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O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO MUNICIPIO DE


PARAIBA DO SUL, RJ.

TATIANE RAIMUNDO LUCIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


PÓLO TRÊS RIOS - UFRJ
NOVEMBRO - 2010
12

O uso de Plantas Medicinais no Município de Paraíba do Sul, RJ.

TATIANE RAIMUNDO LUCIO

“Monografia apresentada na
Universidade Federal do Rio de Janeiro
como parte das exigências para
obtenção do grau de Licenciada no curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas
do Consórcio CEDERJ/UFRJ”

Orientadora: Profª. Sharon Santos Lima

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


PÓLO TRÊS RIOS
13

NOVEMBRO – 2010

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais que acreditaram,


incentivaram e tornaram possível este momento. Para eles o
estudo seria minha maior arma e riqueza, e que assim seja.
Aos meus avós que com todo afago, doçura e dedicação
tornaram menos árduos esse duro período de estudo e
trabalho. Eles são pra mim o maior exemplo de bondade,
solidariedade e perseverança. Que Deus possa dar muita
saúde e paz a eles sempre e que um dia, eu possa retribuir
pelo menos um terço do que me dedicaram.
Aos amigos que fiz durante a faculdade, em especial
Rodrigo Magalhães e Priscila Souza, que proporcionaram
momentos alegres, de muito riso e descontração mesmo as
vésperas de provas decisivas. O companheirismo dessa dupla
foi fundamental para a travessia desse trajeto. Vou trazê-los
sempre comigo.
Por fim a minha irmã, meus amigos e primos. A estas
pessoas especiais que tornam a vida muito mais agradável e
nos encorajam a seguir em frente, meus sinceros muito
obrigada.
14

Agradecimentos

Agradeço a Deus primeiramente por ter me dado saúde e força para

prosseguir, pois inúmeras foram as pedras no caminho que geravam muito cansaço

e desanimo, mas graças a Ele, estou aqui.

A toda equipe da unidade CEDERJ/Três Rios pela atenção e serviço prestado

em todos esses anos, em especial aos tutores que contribuíram muito para o meu

crescimento e enriquecimento como aluna, como profissional e principalmente como

ser humano.

A Orientadora Sharon que me guiou na realização deste trabalho. Agradeço a

ela por todo tempo e paciência dedicados. Tivemos mudanças de vida muito

importantes neste período, o que nos afastou ainda mais fisicamente, mas graças a

sua grande generosidade, pudemos dar continuidade a esta parceria.

A minha banda musical preferida que inspirou o tema deste trabalho com

duas de suas composições. Esta banda chamada “O Rappa” canta o cotidiano, os

anseios de vida de gente comum que batalha para vencer, para viver. Mesmo

diante deste abismo que separa fã de ídolo, quero agradecê-los, pois sua poesia me

faz refletir, viver mais feliz e acreditar em dias melhores.


15

ÍNDICE
Pág.
1. INTRODUÇÃO 11
1.1 Plantas medicinais: Aspectos históricos e panorama atual. 11
1.2 Remédio ou Veneno. 16
1.3 Plantas medicinais em Paraíba do Sul. 19

2. OBJETIVOS 22
2.1 Objetivo Geral 22
2.2 Objetivos Específicos 22

3. MATERIAIS E MÉTODOS 23
3.1 Oferta local de plantas medicinais e coleta de Dados 23
3.2 Análise dos Dados 24

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 25

5. CONCLUSÃO 39

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40

7. ANEXOS 44
16

LUCIO, Tatiane Raimundo


O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO MUNICIPIO DE PARAIBA DO SUL – RJ.
PARAÍBA DO SUL - RJ. 2010.
44 f. il: 31 cm
Orientadora: Sharon Santos Lima
Monografia apresentada na Universidade Federal do Rio de Janeiro para
obtenção do grau de Licenciada no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
do Consórcio CEDERJ. 2010.
Referencias bibliográficas: f.
1. Plantas Medicinais, Município de Paraíba do Sul - Monografia
I. Lima, Sharon Santos
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Licenciatura em Ciências Biológicas
do Consórcio CEDERJ
III. A concepção do Uso de Plantas Medicinais no Município de Paraíba do Sul.
17

ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

FIGURA 1 - Exemplos de plantas medicinais que apresentam efeito 18


tóxico ou interferem na atividade de outras drogas. a)
cáscara sagrada (Rhamnus purshiana); b) lantana (Lantana
camara); c) confrey (Symphytum officinale); d) sene (Cassia
angustifólia); e) ginkgo (Ginkgo biloba); e) erva-de-são-joão
(Hypericum perforatum).

FIGURA 2 - Perfil dos entrevistados quanto ao sexo e quanto à idade. 26

FIGURA 3 - Perfil dos entrevistados quanto ao grau de escolaridade. 26

FIGURA 4 - Registro sobre o hábito de fazer uso ou não de plantas 27


medicinais.

FIGURA 5 - Preferência quanto ao tipo de tratamento em caso de 27


doença.

FIGURA 6 - Motivos alegados pela preferência do uso de remédio 28


industrializado.

FIGURA 7 - Ocorrência de dificuldades de se adquirir remédios em 28


farmácias.

FIGURA 8 - Dificuldades relatadas para se adquirir remédios em 29


farmácias.

FIGURA 9 - Dificuldades encontradas pelos entrevistados para utilizar 30


plantas medicinais.

FIGURA 10 - Quais são os benefícios da utilização de plantas medicinais? 31

FIGURA 11 - Plantas utilizadas pelos entrevistados 33

FIGURA 12 - Formas de aquisição das plantas utilizadas para tratamento. 33

FIGURA 13 - Conhecimento sobre os riscos do extrativismo para a 34


comercialização de plantas medicinais.

FIGURA 14 - Noções sobre o risco de intoxicação e de interações 35


medicamentosas oferecido pelas plantas medicinais.

FIGURA 15 - Noção sobre a importância de coletar plantas de locais 36


adequados, distante de pastos ou trânsito de veículos.

FIGURA 16 - Indicação dos maiores detentores do conhecimento sobre 37


plantas medicinais pelos entrevistados.
18

ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

TABELA 1 - Nome popular e finalidade de uso de plantas conforme 32


conhecimento dos entrevistados.
19

RESUMO

As plantas medicinais são utilizadas pelos povos com finalidades terapêuticas


há milhares de anos. São usadas como atenção primária à saúde pela grande
maioria dos povos desfavorecidos de riquezas e assistência médico-hospitalar e são
de uso extremamente comum em comunidades tradicionais. Todavia, o hábito de
usar plantas medicinais é amplamente difundido e relacionado com idéias de menor
custo, segurança e ausência de reações adversas ou efeitos colaterais, etc, a falta
de informações e o mau uso de plantas medicinais pode levar a intoxicação e às
vezes à morte. O objetivo deste trabalho foi tentar compreender a idéia que há por
atrás do uso de plantas medicinais pela população de Paraíba do Sul, levando em
consideração a idade e a escolaridade dos entrevistados a fim de estabelecer um
perfil dessa atividade no município e evidenciar se é uma atividade presente ou não
no cotidiano dos moradores. Os dados foram coletados através da aplicação de
questionários nos seguintes locais: 1°- Posto de Saúde do Bairro Liberdade, 2°-
Posto de Saúde do Bairro Santo Antônio, 3°- alunos do Colégio Estadual Bezerra de
Menezes, e 4°- outros moradores do mesmo município (familiares e colegas de
trabalho). Ao todo 40 pessoas cederam informações para esta pesquisa. A maioria
dos entrevistados era do sexo feminino, menor de 60 anos e possuía ensino médio.
A maioria dos entrevistados afirmou fazer uso de plantas medicinais (62,5 %) no
entanto, 85% deles preferem o uso de medicação alopática em caso de doença por
motivos como facilidade de aquisição, efeito mais rápido e indicação médica. Foram
relatadas algumas dificuldades com relação ao uso de plantas medicinais como falta
da planta e incerteza da identidade desta. Justificativas naturalistas foram
apresentadas para o uso de plantas como medicamento, sendo preocupante o fato
de que apenas cerca de 50% dos usuários de plantas medicinais conhecem os
riscos de intoxicação e interação medicamentosa que podem ocorrer. Em contra
partida a maioria cultiva as plantas em casa, não favorecendo o extrativismo e
sabem da necessidade das plantas serem cultivadas e/ou coletadas de locais
adequados. Os pais e os avós aparecem como os principais transmissores deste
conhecimento e as plantas mais utilizadas são o boldo, a romã e a camomila.
20

