trazer repercussões para a saúde mental e
bem-estar social, principalmente para esta etapa do desenvolvimento, onde a
convivência em grupo se apresenta de maneira significativa, inclusive no processo
de construção da identidade. A metodologia utilizada será de pesquisa bibliográfica,
com levantamento em repositórios de dados bibliográficos, utilizando instrumentos
como livros, artigos científicos, teses e dissertações, coletados em bases de dados
tais como SciELO, PePSIC, BVS, e Google Acadêmico. Serão consideradas
publicações com idioma na língua inglesa e portuguesa ocorridas nos últimos cinco
anos, com o desígnio de obter uma visão ampla e crítica acerca da temática.

PALAVRAS-CHAVE: Pandemia; COVID-19; adolescentes; saúde mental; bem-


estar.

INTRODUÇÃO

Este estudo tem como objetivo apresentar os impactos da pandemia causada


pela COVID-19 na saúde mental dos adolescentes, bem como a importância de
promover a saúde mental para o bem-estar do adolescente.
Em dezembro de 2019 surgiu na China o novo coronavírus denominado –
severe acute sindrome coronavirus – 2º, tornou-se o mais grave problema da saúde
1
Acadêmica do curso de Bacharelado em Psicologia da Faculdade Estácio de Macapá. E-mail:
julieepimenta50@gmail.com
2
Prof.ª; Orientadora, ª Docente Especialista em Psicologia Jurídica. E-mail: mgtmartins@gmail.com

1
pública desta geração, declarada uma pandemia em 11 de março de 2020.
Conforme VAN DOREMALEN (2020; p 1), a COVID – 19 é considerada uma
infecção respiratória, ocasionada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda
Grave 2 (SARS-CoV-2) ocasionando a contaminação rápida e letal.
Os impactos causados pela pandemia COVID – 19 afeta a vida dos
adolescentes em diferentes dimensões, com o fechamento das instituições de
ensino que são medidas amplamente adotadas para controlar o contágio pelo novo
coronavírus, interrupção da rotina e o confinamento em casa pode gerar nos
adolescentes medos, incertezas, agressividade, irritabilidade, sentimento de tristeza,
baixa autoestima e impotência, uso de álcool e outras drogas, sofrimento e
inquietações sobre a própria sexualidade, alta prevalência dos sintomas depressivos
e de ansiedade, transtornos alimentares, transtornos de humor devido ao
distanciamento social dos pares ou amigos, aumento da vulnerabilidade a diferentes
tipos de violência em casa, comportamentos agressivos no contexto familiar.
(OLIVEIRA et al, 2020)
O isolamento social também pode causar o exagero e aumento da
convivência virtual, devido ao tédio e a nostalgia do distanciamento social, provocar
frustração, desconexão emocional, diante desse cenário os adolescentes podem
adotar comportamentos estremos de risco a saúde mental, como ideação ou
tentativa de suicídio e automutilação e outros problemas psicológicos.
De acordo com Mata et al (2021), constata-se que aproximadamente 10 a
20% dos adolescentes sofrem com algum problema psicológico. Os impactos sobre
os sistemas de saúde, com a exposição de populações vulneráveis, a recessão
econômica pode tornar vulneráveis crianças e adolescentes e suas famílias, o
aumento da fome e os enormes impactos socioeconômicos nas famílias, o
confinamento e o temor pelo risco de adoecimento e morte afeta a saúde mental dos
adolescentes.
Como consequência do isolamento social, os adolescentes podem ficar mais
irritadiços devido às restrições de mobilidade e a impossibilidade de estar com os
colegas. Essa realidade pode resultar em comportamentos agressivos ou de
desobediência, e no aumento da convivência virtual com amigos por meio de
tecnologias digitais, a convivência familiar também pode aumentar as tensões nas
relações interpessoais e favorecer o surgimento de doenças mentais preexistentes

2
(OLIVEIRA et al, 2020).
O presente estudo se fez necessário visando que sejam realizadas mais
pesquisas bibliográficas relevantes como está por parte da comunidade científica
acadêmica, contemplando a importância da saúde mental dos adolescentes em
tempos de pandemia Covid -19, no intuito de buscar estratégias para amenizar os
impactos do isolamento social no futuro desses adolescentes.

