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FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA A EDUCAÇÃO - FAESA

FACULDADES INTEGRADAS ESPÍRITO-SANTENSES


UCECA – UNIDADE DE CONHECIMENTOS EM ENGENHARIA
E CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

GABRIELA VARELA PERCILIANO


LARA SOSSAI CORRÊA DA COSTA

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA “CENTRAL DE


DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS” DO MUNICÍPIO DE
COLATINA – UM ESTUDO DE CASO

VITÓRIA
2010
1

GABRIELA VARELA PERCILIANO


LARA SOSSAI CORREA DA COSTA

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA “CENTRAL DE


DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS” DO MUNICÍPIO DE
COLATINA – UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso de


Graduação em Engenharia Ambiental
apresentado às Faculdades Integradas
Espírito-Santenses, como requisito parcial
para a obtenção do titulo de Bacharelado,
sob a orientação do professor M.Sc. José
Alves Rodrigues.

VITÓRIA
2010
2

GABRIELA VARELA PERCILIANO


LARA SOSSAI CORREA DA COSTA

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA “CENTRAL DE


DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS” DO MUNICÍPIO DE
COLATINA – UM ESTUDO DE CASO

BANCA EXAMINADORA

Msc. José Alves Rodrigues


Orientador

Msc. Andressa Curto M. Dessaune


Examinador Interno

Esp. Andréia Alves Saraiva


Examinador Externo

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APROVADO


EM ____ / ____/ ____
3

AGRADECIMENTOS

Lara Sossai Correa da Costa

À Deus, pelo dom da vida, força nas horas difíceis e sustento na caminhada
cotidiana.

À minha mãe Lourdes, a quem devo parte de tudo que sou me ensinando sempre
que a honestidade e a competência ainda valem a pena;

À meu pai Gésus, por todos os anos de estudo que me possibilitou e pelo anseio de
um futuro melhor para mim;

Ao Prof. Msc. José Alves Rodrigues, pela amizade, sugestões e contribuições para
este trabalho.

Aos meus tios (as) e primos (as), os quais sempre estiveram ao meu lado dando
valor a tudo o que faço e a minha forma de ser; e

Aos meus amigos de vida e os de graduação, por todo companheirismo, incentivo,


discussões e sugestões a respeito do trabalho.

Gabriela Varela Perciliano

À Deus, em primeiro lugar, por tudo;

À minha família que esteve comigo em todos os momentos, desde o início da


graduação até a essa conquista;

Ao meu namorado Luan, que me deu forças e incentivo em todos os momentos de


aflição e desânimo. E pela paciência e compreensão durante a realização deste
trabalho de conclusão de curso;

Ao orientador Msc. José Alves Rodrigues pela motivação, confiança e contribuição


na confecção deste trabalho; e

À todos os meus amigos que contribuíram e estiveram comigo durante toda essa
caminhada até a conclusão deste trabalho.
4

“Se você abre uma porta, você pode ou não entrar em


uma nova sala. Você pode não entrar e ficar
observando a vida. Mas se você vence a dúvida, o
temor, e entra, dá um grande passo: nesta sala vive-
se! Mas, também, tem um preço... São inúmeras
outras portas que você descobre. Às vezes curte-se
mil e uma. O grande segredo é saber quando e qual
porta deve ser aberta. A vida não é rigorosa, ela
propicia erros e acertos. Os erros podem ser
transformados em acertos quando com eles se
aprende. Não existe a segurança do acerto eterno. A
vida é generosa, a cada sala que se vive, descobre-se
tantas outras portas. E a vida enriquece quem se
arrisca a abrir novas portas. Ela privilegia quem
descobre seus segredos e generosamente oferece
afortunadas portas. Mas a vida também pode ser dura
e severa. Se você não ultrapassar a porta, terá
sempre a mesma porta pela frente. É a repetição
perante a criação, é a monotonia monocromática
perante a multiplicidade das cores, é a estagnação da
vida... Para a vida, as portas não são obstáculos, mas
diferentes passagens!” (Içami Tiba)
5

RESUMO

Este trabalho visa apresentar um balanço de certas problemáticas ambientais e


sociais que ocorrem no município de Colatina/ES, especificamente, num depósito de
resíduos sólidos localizado próximo ao bairro Ayrton Sena, local periférico de
residências populares desta cidade. Em relação a esta área, denominada “Central
de resíduos”, buscou-se levantar algumas informações e dados acerca da dinâmica
socioeconômica e das condições ambientais do lugar a partir de testes laboratoriais
e das legislações vigentes, observações diretas e por intermédio de entrevistas com
pessoas residentes neste espaço. Para isto, foram realizadas incursões ao local
(Lixão) o que possibilitou, a partir de pesquisas, investigar as circunstâncias e
problemáticas concretas do lugar.

Na primeira parte do estudo, aborda-se o caráter e algumas circunstâncias de nossa


sociedade, como aspectos do sistema de produção, bem como os seus efeitos ao
meio ambiente, oriundos da sistemática descartabilidade de resíduos. Na segunda
parte, contextualiza-se o município de Colatina a partir de algumas particularidades
territoriais, socioeconômicas e de sua legislação ambiental. Em terceira seção,
analisa-se, o material de campo enfatizando-se, os problemas ambientais, condições
de trabalho e saúde, as problemáticas dos moradores, etc. Entre estas pessoas,
encontram-se catadores de resíduos que dependem desta atividade como meio de
sobrevivência.

Os resultados obtidos permitem constatar que o antigo Lixão do município de


Colatina foi estruturado em condições inadequadas e que denota, atualmente,
abandono físico, ambiental e social por parte do poder público local. Em relação às
condições dos moradores que vivem nas proximidades do depósito, percebe - se a
frágil articulação e aporte de capital social por parte de uma população em estado de
vulnerabilidade social, muitas vezes, extremo. Esta perspectiva dificulta a
possibilidade de colocar em pauta temas que digam respeito à sua melhoria de
qualidade de vida, capaz, inclusive, de exigir dos governos políticas de
desenvolvimento local de forma integral e articulada.

Palavras-chave: resíduos sólidos, aterro sanitário, impactos ambientais.


6

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Divisão regional da logística de implementação do Projeto ES sem lixão


............................................................................................................................. ....33

Figura 02 – Vista aérea da área de estudo – Central de resíduos de Colatina .... ....37

Figura 03 – Identificação da região Pólo Colatina (na qual está inserido o Município
de Colatina) .......................................................................................................... ....38

Figura 04 – Mapa da Série histórica de precipitação média para o mês de Fevereiro


no Espírito Santo .................................................................................................. ....40

Figura 05 – Carta Agroclimática do Espírito Santo ............................................... ....41

Figura 06 – Mapa de recursos hídricos da Bacia do Rido Doce ........................... ....43

Figura 07 – Mapa de Elevação de Colatina.......................................................... ....46

Figura 08 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Município de Colatina ........... ....48

Figura. 09 – Confecção da vala de infiltração do experimento in situ .................. ....54

Figura 10 – Acabamento da vala de infiltração do experimento ........................... ....55

Figura 11 – Resultados de ensaios de permeabilidade em solos residuais ......... ....59

Figura 12 – Escalas granulométricas adotadas por diferentes institutos e


associações.......................................................................................................... ....61

Figura 13 – Placa de identificação da área .......................................................... ....75

Figura 14 – Disposição de resíduos próximos ao portal de entrada da central .... ....76

Figura 15 – Corte de estrada apresentando o perfil de solo comum na região .... ....77

Figura 16 – Estrada de acesso à frente de disposição, não pavimentada ........... ....78

Figura 17 – Aspecto encaixado do vale onde o lixão está situado ....................... ....78
7

Figura 18 – Vista parcial da frente de disposição de resíduos: detalhe para o corte


em bancadas ........................................................................................................ ....79

Figura 19 – Residências no entorno da área do lixão .......................................... ....80

Figura 20 – Incinerador de resíduos do serviço de saúde (RSS) ......................... ....81

Figura 21 – Local de disposição de embalagens de agrotóxicos ......................... ....82

Figura 22 – Detalhe das diferentes bancadas de disposição e perfis de solo ...... ....83

Figura 23 – Detalhe do muro gabião contornando o coletor de gases ................. ....84

Figura 24 – Processo de aterramento parcial dos detritos ................................... ....85

Figura 25 – Área de espalhamento do lixo ........................................................... ....86

Figura 26 – Cobertura vegetal na crista das bancadas da área ........................... ....87

Figura 27 – Visão do vale à jusante da área em estudo ...................................... ....88

Figura 28 – Evidências de percolação do chorume sobre a superfície do solo .... ....89

Figura 29 – Local de saída de chorume ............................................................... ....90

Figura 30 – Manta instalada na área sobre a qual ocorre saída de chorume....... ....90

Figura 31 – Ravinamento profundo em estrada de acesso .................................. ....91

Figura 32 – Nascente em direção a área brejosa logo abaixo ............................. ....92

Figura 33 – Presença de catadores e urubus na área ......................................... ....93


8

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Valores de permeabilidade para diferentes tipologias de solo ......... ....58

Tabela 02 – Valores selecionados de porosidade ................................................ ....63

Tabela 03 – Sugestões de melhorias dos impactos listados na área ................... ....96


9

LISTA DE SÍMBOLOS

c = coesão;

Φ = ângulo de atrito interno;

K = Condutibilidade hidráulica (cm/s);

K0 = Condutibilidade hidráulica para solos saturados (cm/s);

Vv = Volume de vazios da amostra de solo (cm3);

Vs = Volume de sólidos da amostra de solo (cm3);

σ = Densidade aparente da amostra de solo (g/cm3);

Ps = Peso de amostra (g);

Vs = Volume da amostra (cm3);

Q = Vazão de fluido (cm3/s);

r = raio interior da casa (cm);

h = carga hidráulica sobre o fundo de perfuração (cm);

V = volume de fluido (m3);

t = tempo decorrido (seg).


10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. ....13

2 OBJETIVOS ...................................................................................................... ....15

2.1 GERAL ........................................................................................................... ....15

2.2 ESPECÍFICO .................................................................................................. ....15

3 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ ....16

3.1 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS - PANORAMA MUNDIAL .............. ....16

3.2 SITUAÇÃO BRASILEIRA DA DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ........ ....17

3.3 QUADRO SOCIAL DE OCUPAÇÃO DE LIXÕES .......................................... ....21

3.4 LEGISLAÇÃO E DIFICULDADES DE FISCALIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE


POLÍTICAS PÚBLICAS ........................................................................................ ....24

3.5 PROGRAMA ESPÍRITO SANTO SEM LIXÃO – “ESTADO DA ARTE” .......... ....31

3.6 PROBLEMATICA DE SOLOS PARA ATERROS SANITARIOS – TIPOLOGIA


ADEQUADA ......................................................................................................... ....34

4 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA .......................................................... ....37

4.1 LOCALIZAÇÃO .............................................................................................. ....37

4.2 MEIO FÍSICO ................................................................................................ ....39

4.2.1 Clima........................................................................................................... ....39

4.2.2 Pluviosidade .............................................................................................. ....39

4.2.3 Recursos Hídricos ..................................................................................... ....42

4.2.4 Pedologia ................................................................................................... ....44

4.2.5 Geologia e Geomorfologia ........................................................................ ....45


11

4.2.6 Uso do Solo ............................................................................................... ....47

4.2.7 Vias de Tráfego .......................................................................................... ....47

4.3 MEIO BIÓTICO .............................................................................................. ....49

4.3.1 Flora............................................................................................................ ....49

4.3.2 Fauna .......................................................................................................... ....50

4.4 MEIO ANTRÓPICO ........................................................................................ ....51

5 MÉTODOS E ETAPAS DE TRABALHO .......................................................... ....53

5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... ....53

5.2 LEVANTAMENTO DE CAMPO ...................................................................... ....53

5.2.1 Cobertura fotográfica ................................................................................ ....53

5.2.2 Levantamentos de perfis .......................................................................... ....54

5.2.3 Testes de solo e coleta de amostras ....................................................... ....54

5.2.4 Determinação de Permeabilidade em campo.......................................... ....55

5.2.5 Fatores que influenciam a permeabilidade ............................................. ....56

5.2.6 Determinação granulométrica do solo .................................................... ....59

5.2.7 Determinação da densidade do solo ....................................................... ....61

5.2.8 Determinação da Porosidade da amostra ............................................... ....62

6 PROCESSAMENTO DOS DEMAIS DADOS DE CAMPO ................................ ....64

6.1 ENTREVISTAS .............................................................................................. ....64

6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS E ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO


............................................................................................................................. ....64

7 ANÁLISES LABORATORIAIS ......................................................................... ....65


12

7.1 DETERMINAÇÃO DE LABORATÓRIO .......................................................... ....65

7.1.1 Determinação da Permeabilidade em laboratório .................................. ....65

7.1.2 Teste Granulométrico ............................................................................... ....67

7.1.3 – Ensaio de laboratório – Teste Densimétrico ........................................ ....71

7.1.4 – Teste de porosidade ............................................................................. ....73

8 DIAGNÓSTICO E DISCUSSÃO ....................................................................... ....74

8.1 ESTRUTURAS LOCAIS ................................................................................. ....74

8.2 CARACTERIZAÇÃO LOCAL .......................................................................... ....75

9 CONCLUSÃO ................................................................................................... ....94

10 SUGESTÕES PARA MELHORIA DA ÁREA .................................................. ....96

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... ....97

ANEXOS .............................................................................................................. ..107


13

1 INTRODUÇÃO

No ano de 2000, de acordo com o IBGE, a quantidade de lixo produzido diariamente


no Brasil chegava a 125.281 toneladas, sendo que 47,1% eram destinados em
aterros sanitários, 22,3 % em aterros controlados e 30,5 % em lixões. Ou seja,
quase 50 % de todo o lixo coletado no Brasil teria um destino final adequado em
aterros sanitários. Esse número é expressivo se comparado com a mesma pesquisa
em 1989, quando a porcentagem de lixões era de 76%. Embora esses dados sejam
relevantemente significativos, em termos do número de municípios, o resultado não
é tão favorável: 63,6 % dos municípios ainda utilizam lixões.

No Lixão (ou Vazadouro, como também pode ser denominado) não existe nenhum
controle, tanto aos tipos de resíduos quanto ao local de disposição dos mesmos,
sendo então uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se
caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio
ambiente ou à saúde pública. Os resíduos assim lançados acarretam problemas à
saúde pública, como proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos,
baratas, ratos etc.), geração de maus odores e, principalmente, a poluição do solo e
das águas superficiais e subterrâneas através do chorume, comprometendo os
recursos hídricos. Esta forma de disposição caracteriza um total descontrole quanto
aos tipos de resíduos recebidos nestes locais, onde é encontrado até mesmo a
disposição de dejetos originados dos serviços de saúde e das indústrias. Nestes
locais ainda podem ocorrer situações de riscos diretos ou indiretos como criação de
porcos e a existência de catadores, estes, muitas vezes, residindo no próprio local.

Legalmente os municípios são responsáveis pela organização e prestação dos


serviços locais de limpeza urbana e de destinação final dos resíduos sólidos urbanos
(RSU), sendo que esta última responsabilidade, em grande número de municípios,
não vem ocorrendo dentro dos padrões técnicos e ambientais recomendados,
originando, desta forma, a proliferação dos lixões.

A forma mais adequada para destinação dos resíduos sólidos urbanos (RSU) é o
aterro sanitário, o qual quando adequadamente projetado, operado e monitorado
minimiza os problemas de destinação sanitária dos resíduos sólidos urbanos. Além
14

disso estas áreas podem apresentar estruturas adequadas destinadas à contenção


de lixiviados e utilização de gases. Um dos desafios enfrentados em todo o mundo é
justamente a adequação de locais para disposição final de resíduos.

No Espírito Santo, um estudo constatou que 26 municípios capixabas depositam


seus resíduos em três aterros sanitários licenciados privados, localizados em
Aracruz, Cariacica e Vila Velha. Enquanto isso, todas as outras 52 cidades utilizam
102 lixões espalhados pelo Estado. Diante desse panorama, o governo estadual
implementou o programa prioritário de Destinação Final Adequada dos RSU: Espírito
Santo Sem Lixão, coordenado pela Secretaria de Saneamento, Habitação e
Desenvolvimento Urbano (SEDURB) por meio do qual, o Estado pretende exaurir
todos os lixões por aterros públicos sendo os mesmos gerenciados mediante
consorcio publico e os aterros particulares continuarão em operação. Além disso, os
municípios deverão recuperar as áreas desses lixões e investir na melhoria da coleta
publica e limpeza urbana (IEMA, 2008).

