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As lesões traumáticas são lesões estruturais induzidas A pressão normal é de 10mmHg, sendo que o volume

e/ou interrupções fisiológicas da função cerebral devido a uma total do conteúdo craniano é constante. Os fatores que
força externa, levando ao início agudo ou agravamento de pelo determinam essa pressão são:
menos um dos seguintes sinais clínicos imediatamente após o ✓ Encéfalo.
evento: ✓ Líquor;
➢ Período de perda ou diminuição do nível de ✓ PIC;
consciência; ✓ Sangue.
➢ Perda de memória para eventos imediatamente antes A elevação de qualquer um desses fatores desregula
ou depois da lesão; a pressão. Para compensar, existem dois mecanismos principais.
➢ Alteração do estado mental; O primeiro é a expulsão do Líquor (até 75mL) dos ventrículos
➢ Déficits neurológicos. e das cisternas para o espaço subaracnóideo e diminuição do
A maior prevalência no Brasil é em homens (82,9%), volume venoso – se o volume expulsado for superior a 75mL,
sendo que nas mulheres o percentual é de 17,1%. A idade em a PIC aumenta:
que mais ocorre TCE é de 21 a 30 anos e os acidentes PPC = PAM – PIC
automobilísticos estão no 1º lugar do ranking de causas, seguidos • PPC: pressão de perfusão capilar;
por agressões e quedas. • PAM: pressão arterial média;
Se a PPC diminuir, a PIC aumenta.
✓ Primária: lesão encefálica direta, lesão axonal difusa; O segundo mecanismo para compensação da PIC é a
✓ Secundária: lesão hipóxico-isquêmica, parada diminuição do sangue contido no sistema venoso encefálico.
cardiorrespiratória, hematoma intracraniano, infecções,
pressão intracraniana (PIC), autodestruição celular.

Nas lesões axonais difusas, um processo inflamatório


pós-lesão é desencadeado para reparar a bainha de mielina –
no sistema nervoso periférico (SNP), as células de Schawan
facilitam a regeneração, já no SNC isso não corre devido à
ausência dessas células.
Um exemplo de mecanismo de lesão estático é o uso
de fórceps em partos vaginais.
Já na lesão dinâmica, o exemplo mais comum é a
“lesão em chicote” que ocorre nos acidentes automobilísticos.

✓ comprometimento da superfície
cerebral com vários graus de hemorragia petequial,
edema e destruição tecidual. O déficit do paciente vai
depender da localização e do tamanho da lesão;
✓ pode ocorrer ✓ gera alguns sinais clínicos
alguns dias após o TCE. como olho de guaxinim e equimose retroauricular (Sinal
de Batlle).

✓ localizados entra a
dura-máter e a calota craniana. Na TMC, possuem
forma biconvexa ou de lente. É mais frequente na
região temporal ou têmporo-parietal e comumente ✓ é consequente do
resultam de ruptura da a. meníngea média. movimento brusco do SN sobre si mesmo. Causa
secção de fibras nervosas e, por isso, a mortalidade
nesses casos pode chegar a 33%. Promove alteração
importante da consciência e não há indicação cirúrgica
nesses casos.

✓ são os mais frequentes e, em


30% dos casos, são TCEs graves. Habitualmente,
recobre toda a superfície do cérebro, sendo unilateral
na maioria dos casos. É mais comum na região fronto-
têmporo-parietal.
Avaliação inicial em casos de TCE

A) Vias aéreas com cuidados da coluna cervical;


B) Respiração e ventilação;
C) Circulação com controle da hemorragia;
D) Incapacidade, estado neurológico;
E) Exposição e controle da hipotermia.

Resposta extensora = decerebração.

➢ Exame neurológico; ➢ Inexistente (-2);


➢ Escala de coma de Glasgow (assimetria de resposta e ➢ Unilateral (-1);
pupilas); ➢ Bilateral (0).
➢ Inspeção (palpação do crânio e face, fraturas
deformidades e lacerações). ➢ 13-15: Normal;
TC de crânio. ➢ 9-12: Moderado;
➢ < 9: grave – indicativo de intubação.

Injeta-se 50mL de soro


fisiológico 0,9% gelado em
cada lado do canal auditivo
externo. A cabeceira deve
estar elevada a 30°. Observa o
paciente por 1min e dá 5min
de intervalo. Se o paciente
movimentar os olhos, o reflexo é considerado negativo e se não
movimentar, é considerado positivo.

