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Assuntos Introdutórios

J.B. Tidwell
Visão Panorâmica da Bíblia, pp. 17-38
Ed. Vida Nova

Neste capítulo são apresentados quatro assuntos ao estudante que o ajudarão grandemente dando-lhe
facilidade e informações que serão utilizadas no estudo da Bíblia.

Os Nomes de Deus
No Antigo Testamento são usados muitos nomes para Deus. Cada um deles tem um significado
especial derivado do significado hebraico da palavra. E, enquanto o estudante não pode distinguir o significado
exato, ele deve, de uma maneira geral, saber o significado de cada nome. Os nomes a seguir, apesar de não
serem a totalidade deles e não expressarem completamente o significado, serão de nosso uso:

1. Deus. Essa palavra vem de uma outra e dois de seus componentes ou formas, e significa: (11 Aquele que é
Forte, indicando que Deus é grande, forte ou um ser poderoso. Este termo é usado 225 vezes no A.T. 12)
Aquele que é Forte como objeto de adoração. Se Deus é Todo-Poderoso e nós somos débeis, isso nos leva a
adorá-lo. (31 Aquele que é Forte é fiel e, portanto, deve ser objeto de nossa confiança e merecedor de nossa
obediência. Ele não é somente Forte mas, também, mantém todos os seus pactos sendo, assim, digno de
nossa confiança. Este último termo está no plural e é usado 2.300 vezes no Antigo Testamento. E o nome
usado quando Deus disse "Façamos o homem" e "Deus criou o homem à Sua Imagem," etc. (Gn 1 : 26-271.
Através desse nome o Deus-Trino fez uma aliança para o bem do homem antes que ele fosse criado.
2. SENHOR. Escrito com pequenas letras maiúsculas em antigas versões. 1 ) Deus, auto-Existente e que se
revela a si próprio. Ele sempre existiu e, assim, aceitou revelar-se ao homem. (2) Deus como Redentor. 0
propósito da sua revelação é nos trazer redenção. Foi com esse nome que Ele avistou o homem após a
Queda e o cobriu com pele de animais (Gn 3: 9-17). (3) O Deus que faz e guarda as Suas alianças. Esse
nome foi usado mais que cem vezes em conexão com as alianças, como em Jr 31 :31-34 onde Ele promete
uma nova aliança.
3. Senhor. Aqui todas as letras são minúsculas com exceção do S e a palavra é a mesma em versões antigas e
atuais. Refere-se à Deus em Sua relação com os homens e Seus servos. Existem dois tipos de servos
referidos nas passagens - o servo assalariado e o servo comprado. O último é sempre superior e muito mais
amado que o primeiro. As relações aqui implicadas são muito sugestivas. O senhor tem o direito de exigir
respeito e obediência do servo e este tem a garantia de direção, proteção e apoio da parte do seu senhor.
Aplicado a nós e Deus indica nosso dever de servi-Lo e assegura-nos que Deus irá nos providenciar o
necessário e nos protegerá.
4. O Deus Todo-Poderoso. A tradução aqui não dá toda a concepção do significado envolvido. Não se refere
primariamente à força. Esta é encontrada no termo Deus. Mas essa palavra sugere uma figura comum entre
os antigos. Significa literalmente Aquele de Peito Forte. Refere-se a Deus como o doador e "derramador" de
bênçãos tanto espirituais como físicas. Sugere que Deus é: (1) Aquele que nutre, Doador de Força, Aquele
que Satisfaz. ~ o Deus-Forte que dá. Assim como uma mãe nutre seu bebê amamentando-o ao seio e verte a
força da sua própria vida, assim também ela lhe dá a força da sua satisfação. Dessa forma Deus nos
alimenta e nos satisfaz com a plenitude da Sua própria natureza. (2) Doador da fertilidade. Esse é o
resultado próprio e normal da nutrição. Deus nos provê o alimento espiritual e nós devemos em troca dar
frutos. Ele quis fazer de Abraão um homem que desse frutos (Gn 17: 1-8). Isso foi cumprido de forma
incondicional e completa. (3) Doador da disciplina ou poda. Se o fruto é desejado, a árvore deve ser podada
e alimentada. Deus, muitas vezes, nos disciplina para que possamos ser mais úteis a Ele.
5. O Deus Altíssimo. 0 significado desse termo pode ser sintetizado em dois pontos: (1) Representa Deus
como Aquele que possui os céus e a terra. Devido ao fato de possuir a terra, ele age dentro de Sua justiça e
as distribui entre as várias nações (Dt. 32: 81. (2) Representa Deus como Aquele que tem toda autoridade.
Se ele possui toda autoridade, tem o direito de domínio tanto sobre a terra como o homem a quem tal
autoridade é distribuída (Dn. 4: 18, 37; SI 91 :9-13).
6. O Deus Eterno. Este nome fala de Deus como: l11 O Deus do mistério das eras. (2) O Deus de todos os
segredos. (3) 0 Deus da existência eterna cuja compreensão é inatingível (Is. 40.28). Aqui reside a grande
alegria daquele que crê. Há muitos segredos e mistérios mas o nosso Deus conhece e vê a todos eles. Nada
está além do seu conhecimento. Podemos nos alegrar seguindo-O e confiando nEle através do
desconhecido.
7. SENHOR (Iahweh) Deus. Este nome da Deidade é usado em duas relações: l1 ) Na relação da Deidade com
o homem. Neste uso são sugeridas três coisas concernentes a essa relação: (a) Que Ele é o Criador que cria
e controla o destino do homem, enfatizando especialmente o Seu controle das relações terrenas; (b) Que Ele
é a autoridade moral acima do homem; (c) Que Ele é o Redentor do homem. Essas três idéias indicam um
pouco do interesse divino pelo homem. (2) Na relação da Deidade com Israel. Isto quer dizer que Ele criou
e controla o seu destino.
8. SENHOR (Iahweh) dos Exércitos. Este nome fala da pessoa de Jeová como o Senhor dos Exércitos na Sua
manifestação de poder. Isso sugere três coisas especiais: (1) Refere-se, geralmente, aos exércitos celestes,
especialmente os anjos. 12) Refere-se a todos os poderes divinos e celestes à disposição do povo de Deus.
(3) E o nome especial da Deidade usado para confortar a Israel em tempos de divisão, derrota ou fracasso
(Is.1:9; 8: 11-14). Esse nome nunca é usado no Pentateuco mas o é especialmente pelos profetas. Aparece
80 vezes em Jeremias, 14 vezes nos dois capítulos de Ageu, 50 nos quatorze capítulos de Zacarias e 25
vezes nos quatro capítulos de Malaquias.