Este trabalho buscou ter uma visão pontual, em um estudo de caso, da situação
atual de gestão de resíduos sólidos do estado do Espírito Santo, principalmente no
município de Colatina, cujas áreas apresentam indícios de contaminação de solo e
água por estruturação inadequada ou ausente, bem como problemas sociais
decorrentes de moradores que vivem da cata dos materiais dispostos na área.

.
15

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Investigar a situação atual de gestão de resíduos sólidos do município de


Colatina.

2.2 ESPECÍFICO

Diagnosticar a área por meio da análise dos aspectos ambientais que tenham
ou possam vir a ter impactos ambientais significativos;

Sugerir adequações do local para atenuar impactos negativos na área e


conseqüentemente problemas sociais decorrentes daqueles que vivem da cata dos
materiais dispostos na área.
16

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS - PANORAMA MUNDIAL

Diante do século XXI, a civilização moderna foi vista como civilização dos resíduos,
marcada pelo desperdício e pelas contradições de um desenvolvimento industrial e
tecnológico sem precedentes na história da humanidade, enquanto populações
inteiras são mantidas à margem, não só dos benefícios de tal desenvolvimento, mas
das condições mínimas de subsistência. Ao mesmo tempo em que são utilizados os
recursos da biosfera como se fossem inexauríveis, todos os dias lança - se à
natureza o desafio de ter que assimilar novos produtos artificiais, desconhecidos dos
agentes naturais. Tornou-se necessário o controle de usos e riscos que
ultrapassando os limites da capacidade dos ciclos naturais e dos fluxos de energia
(FERREIRA,1995).

A população mundial cresce em ritmo acelerado. O crescimento constante das


populações gera grande problemática ao meio-ambiente, pois quanto maior é a
população humana, maior é o consumo de alimentos e recursos naturais. Além
disso, o consumo excessivo gera grande quantidade de resíduos sólidos, que não
possuem destino definido dando origem a lixões e aterros que não portam condições
para seu armazenamento. A excessiva demanda de alimentos, moradia, energia,
produção industrial e transporte acarreta alto impacto ambiental (PANAROTTO,
2008).

Segundo o World Bank (1999), a rede de produção de resíduos sólidos aumenta em


função do crescimento da população e pela geração de renda per capta,
particularmente em países desenvolvidos. Demajorovic (1995); Read (1999); Chung
& Poon (1998) tem demonstrado, entretanto, que o problema com os resíduos
sólidos é mundial, tanto nações desenvolvidas quanto países do terceiro mundo
sofrem as conseqüências do acúmulo de lixo.
17

3.2 SITUAÇÃO BRASILEIRA DA DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS


SÓLIDOS

No Brasil a destinação final inadequada de resíduos ainda é muito grande. A gestão


dos resíduos sólidos urbanos é de suma importância, tanto para poupar os recursos
naturais e ecossistemas, quanto para preservar a saúde e bem estar da sociedade.
Porém, o consumo desenfreado de matérias-primas ou industrializadas, e o
crescimento constante da população, dificultam o processo de gestão, mesmo tendo
o país melhorado a destinação final de lixo coletado nos últimos anos. O que ainda
não supre as reais necessidades da melhoria da qualidade de vida e da preservação
ambiental (IBGE, 2000).

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 (PNSB, 2000),


são gerados no país aproximadamente 157 mil toneladas de lixo domiciliar e
comercial por dia; 99,4% dos municípios brasileiros têm coleta de lixo, em termos de
disposição de materiais, 63,6% deles utilizam lixões como locais receptores de
resíduos; 18,4% fazem uso de aterros controlados e somente 13,8% utilizam aterros
sanitários; 4,2% dos municípios não informaram para onde vão seus resíduos. No
entanto, revelou-se que dos resíduos produzidos no Brasil, 47,1% vão para aterros
sanitários; 22,3% são destinados para aterros controlados e 30,5% do total do lixo
produzido no Brasil se destinam para lixões, ou seja, mais de 69% de todo lixo
produzido pelos municípios do país estaria depositado em locais considerados
controlados e adequados. Porém, isso não é tão favorável assim em relação ao
número de municípios, visto que 63,6% utilizavam lixões e 32,2%, aterros
adequados, sendo 13,8% sanitários e 18,4% aterros controlados, considerando
ainda que 5% não informou para onde vão seus resíduos.

Os municípios com maior número de habitantes possuem maior produção de


resíduos per capita, isso devido ao desenvolvimento e o acesso da população a
bens de consumo, que é, geralmente, maior nas grandes cidades; logo, a produção
de lixo é maior em tais localidades (GANDELINI, 2002).

Com a pesquisa realizada pelo (PNSB, 2000), é possível verificar que a maioria dos
municípios ainda tem lixões. As porcentagens indicam que 59% dos municípios
dispõem seus resíduos sólidos em lixões; 13% em aterros sanitários; 17% em
18

aterros controlados; 0,6% em áreas alagadas; 0,3% têm aterros especiais; 2,8% têm
programas de reciclagem; 0,4% provêm compostagem e 0,2% incineração.

O “Diagnóstico Analítico da Situação da Gestão Municipal de Resíduos


Sólidos no Brasil”, realizado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental
(SNSA), do Ministério das Cidades (2003, p.2) analisou-se comparativamente os
números apresentados pelo PNSB de 1989 e de 2000 e observou que:

Deve-se notar que houve um aumento significativo na quantidade de lixo


coletada, em parte decorrente ao aumento dos índices de coleta e em parte
decorrente de mudanças nos padrões de consumo – se consome, por
exemplo, muito mais embalagens e produtos descartáveis atualmente do
que há dez anos. A massa de lixo coletada se ampliou de 100 mil toneladas
em 1989 para 154 mil toneladas em 2000 – um crescimento de 54%,
enquanto entre 1991 e 2000 a população cresceu 15,6%. Quanto ao
tratamento e à destinação final dos resíduos coletados, o quadro geral
evoluiu de forma positiva nos últimos 10 anos; a massa de resíduos sólidos
destinada a aterros sanitários passou de 15,8% dos resíduos coletados para
47,1% dos resíduos coletados. Isto se explica por que a maior massa de
resíduos coletados está concentrada em algumas poucas cidades,
justamente aquelas que têm mais capacidade técnica e econômica e
substituíram nos últimos dez anos a destinação nos lixões para aterros
sanitários. Já os municípios com menos de 20 mil habitantes, que eram
4.026 em 2000, depositam os resíduos em lixões em 68,5% dos casos; mas
são responsáveis pela coleta de apenas 12,8% do lixo coletado no país.

Pesquisa do IPT/CEMPRE (1995) constatou que, “o brasileiro convive com a maioria


do lixo que produz. São 241.614 toneladas de lixo produzidas diariamente no país.
Fica a céu aberto (lixão) 76% de todo lixo. Desse total apenas 24% recebem
tratamento mais adequado”. Ao comparar dados da geração nacional de resíduos
com a geração de outros países, Mato & Kaseva (1999); Watts et al (2001), nota que
apesar da posição do não tem fugido do contexto mundial.

Verificou que cerca de 140.000 das quase 170.000 ton. de RSU produzidos são
coletadas sendo porém 60% adequadamente destinados. Os resíduos da
construção civil (RCD), coletados adicionalmente aos resíduos sólidos urbanos
(RSU), atingem a surpreendente casa das 70.000 toneladas por dia, portanto o total
gerado e não conhecido é muito maior. Quanto aos Resíduos do Serviço de Saúde
(RSS), em média, 45% dos Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) coletados no
Brasil têm destinação incorreta, ou tem seu destino ignorado e, pior, são enviados
para os lixões sem o mínimo controle.
19

Buscando equacionar e solucionar problemas relacionados à destinação final de


resíduos sólidos o poder público destina recursos para tal. Porém, diante de uma
população urbana de 152 milhões de habitantes as verbas são insuficientes,
principalmente se considerados os valores per capta deste serviço em relação ao
valor de outros serviços públicos (ABRELPE, 2007).

No Brasil a macro-região sudeste registra os melhores índices de tratamento dos


RSS, principalmente em virtude do que se verifica no estado de São Paulo, que
conta com legislação específica sobre o assunto mais restritiva que a Federal. Trata-
se de exemplo a ser seguido por outros estados e municípios a bem da saúde
pública cada vez mais ameaçada por doenças crônicas e epidemias, além do
ressurgimento de doenças já erradicadas (ABRELPE, 2007).

Para Diógenes Del Bel, presidente da Associação Brasileira de Empresas de


Tratamento de Resíduos (ABETRE), “a maioria dos municípios expõe seus resíduos
de forma inadequada, como por exemplo, em lixões e não em aterros sanitários”. E
Del Bel ainda afirma que não há condições de quantificar exatamente as toneladas
que o país é capaz de gerenciar, apontando que “no Brasil não existe um sistema
eficiente de acompanhamento de resíduos, e apenas alguns estados possuem
inventários e, mesmo assim, com métodos diferentes de contagem entre si”
(MILENA, 2009).

Diante deste panorama e das constatações evidenciadas no ano de 2007, percebe-


se que muito tem sido feito, porém a ausência de um marco regulatório que
contemple princípios específicos e regras claras aplicáveis à gestão dos resíduos
sólidos em todo o território nacional tem inviabilizado a ampliação de ações
concretas que alterem, de maneira positiva, o cenário crítico que é verificado neste
momento, bem como tem sido um obstáculo ao desenvolvimento do setor,
principalmente para abertura de novos mercados com o conseqüente aumento da
geração de trabalho, emprego e renda (ENGE, 2009).

De acordo ENGE (2009) os tipos mais comuns de unidades de tratamento de


resíduos são:
- Incineradores de câmara cilíndricas: projetado para utilização em unidades de
tratamento de lixo de médio e grande porte, estes equipamentos são dotados de
20

duas câmaras seqüenciais e lavador de gases incorporado para retenção de


particulados;

- Câmaras Múltiplas: esses incineradores são alternativa economicamente mais


viável para o tratamento do resíduo de saúde, resultando em redução do volume e
do peso do material incinerado a apenas 5% de seu volume inicial.

- Câmara Vertical: os incineradores com câmaras duplas ou triplas dispostos


verticalmente são adequados para incineração de resíduos líquidos e gases
residuais. Podem também operar simultaneamente com resíduos sólidos.

Há ainda a classificação quanto a rotina de alimentação dos equipamentos (horas de


funcionamento) são eles os incineradores estáticos ou de batelada, e os
incineradores dinâmicos ou contínuos.

- Incineradores estáticos ou de batelada: caracterizam-se pelo seu funcionamento


intermitente. em geral são de fácil operação e tecnologia extremamente simples. por
esta razão são mais recomendados para pequenos estabelecimentos onde a
produção de lixo é limitada pelas etapas de produção pelo sistema gerador de
resíduos.

A metodologia dos incineradores estáticos consiste basicamente em dispor os


residuos diretamente na câmara de combustão processando-se a queima com o uso
de combustíveis líquidos ou gasosos. O processo envolve 4 estágios ou fases
principais:
-alimentação do forno
-combustão dos residuos
-refrigeramento e tratamento dos gases e produtos de combustão,
-emissão dos gases e escórias.

- INCINERADORES DINÂMICOS OU CONTÍNUOS : Este tipo de incineradores característicos


pelo seu funcionamento directo, em geral são mais complexos e existem uma serie
de equipamentos auxiliares não necessários nos incineradores de batelada. A sua
21

capacidade é bastante grande, os modelos mais recentes podem incinerar ate 3000
t de lixo por dia. Este processo envolve 6 estágios:

- Alimentação do forno
- Secagem do lixo
- Combustão dos residuos
- Refrigeramento dos gases e outros produtos de combustão
- Filtragem e tratamento dos gases de combustão
- Emissão dos gases e escórias.

3.3 QUADRO SOCIAL DE OCUPAÇÃO DE LIXÕES

Quando há a necessidade da utilização de uma nova área para o depósito de


resíduos sólidos, uma série de critérios deve ser considerada para a implantação
dessa instalação. A localização dos lixões, quando estes começaram a ser
“formalizados”, era resultado de um processo mais construtivo do que produtivo.
Hoje, no entanto, esse quadro é rigorosamente o inverso (CUNHA, 2006).

O cenário atual indica uma grande aceleração no ritmo de produção e de consumo,


o que significa que a produção de lixo está diferenciada e cada vez mais distante do
que se era em tempos anteriores, e ainda que a riqueza encontrada no lixo de hoje é
a característica real e particular da sociedade atual (GONÇALVES & ABEGÃO,
2005).

“Com o aumento do fluxo de resíduo gerado pelo desperdício, a quantidade de


materiais em condições de serem reciclados que é enviada aos locais de disposição
é exorbitante” (GONÇALVES, 2006).

Cunha (2006), acrescenta que o lixão era visto como uma paisagem caracterizada,
essencialmente, de forma negativa, devido aos aspectos sanitários, estético e de
bem-estar, econômico e social, e por estarem localizadas em áreas periféricas e
distante dos investimentos de capital. Contudo, a população das periferias não-
assistidas aproximou-se e a pobreza migrou para o lixão, estabelecendo ali a
sustentação, inclusive habitacional, por optarem por sobreviver do lixo e no lixo.
22

De acordo com Buarque (2001, citado por Gonçalves & Abegão, 2006), uma
definição mais apropriada do que possa ser os lixões da sociedade moderna:

Os lixões são depósitos de lixos existentes nas grandes cidades onde


milhares de homens, mulheres e crianças vivem e lutam desesperadamente
entre si para encontrar restos que possam comer ou vender. Tanto o lixo
como os que dele vivem, nos lixões, são produtos nitidamente originados
pela modernidade, cujos consumidores produzem um excesso de lixo e a
concentração de renda um excesso de pobres. As sociedades pobres não
têm tanto lixo; as justas não têm tantos pobres.

Segundo o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (2001), a


participação de catadores na segregação informal do lixo, é o ponto mais visível e
agudo da relação do lixo com a questão social, é um elo perfeito entre o lixo
inservível e a população marginalizada da sociedade que, no lixo, consegue
identificar seu objeto de trabalho na condução de uma estratégia para sua
sobrevivência.

O lixo é responsável por um grande número de mortes ocasionadas por doenças,


como a leptospirose, dengue, diarréia, cólera e mesmo alergias, que são contraídas
a partir do contato com resíduos, já que um número considerável de pessoas
trabalha atualmente nesses locais e sobrevivem dos restos de consumo da
sociedade encontrados lá (GONÇALVES & ABEGÃO, 2005).

O IBGE, no ano de 2000, identificou aproximadamente 24.500 catadores nos


municípios, e dentre eles 22% são menores de 14 anos. E é evidente o crescimento
do número de crianças que contraíram doenças no lixo e a ocorrência de epidemias.

O trabalho de recuperação e separação dos resíduos sólidos recicláveis, realizado


pelos catadores visando a comercialização para a industrialização, é composto
também pelos compradores, que por sua vez podem comercializar com outros
intermediários de maior porte, de acordo com o tipo de matéria que lhes interessa
processar. Logo, as indústrias da reciclagem exercem o poder de compra final,
controlando toda a estrutura, dominando tanto os trabalhadores catadores quanto os
intermediários envolvidos (GONÇALVES, 2006).

A inclusão dos catadores ocorre de forma perversa, visto que o catador de materiais
recicláveis é incluído ao ter um trabalho, mas excluído pelo tipo de trabalho que
23

realiza, já que este é extremamente precário, realizado em condições inadequadas,


com alto grau de periculosidade e insalubridade, sem reconhecimento social, com
riscos muitas vezes irreversíveis à saúde, e com a informalidade do trabalho,
desprovido de qualquer garantia trabalhista, e na remuneração, sem contar ainda
com o não acesso a educação e ao aprimoramento técnico (MEDEIROS &
MACÊDO, 2006).

Os trabalhadores envolvidos na catação nos lixões na maioria das vezes não utilizam
nenhuma proteção apropriada na lida com o material e as que existem são
improvisadas, de acordo com as possibilidades e com os objetos encontrados.
Quando chega um caminhão carregado, por exemplo, o catador tem que ter
agilidade para recolher mais e o melhor que puder, pois isso implica no fato de
comer e não comer. Então, quando recolhidas as embalagens, sacos ou sacolas, os
catadores utilizam o único instrumento que lhes convêm, que são as próprias mãos.
Visto que na impossibilidade de obter equipamentos que garantam a mínima
proteção na realização do trabalho, os catadores utilizam qualquer par de luvas
encontrado no meio do lixo, ou mesmo uma peça de roupa, que ao ser enrolada em
torno do rosto, pode tornar-se uma máscara que ameniza o mau cheiro
(GONÇALVES, 2006).

