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Curso de

Assistência de Enfermagem
em Pós-operatório

MÓDULO II

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mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na Bibliografia Consultada.
MÓDULO II

PRÉ-OPERATÓRIO: CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Quando falamos em assistência de enfermagem no pré-operatório, antes se


torna necessário expor sobre algumas conceituações utilizadas na prática do
cuidado, a fim de tornar mais fácil o aprendizado.

O conhecimento que fundamenta o cuidado de enfermagem deve ser


construído na intersecção entre a filosofia, que responde à grande questão
existencial do homem, a ciência e tecnologia, tendo a lógica formal como
responsável pela correção normativa e a ética, numa abordagem epistemológica
efetivamente comprometida com a emancipação humana e evolução das
sociedades.

A assistência de enfermagem no pré-operatório envolve inúmeras questões


que vão, desde os aportes tecnológicos disponíveis até a condição de
esclarecimento em saúde do indivíduo fonte do cuidado.

A enfermagem pré–operatória é uma expressão utilizada para descrever um


leque de funções de enfermagem desenvolvidas na experiência cirúrgica. A palavra
perioperatório é um termo que incorpora três fases da experiência cirúrgica – pré-
operatório, intra-operatório e pós-operatório. Neste curso, iremos tratar, mais
especificamente dos períodos pré-operatório e pós –operatório, que serão objeto de
estudo mais detalhado das ações de enfermagem.

CONCEITOS BÁSICOS

O pré-operatório é o período de tempo que tem início no momento em que


se reconhece a necessidade de uma cirurgia, e termina no momento em que o
paciente chega à sala de operação. Observa-se pela definição, que se trata de um
período bem delimitado, apresentando começo e fim, e que tem duração

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relativamente longa, dependendo da classificação do tratamento cirúrgico, quanto ao
momento operatório.
Didaticamente, o período pré-operatório subdivide-se em mediato (desde a
indicação para a cirurgia até o dia anterior a ela) e em imediato (corresponde às 24
horas anteriores à cirurgia). O escopo das atividades de enfermagem durante este
tempo pode incluir o estabelecimento de uma linha de base, a partir do histórico do
paciente, a realização de entrevista pré-operatória e a preparação do paciente para
o ato anestésico a ser feito durante a cirurgia.
A cirurgia pode ser indicada por diversas razões. Ela pode ter efeito
diagnóstico, curativo, reparador, reconstrutor, cosmético ou paliativo.
Pode também ser classificada, conforme o grau de necessidade, em
urgência, emergência ou eletiva.

CLASSIFICAÇÃO INDICAÇÕES PARA EXEMPLOS


CIRURGIA

CIRURGIA DE SEM DEMORA FRATURA DE


EMERGÊNCIA CRÂNIO

CIRURGIA DE DENTRO DE 24 a INFECÇÃO AGUDA


URGÊNCIA 30h DA BEXIGA

CIRURGIA ELETIVA PLANEJADA HÉRNIA SIMPLES

De modo geral, a assistência prestada ao paciente, neste período, consiste


na avaliação e preparo tanto físico quanto emocional para a cirurgia. Para o ensino
pré-operatório, deve-se avaliar a capacidade de aprendizagem do cliente, bem como
identificar as limitações que possam impedi-lo de participar no processo de
aprendizagem.
O estabelecimento de uma relação de confiança entre enfermeiro e cliente é
de extrema importância, para que este consiga exteriorizar seus sentimentos e
dúvidas. Nesse aspecto, é importante que o profissional tenha conhecimento do
conteúdo das orientações dadas pelos demais componentes da equipe, a fim de
evitar duplicidade de informações, tornando o trabalho mais salutar.

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Para melhor apreensão do conteúdo que será elucidado adiante, traçamos
uma relação de termos que compõem a terminologia cirúrgica. Entende-se por
terminologia “o conjunto de termos próprios de uma ciência; nomenclatura”. Assim
sendo, a terminologia cirúrgica é o conjunto de termos que expressa o segmento do
corpo afetado (raiz) e a intervenção cirúrgica realizada (sufixo). Adiante, alguns
exemplos:

Raiz Relaciona-se a: Sufixo Significado

Oto Ouvido tomia Incisão, corte

Oftalmo Olho ostomia Fazer nova abertura

Rino Nariz ectomia Extirpar parcial ou

Hepato Fígado totalmente

Procto Reto e ânus plastia Reparação plástica

Cisto Bexiga rafia Sutura

Hístero Útero pexia Fixação de uma estrutura


corpórea
Salpingo Tuba uterina
scopia Visualizar o interior
Flebo Veia

Existem ainda, termos cirúrgicos que não seguem os mesmos padrões


descritos anteriormente. São alguns exemplos:
• Amputação – retirada parcial ou total de um membro ou de um órgão;
• Enxerto – inserção de material autógeno, homólogo, heterólogo ou
sintético para corrigir defeito ou falha em tecidos ou órgão;
• Exérese – significa extirpação parcial ou total de um segmento
corpóreo;
• Anastomose – comunicação cirúrgica realizada entre dois vasos
sanguíneos ou entre duas vísceras. (OSOL,s.d.);

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Importante se faz salientar, que o maior objetivo da assistência de
enfermagem é garantir que os clientes sejam assistidos em suas necessidades
físicas, mentais e sociais por uma equipe de enfermagem, preocupada com a
qualidade da assistência prestada e com o atendimento das necessidades do
cliente. Para tanto, são necessários a busca pelo contínuo aprendizado, e o domínio
da tecnologia existente.

