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PARECERES

HABEAS CORPUS 1

HABEAS CORPUS

PARECERES CRIMINAIS

VOLUME II

1994

SUMÁRIO

1.
LIMINAR EM HABEAS
CORPUS. NÃO CABIMENTO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO.
INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA A MEDIDA. IMPOSSIBLILIDADE DE
APLICAR ANALOGIA COM O PROCESSAMENTO
DO MANDADO DE SEGURANÇA.INTELIGÊNGIA DO ARTIGO 663 DO CÓDIGO
DE PROCESSO PENAL. PRISÃO PREVENTIVA. DECRETO DEVIDAMENTE
FUNDAMENTADO. NECESSIDADE DA CUSTÓDIA.

2.
DENÚNCIA. INÉPCIA.
Necessidade da descrição do fato delituoso com todas as suas características, de molde
que o réu possa preparar a sua defesa.

3. RECURSO EM LIBERDADE. REQUISITOS.


INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 494 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.

4 HABEAS CORPUS PREVENTIVO..


PRETENDIDO TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL. O trancamento de
inquérito policial deve ficar restrito a casos excepcionais, quando positivado o abuso ou
má fé na deflagração da peça informativa. De regra, a existência de inquérito policial não
se constitui em constrangimento sanável pela via do remédio
heróico.

5 ALEGATIVA DE EXCESSO DE PRAZO..


HABEAS CORPUS. NÃO ACOLHIMENTO. FEITO NA FASE DO ARTIGO 499 DO
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.

6 PRISÃO PREVENTIVA..
CRIME DE ROUBO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE AGENTES E
EMPREGO DE ARMAS. PACIENTE QUE SE EVADIU LOGO APÓS A PRÁTICA DO
FATO DELITUOSO, SOMENTE SE APRESENTANDO
À POLÍCIA APÓS TER SIDO RECONHECIDA A SUA PARTICIPAÇÃO.
ADITAMENTO À DENÚNCIA.

7 HABEAS CORPUS. CRIME DE ROUBO


COM AS CAUSAS ESPECIAIS DE AUMENTO DE PENA DO EMPREGO DE
ARMAS E CONCURSO DE AGENTES, EM CONCURSO MATERIAL COM FURTO
QUALIFICADO. Prisão preventiva devidamente
fundamentada nos seus três requisitos. Processo na fase do art. 499 do CPP.

8 TRÁFICO DE TÓXICO.
INÉPCIA DA DENÚNCIA POR FALTA DE DESCRIÇÃO DO FATO DELITUOSO.
PREJUíZO À DEFESA. HABEAS CORPUS QUE DEVE SER CONCEDIDO PARA
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL, SEM
PREJUÍZO DA RENOVAÇÃO DA DENÚNCIA, OBEDECIDAS AS
FORMALIDADES LEGAIS.

9 CRIME DE TRÁFICO DE TÓXICO.


PEDIDO DE LIMINAR EM HABEAS CORPUS. NÃO CABIMENTO EM SEGUNDO
GRAU DE JURISDIÇÃO. PRISÃO PREVENTIVA. A SUA DECRETAçãO INDEPENDE DO
JUÍZO DE COMPETÊNCIA PARA
A AÇÃO PENAL.

10 INQUÉRITO POLICIAL. PRETENDIDO TRANCAMENTO.


INVIABILIDADE. Apenas existe constrangimento ilegal na instrução provisória
promovida através de inquérito policial, quando a peça informativa houver sido
deflagrada sem qualquer fundamento investigatório, apenas para satisfazer interesse
pessoal subalterno.

11 LIMINAR EM PEDIDO DE HABEAS CORPUS.


NÃO CABIMENTO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. A prisão preventiva
decretada pelo juiz a quo somente pode ser desconstituída em segundo grau por decisão de
colegiado. Inteligência do artigo 663, do Código de Processo Penal. QUADRILHA DE
LADRÕES DE AUTOMÓVEIS. NECESSIDADE DA PREVENTIVA DE SEUS
INTEGRANTES.
Procrastinação do andamento da ação penal motivada pelo paciente. Ordem que deve ser
indeferida.

12 PRISÃO PREVENTIVA.
NECESSIDADE. EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA
OCASIONADO PELO PRÓPRIO PACIENTE.

13
CRIME DE LESÕES CORPORAIS TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
INVIABILIDADE. Se o Ministério Público exclui da exordial pessoas mencionadas ou
indiciadas em inquérito
policial, ocorre pedido implícito de arquivamento, que uma vez aceito pelo juiz ao
prolatar despacho de recebimento da denúncia, torna-se insuscetível
de recurso pela defesa.

14 TRÁFICO DE ENTORPECENTES.
PACIENTE ENCONTRADO COM TRêS QUILOGAMOS DE MACONHA EM SEU
PODER PARA FINS DE TRÁFICO. Emborra seja viável o exame da prova em sede de habeas
corpus toda
vez que se estiver diante de dúvidas fundadas sobre a tipificação provisória atribuída ao
delito na exordial, a espécie não enseja este exame.
15 EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA.
Se o feito já recebeu alegações finais das partes, não há falar em excesso de prazo para a
instrução criminal.

16 HABEAS CORPUS. CASA DE PROSTITUIÇÃO.


TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR FALTA DE JUSTA CAUSA. FIANÇA.
RESTITUIÇÃO

17 CRIME DE ROUBO QUALIFICADO. EXCESSO DE PRAZO


NA FORMAÇÃO DA CULPA. Considerado sanado o constrangimento decorrente de
eventual tramitação do processo.

18 PRISÃO PREVENTIVA.
A CIRCUNSTÂNCIA DE SER PRIMÁRIO O RÉU, NÃO LHE ASSEGURA O
DIREITO DE RESPONDER O FEITO EM LIBERDADE, SE PRESENTES OS REQUISITOS
DA PRISÃO PREVENTIVA.

19 SURSIS. SUSPENSÃO.
ORDEM DE HABEAS CORPUS QUE DEVE SER DEFERIDA. É ilegal a decisão que
suspende o benefício do sursis sem estarem presentes as requisitos do artigo 81 e seu
parágrafo primeiro.

20 CRIME DE TRÁFICO DE TÓXICOS.


ALEGADO EXCESSO DE PRAZO PARA A FORMAÇÃO DA CULPA. Tratando-se de
crime interestadual, com testemunhas a serem oitivadas em outras unidades da federação,
devem ser levadas em consideração as normais dificuldades para o cumprimento dos
prazos.

21 REGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA.


OBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NO ARTIGO 118, PAR. 2. DA LEI 7,210/84.
INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO A SER SANEADO PELA VIA DO HABEAS
CORPUS.

22 INEXISTE CONSTRANGIMENTO ILEGAL


A SER SANADO PELA VIA DO HABEAS CORPUS QUANDO OS PACIENTES
FORAM CONDENADOS, EM DECISÕES JÁ TRANSITADAS EM JULGADO, QUE NÃO
ENSEJARAM O RECURSO EM LIBERDADE,
EM FACE DE SEUS PÉSSIMOS ANTECEDENTES (PARTICIPAÇÃO EM ROUBOS
E HOMICÍDIO.

23 LIBERDADE PROVISÓRIA.
TRATA- SE DE DIREITO SUBJETIVO DO RÉU, QUE SOMENTE PODERÁ SER
NEGADO SE PRESENTES NOS AUTOS MOTIVOS QUE AUTORIZEM A DECRETAÇÃO
DA PRISÃO PREVENTIVA.

24 PRISÃO PREVENTIVA
Decretação que se arrima unicamente em requerimento do Delegado de Polícia, sem
nenhum amparo no caderno indiciário. Ordem de habeas corpus a ser deferida.

25 HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE TÓXICO.


DEMORA NA INSTRUÇÃO DO FEITO. Tendo a tramitação do feito se alongado em
virtude da argüição de incompetência de juízo pela defesa do paciente, não é de
ser concedida a ordem pelo acréscimo deste prazo.

26 HABEAS CORPUS. 26 CRIME MILITAR.


ARTIGOS 163 E 202 DO CÓDIGO PENAL MILITAR. DECRETAÇÃO DE PRISÃO
PREVENTIVA. POSSIBILIDADE.
000000-habeas1

27 HABEAS CORPUS.TRÁFICO DE TÓXICOS


EM CONCURSO MATERIAL COM CONTRAVENÇÃO PENAL. TESTEMUNHAS
DE DEFESA OUVIDAS POR PRECATÓRIA. EXAME DE SANIDADE MENTAL.

28. DENÚNCIA. INÉPCIA.


Ausência de descrição da ação delituosa que teria sido praticada pelo indiciado. Habeas
corpus a ser deferido para trancar a ação penal.

EMENTAS

DE

ACÓRDÃOS

1.
HABEAS CORPUS.
NECESSIDADE DA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA PREVENTIVA
DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. ORDEM DENEGADA.(D.J.S.C. nº 8.814, de 25.8.93,
pág.10).

2. HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. DENÚNCIA INEPTA.


ORDEM CONCEDIDA. Se a denúncia não descreve os fatos delituosos nem indica qual a
participação
do paciente, é inepta, pois que não oferece condições do exercício da defesa. Ordem
concedida para trancar a ação penal, sem prejuízo da deflagração de
outra, obedecidos os requisitos legais. (DJSC n. 8.816, 27.8.93, pág. 7)

3. Habeas corpus. Excesso de prazo na conclusão da instrução. Inocorrência. Atraso


ocorrido em virtude da greve dos funcionários públicos e necessidade
de submeter-se o paciente a exame de sanidade mental. Ordem denegada. ( DJSC 8.800,
de 5.8.93, pág. 6)

4. Habeas corpus visando o trancamento de inquérito policial e de futura ação


penal.Impossibilidade. Ordem denegada. "O inquérito policial é mera peça informativa
do processo, não se constituindo em constrangimento ilegal ao cidadão, pois é neste
procedimento administrativo que se averiguarão os fatos noticiados
como delituosos, embasando e colhendo elementos para a deflagração, se for o caso, da
competente ação penal, sendo inviável o habeas corpus para pretender
trancá-lo, na tentativa de declarar a inexistência de crime antes da conclusão das
investigações""[in JC 57/285]. (DJSC n.8.800, de 5.8.93, pág. 6)
5. Habeas corpus- Alegado excesso de prazo -Não acolhimento. Não se pode falar em
excesso de prazo, quando embora complexa, a instrução do processo está
encerrada, e ocorrentes, no caso, as circunstâncias previstas no artigo 403 do CPP. Ordem
denegada. (DJSC, n. 8.800, de 5.8.93, pág.6)

6. Habeas corpus - Alegado excesso de prazo - Pretensão de responder solto a processo,


porque primário e de bons antecedentes. Não se pode falar em excesso
de prazo, se complexo procedimento criminal tem sua instrução regularizada após duplo
aditamento à denúncia e reintegratório dos réus. A simples circunstância
de ser primário e de bons antecedentes, quando ocorrente, não induz à obrigatoriedade de
o paciente responder o processo em liberdade, quando as investigações
o comprometem sobremaneira. Ordem denegada. ( DJSC, n. 8.800, de 5.8.93, pág. 6)

7. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. PRESENÇA DOS REQUISITOS


NECESSÁRIOS À CUSTÓDIA. ORDEM DENEGADA. Estando presentes os requisitos que
autorizam a prisão
preventiva, visto que o decreto encontra apoio no art. 312, do CPP, notadamente por não
ter o paciente vinculação ao distrito da culpa e apresentar comportamento
voltado para a prática delituosa, é que se justifica a sua segregação.(DJSC, n. 8.800, de
5.8.93, pág. 6)

8 Habeas corpus. Pedido visando o trancamento da ação penal por inépcia da denúncia.
Exordial acusatória que não descreve devidamente a conduta do paciente
no fato tido como delituoso. Inépcia manifesta. Constrangimento ilegal caracterizado.
Ordem concedida. ( DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5)

9. Habeas corpus. Magistrado apontado como autoridade coatora que declina da


competência para o caso em favor da JUstiça Federal. Não conhecimento. Remessa
para o Tribunal Regional Federal.(DJSC n. 8.849, de 18.10.93, pág. 11)

10.Habeas corpus - Pretendido trancamento de inquérito policial - Inviabilidade -


Precedentes jurisprudenciais - Ordem denegada. Não se constitui em vexame
(constrangimento ilegal) o fato da autoridade policial instaurar inquérito para apuração de
crime de ação pública. Inviável, via de habeas corpus, o trancamento
de inquérito policial, peça meramente investigatória, antes de apurados os fatos delituosos
que pesam contra o agente.(DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág.
5)

11. Habeas corpus - Alegação de constrangimento ilegal- Não acolhimento. Ordem


denegada.

