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SERVIÇO SOCIAL E EDUCAÇÃO SUPERIOR

RESUMO

Este artigo traz uma reflexão sobre a trajetória dos


assistentes sociais nos programas de assistência
estudantil da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, destacando os rebatimentos produzidos pela
Reforma do Ensino Superior nas Universidades e
principalmente à prática profissional do Serviço Social. .

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Reforma do Ensino


Superior, Assistência Estudantil, Serviço Social.

ABSTRACT

This article reflects on the trajectory of social workers in


student assistance programs, Federal Rural University of
Rio de Janeiro, highlighting the reverberations produced
by the Higher Education Reform in Universities and
especially the professional practice of social work

KEYWORDS: Education, Higher Education Reform,


Student Assistance, Social Work.

1. Introdução

A Reforma de Educação Superior coordenada pelo ideário neoliberal produziu nos


últimos anos uma onda de lutas entre docentes, técnicos administrativos e estudantes
das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) contrários a aprovação do
Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais (REUNI). Atualmente, ele encontra-se em fase de radicalização e
nacionalização de suas pautas e reivindicações, trazendo consigo a luta por uma
Universidade pública, gratuita, laica e de qualidade, bandeiras históricas dos
movimentos estudantis, docente e de técnico administrativos e questões como plano
de carreira de docentes e técnicos administrativos.
O atual contexto é apenas a ponta do iceberg do que tem sido o desmonte da
Educação Pública Superior no Brasil e de como isto tem impactado sobre os
estudantes que ingressam às Universidades Federais e os profissionais que atuam
com os mesmos, especificamente os assistentes sociais e sua atuação com o Plano
Nacional de Assistência Estudantil.
Esse artigo faz uma reflexão sobre a atuação do assistente social na
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pautando-se no debate da atuação do
Serviço Social na Educação. É importante lembrar, que o Código de Ética profissional
de 1993 estabelece em um dos seus princípios fundamentais, o “posicionamento em
favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e
serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão
democrática” (CRESS, 2003). Com base nesse princípio, admite-se a inserção do
assistente social na área de educação, visando à construção de uma intervenção
qualificada em torno da coletividade.

2. A política de educação no Brasil diante da reforma do Estado e do ensino

superior

A educação tem como “finalidade a formação de sujeitos capazes de pensarem


por si mesmos a partir do domínio dos bens culturais produzidos socialmente”
(BACKX, 2006:122). Ainda segundo Backx, educar vai além dos muros da escola,
mesmo que esta seja fundamental, pois significa preparar para a vida cidadã.
A educação, enquanto uma política social tem o compromisso de garantir
direitos sociais, conquistados historicamente pela classe trabalhadora. Autores como
1
Santos (s/d) a entendem como elemento fundamental de acesso ao conhecimento,
para que os indivíduos possam ter possibilidades e autonomia de participação efetiva
nas políticas.
É preciso dizer, que como dimensão da esfera da reprodução social, a
Educação sofre com muitas tensões oriundas o processo de mundialização da
economia, caracterizada em um movimento de desregulamentação, cujo início se deu
na esfera financeira e que posteriormente invadiu o mercado de trabalho e todo o
tecido social na contra tendência do desenvolvimento lento e de uma superprodução
de longa onda recessiva.
A mundialização da economia sustenta-se nos grupos individuais
transnacionais, originários de processos de fusões e aquisições de empresas em um
contexto de desregulamentação e liberalização da economia. Segundo Iamamoto
(2007), não há como pensar essa denominação sem a intervenção política e o apoio
incondicional dos Estados Nacionais, pois somente na vulgata neoliberal o Estado é
“externo” aos mercados (IAMAMOTO, 2007:175).
Nessa nova faceta do capitalismo, as soberanias são redefinidas através da
presença das organizações multilaterais e das corporações transnacionais - o Fundo
Monetário Internacional, Organização Mundial do Comércio e o Banco Mundial -
principais propagadores da ideologia das classes dominantes a nível mundial. Dessa

