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ROBERTCHARROUX

O LIVRO
DOS SEGREDOS
TRAÍDOS

LIVRARIA BERTRAND
O LIVRO DOS
SEGREDOS TRAÍDOS
ROBERT CHARROUX

O LIVRO DOS
SEGREDOS TRAÍDOS

Tradução
de
JOAQUIM FERNANDES DA CONCEIÇÃO

LIVRARIA BERTRAND
APARTADO .17 -AMADORA
Titulo original
LÊ LIVRE DÊS SECRETS TRAHIS
Capa de José Cândido
© 1965, by Editions Robert Laffont

Todos os direitos para a publicação desta obra em Portugal


reservados pela L I V R A R I A BERTRAND, S. A. R. L. - Lisboa

Este livro é dedicado a Jean Cocteau

W MEMORIAIS

Composto por GRAFTRON1C


Impresso por GRATELO

Acabou de imprimir-se em Março de 1984


Depósito legal N.° 4963/84
Agradeço a Ivette CHARROUX a sua cola-
boração sempre atenta, a Catherine KRIKO-
RIAN, que me revelou o segredo da primi-
-história da Armênia, e aos companheiros da
Távola Redonda, que me deram o suporte do
seu pensamento e dos seus conhecimentos para
a elaboração do LIVRO DOS SEGREDOS ÍNDICE
TRAÍDOS.
PREFACIO 15
Devo. também, toda a minha gratidão a
Michel SIMKINE, mestre em dialéctica, aos
PRIMI-HISTORIA
professores Eugène FALINSKI e Louis JACOT.
ao biologista Beltran GARCIA e aos meus
companheiros e amigos Philipe BERNERT. Capítulo I : AS CIDADES SUBMERSAS. A TERRA
François COUTEN. S. de DAVRICHEWY, DESTRUÍDA 21
Roger DELORME, Jean-Albert FOEX. Jacotte
de GRAZIA, Christiane LÊ COSSEC, Jean O mundo para lá dos mares. -- Buffon, Laplace, Arago,
ROY, Lola ROFOCALE e Hélène VETTER, Humholdt. dizem: «Sim, porque não vocês?» —Os templos,
pela documentação que me forneceram. cidades sob a areia e no mar. - - O s iniciados salvos das
águas. — Sob a esfinge. — As pirâmides. — Construções
E também ao enigmático M.N.Y., delegado extraplanetárias? — Cidades-refúgios. — A Terra e a Lua.
ocidental da Central Amarela do Segredo. — Um facto esquecido: o último fim do mundo. — O Dilúvio:
o mundo começa na Armênia. -- Os arquivos do mundo
foram salvos. -- Provas do cataclismo terrestre.

Capítulo II : O MUNDO NASCEU NA AMÉRICA 47


Eles escolheram o deserto. - - As linhas de fractura. -
Alguém decidia na sombra. — Experimentar a hipótese EUA.
— A luz está a oeste. — O globo está de esguelha. — Tabu
sobre os Estados Unidos. — Os Mexicanos viviam nos EUA.
— O que diz o Popol-Vuh. — O planeta Vénus e o fabuloso
Oeste. — Lúcifer com quatro rostos. — O deus extraterres-
tre. - - Cidades pré-históricas vitrificadas - - O mistério
número um da América. — Dez perguntas à guisa de resposta.
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS :,F.GREDOS TRAÍDOS

Capítulo I I I : O ENIGMA DO DESERTO DE GOBI . . Capítulo VII : O SEGREDO NÚMERO UM DO MUNDO


A peregrinação a Urga do senhor Molotov. — Uma varinha E A PALAVRA QUE É PERIGOSO PRONUNCIAR 153
mágica e os livros sagrados. — A ilha branca. — A história Noé era hiperbóreo? — O grande medo dos maridos ciumen-
secreta dos nossos dias. — Explosão atômica na Mongólia. tos. — Moisés era egípcio. — O misterioso Melquisedech.
- Onde as bombas explodiram, explodirão outra vez. - Senhor do Mundo. — A palavra que é perigoso pronunciar.
Lãs Vegas: Sodoma. - Tudo vai recomeçar, os ciganos
levantam o acampamento . . . Capítulo VIII : VÉNUS. O PLANETA DOS NOSSOS AN-
TEPASSADOS 167
Capítulo IV : A IDADE DA PEDRA: INVENÇÃO DOS Um fim do mundo em cada dez mil anos. — O pólo norte
PRÉ-HISTORIADORES . 85 era o sul. - - Vénus invisível há quatro mil anos! - - A s
A Terra numa órbita privilegiada. — Êxodo de planeta em tábuas de Tirvalour. — As tábuas babilónicas. — Suméria e
planeta. — CTA - 102. — A genial desobediência de Eva. a Bíblia. -- Guerra atômica: A Atlântida contra Mu.
- O destino dos homens. -- Seis erros clássicos, -i Há
trinta mil anos: ferro e galvanoplastia — O paleolítico e o Capítulo IX : OS COSMONAUTAS DA HIPERBÓREA . . 185
neolítico: invenções dos pré-historiadores. Solução Os Venusianos aterraram na Armênia. — O mesmo sangue,
surpreendente. a mesma raça? — O Q-G da Hiperbórea. — O caos depois
do Dilúvio. — Hebreus contra hiperbóreos. — A «Operação
Capítulo V : O UNIVERSO E A ARCA-NAVE ESPACIAL 108 Noé».
O ponto zero. onde tudo existe no não-criado. — O universo: Capítulo X : O DEUS CIUMENTO DO POVO ELEITO... 199
um plasma cheio de ... vazio. -- Tudo existe no nada. -
A Gênese segundo o Livro de Enoch. -- Oanes. o peixe
Os universos invisíveis. — O universo fantástico de Louis iniciador. — O Animal Fantástico. — Os gigantes. — Os
Jacot. — O cosmogénese do padre Teillard de Chardin. - fantásticos gigantes de Nicolas Henrion. — Os gigantes da
A inteligência da matéria. -- O misterioso ADN. - - A Hiperbórea. — Os gigantes da Bíblia. — Os monstros contra
árvore-Argus. — O astucioso cardo-pisão. — Tudo procede os homens. — A exortação do deus ciumento. — Seria este
de outros planetas. — Sinal branco para o Gênese. — Uma o mistério do Povo Eleito? — Akhenaton. o faraó monoteísta.
nave chamada Vênus. - Nefertiti e Moisés. — Uma religião e um chefe egípcios.
— A morte dos deuses egípcios. — A Missão e o Povo Eleito.

Capítulo XI : APÓCRIFOS E HISTÓRIAS FANTÁSTICAS 227


PROTO-HISTORIA O paraíso fica a nordeste. — O tesouro de Adão. — Quem eram
eles? — A carta de Jesus Cristo. — O tesouro do templo.

Capítulo XII : O OUTRO MUNDO DO GRAAL 239


Capítulo VI : OS ANJOS E O LIVRO DE ENOCH 133
A missão dos Hiperbóreos. — O lendário Graal. — O outro
Trinta e uma linhas da Bíblia. — Os filhos de Deus casam mundo do Graal. — A Florida ou a Hiperbórea. — O apelo da
com as filhas dos homens. — O Livro de Enoch — Anjos à América. — Teoria dos universos paralelos. — As provas. —
moda! -- Os primeiros pais da Hiperbórea. O império universal.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O l.IVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Capítulo X I I I : O CASTELO DO SENHOR DO MUNDO 259 Capítulo XVIII : BRUXOS E MATEMÁTICOS 351
O mais inteligente de todos os r e i s . . . - - Ele estuda a A primeira mulher iniciada. — O «sabbat» dos pobres. -
Satã conduz o baile. — Descalços e de saia arregaçada. -
Cabala, a alquimia e «as profecias de Merlin». — A Pactio
Quinze razões para se ser queimado vivo. -- O Espírito
Secreta. — O tesouro dos sete mares. — Sob o signo ^. —
Santo de Françoise Bos. — O «sabbat» dos atormentados. —
O castelo octogonal. — Michel Scot. o fabricante de ouro. O culto da minhoca. — Maldito seja quem nisto põe malícia.
- O segredo sob estas siglas. — O Sol de Ouro e o Sol - As Mulheres Escarlates de Golden Daw. — O ( bruxo do
Negro. acto sexual.
Capítulo XIV : O GRUPO TULE 273
Capítulo XIX : O SÉTIMO SELO DO APOCALIPSE . . . . 375
A misteriosa Hiperbórea. — O Paraíso está a oeste. — O O holocausto quotidiano. — O acto de heroísmo. — Será
Jardim das Hespérides. — Vénus omnipresente. — O segredo preciso destruir os EUA? -- Viver ainda uma vida. — O
deteriorado. — Hanussen. — Cem amantes em três meses! deserto avança. — Soldados invisíveis no Forte de Vanves.
- O encontro com Hitler. — Ele queria destruir Hitler. - - Não se pára a Primavera.
Os «Ordensbiirger••. — O rito do sangue. — Tule e Agarta.
Capítulo XX : O MISTERIOSO DESCONHECIDO 391
Capítulo XV : A VISÃO DE EZEQUIEL 303
O erro dos empíricos. - - O tesouro dos Templários. -
A aterragem do carro celeste. — Querubins em helicópteros. Sethon. o fabricante de ouro. -- Um mistério dos Rosas-
- As rodas voadoras. -- Diferença no tempo. -- Luzes -Cruzes. — Água Pura: Morte. — A hora mágica. — Elêusis-
sobre a Cabala. -- O segredo do Livro de Enoch. -Alésia. — A lenda de Santa Enimie. — Criar pelo pensa-
mento. — A palavra mágica. -- Tudo tem uma massa. -
Capítulo XVI : A CABALA 317 Empirismo = ciência experimental. — A viagem no tempo.
O carro celeste. — Face a face com Deus. — O Senhor do - Não há provas empíricas. - - Diálogos de surdos no
Mistério. — O jogo das traduções — Casamento com uma cosmo? -- Uma peneira para o «Outro Mundo».
ninfa.
Capítulo XXI : A CENTRAI, DO SEGREDO AMARELO 419
A favor ou contra os engenhos intergalácticos. — Engenhos
luminosos. — Contactar os planetas. — Dominar o mundo.
O MISTERIOSO DESCONHECIDO - Estes documentos proviriam da Próxima Centauro. — Os
Baavianos falam . . . — Uma ciência insólita. — Bâavi. -
Uma estranha civilização. — O mistério dos Yétis. — A base
Capítulo XVII : -O LIVRO DO MAGO SCOT» 333 de Baalbek. — Marte como se você lá estivesse. — Aterra-
Uma ciência misteriosa. — O pobre monge Amon. — «O gem no Tibete. — A rebelião dos cosmonautas. — O segredo
Livro do Mago Scot». — Operação no universo criado-não da antigravitação. — Os «vaidorges». — Um canhão antima-
criado. — Exploração num mundo paralelo. — O outro lado téria. — Não há provas. — O Povo Eleito dos Amarelos. —
dos demônios e dos espíritos. — O mistério da Fénix. — A Os monstros matemáticos. — Um passeio no grande deserto
magia negra. — Caminhar sobre as águas. — Como fabricar branco. — A Central do Segredo Amarelo. — Acreditar na
uma estatueta maciça. — A cortesã maciça. mentira. -- Centelhas no Ocidente.