VISITA PRÉ-OPERATÓRIA: AVALIAÇÃO FÍSICA DO PACIENTE

A visita pré-operatória de enfermagem é o primeiro item da avaliação do


paciente, procedimento este indispensável tanto no preparo físico quanto no
emocional. É uma atividade desenvolvida para conhecer e manter uma interação
efetiva enfermeiro-paciente, para orientar, supervisionar e encaminhar os problemas
detectados a outros profissionais quando necessário. Por ser uma pessoa
autônoma, o cliente deverá ser avaliado observando-se suas individualidades.
A identificação dos problemas de enfermagem na visita pré-operatória é
fundamental para que o enfermeiro possa elaborar e implementar, o plano de
cuidados para o período trans-operatório, pois sabemos que vários são os aspectos
que irão influenciar a resposta do paciente ao procedimento anestésico-cirúrgico.
Diante disso, o enfermeiro, para traçar uma coleta criteriosa da história de
saúde do cliente, precisa antes de qualquer coisa, ter conhecimento técnico
apurado, a fim de identificar alterações fisiológicas, e sensibilidade aguçada, para
perceber os temores e ansiedades gerados no individuo, pela iminência do
procedimento cirúrgico.
Talvez o mais valioso recurso que o enfermeiro disponha diante do paciente,
seja a capacidade de ouvi-lo, especialmente durante a coleta do histórico de saúde.
O enfermeiro deve assumir a ajuda ao paciente para transformá-lo e auxiliá-lo na
adaptação às mudanças oriundas da doença.

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Foto: Brasil. Ministério da Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de
Enfermagem, 2003.

A coleta de dados ou a avaliação inicial requer do enfermeiro habilidades


referentes à abordagem do paciente que envolve técnicas de entrevista e de exame
físico, além daquelas necessárias para julgar e decidir os rumos da avaliação numa
dada circunstância. Resulta daí a preocupação crescente com a aprendizagem de
habilidades que permitam capacitá-lo para o desempenho dessa atividade. Antes de
o tratamento ser iniciado, a história de saúde do cliente é coletada e o mesmo é
submetido a um exame físico criterioso. Com isso, uma linha de parâmetros é
constituída para comparações futuras.

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL

O interesse na avaliação do estado nutricional do paciente hospitalizado tem


aumentado com a constatação de grande incidência de desnutrição entre os
pacientes internados, na maioria dos hospitais, e mostra-nos a associação entre
desnutrição protéico-calórica (DPC) e a evolução clínica do paciente (interferindo no
tempo de internação e número de complicações).
Estado nutricional expressa o grau no qual as necessidades fisiológicas por
nutrientes estão sendo alcançadas. No indivíduo internado, ela é mensurada através
dos valores da altura e peso, da prega cutânea do tríceps, da circunferência do
braço, dos níveis de proteínas séricas e do balanço de nitrogênio - perda normal de
nitrogênio: 8 a 10g/dia. Uma avaliação completa do estado nutricional inclui:

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‹ História médica (doenças crônicas, cirurgias gastrointestinais), social
(Renda inadequada, nível cultural) e dietética (anorexia, anosmia,
problemas da mastigação);
‹ Dados antropométricos;
‹ Dados bioquímicos;
‹ Avaliação clínica;
‹ Revisão do uso de drogas.
O reconhecimento dos sintomas e sinais clínicos de alteração do estado
nutricional é de grande importância por se tratar de prática simples e econômica.
Consiste em avaliar as manifestações que podem estar relacionadas com possível
alimentação inadequada, evidenciando-se por meio de alterações de tecidos
orgânicos, de órgãos externos como a pele, mucosas, cabelos e os olhos.

O índice de Massa Corporal (IMC) é uma fórmula que indica se um adulto


está acima do peso, se está obeso ou abaixo do peso ideal considerado saudável. A
fórmula para calcular o Índice de Massa Corporal é:

IMC = Peso
(Altura X Altura)

Atenção especial deve ser dada ao cabelo, à pele e à boca que são
suscetíveis devido à rápida mudança celular do tecido epitelial. A desidratação, a
hipovolemia e o desequilíbrio eletrolítico são comuns e devem ser cuidadosamente
documentados e monitorados.

Durante a anamnese alimentar, são pesquisadas as quantidades e


qualidade de alimentos ingeridos, antes e durante a doença atual, bem como
informações sobre perda de apetite, aversão por alimentos, náusea, vômito,
alterações do trato digestivo (dificuldade de mastigação, azia, queimação,
obstipação, diarréia e outros), abuso de bebidas alcoólicas e alterações no peso.

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Sinais físicos indicativos ou sugestivos de desnutrição

Órgão Aparência normal Sinais associados com


desnutrição

Cabelo Firme; Perda do brilho natural;


seco e feio;
brilhante;
Fino e esparso;
difícil de arrancar. Sedoso e quebradiço;
Despigmentado;
Sinal da bandeira;
Fácil de arrancar (sem dor).

