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6.2 CLASSIFICAÇÃO
O TCE pode ser classificado de diversas maneiras: pelo mecanismo que originou a
lesão, pela gravidade ou pela morfologia do trauma (Quadro 6.1).
Fonte: adaptado de Advanced Trauma Life Support: Student Course Manual, 2012.
O aumento da PIC leva à queda na Pressão de Perfusão Cerebral (PPC), sendo esta
dependente também da Pressão Arterial Média (PAM). Logo, a PPC é a diferença da
PAM em relação à PIC, conforme fórmula a seguir:
PPC=PAM-PIC
É importante manter a Pressão Arterial Média (PAM) normal para manter a perfusão
cerebral. Pressão de perfusão cerebral menor que 70 mmHg relaciona-se à evolução
desfavorável. Outro índice importante é o fluxo sanguíneo cerebral, cujo valor normal
é de 50 mL por 100 g de cérebro por minuto. Se esse fluxo diminui para menos de 20
a 25 mL, a atividade eletroencefalográfica desaparece. Se menor de 5 mL, há morte
celular com consequente lesão irreversível. Se a PAM cai para valores menores do
que 50 mmHg, há diminuição abrupta do fluxo sanguíneo cerebral. Para evitar
lesões, deve-se tentar manter a PAM e evacuar hematomas precocemente.
Uma situação potencialmente grave é a hérnia de úncus, a qual corresponde à
passagem do giro para-hipocampal, ou de sua extremidade anterior, o úncus, para a
fossa posterior por meio do orifício da tenda do cerebelo, onde se localiza o
mesencéfalo. A hérnia de úncus é geralmente unilateral e consequente ao aumento
de volume de um hemisfério cerebral por um hematoma, infarto, tumor, abscesso ou
traumatismo. O edema em torno da lesão potencializa amplamente a expansão do
hemisfério e ajuda a pressionar o úncus para baixo, entre a margem livre da tenda do
cerebelo e o mesencéfalo.
Além da ECG, outras escalas podem ser utilizadas em momentos diferentes. Ainda
que possa ser utilizada na hemorragia subaracnóidea, a escala de Fisher diz respeito
à presença de sangue encontrado na tomografia, independentemente da etiologia. A
escala de Hunt-Hess serve para graduação clínica da hemorragia subaracnóidea e
baseia-se na presença ou ausência de cefaleia e rigidez nucal, no nível de
consciência e na resposta motora à dor.
6.5 GRAVIDADE
6.5.1 Leve (escala de coma de Glasgow = 13 a 15)
Aproximadamente 80% dos pacientes com TCE que chegam ao pronto-socorro são
classificados como TCE leve. Destes, 3% apresentam piora inesperada, que resulta
em disfunção neurológica grave se não diagnosticada precocemente e tratada de
forma adequada.
Aproximadamente 10% das vítimas de TCE que chegam ao pronto-socorro têm TCE
moderado, e cerca de 10 a 20% destes apresentam piora e entram em coma. Devem
ser tomadas todas as precauções para proteger as vias aéreas. A TC de crânio deve
ser sempre realizada nessa situação.
Dos pacientes com trauma cranioencefálico moderado, 9% necessitarão de
intervenção cirúrgica. O paciente é internado para observação, mesmo com
tomografia normal. São realizadas avaliações neurológicas frequentes, e a
tomografia de crânio será repetida se as condições piorarem e/ou preferencialmente
antes da alta. Se o paciente melhora (90%), ele recebe alta e seguimento
ambulatorial. Em caso de piora ou manutenção do quadro (10%), repete-se a
tomografia e o paciente passa a ser tratado como trauma cranioencefálico grave.
Legenda: Pressão Arterial Sistólica (PAS); Lavado Peritoneal Diagnóstico (LPD); ultrassonografia
(USG); Tomografia Computadorizada (TC).
Fonte: elaborado pelo autor.
#importante
No paciente com TCE, em qualquer grau e
concomitantemente com choque hipovolêmico, a
prioridade é o tratamento do choque, com a
reposição volêmica adequada, identificação do foco
hemorrágico e sua correta hemostasia. Uma vez
restabelecida a estabilidade hemodinâmica, pode-se
prosseguir com a avaliação neurológica do TCE.
6.6.1.1 Calota
• Extradural:
• Subdural:
#importante
Em caso de TCE, a tomografia de crânio deve ser
realizada sem contraste, e a imagem branca significa
sangue. O hematoma extradural apresenta imagem
biconvexa aderida à calota craniana em forma de
“limão”, e o hematoma subdural tem sua imagem
rente aderida à calota craniana, côncava, em forma
de “lua crescente” ou de “banana”.
6.6.3 Lesões intracranianas difusas
Soluções salinas hipertônicas de 3 a 23,4% podem ser utilizadas para reduzir a PIC,
preferencialmente em pacientes hipovolêmicos, por não agirem como diurético.
Entretanto, nesses indivíduos a redução da PIC dificilmente será obtida com solução
salina ou manitol.
O manitol é um diurético osmolar utilizado para a redução da PIC e deve ser evitado
em pacientes hipotensos, pois agrava a hipovolemia. As indicações mais precisas
são pacientes comatosos que têm pupilas normais e evoluem com dilatação pupilar
com ou sem hemiparesia, ou pacientes com ambas as pupilas dilatadas e não
reativas e não hipotensos. A dose de manitol a 20% recomendada é de 1 g/kg em
bolus em 5 minutos. A furosemida pode ser utilizada junto com o manitol quando a
PIC está elevada após consulta com neurocirurgião.