ABSTRACT

Medicinal plants are of ancient use. It have been use in primary health care by
people in places more poor or deprived of wealth and medical assistance and use
are extremely common in traditional communities. However, the habit of using
medicinal plants is widespread and associated with ideas of lower cost, safety and
absence of adverse reactions or side effects etc, the lack of information and misuse
of medicinal plants can lead to poisoning and sometimes to death. The aim of this
work was try to understand the idea about the use of medicinal plants by the
population of Paraiba do Sul, taking into account age and education level of
respondents in order to establish a profile of medicinal plants users. Data were
collected through questionnaires in the following locations: 1°- The district health post
of Liberdade, 2°- The district health post of Santo Antônio, 3°- students of Colégio
Estadual Bezerra de Menezes, e 4°- other residents of the same place (family and
work colleagues). Altogether 40 people gave information for this research and most
of them were female, under 60 years and had school. They claimed to use of
medicinal plants (62.5%) however, 85% of them prefer the allopathic medication in
case of illness for reasons such as easely of acquisition, faster effect and medical
indication. Some difficulties were reported regarding the use of medicinal plants as a
lack of plant and uncertainty of the identity. Naturalistic justifications were given for
the use of plants as medicine, and the worrying fact that only about 50% of herbal
users know the possible risks of poisoning and drug interactions. By contrast most
cultivated plants at home, not favoring the extraction and know the need of the plants
are grown and / or collected in suitable locations. Parents and grandparents appear
as the main transmitters of this knowledge and the plants most used are the
forskohlii, pomegranate and camomile.
21

1. INTRODUÇÃO

1.1. Plantas medicinais: Aspectos históricos e panorama atual.

O uso de plantas medicinais é uma prática utilizada pelos povos ao longo da


história. Há relatos do uso de plantas com finalidade terapêutica por volta de 3.000
a.C. No ano 78 d.C. o botânico grego Pedanios Dioscorides descreveu cerca de 600
plantas medicinais em seu trabalho denominado Tratado De Matéria Medica. Este
tratado permaneceu por mais de catorze séculos como fonte de referência. (Turolla
e Nascimento, 2006). Observa-se que esta é uma atividade que se confunde com a
própria história da humanidade. O homem vem fazendo uso das plantas medicinais
no tratamento dos mais variados tipos de doenças (Sousa et. al., 2008), como forma
de cura, prevenção ou mesmo em hábitos que buscam a manutenção de um bom
estado de espírito e de saúde, mesmo que muitas vezes, na realidade se trate de
meros efeitos placebos, mas que confortam e curam.
Foi através da observação e da experimentação pelos povos primitivos que as
propriedades terapêuticas de determinadas plantas foram sendo testadas e
descobertas e assim propagadas ao longo das gerações, e se perpetuando como
marca cultural dos povos. Os povos de hábitos simples são a princípio, os grandes
detentores do saber tradicional a respeito do uso de plantas medicinais. (Medeiros,
Fonseca e Andreata, 2004). Figuras como o pajé, o curandeiro, a rezadeira, a
mulher mais velha da localidade que detém grande sabedoria de vida e o respeito
dos demais, são personagens e ícones máximos deste conhecimento.
No Brasil esta prática é resultado da forte influência cultural dos índios
miscigenadas às tradições trazidas pelos povos africanos, e da cultura européia
vinda com os colonizadores. (Maioli-Azevedo e Fonseca-Kruel, 2007). Esse saber
tradicional é de relevante interesse para a ciência, principalmente por parte da
indústria farmacêutica, pois muitas vezes é a partir do relato desses povos que o
conhecimento tradicional é transformado em científico e a propriedade terapêutica
das plantas é finalmente testada e comprovada cientificamente (Amorozo,1996).
O ramo da Botânica que estuda essa dinâmica relação entre o homem e as
plantas é a etnobotânica. Esta ciência está relacionada ao estudo das sociedades
humanas, passadas e presentes, e todos os tipos de inter-relações: ecológicas,
evolucionárias e simbólicas, reconhecendo, portanto, a dinâmica natural das
22

relações entre o ser humano e as plantas. (Maioli-Azevedo e Fonseca-Kruel, 2007).


A etnobotânica trabalha conjuntamente com outras disciplinas, como a
etnofarmacologia. Esta parceria aplica-se quando a medicina tradicional faz
aplicação do uso das plantas medicinais no tratamento de enfermidades (Patzlaff e
Peixoto, 2009). A etnofarmacologia consiste no estudo do complexo conjunto de
relações de plantas e animais com sociedades humanas do presente e do passado
(Berlim, 1992) no que diz respeito às praticas médicas, especificamente remédios,
utilizados em sistemas tradicionais de medicina. Estas disciplinas trabalham
combinando informações adquiridas do relato de usuários e especialistas
tradicionais, com estudos químicos e farmacológicos (Patzlaff e Peixoto, 2009).
O Brasil é o país que detêm a maior diversidade vegetal do planeta, no
entanto, apenas 8% dessa flora foram estudadas a fim de se conhecer seus
princípios ativos. (Garcia et al., 1996). Por isso os estudos etnobotânicos são de
extrema relevância em nosso território. Essa enciclopédia verde ainda não
desvendada e cobiçada por todo o mundo pode significar a esperança de cura de
inúmeras doenças através da descoberta de medicamentos e princípios ativos tão
esperados pela humanidade. A cura da AIDS, do câncer, das doenças cardíacas e
genéticas... Por enquanto só nos resta apostar no futuro, no avanço do trabalho
científico, na investigação do saber popular e no potencial incalculável das plantas
ainda não estudadas. Este trabalho investigativo e de pesquisa em nosso território
iniciam-se logo após o descobrimento, onde os viajantes e cientistas desbravadores
relatam o conhecimento tradicional das comunidades locais sobre a flora medicinal,
interesse este que se estende até os dias atuais. (Patzlaff e Peixoto, 2009).
O colapso econômico do sistema de saúde nos países de terceiro mundo,
bem como no Brasil, fez surgir, entre essas nações, uma crescente busca pela
medicina tradicional e pela fitoterapia, já que trata-se de praticas mais baratas e
acessíveis à população carente que o tratamento por medicação alopática. A
Organização Mundial da Saúde divulgou que 65-80% da população desses países
em desenvolvimento dependiam das plantas medicinais como única forma de
cuidado com a saúde (Veiga Junior, 2007) e que a prática da medicina tradicional
está incluída e reconhecida no sistema primário de saúde da maioria dessas nações.
(Maioli-Azevedo e Fonseca-Kruel, 2007). A Organização relata que cerca de 80% da
população mundial dependam de plantas para o cuidado com a saúde e que 85% da
medicina tradicional empregam o uso de plantas medicinais. A estimativa divulgada
23

por este estudo menciona ainda que o mercado da medicina tradicional movimente
só nos Estados Unidos, cerca de 60 milhões de dólares por ano (Op.cit, 2007).
Somando-se ao fator socioeconômico o uso de plantas medicinais também é
favorecido e estimulado por propiciarem efeitos colaterais mais brandos do que os
medicamentos alopáticos (Junior et. al., 2005).
O que temos visto, principalmente através da mídia, é que o interesse pelas
plantas medicinais é mundial, mas não somente pelo potencial terapêutico
riquíssimo destas, mas principalmente por representarem um poder econômico
incalculável visado especialmente pela indústria farmacêutica que trava uma
verdadeira corrida ao ouro na busca por novos achados e com isso futuras e
rentáveis patentes sobre novos produtos.
Todo esse interesse e a enorme quantidade de informação sobre o uso de
centenas de plantas como medicamentos em todos os lugares do mundo faz surgir a
necessidade de se desenvolver metodologias que facilitem a avaliação científica
dessas plantas e a caracterização do seu valor terapêutico, bem como o saber
tradicional associado a ela (Elizabetsky, 2000). Acrescenta-se a isto a preocupação
quanto à perda da biodiversidade, devido à extração vegetal desordenada,
principalmente nos países em desenvolvimento, e o processo natural de mudança
cultural e urbanização que em tempos de praticidade e modernização compromete
todo esse conhecimento tradicional (Veiga Junior, 2007). Todos esses fatores
determinam um senso de urgência em garantir o registro desse saber. (Elizabetsky,
2000).
Socioeconomicamente a descoberta de novos fármacos de origem vegetal
resulta no desenvolvimento de fitoterápicos patenteados, diminuindo ou acabando
com a dependência externa, o que acarretam consequências significativas no
planejamento de saúde de um país e na sua própria economia, possibilitando a este
a autonomia no gerenciamento de suas políticas de saúde. (Op.cit., 2000) estima o
valor econômico da descoberta de novos fármacos de origem vegetal, relatando que
há de se contabilizar todos os benefícios sociais advindos do produto e não apenas
o valor de mercado. Sendo assim, do ponto de vista ecológico, a descoberta desses
novos fármacos consiste em um forte argumento conservacionista. (op. cit., 2000).
Tendo como base primordial a planta com finalidade terapêutica, podemos
definir três grupos de medicamentos; a planta medicinal em si, preparada e utilizada
das mais diversas formas, mais comumente na forma de chás, o fitoterápico e o
24

