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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
DISCIPLINA
ASPÉCTOS CULTURAIS E
BIOPSICOSSOCIAIS DO
ENVELHECIMENTO
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03
INTRODUÇÃO
A distinção entre o natural e o cultural ocupou e continua a ocupar um lugar
importante nas discussões antropológicas.
Importa ainda aqui apontar, tendo em vista obter uma compreensão mais
ampla do pensamento de Lévi-Strauss, que este último preocupado com a
passagem lógica do estado de natureza para o estado de cultura, indica que a
mesma se dá pela regra universal do incesto. Assim, no dizer deste autor: “a
proibição do incesto apresenta, sem o menor equívoco e indissoluvelmente reunidos,
os dois caracteres nos quais reconhecemos os atributos contraditórios de duas
ordens exclusivas, isto é, constituem uma regra, mas uma regra que, única entre
todas as regras sociais, possui ao mesmo tempo caráter de universalidade.”
De acordo com Beauvoir, a sociedade destina ao velho seu lugar e seu papel
levando em conta sua idiossincrasia individual: sua impotência, sua experiência;
reciprocamente, o indivíduo é condicionado pela atitude prática ideológica da
sociedade em relação a ele. “Não basta, portanto, descrever de maneira analítica os
diversos aspectos da velhice: cada um deles reage sobre todos os outros e é
afetado por eles; é no movimento indefinido desta circularidade que é preciso
aprendê-la.”
Na nossa sociedade, ser velho significa na maioria das vezes estar excluído
de vários lugares sociais. Um desses lugares, densamente valorizado, é aquele
relativo ao sistema produtivo, o mundo do trabalho. Estar alijado ao sistema
produtivo quase que inteiramente define o “ser velho”. O alijamento do mundo
produtivo – extremamente valorizado, na nossa cultura – espalha-se, criando
barreiras impeditivas de participação do velho nas outras tantas e diversas
dimensões da vida social.
na direção das outras esferas da vida social, passando assim a classificar de modo a
incluir o velho como “produtivo” e/ou “produtor social”.
Gaiarsa, no seu livro Como enfrentar a velhice, diz com muita ênfase: “Ser
velho, além de um fato, é um conjunto de convenções sociais da pior espécie. Não
sei o que pesa mais sobre os velhos, se é a idade ou a ideia que fazem de si
mesmos, movidos pelo modo como são tratados, levados pelas ideias tantas vezes
vingativas que orientam o comportamento da maioria deles”.
Mito da Inutilidade: “O velho não produz, logo pensam que deve ser eliminado
da sociedade”. Num sistema capitalista e consumista, só tem valor quem produz e
quem consome, gerando lucros. O velho é considerado improdutivo. Porém, não é
observado que a experiência e a visão ampla do velho podem quantificar a produção
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e acima de tudo qualificá-la. Não é só o jovem que produz e consome, o velho pode
fazer outras atividades também produtivas e se tiver recursos também vai consumir,
não apenas em remédios.
Para a sociedade indiferente, quanto mais calado e alheio, tanto melhor. Ele
se acomoda, não reivindica seus direitos, desativa sua atuação social, priva-se da
sua participação política e morre socialmente antes da morte física.
Assim citamos alguns mitos e principais tabus que são atribuídos aos velhos.
Estes terminam aceitando-os e sofrendo pela própria retração e consequente
isolamento.
Vale ressaltar que o idoso que se recolhe em seu pijama, não por si mesmo,
mas por imposições da sociedade. Aposentado – recolhido a seus aposentos.
Muitos são os limites impostos à terceira idade pela sociedade capitalista, sob
o pretexto de que já passou o seu tempo e que agora deve acomodar-se,
“descansar e dar lugar para os mais jovens”.
A vida humana é um processo, tem seus altos e baixos, mais vai acumulando
experiências, sentimentos, vivências que enriquecem a caminhada e somam-se os
êxitos e os fracassos como estímulo para novas conquistas.
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Conforme Magalhães, nas culturas tradicionais o idoso sempre foi visto como
sendo símbolo de sabedoria, através do ato de lembrar e dar expressão a suas
lembranças: “O papel da memória é tradicionalmente valorizado entre os mais
velhos, assim como suas lembranças constituem o patrimônio coletivo, expresso e
revivido permanentemente no contato com as novas gerações, sejam crianças ou
adultos. Ao velho e ao antigo cabem, na sociedade tradicional, papéis e padrões
comportamentais apoiados no valor da respeitabilidade”.
