Você está na página 1de 14

Ano Letivo 2018/2019

Curso: Técnico de Eletrónica, Automação e Instrumentação


10º ano

Disciplina: Física e Química

MATERIAL DE APOIO ÀS AULAS

Módulo 6
F6 – Som

A professora: Elsa Barbosa

1
1.1 Sistemas vibratórios

O som é uma sensação auditiva produzida pela vibração dos corpos, é produzido quando um corpo
vibra e faz vibrar o meio à sua volta.
Um movimento de uma partícula designa-se oscilatório ou vibratório quando a partícula se
desloca alternadamente, ora num sentido, ora em sentido contrário, em torno de uma posição de
equilíbrio. Em muitas situações, as características (posição, velocidade e a aceleração da
partícula) destes movimentos oscilatórios repetem-se, sucessivamente, ao fim de intervalos de
tempo iguais – movimentos periódicos.

1.2 Ondas

As ondas que vamos estudar não são as ondas do mar e dos oceanos, mas estas são um bom
exemplo de ondas, bem como as ondas causadas pelos pingos de água da chuva nos lagos, as ondas
sísmicas, as ondas sonoras.
As ondas podem ser eletromagnéticas, quando não necessitam de meio material para se
propagarem ou mecânicas, quando necessitam de meio material para se propagar.
A luz propaga-se através de ondas eletromagnéticas, já o som propaga-se através de ondas
mecânicas (longitudinais). Como o nosso estudo vai se centrar no som, apenas vamos considerar as
ondas mecânicas.

Ondas

Eletromagnéticas Mecânicas

transversais transversais longitudinais

Características das ondas

Conforme o modo de propagação, as ondas podem ser transversais ou longitudinais. Nas ondas
longitudinais, a direção da perturbação e a direção da propagação são paralelas, ou seja, têm a
mesma direção. Nas ondas transversais a direção da perturbação é perpendicular à direção da
propagação.
Vamos supor uma corda esticada, presa a uma parede na outra extremidade. Uma pessoa sacode
a corda para cima e para baixo, cria uma perturbação que se propaga até à outra extremidade da
corda. Após a passagem da perturbação, cada secção da corda volta à posição inicial.

2
Ondas longitudinais:

Ondas transversais:

Uma onda é caracterizada por: amplitude, A; comprimento de onda, ; período, T e frequência, f.

A amplitude de onda, A, é o maior ou menor deslocamento da posição em torno da qual a onda


vibra, ou seja a medida da altura da crista ou do vale da onda. A unidade no SI é o metro (m).

3
O comprimento de onda, , é a distância entre duas cristas, ou vales sucessivos, ou seja que se
encontram na mesma fase de vibração. A unidade no SI é o metro (m).

O período, T, é o tempo que demora a ocorrer uma oscilação (onda) completa. A unidade no SI é
o segundo (s).

A frequência de uma onda, f, é o número de ondas que passam num determinado ponto, por
segundo, ou o número de vibrações completas por unidade de tempo. No caso das ondas luminosas a
frequência está associada com a cor que se observa. A unidade no SI é o hertz (Hz)

Relação entre o período e a frequência:

1 1
T= f =
f T

A velocidade da crista da onda é dada por:

distânciapercorrida 
v=  v =  v = f
tempocorrespndente T

Ondas planas e ondas esféricas

Vimos, até agora, exemplos de ondas que se propagam numa única direção. Por exemplo as ondas
sonoras que se propaguem num tubo ou ondas que se propaguem numa corda esticada. Porém as
ondas propagam-se no espaço, em todas as direções e não apenas numa direção.
Uma frente de onda corresponde a todos os pontos com as mesmas características de posição,
relativamente à posição de equilíbrio, assim, os pontos de uma frente de onda possuem a mesma
velocidade, como é o exemplo das cristas e dos vales.
Se a onda se propaga numa única direção, as frentes de onda são planas. Se a onda se propaga em
todas as direções, partindo de um ponto (origem), a frente de onda é esférica.