12 13
PREFACIO
A humanidade arrisca-se a desaparecer sem saber de
onde vem e se o seu destino foi dirigido por mestres
desconhecidos e desviado do seu curso natural.
Ela ignora se antepassados superiores, em tempos
muito remotos, edificaram grandes civilizações desconhe-
cidas dos nossos dias e tentaram, como nós, a conquista
do cosmo.
Mistérios que nos fascinam e nos perturbam pela sua
impenetrabilidade solicitam sempre a nossa curiosidade: a
eclosão mágica da arquitectura egípcia, os enigmas da
mitologia grega, da Hiperbórea, da Atlântida, da constru-
ção das pirâmides, das «torres de homens voadores» de
Zimbabwé e do Peru, da levitação, da Cabala, do Graal e
das antigas sociedades secretas.
Tendo, talvez, o pressentimento de viver o fim de uma
era, os homens inquietos querem arrancar os antolhos e
pôr em causa tudo o que lhes tem sido imposto.
Nesta linha, e ú margem da história oficial, vamos,
sob forma hipotética, propor novas explicações da história
visível e invisível, prolongando-as através de introspec-
ções naquilo que é costume chamar-se «universos parale-
los»: outro mundo, antitempo, antiuniverso, não com a
palavra agressiva do orador, seguro da sua causa, mas

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

com a humildade do investigador obstinado mas cons- cida dos Hoftiens desde Há Cem Mil Anos1, onde avança-
ciente de poder avançar alguns passos. mos hipóteses bastante audazes.
Um erro enorme falseou a compreensão da nossa O grande poeta, crente como Einstein, honrou-nos
gênese e a história e a pré-história foram a que se quis com uma longa carta que terminava com estas linhas:
que elas fossem. «Deveríamos conservar e consultar este livro, que,
Imaginem um fino traço numa linha de quinhentos além do mais, nos mostra o seu cunho pessoal. . . (e
milhões de quilômetros de comprimento ou um grão de meditar) na humildade do conjunto de provas, que rodeiam
poeira no Sara; tal se assemelha, em valor concreto, ao o terrível e longo disparate humano e das descobertas que
que representam as nossas eras históricas e pré-históricas se sucedem por tão pobres caminhos.
no conceito espaço-tempo. Você explicou-me o número de estrofes do requiem que
Será razoável acreditar que a nossa civilização se eu interpretava erradamente, pois os seus textos ultrapas-
tenha limitado a esse traço minúsculo ou tenha sido sam a exegese e mostram-nos com clareza tudo o que nos
somente esse ínfimo grão de areia? parecia distorcido.
As nossas tradições ancestrais, de obscuras e tenazes Seu JEAN COCTEAU.»
intuições, sugerem-nos a hipótese de um destino grandioso
que o homem teria alcançado nos ciclos de civilizações
desaparecidas, mas a ciência oficial diz NÃO a tudo o que Com as nossas desculpas a Jean Cocteau, o nosso
quer ressurgir dos abismos profundos do passado. livro não representa senão um murmúrio desajeitado,
Uma só verdade parece, pois, subsistir: a do Mistério, indigno da sua maravilhosa solicitude, pois que a verdade
na qual é preciso acreditar como a única realidade válida mais próxima se nos apresenta após os estudos dos apócri-
e indestrutível. fos e dos textos antigos das grandes civilizações perdidas.
Um dos maiores gênios de todos os tempos, o físico A VERDADE DO OCIDENTE.
Albert Einstein, talvez, o homem mais apto a compreender O mundo nasceu no Ocidente; a luz vem do oeste; eis a
todas as coisas, deu-nos a «chave de ouro» do conheci- chave mágica que, verdadeiramente, pensamos irá entrea-
mento e do maravilhoso humano: hrir a porta do Misterioso Desconhecido.
<O mais belo sentimento que se pode experimentar»,
escreve ele, «é o do sentido do mistério. E a fonte de toda
a verdadeira arte, de toda a verdadeira ciência. Aquele
que nunca experimentou essa emoção, que não possui o
dom de se maravilhar e de se deslumbrar, mais lhe valeria
estar morto: os seus olhos estão fechados.»
Neste estado de espírito, Jean Cocteau teve a audácia
de encorajar o nosso primeiro livro, História Desconhe- ' l'ililailo em Portugal pela Livraria Bertrand. (N. do E.)

16 17
PRIMI-HISTORIA

l iitendemos por primi-história o período da vida da humanidade


.inirrior à proto-história, paralela à pré-história, mas diferente no sentido
mi c|iio ela pressupõe a existência de civilizações avançadas.
CAPÍTULO I

AS CIDADES SUBMERSAS
A TERRA DESTRUÍDA

Bíblia fala-nos do Dilúvio, e as tábuas de argila da


A Babilônia dá-nos dele uma versão idêntica e mais
antiga: é esta a história escrita, no sentido literal da
palavra, e que se considera, geralmente, como o primeiro
irsiernunho da nossa civilização.
Este postulado procede, segundo nós, de um erro
milenário dos Hebreus e dos cristãos, para quem, na Tora
c na Bíblia, estão contidos os cânones da verdade. «Não
mudar urna linha . . . uma palavra . . . um iod. . .», indicam
us textos hebraicos!
É óbvio que o mundo deve muito aos Hebreus, bem
romo aos Hindus, aos Egípcios e aos Gregos; certamente
i|ik' a Bíblia é um documento precioso, mas Adão e Eva
não eram nem semitas, nem hindus, nem egípcios, nem
1'irL'os. De facto, tal concepção não se preocupou dema-
M.ulo com as descobertas feitas de há um século a esta
|i.nlo de sociedades pré-históricas muito evoluídas, as
i|iiais, o que é lamentável, foram ignoradas pelos escribas
do (lénese.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Depois da eliminação dos pseudo-hominídeos — aus- Ultrapassado, fixou o berço da humanidade no Próximo
tralopiteco, sinantropo, pitecantropo, homem de Fontéche- < >iiente, entre o Eufrates e o Tigre, ainda que com uma
vade, homem de Piltdow, que representam, quer fraudes possibilidade de expansão para o céu de Deus ou, talvez,
notórias quer extravagâncias —, parece que o primeiro l u i a os astros.
homem conhecido é o Cro-Magnon, um puro perigurdino Os teólogos, os historiadores, aceitaram com compla-
com cerca de quarenta mil anos. i encia o postulado bíblico.
Permanecendo sempre na linha da pré-história, a civili- Mas, então, que fazer das tradições da Irlanda, de
zação é pictoperigurdiana porque não se pode negar a < i.ilos, da França, da Espanha, do México e das mitologias
qualidade de civilizados aos desenhadores que gravaram os .-•.(talhadas pelo mundo, as quais, cada uma, bem enten-
livros de pedra da biblioteca pré-histórica de Lussac-les- dido, têm a sua própria cosmogénese?
-Chateaux (Vienne) e aos pintores perigurdianos das grutas l lonestamente, o nosso estudo sobre prováveis civiliza-
de Montignac-Lascaux (Dordogne). • nos deve inspirar-se no conjunto das tradições e fazer
Todavia, os arqueólogos, ou por sectarismo religioso • "nvergir todos os caminhos para o mundo lógico aonde
ou por falta de convicção e de combatividade, recusam nus lova o conhecimento.
imaginar uma verdadeira civilização de Cro-Magnon ou do Nosta ordem de idéias, o centro geométrico da humani-
Néanderthal, com cidades, comércio, indústrias, artes, etc. dade não está no Oriente, e a história conhecida e vivida
Se se entende por civilização a expressão de uma 11.10 oomeça nem com os Sumérios nem com o Dilúvio,
sociedade análoga à nossa, então, sem dúvida, devemos t|iio são para os arqueólogos clássicos o ponto de contacto
manter o Cro-Magnon nos limites originais. idoal da certeza científica e da conjectura tradicional.
Mas não será abusivo acreditar que a primeira civiliza- Inegavelmente, o dilúvio universal citado no Gênese
ção humana foi mediterrânica ou oriental, ou até terrestre? i m p l i c a efeitos muito mais temíveis que os produzidos nas
A nossa história remonta a muito antes das tábuas de loi-ioos do Tigre e do Eufrates. A Terra ficou submersa até
argila dos Sumérios, uma vez que as tradições orais e a Is, o mesmo acontecendo entre a França e a Inglaterra:
geologia nos trazem o eco longínquo de acontecimentos . n | i i i ostá uma certeza histórica anterior aos Sumérios.
exteriores ao mundo dos Antigos, difíceis de datar, mas Sempre por ordem cronológica, as escritas pré-histó-
cuja autenticidade é certa. I M . I S o alfabetiformes de Glozel (Allier), Newton (Escó-
• i a ) , AIvão (Portugal), Bautzen (Saxe), Costil (Romênia)
l H .vedem as tábuas da Babilônia em vários milênios e
O MUNDO PARA LA DOS MARES ii"erem a existência de povos cultos, herdeiros das mais
. m i l h a s civilizações desaparecidas.
As tradições célticas aludem a um outro mundo, situado Teimosamente, os arqueólogos isolam-se no raciona-
«para lá dos mares», na direcção do poente, enquanto lismo estreito: o ferro não existe para lá de três mil e
a Bíblia, limitada por um sistema egocêntrico que foi i|iiiiihontos anos no passado... Sendo assim, o bronze