Gonçalves (2006), acrescenta ainda que, para os catadores a quantidade de horas


trabalhadas e a velocidade são estabelecidas de acordo com o fluxo de caminhões e
a quantidade de lixo que os mesmos trazem, sendo ainda importante para a
obtenção de um ganho maior a agilidade, o ritmo e a força na catação.

Para Medeiros e Macêdo (2006), a organização do trabalho em cooperativas


configura-se em uma alternativa de fortalecimento dos catadores de materiais
recicláveis na busca de melhores condições de trabalho. E dentre as alternativas
mais apropriadas para o tratamento do lixo urbano, a reciclagem é uma delas de
suma importância, já que possibilita o reaproveitamento de materiais descartados,
incluindo-os novamente ao circuito produtivo, incluindo o trabalho dos catadores, e
traz benefícios ambientais através da economia de recursos naturais, energia e
água. O interesse por tal alternativa criou uma serie de elementos diferentes, porém
que têm como objetivo comum a finalização Ed um processo, que só é possível
através da ação de cada um.
24

“A tomada de consciência em relação à potencialidade econômica da reciclagem,


tanto no que se refere à economia de recursos quanto à geração de renda, faz com
que o mercado de recicláveis cresça e evolua” (GONÇALVES & ABEGÃO, 2005).

3.4 LEGISLAÇÃO E DIFICULDADES DE FISCALIZAÇÃO E


IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

No Brasil, as leis voltadas para a conservação ambiental começaram a ser votadas


a partir de 1981, com a lei que criou a Política Nacional do Meio Ambiente. Mais
tarde, novas leis foram promulgadas, vindo a formar um sistema bastante completo
de proteção ambiental. A política ambiental brasileira propriamente dita se
desenvolveu de forma tardia quando comparada às demais políticas setoriais
brasileiras, e se deu basicamente em resposta às exigências do movimento
internacional ambientalista. Nasceu e se desenvolveu nos últimos quarenta anos
como resultado da ação de movimentos sociais locais e de pressões vindas de fora
do país.

A legislação nacional para resíduos sólidos também é bastante recente e possui


algumas lacunas e deficiências. São problemas envolvendo a polêmica para o
descarte de pilhas e baterias, o quadro cultural das empresas e da própria
sociedade (sem educação ambiental) e a criação de uma política nacional de
resíduos. Apesar de suas limitações, de um modo geral, a legislação brasileira para
resíduos sólidos é bem elaborada em sua essência (CENED, 2006).

A Constituição Federal, determina a competência comum da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios para proteger o meio ambiente e combater a
poluição em qualquer de suas formas (art. 23, inciso VI, CF). Releva, ainda, destacar
o art. 225 da Carta Magna, segundo o qual “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” No mesmo artigo, insere-se o
§ 3º, segundo o qual, “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
25

ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e


administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”
(JURAS, 2000).

No que se refere à legislação infraconstitucional, pode-se mencionar a Lei nº 6.938,


de 31 de agosto de 1981, que “dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências”, a qual
determina obrigatoriedade de licenciamento ambiental junto a órgão estadual para a
construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, bem como os capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental (JURAS, 2000).

Relacionado a isso podem ainda ser citados, outras legislações federais que dispõe
sobre a contaminação do meio ambiente, deve se consultar, entre outras, a Lei
9.605 "Lei de Crimes Ambientais" e a Resolução CONAMA 313/2002 que dispõe
sobre o "Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais".

Em termos de legislações federais podem ser citadas as NBRs com procedimentos


de classificação, transporte e armazenagem (entre outros) dos resíduos, como a
seguir CNPSA (2004):

ABNT/NBR 10004 Resíduos Sólidos, que classifica os resíduos sólidos quanto aos
seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que estes resíduos
possam ter manuseio e destinação adequados.

ABNT/NBR 12235 Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos, que fixa


condições exigíveis para armazenamento de resíduos sólidos perigosos, de forma a
proteger a saúde pública e o meio ambiente.

ABNT/NBR 14725 Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos -


FISPQ, que fornece informações sobre vários aspectos desses produtos químicos
(substâncias ou preparos) quanto à proteção, à segurança, à saúde e ao meio
ambiente. A FISPQ fornece, para esses aspectos, conhecimentos básicos sobre
esses produtos químicos, recomendações sobre medidas de proteção e ações em
26

situações de emergência. Em alguns países, essa ficha é chamada de "Material


Safety Data Sheet - MSDS.

De acordo com a norma brasileira NBR 10004:2004 “resíduos sólidos” têm a


seguinte definição:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de


origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços
e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

A classificação dos resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que


lhes deu origem, as características e a comparação de seus constituintes com
listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é
conhecido (ABNT/NBR 10004, 2004).

Logo, os resíduos podem ser classificados em: resíduos classe I - Perigosos;


resíduos classe II – Não perigosos; resíduos classe II A – Não inertes; e resíduos
classe II B – Inertes. Os resíduos sólidos podem ser classificados ainda em função
da origem:

Domiciliares: Gerados nas residências e constituídos por restos de alimentos,


material potencialmente recicláveis, como metal, plástico, vidro, papéis em geral,
além de lixo sanitário e tóxico;

Comerciais: Provenientes das atividades comerciais e de serviços, tais como


supermercados, lojas, bares e restaurantes;

Público: Resíduos originados dos serviços de limpeza pública urbana;

Serviço de Saúde e Hospitalar: Constituem-se em resíduos sépticos como


agulhas, seringas, gazes, órgãos e tecidos removidos, luvas, remédios com validade
vencida e materiais de raio-X;
27

Portos e Terminais Rodoviários e Ferroviários: Constituídos basicamente por


materiais de higiene pessoal e restos de alimentos, os quais podem conter germes
patogênicos provenientes de outras cidades, estados e países;

Industrial: Este resíduo varia conforme a atividade da indústria, incluindo


nesta categoria a grande maioria do lixo considerado tóxico;

Agrícola: Resultado das atividades pecuaristas e agrícola;

Entulho: Resíduos da construção civil, como materiais de demolição e restos


de obras (IPT/ CEMPRE, 2000).

Referente à Coleta de Resíduos Sólidos a ABNT/NBR 13463/1995 classifica a coleta


de resíduos sólidos urbanos dos equipamentos destinados a esta coleta, dos tipos
de sistema de trabalho, do acondicionamento destes resíduos e das estações de
transbordo. Tal Norma apresenta as classes da coleta de resíduos sólidos em:
Coleta Regular (coleta domiciliar; coleta de resíduos de feiras, praias e calçadões;
coleta de varredura; coleta de resíduos dos serviços de saúde - hospitalar externa e
ambulatorial; coleta de resíduos com riscos para a saúde); Coleta Especial; Coleta
Seletiva; Coleta Particular (coleta de resíduos industriais; coleta de resíduos
comerciais; coleta em condomínios).

A ABNT/NBR 13463/1995 detalha ainda sobre a classificação em relação aos Tipos


de sistemas de trabalho (administração direta; administração por autarquia;
administração por empresa pública; terceirização); Equipamento de coleta;
Acondicionamento dos resíduos urbanos, de resíduos domiciliares, dos resíduos dos
serviços de saúde, de resíduos da varrição, das feiras, dos calçadões e da limpeza
de praias; Parâmetros de coleta; Área de coleta e a subdivisão dessas áreas; e
Estação de transbordo de resíduos: quanto ao meio de transporte, à armazenagem
do lixo, e ao tratamento físico prévio do lixo.

A ABNT/NBR 13221:2003, relacionada ao Transporte Terrestre de Resíduos tem-se


a Norma que especifica os requisitos para o transporte terrestre de resíduos, de
modo a evitar danos ao meio ambiente e a proteger a saúde pública. Essa Norma se
aplica ao transporte terrestre de resíduos, conforme classificados na Portaria nº 204
28

do Ministério dos Transportes, inclusive aqueles materiais que possam ser


reaproveitados, reciclados e/ou reprocessados. Aplica-se também aos resíduos
perigosos segundo a definição da Convenção da Basiléia (adotada pelo Brasil em
30.12.1992), que objetivava principalmente: minimizar, reciclar e eliminar os
resíduos perigosos; e promover e usar tecnologias limpas.

Dentre o tratamento de RSU domiciliar, o mais eficaz é o prestado pela própria


população quando esta está empenhada em reduzir a quantidade de lixo, evitando o
desperdício, reaproveitando os materiais, separando os recicláveis em casa ou na
própria fonte e se desfazendo do lixo que produz de maneira correta. Por outro lado,
existem os processos físicos e biológicos que objetivam estimular a atividade dos
micoorganismos que atacam o lixo, decompondo a matéria orgânica e causando
poluição. No entanto, as usinas de incineração ou de reciclagem e compostagem
interferem sobre essa atividade biológica até que ela cesse, tornando o resíduo
inerte e não mais poluidor (IPT/ CEMPRE, 2000).

A incineração do lixo é um tratamento eficaz para reduzir o seu volume, tornando o


resíduo absolutamente inerte em pouco tempo, se realizada de forma adequada
(IPT/ CEMPRE, 2000). A Resolução CONAMA Nº 316 de 20 de novembro de 2002
dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de
tratamento de resíduos. Esta Norma considera os resíduos como os materiais ou
substâncias, que sejam inservíveis ou não passíveis de aproveitamento econômico,
resultantes de atividades de origem industrial, urbana, serviços de saúde, agrícola e
comercial dentre os quais incluem-se aqueles provenientes de portos, aeroportos e
fronteiras, e outras, além dos contaminados por agrotóxicos.

Há ainda outras resoluções CONAMA que tratam de resíduos sólidos no que diz
respeito a incineração: Resolução CONAMA Nº 008/91 que veda a entrada no Brasil
de materiais residuais destinados à disposição final e incineração; e a Resolução
CONAMA Nº 006/91 que desobriga a incineração ou qualquer outro tratamento de
queima dos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde, portos e
aeroportos, ressalvados os casos previstos em lei e acordos internacionais.

De acordo com a CONAMA 358/2005 dentre os resíduos que são destinados a


incineração, os resíduos de serviços de saúde recebem uma atenção maior nesse
29

contexto, visto que o incinerador da “Central de Resíduos” presente no local desse


trabalho era utilizado propriamente para este tipo de serviço. A mesma Norma
dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e
dá outras providências, como a denominação Grupo A3 que dispõe peças
anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais,
com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 cm ou idade gestacional
menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido
requisição pelo paciente ou familiares. Esse é o único grupo passível de ter o
tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento devidamente
licenciado para esse fim.

Relacionado a este tema cabe ainda citar a Resolução RDC nº 306/2004 da


ANVISA. Esta dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de
resíduos de serviços da saúde, principalmente o Grupo A1: bolsas transfusionais
contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má
conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta
incompleta; sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos
corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde,
contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre, que devem ser incinerados,
pois a lei exige que desestruture as suas características físicas, de modo a se
tornarem irreconhecíveis; Grupo A2: resíduos contendo microrganismos com alto
risco de transmissibilidade e alto potencial de letalidade (Classe de risco 4); e Grupo
A5: órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e
demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com
suspeita ou certeza de contaminação com príons.

Segundo a Resolução RDC nº 306/2004 da ANVISA “a incineração é obrigatória


para alguns resíduos, permitida em praticamente todos, e restrita somente em
alguns”.

De acordo com a mesma resolução “A destinação de uma quantidade maior de


resíduos a esta tecnologia possibilita um ganho de escala que reduz custos
significativamente, visto que outras tecnologias não têm permissão para tratar uma
gama tão diferenciada de resíduos”.
30

A Norma ABNT/NBR 10005: 2004 dispõe definições, para efeito desta, ao que se
relaciona com lixiviação (processo para determinação da capacidade de
transferência de substâncias orgânicas e inorgânicas presentes no resíduo sólido,
por meio de dissolução no meio extrator); e compostos voláteis. Ela ainda apresenta
os procedimentos de lixiviação para resíduos que contenham determinado teor de
sólidos, tanto pra lixiviações não-voláteis quanto lixiviações voláteis.

A presença do poder público nos lixões tem por objetivo desempenhar um papel
organizador do processo de aterramento de lixo, ou seja, busca organizar
minimamente o que está tecnicamente fora de controle, já que nestes locais não se
obedecem às normas técnicas básicas para o controle da poluição. A verdade é que
as máquinas, caminhões e pás carregadeiras e seus condutores, são as únicas
presenças constantes nos lixões que podem nos levar a crer na existência do poder
público instituído, em seus mais diferentes extratos hierárquicos (GONÇALVES,
2006).

Os legisladores já falam em diminuição dos impostos para indústrias de reciclagem,


mas não discutem com firmeza o cumprimento da legislação trabalhista, das
condições de vida e de trabalho. Pelo contrário, nesses tempos neoliberais, os
direitos dos trabalhadores se flexibilizam sempre a favor do mercado e da tão
prometida idéia da geração de emprego, de preferência à base de intensa e
crescente precarização (GONÇALVES, 2006).

Os trabalhadores catadores, por sua vez, têm procurado se mobilizar e se organizar


através de cooperativas e associações para realizar o trabalho de recolha e triagem
dos resíduos, às vezes aliado a programas de coleta seletiva. No entanto, estas
organizações têm enfrentando sérios problemas para se firmar dentro deste circuito
de relações fundadas no mercado, já que seus membros são pobres e
desempregados e quase sempre não têm condições de instrumentalizar ou
gerenciar adequadamente esses empreendimentos, de maneira a garantir
minimamente um rendimento mensal satisfatório. Não obstante a essas dificuldades,
esses espaços têm se tornado de grande valia para a sociabilização e trocas de
informação que possibilitem um melhor entendimento da realidade a qual esses
trabalhadores enfrentam, da estrutura de poder e de possíveis alternativas de
31

organização e transformação da realidade em que se encontram. (GONÇALVES,


2006).

Um dos aspectos sociais mais degradantes nos serviços de limpeza urbana é a


catação de recicláveis nos aterros e lixões, onde pessoas de todas as idades,
misturadas ao lixo, entre animais e máquinas, e em condições de insalubridade e
risco, lutam pela sobrevivência. O programa Lixo e Cidadania, liderado pela
UNICEF, vêm mobilizando vários segmentos da administração pública e da
sociedade para, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 numa primeira
fase, encaminhar as crianças que trabalham nesta atividade para escolas e outras
atividades lúdicas e educativas, através de programas “Bolsa-Escola” e outros
similares. Busca ainda a capacitação dos catadores para que abracem outras
atividades profissionais ou continuem em sua faina recuperadora de materiais
recicláveis, mas em melhores condições de salubridade, organizados em
cooperativas ou associações, onde este trabalho seja valorizado e onde possa ser
agregado valor aos produtos recuperados, conseguindo-se, assim, aumentar a sua
renda quando forem comercializados (PNSB, 2000).

3.5 PROGRAMA ESPÍRITO SANTO SEM LIXÃO – “ESTADO DA ARTE”

Com o objetivo de destinar corretamente 100% do lixo gerado e exterminar do


território capixaba todos os lixões existentes, o Governo do Estado, por meio das
secretarias de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb) e Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), lançou o projeto “Espírito Santo sem Lixão”.
O Estado vai investir cerca de R$ 50 milhões até 2025 na implantação de quatro
Sistemas de Destinação Final Adequada de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). No
Espírito Santo, um estudo constatou que 26 municípios capixabas depositam seus
resíduos em três aterros sanitários licenciados privados, localizados em Aracruz,
Cariacica e Vila Velha. Enquanto isso, todas as outras 52 cidades utilizam 102 lixões
espalhados pelo Estado (IEMA, 2008).
32

As dificuldades encontradas pelas administrações municipais para sanar este


problema levou o Governo do Estado a buscar soluções em parceria com os
municípios, elaborando o projeto “Espírito Santo sem Lixão”. Este projeto faz parte
da carteira das 20 maiores prioridades do Governo Estadual para implantação até
2010, previstos no Planejamento Estratégico 2025 (IEMA, 2008).

A meta do programa é acabar com todos os lixões existentes em território capixaba.


Estudos realizados pelo Governo do Estado para implementação do projeto
dividiram o Espírito Santo em seis macrorregiões: Metropolitana, Doce Leste, Norte,
Doce Oeste, Sul Serrana e Litoral Sul. As duas primeiras já contam com aterros
sanitários licenciados. Agora, o desafio é atender, com sucesso, as outras quatro
regiões. Os principais elementos que nortearam tal divisão foram o total da produção
de resíduos do conjunto de municípios a partir de 200 toneladas por dia (t/dia), na
busca dos benefícios de escala econômica; a malha viária regional, para que o
transporte dos RSU seja feito apenas por estradas pavimentadas; e a busca da
melhor logística com menores custos operacionais (IEMA, 2008).

