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O PROJETO POLITICO PEDAGOGICO E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL COM ENFASE NAS CRIANÇAS COM DEFICIENCIAS


MULTIPLAS

RESUMO – O processo de gestão democrática de um instituição escolar se efetiva primeiramente na


construção de seu Projeto Politico-pedagógico, sendo pois este um instrumento poderoso de organização
do trabalho pedagógico nas sua varias dimensões, além disso contribui significativamente para a
construção de uma consciência coletiva de cidadania na comunidade escola. Neste sentido o presente
artigo aborda a temática: a revisão do PPP da escola de Educação infantil e a sua relação com a
educação inclusiva com foco nas crianças que apresentam necessidades educacionais especiais. A
realização deste trabalho permitiu chegar a alguns resultados com o: a comunidade escolar precisar ter
maior interatividade e participação na tomada de decisões da escola, e observar até que ponto a
educação inclusiva encontra-se inserida no PP e concretizada na ação pedagógica escolar, além de ver
concretamente que a escola possui uma infraestrutura adequada para permitir a inclusão dos alunos com
Necessidades Educacionais Especiais.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão Democrática. .Projeto Politico Pedagógico. Educação Inclusiva..

1 INTRODUÇÃO

O PPP constitui-se um caminho onde a comunidade escolar se orienta para


juntos construirmos uma escola democrática, que corresponda aos anseios de todos
que dela participam e, considerando que todo processo de construção deve ser um
exercício coletivo, com a participação ativa e crítica de todos, onde requer uma
consciência da comunidade envolvida no sentido de que jamais pode se falar em algo
pronto, acabado e definitivo, mas sim em algo que necessita ser revisado regularmente,
uma vez que precisa conter o compromisso maior de contribuir para uma educação
cidadã de qualidade, enfatizando sempre o caminho do planejamento participativo.
Nesse sentido, a finalidade deste trabalho é propor uma analise do processo de
reelaboração/atualização no projeto político pedagógico nas escolas de Educação
infantil no que se refere aos itens que se encontram desatualizados, tais como a
questão da inclusão do ensino de nove anos.
Este processo de revisão é norteado pelos princípios da participação coletiva e,
no que se refere ao PPP Veiga (1995) esclarece que “Um projeto político pedagógico,
ultrapassa a dimensão de uma proposta pedagógica. É uma ação intencional, com um
sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente.” Por isso mesmo este
processo deve ser compreendido como um momento ímpar para a participação de
todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem da escola.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais a expansão da educação
no Brasil tem ocorrido de forma crescente nas ultimas décadas, acompanhando a
intensificação da urbanização, a participação da mulher no trabalho e as mudanças na
organização e estrutura das famílias. Por outro lado, a sociedade esta mais consciente
da importância das experiências da primeira infância, o que motiva demandas por uma
educação institucional para crianças de zero a seis anos.
A conjunção desses fatores ensejou um movimento da sociedade civil e de
órgãos governamentais para que o atendimento às crianças de zero a seis anos fossem
reconhecidos na Constituição Federal de 1988. A partir de então, a educação infantil
em creches e pré-escolas passou a ser, ao menos do ponto de vista legal, um dever do
Estado e um direito da criança (artigo 208, inciso IV).
O Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, destaca também o direito da
criança a este atendimento. Reafirmando essas mudanças, a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, Lei Nº 9394, promulgada em dezembro de 1996, estabelece de
forma incisiva o vinculo entre o atendimento às crianças de zero a seis anos e a
educação.
Desse modo, a educação infantil só passou a ser reconhecida na Constituição
Federal em 1988 e com pouca ênfase. Com o projeto de Lei Nº 8.035/2010 relativo ao
Plano Nacional de Educação 2011-2020 afirma a obrigatoriedade da matricula de
crianças de quatro e cinco anos (pré-escola) na educação infantil em conformidade com
a Constituição Federal alterada pela Emenda Constitucional nº 59/2009.
As idéias a respeito da educação infantil, nos dias de hoje, centra em uma nova
visão de criança e em uma proposta educacional moderna, que vêm revisando o
atendimento destinado à faixa etária de zero a cinco anos. A educação infantil precisa
reconhecer e respeitar a especificidade de cada criança.
As formas de ensinar precisam ser adequadas às particularidades desse
educando, bem como, os procedimentos avaliativos, necessitam voltar-se para a
compreensão dos processos de apropriação e construção do saber, antes de ater-se a
conceitos e notas – tão frequentes nas demais etapas de escolarização.
É pois neste contexto que se insere a problemática deste artigo, ou seja, como a
educação inclusiva estar inserida no PPP da escola e como se concretiza na pratica
pedagógica dos professores. É importante considerar que Educação inclusiva se
caracteriza por representar uma oportunidade de acesso a educação formal aos alunos
que apresentam algum tipo de limitação, seja de ordem física, psíquica, intelectual ou
até mesmo mental.
Atualmente, muito se tem discutido acerca da inclusão de pessoas com
deficiência na escola, no trabalho e nos espaços sociais em geral, e isto se tem
propagado rapidamente entre educadores, familiares, líderes e dirigentes políticos, nas
entidades, nos meios de comunicação, mas na realidade este assunto não é um dado
novo, pois desde muito tempo atrás que surgiu a necessidade de se garantir o acesso
aos meios educacionais a todas as pessoas, e principalmente aos portadores de
necessidades educacionais especiais.
No Brasil existem leis e políticas educacionais definidas na LDB que asseguram
ao portador de necessidades educacionais especiais o acesso a educação de
qualidade. Na verdade, a Educação Inclusiva é uma educação para todos, em que o
objetivo é diminuir o índice da exclusão, ao criar condições, estruturas e espaços para
uma diversidade de educandos. Assim, a escola será inclusiva quando transformar, não
apenas a rede física, mas a postura, as atitudes e a mentalidade dos educadores, e da
comunidade escolar em geral, para aprender a lidar com o diferente e conviver
naturalmente com as diferenças.

2 BREVE HISTORICO DA DEFICIENCIA ATRAVÉS DOS TEMPOS

Durante longos anos as pessoas com deficiências passaram pelas mais cruéis
formas de discriminação e preconceito, seus direitos eram desrespeitados e, na maioria
das vezes, não eram se quer considerados como pessoais “normais”. Esta situação fere
os princípios da dignidade da pessoa humana. Essa tendência de não considerá-los
dentro de sua individualidade fazia parte de um contexto internacional, neste sentido
procura-se fazer um breve relato sobre como se deu a trajetória das pessoas com
deficiência através dos tempos,
É importante destacar que mesmo que algumas pessoas apresentem algumas
limitações físicas ou psicologias, não dever ser compreendidas como incapazes de
realizar determinadas ações, no entanto todos devem ser respeitados, de modo a poder
usufruir dos mesmos direitos e das mesmas garantias estabelecidas através de
ordenamento jurídico nacional e internacional, através de Leis, Decretos, Convenções
e Tratados.
Desde os tempos mais remotos as pessoas sempre tiveram dificuldades em se
relacionar e conviver com as diferenças. A diferença gera inquietações naquilo que é
considerado normalidade, e toda ameaça a normalidade gera exclusão. Foi assim
durante muito tempo, em relação as pessoas que apresentavam algum tipo de
deficiência, fosse de ordem física, psíquica ou mental. Durante muito tempo existia a
compreensão de que os indivíduos que apresentam algum tipo de deficiência eram
considerados ameaças a sociedade.
Dentro deste contexto, observa-se que nas sociedades primitivas o homem
buscava na natureza a satisfação de suas necessidades de sobrevivência, e

Como o atendimento das necessidades estava totalmente na dependência do


que a natureza lhes proporcionava, como, por exemplo, a caça, pesca, as
cavernas para abrigar-se etc., uma das características básicas destes povos era
o nomadismo. Ora, a natureza é cíclica, está totalmente fora do controle dos
homens e isso vai exigir deles deslocamentos constantes, razão pela qual é
indispensável que cada um se baste por si e ainda colabore com o grupo. É
evidente que alguém, portador de alguma deficiência natural ou impingida na
luta pela sobrevivência, acabe se tornando um empecilho, um peso morto, fato
que o leva a ser relegado, abandonado e sem que isso cause os chamados
sentimentos de culpa. (BIANCHETTI, 1995, p. 08-09).
Nem todos que formavam os primeiros grupos de indivíduos era perfeitos, alguns
apresentavam algum tipos de limitação tanto do ponto de vista físico, cognitiva ou até
mesmo sensorial, tal como afirma Silva “anomalias físicas ou mentais, deformações
congênitas, amputações traumáticas, doenças graves e de consequências
incapacitantes, sejam elas de natureza transitória ou permanente, são tão antigas
quanto a própria humanidade” (SILVA, 1987, p. 21)
De acordo com Gaio (2004), na Grécia havia um padrão de beleza e tudo aquilo
que fugia a esse padrão de beleza que influenciou quase todos os povos ocidentais, era
considerado feio, repudiado, deficiente. Na Roma Antiga, a situação também não era
diferente, haja vista que existia a Lei das Doze Tábuas permitindo que os pais
matassem seus filhos que nascessem defeituosos. A mesma situação ocorria em
Esparta, lá as crianças nascida e não consideradas normais eram jogadas no abismo
Taigeto.
No que se relaciona ao povo hebreu, eles viam que quem nascia com esta
condição defeituosa significava uma punição divina, e assim isso o impedia de assumir
qualquer tipo de liderança religiosa. Porem, os casos considerados de menor
gravidade, eram considerados inferiores e só podiam servir as cortes como bobos, cuja
finalidade era levar entretenimento a classe nobre destas sociedades.