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precedeu o ferro (o que é altamente insensato, visto que lisico acreditava numa imensa convulsão na superfície
apenas se tem em conta os limites da conservação da u-rrestre causada por uma catástrofe cósmica.
matéria); não existem ruínas mais antigas que os zigurates Há inúmeras provas tradicionais ou monumentais que
(torres em andares) da Babilônia. . . Deste modo, o mundo nos fazem saber que, antes desta conflagração geral, a
civilizado nasceu na Suméria! ICrra havia tido uma civilização universal da qual só
Pois bem: acho que não! it'\iam vestígios, afirmou, em 1785, Jean Sylvain Bailly.
.isirónomo real. membro da Academia das Ciências. Par-
BUFFON, LAPLACE, ARAGO. HUMBOLDT DIZEM:
i nulo destas revelações de homens ilustres, o escritor
«SIM. PORQUE NÃO VOCÊS? > A. d'Espiard de Colonge tinha resumido assim o problema:
Indo parecia estar acumulado e sem ordem sobre a
As tradições chinesas asseguram que a civilização superfície terrestre. Dir-se-ia que um outro mundo caiu
terrestre é anterior em várias centenas de milhares de anos \obre a Terra, misturando-se aí e transformando tudo em
à nossa época. i ninas.
O naturalista Buffon pensa que, em certas regiões do Presentemente, geólogos, etnólogos. arqueólogos e
globo, granito, pórfiros, jaspes, quartzos são atirados em ( u-ntistas de todas as disciplinas estão de acordo ao reco-
blocos, segundo uma linha de queda, contra outros corpos nhecer que vários grandes sismos e dilúvios varreram a
fósseis, totalmente estranhos à Terra. I r i rã e destruíram a sua população em épocas aproxima-
O célebre matemático Laplace1 escreve: damente determinadas: 4000, 10000, 16000 anos antes
Grandes povos, cujos nomes são pouco conhecidos da d;i nossa era.
história, desapareceram do solo que habitaram; a sua Tudo faria crer na autenticidade de civilizações desapa-
língua e mesmo as suas cidades foram aniquiladas; nada u v idas se os pré-historiadores não tivessem semeado a
resta dos monumentos, da sua ciência e da sua indústria d u v i d a nos espíritos com as suas eras do paleolítico, do
senão uma tradição confusa e algumas ruínas de origem in-olítico e do homem embrutecido, descendente directo do
incerta. macaco. E impossível, nestas condições — se os orango-
Alexandre Humboldt, criador da geografia botânica, langos ou os antropóides são nossos antepassados —.
assegurava que um grande cataclismo tinha submerso a a d m i t i r que eles pudessem conhecer a televisão, a radiacti-
maior parte do território que era habitado. \ idade e a viagem no espaço!
E incontestável, diz Arago, que as inundações não Mas. alguns anos depois, duas descobertas repõem tudo
explicam os efeitos observados pelos geólogos. O grande '•m questão e destroem as teorias dos pré-historiadores da
••velha guarda»:
tln Sv.vtème dií Monde, de Laplace. l . a edição.
É pouco provável que o homem descenda do macaco:

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- o paleolítico e o neolítico são invenções, erros quanto sabem que centenas de milhares de habitantes
monumentais que se sustentam em interpretações abusivas, comiam, bebiam, viviam na capital da rainha Zenóbia.
como o demonstraremos '. Tudo se explica se se admitir que este deserto árido foi
Por outro lado, tais provas continuam a existir: cidades outrora uma terra arável.
foram soterradas, continentes engolidos por dilúvios e Salomão é o construtor de Palmira, segundo a tradição
cataclismos cósmicos, civilizações desconhecidas precede- índia; mas havia já ruínas neste local e alguns cronistas,
ram a nossa. rntre eles Colonge, acrescentam que «um rei muito ilustre
Buffon, Laplace, Arago, Humboldt e centenas de outros (o rei Salomão) encontrou numa cidade enterrada um
grande tesouro, perdido durante uma grande tempestade, o
cientistas acreditavam nisto: e você, porque não?
i j i i a l foi a fonte das suas célebres riquezas, mas das quais
lu-nhum autor pode dizer exactamente a origem»'.
A antiga Copae, na Grécia, foi outrora destruída por
OS TEMPLOS, CIDADES SOB A AREIA E NO MAR
Hercules, segundo a tradição, o que, bem entendido,
esconde uma verdade bem mais racional.
No deserto de Gobi, arqueólogos soviéticos desenterra- No fundo do lago Copais (actualmente lago Livídia)
ram imensas construções ocultas por dunas. No deserto da ilislinguiam-se, ainda no século xix, os vestígios de uma
Arábia descobriu-se, não longe de Mareb (lémen), o rasto * idade que, há cinco mil anos, devia de estar fora de água
de Saboea, a capital do reino de Sabá. Mas sob essas uns bons cinqüenta metros.
ruínas viam-se fundações de uma cidade muito mais antiga, Com efeito, os arqueólogos descobriram, com espanto,
do tempo em que a Arábia era uma terra rica, abundante m n. i rede de esgotos destinados a canalizar para o mar as
e bem irrigada. lianas de saneamento. Ora, estando a cidade no fundo do
Mais a norte, ainda em pleno deserto, erguem-se as v . i l r , os canais que partiam de Copae subiam em vez de
ruínas de Palmira, cento e vinte quilômetros a oeste de descer!
Homs, na Síria. Porquê e como foi construída no meio da Produziu-se, portanto, um grande cataclismo, que os
areia uma cidade tão importante? «Tudo se reduz a conjec- ( i i r y o s recordam, atribuindo-o à cólera de Hércules.
turas», dizem os historiadores, com tanto mais embaraço l )(.• qualquer modo, Copae era uma cidade importante,
pois ainda se encontram poços profundos, cavados na
ioi ha, partindo de cinqüenta esgotos colectores, funcio-
' Trataremos a seu tempo esta questão, mas talvez seja bom fornecer, desde já. um
elemento de apreciação: os nossos antepassados nunca utilizaram facas, machados ou i Salnmun enviou expedições a Ofir. que se julga ser o Zimbabwé (Rodésia do
utensílios de sílex, salvo alguns análogos aos nossos actuais «mendigos». Se a i M I . i arranjar o ouro necessário à construção do Templo. Mas sabe-se que o
humanidade passada tivesse utilizado o sílex de maneira corrente, dever-se-ia encontrar • M i i n i c i i i c i foi escasso: quatrocentos e vinte talentos de ouro fino por uma destas
milhares e milhares de exemplares. Ora não se encontra praticamente nada. Ou seja. i".iirx. o que correspondia a catorze milhões de dólares em 1941. Na realidade,
apenas algumas centenas de milhares de machados (utensílio principal) que justificam a M um pobre rei que teve de se juntar a Hiram para construir o Templo.
existência de dez a vinte habitantes do globo em cada ^erac^ão. Nem mais um! .111 ile M. de Colonge não é. pois. desprovida de lógica.

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nando como bocas de ar; o conjunto constitui um trabalho Vastos ramais, comunicando uns com os outros, dão a
tão titânico que nem a Grécia de Péricles nem a Grécia estas construções a aparência de uma cidade subterrânea
moderna tê-lo-iam empreendido e levado a bom termo. envolvida num abismo de substâncias secas, em vez de
inundada pelas águas.1
Colonge, nunca citando as suas fontes, acrescenta que
OS INICIADOS SALVOS DAS ÁGUAS este segredo o será ainda por muito tempo, porque os
colégios de iniciados tinham o seu assento na cidade
No Egipto, descobrem-se vários templos submersos soterrada, a qual servia igualmente de santuário a altas
todos os séculos e, sem dúvida, imensas cidades desconhe- personagens do Ocidente.
cidas estão ainda cobertas pelo deserto. Em suma, existiria sob as areias do Egipto um mundo
Puseram-se parcialmente a descoberto os monumentos subterrâneo semelhante à Agarta do Tibete.
de Tebas, com as suas grutas, os seus palácios subterrâ-
Prevendo há muito tempo, por «cálculos e sábias
neos de vários pisos, e os de Carnaque, onde, na álea real, observações», que o globo iria sofrer um grande cata-
mil e seiscentas esfinges alinhadas, de dimensões desco- i lismo, os iniciados do Egipto e do Oriente construíram
munais, prestam uma guarda hierática. rsie refúgio, onde poderiam preservar-se do perigo e
Desamortalhou-se a Esfinge, enterrada na base da Pirâ- salvar, ao mesmo tempo, «toda a espécie de objectos
mide, mas o Egipto antigo, anterior aos faraós e ao preciosos e os arquivos do mundo primitivo».
Dilúvio, dorme sob milhões de metros cúbicos de areia Confessemos que estas afirmações de Colonge não são
cuja acumulação gostaríamos de explicar. m u i t o convincentes, não esquecendo, todavia, que as esca-
O barão Espiard de Colonge, que consagrou a sua vida vações do célebre egiptólogo Mariette, em meados do
a estudar este problema e a recolher tradições da África do xix, autorizavam uma interpretação fantástica!
Norte, fez curiosas revelações sobre este assunto:
Foi dito em tempos longínquos, escreve ele no seu
livro O Egipto e a Oceania (Paris, 1882), que a sul das SOU A ESFINGE
Grandes Pirâmides e a oeste das ruínas profundas de
Mênfis existem um templo e vestígios de um velho pórtico, A cerca de sessenta pés de profundidade, sob a Esfinge,
mais ou menos enterrados e difíceis de encontrar no nndr procedia a escavações, Mariette encontrou constru-
labirinto do deserto. Este lugar, acrescenta a lenda, • õcs ciclópicas e um magnífico templo que compreendia
encerra as entradas de longas galerias por onde se pode
passar a labirintos e a habitações antigas e extraordiná-
rias, ao lado das quais as Pirâmides não passam de l i i rx pressão significa, sem dúvida, que se trata de uma cidade submersa na areia e
espessas, maciças e pesadas estruturas estudadas. ii tu n.i .imã