Cada sistema a ser instalado nas regiões denominadas Norte, Doce Oeste, Sul
Serrana e Litoral Sul (Figura 01) é composto por um Aterro Sanitário Regional
licenciado, logística de transporte e Estações de Transbordo Regionais, em número
determinado pela escala de produção de RSU. O Governo vai construir todas as
estruturas necessárias nas regiões prioritárias, com recursos próprios (SEDURB,
2008).
33

Figura 01 – Divisão regional da logística de implementação do Projeto ES sem lixão.


Fonte: IEMA (2008).

A gestão e regulação dos quatro Sistemas serão feitas por meio de Consórcios
Públicos Regionais, constituídos pelo Estado e municípios, na forma da Lei Nº
11.107/05 e operados, em regime de concessão, por empresas especializadas. De
34

acordo com o sistema proposto, a coleta do lixo nas cidades e o transporte até as
estações de transbordo serão funções atribuídas aos municípios. A partir da chegada
dos caminhões compactadores nas estações de transbordo até a destinação final dos
RSU nos Aterros Sanitários, as operações passam a ser gerenciadas pelos
respectivos consórcios públicos regionais e operadas pelas empresas
concessionárias especializadas (SEDURB, 2009).

Após a conclusão de cada etapa do aterro, uma cobertura final de argila será
implantada para o seu fechamento. Serão plantadas gramíneas na superfície para
evitar a erosão, garantindo assim proteção ambiental e recomposição da estética do
local.

3.6 PROBLEMATICA DE SOLOS PARA ATERROS SANITARIOS – TIPOLOGIA


ADEQUADA.

Um dos grandes problemas encontrados nos aterros sanitários está relacionado à


impermeabilização da base destas instalações, ou seja, a possibilidade de
ocorrência de contaminação das águas subterrâneas, além do comprometimento de
aqüíferos e reservas importantes de águas e do solo, devido à infiltração dos
líquidos percolados (FRANCESCHET. F, 2006). A contaminação das águas
subterrâneas pode ser evitada através de uma adequada impermeabilização do
solo, utilizando-se geomembranas sintéticas e solos de baixa permeabilidade, além
do controle tecnológico em campo.

Segundo IPT/CEMPRE (1995), a produção de líquidos percolados é inevitável, pois


não é possível o controle total sobre todas as fontes de umidade que interagem com
os resíduos sólidos. Estas fontes podem ser a própria umidade inicial dos resíduos
sólidos; a água gerada no processo de decomposição biológica e, principalmente, a
água da chuva que percola pela camada de cobertura. Assim, a camada de
cobertura assume um papel de grande importância nos aterros sanitários, devendo
ser relativamente impermeável e possuir um sistema de drenagem superficial.
35

O sistema de cobertura tem a função de proteger a superfície das células de


resíduos sólidos (minimizando impactos ao meio ambiente), eliminar a proliferação
de vetores, diminuir a taxa de formação de líquidos percolados, reduzir a exalação
de odores, impedir a catação, permitir o tráfego de veículos coletores sobre o aterro,
eliminar a queima de resíduos e a saída descontrolada do biogás (IPT/CEMPRE,
1995).

Os solos, para que possam ser utilizados nos aterros das obras de terraplenagem
não devem apresentar grande quantidade de pedras, plantas e rochas aflorantes,
deve ser o mais impermeável e homogêneo possível e ter composição
predominantemente argilosa (GANDELINI, 2002), além disso, de acordo com UFSM
(2008), devem preencher certos requisitos, ou seja, certas propriedades que
melhoram o seu comportamento, sob o aspecto técnico, transformando-os em
verdadeiro material de construção. Esse objetivo é atingido de maneira rápida e
econômica através das operações de compactação. Essas propriedades visam
principalmente:

− Aumento da resistência da ruptura dos solos, sob ação de cargas externas;


− Redução de possíveis variações volumétricas, quer pela ação de cargas, quer pela
ação da água que, eventualmente, percola pela sua massa;
− Impermeabilização dos solos, pela redução do coeficiente de permeabilidade,
resultante do menor índice de vazios.

Sabe-se que a resistência à ruptura por cisalhamento de um solo depende da


coesão (c) e do ângulo de atrito interno (φ), sendo que estes, por sua vez,
dependem do teor de umidade e do índice de vazios. Em Mecânica dos Solos a
parcela referente a coesão é resultante, no caso das argilas, de forças internas de
natureza elétrica, geradas entre as partículas, de modo que a sua aproximação,
resultante da compactação, ou seja, de um menor índice de vazios, tende a
aumentá-la. Por outro lado, diminui com o aumento do teor de umidade, que, por sua
vez, pela maior presença de água nos interstícios, tende a diminuir as forças de
natureza elétrica. Se executarmos o aterro com material úmido, haverá mais tarde a
possibilidade de grande perda de água por evaporação, favorecendo a contração
que se manifesta através de trincas, fissuras, etc. Ao contrário, se executamos com
36

solo muito seco, haverá grande probabilidade de absorção de água e


conseqüentemente inchamento (UFSM, 2008).

A impermeabilização do solo do aterro, dependendo do seu coeficiente de


permeabilidade, diminui indiretamente com o índice de vazios, isto é, quanto maior a
redução deste, menor a permeabilidade. Resulta daí o aumento da resistência à
ruptura, pela elevação do atrito interno entre as partículas e a diminuição das
variações de volume, através do melhor entrosamento entre elas. Segundo
Workman (1989), a permeabilidade do solo a ser utilizado em uma camada
impermeabilizante é o fator mais importante para a determinação da eficiência a
longo prazo. Solos argilosos com permeabilidade inferior a 10-7 cm/s são comumente
considerados adequados para fornecer proteção a longo prazo ao meio ambiente.

Em resumo, a compactação de um solo resulta em:

− maior aproximação e entrosamento das partículas, ocasionando um aumento da


coesão e do atrito interno e, conseqüentemente, da resistência ao cisalhamento;
− através do aumento da resistência ao cisalhamento, obter-se-á maior capacidade
de suporte;
− com redução do índice de vazios, a capacidade de absorção de água e a
possibilidade de haver percolação diminuem substancialmente, tornando mais
estável. Com as considerações acima, fica claro que dois fatores são fundamentais
na compactação:

− o teor de umidade do solo;


− a energia empregada na aproximação dos grãos e que se denomina energia de
compactação (WORKMAN, 1989).
37

4 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA

4.1 LOCALIZAÇÃO

A área de estudo, o lixão municipal de Colatina, localiza-se na região noroeste do


estado do Espírito Santo nas coordenadas UTM (WGS 84) 24K 327678 / 7843551
às margens da rodovia BR- 259 próximo ao bairro Ayrton Sena, região peri – urbana
do município. O acesso à área é feito pela rodovia BR -259. A Cidade de Colatina
pertence a microrregião denominada como Pólo Colatina, dista aproximadamente
140,00 quilômetros da capital do estado. Com uma população estimada de 111.789
habitantes (IBGE, 2006), dispõem de toda a infra-estrutura necessária para dar
suporte a toda sorte de atividades.

Figura 02 – Vista aérea da área de estudo – Central de resíduos de Colatina; Escala 1:5000.
Fonte: IEMA (2007).

A Figura 02 mostra a proximidade da área com as vias de acesso à cidade de


Colatina (ES- 080).
38

Figura 03 – Identificação da região Pólo Colatina (na qual está inserido o Município de Colatina).
Fonte: IJSN (2009).

A Figura 03 acima evidencia a localização da região Pólo Colatina, na qual se


localiza o Município de Colatina, composta pelos municípios de Baixo Guandu,
Colatina, Pancas, Governador Lindemberg e Marilândia. Estes municípios
direcionam seus resíduos para a “central” de resíduos de Colatina.
39

4.2 MEIO FÍSICO

4.2.1 Clima

A região possui clima quente e úmido (Figura 05) com grande amplitude térmica
anual e diária (variação de temperatura) além de pluviosidade elevada (INCAPER,
2009). Segundo a classificação de Köppen trata-se de clima AW, Tropical Chuvoso
de Savana. Este clima é caracterizado por um verão quente com abundantes
precipitações (Precipitação total média anual de 19 a 1536 mm – Tabela 01) e um
inverno ameno e bastante seco, sendo o trimestre mais chuvoso Nov./Dez./Jan e o
mais seco Jun./Jul./Ago. A temperatura máxima média anual varia entre 26º e 28º e,
a temperatura mínima média anual, entre 18º e 20º. A temperatura máxima absoluta
(média anual) varia entre 36º a 38º C e a temperatura mínima absoluta (média
anual) entre 4º e 6º C. A umidade relativa anual é de 80%, sendo que julho e agosto
são os meses menos chuvosos e de menor precipitação na região, cerca de 11 a 14
mm/mês e apresenta uma Precipitação Média por período de 79,78 mm. A região
ainda situa-se no “Polígono Seco Meteorológico”, ou seja, área que devido as
condições pluviometrias, de evaporação e do próprio clima propiciam um ambiente
ligeiramente seco (INCAPER, 2009).

4.2.2 Pluviosidade

De acordo com Nóbrega et all.( 2008), existem dois períodos distintos: um chuvoso,
que vai de outubro a março; e outro seco, que compreende os meses de abril a
setembro. Nos meses que compreendem o período chuvoso, as chuvas são
distribuídas de forma mais homogênea por todo o território norte capixaba, sendo
essa ocorrência de precipitação um pouco maior a oeste dessa região. Essas
chuvas são resultado, principalmente, de fatores termodinâmicos (alta temperatura
do ar e umidade). Em geral, que ocorrem em forma de pancada e de maneira
localizada, vindo, geralmente, acompanhadas de fortes rajadas de vento, trovoadas
e com ocasional queda de granizo (chuvas convectivas). São chuvas que ocorrem
principalmente no final da tarde. Ocorrem de maneira bem distribuída
40

espacialmente, porém observa-se que os maiores índices costumam ocorrer na faixa


oeste desta região. Os índices de precipitação média variam entre 60 mm e 120 mm
no mês menos chuvoso do período (fevereiro) (Figura 04) e entre 140 mm e 235 mm
no mês mais chuvoso (dezembro). Já no período seco (que compreende as
estações do outono e inverno no Hemisfério Sul), os maiores índices pluviométricos
costumam ocorrer na faixa litorânea da região, resultado da maior taxa de umidade e
da incursão de sistemas frontais, que são freqüentes nesta época do ano. As
chuvas costumam ocorrer principalmente no período da noite e da madrugada,
ocorrendo de maneira mais duradoura e em forma de garoa. Os índices médios da
precipitação neste período costumam variar entre 10 mm a 80 mm nos meses mais
secos (junho e julho) e entre 50 mm e 110 mm no mês menos seco (abril).

Figura 04 – Mapa da Série histórica de precipitação média para o mês de Fevereiro no Espírito Santo.
Fonte: INCAPER (2008).
41

Figura 05 – Carta Agroclimática do Espírito Santo.


Fonte: IJSN (1986).
42

4.2.3 Recursos Hídricos

Segundo a classificação regional apresentada pela Agência Nacional das Águas


(2007), a Área de estudo está inserida na bacia do Atlântico Leste, na sub-bacia do
Rio Doce - ITB Córrego do Ouro (IEMA, 2009).

Segundo o Atlas do IEMA, (2009) o Índice de Qualidade da Água (IQA) para a Bacia
do Rio Doce é bom para o abastecimento humano após o tratamento convencional.
A água neste trecho é utilizada para consumo rural e dessedentação de animais.

A bacia na qual está inserida (Figura 06) enfrenta constantes problemas com
“desmatamento; manejo inadequado dos solos; erosão; assoreamento do leito dos
rios; redução da vazão durante o período de estiagem; enchentes; contaminação
com mercúrio; precariedade no saneamento e a falta de abastecimento de água
potável em diversas aglomerações urbanas e comunidade rurais”, afetando a
dinâmica dos corpos hídricos da região.
43

Figura 06 – Mapa de recursos hídricos da Bacia do Rido Doce.


Fonte: IEMA (acesso em: 23 maio 2010).
44

4.2.4 Pedologia

Na região em estudo predominam os latossolos vermelho Amarelos e Argissolos


Vermelhos perfazendo 77,2%. O restante divide-se entre diferentes tipologias. O
Latossolo Vermelho Amarelo refere-se a solos profundos, acentuadamente
drenados, com horizonte B latossólico de coloração vermelho amarela, ocorrendo
principalmente nos planaltos dissecados.

Este agrupamento apresenta, na região, solos com baixa saturação de bases


(distróficos) e alta saturação com alumínio (álicos), sendo que os últimos são
predominantes. Os solos da área originam-se de rochas predominantemente
gnaissicas, leuco e mesocráticas, sobretudo de caráter ácido, magmáticos
charnoquitos, xistos e de depósitos argilo-arenosos. O Argissolo Vermelho
compreende solos de profundidade variável, constituídos por material mineral, que
têm como características diferenciais a argila de atividade baixa e horizonte B
textural (Bt), imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte superficial, exceto
o hístico, sem apresentar, contudo, os requisitos estabelecidos para serem
enquadrados nas classes dos Alissolos, Planossolos ou Gleissolos. Este solo é
formado a partir de gnaisses diversos, além de charnoquitos, xistos e magmáticos.

O principal uso deste solo é a pastagem com capim colonião nos solos eutróficos,
enquanto que nos vales são plantados milho, arroz, etc. A principal limitação destes
solos é a grande susceptibilidade à erosão. A utilização destes solos torna-se restrita
ao uso com pastagens e culturas permanentes de ciclo longo, tais como café e citrus
(PERH). Também apresentam forte variação de relevo como ondulado e/ou
montanhoso o que pode ser facilmente observado no relevo da área a qual esta
situada em fundo de vale a montante de uma região brejosa, a profundidade dos
solos escavados para material de empréstimo e dos afloramentos rochosos
presentes (GUERRA, 2006).
45

4.2.5 Geologia e Geomorfologia

A Área de Influencia do projeto encontra-se na Província Mantiqueira, Subprovíncia


Araçuaí, Complexo Paraíba do Sul. O Complexo Paraíba do Sul está associado a
um conjunto litológico representado por biotita e/ou hornblenda gnaisses, metaxistos
de composição kinzigíticas e intercalações de quartzitos, calcossilicáticas e
anfibolitos. Esta seqüência litológica, posicionada no Pré-Cambriano Médio, forma
uma faixa de orientação grosseiramente este-oeste. Advoga-se para o mesmo uma
idade relacionada ao Ciclo Transamazônico, posteriormente retrabalhado
intensamente no Ciclo Brasiliano. Os minerais predominantes são o feldspato,
quartzo, biotita e granada, que é geralmente muito abundante, tanto nos
leucossomas quanto nos melanossomas. Seus cristais são milimétricos, de cor
rósea, ou agregados. Os acessórios são a silimanita, cordierita e localmente grafita,
sendo que a silimanita associa-se geralmente à biotita, às vezes formando
agregados nodulosos. Na área de estudo foram encontradas dois afloramentos
rochosos de grande relevância que ratificam a formação litológica caracterizada por
gnaisses do Complexo Paraíba do Sul citado anteriormente (IEMA, 2007).

Geomorfologicamente o segmento em estudo encontra-se no Domínio da Faixa de


Dobramentos Reativados, na Região do Planalto da Mantiqueira Setentrional, em
sua Unidade Patamares Escalonados do Sul Capixaba. O Domínio da Faixa de
Dobramentos Reativados engloba áreas de relevos predominantemente
montanhosos, com altitudes variadas atingindo até mais de 1.500m (Figura 07),
distribuídos de forma irregular e descontínua próximos à costa e às margens do Rio
Doce (IEMA, 2007).
46

Figura 07 – Mapa de Elevação de Colatina.


Fonte: IJSN (2009).
47

4.2.6 Uso do Solo

O principal uso do solo no município de Colatina é de pastagens. Trata-se de uma


atividade em geral de pequeno porte e conduzida em pequenas e/ou médias
propriedades. Secundariamente, a Área está ocupada por lavouras, especialmente
de bens alimentícios e frutas. O empreendimento está localizo dentro de área
urbana com a identificação de núcleo populacional adjacente ao mesmo (Figura 08).