Sociedades primitivas
Entre os Dinda, segundo Frazer, algumas pessoas idosas em uma tribo são
responsáveis por fenômenos e atividades consideradas essenciais à coletividade - a
chuva, a caça, a pesca, etc. Se mostrarem sinais de fraqueza são enterrados vivos -
cerimonial ao qual eles se prestam voluntariamente - pois estão transmitindo a
outros, antes que declinem, poderes necessários à sobrevivência da coletividade. As
cerimônias fúnebres nestes casos representam, pois uma festividade, um
rejuvenescimento do princípio vital.
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Inúmeros ritos têm por objetivo apagar o tempo decorrido e reiniciar uma
existência livre do peso dos anos. As festas de passagem de ano e Ano Novo são o
nosso rito atual. Nas monarquias europeias existe o: “O rei está morto. Viva o rei”.
No culto Xintoísta no Japão os templos devem ser reconstituídos a cada 20 anos;
sua decoração e mobiliário mudados. É uma demonstração de ligação do indivíduo
ao mundo todo: reconstituindo o edifício fortalecem-se os laços dos homens com as
divindades. Algumas comunidades simulam expulsar os idosos de seu seio,
protegendo-o da deterioração da velhice e fazendo aliança com a juventude (serrar a
velha - bonecos).
A mulher não mais fértil e o homem impotente, podem passar para outra
categoria, diferente do adulto, onde obrigações anteriores não mais existem e novas
atividades e atributos estão ao seu alcance. Mas o progressivo envelhecimento ou
às vezes o abuso dos velhos podem levar os jovens a desejarem se livrar deles.
Sociedades capitalistas
[...] por que temos de lutar pelos velhos? Porque são a fonte onde jorra a
essência da cultura, ponto onde o passado se conserva e o presente se
prepara, pois, como escrevera Benjamim, só perde o sentido aquilo que no
presente não é percebido como visado pelo passado... A função social do
velho é lembrar e aconselhar - memini momeo - unir o começo e o fim,
ligando o que foi e o por vir. Mas a sociedade capitalista impede a
lembrança, usa o braço servil do velho e recusa os seus conselhos... A
sociedade capitalista desarma o velho mobilizando mecanismos pelos quais
oprime a velhice, destrói os apoios da memória e substitui a lembrança pela
história oficial celebrativa.
Não são razões econômicas, nem o fato de ser mais primitiva ou mais
elaborada uma cultura, o que leva a tratar os velhos desta ou daquela maneira.
Numa perspectiva individual - e vale a pena ressaltar uma vez mais o caráter
extremamente pessoal do processo de envelhecimento, o ser ou estar velho traz,
portanto, uma série de consequências que afetam de forma mais ou menos intensa
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No que diz respeito ao homem velho, alguns fatores culturais tornam muito
difícil a adaptação a essa nova fase da vida, biologicamente determinada e
socialmente imposta, caracterizada pelo esvaziamento de papéis sociais e por
perdas significativas.
O médico Claude Nahun, em seu artigo "A velhice da pessoa", afirma que
trabalho e amor são antídotos para a patologia da velhice. Realmente, a cessação
do trabalho pela aposentadoria, a redução das oportunidades de expressão da
afetividade e as alterações da sexualidade, decorrentes do envelhecimento
biológico, são os fatos que afetam de maneira mais efetiva a identidade masculina.
Podemos dizer que com as mulheres, o mesmo não ocorre, pois mesmo que
se aposentem, o papel de dona de casa, o papel social, continuam, além de aceitar
melhor as alterações da sexualidade. Muitas podem até ter a “crise do ninho vazio”
mas logo conseguem substituir por outros afazeres: Faculdade de Terceira Idade,
rodas de amigas, etc.
A mulher tem medo de envelhecer, mais em relação a estética, pois ela está
sempre preparada para atividades sociais, com trabalhos caseiros ou não, ou então,
vão em busca de algo para se realizarem, pois muitas vezes chegou a chance de
tornarem-se donas de seu tempo, seu tempo livre, de lazer.
Saber quem tem mais medo de envelhecer entre os sexos, acredito ser difícil
de medir, pois cada indivíduo é único, tem e dá o seu valor para a velhice ou
envelhecimento.
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Envelhecer – Um desafio
Envelhecimento social
Distanciamento social:
As gerações mais novas, a cada ano, estão realizando mais cedo o que era
privilégio dos mais velhos, e, por vezes, o fazem com maior eficácia e perfeição – a
tecnologia e a informática – isso propicia o afastamento das gerações.