fitofármaco (Biazzi, 1997). A OMS (Veiga Junior, 2007) define planta medicinal como
sendo todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que
podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos
semi-sintéticos. Já fitoterápico é definido como um medicamento obtido e elaborado
exclusivamente a base de planta medicinal. Portanto, a diferença entre planta
medicinal e um fitoterápico reside no fato de que um fitoterápico apresenta a
elaboração de uma formulação específica a partir de uma planta medicinal, sendo
caracterizado pelo conhecimento da sua eficácia e dos riscos do seu uso, assim
como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. É o produto final
acabado, embalado e rotulado que obedecem as normas de uma legislação vigente.
Na produção de um fitoterápico não podem estar incluídas substâncias ativas de
outras origens a não ser a vegetal. Já quando estamos nos referindo a uma
substancia ativa ou mistura de substancias ativas que foram isoladas de uma planta
medicinal estamos falando de um fitofármaco.
Atualmente, a maior parte da venda de plantas medicinais é feita em
farmácias e lojas de produtos naturais, onde o produto é embalado e comercializado
com rotulação industrializada. (Veiga Junior, 2007). Embora se tenha parâmetros
específicos para a produção e comercialização desses fitoterápicos, já que cada
país possui um conjunto de regras que regulariza a produção e o comércio de
drogas vegetais, ainda hoje ocorrem questões preocupantes quanto à inadequação
para a comercialização desses produtos (Calixto, 2000).
Estudo realizado em 54 farmácias da cidade de Recife em 2002 avaliou 24
amostras de produtos comercializados a base de pata de vaca, ginkgo e boldo (Melo
et al, 2004). Nesta pesquisa procurou-se verificar se os rótulos e as bulas dos
produtos estavam de acordo com as normas da ANVISA (RDC nº 17 de 24/02/2000
e a portaria 110/97). O resultado foi preocupante. Todos os produtos analisados
apresentaram alguma irregularidade segundo os códigos oficiais (Melo et al, 2004).
Já Brandão e colaboradores (1998), descreveram sobre a qualidade de 27
amostras comerciais de camomila à venda no estado de Minas Gerais. O resultado
identificou má conservação e/ou manuseio excessivo em todas as amostras, e a
falta de constituintes responsáveis pela ação espasmolítica.
Brandão e colaboradores (1998), em outro estudo, realizaram a análise de 72
amostras de plantas medicinais produzidas no estado do Paraná. O resultado
demonstrou que 79% do material apresentou alguma irregularidade quanto às
25

especificações legais para comercialização. Em 95,83% das amostras foram


encontradas enterobactérias e outras bactérias Gram negativas.
Portanto, em ambos os estudos apresentados, a maioria das amostras
apresentaram irregularidades. Este quadro demonstra a falta de especificação,
padronização e fiscalização que assegure produtos de qualidade e boa procedência
com as devidas informações sobre o medicamento em seus rótulos ou bulas sobre o
uso correto, as possíveis reações adversas e interações medicamentosas (Zaroni et
al., 2004).
Nos Estados Unidos e na Europa há um maior controle no registro e na
comercialização dos produtos obtidos de plantas. Nesses países, as normas para a
certificação e o controle de qualidade de preparações vegetais são mais rígidas,
regulamentando certo controle no uso e disseminação dos fitoterápicos. Quanto ao
consumo de fitoterápicos, pesquisa realizada em 1997 nos EUA mostrou que 42%
da população havia feito uso de plantas medicinais, pelo menos uma vez no ano de
1996, apontando um aumento de cerca de 33% em relação ao ano de 1990, quando
foi realizada a mesma pesquisa. Por sua vez, na Alemanha, são consumidos metade
dos extratos vegetais comercializados em toda a Europa. Cerca de 70% dos clínicos
gerais alemães prescrevem as centenas de ervas licenciadas nesse país a seus
pacientes, junto ou separadamente ao tratamento alopático (Júnior et al., 2005).
No entanto, o consumo sem prescrição médica e o desconhecimento do
potencial da planta podem acarretar sérios problemas, principalmente quando outros
fatores de risco estejam envolvidos, como contra-indicações ou o uso concomitante
de outros medicamentos (Coelho, 1998; Cordeiro et al., 2005; Amorim et al., 2007).
Associado a este fato ocorre também, com cada vez mais freqüência o uso de
plantas medicinais advindas de outras culturas, como exemplo, da medicina
tradicional Hindu e chinesa, totalmente desconhecidos da sociedade ocidental. Na
maioria das vezes estes extratos não passam por uma investigação cientifica que
comprove suas propriedades farmacológicas, portanto, as supostas propriedades
prometidas por estes produtos não possuem nenhuma validade científica (Júnior et.
al., 2005). Este aumento na procura por plantas terapêuticas muitas vezes está
fundamentado em um modismo propagado pela mídia. A procura por plantas
medicinais e demais tratamentos tidos como naturais, vendem a promessa de uma
vida mais longa, segura e saudável. Esse pensamento superficial e errôneo tem
como base o fato de que plantas usadas há milênios não oferecem risco à saúde
26

(Calixto, 2000), mas o uso indiscriminado e associado a determinados fatores,


podem acarretar sérios problemas.

1.2. Remédio ou Veneno.

O número de vegetais superiores é estimado em 250 mil espécies, e muitas


dessas espécies produzem constituintes capazes de causar reações tóxicas em
organismos vivos (Schenkel, et. al., 2000). Plantas utilizadas como medicamento
são, portanto, passíveis de causar intoxicações, mas este fato é desconhecido de
muitos. Por considerarem uma forma segura e inócua de tratamento, muitas
pessoas utilizam plantas ou formulações fitoterápicas de forma descontrolada. A
seguir são abordados exemplos de plantas utilizadas como medicamento que, no
entanto possuem também efeitos tóxicos:
A cáscara sagrada (Rhamnus purshiana – Figura 1a) é um eficiente laxativo,
no entanto seu uso prolongado tem como conseqüência perda de eletrólitos o que
pode acarretar deficiência cardíaca (ANVISA 2010). A lantana (Lantana camara L. –
Figura 1b) tem como principio ativo triterpenos hepatotóxicos, o que pode levar a
sintomas como náuseas, vômitos, diarréia, fraqueza, letargia, cianose,
fotossensibilização. Dentre as propriedades medicinais da planta encontram-se:
balsâmicos, diuréticos, estimulantes, estomacal, expectorante, sudorífera, tônico
pulmonar (Barg, 2004).
O confrei (Symphytum officinale – Figura 1c) é utilizado para tratamento de
fraturas, lesões do tendão, ulcerações no trato gastrointestinal e congestionamento
pulmonar, além do uso externo para a cicatrização de feridas e/ou redução da
inflamação. No entanto estudos indicaram a presença de alcalóides pirrolidizínicos
(PA) que são hepatotóxicos, o que restringe o uso do confrei como medicamento
endógeno (Rode, 2002).
O Sene (Cassia angustifólia – Figura 1d) é uma planta originária da Índia e da
Somália com vasta utilização terapêutica aqui no Brasil. É utilizado como um
eficiente laxante que não provoca inflamações secundárias, característica muito
comum em vários laxantes. Porém, estudos recentes têm mostrado que o Sene
causa irritação e degradação dos mastócitos, importante células de defesa do
27