1
SANTOS, André Michel dos. A política de educação no Brasil: implantação do serviço social escolar. s/d
Disponível em: http://www.meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-politica-educacao-no-brasil-
implantacao-servico-.htm. Acesso em: 11 jan. 2009.
maneira, vem ocorrendo um processo de homogeneização dos circuitos do capital,
que se fundamenta na heterogeneidade e desigualdade das economias nacionais.
Destacamos ainda a amplitude da discussão que versa sobre a mundialização
financeira, uma vez que esta unifica dentro de um mesmo movimento, a
reestruturação produtiva, a Reforma do Estado e a “questão social”2. Sendo assim, o
movimento de mundialização da economia induz ao processo de Reforma do Estado,
apoiado numa administração gerencial e eficiente, superando uma administração
pública burocrática. Tal ideia se centra na crise de um modelo de Estado, ao invés de
tomá-la como uma crise orgânica do capitalismo (BRAVO & MATOS, 2002).
Nesse sentido, a resolução da crise perpassaria pela racionalização da
presença do Estado na economia liberando o mercado, os preços e as atividades
produtivas. A estabilização monetária seria um mecanismo de redução da atividade
pública, acarretando um elevado ônus para as políticas sociais. A crítica neoliberal
argumenta que os serviços públicos, organizados sobre o princípio da universalidade e
gratuidade, oneram o gasto estatal.
Tal problemática seria a causa da crise fiscal do Estado. De acordo com a
proposta neoliberal, sua resolução estaria na redução de despesas com o social. A
adoção por parte dessas prerrogativas vem produzindo um duplo movimento na
sociedade brasileira: de um lado, as políticas sociais se tornam cada vez mais
focalizadas, fragmentadas e precarizadas e por outro, ocorre um processo de
ampliação da mercadorização dos serviços sociais.
As políticas sociais, tratando especificamente da política de Educação, são
enquadradas em parâmetros mercantis, dependendo da participação contributiva dos
usuários, e perdendo a pretensão de universalidade, dividindo os usuários entre
aqueles que mais contribuem, com prestações qualificadas; e os que menos
contribuem, recendo prestações desqualificadas.
É sob esse cenário conturbado, que ocorre a Reforma da Educação Superior,
onde é impressa a lógica mercantil e empresarial às universidades brasileiras,
estimulando o processo de privatização, denominado por Chauí (2001) de
“universidade operacional” ou “universidade de resultados e serviços”. Desde a
década de 1990, ela vem sendo lentamente implantada, ora pela elaboração de
projetos-lei; ora, pela implementação de medidas paliativas condizentes com as
recomendações dos órgãos multilaterais, (ARAÚJO, 2003:70).
Nos anos 2000, mais precisamente no governo Lula da Silva, medidas como a
instauração do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), da Lei