DESENVOLVIMENTO

Este estudo adotará a revisão teórica da literatura, com o método de


pesquisa bibliográfica e exploratória. Gil (2017), afirma que a pesquisa bibliográfica
é elaborada a partir de material já publicado. As fontes utilizadas para desenvolver
este estudo bibliográfico incluem material impresso, artigos científicos, livros,
periódicos, revistas, cartilhas, dissertações e teses, assim como outros tipos de
fonte de material disponibilizados em sites científicos disponíveis em bases de
dados tais como: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Fiocruz, Bibliografia
Virtual em saúde (BV- Saúde), Periódicos eletrônicos em Psicologia (Pepsic).
Com relação às publicações em inglês, será utilizado a ferramenta Google
Tradutor, para fazer as traduções das publicações encontradas nas bases de dados
indexadas acima.
Quanto aos critérios de inclusão da presente pesquisa, serão utilizadas obras
no idioma português e inglês, assim como, se deu prioridade a obras literárias
publicadas nos últimos 05 anos, entre os anos de 2016 a 2021, sendo utilizadas
obras relacionadas aos efeitos da pandemia na saúde mental do adolescente.
Quanto aos critérios de exclusão, relacionam-se as publicações cujos títulos
não se citem visivelmente à temática em estudo, artigos elaborados fora da data
proposta, assim como, publicações que não estejam de acordo com os critérios dos
objetivos específicos.
A primeira etapa consistira na seleção de estudos científicos para compor a
amostra do estudo. Na segunda etapa serão caracterizadas as pesquisas revisadas.
A terceira etapa consistirá em adequar os achados aos critérios de inclusão e
exclusão, e por fim, na quarta etapa serão interpretados os resultados, apresentados

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e expostos.
Por se tratar de pesquisa bibliográfica, este estudo não apresenta riscos.
Sendo assim, não serão utilizadas pesquisas envolvendo seres humanos. No
entanto, o mesmo será submetido ao comitê de ética e pesquisa da Faculdade
Estácio de Macapá para receber o termo de isenção.
Este estudo não apresenta risco em razão de não envolver pesquisa com
seres humanos por esta razão não será utilizada o Termo de Consentimento Livre e
esclarecido (TCLE) levando em consideração os aspectos éticos e legais, com base
na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.
Com relação análise dos dados, os referenciais teóricos foram de grande
importância na construção do presente estudo de pesquisa qualitativa, visando
descrever os impactos e as consequências da pandemia Covid - 19 na saúde mental
dos adolescentes.
O presente projeto de estudo compromete-se em respeitar todos os aspectos
éticos, nos termos e definições da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de
Saúde, por este ser um estudo de revisão de literatura e não possuir o envolvimento
de seres humanos, deste modo, dispensa a aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP), sendo preservado durante todo o processo as autorias e
autenticidade dos autores pesquisados.

SER ADOLESCENTE EM TEMPOS DE PANDEMIA

Para ALMEIDA (2017) a adolescência caracteriza-se por ser o período de


desenvolvimento biológico e psicológico de um indivíduo, onde formará sua
personalidade de acordo com o meio social em que convive, para estes a
adolescência propriamente dita compreende a faixa etária de 10 a 19 anos. A
adolescência como a fase da vida que culmina com a constituição da identidade.
Partindo desta perspectiva, entende-se que esta fase é vivenciada em um contexto
de multiplicidade, que gera grandes transformações, que influenciam diretamente na
formação da identidade do sujeito que externa fatores intrapessoais, interpessoais e
culturais (MACIEL et al., 2020).
Porém, vale ressaltar que a realização da identidade é um processo interno.
É importante observar que o desenvolvimento do conhecimento da adolescência