4.2.7 Vias de Tráfego

A área possui vias de acesso interno para o trafego de veículos até a célula de
disposição e entre as estruturas da central de resíduos e estradas. As vias de
acesso externas, da entrada até a balança de pesagem, encontram-se
pavimentadas e providas de canaleta de drenagem pluvial. Porém, as vias que
levam até a frente de disposição (célula), encontram-se terraplenadas e desprovidas
de canaletas, somente escadas hidráulicas dispostas no talude a fim de evitar o
“run-off” e deslizamento de sedimentos. Ainda existem caminhos rústicos de acesso
para pedestres na parte baixa da célula por onde os moradores circunvizinhos
entram no local para realizar a cata de materiais.
48

Figura 08 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo do Município de Colatina.


Fonte: IJSN (2009).
49

4.3 MEIO BIÓTICO

4.3.1 Flora

O ecossistema predominante na região é o de Mata Atlântica que cobre todo o


Estado do Espírito Santo, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. A
cobertura vegetal do Estado compreende fragmentos florestais primários e
secundários de Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta
Estacional Decidual e Floresta Estacional Semidecidual. Especificamente para a
região em estudo, destacam - se duas tipologias principais: Floresta Ombrófila
Densa e a Floresta Estacional Semidecidual. Esta última caracteriza-se pela perda
total de folhas de pelo menos 20% a 50% dos seus indivíduos arbóreos durante a
estação seca. O município conta hoje com 12% da sua cobertura florestal original.
Os fragmentos atualmente observados no município são secundários, em função do
longo histórico do desmatamento regional. Todos são fragmentos alterados da
Floresta Estacional Semidecidual que outrora cobria pelo menos a metade do
território do município (ATLAS DE ECOSSISTEMAS DO ESPÍRITO SANTO, 2008).

O município de Colatina conta hoje com 12% da sua cobertura florestal original. Os
fragmentos atualmente observados no município, em especial na Área de Influência
Direta do empreendimento, são secundários, em função do longo histórico do
desmatamento regional. Todos são fragmentos alterados da Floresta Estacional
Semidecidual que outrora cobria pelo menos a metade do território do município
(PIRH DOCE, 2007).

O município de Colatina conta hoje com 12% da sua cobertura florestal original. Os
fragmentos atualmente observados no município, em especial na Área de Influência
Direta do empreendimento, são secundários, em função do longo histórico do
desmatamento regional. Todos são fragmentos alterados da Floresta Estacional
Semidecidual que outrora cobria pelo menos a metade do território do município.
(PIRH DOCE, 2007).
50

Das 32 espécies encontradas, 12 não são nativas do Brasil. As espécies


consideradas nativas na região apresentam crescimento espontâneo ou são
amplamente distribuídas, além de não estarem presentes nas listas de espécies
ameaçadas do Estado do Espírito Santo e do Brasil, nem serem espécies raras,
endêmicas ou com importância econômica. A fitofisionomia da área estudada foi
classificada como Estágio Inicial de Regeneração (PIRH DOCE, 2007).

O Estado do Espírito Santo contava, no ano de 2003, com um total de 54 unidades


de conservação (UC´s). A única unidade de conservação existente no município de
Colatina é a “Reserva de Itapina”. Esta UC, no entanto, encontra-se no extremo
oeste do município, há mais de 10 km do empreendimento. Além desta UC, não
existiam outras unidades de conservação seja na esfera federal ou estadual, até
novembro de 2005, no município (ATLAS DE ECOSSISTEMAS DO ESPÍRITO
SANTO, 2008).

4.3.2 Fauna

Devido ao desmatamento e fragmentação dos remanescentes florestais, as espécies


animais ficam isoladas dentro dos mesmos dificultando a dispersão de espécies o
que, a médio e longo prazos, poderá causar a extinção local destas populações por
causa de uma série de fatores como competição por escassez de recursos, e perda
de variabilidade genética. Na região pode-se citar como os principais
representantes segundo literatura, grande variedade de peixes, anfíbios, répteis
como: Lagartixas (Hemidactylus mabouia), Calango verde (Ameiva Ameiva), Teiú
(Tupinambis merianae), dentre outros. Além de grande numero de espécies de
serpentes como: Cobra d’água (Liophis miliaris), jararaca (Bothrops jararaca) e
Coral-verdadeira (Elapidae: Micrurus sp). Roedores como a capivara (Hidrochoerus
hidrochoeris) e aves com grande predomínio de espécies de formações campestres
sobre aquelas de formações florestais, por exemplo: pássaros-pretos (Molothrus
bonariensis), rolinhas (Columbina talpacoti) e canários-da-terra (Sicalis flaveola).
Este quadro, no entanto, não é restrito a esta localidade, a “substituição” de
espécies típicas de ambientes florestados por espécies características de ambientes
abertos é, de fato, fenômeno facilmente notado em qualquer área devastada dentro
51

do domínio do bioma Mata Atlântica (ATLAS DE ECOSSISTEMAS DO ESPÍRITO


SANTO, 2008).

4.4 MEIO ANTRÓPICO

Do ponto de vista antrópico, os estudos constataram que o município configura-se


como pólo de desenvolvimento regional, atraindo populações de seu entorno e
exercendo um importante papel econômico no quadro estadual. Do total de
habitantes do município, 81 % residem na área urbana. O estoque total de migrantes
no município, no ano de 2000, era de 34.996 habitantes, ou 31,0% da população
residente (IBGE, 2000).

No que se refere ao nível de instrução da população, os resultados municipais são


relativamente inferiores aos estaduais, pois, no município, 9,6% da População de 10
anos ou mais não possuía instrução ou possuía apenas até um ano de estudo,
contra apenas 9,2% no estado em geral. Acerca do nível e da distribuição de renda,
a renda per capita do município era, em 2000, inferior à média Estadual. O município
ocupava, porém, no Ranking municipal da renda per capita, o oitavo lugar. Por outro
lado, o padrão de distribuição de renda municipal apresentava resultados
relativamente mais igualitários do que a média estadual. As porcentagens de renda
apropriada pelas faixas de populações mais pobres eram sempre superiores para o
município do que na média do Estado; e, inversamente, as porcentagens
apropriadas pelas populações mais ricas eram sempre inferiores. As principais
atividades econômicas do Município são: a agricultura do café, a pecuária, o
comércio atacadista e varejista, e as indústrias de vestuário, de alimentos e de
mobiliário. Segundo o IBGE (2000) dos 112.711 habitantes residentes no Município
em 2000, 91.298 residiam em áreas urbanas, o que representa uma taxa de
urbanização, para aquele ano, de 81%, ligeiramente superior à taxa estadual, de
79,5%. O estoque total de migrantes no município, nesse ano, era de 34.996
habitantes, ou 31,0% da população residente.
52

O abastecimento de água do Município é feito através de quatro estações de


captação do Rio Doce, nenhuma destas localizadas na faixa de domínio do
empreendimento. Segundo um dos funcionários da Sanear, 100% da área urbana do
município é abastecido através de rede geral. Outros dez pequenos sistemas de
abastecimento de água tratada atendem à área rural. O município dispõe de
estações de tratamento de esgoto que, em grande parte, é despejado no Rio Doce
após o mesmo, serviço igualmente de responsabilidade da Sanear. O percentual de
esgoto tratado, porém, é bastante reduzido, especialmente na sede municipal. Não
há pontos de coleta ou despejo de efluentes na faixa de domínio.

O serviço de coleta de lixo, conduzido pela Sanear, atende toda a área urbana
municipal e partes da área rural. O tratamento do lixo é feito através de estação que
dispõe de um incinerador, devidamente licenciada pelo IBAMA. O município dispõe
ainda de serviço de coleta seletiva desde inícios da década 1990 (PMC, 2008).

Não existem comunidades indígenas na Área de Influência do empreendimento. O


município é bem equipado no que se refere aos equipamentos de saúde e
educação, que atraem significativo volume das populações municipais rurais e de
outros municípios de seu entorno. Destacam-se, neste contexto, a presença do
Hospital Estadual Sílvio Ávidos, de um Centro de Especialidades Odontológicas e do
Laboratório Central Municipal de Análises Clínicas, todos situados no centro do
município (PMC, 2008).
53

5 MÉTODOS E ETAPAS DE TRABALHO

Para realização do diagnostico ambiental da área do lixão do Município de Colatina,


foram realizados os seguintes levantamentos: localização da área, registros
fotográficos, testes e amostragens de solo, além de trabalhos de laboratório
(permeabilidade, densidade e granulometria), realizados entre os meses de
Fevereiro e Março de 2010, além de revisão de literatura disponível a fim de
comparar quali e quantitativamente os resultados obtidos e assim indicar possíveis
soluções para a problemática.

5.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Para o embasamento teórico deste trabalho, primeiro realizou-se um levantamento


de material teórico como papers, artigos, estudos ambientais e livros os quais
discorriam sobre resíduos sólidos e suas variantes além de normas e resoluções
para servirem de subsidio na comparação dos resultados do processamento dos
dados.

5.2 LEVANTAMENTO DE CAMPO

Foram feitas duas visitas a área da “Central”, sendo efetuados todos os


levantamentos pré-definidos entre os dias 15 de fevereiro e 19 de Março de 2010 na
área de estudo com a autorização do responsável por sua gestão. Também foram
realizadas entrevistas com os funcionários do local. Os trabalhos de campo foram
assim divididos:

5.2.1 Cobertura fotográfica

Visou registrar o tipo de lixo disposto, os métodos de disposição, infra estrutura


local, sua influência na área do entorno e a identificação dos impactos ambientais
causados por essa atividade.
54

5.2.2 Levantamentos de perfis

Realizou-se o levantamentos dos perfis topográficos de solo do local por meio da


plotagem de dados como cotas, distancias horizontais e tipo de relevo em softwares
do tipo CAD para melhor identificação visual da área atual e proposta futura.

5.2.3 Testes de solo e coleta de amostras

A coleta de amostras foi realizada na camada superficial, na profundidade de 0 a 1,5


m em dois locais diferentes: na própria área de disposição dos resíduos e numa área
mais a jusante da frente de disposição dos resíduos, próxima ao afloramento do
lençol com baixo grau de deformação de acordo com a NBR 9604/86. Durante uma
das visitas, realizou-se o teste de permeabilidade de vazão constante in situ - a partir
da vazão de preenchimento de uma vala com dimensões aproximadas de 21 x 21 x
21 cm com água (uma vez que as condições de compactação do solo da área, onde
foi retirada a amostra, não permitia uma escavação mais profunda), calculou-se o
tempo necessário para o total escoamento da mesma através do solo. A partir do
cálculo do tempo de escoamento para cada litro de água obtém-se a constante de
permeabilidade “K”.

Foram utilizadas como ferramentas para coleta um enxadão e uma cavadeira como
mostradas nas Figuras 09 e 10.

Figura. 09 – Confecção da vala de infiltração do experimento in situ


Fonte: Acervo pessoal ( 2010).
55

Figura 10 – Acabamento da vala de infiltração do experimento


Fonte: Acervo pessoal (2010).

5.2.4 Determinação de Permeabilidade em campo

A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta de permitir o escoamento de


água através dele. Todos os solos são mais ou menos permeáveis. O conhecimento
do valor da permeabilidade é muito importante em algumas obras de engenharia,
principalmente, na estimativa da vazão que percolará através do maciço e da
fundação de barragens de terra, em obras de drenagem, rebaixamento do nível
d’água, adensamento, percolação de infiltrado no solo, etc. O coeficiente de
permeabilidade pode ser determinado através de ensaios de laboratório em
amostras indeformadas ou de ensaios “in situ”.

O solo é um material natural complexo, constituído por grãos minerais e matéria


orgânica, constituindo uma fase sólida, envolvidos por uma fase líquida: água. Há
uma terceira fase, eventualmente presente; o ar, o qual preenche parte dos poros
dos solos não inteiramente saturados de água. No caso das areias o solo poderia
ser visto como um material constituído por canalículos, interconectados uns aos
56

outros, nos quais ou há água armazenada, em equilíbrio hidrostático, ou água flui


através desses canalículos, sob a ação da gravidade.

Nas argilas esse modelo simples do solo perde sua validade, uma vez que devido ao
pequeníssimo diâmetro que teriam tais canalículos e as formas exóticas dos grãos,
intervêm forças de natureza capilar e molecular de interação entre a fase sólida e a
líquida. De modo geral, a porosidade se comporta de forma inversa a densidade do
solo, indicando redução do volume de poros totais com o aumento da pressão
aplicada e do teor de água, segundo Baver (1966). Portanto, o modelo de um meio
poroso, pelo qual percola à água, é algo tanto precário para as argilas, embora
possa ser perfeitamente eficiente para as areias. Infelizmente a quase totalidade das
teorias para percolação de água nos solos é baseada nesse modelo.

Segundo Bernardo (1990), a velocidade de infiltração básica do solo é próxima ao


valor de “k0” (coeficiente de permeabilidade para solos saturados), logo a
compactação afeta a taxa de infiltração de água do solo, conforme apresenta de
forma ilustrativa a figura. Devido a essa diferença de diâmetro entre os poros do
solo, a velocidade de infiltração, que em geral se dá de maneira laminar (abaixo da
velocidade critica de escoamento), sofre elevação, o que ocasionará
proporcionalidade entre os gradientes hidráulicos e as velocidades denominado
coeficiente de permeabilidade ou condutibilidade hidráulica “k”.

5.2.5 Fatores que influenciam a permeabilidade

Os principais fatores que influenciam no coeficiente de permeabilidade, de acordo


com UFSM (2008) são: granulometria, índice de vazios, composição mineralógica,
estrutura, fluído, macro-estrutura e a temperatura.

Granulometria - O tamanho das partículas que constituem os solos influencia no


valor de “k”. Nos solos pedregulhosos sem finos (partículas com diâmetro superior a
2mm), por exemplo, o valor de “k” é superior a 0,01cm/s; já nos solos finos (partícula
com diâmetro inferior a 0,074mm) os valores de “k” são bem inferiores a este valor.
57

Índice de vazios – É a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume dos sólidos
(Vs), existente em igual volume de solo. Este índice tem como finalidade indicar a
variação volumétrica do solo ao longo do tempo, tem-se:

Vv
e
Vs (1)

O índice de vazios será medido por um número natural e deverá ser,


obrigatoriamente, maior do que zero em seu limite inferior, enquanto não há um
limite superior bem definido, dependendo da estrutura do solo. O volume de sólidos
permanecendo constante ao longo do tempo, qualquer variação volumétrica será
medida por uma variação do índice de vazios, que assim poderá contar a história
das tensões e deformações ocorridas no solo. Exemplo de valores típicos do índice
de vazios para solos arenosos podem situar de 0,4 a 1,0; para solos argilosos,
variam de 0,3 a 1,5. Nos solos orgânicos, podemos encontrar valores superiores a
1,5.

A permeabilidade dos solos esta relacionada com o índice de vazios, logo, com a
sua porosidade (Figura 11). Quanto mais poroso for um solo (maior a dimensão dos
poros), maior será o índice de vazios, por conseguinte, mais permeável (para argilas
moles, isto não se verifica).

Composição mineralógica - A predominância de alguns tipos de minerais na


constituição dos solos tem grande influência na permeabilidade. Por exemplo,
argilas moles que são constituídas, predominantemente, de argilo-minerais
(caulinitas, ilitas e montmorilonitas) possuem um valor de “k” muito baixo, que varia
de 10-7 a 10-8 cm/s. Já nos solos arenosos, cascalhentos sem finos, que são
constituídos, principalmente, de minerais silicosos (quartzo) o valor de “k” é da
ordem de 1,0 a 0,01cm/s.

Estrutura - É o arranjo das partículas. Nas argilas existem as estruturas isoladas e


em grupo que atuam forças de natureza capilar e molecular, que dependem da
forma das partículas. Nas areias o arranjo estrutural é mais simplificado,
constituindo-se por canalículos, interconectados onde a água flui mais facilmente.
58

Fluído - O tipo de fluído que se encontra nos poros. Nos solos, em geral, o fluído é a
água com ou sem gases (ar) dissolvidos.
Macro-estrutura - Principalmente em solos que guardam as características do
material de origem (rocha mãe) como diaclases, fraturas, juntas, estratificações.
Estes solos constituem o horizonte C dos perfis de solo, também denominados de
solos saprolíticos.

Temperatura - Quanto maior a temperatura, menor a viscosidade d’água, portanto,


maior a permeabilidade, isto significa que a água mais facilmente escoará pelos
poros do solo. Por isso, os valores de “k” obtidos nos ensaios são geralmente
referidos à temperatura de 20°C.

