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Harmônica
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Definição e contextualização
As duas principais circunstâncias em que os harmônicos são visualizados mais facilmente são no
comportamento de cordas vibrantes e de ondas em tubos sonoros. Isso se dá pelo fato de, em casos com
esses, a onda encontrar-se limitada a um espaço fixo, o que provoca reflexões e interferências. Esse é o
princípio das ondas estacionárias, correspondentes ao estudo dos harmônicos, formadas por interferência
de ondas que se propagam em sentidos opostos.[2]
Tomando como exemplo uma corda de determinado comprimento e presa nas duas extremidades, pode-se
facilmente observar o comportamento estacionário da onda ao provocar uma instabilidade na corda. A
onda criada propaga-se pela corda até atingir as extremidades, e então, é refletida, provocando
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interferência com ela própria. Dessa maneira, é possível ter a configuração de onda estacionária dada pela
imagem.
Esquematização do comportamento de uma onda estacionária (preta). As duas ondas que a formam (azul e vermelha)
interferem entre si e formam a onda resultante. Pelo fato das extremidades fixas, as ondas (azul e vermelha) são reflexões da
mesma onda. Ao interferirem entre si, formam a onda estacionária (preta). Os pontos vermelhos representam os nós (ou
nodos) da onda resultante.
Para o campo dos harmônicos, a onda estacionária também é chamada de modo de oscilação. O fato é que
tais modos de oscilação só são formados quando a onda tem determinadas frequências e, nesse caso, ao
formar-se a onda estacionária, é dito que a onda sofreu ressonância. Apenas frequências específicas,
chamadas frequências de ressonância, fazem com que a onda estacionária seja formada e,
consequentemente, haja ressonância. Caso a frequência seja diferente, a interferência das ondas refletidas
não será tal a formar a onda estacionária, mas sim pequenas (muitas vezes, imperceptíveis) vibrações
aleatórias no meio de propagação.[1]
Esse princípio é facilmente observável em cordas vibrantes com as duas extremidades fixas. Em tubos
sonoros, entretanto, pode haver uma ou duas extremidades abertas. Porém, a onda continua sendo
refletida na extremidade do tubo, mesmo que não de forma completa.[1] E, da mesma forma, ao interferir
com a outra onda, o som resultante pode entrar em ressonância ao se formar uma onda estacionária,
apenas em determinadas frequências.
Denominação
Nós e antinós
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Para o estudo dos harmônicos, é importante ressaltar que os nós (ou nodos) de uma onda são pontos onde
o deslocamento transversal é nulo. Os antinós (ou antinodos) são pontos de deslocamento transversal
máximo.[3] Ao analisar as extremidades de uma onda estacionária, verifica-se que, se a extremidade é fixa,
nela, a onda apresenta um nó; se a extremidade é livre, nela, a onda apresenta um antinó.[1]
Essa abordagem será útil na concepção dos diferentes casos de harmônicos, explicitada a seguir.
Equações
Como os harmônicos estão relacionados às ondas estacionárias, que
dependem da interferência de ondas refletidas nas extremidades, é
possível verificar três casos particulares de seu comportamento:[1]
Nesse caso, vamos supor que a onda, senoidal, está se propagando numa corda esticada que está presa nas
duas extremidades. A corda tem comprimento . Pelo fato de as extremidades estarem fixas, elas não
podem oscilar, o que implica que, nas extremidades, estão nós da onda.
A mais simples configuração possível nessa condição é ter um antinó no centro da corda. Como o
comprimento de onda é a distância entre duas cristas ou dois vales consecutivos[2], é notável que, para
essa configuração, .
Ampliando a abordagem, se a onda tiver dois antinós entre as extremidades, teremos uma oscilação
completa no comprimento da corda. Nessa configuração, tem-se . Verificando
o comportamento da onda com três antinós, é visível uma oscilação completa e meia oscilação entre as
duas extremidades, o que fornece
Se continuarmos com o processo, a onda apresentará cada vez mais antinós entre as extremidades, e o
comprimento de onda ficará cada vez menor. Analisando os resultados, fica claro que, se a onda tem
duas extremidades fixas,
Sendo a frequência de ressonância para determinado . Toda a análise acima foi feita a partir de
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Essa é a frequência ou modo fundamental do primeiro harmônico, . Ela ocorre quando a onda
estacionária formada tem apenas um antinó entre suas extremidades fixas. As seguintes frequências,
formadas são múltiplos inteiros de , pois:
Se estivermos tratando de uma corda, podemos relacionar os resultados acima com a equação ,
que expressa a velocidade de uma onda que propaga-se numa corda. Assim, apenas para cordas, obtemos:
[2][3]
(frequências de ressonância, ondas estacionárias em
Em linguagem matemática, pode-se denotar a equação desse caso numa equação mais geral como:
Nesse caso, vamos supor que a onda tratada é uma onda sonora que propaga-se no interior de um tubo de
comprimento . Mesmo que a onda seja longitudinal, o comprimento de onda também é a distância
entre duas cristas ou vales consecutivos. A análise, portanto, é semelhante.
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Todas as frequências da série harmônica são múltiplos inteiros da frequência fundamental, dada por
Tem-se que a velocidade do som é dada pela equação , então é possível obter a relação, apenas
para tubos sonoros de duas extremidades abertas:
Pelo que exposto no caso anterior, nesse caso, como uma das extremidades está fixa, nela, a onda
estacionária apresenta, necessariamente, um nó. Na extremidade livre ou aberta, ela deve apresentar,
necessariamente, um antinó.
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teremos:
Da mesma forma, se estivermos tratando de tubos sonoros com uma extremidade fixa, apenas, é possível
ter a relação:
apenas)
Para esses casos, temos que a equação pode ser expressa por:
fixa.
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Harmônicos na música
Uma das áreas de estudo da teoria da música é a Harmonia,
que estuda as relações intervalares e as proporções dos
acordes, suas sucessões e as notas que os compõe.[6] A
física por trás dos harmônicos é apenas adaptada a termos
musicais na área da Harmonia. O conjunto de frequências,
, está relacionado a determinados sons na
escala, e é chamado de série harmônica. A importância
desse assunto à música é que, a partir dessa série, é possível Configuração típica de um som com uma
obter uma relação de intervalos e sons gerados a partir do frequência fundamental de 100 Hz.
som gerador, que é, justamente, a base para o estudo dos
acordes, do contratempo e, consequentemente, da
harmonia.
Por definição, som gerador é o som da frequência fundamental. Fisicamente, é o som da frequência , e
os próximos sons da série harmônica serão múltiplos inteiros dessa frequência. A esses próximos sons dá-
se o nome de sons harmônicos, sobretons ou sons concomitantes.
Não existe uma única série harmônica na música. É possível gerar uma série a partir de qualquer nota
musical. Geralmente são escolhidas as notas mais graves, de frequência menor, o que faz sentido, pois, ao
escolher uma nota de frequência baixa como som gerador, teremos uma grande gama de sons gerados a
partir dele, com frequências mais altas (múltiplos inteiros do primeiro som). Caso a frequência fosse
muito alta (som gerador muito agudo), os sons gerados por ela seriam de frequências ainda mais altas e,
possivelmente, já inaudíveis ao ouvido humano.
Exemplificação
Utilizando um piano, instrumento de grande extensão, como exemplo, temos que o som é gerado por
cordas vibrantes. Logo, as frequências são dadas por:
Percebe-se que, para um instrumento de cordas, a frequência do som depende não apenas do tamanho da
corda, mas também da tensão aplicada a ela e de sua massa específica linear. Em um piano, por exemplo,
as cordas têm diferentes comprimentos, diferentes tensões aplicadas nas extremidades e diferentes
espessuras, o que, consequentemente, fornece diferentes sons para cada corda ou conjunto de cordas
vibrantes. Entretanto, isso não influencia as notas musicais da série harmônica formada, como exposto a
seguir.
Se escolhermos o som gerador como o Lá-1 (utilizando a numeração internacional de oitavas[4]), a oitava
teclada branca de um piano moderno de 88 teclas, teremos uma frequência de 55 Hz. Para essa série
harmônica, o Lá-1, de 55 Hz[7], é o som gerador, de . Temos que:
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Analisando as frequências obtidas, para cada uma delas existe um som correspondente e, para eles, uma
nota musical. Ao conjunto de todas essas notas (ou sons) damos o nome de série harmônica. Nesse caso, a
série está representada na tabela abaixo.
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1 (fundamental) 55 Hz Lá-1 1ª justa
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2 110 Hz Lá1 8ª justa
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4 220 Hz Lá2 4ª justa
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8 440 Hz Lá3 2ª maior
20 1100 Hz Ré 2ª menor
22 1210 Hz - -
23 1265 Hz Mi -
71 3905 Hz - -
72 3960 Hz Si6 -
73 4015 Hz - -
74 4070 Hz - -
75 4125 Hz - -
76 4180 Hz Dó7 -
Na tabela acima, os intervalos são dados entre a nota musical do harmônico anterior. Observa-se que,
quando é muito grande, a tendência é não existirem notas musicais para determinadas frequências. Por
volta de , isso já começa a ser aparente. Isso ocorre pois as notas musicais, com exceção do Lá, não
apresentam frequências inteiras, mas sim decimais; na tabela, estão aproximadas por valores cuja
diferença é imperceptível ao ouvido humano. Entretanto, ao passo em que vai crescendo, o erro
aumenta após se acumular por tantos ciclos e, consequentemente, as notas musicais passam a ser
aproximadamente encontradas em frequências cada vez mais esparsas.