Existem vários outros nomes compostos usados para expressar as diferentes relações e bênçãos de
Jeová na Sua obra pelo homem. Mas aparecem com menor freqüência e o significado é, na maioria das vezes,
facilmente compreendido. Os que foram dados acima parecem ser suficientes para ajudar o estudante na sua
leitura bíblica.

Os Ofícios Sagrados
Existem alguns oficiais sagrados a quem a Bíblia faz referência com certa freqüência. Pelo menos os
fatos mais proeminentes com relação a cada um deles devem ser familiares ao estudante da Bíblia.

1. Os Sacerdotes. Eram homens escolhidos para estarem diante de Deus em favor do povo, cujos pecados os
desqualificavam de aparecerem por sua própria conta. Os primeiros sacerdotes foram os cabeças de suas
próprias famílias (Gn 8:20). Mais tarde, o primogênito ou o filho mais velho tornava-se o sacerdote. E,
finalmente, a fim de que o sacerdócio pudesse ser devidamente reconhecido, Deus escolheu a família de
Arão, da tribo de Levi, para serem os sacerdotes do Seu povo eleito (Ex. 28:1). Eles serviam no tabernáculo
e, mais tarde, no templo onde conduziam os atos religiosos, ofereciam sacrifícios pelos pecados particulares
e eram os mestres e magistrados da lei.
2. Os Profetas. (1) Eram homens cuja obra pode ser vista como o complemento daquela feita pelos sacerdotes.
Eles falavam de Deus ao povo. Enquanto os sacerdotes rogavam a Deus em favor do povo, os profetas
falavam ao povo em lugar de Deus. Eles recebiam revelações de Deus e as tornavam conhecidas ao povo.
Eles eram selecionados de acordo com a vontade de Deus para repartirem os Seus dons espirituais (1 Co
12:11) e estendiam suas atividades através dos anos incluindo aqueles que escreveram os livros proféticos
até Malaquias. (2) Eram filósofos, mestres, pregadores e líderes da fé e culto do povo. Seu trabalho pode ser
dividido em três partes: (a) A pública entrega de mensagens de modo muito parecido com os pregadores de
hoje; (b) A elaboração em forma escrita da história, biografia e anais da sua nação que tornou possível o
surgimento do Antigo Testamento; (c) A compreensão do futuro. Neste aspecto eles eram chamados viden-
tes e os acontecimentos preditos iriam mais tarde transparecer. Abraão foi o primeiro a ser chamado de
profeta (Gn 20: 7), seguido por Arão (Ex. 7:1 ).
3. Os Escribas. A palavra escriba significa escritor e Seraías é o primeiro mencionado (IISm. 8:17). (1) Como
escritores, logo tornaram-se os transcritores da lei, depois intérpretes e, finalmente, seus mestres e
expositores. (2) Tornaram-se conhecidos como doutores da lei. Isso surgiu do seu conhecimento da lei que
era obtido pelo constante ato de transcrevê-la. (3) Isso levou o povo a tê-los num lugar de alta proeminência
e dignidade, e no tempo dos reis eram sustentados pelo estado como um corpo de homens eruditos, bem
organizados e de alta influência. (4) No tempo de Cristo estavam entre os mais influentes membros do
Sinédrio.
4. Os Apóstolos. (1) Foram doze homens escolhidos por Jesus e formaram o alicerce ou início da Igreja de
Cristo. Estavam separados de todas as ordenanças do Antigo Testamento não se submetendo a nenhuma
casta de obrigação. Também não estavam ligados à velha administração das coisas. (2) 0 nome apóstolo
significa um mensageiro, aquele que é enviado. Foram escolhidos para estarem com Jesus e serem por Ele
enviados a pregar e ensinar. (3) quando Judas, um dos doze, traiu a Jesus e foi para o seu próprio lugar",
eles elegeram a Matias para substituí-lo (At.1:15-26). Paulo, mais tarde foi indicado de uma maneira
especial (At. 9:1-30). Barnabé foi chamado de um apóstolo (At 14:14) e outros parecem também ter
recebido essa designação. (4) Esses homens lideraram novos movimentos (At 5:12-13) e consagraram-se
especialmente aos dons ministeriais (At 8:14-18). Eram a primeira autoridade na Igreja (At 9:27; 15:2; 1 Co
9: 1; 12:28; 2 Co 10: 8; 12: 2; GI 1 : 17; 2: 8-9).
5. Ministros ou Pregadores. (1) A palavra ministro aqui significa aquele que ministra à, ou ajuda alguém em
serviço. Isto é feito como se por servos livres e não por escravos. (2) Eles se tornaram pregadores, e daí
nosso termo ministro (At 13:2; Rm. 15: 16). (3) Hoje são pregadores e mestres da Palavra de Deus e
atendem às necessidades espirituais do povo de Deus e outros.

As Datas Sagradas
As datas que eram santificadas nas Escrituras são de muito interesse. Apresentam certos conceitos e
propósitos que são dignos de especial consideração. Na verdade, é necessário saber os seus significados se
quisermos compreender rapidamente algumas passagens. As que são descritas abaixo são as mais importantes:

1. O Sábado. E difícil definir o termo. Mas tem algo a ver com "um descanso solene" (Lv. 25:4). A primeira
menção encontra-se em Gn 2:2-3 e a primeira aparição do nome relacionado com a semana está em Ex.
16:22-30. Está novamente insinuado na divisão de semanas (Gn 8: 10-12; Ex. 20: 8-11 ). É claramente
usada para indicar a nossa necessidade de descanso da fadiga da vida propiciando uma oportunidade para
adoração.
2. As Luas Novas. Eram festas especiais realizadas no primeiro dia do mês (Nm. 10: 10), celebradas com a
oferenda de sacrifícios (Nm. 28: 11-15). Entre as tribos do norte a festa de Lua Nova era considerada
ocasião propícia para se ir ao profeta receber instrução (2 Rs. 4: 23).
3. As Festas Anuais. Os judeus tinham várias festas anuais, a saber: (1) A Festa da Páscoa. Era celebrada em
14 de Abril (Ex. 12:1-51) e comemorava-se a libertação do Egito e o livramento dos primogênitos dos
Judeus. (2) A Festa de Pentecostes. Ocorria em 6 de Junho (Ex. 34:22; Lv 23:315-16; Dt. 16:9-10; Nm 28:
26-31 ) e comemorava-se a entrega da lei. (3) A Festa das Trombetas. A sua data era 1 de Outubro ( Lv 23:
23-25; Nm 29: 1-6) e marcava o início do ano civil. (4) 0 Dia da Expiação. Acontecia em 10 de Outubro
(Lv 16:1-34; 23:27-32). 0 propósito era fazer expiação pelos pecados do povo. (5) A Festa dos Taber -
náculos. Vinha uma semana depois (Lv. 23:34-43; Ex. 23:16; 34:22; Dt. 16: 13-15) para relembrar a vida e
as experiências de Israel nas suas andanças pelo deserto. Eram simbolizados todos os principais fatos
daqueles anos todos. (6) A Festa da Dedicação, celebrada em 25 de Dezembro (1 Rs. 8:2; 2 Cr 5:3).
Comemorava a dedicação do templo. Parece ter tido origem após a reconstrução do tempo mas,
provavelmente, também incluía o pensamento da dedicação do templo de Salomão. (7) A Festa de Purim.
Relembrava a libertação dos judeus através de Ester (Et 9: 20: 32) e era observada em 14 e 15 de Março.
4. Ano Sabático. Vinha a cada sete anos e toda a terra de Israel deveria descansar assim como o povo de Israel
descansava no sétimo dia. Nenhuma semente deveria ser plantada e tudo 0 que crescia era de propriedade
pública e poderia ser tomada pelo pobre se ele quisesse. Durante aquele ano todas as dívidas deve riam ser
perdoadas exceto aquelas contra estrangeiros (Ex. 23: 1011 ; Lv 25: 2-7; Dt 15: 1-1 1 ).
5. O Ano do Jubileu. Todo qüinquagésimo ano era conhecido como o Ano do Jubileu ( Lv 25: 8-55).
Começava no décimo dia do sétimo mês e durante essa época o solo permanecia sem cultivo exatamente
como no ano sabático. Toda terra que tivesse sido vendida ou arrendada voltava para seu dono original, e
todo escravo hebreu era libertado se assim o quisesse.
6. O Dia do Senhor. E o primeiro dia da semana e é observado em comemoração da ressurreição de Jesus que
ocorreu naquele dia. Ela comemorou a consumação da obra de redenção, assim como o Sábado era
guardado em comemoração da consumação da obra de criação.

As Instituições Sagradas de Adoração


As seguintes instituições de adoração são com freqüência referidas na Bíblia e pode ser de grande ajuda
o conhecimento de alguma coisa da sua história e significado.

1. O Altar. Há aqui diferentes pontos para estudo. (1 ) A primeira menção direta do altar (Gn 8:20). (2) As
várias pessoas que são mencionadas erigindo altares (Gn 1 – Ex. 20). (3) 0 material usado na construção de
altares (Ex. 20:24-251. (4) O propósito do erguimento dos altares, incluindo aquele de Josué (Js 22: 10, 22-
29).
2. O Tabernáculo. A descrição é dada com Êxodo caps. 25 a 29. (1 ) As instruções para a construção incluindo
ofertas e artigos a serem doados. 12) Seu erguimento e a mobília que deveria haver dentro dele. (3) Seu
propósito (Ex. 29:42-45; Hb. caps. 9-10). (4) Sua história - onde foi primeiramente levantado, quanto tempo
foi usado, etc.
3. O Templo. Em volta do templo aglomeravam-se muito das esperanças e aspirações da nação. Existiram três
templos ao todo. (1) 0 Templo de Salomão. Em conexão com este templo há vários campos de estudo: (a) O
desejo que Davi possuía de construí-lo e sua preparação para isso l2 Sm 7:1-2; 1 Cr caps. 28-29). (b) Seu
material, construção e dedicação (1 Rs. 5:8, 2 Cr 2:6). (c) Sua destruição pelo general de Nabucodonosor
em 587 a.C. (2) 0 Templo de Zorobabel. Neste ponto devemos estudar o decreto de Ciro, o retorno dos
judeus, a reconstrução e dedicação do templo ( Esdras Caps. 1.1), sua destruição por Pompeu em 63 a.C. e
por Herodes, o Grande em 37 a.C. (3) O Templo de Herodes. Este templo iniciou-se em 20 ou 21 a.C. (Jo..
2: 201, e foi destruído por Tito em 70 d.C.
4. A Sinagoga. A palavra grega de onde é derivada significa "uma assembléia". Originou-se bem mais tarde na
história da nação, mas logo veio a ter um lugar de muita importância na vida religiosa. Sinagogas eram
levantadas em todos os lugares para onde judeus fiéis iam. No tempo de Cristo ou não muito antes, havia
cerca de 1.500 delas na Palestina com, talvez, 480 em Jerusalém. Parece que havia três oficiais: (1) O Chefe
(Lc 8:49; 13: 14; Mc 5: 22, etc.). (2) Os Anciãos (Lc 7:3; Mt 15:2, etc.). (3) 0 Assisten te (Lc 4:20). O culto
era muito simples e consistia de orações e leitura com a exposição da Escritura. As sinagogas e seu culto
foram de grande proveito para os apóstolos na sua obra, fornecendo-Ihes oportunidades para pregarem o
Cristianismo onde quer que fossem.
5. A Igreja. Este é um termo neo testamentário. Até o tempo de Cristo não existiu nada semelhante a uma
igreja. A palavra significa "uma assembléia" e é mais comumente usada para designar uma congregação
local de obreiros cristãos. As vezes são usados os termos a "Igreja de Cristo", a "Igreja de Deus" ou os
"Santos". As igrejas foram estabelecidas em várias cidades e freqüentemente reuniam-se nos lares. Não é
apropriado chamar de igreja aos cristãos de uma denominação particular. Também seria errado chamar de
igreja aos cristãos de qualquer denominação num dado território. Por exemplo: a Bíblia geralmente usa o
termo a igreja em Corínto, e se fala de igreja de outra forma, refere-se a um conceito mais amplo. Através
de um estudo das principais igrejas e líderes de movimentos cristãos depois da ascensão de Jesus,
poderemos obter uma melhor compreensão da idéia de igreja no Novo Testamento.

As Sete Grandes Alianças


Existem dois tipos de alianças. (1) Incondicionais ou de declaração (Gn 9:1 “Eu estabeleço” (2)
Recíproca ou condicional (Ex 19:5) 'se guardardes. A Bíblia inteira é um desenvolvimento e resume-se nas sete
alianças.

