Você está na página 1de 5

Interferência de Ondas e Modos Normais – Determinação da

Velocidade do Som no Ar
Luis Gustavo Ferreira Lopes

Bacharelado em Ciência e Tecnologia – Laboratório de Ondas e Termodinâmica – Turma 01


Universidade Federal Rural do Semi-Árido – Campus Caraúbas
Rio Grande do Norte – Brasil

Experimento realizado em 04 de outubro de 2022

Resumo. Este relatório tem como objetivo descrever o acontece ao perturbar um diapasão de 440
Hz de frequência ao lado de uma proveta com duas medidas distintas de água e consequentemente
com duas colunas de ar diferentes. Ao golpear uma das extremidades do diapasão uma onda sonora
é emitida. Ondas sonoras são ondas longitudinais e mecânicas que precisam de um meio para se
propagarem. A existência de ar presente em diferentes níveis na proveta faz com que as colunas de
ar tenham diferentes comprimentos. Ao golpear uma das extremidades do diapasão as moléculas
de ar são vibradas que se propagam na coluna de ar na proveta, o que produz o som característico
do diapasão.

Palavras chave: Diapasão; Onda; Velocidade do som.

“Como o som é propagado pelo ar, logo a


I. Introdução propriedade inercial ⍴ corresponde a massa
especifica do ar. Já, quando uma onda sonora se
“De todas as ondas mecânicas presentes na propaga no ar, a energia potencial está associada à
natureza, as mais importantes no nosso cotidiano são compressão e à expansão de pequenos elementos de
as ondas longitudinais que se propagam em um volume do ar. A propriedade que determina o quanto
meio, em geral o ar, e estas são chamadas ondas um elemento de um meio muda de volume quando é
sonoras” (FREEDMAN; YOUNG, 2008, p. 140). submetido a uma pressão é o módulo de elasticidade
Onda sonora é definida como qualquer onda volumétrico” (HALLIDAY; RESNICK, 2016, p.
longitudinal, ou seja, aquela em que o deslocamento 345), definido pela equação 3
dos elementos que oscilam é paralelo à direção de 𝛥𝑃
propagação. As ondas sonoras também são capazes 𝐵=− (3)
𝛥𝑣
de se propagar em meios gasosos e líquidos, dentre 𝑣
as ondas sonoras mais simples temos as senoidais, as 𝛥𝑣
Onde 𝛥𝑃 é a variação de pressão e é a variação
quais possuem valores definidos para amplitude, 𝑣
relativa de volume produzida por 𝛥𝑃. Assim,
frequência, e comprimento de onda [1].
substituindo as grandezas correspondentes na
“As ondas sonoras podem se propagar em todas
equação 2, temos;
as direções a partir da fonte geradora, com
amplitudes que dependem da direção e da distância 𝐵
entre o ouvinte e a fonte” (FREEDMAN; YOUNG, 𝑣=√ (4)

2008, p. 141). Este tipo de onda é descrita por uma
função de onda de acordo com a equação 1.
𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝐴 cos(k 𝑥 − 𝜔𝑡) (1) Como sabemos, a ressonância e a velocidade do
A velocidade de uma onda mecânica, seja ela som mostra como se comporta a propagação de
transversal ou longitudinal depende das ondas e modos normais. Analisando uma onda que
propriedades inerciais do meio como também das se propagando em tubo como mostra a figura 1
propriedades do meio [2]. Levando em consideração percebemos que esse tipo de onda pode ser
a definição de velocidade para uma onda transversal, produzida movendo senoidalmente um êmbolo na
podemos relaciona-la para determinar a velocidade extremidade esquerda do tubo. Quando o embolo é
de uma onda longitudinal de acordo com a equação movido para a direita o elemento de ar mais próximo
2. é deslocado, deslocando os outros elementos de ar
subsequentes. Quando o embolo volta para a
𝑇 esquerda o elemento de ar também volta para a
𝑣=√ (2)
⍴ esquerda, dessa forma fazendo com que haja
variações de pressões que consequentemente se
propagam ao longo do tubo na forma de uma onda
sonora [2].
Fig. 1 – onda sonora ao longo de um tubo
Fonte: Halliday Resnick (pág 350)