organismo, promovendo a liberação de histamina substância envolvida nos


processos de reações alérgicas (Vieira, 1992).
A babosa (Aloe vera L.) tem comprovada ação cicatrizante, antifúngica,
antibactericida e antivirótica (Morais et al., 2005). No entanto, quando administrada
em altas doses esta planta possui ação nefrotóxica, pois o teor de seu principio
predominante é aumentado, o que pode provocar severas crises de nefrite aguda
(Matos, 2000).
Em determinados períodos da vida de uma pessoa, o uso de plantas
medicinais pode não ser recomendado. Por exemplo, o uso durante a gravidez ou
durante a lactação de alguns exemplares pode causar estímulos da contração
uterina e conseqüentemente aborto ou parto prematuro, além de desencadear ação
hormonal que possibilite alteração no desenvolvimento fetal ou sexo da criança.
Podem surgir também ações genotóxicas, mutagênicas, ocitotóxicas, fetotoxicas e
teratogênicas que podem culminar na má formação do feto (Campesato, 2005).
Deve ser considerada ainda a possibilidade de interação medicamentosa
entre plantas medicinais e fármacos, já que muitas plantas minimizam, aumentam ou
se opõem aos efeitos dos medicamentos alopáticos, o que pode por em risco a
eficácia do tratamento e a própria vida do paciente. Como exemplo tem o Ginkgo
biloba e o Hypericum perforatum.
O Ginkgo biloba (Figura 1e) é utilizado comumente no tratamento de
isquemias cerebrais periféricas, distúrbios cerebrovasculares, enfermidades
geriátricas e, mais recentemente, no tratamento do Mal de Alzheimer. Utilizada
juntamente com medicamentos de ação anticoagulante podem ocorrer
potencialização destas substâncias. Já a utilização do extrato de G. biloba com o
anti-hipertensivo nicardipina provoca uma redução significativa do efeito hipotensor
do medicamento (Alexandre et al, 2008).
A erva-de-são-João (Hypericum perforatum L. – Figura 1f) possui ação
antiviral e antidepressiva. O potencial de interação dessa planta ocorre ao inibir a
recaptação de serotonina em medicamentos que contém esse princípio ativo. Em
fevereiro de 2000, a revista britânica Lancet publicou relatos de que a erva de São
João pode interferir com a eficácia de um remédio para a AIDS (inidavir), uma droga
imunossupressora (ciclosporina) usada para proteger pacientes após transplante
cardíaco, e o anticoagulante warfarin (Silveira et al., 2008).
28

a b c

d e f

Figura 1: Exemplos de plantas medicinais que apresentam efeito tóxico ou interferem na atividade de
outras drogas. a) cáscara sagrada (Rhamnus purshiana); b) lantana (Lantana camara); c) confrei
(Symphytum officinale); d) sene (Cassia angustifólia); e) ginkgo (Ginkgo biloba); e) erva-de-são-joão
(Hypericum perforatum).

No Brasil, as plantas medicinais da flora nativa são consumidas, em sua


grande maioria, segundo receita ou indicação de pessoas com reconhecido
conhecimento tradicional, como comerciantes informais e usuários, mas que não
detem o conhecimento científico a respeito das propriedades terapêuticas de cada
planta. Esse tipo de transmissão, muitas vezes, pode gerar o emprego de plantas
com fins medicinais diferentes daqueles em que sua ação terapêutica é realmente
comprovada, e este conceito errôneo é então propagado. Este uso equivocado de
uma planta medicinal também é um fator que pode acarretar reações adversas
(Júnior et al., 2005).
Para que sejam evitadas todas essas reações adversas, que configuram um
grave caso de saúde publica é necessário que haja um maior numero de pesquisas
sobre as possíveis reações adversas e toxidade que podem ser provocadas pelas
29

plantas medicinais, assim como seu uso seguro. Este tipo de pesquisa não ocorre
satisfatoriamente no Brasil (Veiga Junior, 2007). Outro fator preocupante de acordo
com Junior et al. (2005) é a falta de controle e fiscalização dos pontos de venda
desse tipo de vegetal, que ocorre indiscriminadamente, sem nenhum controle. Por
todas estas questões abordadas é que os estudos multidisciplinares, associando
fitoquímicos e farmacólogos, tornam-se cada vez mais importantes para a definição
dos potenciais terapêuticos e tóxicos de extratos vegetais. O intenso apelo comercial
advindo do forte movimento cultural dos naturalistas aqueceu, em todo o mundo, o
consumo de plantas medicinais. Entretanto ocorrem pouco respeito e preocupação
quanto ao uso de fitoterápicos, já que informações importantes sobre efeitos
colaterais por vezes são fornecidos aos consumidores. A falta de informações sobre
os possíveis efeitos colaterais representa cada vez mais um risco para a saúde
humana (Junior et al, 2005).

1.3. Paraíba do Sul

Paraíba do Sul é uma cidade localizada no interior do estado do Rio de


Janeiro cuja extensão territorial é de 581 Km². O clima da cidade é tropical de
altitude e o bioma predominante é a Mata Atlântica. Localiza-se a 135 km da cidade
do Rio de Janeiro (Paraíba do Sul, 2010).
Dados do Censo Demográfico do IBGE de 2000 relatam que a cidade possui
uma população de 37.410 habitantes, sendo 18.141 homens e 19.269 mulheres.
Em seus primórdios, seu território foi habitado por índios Coroados e
Barrigudos que viviam as margens dos rios Paraíba e Paraibuna. Em 1683 deu-se
então a ocupação deste território com a fundação da Fazenda da Parahyba de
propriedade de Garcia Paes Leme, filho do Bandeirante Fernão Dias. Este povoado
se tornou local de abastecimento para as frentes de trabalho de índios escravizados
pelos agregados de Garcia. Após 15 anos, com a descoberta e exploração do ouro
em Minas Gerais, o povoado passou a integrar a rota do “caminho do ouro” onde
trafegavam as pedras preciosas vindas de Minas Gerais até o porto do Rio de
janeiro (Paraíba do Sul, 2010).
30

Hoje, a economia da cidade é movimentada principalmente pelo setor de


serviços cujo valor adicionado bruto é de 283.162, seguido pela indústria e por
ultimo a agropecuária que movimenta um PIB de 8.767(Paraíba do Sul, 2010).
Dentre as 311 propriedades rurais do município listadas no último censo
agropecuário do IBGE realizado em 2006, não foi mencionada nenhuma propriedade
agrícola voltada para o cultivo de plantas medicinais. Em visita realizada ao balcão
EMATER e a sede da Secretaria de Agricultura e Pecuária da cidade, foi perguntado
aos respectivos funcionários sobre alguma documentação, informação ou mesmo
indício deste tipo de atividade na cidade. Segundo os funcionários essa atividade
está presente no município apenas como cultura de subsistência, através do plantio
em hortas de fundo de quintal e em vasos de plantas nos domicílios sem, portanto,
nenhuma finalidade econômica, o que explicaria a ausência de algum registro nestes
órgãos. Dentre as variedades vegetais plantadas e comercializadas no município,
listadas no Censo 2006, estão banana, cana-de-açúcar, laranja e café, além do
milho e mandioca, que são vendidos principalmente em pequenos mercadinhos e
hortifrutis locais.
Na cidade ocorre um hábito que demonstra a relação da educação do
município com as plantas medicinais. Várias instituições de ensino da cidade
realizam em suas dependências o plantio de hortas onde boa parte dos vegetais
cultivados são terapêuticos. Esta atividade é resultado do projeto educacional “uma
horta em cada escola”. Este é um hábito que foi se espalhando de escola a escola,
que e que passou a ter o incentivo da secretaria de educação do município, com a
elaboração deste projeto, no entanto a iniciativa e o financiamento partem dos
próprios funcionários e moradores do município. Cada diretor de escola ou creche
juntamente com seus funcionários compra com seus próprios recursos ou coletam
as sementes e mudas que serão plantadas. O serviço de plantio e manutenção da
horta também é realizado por estes.
Em visita à creche municipal Olga Benário Prestes do bairro Liberdade foi
constatado que a maioria dos exemplares plantados são de vegetais com fins
alimentícios, no entanto foi encontrado na horta espécies como boldo, hortelã e
capim-cidreira. O consumo do que é plantado é destinado a todos os frequentadores
da creche entre eles funcionários, pais, alunos e a comunidade em geral sem
nenhum custo, basta solicitarem a necessidade aos responsáveis pela creche que
serão prontamente atendidos. Esta prática retrata um quadro cultural de tradição e
31

solidariedade sem nenhuma finalidade econômica, que ao se estabelecer dentro das


creches e escolas, locais de grande prevalência de crianças e jovens, tem mais
chance de encontrar um campo fértil de continuidade e perpetuação do saber sobre
plantas medicinais.
32

2. OBJETIVOS

2.1.Objetivo geral

Caracterizar a concepção do uso de plantas medicinais pela população de


Paraíba do Sul, a fim de estabelecer um perfil dessa atividade no município.