2
A autora critica os intelectuais que tratam esses processos como fatos autônomos e isolados. A Reforma
do Estado é tida como específica da arena política; a reestruturação produtiva referente às atividades
econômicas empresariais e à esfera do trabalho; a questão social é reduzida aos chamados processos de
exclusão e integração social geralmente circunscrito a dilemas da eficácia da gestão social.
de Inovação Tecnológica e da Lei de Parceria Público-Privada (PPP), comprovam a
sintonia e aprofundamento dos preceitos dessa lógica perversa. É preciso dizer, que a
Lei de Inovação Tecnológica, completou a subordinação da universidade ao capital
produtivo iniciada no governo anterior.
Tal prerrogativa prevê a propriedade por parte da burguesia industrial dos bens
criados, e a subjugação da pesquisa científica e tecnológica aos interesses dessa
fração do capital. Além disso, destacam-se outras ações introduzidas posteriormente
pelo governo Lula: a criação do Programa Universidade Para Todos (PROUNI), que
isenta o setor privado de suas obrigações com o pagamento de impostos em troca de
vagas no setor privado de ensino para alunos advindos das classes subalternas; o
Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), que dentre outros objetivos, almeja
ampliar o acesso à educação pública através da oferta do ensino a distancia e o
Processo de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI).
O REUNI é a confirmação dos fios transparentes que tecem o processo de
mundialização do capital. De modo concreto, ele converge às reformas adotadas na
União Europeia por meio do Processo de Bolonha e segue as orientações dos
organismos multilaterais. A sua relação com o primeiro caso, está na sua similaridade
com a proposta de diversificação das fontes de financiamento e de reorganização da
estrutura curricular.
Seu ponto de encontro com o segundo caso está na subordinação ao discurso
do alivio à pobreza e coesão social proposto pelos órgãos difusores do ideário da
classe dominante (PAULA, 2009:157). Ademais, propõem como alternativa maior
diversificação do nível de ensino em questão a partir da oferta de diversas
possibilidades de acesso, sobretudo, focalizadas na fração da classe trabalhadora
mais destituída de direitos sociais.
Outro ponto determinante é que a ampliação do acesso e da permanência
previstas pelo REUNI está condicionado às medidas de caráter racionalizante, que
poderá resultar em uma redução da qualidade do ensino. De certa maneira, isso
desmontaria a “vantagem competitiva”, que é um empecilho para os lucros à burguesia
educacional (PAULA, 2009:188).
É importante pensar que a formação acelerada de novos profissionais
beneficiaria imediatamente ao capital, por permitir uma diminuição do valor geral dos
salários pagos, diante de um contingente grande de trabalhadores aptos a vagas de
emprego, sempre menores que essa demanda. Isso refletiria na formação de um
exército de reserva, o qual contribuiria para a desregulamentação do mercado de
trabalho e para a ampliação aguda das formas de precarização do trabalho.
O REUNI prevê políticas de inclusão aos estudantes de graduação como uma
das suas diretrizes. A tradução concreta dessa proposta está na criação do Plano
Nacional de Assistência Estudantil. Contudo, o que não significa que garanta
efetivamente este Programa.

3. Assistência estudantil enquanto campo de atuação profissional do


assistente social

As primeiras iniciativas de ações de assistência estudantil são da década de


1930, com moradias universitárias e programas de alimentação. As ampliações das
mesmas foram efetivadas nos anos 1970, com a criação de instâncias como os
Departamentos/Coordenadorias de Assistência Estudantil, apesar dos “anos de
chumbo” a Reforma Universitária de 1968 abre espaços para avanços significativos no
âmbito das universidades.
Os anos vindouros da década de 1980 são fortemente marcados pela
mobilização social que busca a construção de um projeto societário alternativo. No
que tange a política de Educação, segundo ARAÚJO & BEZERRA (2007), o então