A velocidade de propagação de uma onda


sonora pode ser obtida pela seguinte expressão, Fig. 2 – materiais utilizados
𝑣 =𝜆⋅𝑓 (5) Fonte: autoria própria
Onde 𝜆 é o comprimento de onda do som e 𝑓 a
frequência de vibração. O comprimento de onda Primeiramente o sistema foi montando, em
sonora pode ser determinado por meio experimental seguida a frequência do diapasão foi observada na
confinando a onda em uma coluna de ar dentro de caixa ressoante e anotada. Posteriormente, os valores
um tubo fechado em uma de suas extremidades. O dos três primeiros harmônicos foram determinados
estado estacionário é atingindo quando o usando a equação 6. Com o auxílio de uma trena o
comprimento da coluna de ar L for igual a um comprimento da proveta foi encontrado e com base
múltiplo ímpar de um quarto de comprimento de nisso foi possível determinar quantos harmônicos
onda. A equação 6 mostra isso. foram possíveis de se observar. Com base nos
𝑛⋅𝜆 possíveis harmônicos duas medidas de água foram
𝐿𝑛 = (6)
4 colocadas com dois centímetros abaixo do valor
Com n igual a números ímpares. esperado para a formação do harmônico. Para o
Assim, o objetivo deste trabalho consiste em primeiro nível de água uma coluna de ar de 581 mm
analisando um tubo de comprimento L com uma das foi deixada na proveta e em seguida o diapasão foi
extremidades fechadas e preenchida com uma colocado próximo a entra da proveta e uma das
determinada quantidade de água em duas etapas, extremidades do diapasão foi golpeada afim de
afim de variar as alturas para cada etapa e com isso emitir uma onda sonora, com isso foi possível ouvir
observar as relações existentes entre a frequência e o a intensidade da onda. Em seguida, mais um pouco
comprimento de onda de uma onda sonora emitida de água foi adicionado na proveta, desta vez a coluna
por um diapasão, e utilizar a condição de uma onda de ar foi de 195 mm, aproximou-se novamente o
estacionária ressonante para determinar a velocidade diapasão da entrada e uma das suas extremidades foi
do som. golpeada e foi possível ouvir uma onda sonora. Esse
processo ocorreu mais uma vez, desta vez as colunas
II. Procedimento Experimental de ar foram de 578 mm e 190 mm, com estas colunas
foi possível ouvir uma onda sonora.
Os materiais utilizados durante o experimento
Com base nos resultados obtidos, as duas colunas
estão listados abaixo.
de ar de 581 mm e 578 mm foram somadas e feito
➢ Uma proveta;
uma média, o mesmo aconteceu para as colunas de
➢ Diapasão e martelinho de borracha;
ar de 190 mm e 195 mm. O valor da velocidade do
➢ Caixa ressonante;
som foi determinado para cada valor das colunas de
➢ Trena;
ar, assim como também o comprimento de onda para
➢ Seringa;
cada valor de coluna de ar foi determinado.
➢ Béquer com água.