Os intervalos, seguindo a tendência acima, também passarão a ficar cada vez menores. No início da série, é
visto que os intervalos são inteiros e bem definidos. Na medida em que aumenta, a série chega a um
ponto em que o intervalo entre duas frequências consecutivas é muito menor que uma 2ª menor. Esse
contexto está relacionado às comas pitagóricas e aos cents, intervalos muito pequenos de som. Um tom é
um intervalo de som correspondente a nove comas, enquanto um semitom é relativo a 100 cents.[5]
A frequência de 440 Hz, correspondente ao Lá3 da escala geral, é a frequência utilizada por músicos para
afinação dos instrumentos. Apesar de diferentes instrumentos terem diferentes timbres, a frequência de
determinada nota é igual para todos. O que diferencia o som gerado de um instrumento para outro é o
comportamento específico da onda estacionária por ele produzida.[1]
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Pelo motivo exposto acima, é conveniente, para trabalhar com a relação dos intervalos e das notas
musicais, analisar apenas os primeiros harmônicos. Analisando até o 9º harmônico, é possível ter as notas
de formação de alguns dos acordes consonantes e dissonantes.[5]
Formação de acordes a partir da série harmônica do Dó1. Outros acordes podem ser formados com os
próximos elementos da série. Os acordes formados por essa parte da série foram, respectivamente, da
esquerda para a direita: C, C7, C9, Edim, EØ, Gm.
Na imagem ao lado, ao analisar as notas da série harmônica do Dó1, chegamos às seguintes conclusões:[5]
A união do 4º, 5º e 6º harmônico forma o acorde perfeito maior, ou tríade maior; consonante.
A união do 6º, 7º e 9º harmônico forma o acorde perfeito menor, ou tríade menor; consonante.
A união do 5º, 6º e 7º harmônico forma a tríade diminuta; dissonante.
A união do 4º, 5º, 6º e 7º harmônico forma a tétrade do acorde de sétima da dominante; dissonante.
A união do 5º, 6º, 7º e 9º harmônico forma a tétrade meio-diminuta, ou acorde de sétima da sensível;
dissonante.
A união do 4º, 5º, 6º, 7º e 9º harmônico forma o acorde de nona maior com sétima menor; dissonante.
A partir disso, é possível analisar os próximos elementos da série e ter a formação de qualquer acorde e
sua relação intervalar. Com isso, nasce o estudo da Harmonia, dos intervalos e da formação dos acordes,
que é bastante ampla e complexa dentro da teoria musical moderna.
Ver também
Harmônica artificial Oscilador harmônico
Coma pitagórica
Intervalo (música) Senoide
Escala musical
Nó (ondulatória) Série harmônica (música)
Frequência fundamental
Onda Sobretom
Fundamental ausente
Onda estacionária Som
Harmonia (música)
Referências
1. Halliday, David; Resnick; Walker (2012). Fundamentals of Physics. 2 9 ed. [S.l.]: LTC. ISBN 978-85-
216-1904-8
2. Nussenzveig, Moysés (2014). Curso de Física Básica. 2 5 ed. [S.l.]: Blucher. ISBN 978-85-212-0747-4
3. Tipler, Paul (2009). Physics. For Scientists and Engineers. 1 6 ed. [S.l.: s.n.] ISBN 978-85-216-1710-5
4. Med, Bohumil (2012). Teoria da Música 4 ed. [S.l.]: Musimed. ISBN 978-85-709-2039-3
5. Mascarenhas, Mário; Cardoso, Belmira. Curso Completo de Teoria Musical e Solfejo. 2 2 ed. [S.l.]:
Irmãos Vitale. ISBN 857407098X
6. Schönberg, Arnold (2002). Marden Maluf, ed. Harmonia 1 ed. [S.l.]: Unesp. 580 páginas.
ISBN 8571393621
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Ligações externas
www.musica-e-acordes.com (http://www.musica-e-acordes.com/) Informação sobre distorção
harmônica e não harmônica em guitarras.
www.phy.mtu.edu/~suits/notefreqs.html (http://www.phy.mtu.edu/~suits/notefreqs.html) Tabela de
frequências das notas musicais (em inglês).
musicaeadoracao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/teoria/harmonizacao_08.gif (http://musicaeadora
cao.com.br/recursos/imagens/tecnicos/teoria/harmonizacao_08.gif) Tabela simplificada de intervalos
musicais a partir de Dó.
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