Ministro da Educação, Marco Maciel, propõe “uma Nova Política para Educação
Superior” na qual a realocação de recursos suficientes para o custeio de um plano
nacional de recuperação e conservação de prédios de refeitórios e residências
estudantis e criação desses serviços em Instituições de Ensino Superior – IES
públicas que ainda não os possuíssem (FONAPRACE: 1995).
Como vimos, as décadas de 1990 e 2000 foram nefastas para a universidade
pública e consequentemente à Assistência Estudantil, se no Plano Nacional de
Assistência Estudantil alguns dos objetivos postos são a garantia de permanência e
igualdade de acesso, temos visto que na prática tais ações são cumpridas muito
aquém da real necessidade dos estudantes. Nessa interface encontra-se o trabalho do
assistente social, que executam ações desde a avaliação e concessão dos benefícios
(moradia, auxílio transporte, bolsa alimentação, bolsa auxilio, entre outros) à
elaboração e execução de projetos referentes à educação, prevenção, saúde, lazer,
acesso a cultura e esportes.
O assistente social no seu cotidiano de trabalho vivencia enquanto demanda
diversos aspectos e dimensões do processo de reprodução social. Mais
especificamente no campo da Educação, tais dimensões e aspectos se revelam
frequentemente como expressões da “questão social” que interferem no processo de
ensino-aprendizagem. Nesse contexto, cabe ao assistente social agregar objetivos e
metas de maneira crítica ao seu fazer profissional, norteando-se no projeto ético-
político profissional.
Podemos citar dentre as múltiplas manifestações da “questão social” que se
expressam no campo da educação: casos de violências; não aproveitamento
satisfatório e/ou evasão escolar; uso abusivo de drogas; desemprego; relações entre
professores e alunos conflituosas; transferência de atribuições educativas da família
para o espaço escolar em detrimento dos imperativos da sobrevivência que acabam
por mobilizar todos os membros da família para o mercado de trabalho (CRESS,
2006).
Isso ocorre porque quando as classes populares, público majoritário das
instituições públicas, que vivem em seu cotidiano essas expressões e são vítimas dos
processos de exclusão social, entram no espaço escolar, levam consigo sua condição
de classe e história.
A ação profissional precisa ser contextualizada, uma vez que a realidade social
não permite que as instituições apenas ensinem, o seu objetivo também consiste em
aprender a apreender e a conviver. A Educação deve ser colocada no seu lugar, na
dinâmica das relações sociais.
O profissional precisa estar atento para as alternativas que se constroem no
cotidiano, uma vez que a conjuntura impõe entraves e possibilidades, que somente
poderão ser entendidas, superadas e/ou apropriadas através da atuação propositiva,
criativa, comprometida e crítica (IAMAMOTO, 2003). Para tanto, exige-se do/a
profissional de serviço social uma competência teórica e política que se traduza em
estratégias e procedimentos de ação em níveis individual e coletivo, capazes de
desvelar as contradições que determinam a Política de Educação. Assim como
ultrapassar os limites conceituais e ideológicos em torno de expressões como
“educação para a cidadania”, “educação inclusiva” e “democratização da educação”,
que buscam criar um consenso social da ideia de “compromisso social”, mas que na
verdade escondem o debate concreto sobre as condições objetivas de sua realização,
na medida em que não situa concretamente o componente de classe ao qual elas se
vinculam.
A atualidade requer um profissional qualificado, crítico, não apenas executivo,
mas que planeja, investiga, pesquisa e decifra a realidade. A atuação profissional
cotidiana tem ampliado as probabilidades de descortinar diferentes alternativas de
trabalho na atual conjuntura de profundas mudanças na vida em sociedade. Dessa
forma, o novo profissional deve estar afinado com a análise dos processos sociais, e
ser capaz de atuar na vida atual, contribuindo para moldar os rumos da história.