Olhos Brilhantes, claros, Conjuntiva pálida;


sem feridas Membranas vermelhas;
nos epicantos; Manchas de Bitot;
membranas úmidas e róseas; Xerose conjuntival (secura);
sem vasos proeminentes ou Xerose córnea (secura);
acúmulo de tecido esclerótico; Queratomalacia (córnea
adelgaçada);
Vermelhidão e fissuras nos
epicantos.

Lábios Lisos, sem edemas ou Estomatite angular (lesões


rachaduras róseas ou brancas nos cantos
da boca);
Escaras no ângulo;
Queilose (avermelhamento ou
edema dos lábios e boca).

Pele Sem erupções, edema ou Xerose (secura)


Hiperqueratose folicular (pele
manchas
em papel de areia);
Petéquias (pequenas
hemorragias na pele);
Dermatose pelagra
(pigmentação edematosa
avermelhada nas áreas de
exposição ao sol);
Equimoses em excesso;
Dermatose cosmética
descamativa;
Dermatose vulvar e escrotal;
Xantomas (depósitos de gordura
sob a pele e ao redor das
articulações).

Língua Aparência vermelha profunda; Língua escarlate e inflamada;


não edemaciada ou lisa Língua magenta (púrpura);
Língua edematosa;

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Papila filiforme atrofia e
hipertrofia.

Unhas Firmes; róseas Coiloníquia (forma de colher);


Quebradiças e rugosas.

Fonte: VANNUCCHI H; UNAMUNO M do R Del L de & MARCHINI JS Avaliação do estado


nutricional. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 5-18, jan./mar. 1996.

AVALIAÇÃO DO ESTADO RESPIRATÓRIO

A avaliação e o preparo pré-operatórios do estado respiratório dependerão


da gravidade do paciente, e do grau de urgência ou emergência cirúrgica. Sempre
que a situação permitir, deverá ser realizada anamnese e exame físico. No exame
físico, atenção especial deve ser dada à avaliação da via respiratória, da ventilação
e da situação hemodinâmica. Deve-se observar se a respiração está espontânea ou
não; observar o padrão ventilatório, analisando ritmo e profundidade das incursões
respiratórias; verificar presença de dispnéia ou cianose e pesquisar doenças
pregressas pulmonares.
O enfermeiro deve estabelecer uma boa relação com o paciente,
proporcionando-lhe bem–estar e segurança, bem como uma boa comunicação
através de uma linguagem simples e de fácil compreensão.
O exame do tórax é de fundamental importância para a avaliação
respiratória e consiste da observação de quatro componentes: inspeção, palpação,
percussão e ausculta.

Inspeção

É através da inspeção que observamos os movimentos respiratórios – sua


freqüência, regularidade e profundidade – bem como, os esforços inspiratórios e
expiratórios relativos. Segundo Franco (2002), a inspeção pode ser estática, com
ênfase para o biótipo do tórax e dinâmica com observações quanto ao padrão
respiratório que o paciente possa vir a apresentar durante o exame.

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Deve-se observar a forma do tórax, a presença de deformidades e
abaulamentos, o uso ou não da musculatura acessória, presença de tiragem, padrão
respiratório; a freqüência respiratória em condições de repouso é tida como normal,
quando o número de incursões respiratórias por minuto (IRPM) está oscilando entre
16 e 20, além da presença de lesões cutâneas - pode revelar a presença de
cicatrizes, inflamações e tumores.

O cliente que não apresenta alteração no padrão respiratório é denominado


eupnéico. Em caso de anormalidades no padrão respiratório, as denominações mais
comuns para os achados nos exames são as seguintes:

Taquipnéia: Aumento da freqüência ventilatória.

Bradipnéia: Redução da freqüência ventilatória.

Apnéia: Parada dos movimentos respiratórios ou parada respiratória.

Dispnéia: Caracterizada como “sofrimento respiratório”.

Respiração de Cheyne Stokes: caracteriza-se por aumento gradual na


profundidade, seguido por decréscimo gradual na profundidade das respirações e,
após, segue-se um período de apnéia.
· Respiração estertorosa: respiração ruidosa.

A meta na avaliação pré-operatória do aparelho respiratório é identificar


possíveis alterações no padrão ventilatório que possam vir a determinar
complicações durante ou após o ato anestésico. Identificar os pacientes de risco no
pré-operatório que possam evoluir para o desenvolvimento dessas complicações é o
primeiro passo para evitá-las.

Palpação

É através deste componente do exame do tórax – a palpação, que se


caracterizarão as lesões de pele detectadas na inspeção, pesquisa de edema,

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avaliação da expansibilidade torácica bem como pesquisa do frêmito (palpação na
parede torácica das vibrações produzidas pelos sons vocais transmitidos à parede).

Percussão

A técnica utilizada para a realização da percussão é a do dígito-digital, com


apoio do terceiro dedo da mão esquerda à parede torácica, a partir da falange distal,
e a percussão sendo feita com o terceiro dedo da mão direita, que golpeará a
falange distal do dedo esquerdo apoiado à parede.

No tórax normal, a percussão produzirá vibrações lentas e som de


tonalidade baixa, sendo chamado de som claro pulmonar.

Na presença de desequilíbrio da relação normal ar/tecido, ocorrerá sons


diferentes do padrão habitual, a exemplo do som timpânico, que é produzido quando
existe uma quantidade de ar aumentada no parênquima pulmonar.

Abaixo podemos observar a percussão correta do espaço


interescapulovertebral. Só a articulação do punho se move. O dedo médio está
apoiado.Os demais não tocam a pele.

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Ausculta

A ausculta é o método semiológico básico no exame físico dos pulmões; ela


permite a obtenção rápida e pouco dispendiosa de numerosas informações sobre
diferentes patologias broncopulmonares. É a fase do exame do tórax que fornece
mais informações.

O instrumento utilizado para realização da ausculta é conhecido como


estetoscópio, capaz de captar os sons transmitidos pelo tórax do paciente. O
ambiente deve ser preservado de qualquer barulho, a fim de se evitar confusões na
identificação dos ruídos respiratórios.

O paciente deve ser mantido preferencialmente sentado, todavia no


impedimento deste procedimento, deverá permanecer em decúbito lateral.

A ausculta confirma os achados da inspeção e/ou identifica regiões com


prejuízo de ventilação ou de acúmulo de secreções.

Porto (2001), alerta que “somente depois de uma longa prática, ouvindo-se
as variações do murmúrio respiratório normal é que se pode, com segurança,
identificar os ruídos normais”.

Sons Respiratórios

Ruídos Respiratórios Normais

Som Traqueal
O som traqueal ou bronquial é normalmente audível sobre a área de
projeção da traquéia, colocando-se o estetoscópio sobre a região supra-esternal.
Ausculta-se a inspiração intensa, bem audível, a seguir, uma pausa, e depois, a
expiração, também bastante audível e rude, de duração igual ou pouco maior do que
a inspiração.

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Som Broncovesicular
Normalmente, o som pode ser ouvido nas regiões infra e supraclaviculares e
nas regiões supra-escapulares. A expiração tem duração e intensidade igual, não
havendo pausa entre elas. O som broncovesicular não é tão rude quanto o som
traqueal.

Murmúrio Vesicular
É audível, normalmente, no restante do tórax. A inspiração tem intensidade e
duração maiores que as da expiração; ausculta-se toda a inspiração e somente o
terço inicial da expiração; o som é suave, não havendo pausa entre inspiração e
expiração.

Ruídos Respiratórios Anormais

Estertores - são ruídos descontínuos que se produzem quando se


encontram na traquéia, brônquios, bronquíolos ou tecido pulmonar, em via de
desintegração, substâncias líquidas que entram em conflito com o ar e se agitam.

Roncos e Sibilos - são ruídos móveis, que desaparecem conforme a


profundidade da respiração, postura ou com a tosse.Têm o mesmo significado, mas
com tonalidades diferentes. Roncos são graves e sibilos, agudos. Podem ser
classificados em altos ou baixos, inspiratórios ou expiratórios, longos ou curtos,
únicos ou múltiplos. Os sibilos podem apresentar uma nota musical (monofônicos)
ou várias notas (polifônicos).

AVALIAÇÃO DO ESTADO CARDIOVASCULAR

Durante a anamnese e exame físico, o enfermeiro deve identificar os


preditores clínicos de risco cardiovascular. O paciente deve ser questionado acerca
do histórico de doenças coronárias instáveis, ICC descompensada, IAM prévio,
diabetes mellitus, história de AVC e HAS não controlada, presença de casos

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cardiológicos na família e moléstias afins. A idade avançada e a baixa capacidade
funcional também devem ser levadas em consideração na avaliação.
Interroga-se também o cliente sobre a existência de sintomas específicos,
como por exemplo: dispnéia, dor torácica, edema dos pés e tornozelos, cianose de
pele, palidez e palpitações.
Durante o exame físico é importante manter dados de peso, estado físico
geral e presença de sintomas, registrados em prontuário.
O propósito da avaliação cardiovascular perioperatória é fornecer um perfil
de risco para que sejam tomadas decisões que possam influenciar no evento
cirúrgico.
Dados como pressão arterial e freqüência cardíaca devem ser
minuciosamente obtidos e registrados.

Aferindo a Pressão Arterial

A medida da pressão arterial deve ser realizada na posição sentada, de


acordo com o procedimento descrito a seguir:

1- Explicar o procedimento ao paciente.

2- Certificar-se de que o paciente:

• Não está com a bexiga cheia;


• Não praticou exercícios físicos;
• Não ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos, ou fumou antes.

3- Localizar a arterial braquial através da palpação.

4- Colocar o manguito firmemente cerca de 2cm a 3cm acima da fossa


antecubital, centralizando a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. A largura da
bolsa de borracha do manguito deve corresponder a 40% da circunferência do braço
e seu comprimento deve envolver pelo menos 80% do braço. Assim, a largura do

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manguito a ser utilizado estará na dependência da circunferência do braço do
paciente.

5- Manter o braço do paciente na altura do coração.

6- Palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, para


estimativa do nível da pressão sistólica, desinflar rapidamente e aguardar de 15 a 30
segundos antes de inflar novamente.

7- Colocar o estetoscópio nos ouvidos.

8- Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria


braquial, na fossa antecubital, evitando compressão excessiva.

9- Solicitar ao paciente que não fale durante o procedimento da medição.

10- Inflar rapidamente, de 10mmHg em 10mmHg, até o nível estimado da


pressão arterial.

11- Proceder à deflação, com velocidade constante inicial de 2mmHg a


4mmHg por segundo, evitando congestão venosa e desconforto para o paciente.

12- Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro


som, que se intensifica com o aumento da velocidade de deflação.

13- Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som, exceto em


condições especiais. Auscultar cerca de 20mmHg a 30mmHg abaixo do último som
para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e
completa. Quando os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão
diastólica no abafamento dos sons.

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Foto: Gettyimages

Tabela de valores médios normais de pressão arterial

IDADE EM ANOS PRESSÃO ARTERIAL EM


mmHg
4 85/60
6 95/62
10 100/65
12 108/67
16 118/75
Adulto 120/80
Idoso 140-160/90-100

Fonte: www.virtual.epm.br

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Medindo a Freqüência Cardíaca (FC)

Para medir a freqüência cardíaca é necessário que o enfermeiro disponha


de um relógio e seja detentor do conhecimento da técnica manual. Esta técnica
consiste em colocar o dedo indicador e o dedo médio na artéria radial, que fica na
região do pulso, ou na carotídea, localizada na lateral do pescoço, e contar o
número de pulsações durante 10 segundos. Feito isso, multiplica-se o valor por seis
e se terá o número de batimentos cardíacos em um minuto.

Existem também algumas fórmulas que calculam um número aproximado de


FC máxima. A mais utilizada é:

FC Max. = 220 - idade

O ritmo cardíaco, em repouso, encontra-se normalmente entre os 60 e os 80


batimentos por minuto, e depende da idade, do sexo e das condições emocionais do
cliente.

Foto: Gettyimages

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AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICA E RENAL

A avaliação da função hepática e renal do cliente, pelo enfermeiro, tem como


meta investigar o funcionamento normal dos sistemas hepático e urinário, visando à
adequada remoção de medicamentos, agentes anestésicos, excretas e toxinas
corporais gerados.

O papel do fígado é de processar as reservas de ferro, vitaminas e minerais


no corpo, produzir bile para ajudar na digestão de alimentos e gorduras, desintoxicar
o organismo de substâncias químicas, drogas e bebidas alcoólicas, e atuar como um
filtro, convertendo as substâncias que podem ser aproveitadas ou eliminadas, além
de fabricar substâncias químicas necessárias para a vida e o crescimento.

O seu adequado funcionamento é importantíssimo no metabolismo do


anestésico durante o ato cirúrgico.

Os rins estão envolvidos na excreção das drogas anestésicas e seus


metabólitos.

Na investigação clínica, a avaliação das funções hepática e urinária pode ser


determinada por valores laboratoriais (níveis de transaminases, bilirrubinas, ácido
úrico, albumina, etc.) e pela história sintomatológica do paciente, como por exemplo:
a presença de hepatomegalia, icterícia, ascite, oligúria, anúria. Uma boa anamnese
é fundamental para a coleta de dados indispensáveis para a avaliação do risco
cirúrgico.

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO ENDÓCRINA

Dois dos maiores vilões do ato cirúrgico no que concerne à função endócrina
são a presença do diabetes e suas conseqüências e a insuficiência adrenal.

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No diabetes não-controlado, o principal risco é a hipoglicemia, que pode
acontecer durante a anestesia, e a acidose - definida como uma disfunção
metabólica grave causada pela deficiência relativa ou absoluta de insulina,
associada ou não a uma maior atividade dos hormônios contra-reguladores (cortisol,
catecolaminas, glucagon, hormônio do crescimento). A cetoacidose caracteriza-se
clinicamente por desidratação, respiração acidótica e alteração do sensório.

No caso da insuficiência adrenal, que ocorre por deficiência da produção de


hormônios como cortisona e aldosterona, o cliente deverá ser monitorado quanto ao
uso e suspensão abrupta de glicocorticóides, que podem determinar quadro de
deficiência hormonal adrenal severa, levando o individuo a apresentar sintomas
como, náusea, vômito, confusão mental, hipoglicemia e hipotensão.

O enfermeiro deve ter conhecimento se o paciente foi submetido nas últimas


48 horas a corticosteróide, insulina, anticonvulsivantes, sulfas, antibióticos e
antidepressivos, visto que dependendo da terapia a que foi submetido recentemente,
podem ser observadas alterações ou interações com os efeitos dos anestésicos ao
qual será submetido.

Deve ser feita a glicemia capilar em caso de presença de história de


descompensação glicêmica.

Segundo o consenso da American Diabetes Association Clinical Practice


Recommendation, os valores de glicose sangüínea em jejum (8 a 12h de jejum),
devem ser inferiores a 100mg/dL. Entre 100 e 126mg/dL deve haver avaliação com
testes confirmatórios; com valores superiores a 200mg/dL a avaliação deve ser
realizada de forma casual (sem estar em jejum); quando acompanhada de sinais e
sintomas, já podem ser considerados diabetes.

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Monitorização da Glicemia Capilar

Fotos: Gettyimages

A monitorização da glicemia capilar deve ser feita com o auxilio de um


aparelho glicosímetro, luva de procedimento e uma agulha ou lanceta.

Procedimento:

¾ Lavar as mãos conforme procedimento específico;


¾ Orientar o cliente quanto ao procedimento;
¾ Calçar as luvas;
¾ Fazer anti-sepsia da polpa do dedo com álcool a 70%;
¾ Fazer a punção na polpa do dedo com agulha ou lanceta;
¾ Depositar uma gota de sangue sobre a área reagente da fita, de forma
que esta seja completamente recoberta;
¾ Realizar exame de acordo com o manual do aparelho ou interpretar com
a tabela padrão de cores existente na caixa da fita;
¾ Anotar em prontuário o procedimento realizado;
¾ Valores normais:
1. Adulto = 70 a 110mg/dl
2. RN = 40 a 120mg/dl

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AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO IMUNOLÓGICA

Um dos aspectos mais importantes na coleta de dados do cliente é a


pesquisa pela existência de alergias, incluindo as reações alérgicas prévias. O
enfermeiro deve ser capaz de investigar e registrar o histórico de alergia
medicamentosa e reações adversas apresentadas, com minuciosa descrição dos
sintomas manifestados pelo paciente.

No caso da alergia medicamentosa, a reação é causada por uma resposta


do sistema imunológico contra o fármaco, que é reconhecido como um "invasor", ou
antígeno. Esse tipo de reação é freqüentemente chamado de reação de
hipersensibilidade. A alergia pode ser distinguida de outras formas de toxicidade
medicamentosa em diversos aspectos. Em primeiro lugar, é necessária a exposição
anterior ao fármaco ou a um composto estreitamente aparentado, para provocar a
reação. Em segundo lugar, a gravidade da resposta é freqüentemente independente
da dose. Em terceiro lugar, a natureza do efeito desfavorável é função não do
fármaco, mas do mecanismo de imunização compreendido.

Identificar e registrar em prontuário, as medicações que o paciente esteja


utilizando, é de importância ímpar para uma maior segurança cirúrgica, levando em
consideração os efeitos de alguns fármacos no êxito anestésico.

Fármaco Possíveis efeitos

Corticosteróides adrenais Sua interrupção abrupta poderá


determinar colapso cardíaco.

Diuréticos Depressão Respiratória durante


anestesia.

Tranqüilizantes Ansiedade, tontura, tensão.

Fenotiazinas Aumento da ação hipotensiva dos


anestésicos.

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PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM NO PRÉ-OPERATÓRIO

A pessoa que será submetida a uma cirurgia apresenta diversos temores


que podem alterar seu equilíbrio. O papel do enfermeiro é fundamental, para garantir
o esclarecimento do cliente diante dos procedimentos aos quais será submetido. É
de extrema relevância, que o enfermeiro receba o paciente de modo afável, tendo o
cuidado de conduzi-lo ao leito e orientá-lo sobre as normas e rotinas do hospital, e
dos procedimentos que antecedem o ato cirúrgico.
A boca do cliente deverá ser inspecionada, sendo retiradas próteses,
dentaduras, gomas de mascar, etc. Caso esquecidos na boca, esses objetos podem
ocluir a garganta e causar durante o ato anestésico, obstrução respiratória.
As jóias e lentes de contato deverão ser removidas e o paciente deverá ter
suas peças íntimas retiradas, e vestir a camisola do hospital com a abertura voltada
para as costas.
Todos os clientes deambulantes deverão ser orientados a esvaziar a bexiga
de modo a promover a continência durante a cirurgia abdominal baixa e tornar os
órgãos abdominais mais acessíveis. Em caso de impossibilidade, poderá ser
necessária a passagem de uma sonda para o esvaziamento vesical.

NUTRIÇÃO E HIDRATAÇÃO

Mais comumente, a ingestão de alimentos é suspensa em um período de 08


a 10h antes da operação. É importante que o estômago do paciente esteja vazio, a
fim de evitar intercorrências no ato anestésico, como por exemplo, bronco-aspiração,
que poderá ocasionar sérias complicações, como asfixia, pneumonia ou mesmo,
abscesso pulmonar.
Em pacientes desidratados, particularmente em idosos, os líquidos orais
devem ser estimulados antes da cirurgia. Além disso, as soluções endovenosas

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podem ser prescritas para favorecer a volemia, aos clientes incapacitados de ingerir
líquidos pela boca, ou como uma espécie de complementação hídrica.
Em alguns tipos de operação, como, por exemplo, as do sistema
gastrintestinal, uma dieta de fácil digestão precisa ser administrada durante alguns
dias que antecedem o procedimento cirúrgico.

CUIDADOS COM A PELE

Quando abordamos os cuidados com a pele, discutimos acerca da


necessidade de ser efetuado ou não, o procedimento de tricotomia. Esse
procedimento tem como finalidade, a retirada dos pêlos ao redor e no local da futura
ferida cirúrgica, com o intuito de eliminar ao máximo a flora bacteriana que
normalmente habita a pele.
Associado ao banho de chuveiro ou banheira, a tricotomia é realizada antes
da operação com período de antecedência não aconselhável superior a duas horas.
Os argumentos que pairam contrários a sua realização baseiam-se de fato, no risco
de lesões na pele pelo uso do aparelho de barbear, criando desta maneira, uma
porta de entrada para as bactérias.
Há estudos que afirmam que a remoção de cabelo no pré-operatório é
deletéria para os pacientes, talvez causando infecções cirúrgicas no local, e por isso
não devendo ser realizada.
Em contraposição a esses argumentos, alguns estudos foram realizados
utilizando aparelho de barbear, creme depilatório e o tosqueamento (corte do pêlo),
não demonstrando nenhuma diferença em relação à infecção cirúrgica entre
pacientes que removeram os pêlos antes da cirurgia e aqueles que não removeram.
A rotina da Instituição, neste caso, deve ser a preterida.

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

A administração de medicamentos é uma das atividades que o enfermeiro


desenvolve e que requer muita atenção e sólida fundamentação técnico-científica

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para subsidiá-lo na realização de tarefas correlatas, pois envolve uma seqüência de
ações que visam à obtenção de melhores resultados no tratamento do paciente, sua
segurança e a da instituição na qual é realizado o atendimento. Assim, é importante
compreender que o uso de medicamentos, os procedimentos envolvidos e as
próprias respostas orgânicas do cliente, decorrentes do tratamento, envolvem riscos
potenciais de provocar danos a sua saúde, sendo imprescindível que o profissional
esteja preparado para assumir as responsabilidades técnicas e legais decorrentes
dos erros que possam vir a ocorrer.
Procurando criar métodos mais seguros na administração dos
medicamentos, a enfermagem tradicionalmente utiliza a regra dos 05 (cinco) “C”, ou
seja, administrar o medicamento certo, a dose certa, o paciente certo, a via certa e a
hora certa.
No caso dos fármacos pré-anestésicos, é importante que o enfermeiro esteja
bastante atento ao horário da sua administração, que gira em torno de 30 a 75
minutos antes do ato anestésico, caso contrário, seu efeito poderá estar extenuado
ou não terá início até o momento da anestesia.
Singularmente importante, é a manutenção do cliente no leito, sob vigília,
após a administração do medicamento, haja vista a possibilidade do mesmo
determinar tontura e/ou confusão mental, podendo o cliente sofrer queda da própria
altura ou algum desconforto respiratório.

CONTROLE DOS SINAIS VITAIS

A aferição dos sinais vitais é fundamental na avaliação da condição cirúrgica


do cliente, e deve ser feita de 06 em 06 horas ou com intervalos menores se o
mesmo apresentar instabilidade nos padrões. O controle consiste na mensuração
dos valores da temperatura corporal, pressão arterial, pulso e respiração.
A manutenção da temperatura corporal é resultado do equilíbrio entre a
produção do calor (combustão de alimentos, fígado e músculos) e a perda
calórica. O acompanhamento dos valores basais do cliente é primordial para a

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identificação de alterações patológicas que possam estar presentes na maioria dos
processos infecciosos e/ou inflamatórios.
A delimitação de valores normais para a temperatura corporal é muito difícil
de ser estabelecida, devido aos diversos fatores que a influenciam como, por
exemplo, as variações ambientais e as respostas individuais. Todavia, para fins de
padronização, costuma-se utilizar os seguintes parâmetros:
* Temperatura axilar: 35,5ºC - 37,0ºC;
* Temperatura oral: 36,3ºC - 37,4ºC;
* Temperatura retal: 37ºC – 37,5ºC.
O controle da temperatura é realizado através do termômetro, o mais
utilizado é o de mercúrio, mas cada vez mais se torna freqüente o uso de
termômetros eletrônicos.

Foto: Brasil. Ministério da Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área


de Enfermagem, 2003.

Outro dado imprescindível na avaliação de saúde de uma pessoa é o nível


de sua pressão arterial, cujo controle é importantíssimo para a avaliação
cardiovascular do cliente.
Como já elucidado anteriormente, sua mensuração é realizada através do
aparelho de tensiômetro e os valores obtidos devem ser registrados com precisão,
no prontuário do cliente, a fim de direcionar as condutas pré-operatórias normais.
Também consideradas como importante parâmetro dos sinais vitais, as
oscilações da pulsação, verificadas através do controle de pulso, podem trazer
informações significativas sobre o estado do paciente.
A mensuração é possível porque o sangue impulsionado do ventrículo
esquerdo para a aorta provoca oscilações rítmicas em toda a extensão da parede

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arterial, que podem ser sentidas quando se comprime moderadamente a artéria.
Além da freqüência, é importante observar o ritmo e força que o sangue exerce ao
passar pela artéria, o que poderá ser um indicativo de alguma alteração patológica
existente.
Freqüentemente, faz-se a verificação do pulso sobre a artéria radial e,
eventualmente, quando o pulso está filiforme, sobre as artérias mais calibrosas -
como a carótida e a femoral. Outras artérias, como a temporal, a facial, a braquial, a
poplítea e a dorsal do pé também possibilitam a verificação do pulso.

Foto: Brasil. Ministério da Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área


de Enfermagem, 2003.

Por fim, outro importante fator de acompanhamento das condições


fisiológicas do paciente, é o seu padrão respiratório. Deve-se observar a quantidade
de movimentos respiratórios por minuto e o padrão da freqüência respiratória, se
diminuído (bradipnéico), aumentado (taquipnéico), dificultoso (dispnéico), dentre
outras alterações.
Os valores referenciais são:
* Recém nascido: 30 a 40 por minuto.
* Adulto: 14 a 20 por minuto.