A Tabela 01 a seguir apresenta valores típicos do coeficiente de permeabilidade


(médios) em função dos materiais (solos arenosos e argilosos). Consideram-se
solos permeáveis, ou que apresentam 10-7 drenagem livre, são aqueles que têm
permeabilidade superior a 10 m/s. Os demais são solos impermeáveis ou com
drenagem impedida.

Tabela 01 – Valores de permeabilidade para diferentes tipologias de solo.


Permeabilidade Tipo de solo K (cm/s)
Solos Permeáveis Alta Pedregulhos < 10 -3
Alta Areias 10 -3 a 10 -5
Baixa Siltes e argilas 10 -5 a 10 -7
Solos Muito baixa Argilas 10 – 7 a 10 – 9
Impermeáveis Baixíssima Argilas < 10 – 9
Fonte: Adaptado de UFSM (2008).
59

Figura 11– Resultados de ensaios de permeabilidade em solos residuais.


Fonte: UFSM (2008).

5.2.6 Determinação granulométrica do solo

Segundo Almeida (2005) o modo mais completo de se determinar o tamanho das


partículas e suas respectivas porcentagens de ocorrência de um solo ou material
semelhante é por meio do ensaio de laboratório denominado de “Granulometria
Conjunta” ou Tamisagem, em que a fração graúda do solo (areias e pedregulhos), é
passada através de um conjunto de peneiras, com aberturas quadradas de diâmetro
diferenciado. A partir deste ensaio, obtém - se a função distribuição de partículas do
solo e que é denominada distribuição granulométrica.

A distribuição granulométrica dos materiais granulares, areias e pedregulhos, serão


obtidos por meio do processo de peneiramento de uma amostra seca em estufa,
enquanto que, para siltes e argilas se utiliza à sedimentação dos sólidos no meio
líquido. Para solos, que tem partículas tanto na fração grossa (areia e pedregulho)
quanto na fração fina (silte e argila) se torna necessária a análise granulométrica
conjunta como no presente trabalho. Por tratar-se de amostra proveniente de área
60

de disposição de resíduos, fez-se necessária a análise quantitativa de argila


disponível e, por isso, optou-se pelo peneiramento a úmido.

No Brasil a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/NBR 6502/95) –


Terminologia - Rochas e Solos define como:

Pedregulho: entre 2,0 e 60,0 mm. Quando arredondados ou semi-arredondados,


são denominados cascalhos ou seixos. Divide-se quanto ao diâmetro em:
pedregulho fino – (2 a 6 mm), pedregulho médio (6 a 20 mm) e pedregulho grosso
(20 a 60 mm).

Areia: solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas
com diâmetros compreendidos entre 0,06 mm e 2,0 mm. As areias de acordo com o
diâmetro classificam-se em: areia fina (0,06 mm a 0,2 mm), areia média (0,2 mm a
0,6 mm) e areia grossa (0,6 mm a 2,0 mm).

Silte: solo que apresenta baixo ou nenhuma plasticidade, baixa resistência quando
seco ao ar. Suas propriedades dominantes são devidas à parte constituída pela
fração silte. É formado por partículas com diâmetros compreendidos entre 0,002 mm
e 0,06 mm.

Argila: solo de graduação fina constituída por partículas com dimensões menores
que 0,002 mm. Apresentam características marcantes de plasticidade; quando
suficientemente úmido, molda-se facilmente em diferentes formas, quando seco,
apresenta coesão suficiente para construir torrões dificilmente desagregáveis por
pressão dos dedos. Caracteriza-se pela sua plasticidade, textura e consistência em
seu estado e umidade naturais.

Na Figura abaixo estão representadas as classificações adotadas pela A.S.T.M


(American Society for Testing Materials), A.A.S.H.T.O. (American Association for
State Highway and Transportation Officials), ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) e M.I.T (Massachusetts Institute of Technology).
61

Figura 12 – Escalas granulométricas adotadas por diferentes institutos e associações (A.S.T.M.,


A.A.S.H.T.O, M.I.T. e ABNT).
Fonte: UFSM (2008).

5.2.7 Determinação da densidade do solo

O peso específico (γg) de uma partícula sólida é, por definição, o peso da substância
que a forma, por unidade do volume que ocupa no espaço. O peso específico da
partícula é determinado pela razão entre seu peso (seco) e seu volume.

Como em um solo podem ocorrer partículas de natureza variada, em geral há mais


interesse em determinar o peso específico médio das partículas sólidas que o
compõem. Além disso, a fração mais fina dos solos costuma ter natureza diversa da
de maior tamanho, já que é gerada mais por desintegração química (oxidação,
hidratação, carbonatação) que mecânica (ruptura e desgaste, causados por
temperatura, atrito, etc.). Por isso, as normas sempre se referem à determinação do
peso específico médio ou da densidade média das partículas menores que um
tamanho especificado. Todas as normas exigem que o valor da densidade seja
expresso com precisão de milésimos (três casas decimais) (ALMEIDA, 2004).
62

A densidade dos grãos depende principalmente dos seus constituintes


mineralógicos. Para os solos mais comuns, a densidade dos grãos varia de 2,650 a
2,900; valores menores em solos com elevados teores de matéria orgânica e
maiores nos que tem óxidos de ferro. A presença de minérios ou metais com
densidade muito elevada, como o ósmio (22,480) ou o ferro (7,880) pode aumentar
muito o valor de. Como exemplo de exceção, a vermiculita (solo rico em silicatos e
óxido de ferro) tem densidade na ordem de grandeza de 0,750 (ABNT/NBR 7182).

Ps (2)
g
Vs

Onde:

σ = densidade aparente da amostra (g/cm³)

Ps = Peso da amostra (g)

Vs = Volume da amostra (cm³)

5.2.8 Determinação da Porosidade da amostra

A porosidade é, por definição, a fração do volume de solo ocupado com água e ar,
ou mais especificamente, com a solução e a atmosfera do solo. O comportamento
do solo pode ser previsto pela qualificação e quantificação de sua porosidade. As
características mais importantes da porosidade são o tamanho, o arranjo e a
continuidade dos poros (FREITAS & BLANCANEUX, 1993).

A porosidade do solo compreende os espaços vazios entre os agregados, ligados


por pequenos vazios entre partículas dentro dos agregados. A distribuição por
classe de tamanho sugere a classificação da porosidade em duas classes distintas:
macro e microporos. Intervalos diferentes para estas duas classes têm sido
sugeridos tendo como base o diâmetro equivalente dos poros. São assim
considerados microporos, os poros com diâmetros de 0,2 a 30 microns, e
macroporos, os poros entre 50 e 300 microns (FREITAS & BLANCANEUX, 1993).
63

A porosidade tem influência no arrasto e na permeabilidade de solos. A


permeabilidade do solo é a propriedade do sistema poroso do solo que permite o
fluxo de líquidos. Normalmente, o tamanho dos poros e sua conectividade
determinam se o solo possui alta ou baixa permeabilidade. A água irá fluir facilmente
através de um solo de poros grandes com boa conectividade entre eles. Poros
menores com o mesmo grau de conectividade teria baixa permeabilidade, já que a
água fluiria através do solo mais lentamente. É possível termos permeabilidade zero
(ausência de fluxo) em um solo de alta porosidade caso os poros estejam isolados
(não conectados). Também é possível haver permeabilidade zero se os poros forem
muito pequenos, como no caso da argila (NURMI, 2009).

Tabela 02 – Valores selecionados de porosidade.

Fonte: Teixeira (2008).


64

6 PROCESSAMENTO DOS DEMAIS DADOS DE CAMPO

Durante as visitas de campo, foram gerados outros dados como levantamento


fotográfico, mapas e fotografias aéreas a partir das coordenadas geográficas. As
fotografias foram organizadas a partir da seqüência de caminhamento de campo de
forma a permitir uma visão mais diagnóstica da área. Os mapas e fotografias aéreas
foram elaborados somente para localização da área de estudo e encontram-se
dispostos na caracterização da mesma.

A entrevista realizada com o responsável pelo gerenciamento da central e com


funcionários encontra-se disposto pelo texto, uma vez que as informações serviram
de subsídio para diagnostico da área.

6.1 ENTREVISTAS

Foram realizadas diversas entrevistas com funcionários e gestores do lixão, além de


representantes da empresa gestora do mesmo. As informações obtidas foram
sobrepostas as constatações verificadas.

6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS E ELABORAÇÃO DO


DIAGNÓSTICO

A partir do levantamento, os dados foram reunidos e analisados e por meio de


discussão e proposição, foi elaborado um diagnóstico dos aspectos ambientais área
e ao final propostas sugestões para melhoria do local.
65

7 ANÁLISES LABORATORIAIS

7.1 DETERMINAÇÃO DE LABORATÓRIO

7.1.1 Determinação da Permeabilidade em laboratório

Por mais confiantes que sejam os resultados em laboratório, utilizam somente


pequenas quantidades de solo, optou-se então, por realizar ensaios de
permeabilidade in situ fornecendo valores médios de permeabilidade que levam em
conta variações locais no solo, uma vez que nos ensaios de campo mantém - se
melhor as propriedades do solo em seu estado natural. No entanto, requerem muito
tempo e mão de obra.

O teste realizado no local foi o Ensaio de infiltração. Para a confecção deste,


primeiro é feita uma abertura no solo, uma cava em formato elíptico com o auxilio de
um enxadão e uma escavadeira. A água é introduzida dentro do buraco que é
filtrada pelo fundo, deve-se manter o nível de água constante. Depois de ter atingido
um estado de equilíbrio, ou seja, que o consumo de água seja constante ao longo do
tempo, a condutividade hidráulica k é obtida utilizando a seguinte expressão,
calculada a partir da fórmula de Darcy adaptada por MARQUÉZ (2006):

Q
k (3)
5,5
.r.H

Onde:

Q - vazão de agua a nivel constante suministrada (cm³/s);


r - Raio interior da cava de ensaio (cm); e
h - carga hidraulica sobre o fundo da perfuração – profundidade da vala (cm)
66

Memorial de cálculo

1° - Calculo da vazão de água utilizada

Tempo decorrido para estabilização do regime de escoamento (t): 47 min e 29 seg =


2.837,4 s
Volume de água utilizado no preenchimento da cava (V): 23,54 litros ou 0,02354 m³

Logo, para o cálculo da vazão Q, tem-se:

V 0,02354
Q → Q = 8,296 x 10-6 m³ / s
2.837,4 (4)
t
ou
8,296 cm³ / s

2°- Carga hidráulica na linha de fundo da vala

Como fórmula para a carga hidráulica, tem –se H = Z1 + hw1 , visto que Z1 trata-se da
cota geométrica, e tendo em vista a profundidade inferior a 01 metro da cava,
adotar-se-á como carga hidráulica, somente a altura piezométrica hw1, ou seja, a
altura de água na cava (22 cm).

3 ° - Calculo da constante de permeabilidade do solo (k)

Q 8,296
k -3
5,5
.r.H 5,5 22 = 6,53 x 10 cm/s
.11.

A partir dos resultados obtidos em calculo e dos valores dispostos na Tabela 01,
temos que o solo analisado é composto por um material arenoso de alta
permeabilidade (10-3 a 10-5). Logo, esse solo possui uma alta capacidade drenante,
67

ou seja, uma vez da decomposição do lixo produzir-se-á chorume (liquido produzido


da decomposição da fração orgânica do lixo) e este terá facilidade em infiltrar pelo
solo e atingir, porventura, o lençol freático.

Deve-se considerar, porém, que a área utilizada para confecção deste ensaio de
campo, foi uma área na parte superior da central que não na frente de disposição de
resíduos (célula). Supõe-se que, devido ao fato do local servir para armazenagem
de maquinas pesadas, o solo ali teria características geotécnicas diferenciadas do
solo onde os resíduos estão dispostos. Neste caso, decorre de um possível erro
sistemático na escolha do local.

Como foi realizado somente 01 (um) ensaio de campo, não se pode calcular o erro
experimental. Aconselha-se então, que novos estudos sejam realizados no local
para verificação das características geotécnicas averiguadas.

7.1.2 Teste Granulométrico

Realizaram-se ensaios com dois diferentes tipos de amostras: Uma retirada da


frente de disposição da central e outra da área de baixada próxima ao local de
disposição. Para esse ensaio foram utilizados materiais a seguir.

Materiais:

- 06 (seis) Placas de Petri;

- 01 (uma) Espátula plástica;

- 01 (uma) Balança com precisão de 04 (quatro) casa decimais;

- 02 (duas) Provetas graduadas de 1000 mL;

- 01 (uma) Conjunto de peneiras granulométricas; e

- Saquinhos plásticos de identificação.


68

Antes de começar o experimento, tarou-se a balança com as placas de Petri na


balança de precisão a fim de auxiliar na pesagem da amostra posteriormente.
Começou-se o experimento com as amostras provenientes da frente de disposição.

Desenvolvendo o experimento, primeiro, realizou-se a homogeneização das


amostras, manualmente, em uma superfície sob a bancada e quarteou-se a mistura
com a ajuda de uma espátula plástica. Duas partes diametralmente opostas da
mistura foram alocadas em uma das placas de Petri disponíveis, e realizada a
pesagem destas na balança de precisão.

Na pesagem verificou-se o peso da amostra de 190,79 g que foi submetido a


humidificação para então, ser peneirada uma vez que, se requeria a quantificação
da fração argilosa da amostra.

A amostra foi alocada na primeira das quatro peneiras devidamente acopladas, e


submetida a inserção de água corrente até atingir o limite de transbordamento. A
peneira de pedregulho (2 mm ou 9 Mesh) foi desacoplada e desenformada em uma
das placas de Petri. A peneira de areia (212 µ ou 65 Mesh) foi submetida a mistura
a fim de que a água passasse pelos furos permanecendo somente o material
arenoso. Após alguns minutos, a água escoou e o material da peneira foi também
disposto em uma placa de Petri para posterior pesagem. A última peneira, a peneira
de Silte (53 µ ou 270 Mesh) demorou mais para escoar a água, mas também foi
alocada em uma placa de Petri posteriormente.

As amostras após serem dispostas nas placas, foram alocadas na estufa a 120 °C
durante 20 minutos para desidratação da amostra e influenciar no peso da mesma.
Após a secagem, as amostras foram pesadas e descontados os valores da tara das
placas, em gramas, seguindo a relação:

Massa = (Tara – Massa da amostra) (6)


69

Memorial de Cálculo

Amostra 01

- Pedregulho (peneira 1): 113,11g - 104,45 g = 8,6 g

- Areia (peneira 2): 187,78 g - 107,42 g = 80,36 g

- Silte (peneira 3): 124,28 g - 103,41g = 20,87 g

Peso Total: 109,89 g

Amostra 02

- Pedregulho (peneira 1): 111,90 g – 106,41g = 5,5 g

- Areia (peneira 2): 232,25 g – 185,68 g = 46,57 g

- Silte (peneira 3): 200,93 g – 187,40 = 13,53 g

Peso Total: 65,60 g

Ao final, para quantificação da fração de argila contida na amostra, recolheu-se o


material alocado no recipiente de fundo das peneiras, devido a lavagem das
amostras. O material foi disposto em duas provetas graduadas de 1000 mL,
respectivamente, e completadas com água ate atingir a capacidade das mesmas e
deixadas em repouso por 24 horas.

A quantidade de água adicionada as amostras para peneiramento, não foi


quantificada, pois não tem relevância no experimento, uma vez que serviu como
veiculo para sedimentação da matéria solida não influenciando no resultado final.

Após o período de descanso de 24 horas das amostras, o material sedimentado


continha cerca 15,3 g de argila. A água foi removida para secagem e pesagem das
amostras.
70

O mesmo procedimento foi realizado para outra amostra de solo de uma área mais
abaixo da frente de disposição, com a finalidade de comparação dos resultados
entre as duas amostras (solo da frente de disposição e da área de baixada próxima
á uma várzea).

Anteriormente a aferição da fração de areia medida, realizou-se a aferição empírica


da fração arenosa por meio do Teste de Molde.

Uma porção de amostra foi umedecida com água e por meio do tato com a fricção
da porção de solo entre os dedos, estimou-se empiricamente um percentil de areia
contido naquela amostra.

Em geral, as areias proporcionam maior rugosidade, abrasão ao tato além de ser


possível a sua visualização a olho nu, o que facilita a identificação desta, ou seja,
enquanto o silte apresenta sensação de sedosidade, a argila de plasticidade e
pegajosidade.

Por meio do teste concluiu-se que a amostra de aproximadamente 100 mL de solo


apresenta cerca de 50g de areia, 50 % da amostra.

