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Escala de Coma de Glasgow:

PROGNÓSTICO NO TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICO

BRENNAN, PM.; MURRAY GD.; TEASDALE GM.Simplifying the use of prognostic information in traumatic
brain injury

Disponível em:
http://thejns.org/doi/full/10.3171/2017.12.JNS172780

Em 1974 houve a publicação de um método estruturado de avaliação neurológica, que


seria conhecido como Escala de Coma de Glasgow (GCS, em inglês).
Após mais de quarenta anos de consagração da Escala de Coma de Glasgow, uma
combinação aritmética simples de um estudo recente promete ampliar noções
prognósticas no que diz respeito ao paciente com lesão encefálica.

Partindo do pressuposto de que tanto a Escala de Coma de Glasgow (GCS) quanto o


padrão de resposta pupilar indicam gravidade do dano cerebral por trauma, o que
poderia ocorrer combinando os dois indicadores?

Brennan, Teasdale e colaboradores elaboraram um escore chamado de “GCS-Pupils”.


Seu objetivo foca uma avaliação com valor prognóstico tanto sobre a mortalidade quanto
sobre desfecho desfavorável.

Quatro fatores foram levados em consideração para cálculo de prognóstico dos pacientes
com trauma cerebral (TCE):
- idade do paciente no momento do trauma
- Escala de Coma de Glasgow
- reação das pupilas à luz
- achados na Tomografia de Crânio na chegada ao hospital

A base do estudo utilizou dois grandes bancos de dados chamados IMPACT (International
Mission for Prognosis and Clinical Trials in Traumatic Brain Injury) e CRASH
(Corticosteroid Randomisation After Significant Head Injury), com mais de 11 mil
pacientes com trauma cerebral moderado (Glasgow entre 9 e 12) ou severo (Glasgow
entre 3 e 8).

Quanto a idade dos pacientes, foram analisados pacientes com 16 anos ou mais.

A reação da pupila à luz foi codificada separadamente para cada olho, no mesmo
momento em que foi classificada a Escala de Glasgow para o paciente.

A combinação entre a Escala de Glasgow (GCS) e os achados pupilares (PRS) originou


uma nova escala (GCS-PUPIL ou GCS-P), formada pela subtração do valor da reação da
pupila à luz (PRS) e do valor da Escala de Glasgow (GCS) obtidas no mesmo momento.

Escala para reatividade pupilar:

- se as duas pupilas são reagentes, PRS (Pupil Reation Score) = 0

-se apenas uma pupila fosse reagente, PRS = 1

-se ambas pupilas NÃO fossem reagentes, PRS =2

Com a combinação dos valores da Escala de Glasgow (GCS) que varia de 3 a 15, e
a resposta ao clarão pupilar (PRS) que varia de zero a dois, de pacientes com
traumatismo cranioencefálico, foi possível desenvolver um método que combinasse as
duas informações em um índice único (GCS-P), que teria os valores entre 1 e 15.

Exemplo: um paciente com Escala de Coma de Glasgow de 5 e escore de reatividade


pupilar de 2 (pupilas não reagentes) teria um GSC-P de 3.

A avaliação prognóstica considerou os dados de imagem adquiridos na admissão e os


pacientes foram reavaliados após 6 meses do traumatismo craniano, através de
questionário, (ou após 3 meses quando necessário), e aplicada nova classificação de
Glasgow (Escala de Glasgow evolutiva =GOS). Um resultado favorável foi definido como
uma moderada incapacidade ou uma boa recuperação na Escala de Glasgow.
Com a finalidade de estimar valores sobre o desfecho seis meses após a lesão
(mortalidade ou déficit neurológico grave, tal como estado vegetativo ou
comprometimento grave), foi usada a técnica estatística da regressão logística,
combinando todos os fatores: idade do paciente no momento do trauma, alterações
encontradas nas tomografias iniciais, Escala de Glasgow e reação pupilar à luz no mesmo
momento.

Esta análise evidenciou:


1) Há forte indicação de que o reflexo pupilar à luz (PRS) fornece, de fato, informação
adicional à avaliação pois o aumento paradoxal da mortalidade e do desfecho
desfavorável em pacientes com GCS 4 em relação aos com GCS 3 (evidenciado em outros
estudos) não foi encontrado quando utilizada a escala GCS-P.

2) A validade do escore combinado é consistente, pois a classificação do trauma em leve,


moderado e grave, baseada em GCS, apresentou diferença menor do que 1% quando
comparada à classificação baseada em GCS-P.

3) Tal combinação aritmética simples se mostra eficaz, sugerindo que o métodos mais
complexos possam ser desnecessários, pois a adição da PRS à GCS aumenta a
probabilidade do desfecho fatal (mortalidade) e desfavorável em pacientes com GCS de
3 (51% para 74%), assim como evidenciado nos pacientes com escala GCS-P de 1.

A utilização da combinação de diferentes fatores na avaliação de prognóstico evolutivo


de pacientes com Trauma Craniano demonstrou novas e consistentes informações
principalmente nos traumas severos (Escala de Glasgow 8 ou menos).

A importância desta análise prognóstica seria para facilitar a decisão de tratamentos de


suporte oferecidos e necessários, além de fornecer melhores informações para médicos,
familiares e para o próprio paciente em relação a gravidade do quadro.

As conclusões deste estudo não substituem o julgamento clínico, mas reduzem o risco
de decisões subjetivas e inapropriadas premissas.
Referências:
1. BRENNAN, PM.; MURRAY GD.; TEASDALE GM.Simplifying the use of prognostic
information in traumatic brain injury. Part 1: The GCS-Pupils score: an extended index
of clinical severity. Journal of Neurosurgery. Posted online on April 10, 2018.

2. http://www.glasgowcomascale.org/

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