2.2. Objetivos específicos

- Pesquisar na feira-livre local como se dá há oferta de ervas nesta;


- Avaliar por meio de aplicação de questionário semi-estruturado o uso de
plantas medicinais pela população de Paraíba do Sul;
- Realizar correlações entre os dados coletados, como grau de escolaridade,
idade e preferências com o uso de plantas medicinais;
- Listar as plantas medicinais mais utilizadas pelos informantes;
- Criar uma cartilha para distribuição a partir dos dados coletados a fim de
orientar melhor a população sobre o uso de plantas medicinais.
33

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Oferta local de plantas medicinais e coleta de dados

A pesquisa sobre a oferta de plantas medicinais foi feita na feira livre


da cidade de Paraíba do Sul que ocorre na Avenida Bento Gonçalves Pereira,
conhecida como Rua do Correio. A visita ocorreu em março de 2010 e lá foi
realizada a abordagem aos comerciantes que trabalhavam com plantas medicinais.
Esta abordagem foi feita mediante apresentação e explicação da necessidade de
informações para compor um trabalho de conclusão de curso superior, e que o
anonimato dos comerciantes seria mantido. Não houve um questionário ou roteiro
que guiasse as perguntas, sendo as informações obtidas através de uma conversa
informal.
Já a coleta de dados foi realizada no mesmo município, através da aplicação
de um questionário, feito durante o mês de agosto de 2009. A mesma explicação
sobre a necessidade de informações para a elaboração da monografia foi feita. O
questionário possui 17 questões dentre as quais algumas são objetivas e outras
abertas (Anexo I). Para a aplicação do questionário foram aleatoriamente
selecionadas pessoas nos seguintes locais: 1°- Posto de Saúde do Bairro Liberdade,
2°- Posto de Saúde do Bairro Santo Antônio, 3°- alunos do Colégio Estadual Bezerra
de Menezes, e 4°- outros moradores do mesmo município (familiares e colegas de
trabalho). A escolha dos postos de saúde como principal local de aplicação dos
questionários ocorreu devido ao fato de que os frequentadores daquele local estar
diretamente ligados a questões de saúde sejam estes os profissionais das
instituições ou os pacientes que ali procuravam atendimento. Os demais locais de
aplicação do questionário foram devidamente escolhidos a fim de obter uma melhor
a variabilidade quanto à questão da idade. Ao todo 40 pessoas responderam ao
questionário, após receberem esclarecimentos sobre a pesquisa e concordarem em
participar. Foi garantido o anonimato dos entrevistados, sigilo e privacidade das
informações cedidas.
34

3.2. Análise dos dados

Os dados obtidos através dos questionários foram compilados e analisados


utilizando-se o software Microsoft Excel versão 2003. As informações obtidas com o
levantamento bibliográfico foram utilizadas para corroborar ou contra-argumentar os
resultados obtidos.
35

4. RESULTADOS E DISCUSÃO

Em Paraíba do Sul, ocorre a realização de uma feira livre semanal que se dá


aos domingos pela manhã. A feira é de pequeno porte e conta com
aproximadamente 15 barracas, onde muitas, curiosamente não se dedicam à venda
de produtos de origem vegetal e sim artigos eletrônicos importados. Na feira
encontramos duas barracas que comercializam plantas medicinais e ambas são
comandadas por mulheres. Foram encontradas nestas barracas plantas como
chapéu de couro, alfavaca e trançagem, no entanto a oferta obedece ao ciclo natural
das plantas que são recolhidas sem que haja um posterior replantio. A origem
destas plantas, segundo relato das comerciantes, vem de terrenos baldios e matas
próximas às suas residências, portanto, estas não são cultivadas para serem
vendidas comercialmente. Não se encontram na cidade bancas de rua que
comercializem ervas ou qualquer outra tipo de produto de origem medicinal vegetal.
O comércio informal é proibido pela prefeitura local, sendo esses comerciantes
informais, devidamente cadastrados na prefeitura, locados à atividade na feira de
domingo ou durante os demais dias da semana, em um galpão municipal localizado
próximo a Igreja Matriz de São Pedro e São Paulo. No comércio formal existe, além
das farmácias e drogarias, um único estabelecimento comercial que oferece ervas
medicinais. Este estabelecimento é conhecido como Casa de Ervas, no entanto, o
intuito principal deste é a comercialização de ervas ritualísticas. Muitos exemplares
tidos como ritualísticos por vezes são tidos também como medicinais e vice-versa.
Em estudo realizado em 33 feiras livres nas zonas sul e norte do município do Rio
de Janeiro em 2005, das 106 espécies vegetais encontradas, 19 eram utilizados
tanto em tratamento terapêuticos quanto espirituais (Maioli-Azevedo e Fonseca-
Kruel, 2007).
A aplicação dos questionários gerou dados que são apresentados a seguir e
resumidos nas figuras que acompanham o texto.
Dentre os 40 participantes que responderam ao questionário 40 % eram do
sexo masculino e 60% do sexo feminino, ocorrendo, portanto uma prevalência de
mulheres. Segundo o IBGE (2000) a cidade possui uma população feminina 3%
maior que a masculina.
36

A maioria dos entrevistados (40%) possui idade até 30 anos, 17,5% de 31-40
anos, 32,5% de 41-60 anos e 10% acima de 60 anos (Figura 2).

10%

40% 39%

33%
60%

18%

masculino feminino até 30 anos 31-40 anos 41-60 acima 60 anos

Figura 2 – Perfil dos entrevistados quanto ao sexo e quanto à idade.

Na Figura 3 está registrado o fato de que 10% dos participantes da pesquisa


possuem o Ensino Fundamental – 1° Segmento (antigo primeiro grau), já 12,5% o
Ensino Fundamental – 2° Segmento (antigo ginásio), 40% Ensino Médio, 27,5%
Graduação e apenas 10% deles possuem Pós-Graduação. Portanto, a maioria dos
entrevistados possui o ensino médio. A taxa de alfabetização do município segundo
dados do IBGE, gira em torno de 90% (IBGE, 2000).

Figura 3 – Perfil dos entrevistados quanto ao grau de escolaridade.

As plantas medicinais são utilizadas por 62,5 % das pessoas que


responderam o questionário indicando que é um hábito bastante comum entre eles
(Figura 4). Todavia, 85% disseram que recorrem preferencialmente ao tratamento
37

alopático (remédio industrializado) quando adoecem (Figura 5). Plantas medicinais


são utilizadas como atenção primária à saúde por grande parte da população
mundial e esta cultura se estabeleceu por diversos motivos, como a falta de acesso
aos hospitais e aos medicamentos, o “valor” do tratamento e a crença de que o uso
de plantas é mais seguro (Calixto, 2000).

Figura 4 – Registro sobre o hábito de fazer uso ou não de plantas medicinais.

Figura 5 – Preferência quanto ao tipo de tratamento em caso de doença.

Indagados sobre o porquê de utilizarem as formas alopáticas como primeira


opção de tratamento, obtivemos o seguinte percentual através dos questionários
respondidos: 12,5% dos que responderam preferem o remédio alopático por
conhecerem a finalidade do medicamento, 35% pelo efeito mais rápido, 20% pela
fácil aquisição, 10% por haver indicação médica (Figura 6). Além de todos esses
motivos alegados para justificar a preferência pelos tratamentos alopáticos, o fato de
38

que não há dificuldade em encontrar ou adquirir a medicação desejada nas


farmácias contribui para a maior preferência por este tipo de tratamento (Figura 7).
No entanto, dentre a pequena parcela dos 20% que alegou encontrar
dificuldades em adquirir a medicação nas farmácias, 32,5% relataram que o preço
da medicação é um ponto crítico, já 10% não conseguiram adquirir algum remédio
por falta de receituário, 7,5% não encontram a medicação disponível e 50% não
responderam (Figura 8).

Figura 6 – Motivos alegados pela preferência do uso de remédio industrializado.

20%

80%

não sim

Figura 7 – Ocorrência de dificuldades de se adquirir remédios em farmácias.


39

Figura 8 – Dificuldades relatadas para se adquirir remédios em farmácias.

