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NASCER E CRESCER

revista do hospital de crianças maria pia


ano 2009, vol XVIII, n.º 3

Encefalomielite Aguda Disseminada


– Evolução Atípica
Gisela Silva1, Teresa Mesquita Guimarães1, Telma Barbosa1, Lurdes Morais1,
Fernanda Marcelino2, Inês Carrilho3, Rosa Amorim4, Virgílio Senra1

RESUMO INTRODUÇÃO cuja apresentação inicial é muitas vezes


A encefalomielite aguda dissemina- A encefalomielite aguda dissemina- idêntica. Tal só é conseguido com o se-
da (EMAD) é uma doença desmielinizan- da (EMAD) é uma doença desmielinizan- guimento onde se demonstra, em exa-
te aguda monofásica do sistema nervoso te monofásica do sistema nervoso cen- mes imagiológicos seriados ao longo de
central (SNC), cuja maior incidência é tral (SNC) com envolvimento multifocal um período de cinco anos, a ausência de
observada em idade pediátrica. A clínica da substância branca(1). A apresentação aparecimento de lesões de novo nos ca-
é variável incluindo sintomatologia sisté- clínica é muito variável e inclui sintomas sos de EMAD(2).
mica e neurológica. sistémicos, que surgem na designada
Os autores relatam o caso clínico de fase prodrómica, nomeadamente febre, RELATO DO CASO CLÍNICO
um jovem de onze anos de idade com al- mal-estar, mialgias, cefaleias, naúseas, Jovem do sexo masculino, de onze
teração do estado de consciência, tetra- vómitos e sintomas neurológicos, como: anos de idade, caucasiano, previamente
plegia de instalação aguda e progressão défices focais/multifocais, ataxia ou per- saudável, que iniciou quatro dias antes
ascendente associada a diminuição da turbações do movimento, convulsões, do internamento, febre (temperatura axi-
acuidade visual e retenção urinária, que nevrite óptica bilateral e mielopatia trans- lar máxima: 38,3ºC), astenia, mialgias e
se desenvolveu após fase prodrómica. A versa(1,2). cefaleias frontais. Sem outros sintomas
ressonância magnética (RMN) cerebral A maior incidência ocorre em idade acompanhantes, nomeadamente respi-
e medular revelou áreas de hipersinal pediátrica, afectando igualmente rapazes ratórios, gastrointestinais ou exantemas.
disseminadas. Os estudos laboratoriais e raparigas(3). Sem vacinação recente nem contacto co-
não permitiram o diagnóstico etiológico. A EMAD apresenta uma incidên- nhecido com pessoas doentes. Recorreu
Efectuou tratamento com corticóides e cia estimada de aproximadamente ao serviço de urgência (SU) da área de
imunoglobulina intravenosa (IGIV) e ne- 0,8/100000 crianças por ano(1). Em ¾ residência onde foi diagnosticado sín-
cessitou de abordagem multidisciplinar. dos casos, a etiologia é pós-infecciosa droma virusal, tendo alta com tratamento
Verificou-se recuperação de défices mo- ou pós-vacinal(1,3). A patogénese não está sintomático. No dia seguinte, recorreu
tores e da capacidade de esvaziamento perfeitamente esclarecida mas parece re- novamente ao SU por aparecimento de
vesical, mas persistência de atrofia ópti- sultar de uma resposta auto-imune transi- vómitos, fotofobia, diminuição da acuida-
ca. A RMN cerebral realizada no segui- tória contra a mielina ou outros auto-anti- de visual e da força muscular nos mem-
mento revelou apenas atrofia óptica, sem génios, por mecanismos de mimetização bros inferiores (MI) e retenção urinária.
outras alterações. molecular ou por activação não específi- Negava história de traumatismo ou de
Palavras-chave: Encefalomielite ca de clones de células T auto-reactivas ingestão de drogas. Com referência no
aguda disseminada, idade pediátrica, associados a factores de susceptibilidade exame objectivo a temperatura subfebril
RMN cerebral genética(1,3). (temperatura axilar: 37,6ºC) e alterações
O diagnóstico da EMAD baseia-se no exame neurológico, nomeadamente,
Nascer e Crescer 2009; 18(3): 156-159 em critérios clínicos e radiológicos(2,4) (ver midríase fixa bilateral, diminuição da acui-
Quadro I). dade visual e da força muscular nos MI
O exame de eleição é a RMN cere- com reflexos osteotendinosos (ROT´S)
bral que revela lesões de hipersinal dis- dificilmente despertáveis. Foi transferido
__________ seminadas. O tratamento controverso en- para um Hospital Central medicado com
1
Serviço de Pediatria do H Maria Pia - CHP volve a utilização de corticóides em dose ceftriaxone (100 mg/kg/dia) e aciclovir
2
Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais e elevada como primeira linha. Na maioria (50 mg/kg/dia) intravenosos. Na admis-
Pediátricos do H Maria Pia - CHP dos casos há recuperação completa ao são encontrava-se febril (temperatura
3
Serviço de Neuropediatria do H Maria Pia - fim de algumas semanas ou meses(1-3). axilar: 38,4ºC), hemodinamicamente es-
CHP É de extrema importância o diag- tável, sonolento, mas facilmente desper-
4
Serviço de Medicina Física e Reabilitação do nóstico diferencial com outras entidades, tável; apresentava rigidez cervical, midrí-
H Maria Pia - CHP nomeadamente, a esclerose múltipla, ase fixa bilateral, diminuição da acuidade