Frente de Onda Plana

Uma direção

Frente de Onda Esférica

Todas as direções
4
Interferência de ondas

Se observarmos com atenção as ondas do mar, verificamos que, as ondas que seguem em direção
à praia, passam por outras ondas que recuam da praia, e nenhuma destas ondas sofre,
aparentemente, alterações das suas características.
Esta propriedade verifica-se experimentalmente para muitos tipos de ondas, permitindo que
duas ou mais ondas possam atravessar a mesma região do espaço independentemente umas das
outras.

O deslocamento de uma partícula, a partir da respetiva posição de equilíbrio, num determinado


instante, é a soma algébrica dos deslocamentos que cada uma das ondas provocaria individualmente
nesse ponto e nesse instante – Princípio da sobreposição das ondas.
Se duas ondas, com a mesma amplitude, se deslocam ao longo do mesmo meio com a mesma
velocidade de propagação, os efeitos físicos da sua sobreposição depende da distância entre duas
cristas, ou vales, das duas ondas.

Interferência Construtiva:

Se as cristas das ondas coincidem, ou estão muito próximas, então o deslocamento de uma
partícula do meio, em relação à posição de equilíbrio, é o dobro, ou quase o dobro, do que seria
provocado por apenas uma das ondas. As ondas interferem construtivamente.

5
Interferência Destrutiva

Se as cristas das duas ondas estão separadas de aproximadamente meio comprimento de onda,
então o deslocamento de uma partícula do meio, em relação à posição de equilíbrio, é nulo ou muito
pequeno. As duas ondas interferem destrutivamente.

Ondas estacionárias

Vamos considerar uma corda esticada, presa nas duas extremidades. As ondas progressivas vão
ser refletidas nos extremos fixos da corda. Cada reflexão dá origem a uma onda progressiva que
avança no sentido oposto. As ondas refletidas e as incidentes vão se sobrepor.
Passamos a ter duas ondas com a mesma frequência, amplitude e velocidade. Como resultado
desta sobreposição de ondas, tem-se uma onda estacionária.
Quando ocorrem ondas estacionárias, cada ponto da corda executa um movimento harmónico
simples e todas as partículas oscilam com a mesma frequência. Porém as amplitudes são diferentes.

A] onda incidente
[B] onda reflectida
[C] Sobreposição das ondas [A] e [B] – a frequência é a mesma, mas a amplitude varia.

6
A amplitude resultante da sobreposição das ondas dá origem a pontos designados por ventres (ou
antinodos) e nodos.

Ondas sonoras

O som propaga-se através de ondas mecânicas longitudinais. Assim o som propaga-se nos meios
materiais (sólidos, líquido e gases) e não se propaga no vazio, ao contrário da luz.
O som tem origem no movimento oscilatório rápido de um corpo, que cria uma perturbação no ar,
ou noutro material, e que se propaga ao longo deste.
O movimento do corpo dá origem a compressões e a descompressões (rarefações) que se
propagam ao longo do meio material.

Comparação entre as ondas sonoras que se propagam num tubo e ondas longitudinais que se propagam numa mola

As ondas sonoras correspondem às perturbações que se propagam num meio mecânico e cuja
frequência é percebida pelo ouvido humano. Essa gama de frequências designa-se por som ou gama
auditiva. Varia entre 20 Hz e 20000 Hz.
As ondas mecânicas com valores inferiores a 20 Hz designam-se por infra-sons.
As ondas mecânicas com valores superiores a 20000 Hz designam-se por ultra-sons.

7
Espectro Sonoro

A velocidade de propagação do som varia de meio para meio material. Pela tabela apresentada é
fácil concluir que o som se propaga mais rápido nos sólidos do que nos líquidos e nos líquidos que nos
gases.

Velocidade de propagação do som


Meio material
(ms-1)
Ar (20ºC) 343
Oxigénio 317
Água 1480
Granito 6000
Ferro 5100

Reflexão de ondas sonoras

Quando as ondas sonoras encontram um obstáculo podem mudar a direção de propagação, ou o


sentido, este fenómeno designa-se por reflexão do som.
Nem todas as superfícies refletem o som da mesma forma. As superfícies duras refletem o som
na totalidade, mas superfícies macias absorvem grande parte do som. Por este motivo são utilizados
materiais macios para revestir salas onde se pretende um ambiente silencioso.
O eco e a reverberação são consequências da reflexão do som.