A figura 2 mostra todos os materiais utilizados. III. Resultados e Discussão


Usando a equação 6 e com o valor do
comprimento de onda encontrado pela equação 5
conseguimos os valores dos três primeiros
harmônicos.
Para o comprimento de onda, temos,
𝑣 =𝜆⋅𝑓
Isolando 𝜆, temos
𝑣
𝜆=
𝑓
Como sabemos que a velocidade do som é de O processo se repetiu mais uma vez. Para o
aproximadamente 340 m/s e a frequência do harmônico 3 o valor correspondente de L3 é de 0,578
diapasão 440 Hz. Assim substituindo na equação m. Dessa forma, usando a equação 6 e a 5 é possível
encontrada, temos, determinar o comprimento de onda e a velocidade do
som para essa situação.
340 𝑚/𝑠
𝜆= = 0,773 𝑚 4 ⋅ 0,578 𝑚
440 𝐻𝑧 𝜆= = 0,770667 𝑚
Assim, com o comprimento de onda encontrado 3
podemos determinar os valores teóricos dos três
primeiros harmônicos. Substituindo o valor do comprimento de onda na
equação 5, temos,
Para o primeiro harmônico ímpar com altura L1
1 ⋅ 0,773 𝑣 = 0,770667 𝑚 ⋅ 440 𝐻𝑧 = 339, 09 𝑚/𝑠
𝐿1 = = 0,19325 𝑚
4
Para o segundo harmônico ímpar com altura L3 Para o harmônico 1 o valor correspondente de L 1 é
3 ⋅ 0,773 de 0,190 m.
𝐿3 = = 0,57975 𝑚 4 ⋅ 0,190 𝑚
4 𝜆= = 0,76 𝑚
Para o terceiro harmônico ímpar com altura L5 1
5 ⋅ 0,773 Substituindo o valor do comprimento de onda na
𝐿5 = = 0,96625 𝑚 equação 5, temos,
4
Como o tamanho da proveta total é 0,737 m só é
possível utilizar os dois primeiros harmônicos 𝑣 = 0,76 𝑚 ⋅ 440 𝐻𝑧 = 334, 4 𝑚/𝑠
ímpares.
Para o harmônico L3 a altura da coluna de ar foi A tabela 1 mostra todos os valores encontrados de
0,581 m, pois foi o nível de água foi 2 cm abaixo do comprimento de onda, velocidade do som para todas
valor esperado acima. usando a equação 6 é possível as alturas de coluna de ar.
determinar o comprimento de onda e com o
comprimento de onda é possível determinar a Tabela 1 – Resultados das grandezas físicas
velocidade do som para esta coluna de ar com a Harmônicos n=3 n=1 n=3 n=1
equação 5. Logo,
Altura da L3 = 0,581 L1 = L3 = 0,578 L3 =
𝑛⋅𝜆 coluna de ar m 0,195 m m 0,190 m
𝐿3 =
4 L
Compriment 0,774667 𝑚 0,78 𝑚 0,770667 𝑚 0,76 𝑚
o de onda λ
Isolando 𝜆, temos, Velocidade 340, 85 𝑚 343,2 𝑚 339, 09 𝑚 334, 4 𝑚
4 ⋅ 𝐿3 do Som /𝑠 /𝑠 /𝑠 /𝑠
𝜆=
𝑛 Fonte: elaboração própria
4 ⋅ 0,581𝑚 Com os dois comprimentos de onda encontrados
𝜆= = 0,774667 𝑚
3 para o harmônico n = 1 e n = 3 é possível determinar
Substituindo o valor do comprimento de onda na uma média entre eles. O mesmo pode ser feito para
equação 5, temos, a duas velocidades do som dos harmônicos
correspondentes. Assim, para os comprimentos de
𝑣 = 0,774667 𝑚 ⋅ 440 𝐻𝑧 = 340, 85 𝑚/𝑠 onda relacionados com o harmônico n = 1, temos,

Para o harmônico L1 a altura da coluna de foi de 𝜆̅ =


0,78+0,76
= 0,77 𝑚
0,195 m, com dois centímetros a menos do valor 2
esperado para a quantidade de água. De forma
análoga a anterior é possível determinar o Para os comprimentos de onda relacionados com o
comprimento de onda e a velocidade. Portanto; harmônico n = 3, temos,