Assim, quando não eram sacrificados, eram levados a prostituição e usados por
aqueles que se consideravam normais, para exemplificar essa situação Silva (1987, p.
130) esclarece que

Cegos, surdos, deficientes mentais, deficientes físicos e outros tipos de


pessoas nascidos com má formação eram também, de quando em
quando, ligados a casas comerciais, tavernas e bordéis; bem como a
atividades dos circos romanos, para serviços simples e às vezes
humilhantes. Tragicamente, esta prática repetiu-se várias vezes na
história, não só em Roma.
Destarte, a mudança de paradigma em relação às formas de tratamento dado as
pessoas com deficiências veio junto com o Cristianismo. Com a ascensão da Igreja
Católica, na idade Média a visão sobre as pessoas com algum tipo de deficiência
começou a mudar. Agora passaram a ser vistas como ser humano. O deficiente saiu da
condição de “coisa” para assumir a condição de “pessoa”. Tal fato resolveu a situação
de extermínio, no entanto continuava a margem da sociedade.
Vale ressaltar que as idéias humanistas da Revolução Francesa influenciou
bastante o modo de compreender que as pessoas com deficiências, precisavam não
apenas de hospitais ou abrigos, mas também de cuidados e atenção especializada. Foi
nesse período que se consolidou a necessidade de estudo sobre as causas e
problemas da deficiência (Silva, 1987)
Os dois grandes conflitos mundiais, 1ª e 2ª Guerra Mundial, contribuíram para
algumas inovações em relação aos deficientes, principalmente porque o resultado
destes conflitos deram origem a uma “grande população psicológica e fisicamente
afetada, convergiu os olhares para a necessidade de se desenvolver políticas que
reintegrassem estas pessoas à sociedade” (CARDOSO et al, 2014, p. 24).
Complementando esta discussão, vale ressaltar a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, assinada por várias nações, em 10 de dezembro de 1948, onde se
lê: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos [...] e têm direito à
educação”. Era então necessário ajustes no modo de ver, compreender e fazer
intervenções nas políticas publicas de modo que esta parcela da sociedade não ficasse
a mercê da própria sorte.
De acordo com Silva (1987) o advento da Revolução Industrial houve uma maior
aceitação da deficiência, pois “surge o interesse pela educação nos países
desenvolvidos, provocando o início do atendimento aos deficientes, bem como o
aparecimento da educação especial destinada a um movimento de inclusão escolar e
social”.(SILVA, 1987, p. 229).
3 A Importância Da Educação Inclusiva e o papel da Escola