1. A Aliança adâmica. Gn 3:14-19. Esboce os elementos da aliança mostrando as pessoas atingidas e os


resultados ou condições envolvidas.
2. A Aliança com Noé. Gn 8:20-9:27. Esboce os elementos da aliança e os resultados envolvidos.
3. A Aliança com Abraão. Gn 12: 1-3; At 7:3; outros detalhes, Gn 13: 14-17; 15: 1-18; 17: 1-8. Esboce-a
dando os elementos, bênçãos apresentadas temporais, espirituais ou eternas). Muitas vezes é vista como
várias alianças, mas é melhor considerá-la como uma que foi sendo ampliada com o passar do tempo.
4. A Aliança mosaica. Ex. 19-30. É apresentada em duas partes: (1) Lei do Dever (Os 10 mandamentos) e (2)
Lei da Misericórdia, Sacerdócio e Sacrifícios (Lv 4:27-31; Hb 9: 1-7) (3) A quem foi dada (Ex 19:3) e a
todos (Rm 2: 12; 3: 19, etc.). (4) Seu propósito: (a) Negativo (Rm 3: 19-20; GI 2: 16-21, etc.). (b) Positivo
(Rm 3:19; 7:7-13). (5) A relação entre Cristo e a aliança mosaica: (a) Estava sob ela (GI 4:4; Mt 3: 13, etc.).
(b) Guardou-a (Jo 8: 46; 15: 10). (c) Suportou sua maldição pelos pecadores (GI 3:10-13; 4:4-5; 2 Co 5:21,
etc.). (d) Substituiu-a terminando com o Sacerdócio e Sacrifícios (Hb 9:11-15; 10:1-12, etc.). (e) A Nova
Aliança providenciada para os crentes em Cristo ( Rm 8: 1 ; GI 3: 13-17).
5. A Aliança deuteronômica. Dt 30: 1-9. Esboce seus elementos citando coisas prometidas e profetizadas.
6. A Aliança davídica. 2 Sm 7: 5-19. (1 ) Elementos da aliança e resumo no Antigo Testamento. l2) No Novo
Testamento.
7. A Nova Aliança. (1) Formada (Hb 8:6-13). (2) Em profecia (Jr 31:31-34). (3) E fundamentada no sacrifício
de Cristo (Mt 26:27-28; 1 Co 11:25; Hb 9: 11-12). (4) ~ primariamente para Israel mas os cristáos são
participantes (Hb 10:11-22; Ef 2: 11-20). (5) Os judeus ainda serão trazidos a ela (Ez 20:34-37; Jr 23: 5-6;
Rm 11 : 25-27).
Observação. Tente ver como todas essas alianças encontraram-se em Cristo.