4 ⋅ 𝐿1
𝜆= 0,774667+0,770667
𝑛 𝜆̅ = = 0,772667 𝑚
2

4 ⋅ 0,195 𝑚 Para as velocidades relacionados com o harmônico n


𝜆= = 0,78 𝑚
1 = 1, temos,

Substituindo o valor do comprimento de onda na 343,2 𝑚/𝑠 + 334,4 𝑚/𝑠


equação 5, temos, 𝑣̅ = = 338,8 𝑚/𝑠
2
𝑣 = 0,78 𝑚 ⋅ 440 𝐻𝑧 = 343,2 𝑚/𝑠
Para as velocidades relacionados com o harmônico n 7 ⋅ 340
= 3, temos, 𝐿7 = = 0,4958 𝑚
4 ⋅ 1200
Para 𝐿9
340,85 𝑚/𝑠 + 339,2 𝑚/𝑠 9 ⋅ 340
𝑣̅ = = 340,025 𝑚/𝑠 𝐿9 = = 0,6375 𝑚
2 4 ⋅ 1200
Para 𝐿11
Aumentando-se o comprimento da coluna de ar L 11 ⋅ 340
𝐿9 = = 0,7792 𝑚
nota-se que o comprimento de onda aumenta e a 4 ⋅ 1200
frequência do som emitido diminui. Relacionando a
equação 5 com a 6 podemos obter a seguinte relação, Com base nos cálculos feitos e no comprimento
𝑛⋅𝑣 da proveta, é possível determinar cinco harmônicos,
𝑓=
4⋅𝐿 1, 2, 3, 4 e 5.
Ou seja, observamos que a frequência é
inversamente proporcional a altura da coluna de ar. Ao examinar a caixa ressoante que acompanha o
Já a velocidade do som tende a diminuir também, diapasão, observa-se uma relação entre os
mas não significativamente, já que o método de comprimentos da caixa e os valores de Ln=1 obtidos
medida adotado não é totalmente preciso. nas questões anteriores. Com base na medida feita no
Com a média achada o desvio padrão pode ser laboratório, percebeu que o valor de L1 é bem
determinado e representado na seguinte forma: 𝑣 = próximo do da caixa ressoante. Observamos que o
𝑣̅ ± 𝜎𝑣̅ . Onde 𝑣̅ é a média das velocidades e 𝜎𝑣̅ é o valor de L1 é aproximadamente igual a 0,193 m já o
desvio padrão. A expressão para o desvio padrão caixa ressoante é de 0,187 m. Como os equipamentos
𝑁 de medida não são precisos houve uma pequena
∑𝑖=1(𝑣𝑖 −𝑣̅)2
pode ser representado por: 𝜎𝑣̅ = √ diferença, mas relativamente considerável.
𝑁
Para a velocidade 1, temos Com o experimento realizado é possível localizar
um nó e um antino (ventre) de uma onda sonora
(343,2 − 338,8)2 + (334,4 − 338,8)² dentro da proveta, como a proveta é um tubo com
𝜎𝑣̅ = √
2 uma extremidade fechada e outra aberta. Ao incidir
𝜎𝑣̅ = 4,4 numa extremidade fechada o som é refletido com
inversão de fase, formando aí um nó da onda
Assim, 𝑣 = 338,8 ± 4,4 estacionária. Isso ocorre porque nesse local as
partículas de ar não podem vibrar. Já o antino fica
Para a velocidade 2, temos nas paredes da proveta, ou seja, o ponto que sofre
interferência construtiva.
(340,85 − 340,025)2 + (339,2 − 340,025)²
𝜎𝑣̅ = √ Com base no que foi aprendido neste experi-
2 mento, é possível determinar aproximadamente a
𝜎𝑣̅ = 0,825 distância de queda de um raio em relação ao obser-
vador. Como é sabido, a luz tem uma velocidade
Assim, 𝑣 = 340,025 ± 0,825 muito maior que a do som. Isso pode ser visto
quando há uma tempestade, primeiramente se vê re-
Usando a mesma proveta, para uma fonte sonora lâmpagos e posteriormente escuta o barulho do tro-
de 1200 Hz é possível determinar quais harmônicos vão, isso acontece porque a luz tem uma velocidade
poderão ser formados assim como a quantidade de aproximadamente 300000000 m/s e o som a de-
máxima de harmônicos. Como a velocidade do som pender da temperatura tem uma velocidade de cerca
é 340 m/s e já sabemos o comprimento da proveta de 340 m/s. ao contar o intervalo de tempo que entre
que é de 0,737 m, e a frequência de 1200 Hz. o momento que o raio foi visto e o trovão foi ouvido
Podemos relacionar a equação 5 com a equação 6, e multiplicar esse tempo pela a velocidade do som,
assim podemos obter aproximadamente a distância de
𝑣 = 𝜆 ⋅ 𝑓 => 𝜆 = 𝑣/𝑓 queda do raio até a pessoa.
𝑛⋅𝑣
𝐿𝑛 = IV. Conclusão
4⋅𝑓
Para 𝐿1 Portanto, com base no que foi visto é correto
1 ⋅ 340 afirmar que o som é um tipo de onda mecânica
𝐿1 = = 0,0708 𝑚 longitudinal. Ao aumentar a coluna de ar na proveta
4 ⋅ 1200
Para 𝐿3 é possível observar que o comprimento de onda
3 ⋅ 340 aumenta já a frequência tende a diminuir, dessa
𝐿3 = = 0,2125 𝑚 forma mostrando assim suas relações. A passagem
4 ⋅ 1200
Para 𝐿5 de qualquer onda sonora pode causar uma variação
5 ⋅ 340 de pressão do meio de propagação fazendo com que
𝐿5 = = 0,3542 𝑚 haja um deslocamento das partículas de ar, assim, ao
4 ⋅ 1200
Para 𝐿7 deslocar partículas de ar a densidade do mesmo
muda fazendo com que seja possível escutar o
mesmo.

V. Referências

[1] SEARS & ZEMANISK, YOUNG &


FREEDMAM, Física II: Ondas e
Termodinâmica. 12. Ed. Person, 2008.

[2] HALLIDAY, D. RESNICK, R. WALKER,


J. Fundamentos da Física. 10. ed. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos Cientifico, 2016. V2.

Você também pode gostar