Para se compreender a importância da Educação Inclusiva é necessário


conhecer uma parte do processo histórico de desenvolvimento e do significado daquilo
que consideramos inclusão e aprendi que no cenário educacional brasileiro, a LDB
9.394/96, o Plano Nacional de Educação (Lei 10.172/01) e as Diretrizes Nacionais para
a Educação Especial na Educação Básica (Resolução CNE/SEB nº. 02/01)
incorporaram os princípios e orientações da Declaração de Salamanca.
O objetivo da educação inclusiva não é apenas que todos os alunos se eduquem
juntos na escola comum, mas que vai mais além, busca assegurar sua permanecia em
sua família de origem e em sua comunidade, dessa forma a visão da educação é para
todos. O estado tem que promover a igualdade garantida os direitos e a integração dos
alunos especiais, definir o processo sócio cognitivo comportamental o estado da
inclusão exige motivação previa das pessoas para adquiri uma nova informação para
um novo olhar sobre a diferença.
A este respeito Baumel (1998, p. 35), esclarece que "a escola inclusiva permite,
na prática, evidenciar o fundamento de que todas as crianças devem aprender juntas,
com dificuldades ou diferenças que apresentam. Isso se reporta à elaboração de planos
que reconheçam e respondam às necessidades dos alunos”. Isto significa que a escola
deve estar voltada para os estilos e ritmos de aprendizagem dos alunos independente
de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras.
Aranha, no entanto afirma que
[...] alijando-se o aluno com deficiência da integração social, este perde em
desenvolvimento, enquanto a sociedade perde por não ter a oportunidade e a
possibilidade de aprender com uma significativa parcela de seus elementos
constitutivos, representados pelos “diferentes” segregados. Com isso, todos
perdemos consciência, em comportamento e, consequentemente, em
possibilidade de transformação (ARANHA apud CRUZ, 1996, p. 12)

Desse modo é possível afirmar que quando o professor realiza adaptações na


sua prática para contemplar um aluno com deficiência, a inclusão está sendo
proporcionada, no entanto os limites do aluno devem ser considerados e, para isso o
professor deverá ter um real conhecimento dos limites e possibilidades de seus alunos.
É importante considerar que a inclusão no ambiente escolar é, hoje, uma
necessidade e um direto do aluno e a cada dia ganha mais força dentro do contexto
educacional brasileiro. É pois dado ao aluno o direito de acesso a todos os mecanismos
educacionais e oportunidade de desenvolvimento integral e pleno
Para Pedrinelli (2002, p. 54):

Participar de um processo inclusivo é estar predisposto, sobretudo, a


considerar e respeitar as diferenças individuais, criando a possibilidade de
aprender sobre si mesmo e sobre cada um dos outros em uma situação de
diversidade de ideias, sentimentos e ações [...]

A escola deve se tornar um ambiente de inclusão sendo necessário varias


transformações tanto no espaço físico quanto no currículo escolar e, este aspecto da
inclusão "pressupõe, conceitualmente, que todos, sem exceção, devem participar da
vida acadêmica, em escolas ditas comuns e nas classes ditas regulares onde deve
ser desenvolvido o trabalho pedagógico que sirva a todos,
indiscriminadamente" (CARVALHO, 1998, p.170).
Desse modo, o papel do professor é de fundamental importância, sendo pois
necessário que dê a mesma oportunidade de estudo, independente de suas diferenças
individuais. Este pressuposto fica evidente nos estudos de Paulo Freire quando afirma
que
O ideal é que na experiência educativa, educandos, educadoras e educadores,
juntos ‘convivam’ de tal maneira com os saberes que eles vão virando
sabedoria. Algo que não é estranho a educadores e educadoras. (FREIRE,
2005, p. 58)

Isto significa que não basta apenas ter o professor, é preciso que ele seja
qualificado para o trabalho com os alunos com características diferenciadas e que se
encaixam dentro de uma deficiência, pensando sempre a educação como um todo e o
aluno como um sujeito que tem direito a aprendizagem escolar de qualidade e
significativa para sua vida.
De fato, a [...] a inclusão implica que todos os professores têm o direito de
esperar e de receber preparação apropriada na formação inicial em educação e
desenvolvimento profissional contínuo durante sua vida profissional (MITTLER, 2003, p.
35). O professor deve, assim esta preparado para o exercício da docência.
Segundo os estudos de Mantoan (2004, p. 39):
A inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora. Ela
provoca uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade institucional que,
por sua vez, abala a identidade dos professores e faz com que a identidade do
aluno se revista de novo significado. O aluno da escola inclusiva é outro sujeito,
sem identidade fixada em modelos ideais, permanentes, essenciais
(MANTOAN, 2004, p. 39).

Corroborando com estas ideias Ferreira e Guimarães (2003) deixam claro que,

[...] o processo de inclusão avança ao lançar um olhar para as pessoas com


deficiência como interlocutoras que desafiam as instituições escolares a inovar
suas concepções e práticas pedagógicas perante os processos de ensino e
aprendizagem desses alunos. (FERREIRA; GUIMARÃES, 2003)

Estes dois autores esclarecem que a educação inclusiva se torna um referencial


para mudanças de posturas na prática pedagógica e nos próprios sistemas de ensino,
uma vez que se torna necessário a garantia da inovação e o uso da criatividade a fim
de proporcionar ao aluno uma nova realidade educacional, acolhendo e fazendo-o
progredir nas suas limitações.

