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TEMA

Estudos Léxicos na região quilombola do Aporema.

TÍTULO
COMUNIDADE SÃO TOMÉ DO APOREMA: traços lexicais advindos das línguas
africanas nas falas dos quilombolas.

INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, os estudos sobre o léxico tiveram notoriedade em seu
desenvolvimento, principalmente na Europa, com objetivo de constituir tradução
interlingual e dicionários por meio de computadores e telecomunicações. Na década
de 80 e 90, aqui no Brasil, os estudos sobre o léxico ganharam cada vez mais
amplitude nacional, deixando de ser sazonais e vindo de outros centros de pesquisa.
Nesse interim, é necessário entender os processos de formação lexical que a
língua portuguesa cria e ativa, levando em consideração o método de seus sistemas
e regras de produção lexical, onde ocorre vários processos morfo-lexicais em um
mesmo paradigma.
Assim, cada língua possui seu sistema lexical responsável por organizar e
classificar dados reais que são compartilhados por alguma cultura, traduzindo
modelos singulares de um mundo visto e construído pela comunidade na qual está
organizada (BIDERMAN, 1978).
Desse modo, foram muitos anos em que a cultura negra se difundiu no Brasil,
trazido pelos africanos que chegaram como escravos, não sendo dado a devida
importância para a formação cultural do país e da língua portuguesa dele, sendo
esse fato de grande peso.
Desse modo, grande foram as influências dos falares africanos no português
do Brasil que se iniciaram no século XIX. No entanto, são poucos estudos e análises
que abordam essa questão da influência do africano na língua portuguesa. No que
concerne a isso, a análise só se restringe à tópicos introdutórios da língua.
É importante trazer à tona essa variedade de estudos sobre a influência do
léxico dos africanos referente a localidade X para compreendermos essa relação
entre sociedade, cultura e língua, envolvidas nos ancores linguísticos das línguas
africanas com o português brasileiro.
Não obstante a isso, especificamente o léxico, Barbosa (1981, p. 158)
verbaliza que “língua, sociedade e cultura são indissociáveis, interagem
continuamente, constituem, na verdade, um único processo complexo [...]” e põem
em questão o pensar, os sistemas de valores e de como eles enxergam suas
práticas socioculturais espelhadas no léxico de suas comunidades.
Para tanto, este trabalho tem como objetivo identificar a presença de algum
lexema oriundo das línguas africanas nas falas dos quilombolas da Comunidade São
Tomé do Aporema, além de abordar o contexto histórico dos estudos léxico no
Brasil, analisar os significados atribuídos aos lexemas encontrados na comunidade
São Tomé do Aporema e traçar o perfil lexical do português falado na Comunidade
São Tomé do Aporema.
A metodologia deste artigo é de caráter ...

HIPÓTESES

PROBLEMA
Há presença de algum lexema oriundo das línguas africanas nas falas dos
quilombolas da Comunidade São Tomé do Aporema.

METODOLOGIA
Este trabalho terá cunho característico de uma pesquisa de campo, sendo
realizada na Comunidade São Tomé do Aporema, com abordagem qualitativa, de
natureza explicativa, seguindo vários processos metodológicos para se atingir o
objetivo quisto.
A pesquisa será idealizada por meio de observação da comunidade,
verificando suas falas e buscando encontrar lexemas de origem africana. Para isso,
será necessário habitar na comunidade por 7 dias, para melhor entender seus
costumes, sua história, cultura e influencias linguísticas de seus antepassados.
Por conseguinte, será utilizada uma entrevista na comunidade com perguntas
abertas, para que seja possível se aprofundar mais no modo de falar daquela região,
deixando-os mais à vontade para externar suas falas, sem que haja interferência da
observadora-pesquisadora.
A análise de dados poderá ser feita por meio do conteúdo que se adquirirá na
entrevista e pela observação na comunidade, levando em consideração todo o
contexto histórico da comunidade e relacionando-a com os autores que serão
utilizados para tecer o texto teórico.
Além disso, o levantamento bibliográfico partirá de estudos e leituras
realizadas em livros, revistas, artigos especializados no tema e em sites de busca de
bibliotecas de universidades, cuja temática esteja efetivamente relacionada com as
línguas africanas, dando prosseguimento para um recorte temático, epocal e
geográfico.