A Inspiração da Bíblia
1. Reivindicação Escrituristica. 2 Tm 3: 16 diz: "Toda Escritura é inspirada por Deus." O termo inspirado vem
de duas palavras gregas e literalmente significa soprado por Deus. O termo "dado por inspiração" mostra
que as Escrituras são o resultado de algum tipo de influência que Deus exerceu sobre os escritores. Mais do
que isso, significa um soprar consciente. Então, de acordo com esta passagem, inspiração significa um forte
e consciente soprar de Deus aos homens qualificando-os para darem expressão à verdade. E Deus falando
através dos homens fazendo das Escrituras a Sua própria palavra como se Ele a tivesse falado por seus
próprios lábios. Pela infusão do sopro ou fôlego de Deus, homens santos escreveram em obediência à
ordem divina e foram guardados de todos os erros. Isto aconteceu tanto enquanto escreviam alguma nova
verdade ou registravam verdades previamente conhecidas. A Bíblia, assim, é a exata palavra de Deus e seus
vários livros são de origem e autoridade divinas.
2. Algumas Teorias de Inspiração. No estudo dessa questão, encontram-se várias teorias. (1 ) Alguns a vêem
como algum tipo de "gênio de alta classe." Negam que exista alguma coisa sobrenatural ligada à ação do
Espírito sobre os escritores da Bíblia, e afirmam ou insinuam que a sua inspiração deve ser comparada com
aquela de Milton, Shakespeare, Brownng ou Confúcío; que Deus habita em todos os homens e todos, portanto,
sáo inspirados, cada um com um grau diferente medido pela sua capacidade mental ou espiritual. Isso deve ser
absolutamente rejeitado. (2Ì Alguns pensam que sua inspíração foi como aquela ds era cristg. Tal teoria faria de
qualquer cristáo normal de hoje uma pessoa
Assuntos lntrodutório~s - 27
inspirada como Pedro ou João ou Paulo. Isto poderia ser mera iluminação ao invés de orientação infafível à
verdade, e deixa lugar para graus variáveis de verdade e erro. Tal teoria teria como possivel para alguns de nós a
produção de uma nova Bfblìa hoje uma idéia que nosso próprio senso de insuficiência nega. (3) Outros afirmam
que foí tudo feito mecanicamente. Isso traz a idéia de que os escritores foram impedidos de usarem sua própria
individualidade e tornaram-se nada mais que instrumentos passivos ou máquinas. Porém, essa teoria falha em
não consíderar as diferenças de estilo e as peculiaridades dos escritores tais como o uso de estilos de uma ou
outra cultura, terminologias próprias de um país ou cidade manifestados em cada lugar, tornando-nos impossível
harmonizar a teoria com as Escrituras. Existem várìas outras teorias cada uma das quais completamente
insatisfatórias como essas acima.
3. O Significado Real. Deve-se dizer que nenhuma teoria pode ser oonsiderada completa. Não podemos analisar
totalmente o processo do Espírito Santo operando nas mentes dos homens. Mas se estudarmos as muitas
passagens que relacionam-se com o assunto, iremos descobrir que algumas delas dizem ser as palavras e escritos
do próprio Deus, como se proferidas pela Sua própria boca ou escritas com Sua própria mão; algumas parecem
ter sido faladas por homens que estavam inconscientes do sígnificado oompleto da sua mensagem; outras foram
escritas após uma investigação cuidadosa e fiel por parte do escritor. O Espírito Santo usou a atenp"o, a
investigação, a memória, a imaginação, a lógica - em uma palavra, todas as faculdades do escritor e agiu através
disso. Ele guiou o escritor para escolher a narrativa, material, discursos de outros, decretos ímperiais,
genealogias, cartas oficiais, papéis do estado ou artigos histórioos que ele pudesse achar necessário para
registrar a mensagem divina de salvação. Ele trabalhou neles, com eles e através de seus espiritos. Ele usou os
homens mesmos e falou através de suas individualidades. Também fez ísso quando predisse os eventos futuros.
Deve ser dito que a ìnspiração afetou as próprias palavras. Seria quase impossível assegurar a correta
transmìssão de pensamento sem de alguma forma afetar as palavras. Tanto Deus controlou os escritores na
expressão de Seus pensamentos que eles nos deram a palavra de Deus na línguagem de homens. E, sendo
guiados por um orientador infalível, mantiveram-se afastados
28 - Visão Panorâmica da Bíblia
de erros na declaração de fatos. ~ então, verdadeiramente, a palavra de Deus oomo se Ele não tivesse usado
instrumentos para escrevê-la. As idéias que expressa são as próprias idéias que Deus queria transmitir, de
maneira que Deus é completamente responsável por cada palavra nela oontida. Paulo ensina isso dizendo que
ele falou em palavras ensinadas pelo Espirito (1 Co 2:13).
O CANON DAS ESCRITURAS
1. O Significado do Termo Cânon. A palavra traduzida cânon vem de uma palavra grega que significa "uma
vara reta" ou "um padrão de medida." Daí deriva o significado secundário "linha", "norma," e "lei." Mais tarde
passou a significar lista ou catálogo. Logo veio a ser utilizada significando padrão de opinião ou de conduta,
sendo finalmente aplicada aos livros da Btblia. Assim, passaram a ser usados os termos "Cânon do Antigo
Testamento" e "Cânon do Novo Testamento." Duas idéias estão envolvidas. (11 ~ o cânon da verdade. Nesse
sentido refere-se à restrição do número de livros que oompõem a Biblia. E a coleção daqueles livros inspirados
por Deus pelos quais e nos quais Ele fala; é o meio que o Esptrito usa para apelar ao coração e consciência dos
homens. (2) ~ a regra de fé e prática. Uma vez que é a "vara de medida;' faz-nos pensar sobre a Biblia como
nossa regra de vida. ~ usada nesse sentido em GI 6: 16 e Fp 3: 16.
2. Por Que Foi Formado Um Cânon? Existiram três causas que cooperaram para tornar necessária a formação do
Cânon da Biblia. (1) Para preservar os escritos inspirados contra a oorrupção. Não existia uma necessidade
premente de um cânon enquanto a voz dos profetas e apóstolos ainda era ouvida. Eles, por inspiração, sabiam o
que era verdadeiramente inspirado e o que não era. Mas tão logo eles morreram e a inspiração cessou, tornou-se
necessário reunir seus livros e dessa forma preservar a mensagem ao povo, dando-Ihe segurança contra a
corrupção. (2) Para evitar a adição de outros livros. Já havia aparecido muitos outros livros que se diziam
inspirados. Levantou-se a questão de qual era a extensão ou alcance da inspiração e fez-se necessário decidir
quais eram os livros realmente inspirados. 131 Para prevenir oontra qualquer tentativa de destruir a Biblia.
Quando o imperador Deocleciano em 302 d.C. emitiu um edito ordenado que se queimasse
Assuntos lnt~odutó~ios - 29
todos os livros sacros, surgiu a interrogação sobre quais livros eram inspirados e sacros.
3. O Cânon do Antigo Testamento. O Antigo Testamento foi formado entre os judeus e mais tarde aceito pelos
cristãos. Mesmo não sendo possível determinar com certeza os passos exatos que foram dados até atingir sua
forma final, estamos convictos de que foi uma formação paulatina oom livros que se disseminaram através dos
séculos. A Lei foi colecionada e colocada na Arca da Aliança por ordem de Moisés. Depois, parece que os livros
históricos e proféticos de Josué até a época de Davi foram oolocados no templo. De tempos em tempos a lista
sacra ia aumentando. Os escritos judaicos mais antigos declaram que o cânon, como o temos agora, foi obra de
Esdras e a grande Sinagoga composta por Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Não há dúvida que tal
coleção já existia no tempo de Jesus e seus apóstolos. Sua formação não foi um ato arbitrário mas foi submetida
pelo povo a um concílio oficial para apreciação, sendo que a última ocorreu em cerca de 90 d.C. pelo concilio de
Jania.
4. O Cânon do Novo Testamento. Até o século dezesseis ainda existiam dúvidas sobre quais livros do Novo
Testamento deveriam ser aceitos com autoridade sólida. 0 princípio que orientou a formação do Cânon do Novo
Testamento foi, como ocorreu no Antigo Testamento, a inspiração. (1 ) A morte dos apóstolos tornou necessária
a coleção para que seus escritos pudessem ser preservados e sua autoridade reconhecida. Surgira a literatura
epistolar e os evangelhos, sendo que sua mensagem poderia ser mantida inviolada somente através da formação
do cânon. (2) Na época da severa perseguição (302 d.C.) surgiram muitos escritores, evangelhos e epístolas
falsas e espúrias que reivindicavam sua aceitação como genuínas. Os perseguidores ordenaram que se
abandonasse as Escrituras. Porém, os cristãos recusaram-se a condescender com a ordem. Isso, entretanto,
levantou a questão sobre quais eram os livros dos Apóstolos e outros. (3) Aconteceram muitos concílios locais
tais como o Concílio de Laodicéia por volta de 360 d.C., e o Terceiro Concílio de Cartago em 397 d.C. Assim,
através de constantes concílios e exames feitos com cuidado, oração e deliberações eles finalmente indicaram
quais eram verdadeiros e quais eram falsos, e como resultado temos o Novo Testamento.

AS VERSÕES DA BlBLIA
1. Os Idiomas da Bíblia. Com exceção de algumas poucas passagens, o Antigo Testamento foi escrito em
Hebraico, que era essencialmente o idioma dos filhos de Israel. O Novo Testamento foi escrito em Grego. Logo
após a Bíblia estar completa, estas línguas deixaram de ser usadas pelo povo e foram incluídas entre as línguas
mortas. Mas a Palavra de Deus foi mantida na sua mesma forma para que as pessoas de todas as eras e lugares
pudessem achar a revelação divina na mesma forma fixa e imutável. Além disso, essas duas línguas são o mais
alto e perfeito desenvolvimento de dois grandes ramos de fala (o semítico e o indogermânico) e também as mais
valiosas das línguas no seu significado espiritual.
2. O Valor do Conhecimento das Línguas Originais. Dificilmente pode-se deixar de perceber o grande valor do
conhecimento das línguas originais. Nenhuma tradução pode substituir o original. Nenhuma tradução é completa
se não captar e conceber o espírito exato do texto original. Deve-se pensar e sentir como os autores originais;
deve-se percorrer as mesmas linhas de pensamento; há necessidade de adaptação aos vários tipos de caráter da
revelação divina antes que se possa captar o pensamento da revelação e apropriá-la. Essas considerações devem
nos impressionar com um pouco da importância do conhecimento das duas línguas da Bíblia. Se as igrejas
desejam manter uma ligação viva com as coisas mais profundas da Escritura, não devem permitir que o estudo
dessas línguas caia em desuso. Devemos insistir, especialmente, em que nossos ministros tenham mais do que
um conhecimento superficial da Palavra divina. Eles precisam ter uma total familiaridade com as origens e
fontes perenes da verdade. Se falharmos nesse ponto, a vida de nosso povo será extirpada das nascentes do
crescimento espiritual, as interpretações de uma geração ou grupo tomarão o lugar e importância da Palavra
divina, e instituições mecânicas de instrumento humano substituirão a comunhão viva com Deus.
Deve ser dito, entretanto, que, devido à sua importância, pode-se, mesmo privado disso, beber da fonte da
verdade. Somente um pequeno número comparativo pode mostrar em primeira mão a exatidão de significado
sugerido pelos termos e frases usadas nos Escritos Santos. Através do trabalho de outros, nós e as pessoas de quase todas
as nações e tribos podemos agora ler a Bíblia em nosso próprio idioma. Podemos, então, aprender sobre a obra maravilhosa
da graça que Deus manifestou. Podemos perder muito da beleza e sugestividade, e, por isso, o leitor brasileiro somente com
sua Bíblia em português pode, confiando na orientação do Espírito Santo, compreendê-la muito melhor do que um erudito
crítico que abandona o Espírito e confia somente na sua sagacidade natural. Podemos, portanto, nos alegrar por termos
traduções do original.
3. As Versões Antigas. Existiam traduções do Antigo Testamento antes do começo da era cristã. Isso foi necessário,
primeiro, porque os judeus, sendo dispersados entre os povos, começaram a adotar a linguagem deles e, segundo, porque
mesmo na Palestina o aramaico começou a tomar o lugar do hebraico. Com a multiplicação dos cristãos, logo tornou-se
necessária a tradução do Novo Testamento. Aqui há dois grupos: 11 ) As versões do Antigo Testamento. Quadro delas
podem ser mencionadas: (a) a Septuaginta, uma tradução do Antigo Testamento em idioma grego, iniciada por volta de 250
a.C. (b) Versão de Aquila, em oposição à Septuaginta que havia sido apropriada pelos cristãos. Foi feita durante o segundo
século d.C. (c) A Versão de Teodócio, feita também no segundo século d.C., e que corrigiu muitas inexatidões da
Septuaginta. (dl A Versão de Sfmaco, que com muita elegância de estilo e linguagem parafraseou a Septuaginta em cerca de
200 d.C. (2) As Ver~sões do Antigo e Novo Testamentos: (a) A Pesita. E a melhor versão sirfaca das Escrituras e foi feita
para o uso de cristãos sírios. Parece ter sido produzida no segundo século d.C. e estava sendo muito utilizada nas últimas
décadas do quarto século. (b) A Vulgata. Era uma versão latina feita por Jerônimo (383-405 d.C.). Foi produzida para
substituir as traduções latinas mais primitivas feitas a partir da Septuaginta. Tanto a Pesita como a Vulgata contêm o Antigo
e Novo Testamentos.
4. As Versões em Inglês e Português. (11 As traduções mais antigas. Entre o século sexto e décimo-terceiro, houve muitas
traduções parciais e imperfeitas. Na verdade, é mencionada uma tradução completa mas nada se sabe sobre elas. Após o
décimoterceiro século encontramos traduções valiosas e permanentes. Aqui temos uma grande obra - a tradução de Wycliffe.
Foi uma tradução feita a partir da Vulgata Latina (1380 d.C.) e conti
32 - Visão Panorâmica da Bíblia
nha toda a Bfblia. Foi um protesto contra a maldade da sua época. Ele foi afligido por causa de sua obra
enquanto ainda vivia, e depois de sua morte teve o corpo exumado e queimado pelos seus inimigos. 12) As
traduções na época da Reforma. A Reforma deu um novo ímpeto ao trabalho de dar a Bfblia ao povo. A
tradução da Bfblia para a linguagem popular mostraria quão sem fundamento bfblico era grande parte das
práticas e ensinos dos padres e freiras. Muito do tempo dos reformadores era dedicado à tradução. As mais
importantes delas são: (a) O Novo Testamento de Tyndale (1525 d.C.), seguido mais tarde por porções do
Antigo Testamento. Foi a primeira tentativa de traduzir a Bfblia toda diretamente do grego e hebraico. Isso criou
tamanha amargura ao poder papal que ele foi queimado na estaca em 1536. (b) Miles Coverdale. Foi a primeira
tradução completa impressa em inglês. Foi original em certas partes e em outras tratou-se de uma revisão do
trabalho de Tyndale, aparecendo em 1535. Não professa ter sido feita diretamente das Ifnguas originais. (c1
Outras versões. Seguindo essas acima, apareceram muitas traduções. A "Matthew's Bible" (A Bfblia de Mateusl,
editada por John Rogers apareceu em 1537. Outras edições desse período foram as de Travener em 1539, a "The
Great Bible" IA Bíblia Grandel, assim chamada por causa do tamanho de suas páginas, editada por Thomas
Cromwell em 1539, e a "Bishop's Bible" IBíblia do Bispo), uma revisão da'The Great Bible", que apareceu em
1568.
Outra versão diferente dessa época é a B(blia de Genebra, publicada por alguns refugiados a quem a Rainha
Maria havia expulsado do seu país. Ganhou ampla circulação entre o povo com uma ou mais edições surgindo
cada ano desde 1560 até 1616. (31 A Versão do Rei Tiago (King James Version) ou Versão Autorizada. Essa
versão é o resultado da labuta de cinqüenta e quatro sacerdotes escolhidos pelo Rei Tiago. O comissionamento
desses homens deu-se em 1607 e a grande obra estava completa em 161 1. Seu excelente valor e bela linguagem