4 A Educação Inclusiva na Educação Infantil

“Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o


direito a sermos diferentes, quando a igualdade nos descaracteriza”.

E é com esse pensamento que faremos uma breve reflexão sobre o processo de
inclusão na Educação Infantil. Compreendida inicialmente como um status de doença e
de invalidez, a deficiência passou por muitos status, e várias respostas foram
oferecidas pela sociedade, desde a eliminação sistemática das crianças que
apresentavam alguma deficiência até a assistência pública. Este momento marca a
presença da Igreja na sua atenção, passando depois para o reconhecimento de direito
à assistência social.
Registra-se, ainda, o marco da postura beneficente e protecionista que, em certa
medida, escondia a rejeição. Seguiu-se a ênfase no tratamento da saúde enfatizando a
busca da cura e ausência completa do aspecto educacional. Mais tarde, com o início da
transição para o estado de direitos fundamentais que marca o início da percepção da
igualdade de oportunidades, teve a sua culminância com a valorização dos direitos
universais.
No estado de igualdade de oportunidades compreendeu-se que não bastava
apenas a garantia dos direitos fundamentais, mas a presença do Estado para promover
a igualdade de oportunidade de acesso a esses direitos. Do estado de direito passou-
se à concepção de integração, em que a opção pelo conceito de “norma”, ou
“normalização”, prepara o indivíduo para integrá-lo na sociedade, mas ainda marca a
deficiência.
No estado de inclusão, conceito mundial voltado para todas as minorias,
considerando a normalização na perspectiva da sociedade e das políticas, e não do
aluno, registra-se uma política em construção, que exige mudança de paradigma e de
mentalidade. Definido como um processo sócio cognitivo comportamental, o estado da
inclusão exige motivação prévia das pessoas para adquirir uma nova informação para
um novo olhar sobre a diferença.
A inclusão é algo tão resistente que foi preciso a mobilização de alguns
movimentos de alcance internacionais que produziram reações de grande importância
para a discussão e adoção de medidas concretas para compreensão da atenção às
pessoas com deficiências. Alguns deles marcaram o início de medidas legais para
garantia de direitos, com base no respeito à diversidade, esperada em toda sociedade.
Atualmente, o Brasil possui a legislação mais avançada para a atenção às
pessoas com necessidades educacionais especiais, embora isso nem sempre se
expresse como garantia desses direitos, ou seja, como realidade concreta ao alcance
de todos. A partir do levantamento estatístico do MEC (2005) é possível verificar que o
atendimento ao aluno com Necessidades Educacionais Especiais saltou de 337.326,
em 1998, para 640.317, em 2005. Deste total, 378.074 ainda estudam em escolas
especializadas ou em classes especiais e 262.243 em escolas regulares e em classes
comuns.
O trabalho pedagógico e ético com todos estes alunos pressupõe um bom
trabalho com eles, com os colegas e com as famílias, compreendendo toda a
comunidade escolar. Para isso, precisamos estar atentos e disponíveis para favorecer a
inclusão natural destes alunos na escola e na comunidade. São muitas e variadas às
necessidades educacionais apresentadas pelos alunos na sala de aula. Todas elas
exigem do professor atenção especial e efetiva, no sentido de ajudar o aluno a remover
as barreiras que, por ventura, venham surgir e que possam dificultar ou impedir o seu
processo de aprendizagem.
Para o atendimento adequado às necessidades educacionais de todos os alunos
é importante que lembremos que, além da compreensão dos direitos e conhecimento
das demandas de cada aluno, o professor precisa ter clara a importância do seu papel
de formador e educador. Para isso, ele precisa estar em sintonia com um conjunto de
ações que envolvem o domínio dos quatro pilares que fundamentam a educação: o
aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a ser e o aprender a conviver.
Diante da realidade vivenciada pelas escolas da rede publica de ensino em
relação as crianças com necessidades educacionais especiais o MEC no ano de 2001
elaborou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ao mesmo tempo
em que implementou neste referencial estratégias e orientações para a Educação de
Crianças com Necessidades Educacionais Especiais (BRASIL, 2001) com ênfase na
criação de uma escola que atenda a diversidade dos seus alunos desde a tenra idade.
Ainda neste referencial fica claro que algumas recomendações devem ser feitas
no atendimento as crianças com necessidades educacionais especiais, entre as quais
destacam-se:
- disponibilizar recursos humanos capacitados em educação especial/ educação
infantil para dar suporte e apoio ao docente das creches e pré-escolas ou
centros de educação infantil, assim como possibilitar sua capacitação e
educação continuada por intermédio da oferta de cursos ou estágios em
instituições comprometidas com o movimento da inclusão;
- realizar o levantamento dos serviços e recursos comunitários e institucionais,
como maternidades, postos de saúde, hospitais, escolas e unidades de
atendimento às crianças com NEE, entre outras, para que possam constituir-se
em recursos de apoio, cooperação e suporte;
- garantir a participação da direção, dos professores, dos pais e das instituições
especializadas na elaboração do projeto pedagógico que contemple a inclusão;
- promover a sensibilização da comunidade escolar, no que diz respeito à
inclusão de crianças com NEE;
- promover encontros de professores e outros profissionais com o objetivo de
refletir, analisar e solucionar possíveis dificuldades no processo de inclusão;
- solicitar suporte técnico ao órgão responsável pela Educação
Especial no estado, no Distrito Federal ou no município, como também ao
MEC/SEESP;
- adaptar o espaço físico interno e externo para atender crianças com NEE,
conforme normas de acessibilidade. (BRASIL, 2001, p. 24-26).

