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06 de Fevereiro de 2012
DOSSIÊS SALÁRIOS Sindicatos, difícil reação
Se existe um consenso sindical para recusar que se instale na Europa uma austeridade
salarial permanente e que o tema seja o centro do sindicalismo europeu, por outro lado,
a questão de como fazê-lo permanece em aberto. Seja qual for o salário mínimo comum
estabelecido, o caminho a percorrer ainda é longo
Mas, se existe um consenso sindical para recusar que se instale na Europa uma
austeridade salarial permanente e que o tema seja o centro do sindicalismo europeu, por
outro lado, a questão de como fazê-lo permanece em aberto. Levadas em conta a
disparidade das remunerações praticadas na União Europeia (UE) e a ausência de piso
salarial em alguns países, seria possível pensar em uma palavra de ordem: o salário
mínimo europeu. Para os congressistas, o tema é quente, e o campo, minado.
Em maio de 2007, durante o Congresso de Sevilha, essa reivindicação foi feita à CES –
discretamente. Os sindicalistas alemães lançaram a discussão: “Vinte dos 27 países já
fixaram o salário mínimo universal, enquanto a forte economia alemã não! Comparar-
nos com nossos vizinhos ajuda em nossa campanha nacional por um salário mínimo
interprofissional”.3 Desde a adoção desse dispositivo no Reino Unido em 1999, a
Alemanha é o único país europeu que não dispõe dessa agenda política nos sistemas de
negociação coletiva que tratam do piso salarial.
Para os delegados da CES, a questão se refere menos à ideia de um salário mínimo que
à questão da autonomia dos interlocutores sociais nas negociações salariais. “Nunca
reivindicamos o estabelecimento de um Smic pelo Estado em todos os países da UE!”,
precisa um representante da CFDT no Congresso de Atenas. Os partidários de um
sistema de salário mínimo europeu se chocam com os sindicatos dos países onde a
remuneração-base é fixada por setor e a partir de convenções coletivas negociadas. É o
caso, destacadamente, dos Estados escandinavos e da Itália. “Não desejamos a
intervenção do Estado. Na Suécia, 90% dos trabalhadores são cobertos por uma
convenção coletiva. Não necessitamos de um salário mínimo legal interprofissional”,
explica um representante sueco da Tjänstemännens Centralorganisation (TCO). O
representante italiano considera que essa modalidade salarial “não é a solução mais
apropriada para a redução dos salários. Não queremos perder nossa autonomia”.
Seja qual for o montante, e mesmo se a Alemanha aderir à ideia, o caminho a percorrer
ainda é longo. Um responsável da Federação Europeia dos Metalúrgicos considerava
que “a França não deve exportar seu modelo de grande país” e que essa reivindicação
era “prematura e inoportuna”. Os que estão contra a reivindicação temem uma espiral
que provoque uma queda nos salários, pois “se um piso de não regressão pode ser
fixado em nível legislativo (50% do salário médio nacional, por exemplo), o mesmo não
acontece para os salários negociados, que por definição são livres”, explica Walter
Cerfeda, ex-secretário confederado da CES. “Não vejo em que ponto o piso salarial,
abaixo do qual não pode estar nenhuma remuneração, constituiria um risco para os
nórdicos!”, retruca Bernard Thibault, secretário-geral da CGT. “Por outro lado, constato
que a Romênia e a Polônia, por exemplo, não possuem uma referência europeia que
possam utilizar para se proteger dos planos de austeridade salarial que lhes são
impostos”, acrescenta ele.
Anne Dufresne