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Quadro I - Critérios de diagnóstico da EMAD

Características clínicas

- Primeiro evento clínico de doença inflamatória ou desmielinizante do SNC

- Início agudo ou subagudo

- Apresentação polissintomática

- Deve incluir encefalopatia - alteração comportamental aguda (ex. confusão ou


irritabilidade)
e/ou
- alteração do estado de consciência (desde a sonolência Figura 1 – RMN cerebral (T2-FLAIR)
ao coma) seta assinala lesão de hipersinal na re-
gião fronto-parietal direita
- Evento deve ser seguido de melhoria clínica e/ou neurorradiológica

- Sequelas podem incluir défices residuais

- Diagnóstico de exclusão

Recaídas de EMAD ocorrendo dentro de 3 meses após evento inicial devem ser
considerados parte do mesmo evento agudo ou na fase de descontinuação ou nas 4
semanas após término de corticóide

Achados característicos na RMN (em FLAIR e ponderação T2)

- Lesões grandes (>1-2 cm), multifocais, hiperintensas, bilaterais e assimétricas , da


substância branca nas regiões supra e infratentoriais. Por vezes, pode ser visível
apenas uma lesão.

- A substância cinzenta (em particular os gânglios da base e o tálamo) pode estar Figura 2 – RMN cerebral (T2-FLAIR)
envolvida seta assinala lesão de hipersinal na re-
gião occipital direita
- RMN da medula espinhal pode revelar lesões intramedulares confluentes, com
hipersinal variável, juntamente com anomalias do parênquima cerebral

- Sem evidência radiológica de alterações destrutivas prévias da substância branca

Adaptado de : Krupp, LB,B, Tenembaum, S. Consensus definitions proposed for pediatric multiple
sclerosis and related disorders. Neurology 2007; 68:S7.