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ESVAZIAMENTO INTESTINAL

O preparo pré-operatório pode incluir a necessidade da realização do


esvaziamento intestinal, que varia de acordo com a especialidade. Pode ser feito
através de laxativos e ou enteroclismas, ou ainda através da limpeza mecânica do
cólon com soluções especiais. A enfermagem realiza o procedimento indicado,
observa e anota o efeito no prontuário.
O procedimento de lavagem intestinal se resume à introdução de uma
solução através de uma sonda, no ânus ou colostomia do paciente, objetivando a
eliminação das fezes. O paciente é colocado na posição de Sims e a sonda é
introduzida no orifício externo. Existem alguns tipos de soluções mais utilizadas. São
elas:

* Antisséptico: combate a infecção;


* Carminativo: elimina as flatulências;
* Sedativo: alivia a dor (C.A.);
* Emolientes: amolecem as fezes;
* Enema salena: elimina as fezes;
* Enema irritativo: irrita o intestino provocando eliminação das fezes
(substância com sulfato de magnésio).
* Água Gelada: controle da febre;

Posição de SIMs

Deitar o paciente sobre o lado direito flexionando-lhe as pernas, ficando a


direita semiflexionada e a esquerda mais flexionada, chegando próxima ao
abdômen. Para o lado esquerdo, basta inverter o lado e a posição das pernas.
Posição usada para lavagem intestinal, exames e toque.

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Posição de Sims – Ilustração

O REGISTRO DE ENFERMAGEM NO PRÉ-OPERATÓRIO

Os registros de enfermagem, além de retratarem a qualidade do


atendimento de enfermagem, refletem o grau de preparo dos profissionais e
favorecem a continuidade do trabalho, tanto nos diferentes plantões quanto nas
diferentes áreas de assistência na instituição de saúde.

As anotações de todo o preparo e observações feitas da prestação da


assistência ao cliente, além de ser uma fonte segura de informações sobre o seu
quadro clinico, são documentos muito importantes para o suporte legal dos
profissionais envolvidos nesta assistência, da Instituição e até mesmo do próprio
cliente.

Então, por mais elementar que as ações de enfermagem possam parecer,


sejam elas de caráter assistencial ou organizativo, a comunicação é o elemento que
por elas perpassa, influenciando decisivamente na qualidade da assistência
prestada pela equipe de Enfermagem.
O Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo, em sua
decisão DIR/001/2000, considera a Documentação de Enfermagem, o registro das
ações de Enfermagem, dos sinais, sintomas e reações apresentadas pelo cliente em
função de um determinado tratamento ou procedimento diagnóstico ou a justificativa
de sua não execução. Seu artigo 6º explicita que o registro deve fazer parte do

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
prontuário do cliente e servir de fonte de dados para processos administrativos,
legais, de ensino e pesquisa.
No período pré-operatório, a atenção com todas as anotações registradas
em prontuário, é de fundamental relevância para a garantia da segurança dos
procedimentos que serão realizados. Somente ciente de todos os dados do cliente,
poderá o profissional efetuar suas atividades com tranqüilidade.
No prontuário deve constar além dos impressos padrões da Instituição,
como folha de admissão, folha de evolução de enfermagem, sinais vitais, prescrição
médica e de enfermagem, dentre outros, o termo de consentimento informado,
assinado pelo cliente ou responsável legal.
O direito do paciente à correta informação sobre o seu estado de saúde e
dos recursos médicos disponíveis para o seu tratamento, é essencial para otimizar a
relação paciente/profissional de saúde, além de estabelecer uma relação
democrática e de confiança.
O consentimento informado é composto por três elementos básicos:
competência ou capacidade, informação e consentimento.
Os quatro elementos necessários para que um consentimento informado
seja considerado válido são os seguintes:
- fornecimento de informações;
- compreensão;
- voluntariedade;
- consentimento.
O Conselho Federal de Medicina através da Resolução nº 1081/82 de
12/03/1982, estabeleceu que todas as provas necessárias para o diagnóstico e a
terapêutica deveriam ser realizadas apenas com o consentimento do cliente. Dos
cinco artigos que compõem a Resolução, quatro se dedicam à questão da
autorização para necropsia. O CFM sugeria que esta autorização deveria ser
solicitada, preferentemente, no momento da internação, porém a sua não aceitação
não deveria se constituir num impedimento para o tratamento do paciente. Neste
documento se caracteriza que pode haver um consentimento por procuração, por um

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
representante legal ou de sua família, quando o paciente for incapaz de decidir por si
próprio.
No pré-operatório, qualquer observação não usual que possa influenciar a
anestesia ou procedimento cirúrgico, é colocada na parte anterior do prontuário, em
local visível.

TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE PARA O CENTRO CIRÚRGICO

O paciente deve ser transportado ao centro cirúrgico num período não


superior a 01h antes da administração do anestésico. Seu transporte deverá ser
realizado através da maca, de modo confortável e seguro. Deverá o paciente ser
aquecido, com cobertor ou manta térmica (a manta térmica propicia um aquecimento
controlado e mais eficaz) para proteção contra o resfriamento em ambientes com ar
condicionado.

------------------FIM DO MÓDULO II-----------------

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