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

um vasto conjunto de quartos e galerias de granito e


alabastro, sem qualquer inscrição nem baixo-relevo, enter- AS PIRÂMIDES
rado há tantos milhares de anos que nenhum historiador
poderia supor a sua existência1. A data da sua construção é ainda um mistério, porque,
se Bonaparte adiantou o número de quatro mil anos,
Ora, a tradição afirma que a edificação da Esfinge
l leródoto falou em seis mil 1 .
desafia a memória dos homens, e talvez se possa dizer o Segundo o historiador Abou-Zeyd-el-Balkhy, «a inscri-
mesmo das Pirâmides, as quais, evidentemente, não foram ção gravada nas Pirâmides foi traduzida em árabe;
construídas num deserto. indicava-nos a época da construção; foi na altura em que a
Na História Desconhecida dos Homens desde Há Cem l ira estava no signo do Caranguejo; este cálculo dá duas
Mil Anos juntámos ao dossier deste mistério uma inédita e ve/es trinta e seis mil anos solares antes da Hégira»!
importante contribuição, à qual podemos ainda acrescentar Parece-nos muito exagerado!
algo. Papiros encontrados nas múmias egípcias pelos arqueó-
Se as Pirâmides são o que se julga — espécie de caixas logos árabes ou coptas Armelius, Abumazar e Murtadi
capazes de resistir aos cataclismos terrestres e ao amontoar loinecem relações mais verdadeiras.
das areias —, é forçoso admitir que também são um Naqueles tempos, dizem os textos, Sauryd, filho de
relicário onde se escondem os documentos mais preciosos Saliuk, rei do Egipto, viu em sonhos um grande planeta
i/iif caía sobre a Terra num tumulto medonho e produ-
das antigas civilizações.
zindo as trevas. As populações dizimadas não sabiam onde
É provável, então, que os construtores tenham querido
w pôr a recato para evitar a queda de pedras e águas
dar-lhe certas medidas, uma dada massa e uma arquitectura l<-i rentes que acompanhavam o cataclismo . . . Estes factos
exterior e interior reveladoras de altos conhecimentos em produzir-se-iam quando o coração de Leão chegasse ao
matemática e astronomia. />/inteiro minuto da testa do Caranguejo. O rei Sauryd
Os monumentos egípcios são colossais pedras falantes <>nlenoii então a construção das Pirâmides.
que muitos não-iniciados submeteram a torturas. Contudo, liste testemunho está de acordo com a «queda do céu»
regista-se um facto extremamente curioso: é que, a despeito i tin(;icla por todas as tradições do mundo e relativo, segundo
de mil conjecturas científicas, paracientíficas, ocultas, nós. à entrada do planeta Vénus no sistema solar.
etc., as Pirâmides de Gizé ainda não revelaram o seu ()s Antigos afirmam que o revestimento calcário das
segredo! 1'u.imides -- hoje totalmente desaparecido — tinha inscri-

1
Grana Dictionnaire Universel du XIXe Siècle. tomo IV, página 268, col. 2. Com
ou sem razão os arqueólogos acreditam que a Esfinge foi construída numa placa l i .i. ,inicnte. as Pirâmides são túmulos e, tal como a Esfinge, datariam da
. I m . i M u (2900 a.C.).
rochosa.

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ções em língua completamente desconhecida, vistas no


século xvi pelo historiador e médico árabe Abdallatif. CONSTR UÇÕES EXTRAPLANETÁRIAS'.'
Todavia, nenhuma hipótese elucida de maneira satisfa-
tória o mistério das Pirâmides: o seu destino continua um Logo, surge a questão: e se o seu sentido, a sua
mistério, a sua escrita não pôde ser reencontrada e a sua razão de existir pertencem a concepções estranhas à ca-
implantação é-nos impenetrável. pacidade terrestre?
Esta conjectura foi avançada, certa noite, numa reunião
Resta explicar, diz o arqueólogo Jomard, porque foi
da Table Ronde, à volta da qual os membros de uma
edifiçada uma tão prodigiosa acumulação de pedras. sociedade secreta de Paris estudam problemas do fantástico
E porquê todas estas galerias, esta profusão de câma- ou do misterioso desconhecido1.
ras, os poços de que se ignora a saída ou extremidade Na hipótese da vinda à Terra de homens de outro
inferior. . . os canais oblíquos, horizontais, em cotovelo, planeta, esses ancestrais superiores, depois de séculos ou
de diferentes dimensões. . . os vinte e cinco encaixes sobre milênios de existência terrestre, teriam calculado com
os peitoris da galeria alta, a grande galeria elevada e exactidão a data da hecatombe final.
seguida de um corredor extremamente baixo, essas três Querendo deixar às eventuais gerações futuras um
bancadas singulares que precedem a câmara central, e a memorial que lhes pudesse servir para a sua reeducação,
sua forma, os seus pormenores, sem analogia com nada mandaram edificar, no Egipto, as Pirâmides e, na Bolívia,
do que se conhece. . . a Porta de Tiahuanaco.
Sem analogia com o que se conhece . . . eis talvez uma A ciência destes extraterrestres era, evidentemente,
das chaves do enigma! condicionada pela sua essência, e nenhum arqueólogo
De facto, os ocultistas têm dado resposta a estas pôde ainda, com o seu gênio terrestre, encontrar a sua
questões, sustentando, principalmente, que se tratava de chave. Mas a evolução futura permitirá, sem dúvida, a
um percurso iniciático; na verdade, outros monumentos tradução dessa mensagem.
no mundo apresentam mistérios semelhantes, mas não A orientação da Grande Pirâmide, quando ela coincidir
idênticos: os megálitos, os alinhamentos, as cavernas i-oin o norte, será o sinal de uma nova era, e então a
megalíticas da Bretanha e da Grã-Bretanha, o templo de vmlade escondida no fundo dos misteriosos poços apare-
Hagar-Quim, na ilha de Malta, as estátuas da ilha de á, nua e resplandecente. . . terrível, talvez.
Páscoa, as pirâmides de terra da Polinésia... o desco-
nhecido, o misterioso, abundam no nosso globo, mas a 1
l 1,1 sociedade secreta reúne-se periodicamente numa sala das traseiras de um
n i i n i i i n l e de Montmaríre. na Rue Rodier. Em redor de uma mesa redonda, iluminada
arquitectura interior das Pirâmides do Egipto é aquela I.IM MUI,i lâmpada de petróleo, oito pessoas —quatro homens e quatro mulheres —
que mais particularmente não possui analogia «com o <M< n . m i iodos os enigmas a explicações libertas de dogmas científicos e religiosos, a
lini i Ir '.rpanir as diferentes verdades num espaço e num tempo (ou num espaço-tempo).
que se conhece». in, ••.,••, i-ssas que não seriam admitidas por espíritos sujeitos ao racionalismo clássico.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Os empíricos, procurando padrões de medidas e coor-


denadas nas dimensões, certamente muito estudadas, do É mesmo provável que os túmulos abertos e as galerias
monumento, não fazem senão prever uma verdade ainda cobertas da Bretanha e da Irlanda devessem servir também
mal definida e muda. de abrigo «contra a queda de pedras do céu», na altura do
Estas tradições e descobertas arqueológicas, sem eluci- grande cataclismo 1 .
dar o enigma, levam-nos, porém, à confirmação de que as Entre os peruanos do vale da Xauxa. entre os mexica-
infra-estruturas das Pirâmides são consideravelmente ante- nos e os índios dos lagos, reencontramos igualmente a
riores ao dilúvio bíblico. tradição do refúgio secreto dos iniciados, tendo como
missão recomeçar o Mundo.

CIDAftES-REFVGtftS
A TH RR A F. A IA'A
É lícito sugerir que a cidade secreta de Gizé — se ela
existe -- pudesse ter servido, várias vezes, de refúgio aos A Bíblia explica as causas e a natureza exacta do
homens, no decurso de vários dilúvios. Terá ela a mesma cataclismo cósmico pela cólera divina, mas. mais racional-
função no próximo cataclismo terrestre? Esta sugestão, mente, pensa-se numa perturbação ocorrida no nosso sistema
aceite entre os iniciados, leva a pensar que os arquivos solar.
antediluvianos estariam ainda escondidos sob as Pirâmides.
As tradições da índia, da Ásia Menor e das duas O drama do Dilúvio, dizia-se na Antigüidade, teria
Américas indicam, numa estranha concordância, que em coincidido com uma grande -estreia» planetária.
todos os continentes os iniciados saberão encontrar um O barão Espiard de Colonge avança com esta teoria,
refúgio altamente seguro. incrível, à primeira vista, mas que seria injusto refutar sem
Ossendowski. na obra Animais, Homens e Deuses, estudo, já que ela encontra apoios, pelo menos parcial-
conta que um lama chinês «afirmou ao Bogdo-Khan que as mente, pistas e indícios significativos, senão mesmo
cavernas subterrâneas da América são habitadas por um convincentes.
povo antigo que desapareceu da superfície». Em resumo, o autor pensa que a Lua esvaziou sobre a
Lenda - - pensar-se-á. Talvez não. É verdade que as 'l erra grande parte do seu córtex mineral, vegetal e animal,
cidades subterrâneas americanas não são actualmente habi- soterrando, deste modo. os nossos antigos vales, cidades e
tadas pelo «povo que desapareceu da superfície», mas civilizações, erguendo montanhas onde havia apenas planí-
foram-no há alguns milhares de anos. O naturalista Charles
d'Orbigny v i u , no século passado, nas ruínas de Tiahua-
naco. na Bolívia, as entradas de galerias que conduziam à ' I V i l o de Neant (Mnrhihan). à entrada da floresta de Broceliande. existe um lugar
cidade secreta. • hamado «Pertuis Neanti». o qual. segundo os empíricos, corresponderia à entrada de
um refúgio secreto, análogo a Agarta.