OBSERVAÇÕES

Durante o peneiramento, foi observada grande quantidade de areia fina,


comprovado pelos cálculos realizados acima, o que indica a alta arenosidade do
material amostrado.

O quantitativo de areia, surpreendentemente, foi muito superior ao de silte e argila,


indicando um solo mais arenoso, com poros maiores e mais numerosos
conseqüentemente uma coesão menor do que de um solo silto-argiloso. Isso
significa uma capacidade de percolação de líquido maior através dos poros desse
solo e uma menor capacidade de compactação.

Comparando-se os resultados do teste manual e do teste pesado, em ambos tem-se


a observância de maior fração argilosa da amostra como descrito.
71

7.1.3 – Ensaio de laboratório – Teste Densimétrico

O método para determinação escolhido foi o método indireto no qual a amostra é


retirada do solo e pesada sem preocupação com a deformação desta. Para
realização do ensaio para determinar a densidade (peso especifico) do solo
estudado, foram utilizados os seguintes materiais:

- 02 (duas) provetas graduadas de 250 mL;

- 01 (uma) balança com precisão de 04 (quatro) casa decimais; e

- 01 (um) Bécker graduado de 200 mL.

Primeiro, realizou-se a pesagem de 04 (quatro) amostras secas na balança de


precisão das duas tipologias de solo:

- Amostra 01: Frente de disposição; e

- Amostra 02: Área de várzea.

Amostra 01

Memorial de Cálculo

Adicionou-se 120 cm³ de solo com peso de 236,01 g ao Becker (293,69 g). Para
cálculo da densidade, realizou-se a seguinte relação:

Ps
Vs

236,01
120,0= 2,3 g/cm³
72

Durante o manuseio das amostras percebeu-se que trata-se de um solo com arranjo
estrutural preservado, presença de torrões inteiros, coloração e textura típicas.
Entende-se que o mesmo sofreu pouca influência antrópica como solapamento /
adensamento o que se faz necessário por tratar-se de área de aterro.

Amostra 2

Adicionou-se 100 mL de solo com peso de 281,54 g ao Becker (293,69 g). Para
calculo da densidade, realizou-se a seguinte relação:

281,54
= 2,81 g/cm³
100,00

Esta amostra apresentou maior consistência do que a amostra anterior, a amostra


necessitou maior compressão para ser destorroada. Muito provavelmente devido a
ação de desflorestamento.

Segundo a ABNT/NBR 7182/86 - ensaio de compactação de solos. A densidade


para solos comuns varia entre 1 < σ < 2,9 g/cm³. Nota-se que os solos em análise
apresentam nível de densidade adequado para a finalidade a que se destina.

7.1.4 – Teste de porosidade

Para determinar a porosidade das amostras realizou-se um ensaio de bancada


aonde por meio da observação da diferença do nível de água adicionado a amostra -
ensaio de porosidade aparente segundo a NBR 12766/1992, calculou-se o
percentual de poros da mesma. Foram utilizados para esse ensaio:

MATERIAIS

- 01 (uma) Proveta graduada de 500 mL; e

- 01 (uma) Balança com precisão de 04 casas decimais.

Tarou-se a proveta na balança de precisão, 579,68 g, e adicionou-se 285,84 g de


solo da área de baixada. Conseguinte adicionou-se 210,0 mL de água e a reservou.
73

Após alguns minutos de descanso, adicionou-se mais 250 mL de água a mistura e


aguardou-se mais alguns minutos até que a água não fosse mais absorvida pela
amostra de solo (não houvesse mais formação de bolhas e não houvesse
rebaixamento do nível d’água).

Após o tempo de descanso, aferiu-se o volume final da proveta que apresentava


380,0 mL de solução sendo que o solo encontrava-se sedimentado no fundo. A partir
desses dados, calculou-se o percentual de poros da amostra como segue.

Memorial de Cálculo

1º Volume final da amostra:

Somou-se os volumes de água adicionados a amostra para determinar o volume


total adicionado:
V = 210,0 mL + 250,0 mL = 460,0 mL (volume total)

2° Calculo do volume de vazios da amostra:

Para quantificar o volume de vazios (poros) da amostra de solo que seriam


preenchidos com água, subtraiu-se o volume final após descanso do volume total da
solução da proveta:
V = 460,0 mL – 380,0 mL = 80,0 mL

3° Percentual de poros da amostra:

A partir do resultado anterior, dividiu-se o volume de vazios pelo volume final após
descanso. Obtendo-se assim, o percentual de poros contidos na amostra:

80,0
mL
V = 0,215 % ou 21,5 %
380,0
mL

Por meio desse ultimo cálculo obtemos a porosidade da amostra analisada, cerca de
21,5 %. Segundo TEIXEIRA et all (2008), este valor encontra-se dentro do
esperado para o tipo de solo analisado,
74

8 DIAGNÓSTICO E DISCUSSÃO

A “Central de resíduos” de Colatina é administrada pela autarquia SANEAR (O


Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental), desde Maio de
2000. Segundo o próprio órgão gestor, o local possuía todas as licenças
ambientais da SEAMA – Secretaria de Estado para Assuntos Ambientais, como a
LO SEAMA N.º 144/00.

A “Central de resíduos”, com cerca de 500.000 m², está localizada às margens


da Rodovia BR-259. Córrego Estrela, na cidade de Colatina (ES). O local é
limitado ao norte pelo bairro Ayrton Sena; a leste pelas irregularidades de relevo;
ao sul e a oeste pela Rodovia BR -259. Próximo a área passa, o córrego estrela
que faz parte da bacia do Rio Doce.

8.1 ESTRUTURAS LOCAIS

A estrutura da “central” é composta por:

Balança para pesagem dos caminhões na entrada e saída;


Célula de disposição dos resíduos;
Incinerador de resíduos de serviços de saúde – RSS;
Máquinas e equipamentos, sendo usado trator de esteira, pá carregadeira
retroescavadeira e caminhões basculantes;
Posto de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos; e
Centro de apoio (administração, manutenção, balança para pesagem dos
resíduos, sala de educação ambiental, refeitório, vestiários e sanitários).
75

8.2 CARACTERIZAÇÃO LOCAL

O aterro sanitário recebe em média, 100 toneladas de lixo/dia, que é pesado,


disposto na célula, compactado com trator de esteiras, e coberto com camadas de
terra. Tal procedimento é realizado de segunda - feira a sábado, uma vez que o
SANEAR não realizada coleta aos domingos.

A “central” de resíduos além de receber todos os resíduos sólidos produzidos


pela cidade nas suas mais diversas modalidades, recebe também resíduos de
outros 06 municípios (Pancas, Sooretama, São Roque do Canãa, Mantenópolis,
Marilândia e Itaguaçu).

O volume útil total aproximado do aterro é de 1.100.000 m3, assim, a vida útil
estimada é de 25 anos. Há um projeto em análise no órgão Estadual de meio
ambiente de adequação da área uma vez da sua inclusão no Programa ES sem
Lixão, que além da adequação dos sistemas de gerenciamento, ampliará a vida útil
do centro.

Figura 13 - Placa de identificação da área.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).
76

A Figura 13 ilustra a entrada da “Central de resíduos” do município de Colatina onde


foram realizados os testes e levantamentos. O local recebe resíduos da coleta
urbana de 06 municípios vizinhos e da cidade de Colatina onde está localizado.
Segundo representante da autarquia, a reforma dessa área ampliará a vida útil para
30 anos com a aquisição de uma área próxima para construção de nova célula de
disposição.

Figura 14 – Disposição de resíduos próximo ao portal de entrada da central.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Logo na entrada da central, é possível visualizar o descuido com a limpeza externa


da área. Observa-se a disposição inadequada de resíduos sólidos, seja
acidentalmente ou não, propiciando o aparecimento de urubus e roedores, animais
transmissores de doenças e indicadores de condições insalubres e da deficiência na
limpeza do local como demonstrado na foto acima. Além disso, há presença de
vegetação em avançado estágio de desenvolvimento, o que indica a falta de apara
da mesma que pode tornar-se esconderijo para animais e depósito de lixo. O estado
de conservação da estrada de acesso principal também pode ser analisado. A
cobertura asfáltica encontra-se danificada, devido a falta de manutenção, e sem
estruturação adequada (acostamento, sinalização, pintura, etc). A falta de
manutenção pode ocasionar danos a veículos e maquinário.
77

Figura 15 - Corte de estrada apresentando o perfil de solo comum na região.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Acima pode-se observar um dos taludes existentes na área de estudo. A maioria


encontra-se às margens das vias de acesso internas da central. Os taludes se
encontram desprovidos de cobertura vegetal evidenciando o perfil Latossolico
amarelo típico da região. Outro ponto que deve ser observado é, que devido a
ausência do manto vegetal, essas encostas ficam susceptíveis a ação do run off
(escoamento superficial em geral, quando de um evento chuvoso) e conseqüente
desestabilização e ação erosiva, além do impacto visual causado pela exposição do
perfil de solo. Logo abaixo, apresenta-se a via de acesso à célula única de
disposição do material sem cascalhamento. O tráfego de veículos gera suspensão
do material particulado o que gera desconforto para funcionários e moradores dos
arredores. Em épocas de chuva, o tráfego de pessoas e veículos fica prejudicado
devido a formação de lama.
78

Figura 16 - Estrada de acesso à frente de disposição, não pavimentada.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Ao fundo da Figura 16, é possível observar o local aonde foram depositados os


resíduos urbanos coletados durante o período de chuvas do ano passado que
devido ao encharcamento excessivo da célula, que é um fundo de vale, ou seja,
área de drenagem de água de chuva. Por não possuir estrutura e gerenciamento
adequado, não permitia a disposição e cobertura do material. Os resíduos
encontram-se no local até os dias de hoje, pois devido a falta de equipamentos, não
há como removê – los para o local correto.

Figura. 17 – Aspecto encaixado do vale onde o lixão está situado.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).
79

O terreno localiza-se no vale do Rio doce e, portanto, trata-se de solo profundo com
relevo variando entre vales e morros. A célula de disposição situa-se em um fundo
de vale enquanto as demais estruturas da central estão dispostas na parte superior,
crista, do morro. Na Figura 17 fica evidente o tipo de cobertura vegetal ao redor da
área: vales recobertos por pastagens baixas com arbustos e arvores frutíferas
espaçadas remetendo a uma incisiva degradação da vegetação natural de Mata
Atlântica. Em algumas encostas e topos de morro, há fragmentos de mata já
modificados pela ação antrópica. Outra evidencia é o perfil avermelhado do corte ao
centro da foto confirmando a descrição pedológica dada no inicio deste trabalho.

Abaixo se observa, o perfil construtivo da célula única de disposição dos resíduos.

Figura 18 – Vista parcial da frente de disposição de resíduos: detalhe para o corte em bancadas.
Fonte: Arquivo pessoal (2010).

O layout construtivo da área foi realizado sob a forma de bancadas conforme


preconizado na NBR 8419/1984 e observado na foto acima. Porém, as células são
preenchidas da encosta em direção a várzea, não seguindo uma seqüencia de
preenchimento dificultado também pelo fato de ser uma célula única para alocação
de todas a s tipologias de resíduos. Pelas informações de funcionários, a parte “mais
antiga”, aquela que tem recebido material há mais tempo, conta hoje com
aproximadamente 50 (cinqüenta) metros de profundidade.
80

Ainda é possível observar que a célula foi escavada um uma área de fundo de vale
bem íngreme, ou seja, a alta declividadedos taludes no entorno a célula apresentam
declividade, provavelmente, superior a 30%. A importância deste fator deve ser
observada visto a necessidade de preservação do solo, pois, além de ser um fator
restritivo para disposição de resíduos sólidos, limita o transporte do material até o
local.

Na figura 19, ao fundo, identifica-se uma mancha urbana localizada próxima ao


aterro.

Figura 19 - Residências no entorno da área do lixão.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

De acordo com a NBR 13896/97 – “Aterros de resíduos não perigosos - Critérios


para. Projeto, Implantação e Operação – procedimentos”, a distância mínima que o
aterro deve ter de núcleos populacionais (bairros, fazendas, cidades, etc) é de 500
metros uma vez que, a população pode não se mostrar interessada em possuir um
aterro próximo às residências pelos impactos negativos que essa atividade pode
trazer: maus odores, material particulado, atração de vetores, ruídos e vibrações,
além da poluição visual.

Em geral, os lixões são alocados próximos das regiões peri-urbanas onde se


localizam bairros de baixa renda o que propicia a invasão humana para catação de
matérias recicláveis e comida.
81

O local conta com ainda com um incinerador de resíduos de serviços de saúde –


RSS (Figura 20) que, segundo a autarquia responsável (SANEAR), era devidamente
licenciado (LO SEAMA N º 166/98) junto à SEAMA – Secretaria de Estado para
Assuntos do Meio Ambiente. Porém, segundo informações do IEMA - Instituto
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o mesmo não possui esta Licença
de Operação, funcionando irregularmente.

Figura 20 – Incinerador de resíduos do serviço de saúde (RSS).


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Na Figura 20 acima se observa o incinerador que é utilizado na central com


finalidade de queima de RSS, o qual encontra – se interditado pelo órgão ambiental
competente devida a obsolência do mesmo. Por não conter itens fundamentais para
o controle da poluição de sua atividade como, por exemplo, filtro na chaminé, o
mesmo foi autuado, e solicitada sua adequação.

Este incinerador é um modelo antigo composto ainda por 01 câmara queimadora


apenas, em regime estático. Os modelos atuais comportam de 02 (duas) a 04
(quatro) câmaras queimadoras (incineradores múltiplos) podendo ser de alimentação
em batelada ou contínua.

O mesmo era utilizado exclusivamente para queima de resíduos do serviço de saúde


(RSS) que hoje, com a inativação do equipamento, são co-dispostos na célula junto
82

aos demais resíduos, aumentando o risco de contaminação do solo, recursos


hídricos e dos próprios funcionários que trafegam pela célula.

Figura 21– Local de disposição de embalagens de agrotóxicos.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

No galpão acima, situado na parte superior da “central” próximo a balança, são


dispostas as embalagens de agrotóxicos recolhidas pelos produtores rurais e
estabelecimentos da redondeza que não tem para onde armazená-las até o
momento da destinação final. As embalagens ficam depositadas aqui ao abrigo das
intempéries climáticas, e periodicamente são encaminhadas para os fabricantes que
darão destinação adequada aos mesmos.

Não há prensagem e venda do material, diferentemente de uma central, trata-se


somente de um local de armazenagem temporária de embalagens vazias. O material
não recebe lavagem no local, elas já devem vir higienizadas pelos responsáveis.
São recolhidas tanto embalagens rígidas (que são lavadas) quanto as embalagens
maleáveis (caixas de papelão, sacolas laminadas, etc). Percebe-se que se trata de
uma estrutura nova, com areação adequada e cobertura de modo a evitar possíveis
reações combustivas dos resquícios de agrotóxicos.
83

Figura 22 – Detalhe das diferentes bancadas de disposição e perfis de solo.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Em vista frontal para a célula, é possível observar a estrutura de fundo da mesma:


percebe-se que os resíduos são depositados sem seguir um padrão de disposição, a
principio lembram bancadas, mas a medida que se afastam do fundo, os resíduos
começam a ser dispostos de forma aleatória e muitos não recebem a camada de
terra somente a compactação.

Na Figura 22, percebe-se que não há poços de monitoramento de água subterrânea


ou qualquer outra estrutura de drenagem pluvial e no meio da frente de disposição
situa-se um poste de eletrificação cuja base, encontra-se soterrada por resíduos.

Outro ponto importante é o escorregamento de terra do talude posterior. A camada


de terra recebida, por tratar-se de terreno muito íngreme, está escorregando para a
parte inferior. Quando de um evento chuvoso, esse material poderá solapar e
depositar-se na baixada posterior.
84

Figura 23 – Detalhe do muro gabião contornando o coletor de gases.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Uma das estruturas obrigatórias para um aterro sanitário adequado é o Sistema de


Drenagem de Gases e seus aspectos construtivos são normatizados. Esse sistema
visa O controle da geração e migração dos gases produzidos dentro da massa de
lixo a fim de evitar eventos explosivos e / ou de desestabilização geotécnica.

Como observado na Figura 23, a drenagem de gases é feita através de drenos


verticais espalhados pela célula de disposição, cerca de 10 drenos.
Estes drenos de gás são formados pela superposição de tubos perfurados de
concreto, revestidos de brita (pedra de mão) e tela metálica (tipo gabião).

Este gás, por sua vez, não é canalizado, queimado ou qualquer outra forma de
reaproveitamento, desperdiçando assim, uma alternativa energética e aumentando a
contaminação do ar, visto que o metano (principal componente do biogás) é 23
vezes mais poluente que o Dióxido de carbono (CO 2) que seria produzido ao se
queimar o biogás (SALOMON, K. R., 2007).
85

De acordo com informações verbais de funcionários durante a visita, que os drenos


tentam seguir o alinhamento de um sistema em “espinha de peixe”, mas não
encontram-se dispostos em algumas partes da célula onde há deposição de
material.

Ainda em relação à deposição de material no solo, temos que segundo funcionários,


os resíduos são descarregados na superfície do aterro e empurrados por um trator
de esteiras, formando camadas sobrepostas de 0,15 a 0,40 m de espessura,
inclinadas em taludes de 1 (V) : 3 (H) como pode ser observado na Figura 24, a
compactação é feita pelo peso do próprio trator, que opera de baixo para cima sobre
o talude, dando 3 a 5 passadas sobre o lixo.

Ao final da jornada de trabalho do dia, após concluída a compactação de todo o lixo,


é efetuada a cobertura dos resíduos com uma camada de terra de espessura média
de 0,15 m. As camadas têm três metros de altura, sendo que ao se terminar a
camada final de resíduos (superior), deverá ser espalhada sobre a mesma uma
camada final de terra, cuja espessura deverá ser de 0,40 m.

Figura 24 – Processo de aterramento parcial dos detritos.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).
86

Muitas bancadas de aterramento de resíduos encontram – se com a proporção de


lixo disposta na vertical muito superior à horizontal (Figura 25) assim como grande
parte ainda sem receber cobertura de terra devido a presença de somente 01
tratorista.

Figura 25 – Área de espalhamento do lixo.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Mas como pode ser observado na fotografia acima, as camadas íngremes de lixo
apresentam crescimento de vegetação em diversos pontos bem como partes
irregulares evidenciando desmoronamento de parte dos resíduos dispostos em
excesso.

A problemática da quantidade de lixo produzido, seu destino e possíveis


conseqüências ambientais, as pessoas que sobrevivem da cata do lixo e a utilização
contínua dos recursos naturais leva a pensar na possibilidade de novas alternativas
para a solução dos mesmos.
87

Figura 26 – Cobertura vegetal na crista das bancadas da área.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Na foto acima observa-se que a parte mais alta da encosta, exatamente a faixa que
separa a célula da parte superior da “central” , encontra-se provida de um cinturão
de vegetação que possui a função de barreira verde. Tal aspecto é positivo para a
conservação de solos na área.

Além disso, essa vegetação reduz a passagem de particulado, atenua o calor,


absorve ruídos e a Melhora a harmonia paisagística. Vale salientar que as espécies
utilizadas no plantio não foram selecionadas por serem nativas da região e sim por
apresentarem maior resistência e adaptabilidade às características da região.

Ainda se observa o crescimento de vegetação rasteira e arbustiva em meio a célula


de disposição de resíduos, evidenciando o descuido na manutenção da mesma.
88

Figura 27 – Visão do vale à jusante da área em estudo.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Na Figura anterior, observa-se a chegada de um caminhão basculante


descarregando os resíduos coletados na frente de disposição para compressão e
recobrimento. São cerca de 10 caminhões por dia que chegam à central.

Pode – se observar ainda, ao fundo da figura, o fundo do vale aonde está inserida a
“central”. A área a jusante simboliza a área de drenagem das encontas laterais da
célula, indicando que em épocas chuvosas há grande acumulo de água no fundo da
célula. Isso remete a implantação de um eficiente sistema de drenagem pluvial e de
chorume.

O sistema de drenagem de percolados da “central” é formada por drenos horizontais


constituídos por linhas de canaletas escavadas diretamente na camada de aterro
impermeabilizada, preenchidos com pedras britadas (brita 3 ou 4) e protegido com
manta geotextil.

Além disso, segundo os responsáveis, o local possui um sistema de drenagem de


águas pluviais constituído de canais para desvio das águas precipitadas fora da área
de operação do aterro, evitando que estas águas percolem através da massa de
lixo, durante a sua operação e após a conclusão e canais de drenagem das águas
precipitadas sobre o aterro.
89

Não foram observadas tais estruturas superficiais durante a etapa de campo. Já na


bancada de cota mais baixa da célula, observou-se o encharcamento do solo
próximo a encosta direita. Foi informado de que se tratava de água de chuva do dia
anterior que devido a grossa camada de lixo compactado não conseguiu infiltrar e
ficou acumulada na superfície sem local para escoar.

Vale ressaltar, ainda que, em vários pontos da célula foi observado empoçamento
de chorume sob o solo, em alguns casos o mesmo escorria livremente pelo solo
(Figura 28). Por se tratar de um líquido escuro contendo alta carga poluidora, alta
concentração de matéria orgânica, reduzida biodegradabilidade, presença de
metais pesados e de substâncias recalcitrantes possui elevado potencial poluidor do
ambiente e por isso deve receber tratamento adequado. Na “central” o liquido é
captado por uma bomba, a partir das canaletas escavadas diretamente na camada e
estas retornam a célula para infiltração, ou ao menos deveriam infiltrar.

Figura 28 – Vista frontal evidenciando o escoamento do chorume sobre a superfície do solo.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Possivelmente o dimensionamento inadequado da bomba coletora ou do tanque


armazenagem do liquido coletado, provocou o vazando pelo solo livremente
ocasionando ravinamento da área por onde o liquido escorre (Figura 29).
90

Figura 29 – Local de saída de chorume.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Figura 30 – Manta instalada na área sobre a qual ocorre saída de chorume.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Na lateral esquerda da célula, em uma rampa existente no local, foi detectada a


presença de um emaranhado de mantas que deveriam servir como
impermeabilização de base e que na verdade, recebiam agora, o chorume percolado
dos resíduos da bancada superior.
91

Essa parte por estar situada na lateral superior da célula de disposição e sabendo
que não há uma seqüência de disposição de resíduos, se distancia das canaletas
internas de drenagem de percolado e o mesmo busca outros caminhos para se
movimentar.

.
Outra constatação foi que as chuvas de verão causaram erosão em alguns pontos
da célula de disposição (Figura 31). A área não foi terraplenada, não recebeu
impermeabilização de base e trata-se de um fundo de vale com grande declividade,
condições propicias para os eventos erosivos.

Além disso o tipo de solo contribui para o carreamento das partículas pela água. Nos
testes realizados em laboratório, constatou-se a grande quantidade de areia desse
solo, sendo assim classificado como solo de alta permeabilidade.

Figura 31– Ravinamento profundo em estrada de acesso.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).
92

Na área de estudo, foram encontradas nascentes e zonas brejosas (afloramento do


freático) a jusante das frentes de disposição. Próximo à área alagada passa o
Córrego Estrela, principal córrego da região que junto ao Córrego do Ouro formam o
Córrego São Silvano principal afluente urbano da região.

Figura 32 – Nascente em direção a área brejosa logo abaixo.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

A questão das Áreas de Preservação Permanente (APPs) devem ser observadas na


área. Notou-se que na área encontram-se nascentes e um córrego (Estrela) à
jusante da frente de disposição de resíduos, De acordo com a NBR 8419/92 um dos
requisitos que devem observados na escolha da área é o distanciamento dessas
áreas visto que são protegidas por lei. Nesse caso em especifico trata-se de uma
zona de recarga e de afluente hídrico com distância entre as margens inferior a 30
metros.

Outro fator de grande relevância e problemática em depósitos de resíduos é a


questão social: a invasão de pessoas que reviram o lixo em busca de materiais
passíveis de reciclagem para venda e aqueles que dependem do lixo para tirar sua
93

subsistência. As pessoas dividem espaço com urubus e tratores na esperança de


coletar a maior quantidade possível de materiais para venda e até mesmo de
alimentos para subsistência de sua família.

Figura 33 – Presença de catadores e urubus na área.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Em sua maioria são jovens e adultos do bairro vizinho, mas é possível observar
crianças que se posicionam nas bordas para assegurar o material recolhido pela
família. Muitos deles apelam para essa alternativa por não ter outra fonte de renda.

Sendo importante ressaltar que o município não oferece recursos educacionais e


sociais adequados (escolas, hospitais, moradia, transporte, entre outros), para
melhora da qualidade de vida desses indivíduos, e incentivo a capacitação dos
mesmos, que os possibilite um trabalho formal e digno, e inserindo-os no meio
social.
94

9 CONCLUSÃO

Considerando a situação em que se encontram atualmente 102 áreas de disposição


inadequadas de resíduos (lixões) no Estado do Espírito Santo, e as constatações
feitas por meio de levantamentos in situ e ensaios de laboratório, a “Central de
Residuos” de co-disposição de resíduos domiciliares e do serviço de saúde do
município de Colatina encontra-se em condições comprometedoras, sendo operado
inadequadamente.

O projeto geométrico do aterro deve ser concebido de modo a maximizar o volume a


ser disposto na área disponível e atender aos requisitos mínimos exigidos para a
estabilidade de sua fundação e dos seus taludes, garantindo, dessa forma, a
segurança do empreendimento

Os cuidados quanto à contaminação da água e do solo estão ineficazes devendo ser


melhor observados, bem como o correto gerenciamento dos resíduos sólidos
dispostos na célula. Se comparado aos demais lixões e “centrais” de resíduos
espalhados pelo Estado, há uma certa tentativa de estruturação deste, que no inicio
inseriu infra-estrutura e maquinários adequados. Contudo, não foi implementada o
fator principal: tratamento da célula de disposição. Além disso, no decorrer do
tempo, a administração permitiu a obsolência dos equipamentos e o descaso com a
área, não atendendo às exigências legais, dos órgãos ambientais, como pode ser
constatado pelo levantamento realizado no presente trabalho.

Essa postura de melhoria ambiental contínua deveria ser tomada e assumida pelas
prefeituras, principalmente das grandes e médias cidades do Estado, que são as
maiores contribuintes pelos resíduos dispostos nos aterros e lixões, isso porque
muitas também não possuem tratamento de esgotos e segregação de resíduos
sólidos adequados.

Ressaltasse então, que o problema do lixo vai além da questão ambiental, e se faz
fundamental que se pense em ações na área social, uma vez que as famílias que
dependem do lixo para tirar sua subsistência necessitam de intervenções do poder
público para que possam encontrar outras formas de sobrevivência que não o
trabalho no lixo, potencializando-as em suas capacidades e valorizando-as enquanto
seres sociais.
95

Os testes de campo e laboratório indicam um tipo de solo que em sua condição


natural apresenta porosidade e permeabilidade pouco adequada ao uso da área
como aterro.

Contudo os solos têm boa compactação se sujeitos a terraplanagem adequada, o


que não foi realizado. As irregularidades do terreno facilitam o rompimento de
mantas e percolação do chorume na área.

A compactação e adequada disposição dos resíduos evitariam processos de


infiltração no solo. As estruturas planejadas para a área e mesmo as instaladas,
caracterizam falta de manutenção e abandono pelo poder público.

A localização da área em um vale pode acarretar contaminação de córregos,


contudo os solos em maior profundidade têm permeabilidade que dificulta a
contaminação do freático.

Não basta somente uma adequação da área, mas uma estruturação da sociedade
do entorno, pois uma área desestruturada não oferece suporte para mudanças de
qualidade. Ao final deste trabalho, buscou-se ainda, sugerir algumas melhorias que
poderiam ser implementadas para adequação da área de acordo com as exigências
atuais.
96

10 SUGESTÕES PARA MELHORIAS DA ÁREA

A partir das informações obtidas mediante entrevistas, levantamentos de campo e


ensaios de laboratório, e a observância de alguns aspectos in situ, originaram-se
algumas sugestões de melhorias do sistema de gerenciamento, mitigação e/ou
redução dos impactos ambientais e sociais causados que serão descritas na Tabela
3 a seguir:

Tabela 3 – Sugestões de melhorias dos impactos listados na área.


IMPACTOS MEDIDAS DE ADEQUAÇÃO
Estruturas de contenção (canaletas pluviais,
01 Drenagem pluvial escadas e saltos hidráulicos, caixas de
contenção, etc.).
Estruturas de drenagem, revegetação de
02 Erosão
taludes e impermeabilização.
03 Cobertura vegetal suprimida Reflorestamento / revegetação.

04 Chorume Drenagem e sistema de tratamento.


Drenagem adequada, queima ou sistema
05 Gases alternativo de tratamento além de adequação do
incinerador.

Distanciamento adequado e reflorestamento


06 Área de Preservação Permanente – APPs
das margens.

Adequação da célula (mantas, compactação,


07 Disposição dos resíduos coberturas adequadas, drenagens),
segregação.
08 Segurança de Operários Uso de EPI’s e programas de conscientização.
Cercamento da área, organização de
09 Catadores
cooperativa, suporte social.
10 Populações próximas Medidas compensatórias e de assistência

11 Fase de encerramento Projeto de uso futuro da área e monitoramento

Fonte : Arquivo pessoal (2010).


97

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107

ANEXOS
108

A titulo de ilustração, este trabalho apresenta imagens geradas durante a confecção


dos ensaios de laboratório, explicativas das atividades realizadas. As fotos a seguir
ilustram o andamento do ensaio granulométrico.

Figura 01 – Conjunto de peneiras utilizadas na tamisagem.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Para realização do teste de granulometria em amostras de solo, utiliza-se esse


conjunto de peneiras, como ilustrado acima, onde cada uma das 03 partes
superiores possuem diâmetro de malha diferenciado para retenção de partículas de
diferentes diâmetros (pedregulho, areia e silte). A parte inferior trata-se de um
recipiente aonde a argila resultante do processo de peneiramento se deposita.
109

Figura 02 – Placas de Petri utilizadas para pesagem das amostras.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

As amostras para serem pesadas antes do teste e depois para serem secas e
pesadas novamente, foram dispostas em placas de vidro devido ao melhor
acondicionamento e manuseio.

Figura 04 – Aferição do peso de amostra em balança de precisão.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Amostra sendo pesada para quantificação da amostra total a ser peneirada.


110

Figura 05 – Amostras de solo embaladas e identificadas para armazenagem.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

As amostras antes de todos os experimentos e o restante não utilizado foi


acondicionado em sacolas plásticas identificadas para armazenagem.

Figura 06 – Disposição das amostras na peneira.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Disposição da amostra de solo pesada nas peneiras para inicio do teste.


111

Figura 07 – Adição de água na amostra para peneiramento a úmido.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Como as amostras foram manuseadas a úmido, utilizou-se água corrente para


confecção do teste como mostrado acima.

Figura 08 – Fração arenosa acumulada na malha após peneiramento.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Após o processo de peneiramento a úmido, as amostras ficam retidas na malha das


peneiras. Acima, pode ser observada a fração arenosa acumulada na peneira de
malha 212µ.
112

Figura 09 – Camada de silte acumulada na malha após peneiramento.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Acima, fração de silte acumulada na peneira de malha 53 µ após peneiramento a


úmido.

Figura 10 – Quarteamento da amostra de solo para homogeneização.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Amostra de solo sendo homogeneizada e quarteada para realização do ensaio. No


experimento a massa amostral deve estar preferencialmente, distribuída de forma
igualitária.
113

Figura 11 – Alocação das partes diagonalmente opostas nas peneiras.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Após quarteamento as amostras foram recolhidas de maneira opostas para que


houvesse certeza da mistura do material e dispostas na peneiras.

Figura 12 – Vista frontal da disposição do material nas peneiras.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Visão em planta do material pesado sendo disposto nas peneiras após


quarteamento.
114

Figura 13 – Disposição do material peneirado nas placas para aferição do peso.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Disposição do material peneirado nas placas de petri para secagem em estufa e


conseqüente pesagem da amostra final.

Outro ensaio realizado, o teste de densimetria, com as amostras de solo foi para
averiguar a densidade das amostras. As fotos a seguir ilustram o andamento do
ensaio granulométrico.

Figura 14 – Adição de água em amostra durante confecção do teste de densidade.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).
115

A amostra a principio foi pesada e logo após a adicionada água e pesada


novamente para continuação do teste.

Figura 15 – Medição de agregado confeccionado em Teste de Molde manual.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).

Durante os testes de peneiramento, retirou-se um pedaço de amostra para


realização do teste granulométrico manual, também chamado de teste de molde
como alternativa para a comparação dos resultados.

Figura 16 – Indício da arenosidade do solo – alta presença de grãos de areia.


Fonte: Arquivo pessoal (2010).
116

A figura acima demonstra a característica física da amostra úmida: a alta


arenosidade desta que, mais tarde, pode ser confirmada pelos cálculos
granulométricos.

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