visual, edema papilar ligeiro OD>OE na imagiológico realizado incluiu tomografia


fundoscopia, sem outras alterações nos computorizada (TC) cerebral que não
pares cranianos e diminuição muito acen- evidenciou alterações e RMN cerebral e
tuada da força muscular nos quatro mem- medular que revelou múltiplas áreas de
bros, sobretudo nos membros inferiores e hipersinal na ponderação T2- Fluid Atte-
mais à esquerda. Nível de sensibilidades nuated Inversion Recovery (FLAIR) nas
superficiais no dermátomo D9; globo ve- regiões corticosubcorticais de ambos os
Figura 3 – RMN cerebral (T2-FLAIR)
sical palpável. hemisférios cerebrais (ver Fig. 1 e 2), pro-
seta assinala lesão de hipersinal na região
Da investigação efectuada o estudo tuberância (ver Fig. 3), medula espinhal mediana e paramediana da protuberância
analítico revelou parâmetros infecciosos (ver Fig. 4) e nervo óptico (ver Fig. 5).
negativos, elevação dos marcadores de Foi iniciado tratamento com metil-
citólise hepática (aspartato transamina- prednisolona intravenosa (1g/dia) pela Os resultados microbiológicos in-
se- 128 U/L e alanina transaminase- 384 hipótese de diagnóstico mais provável cluíram: hemocultura estéril; marcadores
U/L). A gasimetria venosa e estudo da corresponder a EMAD. víricos para Vírus da Imunodeficiência
coagulação foram normais. O sedimento O restante estudo analítico revelou Humana (VIH) e hepatite B negativos;
urinário e pesquisa de tóxicos na urina fo- electroforese das proteínas séricas, es- serologias séricas (IgM e IgG) positivas
ram negativos. O exame citoquímico do tudo imunológico (doseamento de imu- para Mycoplasma pneumoniae, Vírus de
líquor (LCR) revelou pleocitose (30 célu- noglobulinas e factores do complemento) Epstein-Barr (VEB), Parvovírus e Vírus
las) com 40 eritrócitos, glico e proteinor- e estudo metabólico (doseamento de Herpes Simplex-tipo 1 (VHS-1); IgM po-
raquia normais e os exames bacteriológi- aminoácidos, ácidos orgânicos e lactato) sitiva para Citomegalovírus (CMV) e IgG
co e virulógico foram negativos. O estudo normais. positiva para Adenovírus. A pesquisa do

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mantivesse midríase no décimo primeiro apresentado, e mesmo em adultos(1). A


dia de internamento). A recuperação da doença desenvolve-se geralmente após
força muscular dos membros inferiores só imunização ou infecção, sendo possível
se verificou a partir do décimo nono dia estabelecer uma relação temporal entre o
de internamento. Completou sete dias de início do evento febril e os sintomas neu-
ceftriaxone e aciclovir e a partir do quinto rológicos(1). Neste doente, não foi possível
dia de internamento foi reduzida de forma apurar a etiologia do evento clínico prece-
progressiva a dose de corticóide, tendo dente. O curso clínico é rapidamente pro-
cumprido um total de 30 dias de cortico- gressivo e no caso apresentado houve
terapia. O doente permaneceu algaliado um intervalo de quatro dias entre a fase
por retenção urinária desde a admissão e prodrómica e o aparecimento do quadro
Figura 4 – RMN cerebral (T2-FLAIR) com cateterismos intermitentes desde vi- neurológico, o que é concordante com a
seta assinala lesão no cordão medular de gésimo quinto dia de internamento. literatura (média de 4,5 dias)(2). Dentro dos
C3-C4 até à região do cone medular
A evolução analítica revelou nor- exames complementares de diagnóstico
malização dos valores de transaminases destacam-se o exame do LCR que pode
com serologias séricas (repetidas às três apresentar características inflamatórias
semanas de doença) inconclusivas. Para (linfocitose , elevação da proteinorraquia
exclusão do componente de radiculite e da gamaglobulina e mais raramente