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Quem pode garantir que quem se afasta dos próprios grupos consiga integrar-
se e adaptar-se a outros grupos? Mudança de emprego, aposentadoria, mudança de
residência?
Os velhos passam a ser valorizados pelo que “foram” – “meu avô foi” – e aí os
idosos assumem e dizem “eu fazia”, “eu costumava dizer”, “no meu tempo”, vivem no
passado, mas ainda estão vivos, isso é terrível. Corrói a própria identidade.
Aqui muito bem cabe aquela assertiva: “Ninguém é tão pobre que nada tenha
a dar, como ninguém é tão rico que nada tenha a receber”.
Esta teoria compõe-se de oito estágios, sendo o período da vida adulta (após
41 anos) denominado de integridade do ego versus desespero, sendo que a
integridade do ego é caracterizada por fatores intrínsecos à velhice como: dignidade,
prudência, sabedoria prática e aceitação do modo de viver, e desespero seriam
possivelmente medo da morte. Erikson, através destes estudos, contribuiu
significativamente para a compreensão das transformações ocorridas na velhice,
salientando-se o que, até então, nenhum outro autor na área da psicologia havia
feito: dado ênfase ao estágio do desenvolvimento humano contemplando a vida
adulta.
mais maduros de sua afetividade passam a colorir a existência com novos matizes:
alegres ou tristes, culposas ou meritosas, frustrantes ou gratificantes, satisfatórias ou
sofríveis. Por tudo isso a dinâmica psíquica do idoso é exuberante, rica e ao mesmo
tempo complicada.
Por outro lado, alguns autores observam uma significativa melhora em alguns
casos de transtornos com o envelhecimento, fato também observável na prática
psiquiátrica. Isso nos mostra, de fato, não haver uma desestruturação psíquica no
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Aprendizagem
Funcionamento Intelectual
Criatividade
Linguagem
Outras Alterações
Capacidade Psicomotora
Personalidade e Ajustes
A problemática;
Os vários tipos de personalidade;
A história pessoal e de aprendizagem.
Ocorrem perdas reais como a viuvez, perdas físicas de amigos, perda física
do emprego com a aposentadoria e perdas simbólicas, como a perda do papel
profissional com a saída do mercado laboral.
Duelo Normal
1ª Fase:
Comoção e incredulidade;
Mostra-se ausente e confuso;
Relacionamentos frios e distantes;
Instaura-se uma barreira diante da pessoa;
Possível estado de dor aguda (moléstias orgânicas do tipo nervoso, sensação
de rigidez, vazio estomacal, cansaço muscular, tensão);
Sentimento de culpa;
Inquietude e dispersão nas tarefas;
Eventual hostilidade com os familiares;
2ª Fase:
3ª Fase:
A partir do 2º ano.
Duelo Patológico
Desorganização;
Bruscas mudanças entre calma e irritabilidade;
Depressão;
Insônia;
Autodesvalorização;
Baixa autoestima;
Sintomas hipocondríacos (crença de padecer de uma doença grave) e fóbicos
(medo, temor de algo ou de situações);
Enjoos e dores de cabeça;
Sintomas que identificam com a enfermidade do (a) falecido (a);
Incapacidade de superação e consequentemente necessidade de
acompanhamento terapêutico.
Relações Familiares
Sexualidade
A nossa cultura moderna preconiza que o corpo velho não é algo desejável.
Os avanços tecnológicos na área da estética estão cada vez mais presentes com o
objetivo de retardar o processo do envelhecimento. Apresentam-se uma variada
oferta de produtos endereçados àqueles que buscam se esquivar dessa
confrontação com o real do corpo. Desta forma, é então instituído um novo mercado
de consumo com a promessa da “eterna juventude”.
Na atividade sexual, seja ela com o (a) parceiro (a), seja ela através da
prática masturbatória, a fantasia é fundamental. Desenvolver a imaginação erótica
faz parte da vida sexual, inclusive na velhice, onde a sexualidade ganha um
conteúdo mais qualitativo do que quantitativo. Mesmo com o passar dos anos, o
sexo representa um papel importante na vida das pessoas. O limite físico não
impede que o indivíduo possa demonstrar seus desejos. É importante encontrar
formas de satisfação, pois a sexualidade faz parte da vida do ser humano e como
vivenciá-la pode mudar de alguma forma, de acordo com a singularidade de cada
um.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS