Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
algum, já que não é exigido socialmente que as pessoas sejam infalíveis na realização
das suas atividades específicas. Por outro lado, podem também manifestar o sentimento
de compaixão, relacionado ao estado de compreensão e aptidão para coloca-se no lugar
do outro, à capacidade de possuir piedade diante do sofrimento alheio. Além disso,
conforme sugere o autor Ernst Tugendhat, a resposta a falha pode ser exprimida por
meio de simples críticas que geralmente vão se dirigir a ação e não a pessoa, e são
isentas de indignação, expressando em muitos casos a insatisfação com um serviço
prestado. Por fim, o escárnio também é plausível de ser externado pelos espectadores
diante do mal desempenho do profissional que se autointitula como capacitado para a
realização da atividade. Isso ocorre de maneira similar a quando a queda de alguém
após tropeçar em um objeto pode provocar risadas nos indivíduos que assistem à cena.
Portanto, a vergonha simples ou vergonha do ridículo não é antiética, já que ela
resulta da má sorte, de uma incapacidade momentânea ou da falta de atenção do
indivíduo, por exemplo, mas não de um desvio das normas morais da sociedade. Por
conta disso, a ação individual que motiva esse sentimento pode ser recebida de diversas
formas pela sociedade, mas - a não ser que se trate de um fracasso em um trabalho
relacionado a uma função pública - não haverá uma reprovação moral, ou seja, uma
reprovação associada ao rompimento com a estrutura de cooperação social.
respeitados por todos. Assim, ele passa a presenciar a indignação do povo, será
considerado indigno, merecedor de tratamento diverso daquele dado aos indivíduos que
seguem as regras de cooperação da comunidade e desperta, portanto, a censura da
sociedade.
Ao sofrer a indignação e a censura, o sentimento de vergonha expresso pelo
político ao cobrir o rosto diante das câmeras reflete a tomada de consciência da
transgressão de normas éticas pelo conhecimento dos deveres e proibições adquiridos
no processo de socialização que permitem a ele reconhecer que o desvio cometido trará
consequências, já que mesmo a corrupção sendo claramente reprovável, o sujeito optou
por cometê-la. Por conta desse fracasso na sua capacidade central para cooperação,
acompanhado das consequentes reações negativas da população, o transgressor
experimenta um estado interior ruim, um sofrimento psíquico impulsionado pela
sensação iminente de desprazer gerada por sanções externas punitivas e pela
possibilidade de exclusão na participação social. Essa perda de autoestima, que
caracteriza a vergonha moral e envolve o tormento interno de saber que provocou a
indignação e o desapontamento das pessoas e que isso trará possivelmente sofrimentos,
é a chamada sanção interna ou consciência moral.
O sentimento de culpa experimentado pelos indivíduos que produz a vergonha
moral que reflete a sua vontade de pertencer à sociedade após ter conscientemente
violado normas morais e ter experimentado a indignação e a censura do povo, não
necessariamente garante que ele haja de forma cooperativa com o bem comum. As
ofertas de prazer das condutas transgressivas tentativa de fugir da indignação e da
censura ocultação da conduta anti cooperativa expectativa da imputabilidade é
reforlçada pela ameaça de castigo,