deram-Ihe em pouco tempo uma supremacia que tem sido sempre mantida. É impossívsl calcular o valor dessa
grande versão. (4) A Versão Revisada (The Revised Versionl. Por causa da descoberta de novos manuscritos e
das mudanças no significado das palavras inglesas, além do avanço da erudição que então encontrava-se mais
capacitado para atingir o significado das Ifnguas antigas, pensou-se ser uma sábia medida empreender uma nova
tradução. Os mais distintos estudiosos de toda as denominações protestantes tanto da Inglaterra
S`minárìo Teológico PresSiteríano do Rio de Janei~o
~ I 3 L I 0 T ~ ~ A ,q~untos lntrodutórios - 33
como dos Estados Unidos foram responsabilizados pelo trabalho. Os revisores ingleses dividiram-se em dois
grupos: um para o Antigo Testamento e outro para o Novo. Havia dois grupos iguais na América do Norte. Um
amplo esboço da obra foi lançado em 1870. Os resultados do trabalho dos grupos ingleses foram submetidos aos
grupos americanos que, por sua vez, podériam fazer sugestões, mas a decisão final ficaria com os grupos
ingleses. Todavia, as sugestões que não foram adotadas foram publicadas em um apêndice. 0 Novo Testamento
revisado apareceu em 1881 e a Bíblia por inteiro em 1885. (5) A Versão Revisada Americana (The American
Revised Version). ~ considerada por muitos eruditos a melhor versão já produzida. O comitê inglês rejeitou
muitas sugestões dos grupos americanos. Mas foram, como dito acims, publicados em um apêndice. Em
compensação por esse favor, os estudiosos americanos comprometeram-se a não sancionar por quatorze anos a
publicação de qualquer edição das versões revisadas não impressas pela University Press da Inglaterra. Após a
publicação em 1885, os comitês ingleses logo se dissolveram, mas os grupos americanos resolveram continuar
sua organização e seu trabalho. Tinham um sentimento que o valor de seus apontamentos ainda iria ser visto e
ser-Ihes-ia dado um espaço no texto. Não demorou para que surgisse uma exigência para tal transcurso. Em
1898, um ano antes do período do seu acordo terminar, havia sido lançada na Inglaterra a chamada "American
Revised Version" (Versão Revisada Americana) que transferia as referências americanas do apêndice para o
texto. Mas os revisores americanos haviam estado ocupados todos esses anos tentando melhorar a totalidade da
versão revisada e a "American Revised Version" dos ingleses não os satisfez. Assim, eles publicaram em 1901 a
"Standard Edition of the American Revised Version" (Edição Padrão da Versão Revisada Americanal, que é
muito maís exata do que a versão revisada de 1885. (6) As Traduções em Português no Brasil. Há muitos anos
circulam no Brasil duas traduções da B(blia, em português, apreciadas por seu estilo vernacular. (a) A Versão de
Figueiredo. Produzida pelo Padre Antonio Pereira de Figueiredo, traduzida do latim (Vulgata) também chamada
de S. Jerônimo. (bl A Versão de Almeida. Resultado do trabalho de João Ferreira de Almeida, a mais antiga,
traduzida diretamente dos originais hebraicos e gregos. A Edição Revista e Atualizada é a mais recente no
Brasil. A Comissão Revisora, primeiro do Novo e depois do Antigo Testamento, compôs~se de 20 elementos
das denominaçõs
34 - Visão Panorâmica da Bíblia
batist~, presbiteriana, presbiteriana independente, metodista, congregacional, episcopal, evangélica luterana e
luterana do Brasil. Cite-se também a "Versão Brasileira", editada pelas Sociedades Bíblicas "Americana" e
"Britânica e Estrangeira," em 1917. Talvez a mais fiel tradução do original feita até hoje no Brasil, sem,
contudo, a segurança vernacular e beleza de estilo das acima mencionadas.
5. Versões Futuras. Podemos esperar que outras versões apareçam no futuro de acordo com a necessidade. E a
neoessidade certamente surgirá. Nossas mudanças lingüísticas e palavras que ganharão novos e diferentes
significados não darão ao leitor o sentido próprio a não ser que de tempos em tempos sejam revisadas e
expressadas de acordo com esses novos significados. Essa mutabilidade de linguagem que está sendo notada
mostra a sabedoria divina em depositar a Palavra de Deus em línguas mortas. Elas permanecem sempre as
mesmas e sempre significarão o mesmo a todos os povos. Mas terão que ser expressas diferentemente e
requererão novas versões. Em línguas mortas ela é a eterna e imutável Palavra de Deus, e traduzida para outras
Ifnguas modernas vive para todos os povos de acordo com os termos da língua viva que eles falam. Não
tenhamos medo de novas versões se estivermos certos de que elas são verdadeiras com relação ao significado da
Ifngua original na qual a verdade divina foi deixada.
AS DIVISÕES DA BI~LIA
Sob o critério de linguagem e conteúdo, a Bfblia está dividida em duas partes principais:
(1) 0 Antigo Testamento - 39 livros. (2) 0 Novo Testamento - 27 livros. Total - 66 livros.
Os judeus estavam acostumados a dividir o Antigo Testamento em três partes principais, a saber:
1. A Lei - Os primeiros cinco livros, de Gênesis a Deuteronômio, também chamados de Pentateuco e livros de
Moisés.
2. Os Profetas - São divididos em "os profetas anteriores" ou livros históricos, e os "profetas posteriores" ou
livros que são comumente chamados de livros proféticos.
Assuntos lntrodutórios - 35
3. Os Escritos - Incluiam: (1) livros poéticos - Salmos, Provérbios e Jó; (2) Os Cinco Rolos - Cantares de
Salomão, Rute, Ester, Lamentações e Eclesiastes; 13) Outros livros - Da
niel, Esdras, Neemias, e 1 e 2 Crônicas.
A própria Bfblia divide o Antigo Testamento em três partes, como seguem :
1. A Lei - Inclui os cinco primeiros livros da Bfblia, também chamados de livros de Moisés.
2. Os Profetas - Incluindo os próximos doze livros comumente chamados de livros históricos e os dezessete
livros que conhecemos como livros proféticos.
3. Os Salmos - Incluindo os cinco livros poéticos.
OS LIVROS DA BI~LIA
Os livros do Antigo e Novo Testamentos podem ser divididos em três ou cinco grupos, como seguem:
1. História.
(1 ) Antigo Testamento - Gênesis-Ester (17 livros). (21 Novo Testamento - Mateus-Atos (5 livrosl.
2. Doutrina.
(11 Antigo Testamento - Jó-Cantares de Salomão (5 livros). 12) Novo Testamento - Romanos-Judas (21 livros).
3. Profecia.
(1 ) Antigo Testamento - Isafas-Malaquias (17 livros). (2) Novo Testamento - Apocalipse (1 livrol.
1. Antigo Testamento.
11) Pentateuco - Gênesis-Deuteronômio (5 livrosl. 12) Livros históricos - Josué-Ester ( 12 livros).
(3) Livros poéticos - Jó-Cantares de Salomão (5 livros). (41 Profetas maiores - Isafas-Daniel (5 livrosl.
151 Profetas menores - Oséias-Malaquias (12 livros).
-36 - Visão Panorâmica da Bíblia
2. Novo Testamento.
(1 ) Evangelhos - Mateus-João (4 Iivrosl. (21 Atos - Atos 11 livro).