Os cuidados a serem tomados com o uso de fitoterápicos são os mesmos


destinados aos outros medicamentos: devem-se buscar informações com os
profissionais de saúde; informar ao médico o uso de plantas medicinais ou
fitoterápico, principalmente antes de cirurgias, além do aparecimento de reações
desagradáveis, caso estas aconteçam; observar os cuidados especiais com
gestantes, lactantes, crianças e idosos; adquirir fitoterápicos apenas em farmácias e
drogarias autorizadas pela Vigilância Sanitária; seguir as orientações da bula e
embalagem; observar a data de validade, nunca utilizar medicamentos vencidos; e
ter cuidado ao associar medicamentos, o que pode promover a diminuição dos
efeitos ou provocar reações indesejadas (Carvalho et al., 2007). Uma das grandes
preocupações que o usuário de plantas medicinais deve ter é a certeza da
identidade botânica, ou seja, a certeza de estar usando a planta que de fato tem
indicação popular e científica para o uso procurado. Como o este trabalho não traz a
proposta de coleta e identificação das plantas relatas pelos entrevistados, detendo-
se apenas em fazer um levantamento sobre o hábito do uso dessas ervas, é
importante fazer esta ressalva. Além disso, o aspecto geral da planta deve ser bom,
assim como o local de extração ou de venda devem ser adequados para evitar
contaminação da mesma. Os entrevistados relataram que existem algumas
dificuldades na aquisição de plantas medicinais, como incerteza da identidade da
40

planta (32,5%) e dificuldade de encontrar a planta (32,5%); 22,5% não encontram


dificuldades e o restante (12,5%) não utilizam plantas para tratar doenças ou
sintomas (Figura 9).

Figura 9 - Dificuldades encontradas para utilizar plantas medicinais.

Foi perguntado aos entrevistados “quais eram os benefícios encontrados na


utilização de plantas medicinais” (Anexo 01, questão n° 10) Percebeu-se nas
respostas uma tendência naturalista como a citada por Calixto (2000) quando este
discute em seu trabalho idéias equivocadas sobre o uso de plantas medicinais.
Neste caso, percebe-se a falta de preocupação com a administração de plantas
medicinais por serem estes produtos naturais, o que no consciente popular, não é
passível de causar danos. Assim, 55% dos entrevistados disseram que o benefício
maior no uso de plantas medicinais é por ser um tratamento natural, 7,5% por não
haver risco de intoxicação, 15% menor custo, 2,5% sem risco de interação
medicamentosa, 15% sem efeitos colaterais e 5% outros (Figura 10). Neste tópico a
tendência naturalista vivida nos dias atuais encobre o fato de que plantas também
podem causar algum tipo de efeito colateral. Mesmo sendo um tratamento natural
plantas podem ser tóxicas e apresentar interação com alguns medicamentos (Fugh-
Berman, 2000, Holstege et al., 2005).
41

Figura 10 - Quais são os benefícios da utilização de plantas medicinais?

A partir de todos que relataram fazer uso de plantas medicinais (62,5%), foi
realizado um levantamento sobre quais plantas são mais utilizadas por eles e com
qual finalidade. Os nomes das plantas foram registrados nos questionários com a
nomenclatura popular citada pelos entrevistados. As espécies citadas aqui cujos
nomes populares constam no Anexo I da RDC n° 10/2010 têm seu nome científico
citado na Tabela 1, todavia não há garantias de que se tratam exatamente da
mesma planta já que não foram realizadas coletas de material botânico seguido de
identificação e depósito em herbário das plantas registradas nos questionários pelos
entrevistados. Esses dados foram reunidos na tabela a seguir (Tabela 1) e na
(Figura 11). A referida figura ainda informa a freqüência com que as plantas foram
citadas. Dentre os exemplares mais utilizados estão o boldo, a romã e a camomila.
42

Tabela 1: Nome popular e finalidade de uso de plantas conforme conhecimento dos


entrevistados. Para alguns nomes populares são apresentados os nomes científicos
prováveis, conforme RDC n° 10/2010 - Anvisa.

Nome popular das


Nome Científico
plantas citadas pelos Finalidade de uso
(Anvisa, 2010)
entrevistados

Louro Azia e gases

Hortelã Mentha x piperita Gripe, verme

Saião Verme e gripe

Broto de goiaba Psidium guajava Diarréia

Flor de laranjeira Citrus auratium Gripe

Abacate Dor nos rins

Alfavaca Dor nos rins, gripe

Erva cidreira Calmante

Talo de couve Gastrite

Boldo Plectranthus Fígado, má digestão


barbatus

Trançagem Plantago major Dor nos rins

Folha de chuchu Pressão alta

Folha de carambola Diabetes

Romã Punica granatum Dor de garganta

Folha de ameixa Dor nos rins


Camomila Matricaria recutita Calmante

Casca de cebola Dor de garganta

Cana de macaco Dor nos rins

Picão Bidens pilosa Infecção urinária

Chapéu de couro Echinodorus Dor nos Rins


macrophyllus

Rosa Branca Infecção


43

10

Louro Hortelã Saião Broto de goiaba Flor de laranjeira Abacate


Alfavaca Erva cidreira Talo de couve Boldo Trançagem Folha de chuchu
Folha de carambola Romã Folha de ameixa Camomila Casca de cebola Cana de macaco
Picão Chapéu de couro Rosa Branca

Figura 11 – Plantas utilizadas pelos entrevistados. Cada coluna indica a porcentagem


de pessoas que disseram usar a planta a qual corresponde a coluna.

A forma como as pessoas adquirem a planta é de extrema importância. As


plantas adquiridas em feiras livres não são necessariamente cultivadas, podendo vir
do extrativismo, como observado na feira livre de Paraíba do Sul. Os entrevistados
que disseram comprar as plantas para fins medicinais em feira-livre perfazem
12,5%, outros adquirem em bancas montadas na rua (5%), porém grande parte dos
entrevistados, 52,5%, cultiva em casa as plantas que utiliza. Este é um hábito típico
de pessoas que possuem conhecimento tradicional sobre o uso de plantas
medicinais e procuram manter nos quintais de suas casas seus “remédios naturais”
(Silva & Proença, 2008). Há ainda aquelas pessoas que utilizam apenas chás
industrializados (20%) e 10% declararam utilizar outras fontes de plantas medicinais
(Figura 12).

Figura 12 – Formas de aquisição das plantas utilizadas para tratamento.


44

O extrativismo acarreta a diminuição das populações naturais e


consequentemente da biodiversidade das espécies (Azevedo & Silva, 2006),
prejudica a disponibilidade da matéria-prima estando diretamente ligado ao processo
de extinção. Este fato é de um modo geral desprezado pelos usuários. No entanto,
os dados apresentados na (Figura 13) mostram que 80% sabem que o extrativismo
para a comercialização pode levar a espécie à extinção, enquanto apenas 20%
disseram que não sabiam. Em Paraíba do Sul, conforme pesquisa realizada no
balcão da EMATER e na Secretaria de Agricultura e Pecuária do municipio, não
ocorre o plantio em escala comercial de nenhuma espécie de planta medicinal.
(IBGE, 2006). No municipio além das drogarias e farmácias, há apenas um
estabelecimento legalizado que comercializa ervas medicinais, que é a Casa de
Ervas. Na feira livre da cidade apenas duas barracas vendem este tipo de produto,
que, conforme relato das comerciantes são de origem extrativista, ou seja, que não
são cultivadas para comercialização. Desta forma, nas barracas das feiras as
plantas são encontradas apenas em determinadas épocas do ano, conforme seu
ciclo natural. Além disso, os procedimentos utilizados durante a coleta assim como
aqueles adotados para secagem e armazenamento podem comprometer a
qualidade da matéria-prima vegetal não oferecendo ao usuário o efeito desejado
(Currier, 2000).