Não pode falar em excesso de prazo paciente que se ausenta do distrito da culpa, tão logo
decretada a preventiva. Demora que se atribui exclusivamente à
sua ausência, procrastinando o andamento regular da ação penal.(DJSC n.8.800, de
5.8.93, págs. 6/7)

12.HABEAS CORPUS. PISÃO PREVENTIVA. NECESSIDADE. EXCESSO DE


PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA INEXISTENTE. DEMORA OCASIONADA PELO
PRÓPRIO PACIENTE. ORDEM DENEGADA.
BONS ANTECEDENTES E RESIDÊNCIA FIXA, MAS FORA DO DISTRITO DA
CULPA. A prisão preventiva do paceinte e seus comparsas, devido à grande repercussão do
delito
(furto de aeronave) é medida que se tornou necessária, cujos pressupostos estão presentes
na lei processual. O excesso de prazo na formação da culpa, além
de superado, pelo normal andamento do feito, foi ocasionado pelo prório paciente, com
suas intervenções indevidas. O fato de ter bons antecedentes e residência
fixa não são óbices à preventiva, mormente quando o paciente residem em comarca
distante, no Estado do Mato Grosso, cujas dimensões territoriais dificultariam
a imediata localização do paciente. Ordem denegada. (DJSC n. 8.816, de 27.8.93, pág. 7).

13. Habeas corpus - Pretendido trancamento da ação penal - Inviabilidade. Descabe em


sede de habeas corpus a análise aprofundada da prova, especialmente
quando só investigatória, para efeitos de trancamento da ação penal, sob pena de decretar-
se a absolvição em o devido processamento, e inobservância do
direito de defesa. Ao Ministério Público, titular da persecutio criminis, cabe a exclusão de
pessoas mencionadas no inquérito, a quem ele reputar em estado
de legítima defesa. O recebimento da exordia, nestas condições, constitui um pedido
implícito de arquivamento. Ordem denegada.

14 Habeas corpus- Paciente denunciado por tráfico de drogas - Pretendida concessão de


liberdade provisória. Não cabe, a teor da vigente Lei 8.072/90, a
concessão de benefícios a agente que responde procedimento criminal por tráfico de
drogas. Por outro lado, a circunstância do réu ser primário, de eventuais
bons antecedentes, não obriga a que responda a processo-crime em liberdade, sob pena da
condescendência levar à impunidade. Ordem denegada. (DJSC n. 8.806,
de 13.8.93, pág. 5)

15 HABEAS CORPUS - EXCESSO DE PARZO NA FORMAÇÃO DA CULPA


INOCORRENTE - PROCESSO JÁ NA PENDÊNCIA DE JULGAMENTO - INTELIGÊNCIA E
APLICAÇÃO DA SÚMULA 52 DO
STJ.(DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5)

16 " Habeas corpus - Falta de justa causa para a ação penal - Inquérito policial que não
demonstra, sequer em tese, a ocorrência de prática delitiva. Ordem
concedida."

17. Constrangimento ilegal - Excesso de prazo na formação da culpa - Possível coação já


superada. Ordem denegada. Em tema de excesso de prazo, considera-se
sanado o constrangimento ilegal imposto ao paciente quando a instrução do processo
retorna a sua marcha normal ou quando se encontra praticamente concluída.
(DJSC n. 8.800, de 5.8.93, pág. 6)

18. Habeas corpus - Alegado constrangimento ilegal - Não reconhecimento. Não pode
alegar constrangimento ilegal, paciente que se evade do distrito da culpa,
sendo preso um ano depois, por força de cumprimento de mandado de prisão. A
circunstância de ser primário, e de bons antecedentes, quando ocorrentes, não
obriga a que o réu responda a processo-crime em liberdade, cuja subjetividade fica ao
arbítrio do Magistrado, que próximo dos fatos, melhor conhece as
circunstâncias do delito e de seu autor. Ordem denegada. (DJSC n. 8.800, de 5.8.93, pábg.
6)
20 Habeas corpus. Tráfico de entorpecentes. Motivos para a segregação provisória ainda
presentes, independentemente dos requisitos de primariedade, bons
antecedentes, emprego e residência fixas, elementos que por si dó, em se tratando de
delitos inaficançáveis, não ensejam a concessão de alvará de soltura.
Excesso de prazo para a formação da culpa. Demora para a conclusão do feito atribuída à
expedição de precatória inquiritória e postergação, por parte das
defesas, na entrega das prévias.(DJSC n. 5.8.93, pág. 7)

21. Habeas Corpus. - Regressão de regime de cumprimento de pena - Apenado que não
cumpriu as condições que lhe foram impostas - Decisão afeta ao Juízo das
Execuções Penais. ( DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 6)

22. Habeas Corpus - Furto qualificado - Exame aprofundado da prova - Inadmissibilidade


- Sentença condenatória transitada em julgado - Inviabilidade da
via escolhida. (DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 6)

23. HABEAS CORPUS - PRISÃO EM FLAGRANTE - TENTATIVA DE


ESTELIONATO - PACIENTE PRIMÁRIO, SEM REGISTRO DE ANTECEDENTES -
NEGATIVA DE LIBERDADE PROVISÓRIA
INVOCANDO-SE RAZÕES QUE AUTORIZARIAM A DECRETRAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA - INOCORRÊNCIA, NO CASO ORDEM CONCEDIDA.(DJSC, n. 8.826, de
27.8.93, pág.7).

24. "HABEAS CORPUS. ORDEM IMPETRADA CONTRA DECRETO DE PRISÃO


PREVENTIVA NÃO FUNDAMENTADO. A PRISÃO PREVENTIVA É MEDIDA
EXCEPCIONAL E SÓ PODE SUBSISTIR QUANDO
SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADA. ORDEM CONCEDIDA."
25. "Habeas corpus. Excesso de prazo na formação da culpa. Ordem denegada. Se o
paciente se encontra preso por mais tempo do que a lei determina por culpa
única e exclusiva da defesa, não cabe à mesma pretender invocar a demora que tenha dado
causa."

26 " Habeas corpus. Policial Militar. Prisão preventiva. Alegativa da desnecessidade da


medida tardamente imposta. Má conduta disciplinar e insubordinação.
Necessidade da custódia face aos princípios de hierarquia e disciplina militares.
Denegação da ordem."
27. "HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE ATRASO NA INSTRUÇÃO
PROCESSUAL. SITUAÇÃO DECORRENTE DAS PRÓPRIAS CONDIÇÕES DO PROCESSO
QUE OBRIGARAM A EXPEDIÇÃO DE DIVERSAS
CARTAS PRECATÓRIAS INQUIRITÓRIAS DE TESTEMUNHAS ARROLADAS
INCLUSIVE PELA DEFESA E EFETIVAÇÃO DE EXAME DE DEPENDÊNCIA
TOXICOLÓGICA NO PACIENTE. INSTRUÇÃO
CONTUDO CONCLUÍDA, NO AGUARDO DE RAZÕES FINAIS PARA QUE
SENTENCIADO. DIFICULDADES SUPERADAS. MARCHA PROCESSUAL
NORMALIZADA. ORDEM DENEGADA." 28 "HABEAS
CORPUS - Lesões corporais - Pretendido trancamento da ação penal sob alegação de
inépcia da denúncia que não descreveu os fatos imputados ao paciente -
Pretensão procedente - Denúncia omissa quanto à participação do paciente - Ordem
concedida. -Quando a denúncia é dirigida contra dois ou mais acusados,
imputando-lhes a prática do mesmo delito, é imprescindível que descreva a participação
de cada um deles, permitindo-lhes, assim, o amplo exercício de suas
defesas."

PARECERES

1.
LIMINAR EM HABEAS CORPUS

. NÃO CABIMENTO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE


PREVISÃO LEGAL PARA A MEDIDA. IMPOSSIBLILIDADE DE APLICAR ANALOGIA
COM O PROCESSAMENTO DO
MANDADO DE SEGURANÇA.INTELIGÊNGIA DO ARTIGO 663 DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL.

PRISÃO PREVENTIVA. DECRETO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO.


NECESSIDADE DA CUSTÓDIA.

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de J.J. H., que na Comarca de Joinville está
sendo processado por receptação em furto de automóvel.

Além de pretender que o paciente seja posto liminarmente em liberdade, insurge-se o


impetrante contra a demora na instrução criminal, argumentando que como
possivelmente, na dosagem da pena a lhe ser imposta, e pelo tempo de prisão provisória já
decorrido, teria direito ao livramento condicional.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

A pretendida concessão de liminar em pedido de habeas corpus é totalmente descabida.


Além de não existir previsão legal para a medida in limine, seria descabido
cogitar-se de analogia com o processamento do mandado de segurança, o mesmo
ocorrendo quanto a um eventual amparo no § 2º do artigo 660 do Código de Processo
Penal.

Em primeiro lugar, cumpre assinalar que o periculum in mora que justifica a concessão da
liminar em mandado de segurança não encontra similitude alguma
no procedimento do habeas corpus.

É que as características de processamento do habeas corpus são bem diversas daquelas do


mandado de segurança quanto à celeridade: semanalmente ocorre no
mínimo uma sessão de cada câmara criminal, o mesmo se aplicando à Câmara de Férias,
onde são julgados os pedidos de habeas corpus, o que não ocorre com
o mandado de segurança, que por peculiaridades todas próprias, tem o seu julgamento
marcado para, muitas vezes, meses após. Não bastasse isso, ocorrem
Vedações legais intransponíveis à aplicação da analogia com o mandado de segurança.

É que o artigo 663 do Código de Processo Penal, ao permitir ao relator o indeferimento


liminar, contrario sensu, inadmite a concessão de liminar para libertar
o paciente.

Seria transformar em monocrático um julgamento que o Código de Processo Penal, no seu


artigo 664, determina expressamente se faça em colegiado.
Demais disso, de ter presente que é da sistemática do processo penal brasileiro que a
decisão de magistrado de primeiro grau somente possa ser reformada
por colegiado em instância superior.

Não queremos com isto, todavia, afirmar incabível, sempre, a concessão de medida
liminar em habeas corpus. Esta seria possível, por exemplo, se a Câmara
constatar, de plano, coação ilegal ao paciente. Então poderá conceder a ordem, in limine,
isto é, dispensando requisição de informações ou diligências
- mas desde que o faça em decisão de colegiado. O que não pode ocorrer é desconstituir-
se monocraticamente em segundo grau a prisão ordenada pelo magistrado
de primeiro grau.

É ao que conduz, inexoravelmente, a exegese do artigo 660, § 2º, do Código de Processo


Penal, o qual, ao utilizar a disjuntiva ou [...o juiz ou o tribunal...]
estabelece duas situações: a) aquela em que usa a palavra juiz, referindo-se à concessão da
ordem em primeiro grau, e b) quando o dispositivo utiliza a
palavra tribunal, referindo-se à concessão da ordem em segundo grau, o que, obviamente,
somente pode ser decidido em colegiado. Tivesse o legislador pretendido
atribuir tal faculdade também ao Relator, tê-lo-ia dito expressamente, mencionando a
palavra relator como é da sua sistemática sempre que comete alguma
atribuição ao relator. De lembrar a observação de Espíndola Filho, segundo a qual, a
concessão de liminar em habeas corpus importaria em verdadeira concessão
da ordem.

O Regimento Interno do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no seu artigo 30, I, a,


estabelece a competência das Câmaras Criminais para a concessão de
ordem de habeas corpus quando a autoridade coatora for juiz de direito; o artigo 36, ao
estabelecer a competência do Relator, como não poderia deixar de
ser, não o autoriza colocar em liberdade liminarmente o preso; o parágrafo único do artigo
175, por sua vez, restringe a competência do Relator à hipótese
prevista no artigo 663 do Código de Processo Penal.

Correto, portanto, o procedimento o eminente Desembargador Relator ao deixar de se


pronunciar sobre a pretendida liminar.