Considera um músico a tocar guitarra numa sala. O som produzido propaga-se até encontrar um
obstáculo, por exemplo uma parede, que o reflete.

onda sonora incidente


P
A
R
E
D
onda sonora refletida E

8
Como o ouvido humano só consegue distinguir dois sons distintos espaçados de um intervalo de
tempo de 0,1 s, é possível calcular a distância mínima entre o nosso guitarrista e a parede para que
ocorra o fenómeno de eco.
Como a velocidade do som no ar é cerca de 340 ms-1 e o intervalo de tempo 0,1 s temos:

x = vt
x = 340  0,1
x = 34m

A distância total que o som tem de percorrer, desde que sai da guitarra até que chega ao ouvido
do guitarrista é de 34 metros, logo a distância entre o guitarrista e a parede é de:

x 34
d= = 17m
2 2

Para ocorrer eco é necessário que a distância entre o emissor e o obstáculo seja igual ou
superior a 17 m.
Se a distância for inferior a 17m ocorre a reverberação.

Refração de ondas sonoras

Quando as ondas sonoras passam de um meio material para outro meio material diferente sofrem
a refração.
Na refração do som as ondas sonoras quando mudam de meio de propagação, variam a direção da
propagação.
A refração do som é bastante complicada de identificar, pois sempre que ocorre a refração do
som também ocorre a reflexão, tornando por isso difícil detetar a refração do som.

Refração do som – A variação da temperatura do ar influência a velocidade de propagação do som, levando a um


alteração da direção de propagação da onda sonora.

9
Ressonância

Qualquer corpo que possa vibrar, tem uma ou mais frequências nas quais gosta de vibrar. Se se
tratar de um pêndulo, existe apenas uma frequência bem definida, uma frequência natural. Outros
corpos: um tambor, um prédio, podem vibrar com diversas frequências.
As frequências naturais correspondem àquelas com que um corpo vibra, quando atuado por um
agente exterior. Quando um corpo é atuado por uma força exterior ele apenas vibra na sua
frequência natural
Quando se coloca a oscilar uma mola elástica, puxando-a devagar para cima e para baixo, com a
mão, a mola vibra, mas não na sua frequência natural e com uma amplitude muito reduzida.
Aumentando a frequência de vibração, aumenta a amplitude do movimento, e quando se atinge a
amplitude máxima, a mola vibra com o valor da sua frequência natural. Existe assim ressonância.

O sistema que corresponde a uma situação de ressonância é o do caso [B], porque a mola possui
amplitude máxima e a sua frequência de vibração, f, é igual à frequência própria, f 0, a sua frequência
natural.
A ressonância ocorre, por exemplo, numa caixa de uma viola ou de um violino. A caixa da viola ou
do violino, ao vibrarem por ressonância com a vibração das cordas do instrumento, emitem um som
de maior amplitude, reforçando assim o som do instrumento.
Uma ponte, ou outra estrutura, vibra com determinadas frequências naturais. Quando uma coluna
de soldados marcha sobre a ponte, se a frequência do passo cadenciado da coluna de soldados
coincide com as frequências naturais da ponte, pode dar origem a uma vibração de amplitude muito
elevada, provocando a ressonância.

1.2. A intensidade do som e a audição

Altura do som

A altura do som permite distinguir os sons graves dos sons agudos. Está relacionada com a
frequência das ondas sonoras.
Quanto maior é a frequência das ondas sonoras, maior é a altura do som, ou seja mais agudo.
Quanto menor é a frequência das ondas sonoras, menor é a altura do som, ou seja mais grave.

10
Pequena frequência Elevada frequência

Som Grave Som Agudo

Intensidade do som

A intensidade do som é a propriedade que permite distinguir os sons fortes dos sons fracos.
Esta propriedade está relacionada com a amplitude das ondas sonoras.
Quanto maior for a amplitude das ondas sonoras, maior é e intensidade do som e mais forte é.
Quanto menor for a amplitude das ondas sonoras, menor é a intensidade do som e mais fraco ele
é.