35
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

cies, afogando, por outro lado, sob um deserto de areia, as admitem, se apressarem a classificar de sacrilégio ou
regiões verdejantes e populosas1. devaneios científicos as palavras sensatas dos que querem
Por certo, esta teoria é fantástica, mas não se pode corrigir o seu estreito e limitado espírito (sic).
eliminá-la deliberadamente, porque todos sabemos -- ex-
cepto os pré-historiadores - - que o nosso globo sofreu
consideráveis bombardeamentos meteóricos que submergi- UM FACTO ESQUECIDO: O ÚLTIMO FIM DO MUNDO
ram regiões e destruíram povoações inteiras.
Os homens têm a memória curta! Esqueceram-se das Qualquer que seja o fundamento das teorias de Colonge,
mortais chuvas de pedras, de terra, de fogo, das inunda- parece irrefutável o facto de existirem cataclismos univer-
ções (os dilúvios) que periodicamente, e ainda há sais que no passado avassalaram o nosso planeta.
pouco - - 1500 a.C. —, desvastaram o nosso planeta. Há 10 000 ou 1 1 000 anos, o globo terrestre foi por
De facto. é por milagre que, passados alguns milênios, várias vezes agitado, despedaçado, esventrado por catás-
vivamos numa tranqüilidade cósmica. . . um milagre que trofes em proporções semelhantes aos efeitos que causaria
não será eterno! o rebentamento de milhares de bombas atômicas de cem
megatoneladas.
De acordo com este pensamento, Colonge prevê que
aos europeus modernos e iodos os outros povos não lhes Os oceanos precipitaram-se sobre as montanhas e os
restam senão alguns séculos de espera, organizando-se e vales, os pólos deslocaram-se, continentes foram submer-
preparando-se, na Terra, para suportar os numerosos sos e outros irromperam, totalmente novos, dos abismos
assaltos, sempre misteriosos, vindos do espaço. . . expe- marinhos, e a humanidade, por sua vez, pereceu quase
totalmente.
riência que não será mais que um novo acto de progresso
ou de transformações celestes. Estes simples exemplos de «fim do mundo» não são
Não se trata já do fim do mundo, acrescenta, mas sim muito antigos e os nossos antepassados que deles escapa-
da evolução universal, não obstante algumas pessoas, ram, milagrosamente, foram testemunhas e transmitiram a
que, a propósito de tudo, à parte as banalidades que sua recordação e as peripécias através de tradições e
escritas sagradas.

' Com efeito, a Lua com a sua face destruída, nua e poeirenta, apresenta nem o aspecto
de um planeta cuja crosta teria sido tragada pelo va/.io ou lançada para qualquer outra i'rn l K 1 8 . Logo surííe a pergunta: porquê este bombardeamento sobre a Lua e não sobre
parte. Desnudada a frio. parece ttcalapada, o que leva a supor que a causa foi um • lerra? Teria sido a Lua um planeta viajante, flagelado ao longo de uma imensa
terrível cataclismo. Por outro lado. não tem oceanos nem tão-pouco atmosfera, ou então • li"irssão espacial e que. depois de alguns choques ou mesmo toques de raspão com a
l ri i a . se teria, finalmente, tornado seu satélite?
perdeu-os, o que é mais crível. Por fim. diz-se e vê-se nas mais recentes fotografias
enviadas pelas sondas norte-americanas que a Lua sofreu um horrível bombardeamento ( nlonge alardeou uma singular sagacidade ao anunciar, com um século de antecedência.
de meteoros, ficando cravada de crateras, como sucedeu com eis campos de Argonne. ' ' u r n a s nucleares, cataclismos naturais e talvez uma intromissão de extraterrestres. Do
mesmo modo. sustenta a tese — que depois se tomou clássica — da evolução universal.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O I.IVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Contudo, tolamente descuidados, ou obedecendo não


se sabe a que inesperadas instruções, os demiurgos da O DILÚVIO: O MUNDO COMEÇA NA ARMÊNIA
nossa sociedade, das nossas instituições, da nossa ciência,
simulam ignorar ou refutar os acontecimentos primordiais. A realidade do dilúvio universal -- aliás, cientifica-
A Atlântida submersa? Uma fábula de Platão! mente aceite — é atestada por todos os antigos povos da
«A Terra de Mu. . . civilizações perdidas. . . cidades Terra, com os mesmos traços essenciais: destruição da raça
enterradas, engolidas: divagações de empíricos!», decre- humana e salvamento num barco de um único casal que,
tam os bem-pensantes com um sorriso de comiseração! em seguida, repovoa a Terra.
Realmente, toda a nossa civilização foi edificada sobre Na Bíblia, embora o Dilúvio seja reconstituído através
uma enorme impostura com bases arbitrárias, postulados de fragmentos de tradições, ele é contado com uma certa
insensatos e escritos, alegadamente sagrados, interpelados, coerência:
mutilados e adulterados. Deus diz: «Exterminarei da superfície da Terra o
Denunciar a fraude, reconsiderar o problema, seria homem que criei; exterminarei tudo, quer o homem quer
uma tarefa titânica, uma revolução à escala planetária, que os animais, tudo o que rasteja na Terra até às aves do
os manipuladores do «jogo» não poderiam sequer permitir- céu, porque me arrependi de os ter feito.» (Gênese VI-7).
-se compreender. Certamente poder-nos-íamos insurgir contra a injustiça
Então, de bom ou mau grado, é preciso prosseguir a do Senhor, que, na sua cólera, tudo pretende destruir,
partida com os dados viciados, sorrir às «fábulas» da culpados e inocentes, impuros e puros, homens e
tradição, fazer nascer Adão do barro sumério ou do sêmen animais - - mas não se tratará apenas de símbolos?
de um macaco da Ásia ou da África. Assim, Deus fez como decidiu, mas exceptuou o sábio
Contudo, algumas verdades diferentes surgiram do pas- Noé, a sua família e os animais que entraram na Arca 1 .
sado para quem quisesse ultrapassar o talvegue da história Morreram todos os homens, bem como tudo o que
oficial! sobre a Terra tem vida e respira (Gênese VII-22), e os
Se a humanidade desapareceu há quatro mil anos. . . sobreviventes viram-se novamente em terra firme sobre o
Se os continentes foram submersos . . . se — quem sabe? - monte Ararat. na Armênia.
planetas vieram roçar a Terra, aspirar os seus oceanos ou Se se der crédito à Bíblia, o nosso mundo actual não
abalar as suas montanhas e talvez as suas cidades, não nasceu na Suméria ou nas zonas vizinhas, mas na Armê-
deveríamos rever, em parte, os nossos conhecimentos e nia, sendo a nossa civilização, pelo menos, a segunda
escaloná-los segundo os parâmetros da história recons- civilização humana.
tituída?
É o que vamos tentar levar a cabo. referindo-nos às
únicas fontes que permanecem ainda acessíveis: as tradi- 1
Exceptuou também tudo o que nada ou vive no mar ou sobre as águas: peixes, patos
gaivotas. focas, tartarugas, etc.
ções orais e escritas.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

rstelas, ou colunas hieroglíficas, «foram colocadas em


OS ARQUIVOS DO MUNDO FORAM SALVOS (erras sírias».
Uma tradição judaica, segundo o historiador Josephe,
As tradições caldeias assemelham-se muito às referidas di/ que o patriarca Seth, para conservar a súmula dos
na Bíblia: o rei Xisuthrus foi avisado pelo rei Cronos de conhecimentos dos homens, «ante a previsão da dupla
que o dilúvio estava próximo. O soberano guardou em destruição pelo fogo e pela água, feita por Adão, ergiieu
Sisparis, a cidade do Sol, «as obras que tratavam do duas colunas, uma de tijolo, outra de pedra, onde foram
começo, do meio e do fim de todas as coisas» (obras essas gravados os conhecimentos».
que seriam, pois, anteriores à Bíblia) e refugiou-se com As colunas, como as de Hermes, foram erguidas na
toda a sua corte num barco que acabou, como a Arca, por torra de Siriad, que se pode situar na Síria ou na Armênia.
se imobilizar sobre o monte Korkura, na Armênia.
Nota importante: o rei Xisuthrus, o Noé dos Caldeus,
logo que o barco tocou o cimo do monte Korkura, saiu 1'KOVAS DO CATACLISMO TERRESTRE
para terra na companhia do piloto, de sua mulher e da
filha, e os quatro nunca mais foram vistos, ainda que a Platão narra que Sólon, tendo interrogado os sacerdotes
terra emersa se reduzisse a uma ilhota: os quatro foram egípcios de Sais, estes lhe responderam:
levados ao céu, como o tinha sido Enoch! Depois de um determinado período de tempo, uma
Levados como? Por anjos ou por uma máquina voadora? inundação mudou a face da Terra. A humanidade desapa-
Noé, segundo os Apócrifos, teria levado na Arca o receu por várias vezes e de diferentes maneiras, razão por
livro mais antigo do mundo, o Livro de Enoch, e vários t/iu- a nova raça de homens desconhece a sabedoria e os
iniciados, Enoch e Mathusala nomeadamente, teriam encon- monumentos dos tempos passados. . . Foi depois de um
trado um refúgio exterior à Terra, durante toda a inundação. dilúvio que a Atlâníida desapareceu. . .
Por todo o mundo, as tradições afirmam a autenticidade Os Gregos falam de dois dilúvios, o de Ogygès, o mais
deste dilúvio e deste «fim do mundo». antigo, e o de Deucalião, filho de Prometeu, que ocorreu
Na índia, os Vedas e o Ramayana. relatam uma histó- há três mil e quinhentos anos.
ria paralela onde o deus Brama confere ao lendário Manu a Na Germânia, o Dilúvio foi precedido de um flagelo de
tarefa de repovoar a Terra. Em contrapartida, no Bhâga- logo, que se assemelhava muito ao cataclismo cósmico,
vata Purâna, mais recente, é o rei de Drawida quem MI nação idêntica à da maior parte das nações do globo,
desempenha o papel de Manu, depois de ter escondido os onde a água e o fogo se uniram para destruir a espécie
preciosos Vedas, talvez num santuário de Agarta. humana.
No Egipto, prevendo o dilúvio, Hermes Trismegisto A Bíblia, no Êxodo e no livro de Josué, fala de
escreve em esteias e em hieróglifos o resumo dos conheci- fslranhos fenômenos celestes e terrestres que se produzi-
mentos humanos, para que escapem à destruição. Essas l a i n depois do Dilúvio.
40 41
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

No Êxodo diz-se: «O Senhor fez chover saraiva e o terra e o céu confundem-se, um sacudido pela base, o
fogo misturados. . . em todo o Egipto a saraiva destruiu outro caindo da sua altura1.
tudo o que havia nos campos, desde os homens aos Platão, baseado nos sacerdotes egípcios, dizia que a
animais. . . no entanto, na região de Gessen, onde se destruição do mundo por Fáeton tinha sido provocada por
encontravam as crianças de Israel, a saraiva não uma perturbação planetária.
caiu . . . » Um erudito americano, o Dr. I. Velikovsky, desenvol-
veu esta tese atribuindo as pe/turbações cósmicas às cir-
Pode-se, por certo, duvidar desta protecção providen- i imvoluções de um cometa que roçou várias vezes a Terra
cial, embora as tradições conhecidas dos rabinos assegu- .mies de se transformar num novo planeta do nosso sistema:
rem «que quase todo o Israel desapareceu»... o irradiante Vénus2.
Os Egípcios datam estes acontecimentos do tempo do Velikovsky parece-nos muito perto da verdade, e faze-
Êxodo e afirmam que uma catástrofe cósmica pôs fim ao mos nossas todas as suas teorias, colocando, todavia, o
período do Império Médio e que quase toda a humanidade acento tônico num facto exterior, que, do nosso ponto de
desapareceu'. vista, deve ter precedido o cataclismo natural: uma catás-
O papiro Ipuwer fala de rios de sangue, de chuva de hofe terrestre provocada pelos homens!
terra vermelha, de paredes devoradas pelo fogo e de uma Acontecimento anterior, a que o autor de Mondes en
dupla muralha de água que engoliu os homens. (ol/ision, aludiu, aliás, nas últimas linhas do seu prefácio.
Estas perturbações pós-diluvianas intrigam os historia- Que o céu tenha «caído sobre a Terra» é tão evidente
dores. Tratar-se-ia, por falta de uma interpelação, do fxira nós que, mesmo sem prova e sem indício, acredita-
grande dilúvio universal, ou então, aceitando a data bíblica mos nisso com uma fé invencível!
e egípcia, de um cataclismo bem localizado? Para os nossos ancestrais Celtas, a recordação de um
raiaclismo deixou um só temor, susceptível de lhes gelar o
Os cataclismos universais são representados na mitolo- 11 >i ação: que o céu lhes caísse em cima da cabeça.
gia grega pela revolta dos Titãs, pela guerra dos gigantes e
Para os Lituanos, depois do acontecimento, não escapa
pelo combate de Tifeu com Zeus.
••ciião um sobrevivente de raça divina: o ariano Mannus,
O mar e a terra enchem-se de um barulho horrível e o . u |o nome remonta ao Manu indiano, do Mino grego, do
céu, sacudido, geme. . . a terra fecunda queima, estreme- Mcnw do Kymen (Finlândia) e do Menes egípcio.
cendo, as imensas florestas iluminam-se e tudo arde. . . a O dilúvio dos abissínios católicos, dos Turcos e dos
Árabes é muito semelhante ao da Bíblia. Na África, as
' Podemos formular dúvidas a respeito do Êxodo! Verosímil teria sido apenas um
prolongado nomadismo de algumas tribos. Os Egípcios, bastante maltratados pelo
cataclismo. não puderam perseguir os Hebreus; nesta ordem de idéias, a passagem do ' l < itiiraud e A.-V. Pierre, Mytholagie general. Editions Larousse.
mar Vermelho seria uma fábula' ' l 1-1 clc- l. Velikovsky, Mondes en coüision. Ed. Stock, Paris.

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tradições contam que, um dia, há muito tempo, o céu ( ) céu despenhou-se outrora sobre o Brasil; na Poliné-
caiu na Terra. i i surgiu, depois do Dilúvio, uma chuva de fogo, as
O Bundehech, livro sagrado dos Zoroastrianos, relata imãs afundaram-se e outras saíram do m a r . . .
uma guerra entre o céu e a Terra, entre as estrelas e os listes dilúvios e cataclismos de caracter cósmico1,
planetas. Ahriman, o deus do Mal, trespassou o nosso i i < \lados por tradições, provados por Cuvier e pelos geólo-
globo com os «khrafçtras de mordeduras venenosas». gos, deixam poucas dúvidas sobre a autenticidade das
i i \ 11 i/ações desaparecidas, de continentes engolidos, enter-
Sabemos, por Ovídio, que o Cáucaso foi incendiado,
lados. . . enfim, sobre a realidade de uma história invisível
facto que deve estar relacionado com os poços de petróleo. i|iic i- fascinante reconstituir.
Na índia, o cataclismo cósmico é narrado como um
combate entre Vichnou, ou Krishma, e a Serpente; num
texto de Visuddhi-Magga, diz-se que a Terra foi revolvida
e que uma idade do mundo foi destruída.
Idênticos termos são empregues nas tradições chinesas,
que correspondem, talvez, ao dilúvio do imperador Yaou,
que viu as águas subir aos picos das montanhas e matar
milhões de pessoas.
O mesmo se aplica ao «fim de uma era do mundo» no
Japão; na Sibéria, conta-se que um mar de fogo dizimou
toda a Terra; as tradições dos Esquimós, dos Lapões e
nomeadamente dos Finlandeses — no Kalevala — assegu-
ram que a Terra foi revolvida e o que estava em baixo
passou para cima; um cataclismo universal foi seguido de
um dilúvio que destruiu a humanidade.
Na América, na Colômbia, o dilúvio de Bochica e o do
mexicano Coxcox são semelhantes ao dilúvio de Noé, com
um número de sobreviventes que se poderiam contar pelos
dedos.
Os índios da Nova Califórnia e da região dos Lagos, na
altura em que as suas tribos ainda existiam, lembram-se do 1
I m l . i s ,is tradições do Globo, mesmo as dos aglomerados mais remotos da África e da
«fim do mundo», que também é relatado pelos antigos r..|nn i.i rontcrem um caracter cósmico ao «fim do mundo» antediluviano, salvo a
mexicanos no Popol-Vuh. M i l . h . i . pura a qual todo o universo está concentrado em redor de Jerusalém.

44 45
CAPITULO X

O DEUS CIUMENTO DO POVO ELEITO

LO do reino animal ou criado espontaneamente, o


E homem teve de ser criado, forçosamente, através de
vários protótipos muito diferentes e que não evoluí-
ram segundo as mesmas normas.
Além disso, o nosso globo, no decurso da sua exis-
tência, sofreu, irremediavelmente, bombardeamentos atô-
micos radiactivos naturais ou provocados, geradores de
mutações acelaradas1.
Em certas partes do globo desapareceram espécies
- como, por exemplo, o cavalo, na América —, outras
adquiriram um caracter anárquico, monstruoso.
Uma espécie sujeita a radiações pode atingir um desen-
volvimento súbito e extraordinário nas suas faculdades
intelectuais; seria o homem um dos produtos dessas felizes
mutações?
Uma razão milita em favor desta tese: a procriação
lenta, aleatória, da humanidade, contrariamente ao que se