Na esp éci e, observa-se que a decretação da prisão preventiva, prolatada em despacho


amplamente fundamentado (fls. 36/37), foi medida absolutamente necessária,
em face da intranqüilidade a que a comunidade está sujeita em decorrência das atividades
das quadrilhas de ladrões de automóveis, das quais o paciente
é integrante.

Além do presente, o paciente figura em mais nove processos criminais que buscam apurar
crimes de furto de automóveis e comercialização de automóveis furtados.

Evidenciada, assim, a necessidade da prisão do paciente como garantia da ordem pública.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 29 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ
PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

1. Habeas corpus nº 11.078, de Joinville

DECISÃO: por votação unânime, indeferir o writ.

EMENTA: HABEAS CORPUS. NECESSIDADE DA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA


PREVENTIVA DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. ORDEM DENEGADA. (D.J.S.C. nº
8.814, de 25.8.93, pág.10)

2. DENÚNCIA. INÉPCIA.

Necessidade da descrição do fato delituoso com todas as suas características, de molde


que o réu possa preparar a sua defesa.

2. Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de E. K. R. DE L., que na Primeira Vara


Criminal da Capital está sendo processado por crime mencionado como
lesões corporais e capitulado como homicídio.

Objetiva o impetrante o trancamento da ação penal movida contra o paciente,


argumentando que a mesma padece de vícios insuperáveis à sua validade, eis que
não descreve a conduta caracterizadora do crime imputado, mencionando apenas o nomen
iuris lesões corporais, para depois classificar o fato como homicídio.

A presente ordem está a ensejar deferimento.

Examinando-se a exordial acusatória, constata-se que a peça impugnada, em relação ao


paciente, é confusa na descrição da conduta caracterizadora de um tipo
penal, referindo-se a lesões corporais e classificando o fato como homicídio. Já em
relação ao co-denunciado, o que se descreve, na verdade, é uma situação
de legítima defesa.

Uma denúncia nestas condições torna- se imprestável, por não possibilitar o exercício da
defesa . Tendo o Código Penal de 1984 adotado a teoria finalista
da ação, evidentes são as conseqüências processuais, como na narrativa do fato delituoso
na denúncia ou queixa, que deve conter em seu bojo a narrativa
da culpabilidade.

Isto porque, conforme ensina Damásio de Jesus, em sua mais recente obra, a culpabilidade
passa a integrar o tipo penal. Ora, como o tipo penal deve ser
descrito na exordial, com todos os seus requisitos, ou elementos do tipo, e a culpabilidade
faz parte da própria noção de tipo penal, a falta ou ausência
de sua descrição, torna inviável a imputação.

Diz o mestre:

"A culpabilidade compõe-se da imputabilidade, da exigibilidade de conduta diversa e dolo


e culpa. Dessa maneira, para a teoria clássica a ausência de dolo
ou de culpa leva à exclusão da culpabilidade. Pois bem, a teoria finalista retira o dolo e
culpa da culpabilidade e os insere no terreno do fato típico,
integrando a ação. Então, o fato típico passa a ser constituído, na teoria finalista, de, em
primeiro lugar, conduta, ação ou omissão dolosa ou culposa,
enquanto na teoria clássica fala-se apenas em conduta voluntária, nada tendo a ver com
dolo ou com culpa. Enquanto na teoria clássica a ausência de dolo
e de culpa, excluindo a culpabilidade, exclui o próprio crime, na teoria finalista a ausência
de dolo ou de culpa vai excluir a tipicidade do fato. Não
há fato típico porque, na teoria finalista, o dolo e a culpa são retirados da culpabilidade e
inseridos no fato penal. Então, para o finalismo, para que
haja fato típico é preciso que o sujeito realize uma conduta não simplesmente voluntária,
mas dolosa ou culposa. "

Como se constata através do exame da denúncia de fls. 14/15, nenhuma menção se faz à
culpabilidade caracterizadora de um tipo penal que teria sido praticada
por cada um dos denunciados. Embora inexistam regras rígidas quanto narrativa a ser
fetuada na petição inicial criminal, imprescindível que a mesma obedeça
aquele mínimo necessário para que o réu possa preparar a sua defesa, consoante estudo
por nós efetuado:

''1.1.1.Aspectos da descrição do fato delituoso.

Passaremos agora à análise de algumas facetas ou caraterísticas desta descrição.


Primeiramente te cumpre esclarecer que não existem regras rígidas no referente
à forma pela qual se deva efetuar a descrição do fato delituoso.

O importante é que a descrição do fato da vida real se ajuste ao paradigma típico abstrato
previsto na lei penal, em todos os seus requisitos. Significa
isto que todos os elementos caracterizadores de um determinado tipo penal abstrato
devem estar compreendidos na descrição da ação concreta do agente. Deve
aqui ser perquirido, com apoio nos doutrinadores, quais os elementos que compõem um
dado tipo penal, para, em seguida se verificar se a ação praticada
pelo acusado se ajusta a todos os elementos deste tipo.

Na descrição do fato delituoso, não deve ser empregado o nomen iuris mas sim a ação, o
verbo que o caracteriza. Desse modo, ao denunciar-se um crime de
furto, a petição não diria que o réu furtou e sim que subtraiu.''

No mesmo sentido, decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina:

Habeas corpus nº 10.334, de Criciúma. (Diário da Justiça de 6.5.92, pág.05)

ACORDAM, em Primeira Câmara Criminal, por votação unânime, conceder a ordem para
trancamento da ação penal.

EMENTA "HABEAS CORPUS - Lesões corporais - Pretendido trancamento da ação


penal sob alegação de inépcia da denúncia que não descreveu os fatos imputados
ao paciente - Pretensão procedente - Denúncia omissa quanto à participação do paciente -
Ordem concedida. -Quando a denúncia é dirigida contra dois ou
mais acusados, imputando-lhes a prática do mesmo delito, é imprescindível que descreva
a participação de cada um deles, permitindo-lhes, assim, o amplo
exercício de suas defesas."

Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente ordem, a fim de ser
trancada a ação penal contra o paciente E. K. R. DE L., extensível,
através de habeas corpus de ofício ao denunciado R. O. DE B. S., sem prejuízo de
deflagração de outra, observados os requisitos legais.

Florianópolis, 30 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO:

Habeas corpus n. 11.057, da Capital. DECISÃO: por votação unânime, conceder a ordem,
extaensiva ao co-denunciado.

EMENTA: HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. DENÚNCIA


INEPTA. ORDEM CONCEDIDA. Se a denúncia não descreve os fatos delituosos nem indica
qual a participação
do paciente, é inepta, pois que não oferece condições do exercício da defesa. Ordem
concedida para trancar a ação penal, sem prejuízo da deflagração de
outra, obedecidos os requisitos legais. (DJSC n. 8.816, 27.8.93, pág. 7)

3. RECURSO EM LIBERDADE.

REQUISITOS. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 494 DO CÓDIGO DE PROCESSO


PENAL.

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de V. P. DE O., que na Primeira Vara


Criminal da Comarca de Chapecó foi condenado a dois anos e onze meses
de reclusão e dezesseis dias-multa, por incurso nas sanções do tipo qualificado previsto §
4º do artigo 155, aplicada a causa especial de aumento de pena
do artigo 71, caput, todos do Código Penal Brasileiro.

Insurge-se o impetrante contra a negativa de seguimento da apelação, por ter o apelante se


recolhido tardiamente à prisão.

Examinando-se a respeitável sentença condenatória, constata-se que a mesma negou


expressamente ao réu o benefício de recorrer em liberdade, em face dos
seus maus antecedentes, trazendo à colação aqueles certificados a fls. 64.

Colhe-se, também, das peças acostadas, que o paciente, revel, somente foi preso, em
cumprimento ao mandado de prisão expedido pelo juízo, o que ocorreu
após fluído o quinquídio recursal.

Conquanto a jurisprudência admita que o réu revel tem o direito a apelar em liberdade,
isto somente ocorre quando se lhe conceda o benefício do artigo 594
(STF, RHC 60372, DJU 18.3.83, pág. 2975).
Na espécie, a doutora juíza expressamente negou-lhe o direito de recorrer em liberdade,
não em decorrência da revelia, mas em razão de seus maus antecedentes.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 4 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO:

Habeas corpus n. 11.040, de Campos Novos. DECISÃO: à unanimidade, denegar a


ordem.

EMENTA:

Habeas corpus. Excesso de prazo na conclusão da instrução. Inocorrência. Atraso ocorrido


em virtude da greve dos funcionários públicos e necessidade de
submeter-se o paciente a exame de sanidade mental. Ordem denegada. ( DJSC 8.800, de
5.8.93, pág. 6)

4. HABEAS CORPUS PREVENTIVO

. PRETENDIDO TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL. O trancamento de


inquérito policial deve ficar restrito a casos excepcionais, quando positivado o abuso
ou má fé na deflagração da peça informativa. De regra, a existência de inquérito policial
não se constitui em constrangimento sanável pela via do remédio
heróico.

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus preventivo impetrado em favor de R. DA R. R., contra o qual


foi instaurado inquérito policial por furto de veículos e adulteração
das características dos mesmos, para venda posterior.

Objetiva o impetrante o trancamento do inquérito policial sob o argumento de estar


sofrendo constrangimento ilegal.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

Conquanto a jurisprudência do Pretório Excelso tenha admitido o trancamento de


inquérito policial, esta possibilidade deve ficar restrita a casos excepcionais,
onde tenha ficado demonstrado, à saciedade, o abuso e má fé na deflagração da peça
informativa. De outra forma, a existência de inquérito policial, não
se constitui em constrangimento sanável pela via do remédio heróico, mesmo porque
insuscetível de gerar qualquer prejuízo ao paciente, à vista do enunciado
no parágrafo único do artigo 20 do Código de Processo Penal:
Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá
mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito
contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior.

No caso dos presentes autos de inquérito, nenhum constrangimento pode ser apontado
contra a pessoa do paciente.

A autoridade policial está no estrito desempenho de suas funções, procurando desbaratar


perigosa quadrilha de ladrões de automóveis, que se estende por
várias cidades do Estado, como Florianópolis, Itajaí, Chapecó e Imaruí, da qual o
paciente, ao que indicam as investigações, faz parte, responsável pela
adulteração da característica física dos veículos furtado, vendendo-os, posteriormente para
Florianópolis.

De ressaltar que com a avocação do inquérito pela Corregedoria Geral da Polícia Civil,
muito provavelmente em decorrência do apontado envolvimento de policiais,
fatos estes, aliás, que motivaram recente confirmação de condenação, pela Egrégia
Segunda Câmara Criminal desse Colendo Tribunal, de Delegado de Polícia
na Comarca de Chapecó, os autos foram redistribuídos ao Terceiro Distrito Policial da
Capital, onde a peça informativa ainda tramita, estando agora em
fase de cumprimento de diligências requeridas pelo órgão ministerial.

Inexiste, pois, qualquer razão para trancamento do inquérito policial. Diante de todo o
exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 7 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas corpus n. 11.049, da Capital. DECISÃO: à unanimidade, denegar a ordem.

EMENTA:

4. Habeas corpus visando o trancamento de inquérito policial e de futura ação


penal.Impossibilidade. Ordem denegada. "O inquérito policial é mera peça informativa
do processo, não se constituindo em constrangimento ilegal ao cidadão, pois é neste
procedimento administrativo que se averiguarão os fatos noticiados
como delituosos, embasando e colhendo elementos para a deflagração, se for o caso, da
competente ação penal, sendo inviável o habeas corpus para pretender
trancá-lo, na tentativa de declarar a inexistência de crime antes da conclusão das
investigações""[in JC 57/285]. (DJSC n.8.800, de 5.8.93, pág. 6)

5. HABEAS CORPUS.

ALEGATIVA DE EXCESSO DE PRAZO. NÃO ACOLHIMENTO. FEITO NA FASE


DO ARTIGO 499 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de I. A., que na Primeira Vara Criminal da
Capital responde a processo por crime de furto qualificado pelo
concurso de agentes.

Encontrando-se o paciente preso decorrente de flagrante devidamente homologado em


juízo e com o pedido de liberdade provisória negado através de despacho
devidamente fundamentado (fls. 56), insurge- se agora o impetrante contra a demora na
instrução criminal, objetivando a decretação de sua liberdade.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

Tendo a prisão ocorrido em fins do ano de 1992, constata- se, pelas informações de fls.
53/55, que o feito obedeceu a uma tramitação normal para a complexidade
que o caso apresenta.

De assinalar, que havendo referência na prova de que o paciente seria co-autor de uma
morte, praticada juntamente com os fatos aqui examinados, o doutor
Promotor de Justiça, na fase do art. 499 do Código de Processo Penal, houve por requerer
uma diligência.

Não vislumbramos, assim, constrangimento ilegal na custódia do paciente, a ser sanado


pela via do remédio heróico.

Florianópolis, 5 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO:

Habeas corpus n. 11.051, da Capital. DECISÃO: por votação unânime, denegar a ordem.

EMENTA

: 5. Habeas corpus- Alegado excesso de prazo - Não acolhimento. Não se pode falar em
excesso de prazo, quando embora complexa, a instrução do processo está
encerrada, e ocorrentes, no caso, as circunstâncias previstas no artigo 403 do CPP. Ordem
denegada. (DJSC, n. 8.800, de 5.8.93, pág.6)

6. PRISÃO PREVENTIVA. CRIME DE ROUBO QUALIFICADO PELO CONCURSO


DE AGENTES E EMPREGO DE ARMAS. PACIENTE QUE SE EVADIU LOGO APÓS A
PRÁTICA DO FATO DELITUOSO,
SOMENTE SE APRESENTANDO À POLÍCIA APÓS TER SIDO RECONHECIDA A
SUA PARTICIPAÇÃO. ADITAMENTO À DENÚNCIA.

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de G. E., que perante a Primeira Vara
Criminal da Comarca de Itajaí responde a processo-crime por incurso nas
sanções do tipo roubo, com as causas especiais de aumento de pena do concurso de
agentes e emprego de armas.
Aponta o impetrante procrastinação na instrução criminal, objetivando obter, nesta
oportunidade, o relaxamento da prisão.

A ordem não está a ensejar deferimento.

Colhe-se das peças acostadas que o paciente se encontra preso em decorrência de decreto
de prisão preventiva, prolatado em 30 de março de 1993, após ter
praticado assalto a mão armada, em concurso de agentes, contra o Supermercado
Fazendão.

A necessidade da custódia resulta plenamente evidenciada, através de decisão


profusamente fundamentada (fls. 16/17).

Trata-se de paciente que fugiu logo após a prática do fato delituoso, ocorrido em 27 de
março de 1993, sendo preso somente em 20 de abril de 1993, quando
se entregou à polícia.

Esta apresentação na verdade não invalida os argumentos lançados na decretação da


prisão preventiva, por não anularem os requisitos da medida coercitiva
excepcional.

De observar que o paciente somente se entregou à prisão, depois de descoberta a sua


participação no assalto, através de reconhecimento efetuado por funcionários
do estabelecimento assaltado, e após denunciado e decretada a sua custódia.

Endossamos plenamente os argumentos lançados pelo ilustre prolator do decreto de


prisão.

Quanto à aventada demora na tramitação, esta se nos afigura normal à espécie,


principalmente diante da necessidade de processar em conexão os demais meliantes,
funcionários do estabelecimento assaltado, cuja participação foi descoberta a posteriori.
De qualquer forma o feito agora tramita normalmente.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 7 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO:

Habeas corpus n. 11.052, de Itajaí. DECISÃO: à unanimidade, denegar a ordem.

EMENTA:

6. Habeas corpus - Alegado excesso de prazo - Pretensão de responder solto a processo,


porque primário e de bons antecedentes. Não se pode falar em excesso
de prazo, se complexo procedimento criminal tem sua instrução regularizada após duplo
aditamento à denúncia e reintegratório dos réus. A simples circunstância
de ser primário e de bons antecedentes, quando ocorrente, não induz à obrigatoriedade de
o paciente responder o processo em liberdade, quando as investigações
o comprometem sobremaneira. Ordem denegada. ( DJSC, n. 8.800, de 5.8.93, pág. 6)

7.

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em causa própria por S. R. K., que na Comarca de
Lages está sendo processado pela prática dos crimes de roubo com a
causa especial de aumento de pena do emprego de armas e concurso de agentes, em
concurso material com o crime de furto qualificado.

Insurge-se o paciente- impetrante contra a sua prisão, taxando-a de arbitrária, entendendo


ter direito à liberdade provisória.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

Examinando-se as peças remetidas pelo juízo a quo, ao prestar as informações


requisitadas pelo ilustre Prolator do writ, verifica-se que o paciente se encontra
preso em decorrência de decreto de prisão preventiva decretada em 19 de abril de 1993.

A decisão que impõe a medida coercitiva excepcional examina fundamentadamente a


necessidade da prisão, chegando à conclusão da absoluta necessidade da custódia,
fundada nos três requisitos da prisão preventiva.

Na realidade, sem vinculação ao distrito da culpa, com elenco de crimes praticados por
vários Estados, a prisão era a medida que se impõe à espécie.

De observar que o processo caminhou célere, apesar de tramitar em Vara sabidamente


congestionada, estando a tramitação já superada, atualmente na fase do
artigo 499 do Código de Processo Penal.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 7 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO:

Habeas corpus n. 11.054, de Lages. DECISÃO: à unanimidade, denegar a ordem.

EMENTA:

7. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. PRESENÇA DOS REQUISITOS


NECESSÁRIOS À CUSTÓDIA. ORDEM DENEGADA. Estando presentes os requisitos que
autorizam a prisão
preventiva, visto que o decreto encontra apoio no art. 312, do CPP, notadamente por não
ter o paciente vinculação ao distrito da culpa e apresentar comportamento
voltado para a prática delituosa, é que se justifica a sua segregação.(DJSC, n. 8.800, de
5.8.93, pág. 6)

8.

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de F. C. S., que na Segunda Vara Criminal
da Comarca de Itajaí está sendo processado pelo crime de tráfico
de tóxico.

Insurge-se o apelante contra a deflagração da ação penal, objetivando o seu trancamento,


por falta de descrição do fato delituoso.

A presente ordem deve ser deferida.

Examinando-se a exordial acusatória de fls. 6/7, constata-se que os fatos atribuídos ao


paciente em sua narrativa não contêm os elementos do tipo penal
pelo qual foi denunciado.

Mesmo que o paciente tivesse agido em co-autoria com o outro acusado, seu genitor,
como revela a autoridade policial em seu relatório, ainda assim a denúncia
mostra-se imprestável para a deflagração da ação penal contra o paciente.

A descrição do fato delituoso na denúncia ou queixa deve ser ampla, contendo o quid,
quod, quiunque, quomodo, em relação ao crime praticado pelo acusado,
que deve vir narrado de forma detalhada e clara, contendo os elementos do tipo, de modo
que o réu possa preparar a sua defesa.

Na espécie nada disso ocorre. Não há como identificar atividade criminosa na narrativa.

Nem se trata sequer de apontar a ausência da demonstração da culpabilidade, agora


imprescindível. Tendo o Código Penal de 1984 adotado a teoria finalista
da ação, evidentes são as conseqüências processuais, como na narrativa do fato delituoso
na denúncia ou queixa, que deve conter em seu bojo a narrativa
da culpabilidade.

Isto porque, conforme ensina Damásio de Jesus, em sua mais recente obra, a culpabilidade
passa a integrar o tipo penal. Ora, como o tipo penal deve ser
descrito na exordial, com todos os seus requisitos, ou elementos do tipo, e a culpabilidade
faz parte da própria noção de tipo penal, a falta ou ausência
de sua descrição, torna inviável a imputação.

Diz o mestre:

"A culpabilidade compõe-se da imputabilidade, da exigibilidade de conduta diversa e dolo


e culpa. Dessa maneira, para a teoria clássica a ausência de dolo
ou de culpa leva à exclusão da culpabilidade. Pois bem, a teoria finalista retira o dolo e
culpa da culpabilidade e os insere no terreno do fato típico,
integrando a ação. Então, o fato típico passa a ser constituído, na teoria finalista, de, em
primeiro lugar, conduta, ação ou omissão dolosa ou culposa,
enquanto na teoria clássica fala-se apenas em conduta voluntária, nada tendo a ver com
dolo ou com culpa. Enquanto na teoria clássica a ausência de dolo
e de culpa, excluindo a culpabilidade, exclui o próprio crime, na teoria finalista a ausência
de dolo ou de culpa vai excluir a tipicidade do fato. Não
há fato típico porque, na teoria finalista, o dolo e a culpa são retirados da culpabilidade e
inseridos no fato penal. Então, para o finalismo, para que
haja fato típico é preciso que o sujeito realize uma conduta não simplesmente voluntária,
mas dolosa ou culposa. "

Na espécie, sequer se trata de perquirir a ausência de descrição da culpabilidade. Aqui a


nulidade é muito flagrante.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente ordem, para trancar a
ação penal contra o paciente, sem prejuízo da renovação da denúncia,
obedecidas as formalidades legais.

Florianópolis, 30 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas corpus n. 11.055, de Itajaí. DECISÃO: por unanimidade, conceder a ordem para
declarar a denúncia inépta em relação ao paciente, expedindo-se em seu
favor o competente alvará de soltura, se por al não estiver preso.

EMENTA:

8 Habeas corpus. Pedido visando o trancamento da ação penal por inépcia da denúncia.
Exordial acusatória que não descreve devidamente a conduta do paciente
no fato tido como delituoso. Inépcia manifesta. Constrangimento ilegal caracterizado.
Ordem concedida. ( DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5)

9.

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de V. B. DE O. e J. C., contra os quais pesa


a imputação da prática de crimes de tráfico de tóxicos e de associação
para fins de tráfico de tóxicos.

Além de pleitear a concessão de liminar para a soltura dos pacientes, insurge- se o


impetrante contra a demora na tramitação do feito, objetivando a anulação
do decreto de prisão preventiva, porque emanado de autoridade incompetente.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

A pre ten did a concessão de liminar em pedido de habeas corpus é totalmente descabida.
Além de não existir previsão legal para a medida in limine, a invocação
da analogia com o processamento do mandado de segurança é idubitavelmente
impertinente.
Em primeiro lugar, cumpre assinalar que o periculum in mora que justifica a concessão da
liminar em mandado de segurança não encontra similitude alguma
no procedimento do habeas corpus.

É que as características de processamento do habeas corpus são bem diversas daquelas do


mandado de segurança quanto à celeridade: semanalmente ocorre no
mínimo uma sessão de cada câmara criminal, o mesmo se aplicando à Câmara de Férias,
onde são julgados os pedidos de habeas corpus, o que não ocorre com
o mandado de segurança, que por peculiaridades todas próprias, tem o seu julgamento
marcado para, muitas vezes, meses após. Não bastasse isso, ocorrem
Vedações legais intransponíveis à aplicação da analogia com o mandado de segurança.

É que o artigo 663 do Código de Processo Penal, ao permitir ao relator o indeferimento


liminar, contrario sensu, inadmite a concessão de liminar para libertar
o paciente.

Seria transformar em monocrático um julgamento que o Código de Processo Penal, no seu


artigo 664, determina expressamente se faça em colegiado.

Demais disso, de ter presente que é da sistemática do processo penal brasileiro que a
decisão de magistrado de primeiro grau somente possa ser reformada
por colegiado em instância superior.

Não queremos com isto, todavia, afirmar incabível, sempre, a concessão de medida
liminar em habeas corpus. Esta seria possível, por exemplo, se a Câmara
constatar, de plano, coação ilegal ao paciente. Então poderá conceder a ordem, in limine,
isto é, dispensando requisição de informações ou diligências
- mas desde que o faça em decisão de colegiado. O que não pode ocorrer é desconstituir-
se monocraticamente em segundo grau a prisão ordenada pelo magistrado
de primeiro grau.

O Regimento Interno do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no seu artigo 30, I, a,


estabelece a competência das Câmaras Criminais para a concessão de
ordem de habeas corpus quando a autoridade coatora for juiz de direito; o artigo 36, ao
estabelecer a competência do Relator, como não poderia deixar de
ser, não o autoriza colocar em liberdade liminarmente o preso; o parágrafo único do artigo
175, por sua vez, restringe a competência do Relator à hipótese
prevista no artigo 663 do Código de Processo Penal.

Correto, portanto, o teor do despacho de fls. 255, ao entender incabível a pretendida


liminar para soltura dos pacientes.

Ent end e o impetrante que a decretação da prisão preventiva deva ser invalidada porque o
juízo em que foi emitida a medida coercitiva não é o competente
para a ação penal.