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está relacionado à compreensão das mudanças físicas. A adolescência e seus
efeitos, a evolução do desenvolvimento cognitivo, a socialização e construção da
identidade que se dá nesta fase da vida. Ao longo do século XIX, a adolescência
passa a ser reconhecida como um “momento crítico” da existência humana
(BRASIL, 2017).
A sociedade contemporânea ocidental não apenas estendeu o período da
adolescência, como também os elementos constitutivos da experiência juvenil e
seus conteúdos (FUNDAÇÃO ABRAMO, 2020). Adolescência, hoje, não é mais
encarada apenas como uma preparação para a vida adulta, mas passou a adquirir
sentido em si mesma.
Os componentes psicológicos e fisiológicos fundamentais desse período
sempre existiram nas pessoas, independente do período histórico ou cultural,
embora nem sempre se reconhecessem as características específicas da
adolescência. (BRASIL, 2020)
Exemplificando com a amizade, questão muito relevante nessa fase, BRUM
(2019) escreve que a mesma responde a uma necessidade essencial de encontro
com o outro, e esteve presente desde a aurora das civilizações, embora com
características das diferentes culturas ou épocas. Os adolescentes dentre suas
experiências, vivenciam momentos que o crescimento do corpo pode ser motivo de
preocupação, onde muitas das vezes geram insatisfação, sofrem com sentimentos
não correspondidos, chegam a se sentirem desamparados pela perda parcial da
proteção dos pais. Estes fatores são característicos na vida de um adolescente, no
entanto, muitos não sabem como lidar com esses sentimentos abrindo caminho para
problemas psicológicos (STRELHOW, 2017).
Outra característica bastante marcante da adolescência é a tendência grupal.
Na busca pela identidade, os adolescentes se juntam em busca de uniformidade,
que traz certa segurança e estima pessoal. Nesse processo, há uma identificação
em massa, em que todos se identificam com cada um.
Nesse sentido, se transfere para o grupo grande parte da dependência que
antes era da família, principalmente dos pais. Além disso, “a família permanece
mesmo na etapa adulta, dá significados às relações sociais e atua na elaboração
das experiências vividas” (CAMPOS e GOTO, 2017). Depois de passar por essa
experiência grupal, aí sim o indivíduo poderá se distanciar da turma e assumir sua

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identidade adulta.
A pandemia da infecção causada pelo SARS-CoV-2 (Severe Acute
Respiratory Syndrome coronavírus 2) denominada Doença coronavírus 2019 ou
COVID-19 amplifica os fatores estressores do psiquismo e influencia negativamente
a saúde mental (YOSHIKAWA H et al 2020).
Dentre as medidas de distanciamento social, destaca-se, para este grupo, o
fechamento de escolas, clubes, academias, shoppings, praias e parques. Com isso,
passam a ficar restritos ao ambiente doméstico, sem a possibilidade de se relacionar
fisicamente com seus pares e, possivelmente, aumentando a procura por jogos
virtuais, acesso a vídeos e uso de redes sociais (BALHARA et al, 2020). Adicionado
a isso, impôs-se o excesso de contato dentro do núcleo familiar e, porventura,
ausência de privacidade. Enquanto há relato das famílias com crianças de que estas
têm demonstrado felicidade frente ao aumento do tempo com os pais, essa não é a
realidade mais comum para os adolescentes, que vivenciam uma interrupção no
processo de busca por identidade fora de casa. O distanciamento físico atual
também é acompanhado de impactos econômicos para algumas famílias, o que
pode aumentar o conflito dentro das casas e a insegurança emocional dos
adolescentes (MARQUES et al, 2020).
Desta maneira, com o isolamento social obrigatório compondo uma das
principais medidas sanitárias para achatarem a curva de contaminação pela COVID-
19, os adolescentes e também as crianças experimentam maiores sentimentos de
solidão, acarretando efeitos negativos na saúde mental através de sintomas de
ansiedade, depressão, distúrbios no sono e no apetite (YOSHIKAWA H et al. 2020).
O isolamento social pode provocar frustração, irritação, desconexão emocional,
nostalgia e tédio por causa do distanciamento social (OLIVEIRA et al, 2020).