OBJETIVO GERAL
Identificar a presença de algum lexema oriundo das línguas africanas nas
falas dos quilombolas da Comunidade São Tomé do Aporema.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abordar o contexto histórico dos estudos léxico no Brasil;
Analisar os significados atribuídos aos lexemas encontrados na comunidade
São Tomé do Aporema;
Traçar o perfil lexical do português falado na Comunidade São Tomé do
Aporema.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O léxico é o subsistema mais dinâmico da língua, porque é o elemento que
mais diretamente configura como coisas novas no idioma, por isso todas as
mudanças ou inovações políticas, econômicas, sociais, culturais são nele o mais
claro, imediato, reflexivo ou científico (VILELA, 1994).
O léxico de qualquer idioma constitui um vasto mundo de imprecisões e
fronteiras infinitas. Abrange todo o mundo conceitual da língua. Qualquer sistema
léxico é uma soma de toda a experiência acumulada culturalmente nas dinastias
anteriores de uma sociedade. Os membros desta sociedade, como agentes,
desempenham um papel no processo de continuação e reinterpretação contínua da
sociedade (BIDERMAN, 1978).
Esse movimento de reformulação contínua lexical fez com que sua
sistematização fosse questionada e atrasada ao longo da história. Pesquisas sobre
redes associativas, estatísticas de frequência e vocabulário, pesquisa de
distribuição e outros, mostraram a partir da categoria do léxico, novas
aprendizagens estilísticas lexical, semântica-lexical, etc. Finalmente provou-se que
embora o léxico esteja em expansão constante, pode se tornar objeto de pesquisa
sistemática, diacrônica ou síncrona.
Nesse interim, os dicionários diacrônicos são subdivididos em etimológicos e
históricos, segundo Dapena (2002). De acordo com o autor, o primeiro está voltado
para a origem da palavra e o segundo, está relacionado com à história das
palavras, no primeiro momento em que a palavra aparece na língua do seu
momento atual com até o seu desaparecimento.
Nesse campo amplo de pesquisa, alguns pesquisadores tendem a descrever
os componentes ou funções das unidades de vocabulário de acordo com os
objetivos perseguidos. Outros campos estudam unidades de vocabulário para fins
de aplicação, como reconhecer e estabelecer unidades de vocabulário de
linguagem para registrá-las em relatório (KRIEGER, 2012).
Conforme Alfredo Bosi (1992, p. 11) “as relações entre os fenômenos deixam
marcas no corpo da linguagem”, não há como separar a história de um determinado
povo de sua língua, como as duas estão interligadas, pois os fenômenos históricos
e culturais deixam rastros em uma determinada língua. Embora a língua também
faça parte da cultura de um país, pode ser considerada uma coisa muito especial
nela. Estudar a história das palavras pode nos dizer muito sobre uma comunidade
em particular (NADIN et al., 2016).
Desse modo, uma língua que se desenrola fora de suas origens,
frequentemente se desdobra. Este fenômeno aconteceu entre o português
implantado no Brasil, de Portugal e já se notava as peculiaridades de ambas desde
o século passado (MENDONÇA, 2012).
Ainda de acordo com o autor acima referido, o negro teve uma grande
importância influenciadora sensível sobre nossa língua popular, sendo certo de que
o contato entre duas línguas sempre resulta em uma osmose, dando sua
contribuição genérica para o alongamento das pretônicas, deixando sinais
evidentes de seus dialetos do interior.
Said Ali (2008) comenta que a contribuição do negro ao folclore brasileiro é
algo opulento e que o léxico brasileiro é uma cópia dos vocábulos africanos, não
sendo desprezível como tem sido há anos, o que será analisado posteriormente na
Comunidade de São Tomé do Aporema.
Palavras originárias da África foram passadas para o Brasil, mas falta o
sentimento "africano" original, desde que veio, ganhou um sentido diferente e nova.
Portanto, seu sentido de origem, não chegou no Brasil, talvez, ficou do outro lado
do Oceano Atlântico (BONVINI, 2008).
A palavra é um fenômeno ideológico notável. Toda ação ou todo objeto
ideológico é sempre acompanhado, comentado, analisado e obscurecido por
palavras, desde que o elo que conecta a linguagem e o pensamento seja único,
por isso, “o léxico, enquanto descrição de uma cultura está no seio mesmo da
sociedade, reflete a ideologia dominante, mas, também, as lutas e tendências dessa
sociedade.” (ARAGÃO, 2011).

CRONOGRAMA

Atividades Set Out Nov Dez


Pesquisa do Tema X
Pesquisa de Referências X X X
Apresentação de X
Discussão dos Dados

Elaboração do Trabalho X
Entrega do Trabalho X
Defesa X

RESULTADOS ESPERADOS

REFERÊNCIAS
BARBOSA, Maria Aparecida. Léxico, produção e criatividade: processos dos
neologismos. São Paulo: Global, 1981;
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Teoria lingüística: lingüística quantitativa e
computacional. Rio de Janeiro: LTC, 1978;
BONVINI, Emílio. Os vocábulos de origem africana na constituição do português
falado no Brasil. In: FIORIN, José L.; PETTER, Margarida. África no Brasil: a
formação da língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008;
DAPENA, J. P. Manual de técnica lexicográfica. Madrid: ARCO/LIBROS, 2002;
KRIEGER, MG. O léxico do português do Brasil em dicionários. In: LOBO, T.,
CARNEIRO, Z., SOLEDADE, J., ALMEIDA, A., and RIBEIRO, S., orgs. Rosae:
linguística histórica, história das línguas e outras histórias. Salvador: EDUFBA, 2012,
pp. 391-400;
MENDONÇA, Renato. A influência africana no português do Brasil.
Apresentação de Alberto da Costa e Silva, prefácio de Yeda Pessoa de Castro. ─
Brasília: FUNAG, 2012;
NADIN, O. L.; D’Orange Ferreira, A. A. G.; FARGETTI, C. M. Léxico e suas
interfaces: descrição, reflexão e ensino. São Paulo – SP: Cultura Acadêmica, 2016;
SAID ALI, M. Dificuldades da Língua Portuguesa. 7. ed. – Rio de Janeiro: ABL :
Biblioteca Nacional, 2008. 260 p. ; 21 cm. (Coleção Antônio de Morais Silva, v. 7);
VILELA, M. Estudos de lexicologia do português. Almedina, Coimbra, 1994.

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