A prevalecer este argumento, estar-se-ia, na verdade, inviabilizando o próprio instituto da


prisão preventiva, que é, precisamente, acautelar-se, em alguns
casos, a ordem pública, em outros, a aplicação da lei penal ou a instrução criminal,
enquanto são finalizadas as coletas das provas e a determinação de
detalhes processuais, como, por exemplo, a competência de juízo.

Na espécie, observa-se que, em primeiro lugar a prisão temporária, e depois a decretação


da prisão preventiva foram medidas absolutamente necessárias, sem
as quais não se teria desmantelado perigosa quadrilha de traficantes, com atuação e
ramificações por várias cidades de Santa Catarina, excedendo, inclusive
as fronteiras estaduais.

Na residência do paciente Valmor Beseke de Oliveira foram encontrados quinze


envelopes de cocaína, totalizando quatorze quilogramas e duzentos e trinta
e seis gramas (fls. 62 e 68). Este material era destinado a venda, e o paciente Jairo
Carvalho tinha participação ativa na distribuição deste material.
As declarações de ambos são minuciosas e coerentes com o conjunto probatório.

A demora na tramitação do feito, de outra parte, justifica-se em face das próprias


características do feito, de quadrilha com ramificações por diversas
cidades e um número grande de integrantes.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 22 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA


Habeas corpus. Magistrado apontado como autoridade coatora que declina da
competência para o caso em favor da JUstiça Federal. Não conhecimento. Remessa
para o Tribunal Regional Federal.(DJSC n. 8.849, de 18.10.93, pág. 11)

10. HC11068.PIC

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em causa própria por R. J. DE B..

Insurge-se o paciente- impetrante contra a deflagração de inquérito policial em que se


busca apurar infração penal pelo mesmo praticada, objetivando o trancamento
da peça informativa.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

Examinando-se a documentação acostada aos autos, constata-se que a requisição de


abertura de inquérito do doutor Promotor de Justiça decorreu de um expediente
que lhe fora dirigido, solicitando o oferecimento de denúncia contra o paciente-advogado.
É que este, nos autos de separação consensual de nº 3681/92,
teria adulterado a petição inicial, fazendo inserir, pós-impugnação à partilha, bem que a
parte adversa reclamara ter sido sonegado.

Inexiste coação ilegal contra o paciente, a ser sanado pela via do remédio heróico. O
doutor Promotor, ao invés de oferecer denúncia, como lhe fora requerido,
optou por uma apuração segura, através de inquérito policial.
É ponto perene na jurisprudência de nossos tribunais, que apenas existe constrangimento
ilegal na instrução provisória promovida através de inquérito policial,
quando a peça informativa houver sido deflagrada sem qualquer fundamento
investigatório, apenas para satisfazer interesse pessoal subalterno.

Não é o caso dos presentes autos.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

ACÓRDÃO: Habeas corpus n. 11.068, de Piçarras. DECISÃO: à unanimidade, denegar a


ordem.

EMENTA: 10.Habeas corpus - Pretendido trancamento de inquérito policial -


Inviabilidade - Precedentes jurisprudenciais - Ordem denegada. Não se constitui
em vexame (constrangimento ilegal) o fato da autoridade policial instaurar inquérito para
apuração de crime de ação pública. Inviável, via de habeas corpus,
o trancamento de inquérito policial, peça meramente investigatória, antes de apurados os
fatos delituosos que pesam contra o agente.(DJSC n. 8.806, de
13.8.93, pág. 5)

EMENTA: 10.Habeas corpus - Pretendido trancamento de inquérito policial -


Inviabilidade - Precedentes jurisprudenciais - Ordem denegada. Não se constitui
em vexame (constrangimento ilegal) o fato da autoridade policial instaurar inquérito para
apuração de crime de ação pública. Inviável, via de habeas corpus,
o trancamento de inquérito policial, peça meramente investigatória, antes de apurados os
fatos delituosos que pesam contra o agente.(DJSC n. 8.806, de
13.8.93, pág. 5)

11. Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de M. J. DE S., que na Comarca de


Balneário Camboriú está sendo processado por incurso, em concurso material,
por crime de furto de automóveis.

Além de pleitear a concessão de liminar para a soltura do paciente, insurge-se o


impetrante contra a demora na tramitação do feito, objetivando a anulação
do decreto de prisão preventiva, sob a argumentação de inexistência dos requisitos para a
imposição da medida coercitiva excepcional.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

A pre tendida concessão de liminar em pedido de habeas corpus é totalmente descabida.


Além de não existir previsão legal para a medida in limine, a invocação
da analogia com o processamento do mandado de segurança é idubitavelmente
impertinente, e o pretendido amparo no § 2º do artigo 660 do Código de Processo
Penal é de todo inexistente.

Em primeiro lugar, cumpre assinalar que o periculum in mora que justifica a concessão da
liminar em mandado de segurança não encontra similitude alguma
no procedimento do habeas corpus.

É que as características de processamento do habeas corpus são bem diversas daquelas do


mandado de segurança quanto à celeridade: semanalmente ocorre no
mínimo uma sessão de cada câmara criminal, o mesmo se aplicando à Câmara de Férias,
onde são julgados os pedidos de habeas corpus, o que não ocorre com
o mandado de segurança, que por peculiaridades todas próprias, tem o seu julgamento
marcado para, muitas vezes, meses após. Não bastasse isso, ocorrem
Vedações legais intransponíveis à aplicação da analogia com o mandado de segurança.

É que o artigo 663 do Código de Processo Penal, ao permitir ao relator o indeferimento


liminar, contrario sensu, inadmite a concessão de liminar para libertar
o paciente.

Seria transformar em monocrático um julgamento que o Código de Processo Penal, no seu


artigo 664, determina expressamente se faça em colegiado.

Demais disso, de ter presente que é da sistemática do processo penal brasileiro que a
decisão de magistrado de primeiro grau somente possa ser reformada
por colegiado em instância superior.

Não queremos com isto, todavia, afirmar incabível, sempre, a concessão de medida
liminar em habeas corpus. Esta seria possível, por exemplo, se a Câmara
constatar, de plano, coação ilegal ao paciente. Então poderá conceder a ordem, in limine,
isto é, dispensando requisição de informações ou diligências
- mas desde que o faça em decisão de colegiado. O que não pode ocorrer é desconstituir-
se monocraticamente em segundo grau a prisão ordenada pelo magistrado
de primeiro grau.

É ao que conduz, inexoravelmente, a exegese do artigo 660, § 2º, do Código de Processo


Penal, o qual, ao utilizar a disjuntiva ou [...o juiz ou o tribunal...]
estabelece duas situações: a) aquela em que usa a palavra juiz, referindo-se à concessão da
ordem em primeiro grau, e b) quando o dispositivo utiliza a
palavra tribunal, referindo-se à concessão da ordem em segundo grau, o que, obviamente,
somente pode ser decidido em colegiado. Tivesse o legislador pretendido
atribuir tal faculdade também ao Relator, tê-lo-ia dito expressamente, mencionando a
palavra relator como é da sua sistemática sempre que comete alguma
atribuição ao relator. De lembrar a observação de Espíndola Filho, segundo a qual, a
concessão de liminar em habeas corpus importaria em verdadeira concessão
da ordem.

O Regimento Interno do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no seu artigo 30, I, a,


estabelece a competência das Câmaras Criminais para a concessão de
ordem de habeas corpus quando a autoridade coatora for juiz de direito; o artigo 36, ao
estabelecer a competência do Relator, como não poderia deixar de
ser, não o autoriza colocar em liberdade liminarmente o preso; o parágrafo único do artigo
175, por sua vez, restringe a competência do Relator à hipótese
prevista no artigo 663 do Código de Processo Penal.

Correto, portanto, o teor do despacho de fls. 13 e verso, ao entender incabível a pretendida


liminar para soltura do paciente.

Na esp éci e, observa-se que a decretação da prisão preventiva foi medida absolutamente
necessária, sem a qual não se teria desmantelado perigosa quadrilha
de ladrões de automóveis, com atuação e ramificações por várias cidades de Santa
Catarina, da qual o paciente era um dos mais ativos integrantes.

Revelam os autos que a segregação provisória efetivamente se impunha, como garantia da


aplicação da lei penal. Embora exercendo suas atividades na Comarca
de Balneário Camboriú, uma lícita - a de motorista de táxi (fls. 190) - e outra ilícita - a
venda e adulteração de veículos furtados -, o paciente, ao
saber da decretação de sua prisão preventiva, evadiu-se da Comarca, indo para Lages,
onde acabou sendo preso e recambiado a Balneário Camboriú.

Este comportamento ensejador da segregação acauteladora não é novidade na vida do


paciente. Preso no Presídio de Itajaí em 1990, por crime de furto, acabou
beneficiado em 1991 com sursis. Em 6 de maio de 1993 após tentar fuga do Presídio de
Balneário Camboriú, serrando as grades, foi encaminhado ao Presídio
de Itajaí.

Quanto à alegada demora na instrução do feito, esta deveu- se, principalmente, ao


comportamento do paciente, que com sua fuga procrastinou a apuração dos
fatos.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 22 de julho de 1993.

ACÓRDÃO:

Habeas corpus n. 11.072, de Balneário Camboriú. DECISÃO: por votação unânime,


denegar a ordem.

ACÓRDÃO:

Habeas corpus - Alegação de constrangimento ilegal- Não acolhimento. Ordem denegada.

Não pode falar em excesso de prazo paciente que se ausenta do distrito da culpa, tão logo
decretada a preventiva. Demora que se atribui exclusivamente à
sua ausência, procrastinando o andamento regular da ação penal.(DJSC n.8.800, de
5.8.93, págs. 6/7)

12 Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de D. H., que na Comarca de São José
responde a processo por crime de quadrilha e furto de aeronave.

Insurge-se o impetrante contra a decretação da prisão preventiva, argumentando não


estarem presentes os seus requisitos, rebelando-se ainda contra a demora
na tramitação do feito.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

A prisão preventiva efetivamente era a medida que se impunha ao paciente. Integrante de


uma quadrilha especializada em furto de aeronaves para arrecadar
fundos para tráfico de entorpecentes, o paciente se enquadra nos requisitos da prisão
preventiva, não somente a bem da aplicação da lei penal, dado que
não reside no distrito da culpa e diante das dificuldades de sua prisão, como também por
necessidade de garantir a ordem pública, já que os autos noticiam
que em Santa Catarina a quadrilha rondou vários aeroportos com o fim de praticar delitos
como o de que trata a espécie.

Com referência à alegada demora na tramitação do feito, esta nos parece justificável
frente às peculiaridades do processo, dado que a quadrilha atua para
além das fronteiras do Estado. Citado e interrogado em 4.6.93, o feito tomou sua marcha
normal, somente dificultada em face de vários requerimentos do
paciente.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 28 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas corpus n. 11087, de São José. DECISÃO: por votação unânime, denegar a ordem.

EMENTA: 12.HABEAS CORPUS. PISÃO PREVENTIVA. NECESSIDADE.


EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA INEXISTENTE. DEMORA
OCASIONADA PELO PRÓPRIO PACIENTE. ORDEM
DENEGADA. BONS ANTECEDENTES E RESIDÊNCIA FIXA, MAS FORA DO
DISTRITO DA CULPA. A prisão preventiva do paceinte e seus comparsas, devido à grande
repercussão
do delito (furto de aeronave) é medida que se tornou necessária, cujos pressupostos estão
presentes na lei processual. O excesso de prazo na formação da
culpa, além de superado, pelo normal andamento do feito, foi ocasionado pelo prório
paciente, com suas intervenções indevidas. O fato de ter bons antecedentes
e residência fixa não são óbices à preventiva, mormente quando o paciente residem em
comarca distante, no Estado do Mato Grosso, cujas dimensões territoriais
dificultariam a imediata localização do paciente. Ordem denegada. (DJSC n. 8.816, de
27.8.93, pág. 7).

13. Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de A. S. e C. S. DE O., que na Primeira


Vara Criminal da Capital estão sendo processadas por crimes de
lesões corporais.

Entende o impetrante ser nula a deflagração da ação penal, por quebra do princípio da
indivisibilidade, vez que tendo as acusadas também resultado com ferimentos,
deveriam os autores destes também serem denunciados.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

Examinando-se a peça informativa acostada, constata- se Manoel Veloso de Andrade e


sua esposa - pessoas que o impetrante pretende fossem também denunciadas
- tiveram uma ação que possivelmente deveria ter sido caracterizada como legítima
defesa.
Correto, portanto, o procedimento do doutor Promotor de Justiça denunciante.

Em primeiro lugar, deve-se ter presente que, segundo enunciados doutrinários


confirmados pela jurisprudência do Pretório Excelso, inviável a denúncia alternativa.
O Promotor deve se firmar numa imputação precisa, para poder ser exercitado em sua
plenitude o direito de defesa.

De outra parte, após o advento do Código Penal de 1984, que acolheu a teoria finalista da
ação, deve a petição inicial criminal demonstrar a culpabilidade,
conforme preleciona Damásio de Jesus (in Novas Questões Criminais, Saraiva, 1993,
págs. 125/126). Não poderia, pois, o Promotor denunciar a quem ele reputa
em estado de legítima defesa.

De outra parte, se o órgão do Ministério Público excluiu da exordial as pessoas


mencionadas, ocorreu um pedido implícito de arquivamento, aceito pelo juiz
ao prolatar o despacho de recebimento da denúncia, insuscetível de recurso pela defesa.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 28 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO Habeas corpus n. 11.090, da Capital. DECISÃO: À unanimidade, denegar a


ordem.

EMENTA: 13. Habeas corpus - Pretendido trancamento da ação penal - Inviabilidade.

Descabe em sede de habeas corpus a análise aprofundada da prova, especialmente quando


só investigatória, para efeitos de trancamento da ação penal, sob
pena de decretar-se a absolvição em o devido processamento, e inobservância do direito
de defesa.

Ao Ministério Público, titular da persecutio criminis, cabe a exclusão de pessoas


mencionadas no inquérito, a quem ele reputar em estado de legítima defesa.

O recebimento da exordia, nestas condições, constitui um pedido implícito de


arquivamento. Ordem denegada.

14 Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de C. B., que na Comarca de Tubarão


está sendo processado pelo crimes de tráfico de tóxico e de associação
para tráfico.

Insurge-se o impetrante contra a negativa em conceder ao paciente o benefício da


liberdade provisória, eis que fora preso em flagrante. Traz à colação,
em arrimo à sua pretensão, decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que permite a
concessão de liberdade provisória toda vez que pairem dúvidas sobre
a tipificação provisória atribuída ao delito na exordial.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.


Embora nos pareça difícil figurar uma imputação maleável na petição inicial criminal,
como o quer a Veneranda decisão trazida à colação, dado que é a descrição
do fato delituoso contida na denúncia que caracteriza o tipo penal, e é a tipificação aceita
por ocasião do recebimento da exordial que caracteriza o feito
para todos os efeitos (prescrição, rito processual, etc) - mesmo nesta hipotética e forçada
construção não seria possível enquadrar a espécie.

É que o paciente tinha em seu poder três quilos de maconha para fins de tráfico, e ao
momento da prisão trazia por baixo da blusa um quilo de maconha que
estava entregando a uma traficante.

Nenhuma dúvida quanto à tipificação de tráfico. Não vemos como possa se pretender
discutir em sede de habeas corpus, em face da evidência colhida até o
momento, este enquadramento.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 22 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO Habeas corpus n. 11.062, de Tubarão. DECISÃO: à unanimidade, denegar a


ordem. EMENTA: 14 Habeas corpus- Paciente denunciado por tráfico de drogas
- Pretendida concessão de liberdade provisória. Não cabe, a teor da vigente Lei 8.072/90,
a concessão de benefícios a agente que responde procedimento
criminal por tráfico de drogas. Por outro lado, a circunstância do réu ser primário, de
eventuais bons antecedentes, não obriga a que responda a processo-crime
em liberdade, sob pena da condescendência levar à impunidade. Ordem denegada. (DJSC
n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5)

15 COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de J. M. DE A., que na Comarca de Porto


União está sendo processado por oito crimes de furto.

Insurge-se o impetrante contra a demora na instrução criminal e falta de fundamentação


na decretação da prisão preventiva.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

Com referência à alegada demora na instrução do feito, verifica-se que o feito já recebeu
alegações finais das partes.

Não há, assim, falar em constrangimento por excesso de prazo, consoante iterativa
jurisprudência.

Igualmente, no tocante à prisão preventiva, sem razão o impetrante.


O decreto de custódia excepcional traz a devida fundamentação da necessidade da prisão,
fundada, tanto na garantia da ordem pública, quanto na garantia
da aplicação da lei penal, narrando a evasão do paciente do distrito da culpa.

Diante do exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. Florianópolis, 27 de


julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO: Habeas corpus n. 11.066, de Porto União. DECISÃO: à unanimidade,


denegar a ordem.

EMENTA: 15 HABEAS CORPUS - EXCESSO DE PARZO NA FORMAÇÃO DA


CULPA INOCORRENTE - PROCESSO JÁ NA PENDÊNCIA DE JULGAMENTO -
INTELIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA SÚMULA
52 DO STJ.(DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5)

16

16. HABEAS CORPUS. CASA DE PROSTITUIÇÃO. TRANCAMENTO DA AÇÃO


PENAL POR FALTA DE JUSTA CAUSA. FIANÇA. RESTITUIÇÃO

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de I. T. , que na Primeira Vara Criminal da


Comarca de Joinville está sendo processada por ter incorrido nas
sanções do artigo 229 do Código Penal Brasileiro.

Insurge-se o impetrante contra a deflagração da ação penal, argumentando inexistirem os


requisitos do tipo penal casa de prostituição, objetivando, de conseqüência,
o trancamento da ação penal, por falta de justa causa.

A presente ordem deve ser deferida.

A deficiente atuação da fase policial, na espécie, contaminou totalmente a presente ação


penal, inviabilizando inclusive a deflagração do feito, impondo
o seu trancamento.

A pri mei ra afronta reside na inobservância do disposto no artigo 10 do Código de


Processo Penal, que dispõe: "O inquérito deverá terminar no prazo de
dez dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante..."

Em que esta omissão veio a prejudicar a deflagração do feito? É que, na espécie, a peça
informativa foi remetida precipitadamente a juízo, desacompanhada
das apurações imprescindíveis à deflagração da ação penal.

Ora, se a lei processual confere dez dias à autoridade policial para elaborar a peça
informativa, é porque, para a caracterização de muitos tipos penais,
não bastariam apenas as informações contidas no auto de flagrante, por insuscetíveis de
dar o necessário suporte à exordial, conforme exigido em muitos
tipos penais.

É o caso dos autos, onde precisaria ter sido caracterizada a habitualidade, o desvio de
finalidade do estabelecimento hoteleiro, e a caracterização de local
de prostituição, para que se tornasse legal o constrangimento contra a paciente, decorrente
da deflagração da ação penal.

Neste prazo de dez dias conferido pela lei processual, a autoridade policial deveria ter
caracterizado a habitualidade, colhendo as declarações necessárias
para caracterizá-la. Sintomático é o fato de que nenhum dos signatários do abaixo-
assinado que deu origem ao auto de flagrante, tenha sido ouvido pela
autoridade policial, pois a partir daí se poderia caracterizar a habitualidade.

Sintomática também é a circunstância de que a "comissão dos interessados" no


documento de fls.33/34 menciona os hotéis que se dedicam à prostituição, sem
se referir ao hotel da paciente.

A deflagração da ação penal contra a paciente, nestas condições, mostra-se deveras


injusta, demandando o seu trancamento.

Os constra ngimentos de que a paciente foi vítima, todavia não se limitam à fase policial.
Chegando o flagrante a juízo, após a correta manifestação sobre
a homologação do flagrante, o ilustre juiz abriu vistas ao órgão ministerial. Nesta
oportunidade o doutor Promotor, obrigatoriamente, conforme examinado
na nota de rodapé 12 deveria ter se pronunciado sobre a concessão ou não da liberdade
provisória, por se tratar de direito subjetivo do réu. Opinando,
ao revés, pela concessão da fiança, sem manifestar-se acerca da liberdade provisória,
ocorreu a primeira irregularidade em juízo. A segunda decorre da
decisão do doutor juiz, que concedeu liberdade provisória mediante fiança arbitrada em
três salários mínimos { fls.122/123}.

Ora, não tendo a autoridade policial juntado aos autos elementos que autorizariam a
decretação da prisão em flagrante, a concessão da liberdade provisória
sem o pagamento de fiança é um direito subjetivo da paciente, que não poderia ser
negado.

Deve, pois, a elevada fiança paga ser-lhe restituída.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente ordem, a fim de ser
trancada a presente ação penal e restituída a fiança.

Florianópolis, 30 de setembro de 1992.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas corpus nº 10.612, de Joinville


ACORDAM, em Primeira Câmara Criminal, por unanimidade, conceder a ordem.

EMENTA: 16 " Habeas corpus - Falta de justa causa para a ação penal - Inquérito policial
que não demonstra, sequer em tese, a ocorrência de prática delitiva.
Ordem concedida."

17

HC11037.JO
I

Trata-se de habeas corpus impetrado em causa própria por J. C. Y., J. A. DE S. e E. DOS


S. A., que na Comarca de Joinville estão sendo processados pelo
crime de roubo qualificado.

Insurgem-se os pacientes- impetrantes contra a demora na tramitação do feito,


argumentando excedido o prazo para a instrução do feito, eis que estão custodiados
desde a data da prisão em flagrante, ocorrida em 6 de novembro de 1992.

A ordem não está a ensejar deferimento.

Através do expediente de fls. 12, o doutor juiz informa que o feito já recebeu as alegações
finais da acusação, aguardando tão somente a inclusão das alegações
da defesa.

Não ocorre, portanto, coação no tocante à demora na instrução criminal.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento do presente pedido.

Florianópolis, 16 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO: Habeas corpus n. 11.037, de Joinville. DECISÃO: por votação unânime,


denegar a ordem.

EMENTA: Constrangimento ilegal - Excesso de prazo na formação da culpa - Possível


coação já superada. Ordem denegada. Em tema de excesso de prazo, considera-se
sanado o constrangimento ilegal imposto ao paciente quando a instrução do processo
retorna a sua marcha normal ou quando se encontra praticamente concluída.
(DJSC n. 8.800, de 5.8.93, pág. 6)

18 p>COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de R. H. M., que na Comarca de Santo


Amaro da Imperatriz está sendo processado por crime de furto qualificado.

Insurge-se o impetrante contra a manutenção da prisão do paciente, argumentando que a


fluência de aproximadamente um ano entre a assinatura do decreto de
prisão preventiva e o seu cumprimento, estaria a desautorizar a custódia.
A presente ordem não está a ensejar provimento.

Examinando-se o decreto de prisão preventiva de fls. 13/15, constata-se que o doutor juiz
fundamentou amplamente a necessidade da decretação da custódia,
não somente a bem da ordem pública, em face da habitualidade na prática de crimes
contra o patrimônio, como também na garantia da aplicação da lei penal,
tendo-se em vista, não somente a fuga do paciente, mas também diante da circunstância
de ter fornecido endereço e idade falsos.

A demora no cumprimento do mandado de prisão, longe de favorecer o paciente, como o


pretende a defesa, pelo contrário, o desfavorece, eis que a delonga
deveu-se à evasão do acusado.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 16 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA ACÓRDÃO: Habeas corpus


n.11.061, de Santo Amaro da Imperatriz. DECISÃO: por votação unânime, denegar a ordem.

EMENTA: Habeas corpus - Alegado constrangimento ilegal - Não reconhecimento. Não


pode alegar constrangimento ilegal, paciente que se evade do distrito da
culpa, sendo preso um ano depois, por força de cumprimento de mandado de prisão. A
circunstância de ser primário, e de bons antecedentes, quando ocorrentes,
não obriga a que o réu responda a processo-crime em liberdade, cuja subjetividade fica ao
arbítrio do Magistrado, que próximo dos fatos, melhor conhece
as circunstâncias do delito e de seu autor. Ordem denegada. (DJSC n. 8.800, de 5.8.93,
pábg. 6)

HC11067.PIC

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de A. A. P., que na Comarca de Piçarras foi
condenado por crime de furto.

Insurge-se o impetrante contra a revogação do sursis, que teria sido efetuada ao arrepio
das normas legais, como a falta de oitiva do paciente.

A presente ordem está a ensejar deferimento.

