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A mao do diabo

“A crise atingiu Tomás Noronha. Devido às medidas de austeridade, o


historiador é despedido da faculdade e tem de se candidatar ao subsídio de
desemprego. À porta do centro de e
mprego, Tomás é interpelado por um velho amigo de liceu perseguido por
desconhecidos. O fugitivo escondeu um DVD escaldante que compromete os
responsáveis pela crise, mas para o encontrar Tomás terá de decifrar um
criptograma enigmático.
O Tribunal Penal Internacional instaurou um processo aos autores da crise por
crimes contra a humanidade. Para que este processo seja bem-sucedido, e
apesar da perseguição implacável montada por um bando de assassinos, é
imperativo que Tomás decifre o criptograma e localize o DVD com o mais
perigoso segredo do mundo.
Numa aventura vertiginosa que nos transporta ao coração mais tenebroso da
alta política e finança, José Rodrigues dos Santos volta a impor-se como o
grande mestre do mistério. Além de ser um romance de cortar o fôlego, A
Mão do Diabo divulga informação verdadeira e revela-se um precioso guia
para entender a crise, conhecer os seus autores e compreender o que nos
reserva o futuro.” (fonte: Goodreads)
> A minha opinião
Não foi o primeiro que li do José Rodrigues dos Santos, nem sequer o
primeiro com o Tomás Noronha como protagonista. Se tinha achado os outros
fracos, este achei mau. Só não digo péssimo porque não o posso avaliar como
um todo, já que há pouca coerência entre a parte de pesquisa/debitar de
informação com o enredo e personagens. Esse é um padrão que já observei
noutros romances do mesmo autor e a razão para que ainda nenhum me tenha
convencido.
Como o resumo indica, o livro aborda a situação económica e financeira e as
medidas de austeridade na Europa, assim como a história da origem da
crise e a influência dos EUA na mesma. Foca-se principalmente em Portugal,
em elementos políticos e de corrupção, utilizando frequentes discursos
demagógicos que parecem revelar acusações graves. Compreendo que assim
tenha conquistado muita gente, acredito até que este suposto romance tenha
sido escrito precisamente para lucrar com o tema da crise e não para se tornar
num bom livro.
Bom… Não posso negar que ao ler este livro adquiri conhecimentos sobre a
temática mencionada e que esse lado é apelativo. Sei que tal como eu há quem
gostasse de aprender mais sobre o assunto e é certo que o autor explica bem
as coisas, dá-nos uma clara ideia de como funciona o mundo dos interesses
financeiros e de como favorece e prejudica sempre os mesmos.
Então porquê tão mau? Para mim a acção não teve nada de credível ou
sequer aceitável, chegando a haver momentos ridículos e falhas graves. Lá
por ser ficção não quer dizer que tenha de ofender a inteligência dos leitores…
Digo eu, que nunca escrevi nenhum livro porque sei que não é para todos, dá
trabalho e há que atar muitas pontas para que as coisas façam algum sentido!
Neste as personagens são fracas e inconsistentes, a linguagem que utilizam
não condiz com as mesmas e as interacções entre elas resumem-se a diálogos
sem nexo ou discussões descabidas sobre a crise económica. A título de
exemplo: o Tomás Noronha anda acompanhado de uma suposta agente da
Interpol que se prova repetidamente irracional e inútil e parece ter sido
incluída na história como pretexto para as cenas de sexo! Enfim, está muita
coisa mal neste livro, na minha opinião.
Em 592 páginas, a grande maioria é aquilo a que em bom português se chama
PALHA! “Aventura vertiginosa” e “mestre do mistério”, como o resumo
promete, não vi.

Assim sendo, entre de 0-5 dou-lhe um 1 estrela – e é pela pesquisa que terá
envolvido e o seu benefício para os leitores. Recomendo a leitura, nem que
seja para me virem dizer que sou maluca e imaginei tudo!
> Citação favorita
Equacionei colocar aqui alguns excertos para ilustrar a minha opinião mas não
posso arriscar traír a história para quem a quiser ler, por isso deixo duas
passagens engraçadas que guardei do início do livro (quando ainda tinha a
esperança de uma boa leitura).