Pequena amplitude Elevada amplitude

Som Fraco Som Forte

As ondas sonoras transportam energia, logo um som forte transporta muita energia, por isso é
ouvido a uma grande distância da fonte sonora.
Um som fraco transporta pouca energia, sendo ouvido apenas a uma pequena distância da fonte
sonora.
À medida que o som se propaga a sua intensidade diminui.

A intensidade do som nada tem a ver com o facto de ser alto (agudo) ou baixo (grave). Um som
agudo pode ser forte ou fraco, o mesmo acontecendo com um som grave.

O timbre é uma propriedade do som que permite distinguir sons produzidos por diferentes ondas
sonoras.
A quantidade de energia transportada por segundo por uma onda designa-se por potência da
onda, medida em joule por segundo, J/s ou watt, W.
11
A intensidade do som, I, num ponto do espaço é definida como a potência, P, que passa
perpendicularmente a uma superfície pequena centrada nesse ponto, dividida pela área dessa
superfície, A.

P
I=
A

A unidade de intensidade do som é o watt por metro quadrado, W/m 2 ou Wm-2.


A intensidade do som é uma grandeza que pode ser medida com sonómetros.

O ouvido humano

A vibração das partículas do ar próximas das fontes sonoras é comunicada a outras partículas
que ficam mais afastadas. Quando a vibração chega ao ar próximo dos nossos ouvidos, comunica-se à
membrana do tímpano. As vibrações desta membrana são comunicadas por uma cadeia de ossos, e as
células nervosas fazem chegar a mensagem sonora ao cérebro.

Os sons são:
▪ Captados no ouvido externo.
▪ Amplificados no ouvido médio.
▪ Transmitidos ao cérebro, que os interpreta no ouvido interno.

O ouvido humano consegue ouvir sons com intensidades dentro de uma gama elevada, 1 W/m 2 e
10-12 W/m2, é necessário usar uma escala diferente da habitual.
O ouvido humano é mais sensível a valores de frequência entre 1000 Hz e 7000 Hz. A frequência
de 1000 Hz foi escolhida como a frequência padrão para o estabelecimento de uma escala de
intensidade sonora.
A 1000 Hz, o som menos intenso que pode ser detetado pelo ouvido humano tem a intensidade de
1 10 −12 W/m2, que é escolhida como padrão de referência, I0.
O valor de I0 varia de ouvinte para ouvinte, mas este valor é utilizado em todos os casos,
definido por limiar da audição.
12
O limite superior que o ouvido humano pode suportar é de 1 W/m2. Acima deste valor. As ondas
sonoras provocam dores do peito, este é o limiar da dor ou limiar da sensação dolorosa.
Agora é possível construir uma tabela de intensidade do som. Dividimos o valor da intensidade do
som, I, pelo valor padrão I0, e utilizamos o expoente da potência de 10 obtida para identificar o
nível sonoro.

Exemplo:
I
Se a intensidade do som, I, é dez vezes superior ao padrão de referência, I0, temos: = 10
I0
O expoente da potência de base 10 que exprime este resultado é o 1, pois 101 = 10 .
Assim a intensidade do som a que nos referimos é 1,0 bel

13
A lei do inverso dos quadrados

Vamos considerar uma fonte de ondas sonoras, que produz ondas de igual intensidade, em todas
as direções. A energia sonora radiada pela fonte passa através de qualquer superfície esférica
imaginária, de raio R e área 4R2, com centro na origem das ondas.
A intensidade sonora, num ponto à distância R da origem é:
P P
I= I=
A 4R 2

Se não ocorrer reflexão nem absorções da energia, a intensidade sonora é inversamente


proporcional ao quadrado da distância à fonte. Assim a razão entre as intensidades a distâncias
diferentes pode ser calculada da seguinte forma:

I 2 R12
=
I 1 R22

14

Você também pode gostar