1
As nações ditas «atômicas», para se desembaraçarem dos seus desperdícios radiactivos.
lançam-nos clandestinamente no fundo dos oceanos. É quase inevitável que nas zonas
contaminadas nasçam monstros. A radiactividade terrestre provoca, também ela. muta-
ções aceleradas e. por isso. nascem numerosas crianças monstruosas; mas, evidente-
mente, este facto mantém-se em rigoroso sigilo.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
Não é, contudo, de excluir que uma mulher possa ter
passa com os outros animais. Ora, sabe-se que uma das filhos a partir de um animal macho, e a aventura de Te-
principais conseqüências das radiações é precisamente a resa X., em Vichy, parece ser disso uma prova.
deterioração da espécie. A jovem — de dezasseis anos — vivia com seu pai e um
Se existiu o primeiro homem — Adão — ou uma pri- macaquinho numa roulotte estacionada num terreno baldio.
meira mulher — Eva —, exemplar único e espontâneo um Um dia, Teresa apareceu grávida, e a polícia, supondo
e outro, para assegurar a sua continuidade1 teve de ter tratar-se de um incesto, procedeu a uma pesquisa discreta.
relações sexuais, quer com animais a partir dos quais O pai da jovem, homem muito ignorante mas de espírito
foram gerados, quer com animais de outra espécie. fortemente cristão, foi rapidamente posto fora de causa,
Se existiram vários protótipos humanos, o que é muito visto que acreditava piamente que, por intermédio do
provável, todos foram, obrigatoriamente, diferentes. Por Espírito Santo, exactamente como em Belém (e porque
outro lado, se do único exemplar ou dos diferentes protó- não?), a sua humilde roulotte tinha sido contemplada com
um nascimento miraculoso!
tipos derivaram, naturalmente, monstros, será interessante
Por fim, a filha deu à luz normalmente. . . mas foi um
estudar se, nesta ordem de idéias, estes monstros tiveram
monstro, metade macaco, metade homem, que ela trouxe ao
relações directas com os da mitologia e, consequentemente, mundo. O ser estava não só vivo, como era perfeitamente
com os heróis e os semideuses que desempenharam um saudável.
papel enigmático na proto-história da humanidade. Teresa confessou então os seus amores censuráveis com
Para os biólogos, a união entre animais de espécies o macaco, e o produto da união foi suprimido por uma
diferentes, se de facto é possível, é obrigatoriamente estéril injecção, alguns dias após o nascimento.
quanto ao resultado. O doutor T., de Vichy, fez estudos sobre o monstro; o
Contudo, algumas põem em dúvida esta teoria, visto seu relatório científico e o inquérito judicial conservam-se
que não responde a qualquer critério científico 2 . nos arquivos da cidade.
É certo que foram feitas numerosas experiências entre O problema da hibridação animal estaria, pois, reposto
animais inferiores: ratos, gatos, cobaias, etc., mas nunca, em questão; por outro lado, o que é verdade para a maior
ao que sabemos, entre animais e seres humanos. parte dos animais talvez não o seja para o homem em
particular, beneficiando este, sem dúvida, de um privilégio
excepcional que se exprime através do seu psiquismo, da
sua inteligência e, talvez, das suas faculdades de
' Pode admitir-se que o primeiro ser humano foi hermafrodita. Esta tese é, além do mais, reprodução.
quase clássica.
2
Em 1965, o professor Henry Harris e o Dr. J. F. Watkins, de Oxford, realizaram a fusão Poder-se-ia, também, especular sobre o facto de que
de células humanas e de rato e obtiveram células híbridas. homens vindos de um outro planeta, que geraram filhos com
Realizaram-se outras fusões entre espécies e ordens diferentes. Tal é possível ao nível
celular de hibridação entre mamíferos e peixes e talvez entre aves e plantas. Esta mistura os Terrenos, não seriam, talvez, condicionados como nós.
recebeu o nome de heterokaryon.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
x
Não é impossível, por esse facto, que os seus conhecimen- Na gruta magdaleniana de Lussac-les-Châteaux (Vienne)
tos científicos lhes tivessem dado o poder de assegurar a encontraram-se seixos com representações humanas onde
procriação entre humanos e animais, por exemplo, a título se vêem homens cujas cabeças apresentam feições caninas,
experimental. muito acentuadas.
Se os nossos modernos astronautas aterrarem, um dia, Sem dúvida que é preciso dar uma atenção muito
num planeta onde a vida humana normal esteja sujeita a particular ao capítulo LXXXIV (secção 17) do Livro de
maiores obstáculos, não será permitido pensar que eles Enoch, onde o autor descreve, através de uma visão, cenas
experimentarão, por inseminação artificial, criar nesse pla- de procriação muito estranhas:
neta uma espécie híbrida, semiterrestre, semiautóctone?
Por outro lado, a ciência de futuro vencerá, fatalmente, 2 — Eis um touro saindo da Terra.
o que por ora é uma dificuldade intransponível, tendo o 3 -- E esse touro era branco.
problema dos monstros mitológicos, talvez, uma solução 4 — Em seguida, saiu uma vitela e com ela dois
favorável, decorrente da misteriosa ciência dos cosmonautas bezerros, um preto e um vermelho.
da Hiperbórea.
As tradições andinas asseguram que a humanidade NOTA: o touro branco (cor da justiça) designa Adão; a
descende de uma cosmonauta venusiana — Orejona — e vitela é Eva; o bezerro preto é Caim e o vermelho Abel.
de um tapir; o biologista espanhol Garcia Beltran acolhe Capítulo LXXXV: Enoch regista a proliferação do touro,
esta narrativa como uma possibilidade a encarar. das vitelas, e diz-nos:

6 — Olhei e admirei estas coisas, e eis que os touros


A GÊNESE SEGUNDO O LIVRO DE ENOCH começaram a ficar agitados e a montar as vitelas;
estas conceberam e trouxeram ao mundo elefan-
A união entre mulheres e animais tem um lugar impor- tes, camelos, burros. . .
tante nas tradições, sobretudo no Egipto e na Grécia.
A belíssima Pasífal, vítima de uma irresistível paixão Depois, encontramos a narrativa de uma batalha entre
erótica, quis conhecer o amor com um touro branco, o que elefantes, touros e outros animais, a construção da Torre
a tornou mãe do Minotauro. de Babel, seguida de uma grande anarquia terrestre, a qual
As Propoétidas prostituíam-se ao primeiro que apare- termina em Noé e no Dilúvio.
cesse e não receavam provocar o cio dos animais, como foi Esta gênese, muito diferente da gênese bíblica, tenta
- também se diz — o caso das belas armênias e lídias fazer crer, juntamente com a mitologia, que houve uma
que se consagravam ao culto impudico da deusa Anaitis (o misteriosa interferência entre os touros e os homens. Qual-
Anahid dos Orientais). quer que seja o sentido que se dê aos touros e às vitelas
(seres humanos ou verdadeiros animais), Enoch sublinha
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bem que outros animais foram criados por eles e que tiveram Em siríaco, Oanes significa estrangeiro, o que sublinha
por mãe uma vitela, ou, o que é mais provável, uma mulher. bem a incógnita sobre a origem deste grande iniciado.
Uma tradição das tribos índias da América do Norte, Seriam as roupas que davam a Oanes uma semelhança
recolhida pelo padre Charlevoix, pretende que todos os com os peixes, ou então, por um milagre incrível, signi-
humanos foram destruídos por um grande cataclismo; ficaria o resultado de um cruzamento monstruoso?1
Deus, para repovoar a Terra, transformou os animais'em A nossa lógica inclinar-se-ia mais a ver neste ser
homens. extraordinário — se existiu — o representante de uma raça
Evidentemente, não damos demasiado crédito a estes extraterrestre que veio à Terra numa máquina espacial,
relatos, mas é curioso notar que os antigos povos, com ou análoga a um submersível e podendo comportar-se, após a
sem razão, não julgavam impossível as uniões entre ani- aterragem, como uma espécie de habitáculo submarino.
mais de espécies diferentes. Em todo o caso, parece que os homens de constituição
física anormal não eram feitos para assustar os povos
antigos, como se a monstruosidade não fosse uma excep-
OANES, O PEIXE IN1C1ADOR ção, mas sim um fenômeno bastante comum.
Vindas de tão longe, estas tradições e lendas consti-
Não se sabe se os Caldeus eram da mesma raça dos
Hebreus, o que é pouco provável -- mas a verdade é que tuem freqüentemente a substância essencial para a com-
as suas tradições fazem crer que uma estranha persona- preensão da história desconhecida do homem, mesmo que
gem, nem homem nem animal, é o seu superior ancestral; pareçam opor-se às leis científicas de uma evolução uni-
Oanes, ao mesmo tempo deus e civilizador dos povos da versal muito mais aventurosa do que se crê!
Babilônia 1 . Porque, enfim, se o mundo foi destruído por várias
É representado sob a forma de um monstro, metade vezes, se os dilúvios destruíram a humanidade, como seria
homem, metade peixe -- metade rã, diz-se também —, possível prosseguir a evolução sem profundas alterações?
que veio do «mar Eritreano» (golfo Pérsico e mar Verme- Alterações que, além disso, se encontram abundante-
lho). Tinha duas cabeças, uma de peixe e outra de homem, mente em todos os reinos!
falava e tinha pernas que se adaptavam à cauda. Monstros, animais fantásticos, homens fisicamente ex-
Todas as manhãs saía do mar e ia para o meio dos traordinários não poderiam encontrar um lugar lógico,
homens ensinar-lhes as ciências, as artes, as letras e a
agricultura.
' E m l de Novembro de 1964. uma cadela de Courthezon (Vaucluse) pariu sete
cachorrinhos. dos quais seis se pareciam estranhamente com peixes: focinho alongado,
sem orelhas, patas espalmadas, corpo delgado em fuso e terminando em «rabo de
' Oanes. Oan = Ogen, Okean: Oceano. É o Janus sagaz e iniciado dos Romanos e peixe». Uma prova de um cruzamento monstruoso ou de uma mutação fantástica? De
também o Prometeu dos Gregos. qualquer maneira, o facto existe, ainda que seja inexplicável.

