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Centro Cultural

Goiânia, 19 de fevereiro de 2018

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

de Bairro um projeto piloto


Escola de Artes e Arquitetura
Trabalho por Sara Carmo Conceição
sob a orientação de Frederico Rabelo

O que é? Assim, o Centro Cultural de Onde e por quê?


Quando utilizada a Bairro funcionará como um Ao se tratar da locação do Centro
nomenclatura ‘‘centro cultural’’, espaço de fomento à atividade Cultural, procura-se não a
a área de abrangência do termo cultural em regiões marginais periferia matemática, não-
possibilita interpretações servindo como um modelo, com central geométricamente. Busca-
diversas e, por fim, dúbias e raio de abrangência pré- se a concepção da periferia
contrastantes entre si. No determinado e locação social, marginalizada, carente de
presente trabalho, usar-se-á a acupuntural, a ser implantado equipamentos públicos,
conceituação de Milanesi (1997), em diversos pontos da cidade investimentos e infra-estrutura
de ser um espaço no qual criando uma rede de apoio e básica. A qual não só foge aos
coexistem a reunião, a discussão incentivo à cultura periférica ao requisitos de centralidade de
e a criação. longo de toda a extensão urbana Villaça (1998) como, para
da cidade de Goiânia. Waisman, ‘‘(...) tem como
Partindo do princípio de que referência obrigatória um centro,
‘‘gente junta cria cultura’’ que provê modelos a partir dos
(SANTOS, 2009), compreende- Alguns dados quais será julgada sua produção
se, por tabela, que a periferia (...)’’. Assim, a periferia se faz
também é um pólo gerador de um lugar de identidade e
cultura válido, com seus Goiânia tem * características próprias, sendo
impactos próprios na vida da
cidade como um todo. Sendo
1,302,001** berço de sua própria cultura,
mas ainda em detrimento de um
assim, se há uma cultura habitantes
& grande centro urbano, no

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periférica, faz-se necessário um qual se localizam
espaço para o desenvolvimento e centros os catalisadores
validação da mesma. culturais culturais da
Para Goiz (2016), referindo-se a *** cidade de forma
São Paulo, ‘‘ao se promover uma inacessível aos
cultura de pertencimento e a esta são atores periféricos.
vincular signos e símbolos, se 144,65mil hab
está estabelecendo relações de
poder, consolidando novas
formas de projetar a vida, a arte,
hab/centro
a comunidade e a si mesmo
como ator social’’. Portanto,
cedendo um espaço como
símbolo máximo da cultura legenda
periférica, cede-se identidade e bairros
protagonismo ao seu usuário.
centros
Ainda que os estudos de Goiz se
culturais

remetam à uma megalópole com área de


abrangência
uma realidade urbana tão
diferente da goianiense, a
verdade sobre os tratos
referentes às periferias se
mantém aplicável à ademais mais de
cidades.
100 bairros
não atendidos
norte

01 2,5 5 km
Cultura& referenciais teóricos
Educação
Baseando-se em uma visão
bourdiauiana, percebe-se que
a desigualdade de capital
cultural - tão relevante à
Bourdieu quanto a
desigualdade econômica - no
binômio do centro-periferia é
perpetuada pelo atual modelo
Arantes
educacional básico, deficiente Otília Arantes, doutora em Filosofia Jaime Lerner, ex-prefeito de
Lerner
Luis Milanesi, em seu livro A Casa
Milanesi
em recursos e qualidade de pela Universidade Paris 1 Curitiba e ex-governador do da Invenção, de 1997, aborda as
(Pantheón-Sorbonne), na coletânea Paraná, publica, em 2003, transformações do espaço
ensino. Assim, um centro A Cidade do Pensamento Único que, Acupuntura Urbana. Para Lerner, bibliotecário em centros culturais a
cultural que se porte nas duas juntamente com Maricatto e ‘‘a acupuntura urbana é um fim de manter a pregnância do bem
Vainer, analisa o planejamento conjunto de ações pontuais e de cultural e informativo vivo na
esferas temáticas se torna um estratégico da cidade. Atenta-se à revitalização que podem mudar cidade, dado os avanços
elemento potencializador, espetacularização da resistência progressivamente a vida na cidade.’’ tecnológicos que contribuíram para
como forma de controle social, a Assim, com a proposição de uma o esvaziamento e possível desuso do
mitigando falhas que cultura é capitalizada, cooperando rede de centros e a concepção de um público do espaço bibliotecário em
surgiram e, com o tempo, para o processo de gentrificação do como modelo, busca-se aplicar geral. Sua análise envolve conceitos,
agravaram o quadro social da meio através de objetivos turvos e
capitalistas nas implantações e
conceitos acupunturais a fim de
corroborar para uma melhoria da
abrangências e alcance e esboços de
programas de necessidades
cidade ao longo do tempo. No fomentações culturais. Assim, cede vida urbana na cidade de Goiânia, convenientes ao presente trabalho
panorama atual, uma temática um senso crítico deveras mais
apurado às motivações e intenções
contemplando os impactos do como uma base ao partido físico
pequeno - local, na escala do bairro quanto à teoria e análises que
mista como essa não só é reais do centro proposto aqui. - em todo o contexto municipal. envolvem sua implantação.
pertinente como, também, é complementares
urgente. Ermínia Maricatto Ian Bentley Jane Jacobs Marina Waisman Silvia Arango

Estudos de Caso

1
Ano: 2012
Praça das
Artes

Local: São Paulo, SP, Brasil


2
Ano: 2005
Biblioteca
España

Local: St Domingo, AT, Colômbia


3
Ano: 2016
Proposta para
Vila Cultural

Local: Paphos, Chipre


Arquitetura: Brasil Arquitetura Arquitetura: Giancarlo Mazzanti Arquitetura: Petras Architects
Relevante nos quesitos de Relevante em sua completa Talvez o programa mais próximo
inserção no contexo urbano, relação com a comunidade em do modelo a ser gerado, com
programa (mas adequá-lo à que se está inserida; tanto na uma inserção na paisagem leve e
escala de bairro e não esfera arquitetônica entre o uma relação de oferta cultural
metropolitana) e como se edifício e o entorno mas em bastante compatível ao entorno,
mantém inserida no cotidiano. como a comunidade se engaja sendo um pólo interessante de
com o edifício. geração/promoção de cultura.
Bibliografia
GOIZ, Juliana de Almeida. Identidade Marginal: Processos culturais na periferia. Revista Consciência Crítica. Dossiê: Questão Racial. nº 8. Universidade
Federal Fluminense. Rio de Janeiro, 2016.
MILANESI, Luis. A casa da invenção: biblioteca: centro de cultura. 3.ed. São Caetano do Sul: Ateliê Editorial, 1997
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Do pensamento único à consciência universal. 4.ed. Record, Rio de Janeiro, 2000.
VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln Institute, 1998.
WAISMAN, Marina. El interior de la Historia: Historiografía Arquitectónica para uso de Latinoamericanos. Colección: Historia y Teoría Latinoamericana.
Escala. 2.ed. Colômbia. 1993.
*Pictograma por munganh kim para o The Noun Project.
**Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE GOIÂNIA. Centros Culturais. Portal Goiânia. Disponível em <http://www4.goiania.go.gov.br/portal/goiania.asp?s=2&tt=con&cd=1602> com último acesso em 18/02/2018.
***Fonte: CENSO DEMOGRÁFICO 2010. Evolução Populacional. Disponível em <https://cidades.ibge.gov.br/painel/populacao.php?codmun=520870> com último acesso em 18/02//2018.

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