O prognóstico depende do tempo de coma, do retorno


neurológico, se houve amnésia pós-traumática, da escala de
prognóstico de Glasgow e da Escala Rancho los Amigos.
O paciente pode apresentar comprometimentos do
sistema sensorial (tátil – superficial e profundo), visual e auditivo.
Além disso, pode comprometer o sistema motor (alterando
tônus, força e coordenação). Outro sistema que pode ser ✓ Evitar complicações iatrogênicas.
acometido é o sistema perceptual/cognitivo e apresentar apraxia
(não sabe fazer a atividade, mas tem tudo normal), afasias Essa escala faz uma estrutura sequencial de previsão
(ausência/dificuldade de fala), agnosias (negligências, não se de recuperação cognitiva e comportamental dos pacientes. Ela
conhecer) e alterações comportamentais. não aborda déficits cognitivos específicos, mas é útil para
comunicar o estado cognitivo e/ou comportamental geral e usar
tal informação para planejamento de tratamento.
✓ a
resposta é baseada no aumento da PA, da FC e da FR,
presença de mastigação, sudorese e movimentação
efetuada pelo sistema nervoso autonômico. O
fisioterapeuta deve trabalhar o posicionamento no leito,
a movimentação passiva, cuidados respiratórios (VM) e
integração sensorial (sensitivo, auditivo e visual);
O comprometimento cognitivo é a maior limitação que
o paciente pode apresentar. A abordagem a ser trabalhada vai
deperder da cognição. O paciente pode apresentar alterações
comportamentais difíceis de lidar, dificuldade de planejar tarefas
e solucionar problemas, além de déficits de orientação e
memória.

Fisioterapia aplicada → TCE


É preciso pensar na plasticidade cerebral, porque ela
vai influenciar bastante no que o paciente vai conseguir
recuperar. Para isso, deve-se considerar o engrama motor
anterior, ou seja, aquilo que o indivíduo já fazia anteriormente
(se ele já era cadeirante e sofreu um TCE, não adianta basear
o tratamento acreditando que ele vai voltar a andar, porque já
era comprometido antes). Além disso, é preciso pensar na
sensação de movimento, na abordagem hospitalar, na
orientação familiar e nos estímulos que vão ser selecionados
✓ paciente apresenta certa
para esse paciente.
movimentação, tem respostas mais consistentes,
começa a reconhecer a família e os amigos, segue
✓ Normalizar PIC;
comandos simples. O fisioterapeuta deve trabalhar com
✓ Otimizar PPC (pressão de perfusão capilar);
comandos simples, movimentação ativo-assistida,
✓ Cabeceira 30° ou neutra;
indicação de órteses, integração sensorial, orientações
✓ Ajustes na ventilação mecânica (VM) – principalmente
para a família (frases curtas e simples, tarefas
o volume minuto do paciente.
direcionadas). Usar OTG, fuso muscular, reflexos
✓ Prevenir eventos que exacerbem ou desencadeiem
cutâneos, hipoestesia e hiperestesia.
lesões secundárias;
✓ o paciente não entende deprimido e irritado, se frustrar facilmente e ser
o que está sentindo, reage em excesso, grita e usa questionador. O fisioterapeuta deve trabalhar com
linguagem inapropriada, é mais consciente (mas não terapia dinâmica, estímulo à memória, necessita
apresenta adequação das atividades), só pensa em estimular a cooperação do paciente e pode pedir para
necessidades básicas e não presta atenção/concentra. que o paciente execute dupla tarefa.
O fisioterapeuta deve trabalhar movimentação ativo- ✓ o paciente pede
assistida, comandos simples, integração sensorial, ajuda apenas quando necessário, calcula com exatidão
orientações para família e direcionamento da tarefa as habilidades, concentra-se por cerca de 2h, responde
com muita calma e paciência. as coisas apropriadamente. O fisioterapeuta deve
✓ não sabe datas nem estimular o retorno às atividades de vida diária em seu
onde está, não inicia ou não completa as atividades, ambiente. O paciente passa para o nível 10 da escala
memória pobre (inventa histórias), hipersexualizado, quando retorna integralmente todas as atividades
sem controle esfincteriano. O fisioterapeuta deve (trabalho, eventos sociais e tarefas mais elaboradas).
trabalhar movimentação ativa (terapia curta), com Para fazer a classificação do paciente utilizando essa escala,
comandos firmes, integração sensorial, orientações é necessário classificar pelo nível mais baixo de acordo com a
para a família e fragmentação de tarefas. atividade realizada.
✓ o paciente é mais
aceitável socialmente, lembra de partes da conversa, é
capaz de fazer estruturação da rotina, é confuso com
mudanças, não apresenta consciência de prejuízos
(riscos de segurança), assistência máxima para novas
atividades, controle de esfíncter. O fisioterapeuta deve
trabalhar a movimentação ativa (terapia curta), a
repetição de tarefas (rotina – hora de comer, hora de
estudar, hora de dormir) e direcionar as respostas.
✓ o paciente é
orientado para lugares e pessoas, faz atividades sem
distração por 30min, é lentificado em situações
estressantes, apresenta rotina domiciliar, é mais
consciente de problemas físicos, traça planos irreais
para o futuro, é capaz de pensar consequências de
uma decisão, não é cooperativo, não reconhece
comportamento inadequado. Nesse caso, o
fisioterapeuta deve trabalhar com uma terapia curta e
dinâmica (máx. 30min), em ambiente com estímulo e
necessita estimular a cooperação do paciente.
✓ o paciente necessita
e espera por auxílio para resolução de problemas e
decisões, é mais flexível, menos rígido, lembra
pensamentos do passado e do presente, não necessita
de ajuda quando aprende atividade, pode se apresentar

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