Realmente, examinando-se os autos, constata-se uma série de equívocos na condução da


audiência admonitória, que culminaram na indevida prisão do paciente.

Diz o doutor juiz nas suas informações de fls. 41:

"Que o apenado compareceu à audiência admonitória, onde aceitou as condições do sursis


assinando o respectivo termo, conforme cópia anexa."

Em seguida, nas mesmas informações, o magistrado afirma:

"O apenado não compareceu, descumprindo as condições impostas."


Afinal, o apenado compareceu ou não compareceu à audiência admonitória?

Evidente que sim. Examinando-se o documento de fls. 19, verifica-se que no mesmo dia
em que o paciente foi posto em liberdade, ele compareceu a juízo, onde,
em sessão solene, foi cientificado das condições do sursis impostas na sentença, e
expressamente advertido das conseqüências de seu descumprimento, aceitando-as
e assinando o termo de compromisso.

Ora, este ato de solene advertência reveste-se de todas as condições da audiência


admonitória.

Não tem sentido, assim, a tentativa de repetição da audiência de advertência, já que o


compromisso do paciente de cumprir as condições do sursis fora solenemente
firmado.

Adquiriu, o paciente, através deste ato, o direito ao usufruto do sursis. A partir daí, o
sursis somente poderia ter sido desconstituído, se ocorrida alguma
das condições de revogação obrigatória (art. 81 CP) ou de revogação facultativa (art. 81, §
1º CP).

O despacho de fls. 29, que suspendeu o benefício, é de todo ilegal. Em primeiro lugar, não
existe suspensão de suspensão. Se, de outra parte, a intenção
era revogar, então esta revogação seria de todo inviável, por não se adequar aos princípios
legais.

Nem mesmo o arremedo que consta do mandado de prisão de fls. 30 "por ter sido
suspenso o benefício do sursis, face o mesmo não ter cumprido rigorosamente
as condições que lhe foram impostas em 31.7.91, quando da sua soltura...", não enseja a
revogação, porque, além de não constar dos autos qualquer violação
das condições, não se revoga o sursis sem antes ouvir a defesa (RT 620/631).

Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente ordem, para revogar a
prisão do paciente.

Florianópolis, 27 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

20

COLENDA CÂMARA

Trata-se habeas corpus impetrado em favor de M. C. T., que na Comarca de Joinville está
sendo processado pelo crime de tráfico de meia tonelada de maconha.

Insurge-se o impetrante contra a manutenção da custódia do paciente, argumentando estar


ocorrendo excesso de prazo na instrução criminal.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.


Colhe-se das informações prestadas pelo doutor Juiz que em data de 16.2.93 foi preso em
flagrante com outros três cumplices, pelo tráfico de quinhentos
quilogramas de maconha.

A demora na tramitação do feito deveu-se, principalmente, à demora na apresentação das


defesas prévias, a última delas apresentada tão somente na data de
15 de junho do corrente ano.

Demais disso, trata-se de delito de enorme repercussão, cuja apuração resulta


normalmente dificultada, não somente pela multiplicidade de réus, como também
em decorrência da circunstância de se tratar de crime interestadual, com testemunhas a
serem ouvidas por precatória.

Diante de todo o exposto, opinamos pelos indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 16 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas Corpus n. 11074, de Joinville. DECISÃO: por votação unânime, denegar a ordem.

EMENTA: 20 Habeas corpus. Tráfico de entorpecentes. Motivos para a segregação


provisória ainda presentes, independentemente dos requisitos de primariedade,
bons antecedentes, emprego e residência fixas, elementos que por si dó, em se tratando de
delitos inaficançáveis, não ensejam a concessão de alvará de
soltura. Excesso de prazo para a formação da culpa. Demora para a conclusão do feito
atribuída à expedição de precatória inquiritória e postergação, por
parte das defesas, na entrega das prévias.(DJSC n. 5.8.93, pág. 7)

21

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em causa própria por V. F., que na Comarca de
Mafra foi condenado a três anos de reclusão, pela prática do crime tipificado
no artigo 213 do Código Penal Brasileiro.

Insurge-se o paciente- impetrante, contra a regressão de regime prisional.

Não há constrangimento a ser saneado pela via do remédio heróico.

Através das informações prestadas pelo doutor juiz a quo, constata-se que o paciente-
impetrante, por descumprir as condições do regime aberto que lhe fora
concedido na sentença, teve decretada a regressão para o regime fechado, eis que por dez
dias não comparecia à Cadeia Pública local para recolhimento noturno.

Esta regressão operou-se dentro das garantias legais, com observância do disposto no
artigo 118, § 2º da Lei 7.210/84, com a intervenção de seu defensor
constituído.

Não há, assim, constrangimento a ser saneado pela via do habeas corpus.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo não conhecimento da presente ordem.

Florianópolis, 22 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO:

Habeas corpus n. 11.083, de Mafra. DECISÃO: por votação unânime, não conhecer do
pedido.

EMENTA: Habeas Corpus. - Regressão de regime de cumprimento de pena - Apenado


que não cumpriu as condições que lhe foram impostas - Decisão afeta ao Juízo
das Execuções Penais. ( DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 6)

22

22 HC11084.MAF

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em causa própria por A. V. e J. N. K., que na


Comarca de Mafra foram condenados, cada qual, a dois anos, seis meses
e dez dias de reclusão e 17 dias- multa, pela prática de furto qualificado, aplicada a causa
especial de aumento de pena do crime continuado.

Objetivam os pacientes- impetrantes a decretação de suas absolvições, através do exame


das provas dos autos.

A presente ordem não está a ensejar deferimento.

Consoante se depreende das informações prestadas pelo doutor juiz a quo, os pacientes
foram condenandos, em decisões já transitadas em julgado, e que não
ensejaram o benefício de recurso em liberdade, em face dos péssimos antecedentes
(participação em roubos e homicídio).

Nenhum constrangimento ilegal, portanto, em suas custódias.

Quanto ao pretendido exame da prova, o remédio heróico, conforme iterativa


jurisprudência, não é o meio apropriado.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 22 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ
] PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas corpus n. 11.084, de Mafra. DECISÃO: à unanimidade, não conhecer da


impetração, por incabível, na espécie.

EMENTA 22. Habeas Corpus - Furto qualificado - Exame aprofundado da prova -


Inadmissibilidade - Sentença condenatória transitada em julgado - Inviabilidade
da via escolhida. (DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 6)

23

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de B. S. DE O. F., que na Comarca de


Itajaí responde a processo pela prática de crime de estelionato, na forma
tentada.

Insurge-se o impetrante contra a negativa de liberdade provisória, argumentando reunir


condições para o benefício.

A presente ordem está a ensejar deferimento.

Examinando-se as peças acostadas, constata-se que da evidência colhida não se verifica a


necessidade de manutenção da custódia do paciente, eis que não
estão presentes os elementos citados do despacho de fls. 13: necessidade da custódia a
bem da garantia da aplicação da lei penal e a bem da instrução criminal.

Quanto a este último requisito, nada há nos autos a demonstrar que o paciente estaria
obstacularizando a marcha processual, ou interferindo nas provas,
pressionando testemunhas, etc.

Quanto à necessidade da prisão para garantia da aplicação da lei penal, igualmente


verifica-se inexistir a motivação invocada, vez que o paciente está radicado
ao distrito da culpa, com profissão e emprego definidos.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente ordem, para que o
paciente possa aguardar em liberdade o desfecho da instrução criminal.

Florianópolis, 29 de julho de 1993.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO: Habeas corpus n. 11.086, de Itajaí. DECISÃO: por votação unânime,


conceder a ordem.

EMENTA: 23. HABEAS CORPUS - PRISÃO EM FLAGRANTE - TENTATIVA DE


ESTELIONATO - PACIENTE PRIMÁRIO, SEM REGISTRO DE ANTECEDENTES -
NEGATIVA DE LIBERDADE PROVISÓRIA
INVOCANDO- SE RAZÕES QUE AUTORIZARIAM A DECRETRAÇÃO DA
PRISÃO PREVENTIVA - INOCORRÊNCIA, NO CASO ORDEM CONCEDIDA.(DJSC, n.
8.826, de 27.8.93, pág.7).

24

PRISÃO PREVENTIVA. Decretação que se arrima unicamente em requerimento do


Delegado
de Polícia, sem nenhum amparo no caderno indiciário. Ordem de habeas corpus a ser
deferida.

24. EGRÉGIA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de G. L. A. D. S., que se encontra preso


preventivamente na Comarca de Brusque. Insurge-se o impetrante contra
a decretação da medida coercitiva excepcional, argumentando carecerem os autos dos
elementos imprescindíveis à sua caracterização, além de argüir a nulidade
da respeitável decisão, por falta de fundamentação.

A ordem está a ensejar deferimento. No exame do processado, nenhum elemento desponta


a evidenciar a necessidade da decretação da prisão provisória. Não
vislumbramos, em toda a evidência colhida na instrução preliminar, qualquer situação que
se enquadre num dos requisitos do artigo 312 do Código de Processo
Penal.

De outra parte, tem inteira razão o impetrante ao apontar a nulidade do decreto de prisão
preventiva.

Na verdade, a decisão é omissa no tocante à fundamentação da necessidade da prisão


provisória.

O ilustre prolator do despacho impugnado, não encontrando elementos na peça


informativa para fundamentar a medida coercitiva, pretende arrimar sua decisão
na manifestação da autoridade policial que solicita a decretação da custodia.

Os motivos invocados pelo Senhor Delegado de Polícia no Ofício de nº 24/92 (fls. 75),
todavia nenhuma ressonância encontram no caderno indiciário.

A revolta da comunidade com o fato criminoso a ponto de colocar em perigo a vida do


indiciado, é uma conjectura que não encontra suporte nos elementos trazidos
ao mundo dos autos.

O ilustre magistrado, possivelmente antevendo a falibilidade de sua decisão, por falta de


amparo fático, justifica a medida, trazendo à colação Acórdão
do Pretório Excelso, no sentido de que,

''...não invalida o despacho de prisão preventiva a circunstância de o juiz haver se


reportado a elementos oferecidos na representação da autoridade policial...''
(fls. 76)
Este julgado, na verdade, é inaplicável à espécie, onde os autos de inquérito nada trazem
em amparo ao entendimento da autoridade policial.

Seria o caso de contrapor o ilustre entendimento com outra decisão do Pretório Excelso:

''...não se pode considerar como fundamentação o despacho que, em algumas linhas, a


decreta, mediante simples remissão a uma peça do processo...''(RT 57/755)

É exigência perene da Doutrina e Jurisprudência que o Juiz tem o dever de fundamentar a


prisão preventiva, demonstrando, com base em elementos fáticos,
a necessidade da custodia.

Na espécie, inexistem nos autos os elementos que autorizem a decretação da prisão


preventiva. Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente
ordem, com a finalidade de ser anulado o decreto de prisão preventiva.

Florianópolis, 13 de março de 1992.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas corpus nº 10.324, de Brusque. (Diário da Justiça nº 8.477, de 9.4.92, pág.121).

ACORDAM, em Segunda Câmara Criminal, por votação unânime, conceder a ordem.

EMENTA: "HABEAS CORPUS. ORDEM IMPETRADA CONTRA DECRETO DE


PRISÃO PREVENTIVA NÃO FUNDAMENTADO. A PRISÃO PREVENTIVA É MEDIDA
EXCEPCIONAL E SÓ PODE SUBSISTIR
QUANDO SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADA. ORDEM CONCEDIDA."

25 BR>

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de L. G. D'Á., que na Comarca de Biguaçú


está sendo processado pelo crime de tráfico de tóxico.

Insurge-se o impetrante contra a demora na instrução criminal.

A presente ordem deve ser indeferida.

Colhe-se do processado, que o paciente está sendo processado por tráfico de


entorpecentes, materializado na expressiva quantidade de 350 quilos de maconha.

O alegado excesso de prazo inocorreu. Tendo a denúncia sido recebida em 4 de agosto de


1982, não se vislumbra procrastinação na marcha processual, tendo
em vista a complexidade do caso.

Ademais, se alguma dificuldade ocorreu na tramitação do processo, a demora deu-se por


exclusiva responsabilidade da defesa, que argüiu a incompetência de
juízo. Não pode, agora, pretender invocar a demora a que tenha dado causa.

Registre-se, finalmente, que o decreto de prisão preventiva fundamenta amplamente a


necessidade da medida coercitiva.