associada foi realizada electromiografia das bandas oligoclonais de IgG), testes
(EMG) que não revelou lesão periférica. laboratoriais específicos (serologias para
O doente teve alta após 40 dias de agentes infecciosos, exame cultural LCR
internamento mantendo algaliações in- e do sangue) para identificação ou ex-
termitentes e fisioterapia intensiva diária. clusão de causa infecciosa subjacente
Foi orientado para consulta externa de e o estudo imagiológico(1-3,5). Dentro dos
Medicina Física e Reabilitação, Urologia, exames imagiológicos, a RMN cerebral
Oftalmologia e Neuropediatria. e medular constitui o exame de eleição
No seguimento clínico, verificou- demonstrando lesões inflamatórias mal
se recuperação total da força muscular. delimitadas disseminadas, sem efeito de
Manteve, no entanto, atrofia óptica bilate- massa que surgem como áreas de hiper-
Figura 5 – RMN cerebral (T2-FLAIR) ral (OD++), com a Tomografia de coerên- sinal em sequências ponderadas T2 e
seta assinala nevrite óptica à direita cia óptica (TOC) do disco óptico a revelar FLAIR(2,5). As lesões são tipicamente gran-
atrofia quase total da camada de fibras des, múltiplas e assimétricas, com atingi-
nervosas e das células ganglionares. mento preferencial da substância branca
LCR, pela técnica de reacção da cadeia Os potenciais evocados visuais mostra- (subcortical) e envolvimento eventual da
da polimerase (RCP) foi negativa para ram disfunção marcada das vias ópticas, substância cinzenta (tálamo e gânglios
os agentes VHS-1, CMV , VEB, Adeno- campo visual central (tubular) à direita e da base), sem envolvimento do corpo
virus, Enterovirus, Virus Varicela Zooster, com ligeira constrição à esquerda. Rela- caloso(2,3). O caso descrito corresponde
Mycoplasma pneumoniae e Rickettsia tivamente à disfunção do tracto urinário a provável EMAD quer pela clínica de
connorii. verificou-se recuperação da instabilidade envolvimento multifocal com apresenta-
Durante as primeiras 72 horas, in- vesical,após um período de treze meses ção polissintomática quer pelos achados
ternado na Unidade de Cuidados Inten- em que foi integrado em ensaio dupla- característicos da RMN e boa resposta à
sivos, e verificou-se agravamento clínico mente cego com Alfachin® (alfuzonina) corticoterapia. Contudo, não foi possível
com períodos de grande sonolência, te- na dose de 0,1 mg/kg/dia. apurar a etiologia não só pela ausência
traplegia flácida arrefléxica (MIS :0; MSE: A RMN cerebral e medular, repeti- de dados sugestivos na história clínica
1+ ; MSD: 1-2+), reflexos cutâneo-planta- da dois meses e meio após o início dos como pelo facto das serologias serem in-
res indiferentes e nível de sensibilidades sintomas, revelou desaparecimento das conclusivas e sofrerem a interferência de
superficiais em D3-D4. Necessidade de lesões de hipersinal, à excepção de ne- terapêutica com IGIV e ainda por não ter
algaliação por retenção urinária. Nessa vrite óptica. sido isolado qualquer agente no exame
altura, foi iniciada IGIV (400mg/Kg/dia) do LCR. O tratamento de primeira linha
que manteve durante cinco dias. DISCUSSÃO na EMAD consiste na administração de
Posteriormente, houve melhoria pro- A encefalomielite aguda dissemina- corticóide intravenoso (metilprednisolo-
gressiva mas lenta do quadro neurológico da (EMAD) em idade pediátrica apresenta na 10-30mg/kg/dia até um valor máximo
assistindo-se, em primeiro lugar, à recu- uma idade média de início da doença de de 1g/dia)1 seguido ou não por curso de
peração da força muscular dos membros seis anos e meio (1). Há no entanto, casos prednisolona oral na dose inicial de 2mg/
superiores e da acuidade visual (embora descritos em jovens, como o do doente kg/dia, com redução progressiva ao longo