Decorria o noticiário e um apresentador orelhudo com


expressão sisuda dava notícias frescas da crise
Aprendera no Tibete que a vida era mudança e o sofrimento
resultava da incapacidade de aceitar essa verdade cruel
__________________________,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,_______________________________~´

"A história económica tem o seu quê de


monotonia (...). Tende a repetir-se com
previsibilidade enfadonha. Como dizia Aldous
Huxley, 'o charme da história e a sua lição
enigmática consiste no facto de que, de era
em era, nada muda e apesar disso tudo é
completamente diferente'."
 
Para não fugir a regra, chegado outro Outubro, o mercado pode ter o prazer de presenciar

o lançamento do décimo romance de José Rodrigues dos Santos (JRS): A Mão do

Diabo. Foi lançado em Outubro deste ano e, em menos de uma semana, já contava com a

segunda edição e mais de 60.000 cópias vendidas. Não deixa de ser curioso, pois o livro

não é assim tão barato quanto isso, tendo como preço de editor é de 22€. Mesmo tendo

em conta que o tema predominante do livro é a Crise.

Pormenores a parte, tendo em conta a conjuntura do país, dizer que um livro custa 22€ é

caro mas, na minha opinião, é um livro que vale cada cêntimo do seu preço.

E quem volta a protagonizar uma obra de JRS? O nosso historiador preferido: Tomás de

Noronha. Mas desta vez as coisas não podiam estar mais negras.

O livro começa com este em Grécia onde desfolha uns livros de Zoroastro, o primeiro

impulsionador de uma religião monoteísta. Mas este em pouco tempo vê-se no meio de

uma manifestação na Grécia contra as grandes medidas de austeridade.

Volta a Portugal, este é chamado a ter uma reunião com o director da faculdade, onde este

lhe deu a inesperada notícia de que este terá que ser despedido. Contas a vida, contactos

sem sucesso e sem mais nenhuma solução, este terá que se dirigir e inscrever no Centro

de Emprego para receber o merecido Subsídio. É à saída do centro que este encontra um

velho amigo, mas este apresentava um aspecto acabado e sujo. Este dizia que se

encontrava fugido, pois sabia muito sobre a crise e a sua origem.

Tomás ofereceu abrigo, banho e comida em sua casa, mas o que este não sabia é que ao

dar abrigo ao amigo, também este entrava na mira de Magus, líder de uma organização

Satânica que em nada precisa de que se descubra a origem da crise e os intervenientes


causadores da mesma. Para isso, fará de tudo para recuperar o DVD que se encontra na

posse de Filipe, o amigo de Tomás ou pelo menos neutralizar os possuidores do mesmo.

Já se sabe que o tema do livro é a crise, sua origem e possível futuro desta nossa situação

económica no Mundo, Europa e principalmente em Portugal, e posso dizer que não me

assustava tanto nem um livro que me fez reflectir desde d'O Sétimo Selo, também do

mesmo escritor.

Cheio de curiosidades, factos históricos e outros factos, como o próprio escritor afirma

"disfarçado pela 'ficção'" que para além nos fazer abrir os olhos ainda mais de admiração,

faz-nos pensar duas vezes sempre que ouvirmos declarações de políticos na televisão,

entre outros.

Prós:

1. A mesma magia e fluidez que já estamos habituados


2. Tomás de Noronha é uma personagem que não cansa
3. O tema predominante do livro não podia vir "mesmo a calhar"

Contras:

1.  Algumas descrições históricas são algo maçudas


2. Há parágrafos de discurso directo de mais de uma página inteira

Sinopse (copiada de Fnac.pt) :

A VERDADE OCULTA SOBRE A CRISE.