Figura 13 – Conhecimento sobre os riscos do extrativismo para a comercialização de


plantas medicinais.
45

As plantas produzem uma série de substâncias do metabolismo secundário


para se defender de muitas situações adversas como herbivoria, radiação solar,
ataque de patógenos, etc, e por isso não é de se estranhar que tais substâncias
possam causar efeitos indesejáveis em outros animais, inclusive no homem (Wink &
Wyk, 2008). Além disso, a química vegetal é complexa a ponto de não podermos
menosprezar a possibilidade de ocorrerem reações adversas e interações
medicamentosas (Fugh-Berman, 2000; França et al., 2007). Foi perguntado aos
entrevistados se eles tinham conhecimento do fato das plantas medicinais também
oferecerem riscos de intoxicação e evidenciou-se que 60% dos entrevistados tinham
noção deste perigo, mas 40% não (Figura 14). O percentual de pessoas que
desconhece o potencial tóxico das plantas é muito alto, o que pode vir a constituir
possíveis episódios de acidente por intoxicação. A intoxicação pode ocorrer não
apenas pelo uso equivocado de alguma espécie, mas às vezes pelo uso prolongado,
conforme registrado para Lantana camara (Ghisalberti, 2000), para o confrei (Rode,
2002) e ainda para Senna alexandrina e Luffa operculata (Lanini et al., 2009).
Interações medicamentosas também são relatadas para o uso de plantas
medicinais concomitante com outras medicações, como o exemplo do uso de
Ginkgo biloba que não deve ser feito com medicações que apresentem ação
anticoagulante, como ácido acetil salicílico (Aspirina) e Warfarina, sob o risco de
causar hemorragias (Fugh-Berman, 2000). Ainda na Figura 14 podemos ver que
45% dos entrevistados sabem que plantas medicinais podem causar interações
medicamentosa, enquanto 55% disseram não saber desta possibilidade. É
importante ressaltar que muitas vezes foi necessário esclarecer o significado de
“interação medicamentosa” para os entrevistados.

Conhecimento sobre risco de intoxicação Risco de interações medicamentosas

40% 45%

55%
60%

não sim não sim

Figura 14 – Noções sobre o risco de intoxicação e de interações medicamentosas


oferecido pelas plantas medicinais.
46

O cultivo de plantas medicinais exige uma série de cuidados. Este deve ser
realizado em local protegido de vento, próximo a fonte de água de boa qualidade,
longe de pastos ou de trânsito para evitar contaminação das plantas por
microorganismos e os produtos da combustão que contém metais pesados (Sartório
et al., 2000). O local onde a planta está habitando, seja espontaneamente ou
cultivada, influencia grandemente na sua qualidade e na segurança de seu uso, pois
a contaminação por microorganismos pode trazer complicações sérias à saúde do
usuário (Bugno et al., 2006). Os dados apresentados na (Figura 15) mostram que
65% dos entrevistados têm noção da importância de se coletar plantas de locais
adequados, os outros 35% não.

35%

65%

não sim

Figura 15 – Noção sobre a importância de coletar plantas de locais adequados,


distante de pastos ou trânsito de veículos.

Ficou evidente que entre os entrevistados o conhecimento sobre plantas


medicinais é herdado de seus parentes. Os pais e os avós aparecem como os
principais difusores deste conhecimento pois foram a quem se referiram 75 % dos
entrevistados. Os tios foram citados por 10%, os cônjuges ou os sogros por 5%, e
irmãos por 5 % (Figura 16). Uma pequena parcela dos entrevistados, 2,5%, disse ter
obtido conhecimento sobre plantas medicinais com ninguém (Figura 16), apesar
deste fato não ser comum ele é possível já que atualmente existe grande
disponibilidade de literatura variada sobre o assunto.
47

Figura 16 – Indicação dos maiores detentores do conhecimento sobre plantas


medicinais pelos entrevistados.

Este fato evidencia os personagens detentores deste saber tradicional, os


mais velhos, que com grande experiência de vida e o respeito dos demais,
transmitem este conhecimento às gerações futuras como uma herança familiar que
fica marcada como identidade de uma familia, uma comunidade, um povo.
No Brasil, o conhecimento sobre plantas medicinais é tão diverso quanto sua
biodiversidade. Salvaguardar este conhecimento é uma das formas de manter uma
herança cultural que ultrapassa o simples ato de usar planta como medicamento
(Articulação Pacari, 2009; Giraldi & Hanazaki, 2010). Atualmente existem políticas
públicas nacionais que incentivam a preservação deste conhecimento, como a
Política Nacional de Plantas Medicinais e fitoterápicos instituída pelo Decreto n°
5.813, entre outras. Neste contexto, diversos levantamentos etnobotânicos com
conhecimento tradicional associado têm sido realizados. Estas informações tem a
importância não apenas de salvaguarda para as gerações futuras, mas descrevem
como nossa biodiversidade está sendo utilizada e criam oportunidades para a
realização de pesquisas e de desenvolvimento de produtos a nível de comunidade
ou a nível industrial.
Uma das propostas desta monografia foi a criação de uma cartilha, a partir
dos dados coletados, para distribuição em Paraíba do Sul a fim de orientar melhor a
população sobre o uso de plantas medicinais. Considerando que este estudo tem
cunho etnobotânico, procurou-se manter o compromisso típico das pesquisas nesta
área de conhecimento, o de retornar os resultados das pesquisas acadêmicas para
as populações estudadas através de uma linguagem clara e acessível. A cartilha foi
48

elaborada considerando as espécies vegetais mais citadas pelos participantes e


pode ser vista no Anexo II.
49

5. CONCLUSÕES

• Concluímos que o uso de plantas medicinais é um hábito presente na vida dos


moradores da cidade de Paraiba do Sul, que conciliam a prática da medicina
tradicional ao tratamento alopático.
• Apesar de observamos a difusão do conceito de que há um benefício á saúde por
ser tratar de um tratamento natural, a preferência entre a população está no
emprego da medicação alopática devido principalmente à facilidade de aquisição
deste e do efeito mais rápido proporcionado.
• Na cidade há uma dificuldade de se encontrar plantas medicinais, já que não
ocorre grande oferta de estabelecimentos que comercializem este tipo de produto.
• Grande parte dos entrevistados não tem segurança quanto à identificação da
planta oferecida. Os que não se deparam com esta dificuldade, em sua grande
maioria, cultivam as plantas utilizadas em casa ou as retiram da casa de parentes ou
vizinhos.
• O conhecimento sobre plantas medicinais desta população foi principalmente
adquirido através de familiares, principalmente os mais idosos. Esta falta de
embasamento científico pode gerar interpretações errôneas quanto à administração
correta da planta e criar situações como as observadas durante a aplicação dos
questionários onde grande parte dos entrevistados desconhecia os efeitos tóxicos e
a possibilidade de ocorrência de interação medicamentosa.
• Os órgão municipais de saúde do município não realizam nenhum programa
informativo que faça chegar até a população informações sobre o uso mais
adequado de plantas medicinais. A administração de plantas como medicamento já
é realizada em alguns estados brasileiros pelo Sistema Único de Saúde, como no
Paraná e no Ceará.
• Na ausência de programas que incentivem o uso de plantas como medicamentos
de forma total ou parcialmente assistida, a administração equivocada de plantas
medicinais torna-se um grave caso de saúde publica que deve receber maior
atenção por parte dos órgãos competentes.
50

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54

ANEXO I

QUESTIONÁRIO aplicado aos participantes deste estudo (ver material e métodos).

1- Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino

2- Idade:

( ) até 30 anos

( ) de 31 a 40 anos

( ) de 41 a 60 anos

( ) acima de 60 anos

3- Escolaridade

( ) ensino fundamental – 1° segmento (antigo primeiro grau)

( ) ensino fundamental – 2° segmento (antigo ginásio)

( ) ensino médio

( ) graduação ( ) pós-graduação

4- Você faz uso de alguma planta medicinal para tratar algum sintoma ou
doença?

Sim ( ) Não ( )

5-Quando você está com algum mal estar ou doença você recorre
preferencialmente a:
( ) um remédio industrializado (tratamento alopático)
( ) uma planta medicinal
( ) um fitoterápico ou fitofármaco
55

6- Caso prefira remédio industrializado (tratamento alopático) explique por

que?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7- Você encontra alguma dificuldade para adquirir algum remédio


industrializado nas farmácias?
Sim ( ) Não ( )

8- Qual dificuldade costuma ser encontrada?


( ) preço;
( ) disponibilidade da medicação;
( ) falta de receituário
( ) outra? Qual? ____________________________________________________

9- Quais dificuldades você encontra para utilizar plantas medicinais no


tratamento de alguma doença ou sintoma?
( ) plantas de má qualidade com aspecto ruim
( ) incerteza da identidade da planta
( ) dificuldade de encontrar a planta
( ) não encontro dificuldades
( ) não utilizo plantas para tratar doenças ou sintomas.
outras ______________________________________________________________

10-Quais são os benefícios que você atribui a utilização de plantas medicinais?


( ) tratamento natural
( ) sem risco de intoxicação
( ) menor custo
( ) sem risco de interação medicamentosa
( ) sem efeitos colaterais
outros ______________________________________________________________

11-Quais plantas você utiliza e para qual finalidade?