(31 Epístolas paulinas - Romanos-Hebreus (14 livros). (41 Epfstolas gerais - Tiago-Judas (7 livros).
(5) Apocalipse - Apocalipse (1 livro).
UM LIVRO MARAVILHOSO
Sem dúvida, a Bíblia é o livro mais maravilhoso de todo 0 mundo. Nós a vemos de uma forma tão comum que
nos esquecemos do mundo de bênçãos que ela trouxe à nossa raça. Por cerca de dois mil e quinhentos anos de
história humana não houve Bíblia. Não havia revelações escritas da parte de Deus e as revelações pessoais e
diretas da vontade dEle para o homem eram ocasionais. Porém, finalmente ele nos deu esse livro para nossa
orientação em caminhos que Ihe são aceitáveis. É um livro muito interessante que revela assuntos da mais
profunda preocupação para todos os homens. É um livro de vida que preserva um pouco do esp(rito dAquele
que o produziu. Ao lê-la, sentimos o notável Espírito do Autor tocar nosso espírito e mudar nossa vida fazendo-
a semelhante à dEle. Assombramo-nos com o seu poder.
1. A Sua História Maravilhosa. É uma história que causa grande admiração. Difere de todas as outras histórias
pois é subordinada a um propósito, sendo utilizada somente para revelar Deus e Sua vontade para a humanidade.
Quer a matéria registrada seja pessoal, tribal ou nacional, um alto propósito religioso é mantido de forma
proeminente e é impressionante o fato de que o coração da história é uma revelação da graça salvadora
demonstrando o coração amoroso de Deus.
É, assim, uma história que mostra a exata relação de causa e efeito e o ponto-de-vista da religião divina. Tem o
objetivo de promover uma compreensão verdadeira da união viva entre Deus e o homem ajudando este a viver
uma vida que reflita a natureza e as obras de Deus como um pouco da Sua pureza e santidade. Fornece a história
das coisas secretas para a mente do homem e, sob a influência e presença do Ser Divino, dá todos os princípios
morais e religiosos que são a fonte de nossos mais altos e melhores progressos. É a história da revelação e
desenvolvimento do plano
Assunios Inirodutórios - 37
divino para a redenção humana. É uma história de princ(pios e condutas que govemam os homens, imaginados
por Deus para o bem deles à medida em que tais princ(pìos são desenvolvidos na experiência humana.
A nossa tarefa inspiradora é estudar essa maravilhosa história. Devemos aprender não somente os fatos, mas
também o significado sagrado de mensagens sobre a ascensão e queda das nações. Devemos contemplar a
destruição dos perversos e a preservação do povo escolhido através da Sua graça. Deve ser uma ilustração
contínua da realidade e benção da divina providência enquanto vemos nos conflitos entre as nações a preparação
gradual do mundo para a última vinda de Jesus, o Homem Universal, o Filho de Deus e nosso Salvador. Tal
estudo deve impressionar o estudante oom a santidade de toda vida humana criando nele um espírito de
reverência pelo Deus dos nossos destinos.
2. Os Seus Belos Princ(pios Morais. Temos aqui um sistema moral que é absolutamente valioso tanto em forma
quanto em substância. Ele tem a Bfblia como base e a vida de Jesus como sua ilustração. É um sistema de
princípìos morais baseados nas mais profundas sanções religiosas, um sistema absolutamente oorreto porque a
religião sobre a qual se fundamenta é perfeita. Tem os seus princtpios arraigados na personalidade de Deus, que
é perfeito e supremo, sendo também a única origem do dever moral. Ele pode assim nos dar os preceitos morais
da mais alta beleza.
Esses princfpios morais perfeitos contêm ensinamentos tanto negativos como positivos. l1) Ensinos negativos.
Na verdade, nenhum outro livro, exceto a Bfblia, pode nos proclamar de forma tão corajosa princtpios como
"não fareis" e outros semelhantes. Ela nos guia por caminhos que não permitirão que nos firamos ou lesemos
outras pessoas. Ela pode nos afastar da falsa adoração, de desejos pecaminosos e da auto-ambição, todos os
quais podem nos trazer danos espirituais específicos. Por outro lado, ela pode nos livrar da cobiça, ira, vingança,
falar contencioso, hábito de censurar, juramentos, mentiras, roubos, assassfnios, blasfêmias, que podem nos
prejudicar seriamente. (21 Mandamentos Positivos. A Bíblia dá a devida ênfase a cada dever moral que repousa
sobre nós. Começa com o nosso dever para com Deus, o qual não pode ser satisfeito exceto através do amor por
Ele. Mostra, então, o dever de amarmos nosso próximo como a nós mesmos ensinando que essas duas coisas
estão tão intima 38 - Visa"o Panorâmica da Bíblia
mente relacionadas que a última não pode existir se não for o resultado da primeira. Para completá-la melhor,
reúne deveres relacionados particularmente com Deus, tais como o arrependimento, a fé e o serviço; deveres
relacionados especialmente com a pessoa, tais como humildade, paciência, çoragem e auto-sacrifício; deveres
ligados à família, tais cpmo fidelidade do marido e da esposa, e o amor dos filhos e pais; deveres gerais, tais
como o perdão, bondade para com os inimigos, ajuda aos necessitados f.~ ,
triotismo e integridade nos negócios. Aprender essa bela ética é urr:a parte da nossa tarefa.
3. O Seu Glorioso Cristo e a Vida Eterna. Por toda a Bíblia somos levados a considerar Jesus, o qual, falando do
Antigo Testamento, disse ter sido mencionado ali. Nenhum outro estudo é tão glorioso porque nenhuma outra
pessoa é tão gloriosa. Falhar em prezá-Lo é estar cego para a melhor de todas as vidas, e para o único e divino
Salvador. Devemos, aqui, aprender sobre a vida eterna que Ele proporciona a todos os homens, descobrindo
nosso dever de fazê-la conhecida aos outros. Nosso estudo deve levar os não-salvos a se tornarem cristãos,
levando, também, os cristãos a se tornarem ganhadores de outras almas. A Bíblia revelará amplas recompensas
para este serviço.
A luz de tudo isso, vemos quão maravilhosa é a Bfblia. Comparados a ela, todos os outros livros são meros
fragmentos. ~ a única grande voz de comando que faz de todas as outras simples sussurros inaudiveis.
Terminemos essa parte com duas declarações: "A Biblia contém a mente de Deus, o estado do homem
, a ruína dos impenitentes, e a eterna felicidade dos crentes em Cristo. Sua doutrina é santa, seus preceitos
obrigatórios, suas histórias verdadeiras, suas decisões imutáveis. Leia-a para ser sábio, creia nela para estar
seguro, pratique-a para ser santo. Ela contém luz para dirigi-lo, alimento para sustentá-lo. ~ o caráter dos
cristãos. Cristo é seu assunto, nosso bem é seu propósito, e a glória de Deus é o seu fim." Estude esse livro -
"Sobrenatural em origem; inexprimivel em v~lor; infinito em escopo; divino em autoria, apesar de humano na
escrita; regenerador em poder; infalível em autoridade; pessoal em aplicação; inspirado em sua totalidade."

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