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A Arca da Aliança

(Hb.9.1-4)
Anísio Renato de Andrade
Deus ordenou a Moisés que fizesse um tabernáculo no deserto. Aquela foi a primeira
representação terrena do que poderíamos chamar de "casa de Deus". Ali seriam
realizados os cultos ao Senhor. Era no tabernáculo que se faziam os sacrifícios e as
orações sacerdotais. No seu interior estava, entre diversos utensílios, a Arca da
Aliança, que era um móvel de madeira, revestido com ouro puro. Sobre ela estava o
propiciatório, uma espécie de tampa em forma de coroa, também de ouro. Sobre essa
peça havia dois querubins de ouro batido, colocados um de frente para o outro e com
suas asas estendidas sobre a arca. Dentro dela foram colocados: um vaso com maná,
as tábuas da lei e a vara florescida de Aarão.
Enquanto que nos templos pagãos havia imagens dos falsos deuses, no tabernáculo
israelita havia a arca, que representava a presença de Deus.
Hoje, não existe mais um tabernáculo no deserto, nem um templo de pedras onde
Deus possa habitar. O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios, dizendo que os cristãos
são tabernáculos e templos do Senhor. (I Cor. 3.16 e II Cor. 5.1-4). Todas as pessoas
são, potencialmente, tabernáculos de Deus. Mas muitas são tabernáculos vazios, pois
não possuem a arca, não possuem a presença de Deus em seus corações. O que
seria do tabernáculo de Moisés no deserto sem a arca da aliança? Talvez pudesse ser
confundido com um circo ou com uma tenda qualquer. É a arca que faz a diferença. É
a presença de Deus em nós que justifica nossa existência e dá sentido à nossa vida.
Os objetos colocados no interior da arca nos fazem refletir sobre o que deve haver no
nosso interior:
- O maná - Este foi o alimento que Deus enviou para o povo no deserto, ao qual
chamavam de "pão do céu". No evangelho de João, capítulo 6, o próprio Jesus se
compara ao maná, dizendo: "Eu sou o pão que desceu do céu." Para que a presença
de Deus possa estar na vida de qualquer pessoa, o primeiro passo é receber o Senhor
Jesus como Salvador. Não existe outra maneira de se estabelecer a aliança com
Deus. Não há nada que alguém possa fazer para se aproximar de Deus, a não ser por
meio de Jesus Cristo. Assim como o maná sustentou o povo no deserto, Jesus é o
sustento para as nossas almas. Só nele a alma humana encontra sua plena
satisfação.
- A lei - As tábuas da lei foram colocadas dentro da arca porque os mandamentos
constituíam o regulamento da aliança de Deus com Israel. A lei é a Palavra de Deus.
Se já recebemos a Cristo em nossos corações, nossa próxima providência deve ser a
busca do conhecimento da Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Como escreveu Paulo:
"A Palavra de Cristo habite abundantemente em vossos corações". (Col. 3.16).
- A vara de Aarão - Essa vara era um pedaço de pau, galho da amendoeira, usado,
provavelmente, para conduzir o rebanho. Quando Deus quis dar um sinal ao povo, fez
com que a vara de Aarão, aquela madeira seca e velha, produzisse brotos, flores e
frutos. Isso é extraordinário! Qual o significado da vara de Aarão para nós? Poder de
Deus, ação do Espírito Santo, de maneira que o impossível acontece e maravilhas se
realizam. É o poder da ressurreição. Aleluia! O sinal da vara de Aarão nos mostra a
ação de Deus quando já se pensa que é tarde demais. Se já recebemos o Senhor
Jesus e já temos adquirido o conhecimento da Palavra de Deus, busquemos ainda o
batismo e o enchimento do Espírito Santo. Dessa forma, nossa vida cristã não se
resumirá em fé e palavras, mas em manifestação do poder de Deus.
Notamos então que esses elementos contidos na arca da aliança nos mostram o que
é necessário para que tenhamos a presença de Deus em nós e para que essa
presença atue em plenitude nas nossas vidas, de maneira que nossa existência
floresça e dê fruto.
Tudo isso estava dentro da arca. São experiências, conhecimentos e compromissos
interiores. É a presença do Deus invisível no recôndito do nosso espírito. A vida cristã
é, antes de tudo, algo interior. É como a vida que se encontra escondida dentro de
uma semente. A princípio, pode não ser valorizada nem reconhecida. O cristianismo
não se firma sobre aparências exteriores. Suas bases estão profundamente
arraigadas no âmago das nossas almas. Contudo, sua essência não ficará restrita aos
limites íntimos de cada um. A presença de Deus, embora espiritual e invisível,
transcende os limiares do coração, e se manifesta nos frutos do Espírito no nosso
modo de viver. A semente se rompe e a vida se revela, uma vez que não pode ser
contida.
Que tenhamos em nós toda a plenitude de Deus. Que sejamos santuários cheios da
glória celestial. Sendo assim, o poder de Deus se manifestará e todos saberão que o
Deus verdadeiro habita no meio do seu povo. Amém.

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