A COVID-19 E O ISOLAMENTO SOCIAL

Deste modo, a COVID-19 doença caracterizada por ser uma infecção


respiratória, ocasionada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2
(SARS-CoV-2), sendo está identificada em dezembro de 2019, e declarada como
uma pandemia mundial em março de 2020, ocasionando a contaminação rápida e
letal de milhares de pessoas, resultou no isolamento social de milhares de pessoas

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em todo o mundo, que tem ocasionado problemas psicológicos em muitas pessoas.
No âmbito da infância e adolescência, importa salientar que no artigo 227 da
Constituição Federal (BRASIL, 2020) e artigo 4 do Estatuto da Criança e do
Adolescente crianças e adolescentes (BRASIL, 1990) asseguram primazia na
destinação de recursos e na execução de políticas sociais públicas e na efetivação
de direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, entre outros, sendo dever da
família, do Estado e da sociedade a garantia dessa proteção.
O distanciamento social e a quarentena são as medidas sanitárias mais
eficazes para frear a disseminação da infecção pelo Sars-CoV-2 até hoje
evidenciadas e foram amplamente utilizadas para prevenir a transmissão da COVID-
19 no mundo inteiro (SAURABH K et al. 2020).
O isolamento social caracteriza-se por ser uma medida de isolamento do
convívio social com outros indivíduos, está pode ocorrer tanto de forma voluntária
como involuntária. O isolamento social involuntário pode ocorrer por diversas
situações dentre elas por questões sanitárias, para se evitar a propagação de
doenças (GAO, 2020).
Os fatores que conduzem o desenvolvimento de problemas psicológicos em
adolescente em isolamento social foram inicialmente compreendidos por vários
estudos. A superexposição à informação, a redução da atividade física, as
mudanças nos padrões de dieta e sono, beber e fumar são comportamentos que
parecem estar relacionados ao aumento da vulnerabilidade dos jovens à pandemia.
(STANTON et al., 2020). Uso abusivo de substâncias psicoativas: o período de
confinamento amplia o risco de consumo de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas e
ilícitas; atenção é necessária com o público adolescente. Ainda, cabe observação do
risco de normalização da prática do consumo de substâncias psicoativas pelas
famílias para lidar com os sentimentos de medo e pânico (FIOCRUZ, 2020; FEGERT
et al., 2020).
Além disso, com a pandemia já se documentou o aumento do risco para o
desenvolvimento de quadros de ansiedade, depressão e outros problemas
psicológicos. Isso ocorre devido ao aumento do estresse referente às características
da própria pandemia, à diminuição da mobilidade, à desaceleração econômica e ao
fechamento das escolas, que são as medidas amplamente adotadas para controlar o
contágio pelo novo coronavírus e impedir o colapso dos sistemas de saúde. Diante

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desse cenário, as pessoas tendem a ficar mais ansiosas, com humor deprimido e
podem adotar comportamentos extremos de risco à saúde, como ideação ou
tentativa de suicídio e automutilação (OLIVEIRA et al 2020). O Comportamento
suicida: a conjuntura da crise econômica e seu imediato impacto na dinâmica
familiar, o isolamento social, a temática de morte e do adoecimento são elementos
que podem se configurar como gatilhos no espectro suicida, principalmente nos
jovens com transtornos mentais.
Ficar tanto tempo em isolamento pode acarretar desavenças familiares que
em conjunto a falta de espaço pessoal, o comportamento anormal dos pais com os
filhos e a saúde mental abalada dos cuidadores podem proporcionar efeitos
psicopatológicos (GHOSH et al. 2020). Pelo mesmo motivo, as denúncias de abuso,
negligência, exploração e violência doméstica apresentaram um considerável
aumento nessa época e o confinamento colocou as crianças e os adolescentes em
uma posição de maior susceptibilidade a essas práticas criminosas (GHOSH et al.
2020). Parte da população vive em “guerra sanitária”, privada de condições mínimas
de higiene e segurança, impedindo um isolamento social adequado, o que é
agravado pela falta do acesso digital em momento de isolamento social (FIOCRUZ,
2020). Violência familiar: condição prevalente associada a desfechos negativos à
saúde física e mental das crianças e jovens. Gritos, xingamentos, insultos são
manifestações de violência psicológica e assim como a negligência podem evoluir
para violência física. Nesse período, as figuras parentais abusivas passam mais
tempo com suas vítimas no ambiente doméstico e utilizam práticas punitivas físicas
ou mentais para controlar as desobediências (GHOSH et al. 2020; OLIVEIRA WA et
al. 2020). Essas agressões físicas e/ou psíquicas causam marcas eternas e
comprometem o desenvolvimento neuropsicológico e são fatores de risco para
transtornos psicossomáticos, abusos de substâncias ilícitas e comportamento
suicida (GHOSH et al. 2020). Diante do cenário catastrófico econômico causado
pela pandemia de COVID-19 muitas famílias foram atingidas e os filhos vivenciaram
grande preocupação em relação a perda de emprego dos pais e o medo de
indisponibilidade futura das necessidades básicas como comida e água (SAURABH
K et al. 2020).
Estima-se que até 85 milhões de crianças e adolescentes entre 2 e 17 anos
possam ter se somado às já vítimas de todos os tipos de violência física, sexual e
psicológica nos primeiros meses de pandemia e as necessárias medidas de

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isolamento social, incluindo o fechamento de escolas, medida adotada em 177
países e que afetou 73% de toda a população estudantil mundial, fazendo com que
a maior parte desta permaneça praticamente todo o período em confinamento
familiar, como sinaliza um relatório da organização não governamental World Vision
(WORLD VISION, 2020). De acordo com dados da Ouvidoria Nacional de Direitos
Humanos (ONDH), dos quase 160 mil registros feitos pelo Disque 100 no ano de
2019, 86,8 mil (55%) tratavam de violações contra crianças ou adolescentes. Isso
representa um aumento de 14% em relação a 2018. Negligência (39%) e violências
psicológica (23%), física (17%), patrimonial (8%), sexual (6%) e institucional (5%)
somam, juntas, quase 100% do total das violações.
Os adolescentes também podem ficar mais irritadiços devido às restrições de
mobilidade e a impossibilidade de estar com os colegas. Essa realidade pode
resultar em comportamentos agressivos ou de desobediência, e no aumento da
convivência virtual com amigos por meio de tecnologias digitais, a convivência
familiar também pode aumentar as tensões nas relações interpessoais e favorecer o
surgimento de doenças mentais preexistentes (OLIVEIRA et al 2020).
Em relação aos malefícios da tecnologia, um estudo concluiu que 29,58% dos
entrevistados relataram que passavam mais de cinco horas por dia online durante o
período pandêmico e o vício em smartphones e a dependência de internet para
aulas, consultas médicas e conversas com amigos e parentes aumentou
significativamente os sinais clínicos de depressão e os níveis de ansiedade dos
participantes (DUAN L et al. 2020). Portanto, ao analisar esses parâmetros
estressores do psiquismo é possível compreender os altos índices da prevalência de
problemas relacionados a saúde mental durante o curso da pandemia de COVID-19
e ter um retrato do que provavelmente ocorrerá no futuro.
Os ambientes familiares caracterizados pela pobreza e o impacto
socioeconômico da COVID-19 a longo prazo são circunstâncias que podem afetar a
capacidade das famílias de fornecerem cuidados. Doenças infecciosas como a
COVID-19 podem trazer perturbações ao ambiente onde as crianças crescem e se
desenvolvem, gerando impactos nocivos no seu bem-estar e ambiente de proteção
gerados pelas alterações na rotina diária, no cotidiano das famílias e nas relações
sociais e comunitárias. É imprescindível que os familiares estejam atentos às
mudanças de comportamentos dos adolescentes. Diante dos efeitos da saúde

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mental deletéria, é importante frisar que os comportamentos anormais podem ser
causados por conta do distanciamento social. (PRIME, BROWNE, WADE, 2020).

