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APRESENTAÇÃO
Falar em sistemas processuais significa falar das formas de atuação possíveis do Estado para
com o Direito Penal, ou seja, como opera o Estado no sentido de fazer valer as normativas
penais que o regulam.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá se aproximar dos sistemas processuais penais,
conhecendo suas principais caracteristicas e aplicabilidades.
Os sistemas processuais penais estão divididos entre acusatório, inquisitório e misto. Além de
trabalharamos as caracteristicas e formas de atuação dentro de cada um desses sistemas, também
exploraremos a divergência doutrinária quanto ao sistema processual penal brasileiro.
Bons estudos.
INFOGRÁFICO
Você sabe o que é um Inquérito Policial, suas caracteristicas e procedimento? É chegada a hora
de nos aproximarmos desse conteúdo. Neste inforgráfico, você terá acesso às principais
caracteristicas do Inquérito Policial. Ainda, conseguirá acompanhar o passo a passo cronológico
desde a conclusão do inquérito.
CONTEÚDO DO LIVRO
Neste capítulo, você irá estudar ideias acerca dos sistemas processuais penais, sendo eles:
acusatório, inquisitivo e misto. Serão explorados, portanto, os conceitos de cada um deles. Além
disso, estudará o instituto do inquérito policial, sua conceituação, natureza jurídica e o passo a
passo desse procedimento.
Leia o capítulo Sistemas processuais penais, da obra Teoria do processo judicial e extrajudicial,
base teórica para essa Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
TEORIA DO
PROCESSO JUDICIAL
E EXTRAJUDICIAL
Ariane Perdomo
Sistemas processuais penais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Falar em sistemas processuais significa falar das formas de atuação pos-
síveis do Estado com o Direito Penal, ou seja, como opera o Estado no
sentido de fazer valer as normativas penais que o regulam.
Os sistemas processuais penais estão divididos em acusatório, in-
quisitório e misto. Neste capítulo, além de trabalhar as características e
formas de atuação dentro de cada um desses sistemas, você também vai
explorar a divergência doutrinária quanto ao sistema processual penal
brasileiro. Ainda, vai aprofundar os estudos de Direito Processual Penal
com a aproximação ao inquérito policial, como ele funciona, as suas
características e os seus principais objetivos.
Sistema acusatório
Nesse sistema, os papéis de acusar, atuar na defesa e decidir acerca do ocor-
rido são bastante divididos e exercidos por sujeitos diferentes. O juiz atua
nesse sistema como um sujeito totalmente apartado das partes, com postura
passiva no que diz respeito à propositura da ação. As partes do processo
possuem uma característica isonômica entre si, além disso, ao réu, até que
se tenha o julgamento da ação, é assegurada a presunção de inocência. Ou
seja, não será considerado culpado no curso do processo, o que garante a
ele responder ao processo em liberdade, salvo exceções que venham a exigir
procedimento contrário.
O contraditório e a ampla defesa regem esse modelo, o que significa
dizer que o acusado toma conhecimento de todos os atos processuais e ma-
nifestações, além disso, tem o direito de manifestar-se, ou seja, defender-se
de tudo que for a si atribuído. Vale dizer que, além de o réu ter acesso aos
atos processuais, eles são, em regra, regidos pelo princípio da publicidade,
o que assegura o livre acesso da sociedade ao processo. O princípio da pu-
blicidade pode ceder, dando espaço ao segredo de justiça, caso se verifique
a necessidade de privacidade.
Podemos dizer que a característica mais relevante e marcante desse sistema é a separa-
ção entre o juiz e a acusação. Ou seja, não deve o primeiro atuar no sentido de auxiliar
o processo de condenação do acusado, mas sim, como participante imparcial, analisar
tudo o que foi produzido por acusado e acusação e então realizar um julgamento.
Sistema inquisitório
Nesse sistema, em contraponto ao sistema acusatório, os papéis assumidos
pelos agentes do processo penal não são tão bem divididos. Tal afirmativa se
faz tendo em vista que ao juiz é atribuída tanto a função de julgar quanto a
de participar da acusação e da defesa. Esse é o modelo que, de acordo com a
doutrina, gera maior injustiça.
Além do fato de não podermos dizer ser o julgador imparcial, também não
há praticamente qualquer limitação para a obtenção da confissão dos acusados.
O procedimento não vinha resguardado pelo princípio da publicidade, pelo
contrário, era secreto. As garantias do contraditório e da ampla defesa que
estão no sistema acusatório, no inquisitório, não são visualizadas. Assim, o
processo correr de forma secreta é uma discricionariedade do magistrado que
pode assim definir, sem que haja qualquer fundamentação para a medida.
Os interesses da acusação prevalecem quanto aos demais. Nesse sentido,
não se faculta à defesa manifestar-se acerca de cada manifestação levantada
no processo. Tanto as partes quanto o juiz podem atuar na produção de provas.
No que diz respeito à liberdade do réu, vale dizer que, nesse sistema, o
que se presume é sua culpa. Assim, a prisão preventiva é algo extremamente
recorrente, sendo que responder ao processo em liberdade torna-se, portanto,
uma exceção a ser devidamente fundamentada.
O Estado assume o poder quase integral do processo penal, na medida
em que atua diretamente em todos os andamentos processuais, acusando,
produzindo provas e julgando.
Sistema misto
Esse sistema, como o próprio nome revela, abrange cada um dos outros dois
sistemas trabalhados. Ou seja, ele engloba elementos acusatórios e elementos
inquisitórios. Como um movimento no sentido de afastar o modelo inquisitório,
ele acaba trazendo garantias presentes no acusatório. Para parte da doutrina,
não existe nenhum sistema puramente acusatório ou puramente inquisitório,
sendo, portanto, esse o modelo mais recorrente.
No sistema misto, no que diz respeito à separação das funções de acu-
sação, defesa e decisão, há uma clara divisão. No entanto, isso não impede,
em situações excepcionais, o juiz de agir de forma ativa, assumindo funções
próprias de acusação e defesa.
Nesse modelo, há a garantia do contraditório e da defesa, em níveis que
vão variar de maior para menor, de acordo com as demais garantias asse-
guradas pelo País. Como o direito ao contraditório e à defesa são variáveis,
também varia nesse sistema o quesito de isonomia das partes, que, em regra,
acontece, no entanto, por vezes, é relativizado, seja em favor da defesa ou
em favor da acusação.
No que diz respeito à publicidade dos atos, estes devem ser públicos,
mas podem ganhar caráter secreto mesmo sem existência de lei que assim
determine, ou seja, pode acontecer esse afastamento da publicidade dos atos
por motivação do juiz.
Quanto à produção de provas, ela é uma garantia de titularidade da defesa
e da acusação, podendo, no entanto, ser assumida pelo juiz em casos que
entenda pertinente.
Não presumimos nem a culpa nem a inocência nesse sistema. A regra é que
o processo deve ser respondido com o acusado em liberdade, no entanto, essa
garantia não é absoluta, podendo ser relativizada de acordo com a legislação
de cada país, bem como por motivação do juiz.
A doutrina majoritária entende o sistema penal brasileiro como acusatório, uma vez
que desconsidera a existência do inquérito, já que ele não faz parte do processo penal,
mas sim é um momento administrativo e dispensável.
objeto da investigação;
circunstâncias que giram no entorno do fato;
procedimentos a serem diligenciados.
Referência
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Informativo nº. 0505, 20 set. a 3 out. 2012. Disponí-
vel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/informativo-tribunal,informativo-505-
-do-stj-2012,39956.html>. Acesso em: 14 maio 2018.
Leituras recomendadas
AVENA, N. Manual de processo penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
FERRAJOLI, L. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 3. ed. São Paulo: RT, 2010.
GAVIÃO, R. O inquérito policial no Brasil e seus conceitos: questões de validade entre
forma e conteúdo. 2015. Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito
do Sul de Minas. Pouso Alegre, 2015. Disponível em: <https://sucupira.capes.gov.
br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.
jsf?popup=true&id_trabalho=3615252>. Acesso em: 14 maio 2018.
LOPES JÚNIOR, A. Direito Processual Penal. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
SOUZA, D. T. Q. A permeabilidade inquisitória do processo penal em relação aos atos de
investigação preliminar. 2016. Dissertação (Mestrado em Direito) — Pontifícia Univer-
sidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2016. Disponível em: <https://
sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTra-
balhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=3616374>. Acesso em: 14 maio 2018.
O acontecimento de uma conduta típica move no Estado uma necessidade de ação, que consiste
na necessidade de aplicar uma punição. O Processo Penal tem como função a garantia da
aplicabilidade dessas sanções de forma alinhada às garantias Constitucionais do sujeito. No que
diz respeito aos sistemas processuais penais, sabemos que são três: acusatório, inquisitivo e
misto.
EXERCÍCIOS
B) Permissão de busca por novas informações de qualquer natureza, mesmo com o seu
arquivamento.
D) Necessidade de que a notícia do crime seja identificada, ou seja, veda denúncias anônimas
de um fato criminoso.
C) É um procedimento que, em regra, corre em sigilo, de modo que nem mesmo aquele que
desempenha função de defesa poderá ter acesso.
E) Mesmo nos casos de ação penal pública condicionada, o inquérito poderá ser instaurado
por iniciativa e convicção da autoridade policial.
4)
O Inquérito Policial, quanto ao seu procedimento:
B) Quando feita sua remessa à autoridade judiciária, todos os instrumentos do crime são
retirados, já que é na fase judicial que podemos construir as provas.
D) Uma vez fundamentando sua motivação, a autoridade policial poderá arquivar o inquérito,
caso nas diligências realizadas não se identifiquem critérios para a demonstração de
materialidade e autoria.
E) Embora a regra seja ser presidido por um delegado de polícia, em razão da sobrecarga de
trabalho, poderá ser presidido por um escrivão.
C) No que diz respeito a processos de réu preso, independentemente do crime, o prazo para
conclusão é de 90 dias.
D) Nos crimes previstos na Lei de Drogas, o prazo para conclusão do inquérito no caso de o
investigado encontrar-se em liberdade é de 90 dias.
E) 30 dias é o tempo máximo que um investigado, por qualquer crime, que esteja em
liberdade, poderá aguardar pela conclusão do inquérito policial.
NA PRÁTICA
No entanto, na prática, ainda seguem ocorrendo situações de violação dessa súmula. Tal
problemática pode ser ilustrada. Acompanhe, na imagem a seguir, a ementa de decisão do TJRS,
em que, por três anos de duração do Inquérito Policial, estava sendo negado o acesso ao
advogado do investigado aos autos.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Neste link, você terá acesso a um artigo que aponta um olhar crítico ao Inquérito policial como
elemento de construção de fundamentos de incriminação.
Neste link, você terá acesso a um artigo que revela pontos acerca da gestão pública de segurança
desde um olhar para o sistema penal. Nesse caso, o autor faz interações desde o crime de
homicídio.
Neste link, você terá acesso a um artigo que apresenta um olhar dos delegados de polícia para o
problema do sistema penal brasileiro.
Neste link, você terá acesso a um sítio em que você poderá baixar um tese de um mestrado que
foi produzido acerca dos vícios de forma do Inquérito Policial.
Neste link, você terá acesso a um sítio em que você poderá baixar um tese de um mestrado que
foi produzido acerca do caráter inquisitório do sistema penal.
Neste link, você terá acesso a um vídeo que faz uma visão crítica do sistema carcerário
brasileiro.