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de quatro a seis semanas(1-3). O tratamen- pa multidisciplinar foi uma chave fun- BIBLIOGRAFIA
to de segunda linha poderá incluir admi- damental para o sucesso alcançado. O
nistração de ACTH (em doses elevadas), acompanhamento a longo prazo será 1. Mengel T, Kieseier BC, Nessler S,
imunoglobulina intravenosa (IGIV), plas- ainda crucial para o esclarecimento/con- Hemmer B, Hartung HP, Stuve O.
maferese, agentes imunomoduladores/ firmação diagnóstica já que não existem Acute disseminated encephalomye-
citotóxicos além da cobertura antibacte- marcadores específicos para a EMAD e litis: an acute hit against brain. Cur
riana e antivírica empírica (até exclusão porque o prognóstico dependerá do risco Opin Neurol 2007,20:247-254
de encefalite bacteriana ou vírica)(1-3). No de recorrência(6). 2. Stonehouse M, Gupte G, Wassmer
caso apresentado efectuou-se tratamen- E, Whitehouse WP. Acute dissemina-
to simultâneo com corticóide e IGIV pelo ted encephalomyelitis: recognition in
agravamento clínico inicial apesar da CONCLUSÕES the hands of general paediatricians.
instituição da corticoterapia. A resolução Salienta-se a importância de diag- Arch Dis Child, 2003; 88:122-124
completa das lesões ocorre em 37 a 75% nóstico e tratamento precoces da EMAD 3. Tenembaum S, Chitnis T, Ness J,
dos casos e a resolução parcial em 25 e do apoio multidisciplinar, que condiciona Hahn JS. Acute disseminated ence-
a 53% dos casos; também se verifica a um prognóstico mais favorável. Ainda de phalomyelitis. Neurol ,2007; 68 (Sup-
ausência de aparecimento de lesões de notar que o diagnóstico definitivo desta pl 2):S23-S36
novo(1,2). entidade dependerá da recorrência ou não 4. Lotze TE. Differential diagnosis of
No presente caso a evolução foi dos episódios no seguimento doente. acute central nervous system de-
atípica, sem aparecimento de sinais pi- myelination in children. Acessível
ramidais, como a hiperreflexia e espasti- em http://www.uptodate.com/online/
cidade, o que poderá ser justificado pelo ACUTE DISSEMINATED content/topic.do?topicKey=ped_
facto das áreas de hipersinal poderem ENCEPHALOMYELITIS neur/19682&view=print
corresponder mais a edema do que a - ATYPICAL OUTCOME 5. Garg RK. Acute disseminated ence-
lesão desmielinizante. Os sindromes do phalomyelitis. Postgrad Med J,2003;
sistema nervoso periférico (como, a po- ABSTRACT 79:11-17
lirradiculoneuropatia) asociados a EMAD Acute disseminated encephalomye- 6. Kotlus BS, Slavin ML, Guthrie DS,
são raros(2), e foram excluídos através da litis (ADEM) is an acute monophasic Kodsi SR, Ophtalmologic manifesta-
electromiografia. demyelinating disease of the central ner- tions in pediatric patients with acute
A evolução neurológica do doente vous system (CNS). The highest inciden- disseminated encephalomyelitis. JA-
em termos motores foi favorável com re- ce occurs in childhood. Clinical presenta- APOS, 2005; 9(2):179-83
cuperação dos défices motores e desa- tion includes systemic and neurological 7. Panicker J, Nagaraja D, Kovoor J,
parecimento das imagens de hipersinal symptoms. Nair K, Subbakrishna D. Lower uri-
na RMN de controlo realizada 2 meses The authors report the case of a ele- nary tract dysfunction in acute dis-
após o início da doença. Tratou-se, no ven year old boy who presented a combi- seminated encephalomyelitis. Mult
entanto, de um quadro com recuperação nation of altered state of consciousness, Scler,2009;15(9):1118-22. Epub 2009
muito lenta, já que só houve melhoria da acute ascendant tetraplegy, lowering of 8. Sakakibara R, Hattori T, Yasuda K,
força muscular nos membros inferiores a visual capacity e urinary retention, after Yamanishi T. Micturitional distur-
apartir do décimo nono dia de doença. No a prodromal phase. Cerebral and me- bance in acute disseminated ence-
seguimento do doente, durante 24 me- dullar magnetic resonance imaging (MRI) phalomyelitis (ADEM). J Auton Nerv
ses, verificaram-se importantes sequelas showed high signal disseminated areas. Syst,1996;60(3):200-5
visuais, o que não está de acordo com Laboratorial tests couldn’t establish an
a literatura, onde é descrito um prognós- etiology. The treatment included corticos-
tico favorável em praticamente todos os teroids and intravenous immunoglobulin
doentes(6). Desta patologia resultou ainda and need for multidisciplinary team su-
a disfunção do tracto urinário inferior, o pport. The patient recovered from motor CORRESPONDÊNCIA
que é relativamente comum, em particu- deficits and became able to urinate, ho- Gisela Marina Moreira da Silva
lar, nos doentes com EMAD com lesões wever optic atrophy persisted. Follow-up Hospital Maria Pia, Porto
graves da medula espinhal(7,8). A recupe- brain MRI during the following showed Rua da Bovista, 827
ração pode ser incompleta e pode persis- only optic atrophy. 4050-111 Porto
tir mesmo após a recuperação de outros Key-words: Acute disseminated en- Telemóvel: 919 200 724
défices neurológicos(7). cephalomyelitis, childhood, brain MRI e-mail: giselavaqueiro@yahoo.com.br
É sempre importante salientar que
o seguimento do doente por uma equi- Nascer e Crescer 2009; 18(3): 156-159

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