4. A atuação do serviço social na assistência estudantil da UFRRJ:


propositividade e criticidade.

O Serviço Social na área de Assistência Estudantil está inserido no Setor de


Atividades Educativas e Preventivas (SAEP), da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis
(PROAEST), onde trabalha na perspectiva de ampliação e consolidação da cidadania,
visando a garantia dos direitos dos alunos de graduação, principalmente no que tange
a Permanência Universitária. Dentre suas atribuições, destacamos a execução e
implementação de projetos de intervenção. É também realizado um trabalho de
encaminhamento dos alunos aos setores que compõem a PROAEST e as demais Pró-
Reitorias da UFRRJ, alem da rede de saúde pública do município de Seropédica e
adjacências.
Somando-se a isso, o Serviço Social elabora, executa e monitora projetos
sociais nas seguintes áreas: Grupos de Convivência – Espaço para trocas, para o
exercício da escuta, da fala e de reconhecimento de potencialidades dos discentes da
UFRRJ; Projeto Aula Inaugural – Um grande evento para apresentação de todos os
setores do PROAEST aos calouros; Promoção do trote social organizado pelo setor
por meio de doação de Sangue e Medula ao HEMORIO. Oferecimento de lanches e
brindes aos doadores; Atividades culturais e de Lazer; Roda de Samba, Viola, Noite de
Talentos e Música Clássica entre outros (todos em fase de planejamento e
implantação).
A proposta desse setor é de educação e prevenção. Suas ações incidem em
questões como: permanência, evasão e bom aproveitamento acadêmico. Sobre o
aspecto do fracasso escolar, adaptemos aqui para o contexto universitário, o que
Backx (2006) considera em relação a amplitude da cobertura de uma
Política/Programa, como a Educação, que se não for acompanhada de uma real
adequação de atendimentos, a qualidade do serviço irá decair, o que poderá gerar
falta de sucesso no resultado final.
Acreditamos que o aumento de ingressantes na UFRRJ, no contexto da
Reforma Universitária neoliberal, não acompanha o oferecimento de um serviço
qualitativo para os alunos. Sendo assim, a atuação do Serviço Social nesse setor
confronta-se com a falta de recursos físicos e humanos. A falta dos últimos, não
possibilita um trabalho multiprofissional que possibilitaria atendem de maneira
concreta a proposta de Educação e Prevenção.
Esse cenário nos mostra que a profissão é configurada e recriada no âmbito
das relações entre o Estado e a sociedade. O resultadado de determinantes
macrossociais estabelecem limites e possibilidades ao exercício profissional, inscrito
na divisão sociotécnica do trabalho.
Sendo assim, o seu fazer profissional, deve ser pautado em respostas técnico-
operativas carregadas de criticidade, propositividade e criatividade, traduzindo assim
cotidianamente a proposta do projeto ético-político da profissão. Ao mesmo tempo,
consciente das limitações institucionais proporcionadas pela conjuntura neoliberal.
Esses entraves conjunturais sobrecarregam o trabalho das assistentes sociais
Setores de Atividades Preventivas e Educativas, que são solicitadas para realizar
atividades em outros setores da Pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFRRJ e na
Pró-reitora de Graduação.
As assistentes sociais realizam análise socioeconômica para a Residência
Estudantil e para o atendimento a Lei de Cotas aprovada no ano de 2012 nas
Universidades Federais. Atualmente as atividades em atendimento aos novos
ingressantes da graduação fazem com que outras atividades específicas do SAEP
fiquem em suspenso exatamente pela falta de mais assistentes sociais na instituição:
atendimento a demanda espontânea de alunos que possuem problemas de
relacionamentos nos alojamentos, através das conciliações ou Grupos de Convivência
que contribuem para a resolução das diferentes questões apresentadas.
Vemos então que o aumento gradativo da demanda, ocasionado pela abertura
de novos cursos de graduação e necessidades crescentes de atendimento dos
graduandos pelos serviços da Assistência Estudantil, bem como o acúmulo de funções
de outros setores tem gerado uma sobrecarga de trabalho aos profissionais. Isso
ocorre em virtude da falta de profissionais nos demais setores - não apenas
assistentes sociais, mas uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos,
pedagogos, educadores, sociólogos, entre outros – entendemos que tal fato está
intimamente vinculado às questões discorridas acima sobre investimentos na
Educação Superior, e para que o trabalho do Serviço Social seja desenvolvido de
forma mais completa e qualitativa é necessário condições de trabalho adequadas, com
equipe técnica multidisciplinar qualificada e recursos para execução dos projetos.

5. Conclusão

Pretenderam-se com esse artigo discutir de maneira geral a atuação dos


assistentes sociais na Educação, mais especificamente na Educação Superior através
da intervenção nos programas de Assistência Estudantil e na recém criada
necessidade de análise socioeconômica e acompanhamento dos ingressantes
oriundos da Lei de Cotas nas Universidades Federais.
Essas atividades desenvolvidas no interior da política de educação necessitam
de uma interlocução com categoriais e conceitos da Política Nacional de Assistência
Social, e o assistente social é o profissional que historicamente possui o conhecimento
acumulado nesse campo. Sendo assim, põe-se aí o aumento das necessidades
desses profissionais para atender essas demandas, que geram significativos e
desafiadores avanços, repletos de muitas expectativas em relação, sobretudo, a forma
de inserção dos assistentes sociais nessas atividades programas.
Sendo assim, é preciso tomar a inserção dos assistentes sociais no interior da
Politica de Educação Superior, ao mesmo tempo como “executor terminal” (Netto
2007), e como sujeito pensante para o processo de construção de um projeto
educacional emancipatório com os demais profissionais da área. Ademais, os registros
feitos através da sistematização e análise de dados gerados a partir da atuação
profissional, possibilita uma leitura qualificada de atuação profissional, necessários
para o avanço dentro do espaço institucional.
É importante ressaltar que iniciativas do Conjunto CFESS/CRESS de
estabelecer debates, encontros e comissões de discussão é um espaço fértil para
troca de experiências, de criticidade e propositividade para a condução de atuação
nesse campo.

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