A crise atingiu Tomás Noronha. Devido às medidas de austeridade, o historiador é

despedido da faculdade e tem de se candidatar ao subsídio de desemprego. À porta do


centro de emprego, Tomás é interpelado por um velho amigo de liceu perseguido por

desconhecidos. O fugitivo escondeu um DVD escaldante que compromete os responsáveis

pela crise, mas para o encontrar Tomás terá de decifrar um criptograma enigmático.

O Tribunal Penal Internacional instaurou um processo aos autores da crise por crimes

contra a humanidade. Para que este processo seja bem-sucedido, e apesar da perseguição

implacável montada por um bando de assassinos, é imperativo que Tomás decifre o

criptograma e localize o DVD com o mais perigoso segredo do mundo. 

Numa aventura vertiginosa que nos transporta ao coração mais tenebroso da alta política e

finança, José Rodrigues dos Santos volta a impor-se como o grande mestre do mistério.

Além de ser um romance de cortar o fôlego, A Mão do Diabo divulga informação verdadeira

e revela-se um precioso guia para entender a crise, conhecer os seus autores e

compreender o que nos reserva o futuro.

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Do Prólogo à Nota Final: SOBERBO.

…Relativamente ao tema, bem… não podemos certamente alegar que o mote


base deste livro não é interessante, afinal de contas, é sobre NÓS!
Mostrando que o passado responde a diversas questões do presente e
associando diversos acontecimentos dos tempos modernos que ficarão, eles
próprios, certamente gravados na História, José Rodrigues dos Santos traz-
nos, mais uma vez, o historiador Tomás Noronha - agora, um dos muitos (e
muitos) desempregados do nosso país.
Tomás vê-se a braços com as consequências da austeridade quando um
amigo de longa data surge para lhe pedir asilo…Este indivíduo acaba por
complicar ainda mais a vida de Tomás quando, ao ser despudoradamente
assassinado, lhe deixa a cifra que esconde a localização de um DVD cujo
conteúdo, de tão comprometedor, está a atrair atenções muito perigosas…

…O mais fantástico é que, José Rodrigues dos Santos parece ter aplicado à
escrita a mesma (e estupenda) dedicação que destina sempre ao argumento -
e os dois, aliados, fazem maravilhas! Especialmente quando é notório que o
autor nos está constantemente a espicaçar… os nervos e o sentido crítico!
Ficam patentes diversas técnicas comuns para tornar a leitura menos pesada e
bastante mais agradável - mantendo ainda assim, toda a informação que o
autor gosta de transmitir, mas sem a forma tão exaustiva e factual com que o
costuma fazer. Há sempre qualquer coisa a acontecer na trama, com uma
maravilhosa e bem executada divisão por cenas, bem seccionadas em
capítulos curtos que dão um óptimo andamento à leitura. Ao contrário do que
acontecia em «O Último Segredo» que chegava, em certas partes, a parecer
mais um ensaio do que uma obra de ficção.
O cariz revelador e conspiratório do livro mantém-nos colados à narrativa. E,
sinceramente, já estávamos a precisar de um intervalo nas teorias de
conspiração que envolvem credos e religião.
A componente «crise» está por todo o lado - somos arrebatados pelas suas
consequências e vemo-nos sufocados pela sua constante presença. Toda a
descrição desta ganância política que vemos actuar criminosamente, impune,
diante dos nossos olhos irá nausear até o mais desinteressado dos leitores.
Muitas das personagens, que irei colocar entre o mesmo tipo de aspas que o
autor refere na Nota Final, «ficcionais», afiguram sobremaneira os indivíduos
desqualificados e corruptos que nos governam.
As variáveis são imensas. Mercados desregulados, liberalismo económico, um
envelhecimento insustentável da população, a estagnação económica, a
competitividade com mercados onde se praticam salários muito baixos, bem
como a ganância e corrupção políticas… Os culpados são ainda mais, sem que
nos possamos isentar da nossa quota…mas há flagrantes tão repulsivos e
espinhosos que parecem mesmo ter neles…a mão do Diabo.

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