Florianópolis, 10 de novembro de 1992.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO Habeas corpus nº 10.697, de Biguacú. ACORDAM, em segunda Câmara


Criminal, por unanimidade, denegar a ordem.

EMENTA: 25. "Habeas corpus. Excesso de prazo na formação da culpa. Ordem


denegada. Se o paciente se encontra preso por mais tempo do que a lei determina
por culpa única e exclusiva da defesa, não cabe à mesma pretender invocar a demora que
tenha dado causa."

26 HABEAS CORPUS. CRIME MILITAR. ARTIGOS 163 E 202 DO CÓDIGO PENAL


MILITAR. DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA. POSSIBILIDADE.

COLENDA CÂMARA Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de L. S., que está
sendo processado na Auditoria da Justiça Militar do Estado de Santa Catarina,
por incurso nas sanções dos artigos 202 e 163 do Código Penal Militar.

Insurge-se o impetrante contra a decretação da prisão preventiva do paciente, chamando a


atenção quanto à tardia imposição da custódia, ocorrida quase sete
meses após os fatos, e argumentando com a sua desnecessidade.

A ordem não está a ensejar deferimento.

A decretação da medida coercitiva ocorreu no momento apropriado. Em primeiro lugar,


não há confundir prisão em flagrante e prisão preventiva. Em sede de
prisão preventiva, inexiste o requisito temporal, apenas o exame de sua necessidade.

Na verdade, o lapso temporal ocorrido entre o fato e a decretação da medida coercitiva


revela a segurança com que se fez a decretação. Ao invés de ser uma
medida precipitada, a decretação somente ocorreu após a realização da sindicância
preliminar e após concluído o IPM.

Igualmente não é correta a afirmação de que a segregação do paciente seja uma medida
tardia. O mesmo esteve preso em várias oportunidades ao longo das apurações
administrativas, sendo, especificamente punido com 15 dias de prisão quando da
conclusão da sindicância, em 24 de março de 1992 (fls. 19), e com 4 dias
de detenção, em 31 de julho de 1992, quando da conclusão do Inquérito Policial Militar
(fls.61). A prisão judicial, portanto, segue apenas uma seqüência
lógica, desde que presentes os requisitos da necessidade da medida.

A necessidade da prisão preventiva vem evidenciada na fundamentação do despacho (fls.


79), e na evidência que figura nos autos.
Cumpre não perder de vista, que se trata de crime militar, onde a prisão provisória assume
características próprias, por estar em jogo a imagem duma Instituição,
cuja eficiência reside justamente na credibilidade que possa transmitir à população.

Não restam dúvidas que a prisão do paciente é necessária, frente ao seu procedimento que
coloca em risco a atividade policial na comunidade onde atua.

Além da necessidade da custódia para manter os princípios de hierarquia e disciplina


militares, como muito apropriadamente o demonstrou o doutor Juiz em
seu despacho, a conduta militar, positivada na certidão de fls. 78 verso, revela que a ação
criminosa do paciente foi uma reiteração e conseqüência lógica
das inúmeras ações anteriores que deslustram a atividade militar.

Ingerindo bebida alcoólica quando em escolta de preso, apresentando-se embriagado em


policiamento ostensivo, freqüentando bares fardado, são situações de
conduta que demonstram que os fatos criminosos descritos na denúncia, longe de se
constituírem em situações episódicas, como o quer o impetrante, são,
na verdade, uma constante na vida funcional do paciente.

A sua segregação, enquanto sob disciplina militar, é medida, portanto, que se impõe.

Florianópolis, 5 de novembro de 1992.

NÉLSON FERRAZ

PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas corpus nº 10685, da Capital.

ACORDAM, em Primeira Câmara Criminal, por votação unânime, denegar a ordem.

EMENTA: 26" Habeas corpus. Policial Militar. Prisão preventiva. Alegativa da


desnecessidade da medida tardamente imposta. Má conduta disciplinar e insubordinação.
Necessidade da custódia face aos princípios de hierarquia e disciplina militares.
Denegação da ordem."

27. HABEAS CORPUS.TRÁFICO DE TÓXICOS EM CONCURSO MATERIAL COM


CONTRAVENÇÃO PENAL. TESTEMUNHAS DE DEFESA OUVIDAS POR PRECATÓRIA.
EXAME DE SANIDADE MENTAL.

COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado de próprio punho por P. E. N. M., que na Vara
Criminal e Feitos da Fazenda da Comarca de Tubarão está sendo processado
por incurso nas sanções do artigo 12 da Lei de Tóxicos em concurso material com o delito
previsto no artigo 19 da Lei das Contravenções penais.
Insurge-se o impetrante- paciente contra o excesso de prazo na tramitação do feito,
pretendendo que possa aguardar em liberdade o julgamento do feito, eis
que se encontra preso em decorrência de flagrante.

A ordem não está a ensejar deferimento.

Conforme se constata através do exame das informações prestadas pelo doutor juiz a quo,
com base nas peças que as acompanham, a demora na tramitação deveu-se
ao exame de sanidade mental do acusado, que o ilustre magistrado houve por bem
determinar, em face das declarações do acusado por ocasião do interrogatório,
onde o mesmo se intitula dependente ao uso de drogas.

Contribuiu, igualmente, para a demora na tramitação do feito a circunstância de a maioria


das testemunhas - inclusive de defesa - terem que ser ouvidas
por precatória.

A maior elasticidade na tramitação do feito, portanto, foi normal.

De qualquer forma, diante da circunstância de o feito já ter superado a fase instrutória,


tendo inclusive já sido ofertadas as alegações finais do órgão
do Ministério Público, qualquer irregularidade já resultou superada.

Ademais, em face das circunstâncias do crime hediondo, e do arsenal encontrado em


poder do paciente quando de sua prisão, a manutenção da custódia é indicada
na espécie.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem.

Florianópolis, 16 de outubro de 1992.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas corpus nº 10.658, de Tubarão

ACORDAM, em Segunda Câmara Criminal, por decisão unânime, denegar a ordem.

EMENTA: 27. "HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE ATRASO NA INSTRUÇÃO


PROCESSUAL. SITUAÇÃO DECORRENTE DAS PRÓPRIAS CONDIÇÕES DO PROCESSO
QUE OBRIGARAM A EXPEDIÇÃO
DE DIVERSAS CARTAS PRECATÓRIAS INQUIRITÓRIAS DE TESTEMUNHAS
ARROLADAS INCLUSIVE PELA DEFESA E EFETIVAÇÃO DE EXAME DE
DEPENDÊNCIA TOXICOLÓGICA NO PACIENTE.
INSTRUÇÃO CONTUDO CONCLUÍDA, NO AGUARDO DE RAZÕES FINAIS
PARA QUE SENTENCIADO. DIFICULDADES SUPERADAS. MARCHA PROCESSUAL
NORMALIZADA. ORDEM DENEGADA."

28. DENÚNCIA. INÉPCIA. Ausência de descrição da ação delituosa que teria sido
praticada pelo indiciado. Habeas corpus a ser deferido para trancar a ação
penal.
COLENDA CÂMARA

Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de V. R., que na Primeira Vara Criminal da
Comarca de Criciúma está sendo processado, em concurso material,
nas sanções do crime tipificado no artigo 129, caput, do Código Penal Brasileiro.

Insurge-se o impetrante contra a instauração da ação penal contra o paciente, objetivando


o trancamento da ação penal por inépcia da denúncia.

A ordem deve ser deferida.

Consoante o demonstra com muita propriedade o ilustre subscritor da impetração, doutor


Paulo Vieira Aveline, a denúncia padece dos requisitos essenciais
à sua validade, pois a narrativa do fato delituoso, em relação ao paciente, carece da
menção da pessoa que o praticou (quis), os meios empregados (quibus
auxilis), o malefício produzido (quid),os meios que empregou (quibus) para isso (cur), e o
tempo (quando).

Na verdade, a denúncia nenhuma descrição faz no tocante à ação delituosa que teria sido
praticada pelo paciente.

Isto, sem dúvida alguma, a torna nula, submetendo o paciente a constrangimento ilegal, e
cerceando a sua defesa.

Em estudo por nós efetuado em relação ao tema, já tivemos a oportunidade de dizer:

'' 1.1. A descrição do fato e os fundamentos jurídicos da acusação, expostos com clareza e
precisão, de modo que o réu possa preparar a sua defesa. Exige-se
o enquadramento da conduta humana na tipicidade prevista pela norma legal
incriminadora.Há que ser e demonstrado que o fato da vida real se ajusta ao modelo
abstrato previsto em lei.

Embora o artigo 41 do Código de Processo Penal utilize a expressão fato criminoso com
todas as suas circunstâncias, não deve aqui ser interpretado que da
exordial deva constar a descrição das circunstâncias judiciais e legais. Quando o
dispositivo faz menção a circunstâncias, evidentemente quer se referir
àqueles elementos imprescindíveis à caracterização do tipo penal. Já as circunstâncias
judiciais e legais , por integrarem os tipos penais, prescindem
de menção na petição inicial criminal. Não seria de boa técnica referí-las na exordial,
onde apenas devem vir descritos -se bem que de forma ampla - os
elementos imprescindíveis à caracterização do tipo penal.

Já o mesmo não acontece quando se trata das causas especiais de aumento de pena e das
causas especiais de diminuição (quando obrigatórias) de pena. Estas
devem ser descritas e classificadas na peça preambular, não somente por terem o condão
de poderem situar a pena para além ou aquém dos limites legais,
mas também, por se tratarem de condições ou predicamentos normalmente não
compreendidos na órbita de um tipo penal, tanto assim que o Código Penal as caracteriza
expressamente, descrevendo-as em diversos dispositivos da Parte Geral e da Parte
Especial, toda vez que admita a sua incidência.'' Como se constata através
do exame da denúncia de fls. 9/10, nenhuma menção se faz à ação que teria sido praticada
pela pessoa do denunciado. Embora inexistam regras rígidas quanto
narrativa a ser efetuada na petição inicial criminal, imprescindível que a mesma obedeça
aquele mínimo necessário para que o réu possa preparar a sua defesa,
consoante estudo por nós efetuado:

'' 1.1.1.Aspectos da descrição do fato delituoso.

Passaremos agora à análise de algumas facetas ou caraterísticas desta descrição.


Primeiramente te cumpre esclarecer que não existem regras rígidas no referente
à forma pela qual se deva efetuar a descrição do fato delituoso.

O importante é que a descrição do fato da vida real se ajuste ao paradigma típico abstrato
previsto na lei penal, em todos os seus requisitos. Significa
isto que todos os elementos caracterizadores de um determinado tipo penal abstrato
devem estar compreendidos na descrição da ação concreta do agente. Deve
aqui ser perquirido, com apoio nos doutrinadores, quais os elementos que compõem um
dado tipo penal, para, em seguida se verificar se a ação praticada
pelo acusado se ajusta a todos os elementos deste tipo.

Na descrição do fato delituoso, não deve ser empregado o nomen iuris mas sim a ação, o
verbo que o caracteriza. Desse modo, ao denunciar-se um crime de
furto, a petição não diria que o réu furtou e sim que subtraiu.''

Como se constata, a denúncia padece de inépcia, por não descrever os fatos praticados
pelo denunciado.

De se assinalar, que se o ilustre subscritor da exordial acusatória, no seu convencimento,


houvesse considerado suficientes os elementos constantes da peça
informativa para denunciar o paciente, deveria narrar estas ações do réu, , como por
exemplo, aquelas constantes a fls. 35 verso.

Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente ordem, a fim de ser
trancada a ação penal contra o paciente.

Florianópolis, 25 de março de 1992.

NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO

Habeas corpus nº 10.334, de Criciúma. (Diário da Justiça de 6.5.92, pág.05)

ACORDAM, em Primeira Câmara Criminal, por votação unânime, conceder a ordem para
trancamento da ação penal.

EMENTA 28 "HABEAS CORPUS - Lesões corporais - Pretendido trancamento da ação


penal sob alegação de inépcia da denúncia que não descreveu os fatos imputados
ao paciente - Pretensão procedente - Denúncia omissa quanto à participação do paciente -
Ordem concedida. -Quando a denúncia é dirigida contra dois ou
mais acusados, imputando-lhes a prática do mesmo delito, é imprescindível que descreva
a participação de cada um deles, permitindo-lhes, assim, o amplo
exercício de suas defesas."

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