SAÚDE MENTAL NA ADOLESCÊNCIA

Nos dias atuais, um dos fatores de maior importância em meio a sociedade é


a saúde mental, sendo esta reconhecida pela OMS (Organização Mundial da
Saúde), tendo em vista que a saúde mental é a base para se ter um bem-estar físico
e social, conforme conceituação da OMS, ter saúde não significa somente que você
não está acometido por alguma enfermidade, mais significa que você está em plena
harmonia em seus aspectos físico, mentais e social (OMS, 2001). A saúde mental
pode ser definida de diversas forma, de acordo com diferentes autores, no entanto,
todos acreditam que a saúde mental se interliga com o bem-estar psicológico, não
apenas com a ausência de problemas mentais.

Ao que concerne à saúde mental, está possui grande importância em meio a


sociedade, que tem sido fruto de grandes estudos, sendo analisada em suas
diversas dimensões, deste modo, ganhando destaque em meio as ciências
comportamentais e biológicas que lhe proporcionaram grande progresso. Onde os
estudiosos, buscam compreender de forma simples e evidente como funciona a
mente humana, assim, interligando-se a compreensão da relação entre a saúde
mental, física e biológica (OLIVEIRA, 2020).
Ressalta-se a importância de se manter uma saúde mental estável, assim
como, o bem-estar psicológico pois estes dois quando interligados são essenciais
para se manter a qualidade de vida, tanto em aspectos fisiológicos, biológicos e
psicológicos. Diante dos desafios apresentados, é importante estabelecer um
mecanismo de mobilização para prevenir, identificar, acolher, encaminhar e tratar os
problemas relacionados à saúde mental dos adolescentes. A fim de cooperar com
essa discussão, foi listado algumas possibilidades de ação com base nas evidências
de doença emocional entre os jovens durante a pandemia e epidemias externas.
(LOADES et al, 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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O presente estudo buscou, por meio de pesquisa bibliográfica, identificar os
impactos da pandemia COVID 19 na saúde mental dos adolescentes.Os resultados
da pesquisa demostram que a pandemia COVID 19, o isolamento o e
distanciamento social, pode acarretar em diversos problemas biopsicossocal na
vida dos adolescentes, nas esferas social, escola, familar e pessoal causando
ansiedade, depressão, medo, incertezas, insegurança, conflitos familiares e de
convivência doméstica com seus pais, modificado o comportamento dos
adolescentes e trazendo prejuízos psicológicos.
Dessa maneira destaca- se a impotência de promover a saúde mental dos
adolescentes amenizando os impactos da pandemia COVID na saúde mental dos
adolescentes, por meio de suporte psicossocial, garantindo o bem _ estar dos
adolescentes, através da observação e intervenção da escola, família e uma rede de
apoio para amenizar futuras sequelas que podem vim acarretar no futuro.
Assim sendo, trabalhando em caráter preventivo para redução, de problemas
psicológicos mas graves que podem dificultar ou se intensificar caso os
adolescentes não tenham um suporte adequado para se adaptar e readaptar ao
novos tempos em que vivemos de pandemia.

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THE IMPACTS OF THE PANDEMIC CAUSED BY COVID-19 ON THE
MENTAL HEALTH OF ADOLESCENTS

ABSTRACT

The research aims to identify the impacts of the pandemic caused by COVID-19 on
the mental health of adolescents, analyzing the consequences of social isolation and
the importance of promoting mental health for well-being. It is necessary to go
deeper into this study, due to the current situation in the world, where social isolation
can bring repercussions for mental health and social well-being, especially for this
stage of development, where group living is presents in a significant way, including in
the process of identity construction. The methodology used will be bibliographic
research, with a survey in bibliographic data repositories, using instruments such as
books, scientific articles, theses and dissertations, collected in databases such as
SciELO, PePSIC, BVS, and Academic Google. Publications in English and
Portuguese that have taken place in the last five years will be considered, with the
aim of obtaining a broad and critical view of the subject.

KEYWORDS: Pandemic; COVID-19; teenagers; mental health; welfare.

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