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Jon Snow: um dos grandes líderes da série (HBO/Divulgação)

6 lições de liderança da série


Game of Thrones que valem
por aula de MBA
Especialistas citam momentos marcantes da série Game of Thrones
e que são verdadeiras aulas sobre liderança dignas de um curso de
MBA
In: Carreira – Você S/A
Por Camila Pati, 20 maio 2019.

O inverno chega hoje à noite. Depois de mais de dois anos de espera e muita
especulação sobre quem vai se sentar no Trono de Ferro, estreia hoje o
primeiro capítulo da última temporada da série Game of Thrones, na HBO.

Neste domingo, a sofisticada trama, repleta de personagens e regada a vinho,


sangue, reviravoltas mágicas e, muitos, muitos conflitos, começa a se
aproximar do desfecho, a sete temporadas anteriores não economizaram na
produção de insights sobre o comportamento humano no que diz respeito à
capacidade (ou falta de) de liderança de cada personagem cotado ao trono.
“A série possui excelentes e péssimos insights em liderança, no que se fazer
em situações de gestão. Podemos entender as empresas como os reinos e
seus gestores como os lideres representados na série, como reis ou
personagens que representam um papel de liderança”, diz Mário Cunha,
professor de MBA da Saint Paul nas áreas de liderança e estratégia.
Segundo explica o professor, um dos pontos mais valiosos para um líder é sua
visão estratégica, e ao longo das sete temporadas expectadores puderam
observar personagens utilizando esse pensamento.
A pedido de EXAME, especialistas indicaram algumas situações, fatos e
acontecimentos na série que poderiam embasar discursões sobre habilidades e
desafios de liderança e pensamento estratégico em um curso de MBA, por
exemplo. Se você ainda não assistiu a todos os capítulos anteriores é melhor
parar por aqui porque há SPOILERS:
1. Promessas cumpridas
O lema da família Lannister é, logo no começo da série, proferido por Tyrion
Lannister. Ele diz: Um Lannister sempre paga suas dívidas.
“O exemplo dessa frase se aplica quando pensamos que uma empresa sempre
deve cumprir o prometido. A falta do não cumprimento, faz você perder a
credibilidade. Por isso, empresas devem prometer e traçar metas que são
palpáveis, mesmo que a longo prazo”, diz Cunha.
2. Previsão de riscos
O lema da Casa Stark (o inverso está chegando) é um lembrete para a
necessidade constante de previsão de riscos futuros. “Se eles não se
preparassem, possivelmente não conseguiriam sobreviver. Por isso, víamos os
governantes do Norte analisando, criando estratégias sempre alinhados com o
real cenário”, diz Cunha.
Por outro lado, alguns dos acontecimentos mais marcantes e nefastos das
temporadas anteriores foram consequência direta da falta de análise de risco,
segundo Felipe Costa, consultor de recrutamento da Robert Half.
A morte de Ned Stark após a sua ida para o Sul, o derramamento de sangue
no Casamento Vermelho, a captura de Jamie Lannister, a morte de Karl Drogo
e a morte de Doran Martell são consequência de atitudes carregadas
impulsividade aliadas à negligência na análise de riscos.
Todo líder, antes de colocar um plano novo em ação, deve fazer análise prévia
dos riscos envolvidos e evitar agir por impulso. “Muitos acontecimentos ali
ocorreram e poderiam ser evitados, seja por ímpeto dos personagens ou falta
de mensuração destes riscos também”, diz Costa.
As lideranças das empresas devem se atentar aos seus pontos crise e ter sua
estrutura montada para aguentar eventualidades. “Pois como na série, se ela é
pega de surpresa, seu caminho de retomada será ainda mais difícil”, diz
Cunha.
3. Construção de alianças
Se nenhum homem é uma ilha, nenhum líder sobrevive sem fazer alianças e
influenciar pessoas a trabalharem em prol de objetivos comuns.
“A construção de alianças confiáveis pelos gestores devem ser pautadas em
interesses genuínos e na relação de ganha-ganha”, diz Costa. Quando a
relação ganha-ganha existe em uma negociação, ninguém sai com sentimento
de que está perdendo alguma coisa.
Na série duas alianças estabelecidas em diferentes temporadas merecem
atenção para os fatores, objetivos e desejos dos seus envolvidos: a primeira
entre as casas Lannister/Tyrell/Bolton (enquanto funcionou) e a mais recente
entre a casa Targaryen e Stark.
4.Conheça seus oponentes/ competidores
A Guerra dos 5 reinos e a “morte” de Jon Snow pela mão de seus próprios
comandados da Patrulha da Noite é um momento dramático citado por Costa
para reafirmar a importância de conhecer os potenciais inimigos/ competidores
para conseguir antecipar eventuais ameaças ou ataques.
Ao seguir seus valores sem flexibilidade, o Lorde Comandante Snow deixou de
ouvir os seus liderados e acabou sendo traído, mesmo tendo ideais nobres.
Muitos outros acontecimentos ligados a Jon Snow, na série, trouxeram esse
aprendizado ao personagem. Com as lições aprendidas, Jon voltou e puniu
seus traidores, para em seguida reconquistar o castelo da família Stark,
Winterfell, e se declarar Rei do Norte.
5.Ousadia e empatia
“Se um líder quiser fazer algo de extraordinário ele deve ser destemido e ter
coragem”, diz Costa. Jon Snow e Danny Targaryen, com todas as suas
conquistas, deram mostras de que têm essas características de sobra e são
dois dos personagens que mais evoluíram na prática de liderança ao longo das
temporadas anteriores.
Com a coragem de criar e comandar três dragões, Danny pode não ser uma
líder natural, o que fica evidente com a necessidade da participação de outras
pessoas em suas decisões, mas isso pode ser muito bom, segundo o professor
de liderança e estratégia da Saint Paul. “Daenerys mostra que o líder precisa
ser preparado, ter pessoas de confiança ao seu redor para ajudar na tomada
de decisão. Aqui, vemos o que acontece com os conselhos administrativos”,
diz.
A “Mãe dos Dragões” tem, no entanto, uma característica que faz toda a
diferença no sucesso com líder: a empatia. Com essa virtude, ela conquista a
confiança dos seus comandados.
“Daenerys adota uma postura em que ela convence o soldado a lutar por ela,
por este ser o melhor caminho. Ao contrário de outros que obrigam seus
soldados e seguidores”, diz o professor da Saint Paul nas áreas de liderança e
estratégia.
O especialista vê semelhanças com o dia a dia atual das empresas. ”O que
vale mais? Um profissional motivado e com valores e objetivos alinhados ao da
empresa? Ou um profissional desmotivado, desalinhado à missão e valores da
empresa?”
6.Não se lidera a ferro e fogo por muito tempo
“Cersei Lannister é tão segura de si, que ignora muitas vezes a opinião de
pessoas mais experientes e preparadas. Ela não se importa com os demais e
nem com o que será feito para alcançar seu objetivo”, diz Cunha.
Seu estilo de liderança “ferro e fogo” é falho embora possa até dar resultados
em curto prazo. “Essa forma de gerir é complicada, gera consequências a
longo prazo e muitas vezes pode ser efetiva sim, mas também gerar crises,
pois não olhará a 360º toda situação”, diz o professor.

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