Esta é a garantia de que os direitos destas crianças devem ser respeitados, na


Escola de Educação Infantil já vem sendo feito um trabalho de conscientização da
comunidade escolar, assim como todo um processo de adaptação na estrutura física
da escola a fim de atender com qualidade a esta clientela.
Neste sentido é importante que a comunidade escolar tenha claro que ao
reformular o PPP os princípios da educação Inclusiva devem ser concretizados no
cotidiano da escola, haja vista que

Ao refletir sobre a abrangência do sentido e do significado do processo de


Educação inclusiva, estamos considerando a diversidade de aprendizes e seu
direito à equidade. Trata-se de equiparar oportunidades, garantindo-se a todos -
inclusive às pessoas em situação de deficiência e aos de altas
habilidades/superdotados, o direito de aprender a aprender, aprender a fazer,
aprender a ser e aprender a conviver. (CARVALHO, 2005, p.34).

Na verdade quando se fala em educação inclusiva, não se refere apenas a


inclusão de alguns, mas a inclusão de todos com suas particularidades e diversidade
seja cultural, racial, religiosa, política e, na educação infantil que colabora com o
desenvolvimento cultural do aluno, a inclusão deve funcionar como uma das mais
excelentes estratégias de ensino, tendo em vista que é neste universo de relações que
o aluno passa a estabelecer relações de respeito mutuo, internaliza e constrói valores
como solidariedade, igualdade, tornando a criança pensante e autônoma das suas
ações e atitudes na sociedade.

5 CONCLUSÃO

A Educação Especial numa perspectiva inclusiva ainda é um grande desafio para


a sociedade atual, haja vista que não basta existir uma legislação que garanta sua
efetivação, é necessário que se possa garantir a permanência do aluno com deficiência
na escola e assegurar que sua aprendizagem seja de qualidade.
A realização deste trabalho possibilitou o exercício de um novo olhar sobre a
instituição escolar, já que por seu caráter investigativo foi possível perceber que o PPP
propõe uma nova forma de organizar o trabalho escolar e pedagógico de forma a
superar as limitações e vencer os desafios e solucionar conflitos e entraves que
prejudicam o fazer pedagógico do professor e, assim cria uma nova rotina que a escola
aos poucos vai internalizando.
No entanto, esta organização deve acontecer de dentro para fora e, esta tarefa
não é nada fácil, ela requer concentração de esforços e esforços coletivos, haja vista
que uma comunidade escolar que não compreender a importância de seu projeto
pedagógico, também não busca a valorização do ato educativo e, em especial deve ter
a inclusão como o foco de seu trabalho pedagógico.
É importante acrescentar que este estudo permitiu uma reflexão sobre a postura
do professor da sala do AEE haja vista que permitiu compreender que compreendi a
importância deste profissional para a formação de habilidades e competências que os
alunos que apresentam algum tipo de deficiência precisam ter desenvolvidas para
poder exercer seu direito de cidadania e, possam realmente construir um aprendizado
que lhe seja útil na sal vida prática, pois a educação é um saber estratégico e como tal
deve ser construído e colocando em prática de forma crítica e reflexiva.

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