Ex.: boldo - má digestão
______________ - _______________________________________________
______________ - _______________________________________________
______________ - _______________________________________________
______________ - _______________________________________________

12-Onde ou de que forma você costuma adquirir as plantas que utiliza?


( ) compro em feira-livre
( ) compro em uma banca montada na rua
( ) cultivo em casa (sua casa, casa de vizinho, casa de parente, etc)
( ) faço apenas uso de chás industrializados (produtos embalados, nome,
procedência, etc)
( ) outro ___________________________________________________________
56

13-Você sabe que plantas medicinais também oferecem risco de intoxicação?


( ) sim ( ) não

14-Você sabe que plantas medicinais podem provocar interações


medicamentosas?
( ) sim ( ) não

15-Você sabe que não devem ser adquiridas plantas que sejam cultivadas ou
mantidas próximas de pastos ou mesmo o trânsito de carros?
( ) sim ( ) não

16- Na sua família quem é a pessoa que tem maior conhecimento sobre o uso
dessas plantas?
Indique o grau de parentesco, ex. mãe, tia-avó, avô, etc.
___________________________________________________________________

17-Você sabe que o comércio “irregular” de plantas medicinais pode levar as


espécies à extinção? (pois as plantas são oriundas do extrativismo)
( ) sim ( ) não
57

ANEXO II

Plantas
medicinais
Um guia para orientar e esclarecer.
58

Você usa Plantas Medicinais ... mas você sabia que ...

As plantas medicinais são conhecidas por seus nomes populares


mas é muito comum plantas diferentes apresentarem o mesmo nome ou
a mesma planta ter mais de um nome. Para evitar surpresas é sempre
importante ter certeza de estar usando a planta certa para uma
finalidade conhecida.

Plantas medicinais podem também ser tóxicas e comprometer a


saúde do usuário. Sempre informe ao seu médico se estiver fazendo
uso de ervas medicinal, pois algumas plantas podem alterar o efeito de
alguns medicamentos, comprometendo o tratamento. É o que
chamamos de interação medicamentosa.

Evite exageros, nunca use o chá ou qualquer outro tipo de


tratamento com plantas medicinais por períodos muitos longos, nunca
use várias plantas de uma só vez.

Sempre colete plantas de lugares limpos, longe de pastos, lixo ou


trânsito de veículos. Não use plantas mal conservadas, mofadas ou com
aspecto de queimadas.

Uma boa dica é cultivar as plantas que você mais costuma usar
em casa. As plantas colhidas podem ser secas a sombra e conservadas
em local seco, ao abrigo da luz.

A idéia de que “plantas medicinais são naturais e que, portanto,


não fazem mal a saúde”, é errada. Elas trazem muitos benefícios mas
quando mal utilizadas podem trazer riscos à saúde. Evite modismos e
conselhos de leigos. Procure sempre a orientação de um profissional de
saúde. No caso de dúvida, é melhor não usar.

Este guia apresenta informações sobre algumas das plantas


medicinais mais utilizadas no município de Paraíba do Sul e é resultado
do trabalho de monografia realizado para a conclusão do curso de
Ciências Biológicas realizado pela UFRJ – Cederj – Pólo de Três Rios.

Tatiane Raimundo Lúcio


Novembro, 2010
59

Boldo, Boldo nacional, Hortelã homem, Falso boldo, Boldo


africano

Nome científico: Plectranthus barbatus

Indicação: Dispepsia (distúrbios da digestão) e hipotensão


(pressão baixa).

Contra indicação: Não deve ser utilizadas em gestantes,


lactantes, crianças, pessoas com hipertensão (pressão alta),
hepatites e obstrução das vias biliares. Pessoas que fazem uso
de medicamentos para o sistema nervoso central devem evitar
o uso.

Reações adversas: O uso pode diminuir a pressão arterial.


Doses acima da recomendada ou utilizadas por períodos
longos podem causar irritação gástrica.

Atenção: Uso adulto. Não usar junto com metronidazol ou


dissulfiram.

Uso oral. Para o tratamento deve-se preparar a infusão das


folhas, 1-3 g (1-3 colheres de chá) em 150 mL (xícara de chá).
Utilizar 1 xíc chá de 2 a 3 x ao dia.
60

Camomila

Nome científico: Matricaria recutita

Indicação: Cólicas intestinais. Quadros


leve de ansiedade, como calmante
suave.

Uso oral. O preparo é feito com a


Infusão de 3 g (1 colher sopa) em 150
mL (xícara de chá). Utilizar 1 xícara de
chá de 3 a 4 x ao dia.

Reações adversas: no uso oral, podem


ocorrer reações alérgicas ocasionais.
Em caso de superdose, pode ocorrer o
aparecimento de náuseas, excitação
nervosa e insônia.

A camomila também é indicada para o tratamento de


contusões e dos processos inflamatórios da boca e gengiva.

Neste caso o tratamento é feito com o uso tópico da infusão


preparada com 6-9g (2-3 colheres de sopa) em 150 mL (xícara
de chá). Aplicar de 3 a 4 x ao dia, em forma de compressas,
bochechos e gargarejos.

Atenção: Não aplicar a infusão na região próxima aos olhos.


Pode ser feito uso adulto e infantil das duas indicações
apresentadas.
61

Romã

Nome científico: Punica granatum


Indicação: Inflamações e infecções
da mucosa da boca e faringe como
antiinflamatório e anti-séptico.
Reações adversas: Se ingerido,
pode provocar zumbido, distúrbios
visuais, espasmos na panturrilha e
tremores.
Atenção: Uso adulto. Não engolir a
preparação após o bochecho e
gargarejo.
Uso tópico. Utiliza-se a casca do
fruto. Deve-se preparar uma decocção: 6 g (2 colheres de sopa) em 150
mL (xícara de chá). Aplicar no local afetado, em bochechos e gargarejos
3x dia.

Hortelã, Hortelã pimenta

Nome científico: Mentha x piperita


Indicação: Cólicas, flatulência
(gases), problemas hepáticos.
Atenção: Não deve ser utilizado
em casos de obstruções biliares,
danos hepáticos severos e
durante a lactação. Na presença
de cálculos biliares, consultar
profissional de saúde antes de
usar.
Uso oral para adultos e idosos.
São utilizados 1,5 g (3 colheres
de café) em 150 mL (1 xícara de chá) das folhas e sumidades floridas,
para o preparo de uma infusão. Utilizar 1 xícara de chá de 2 a 4 x ao dia.
62

Erva-cidreira, Melissa

Nome científico: Melissa


officinalis
Indicação: Cólicas
abdominais. Quadros leves
de ansiedade e insônia,
como calmante suave.

Atenção: Não deve ser


utilizado por pessoas com
hipotiroidismo (redução da
função da tireóide). Utilizar
cuidadosamente em
pessoas com pressão
baixa.

Uso oral adulto. São


utilizadas as sumidades
floridas para o preparo de
uma infusão. Usar de 2 a 4g (1-2 colheres de sobremesa) das
sumidades floridas em 150 mL (xícara de chá). Utilizar 1 xícara
de chá de 2 a 3 x ao dia.
63

Erva-cidreira, Falsa erva-cidreira, Falsa melissa

Nome científico: Lippia alba

Indicação: Quadros leve de


ansiedade e insônia, como
calmante suave. Cólicas
abdominais, distúrbios
estomacais, flatulência (gases),
como digestivo, e expectorante.

Atenção: Usar cuidadosamente


em pessoas com hipotensão
(pressão baixa). Doses acima da
recomendada podem causar
irritação gástrica, bradicardia
(diminuição da freqüência
cardíaca) e hipotensão (queda da
pressão).

Uso oral para adultos e idosos. Deve-se prepara uma infusão


com 1 a 3 g (1 a 3 colheres de chá) em 150 mL (xícara de chá)
das partes aéreas da planta. Utilizar 1 xícara de chá de 3 a 4 x
ao dia.

Observações: as informações utilizadas foram retiradas da resolução da ANVISA (Agência


Nacional de Vigilância Sanitária) RDC n° 10 de 09 de março de 2010, publicada no DOU,
seção 1. As imagens foram retiradas dos sites http://caliban.mpiz-koeln.mpg.de/koehler/,
http://www.swsbm.com/HOMEPAGE/GenusIndex.html e do livro de Harri Lorenzi & F.J.
Abreu Matos. Plantas Medicinais no Brasil – nativas e exóticas. Instituto Plantarum, 2002.

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