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racional no encaminhamento da matéria, do intelecto e do As guerras napoleónicas ter-se-iam tornado de há muito


psiquismo para o último elo actual da cadeia: o homem! canções de gesta se os cronistas não as tivessem conservado
Será insensato acreditar que, na época da criação dos por escrito.
A recordação de monstros semi-humanos entrou, en-
primeiros homens, alguns mutantes dotados de inteligên-
tão, no maravilhoso, onde «ajuda» a discernir a parcela da
cia, e talvez de perversão, terão travado com o Homo
sapiens uma luta implacável, cujo prêmio seria a suprema- verdade inicial.
cia terrestre? A formidável besta de Gevaudan não era um lobo
normal, mas um grande gato ou lobo-cerval!
A titânica batalha que opôs Rolando aos Sarracenos no
O ANIMAL FANTÁSTICO
desfiladeiro de Roncevaux foi pouco mais que uma
escaramuça!
Em geral, os antigos pequenos feitos são aumentados
As tradições de todos os países contam que gigantes,
ou animais monstruosos, por vezes semi-humanos, outras anormalmente, mas se eles forem desmesuradamente im-
portantes acontece, pelo contrário, que são relativamente
vezes inteiramente animais, exigiam como resgate rapazes
ou jovens virgens para não dizimarem as populações. minimizados!
Por exemplo, a guerra dos Titãs contra Zeus, que
Pode perguntar-se até que ponto esses monstros — Mi- abalou o Olimpo e fez tremer os deuses, foi naturalmente
notauro. Esfinge, Volta, gigantes, dragões ou criaturas um cataclismo universal, durante o qual foi aniquilada uma
satânicas -- poderiam perpetuar a recordação de um an- grande parte da humanidade!
tigo flagelo. Com estes extremos, que valor se deverá dar aos
No labirinto da morte, homens normais acabaram por antigos monstros, nomeadamente aos Ciclopes, Minotau-
vencer o Animal Fantástico, a evolução humana pôde ros. Titãs. Gorgões, Faunos, Anjos, Ogres, Hidras ou ao
operar-se livremente, e o povoamento do globo adquiriu Leviatã e ao Behemoth das mitologias e das tradições?
um ritmo natural. O americano I. Velikovsky provou — e ninguém o
O Animal Fantástico dos Antigos seria um símbolo, contradisse -- que o Dilúvio data, aproximadamente, do
um terrível mutante, um verdadeiro animal ou um pólen de ano 1500 a.C. e que um cataclismo universal, à passagem
morte? de um cometa -- pensa ele -- fez abalar profundamente a
Sob o céu da fábula e da lenda, esconde-se a verdade Terra 1500 anos antes da nossa era.
que tentamos identificar. Segundo Aristóteles, o nosso sistema solar fora regu-
A memória dos homens não tem o poder de conservar larmente perturbado e reposto no seu lugar no decurso do
uma recordação exacta senão durante uns quarenta anos: os «Ano Supremo», o qual comportava um grande Inverno,
factos começam a deformar-se e entram pouco a pouco na dito «Kataklusmos•> (dilúvio, catástrofe), e um grande
lenda. Verão, chamado «Ekpyrosis» (incêndio), o que reforça

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a teoria de I. Velikovsky — dilúvio universal e incêndio aterram no nosso mundo, trazem uma civilização, semen-
do mundo. tes de plantas desconhecidas, espécies animais que pensam
Os monstros mitológicos, que datam do primeiro dilú- poder aclimatar.
vio, teriam sido gerados na seqüência de radiações produ- Quando encontram os Terrenos experimentam, quer
zidas pela passagem de um cometa? colonizá-los, quer integrá-los no seu meio. mas não sem
A Bíblia não faz caso desta proliferação de animais riscos, não sem pagar o dízimo do sangue, pois os seus
extraordinários, cuja aparição pensamos poder situar antes cosmonautas não são biologicamente idênticos a nós.
do Dilúvio, ou seja. numa época indeterminada (há 9000 A sua união com as mulheres dos homens produzirá
anos foi a idade sugerida), onde. segundo a nossa hipó- então crianças muito maiores que o padrão terrestre, ou
tese, o globo teria sido atomizado na América e no deserto seja, gigantes.
de Gobi. A existência destes gigantes antes do dilúvio dito
Em seguida, os poucos sobreviventes da catástrofe universal é atestada por todos os povos da Antigüidade 1 .
atingidos pelas radiações teriam podido reproduzir monstros Segundo uma tradição dos índios Cholula, relatado
e disputar-lhes o direito de sobrevivência. Talvez mesmo. num manuscrito do Vaticano, «antes da grande inundação
se aqueles foram muito pouco numerosos, tivessem tido que se deu 4008 anos depois da criação do mundo, o país
relações sexuais com animais, para perpetuar a raça. de Anabuac era habitado por gigantes. . . Todos os que
Serão os monstros ainda mais antigos? Datarão de não morreram foram transformados em peixes.
tempos primi-históricos, quando o homem foi gerado por No Egipto, «os gigantes estavam em guerra contra os
mais mutações excepcionais? É difícil responder, porque a homens e emigraram, tomando a forma de animais.
sua existência seria de tal modo longínqua que a memória Os rabinos judeus conseguiram determinar, segundo
poderia não guardar qualquer sinal. rezam antigas referências, que o tamanho do primeiro
Se não nos fecharmos sobre nós, como o fazem os
homem atingia várias centenas de pés. A Bíblia fala muito
exegetas clássicos, que fazem da Terra o centro do universo,
não podemos encontrar uma explicação melhor! em gigantes e, particularmente, do seu último rei, o rei de
Basan, Og, que morreu a lutar contra Moisés. Este Og.
semilendário, deve ter tido descendentes, pois os Hebreus
OS GIGANTES travaram ainda longas guerras contra eles.
Os antigos Tailandeses sustentavam que os homens dos
Porque não continuar a admitir que a Terra tenha sido tempos primordiais eram de um tamanho colossal; os
uma espécie de parque zoológico e jardim botânico de uma Nórdicos, referindo-se a tradições hiperbóreas, dizem que
humanidade extraplanetária?
Vejamos como tudo se enquadra, se ilumina, e torna 1
Foram descobertos numa gruta de Alguetec. perto de Mangliss (URSS), esqueletos de
lógico: «comandos» de homens, vindos de outro planeta. homens medindo entre 2.8 e 3 metros (Fouilles dês Caucase. 1964).

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

os primeiros seres da criação eram grandes como Em apoio 'desta tese, lembramos que os Nórdicos
montanhas. situam a pátria dos gigantes para os lados de Tule, onde,
Contudo, tendo em conta o exagero, um facto habitual julga-se, aterraram os primeiros seres vindos de um outro
na lenda, na imaginação e no tempo, deve pensar-se que planeta, isto porque os Hiperbóreos, segundo as tradições
estes gigantes antigos mediam pouco mais de dois metros. célticas e escandinavas, forneceram a raça de homens
superiores que se afogou com o seu continente, quando se
OS FANTÁSTICOS GIGANTES DE NICOLAS HENRION
produziu o cataclismo atômico americano e asiático.
Os gigantes hiperbóreos teriam actualmente a sua
Um numismata e historiador do século xvn, Nicolas descendência nos sumotori (lutadores de «sumo»), os quais,
Henrion, fez um curioso estudo sobre o assunto, ainda que no Japão, são personagens de alta popularidade e, na
sem fundamentos sérios, mas que relatamos pelo seu ar hierarquia, situam-se imediatamente a seguir aos deuses e
pitoresco. ao imperador.
Segundo uma certa lei de decrescimento. Henrion de- A sua força é prodigiosa, o seu peso pode atingir 200
terminou — dizia ele —, com uma exactidão rigorosa, as quilos e o seu tamanho 2,40 metros.
variações da estatura do homem desde a sua criação Inicialmente, escreve o historiador Pierre Darcourt, os
original. sumotori eram recrutados entre os gigantes ainous de pele
Daí resultaria que Adão «devia ter tido» 123 pés e clara1.
9 polegadas (ou seja, cerca de 49 metros), Noé 103 Os ainous são brancos, proto-caucasianos que teriam
pés, Abraão 27, Moisés 13, Hércules 10, Alexandre 6, emigrado através da Sibéria. O seu deus, Kamu, englobava
César 5, etc. o sol, o vento, o oceano e o urso.
Estes montanheses de Hokkaido, peludos, pesados e
possantes, bebedores de álcool quente, eram formidáveis
OS GIGANTES DA HIPERBOREA lutadores. . .
Os outros japoneses, de cor morena, seriam originários
A mitologia grega dá-nos uma indicação que reforçaria das ilhas polinésicas, da Malásia e da China. Tinham
a tese de homens extraterrestres mais altos e mais inteli- vencido os gigantes graças à sua ciência e às armas
gentes que os homens da Terra. De facto, os gigantes eram aperfeiçoadas.
invencíveis e os próprios deuses não os podiam dominar Os vencedores, prossegue Pierre Darcourt, tinham
senão com o auxílio dos mortais, o que, tendo em conta o levado na garupa dos seus cavalos, para o sul, as belas
exagero, poderia muito bem dizer respeito a seres muito mulheres brancas (dos seus adversários), e das suas
mais civilizados que os Terrenos e parecendo, efectiva-
mente, invulneráveis. 1
Lê Monde et Ia Vie, n.° 141, Fevereiro de 1965.

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uniões nasceram gigantes asiáticos que se tornaram nos homens daí nasceram crianças que se tornaram homens
primeiros guardas do corpo do imperador. possantes e famosos nesses tempos.
Segundo esta tese, o Japão poderia, assim, ter sido Eis-nos, portanto, perante uma explicação acerca dos
considerado o extremo ocidente do globo, com os seus gigantes, que basta aplicarmos ao reino animal para se
autóctones hiperbóreos ou, talvez ainda, como uma ilhota encontrar a chave do enigma.
preservada da antiga Terra de Mu, cujos habitantes seriam Em primeiro lugar, não é verdade que estes «filhos de
da mesma raça extraterrestre dos Hiperbóreos. Deus», vindos à Terra para roubar as filhas dos homens ou
Trata-se apenas de um indício, mas que se soma a uma violar as suas esposas, tiveram relações com certos
multidão de outros que militam no sentido da nossa animais?
hipótese de Antigos Superiores, vindos de Vénus ou de Mesmo nos nossos dias, estas práticas aberrantes são
uma estrela. correntes entre os tarados sexuais e, por motivos mais fortes,
Destes Hiperbóreos extraterrestres ter-se-iam originado entre seres que estão durante muito tempo privados de amor!
primeiro os «homens possantes e famosos» citados na Os cosmonautas podiam muito bem ter gerado crianças
Bíblia e, por fim, por aberração, casamentos monstruosos monstruosas, semi-homens semicavalos, ou semi-homens
(filhos do Céu extraviados da gênese) ou, por mutações, os semi-vacas. . .
monstros semi-humanos da lenda e os gigantes de forma Além disso, o gado que eles deixaram na natureza
animal que «emigraram» para o Egipto. terrestre teve de desaparecer ou aclimatar-se, na seqüência
de cruzamentos naturais perturbados ou de acasalamentos
A menos que se negue pura e simplesmente a exis- extraordinários, passando por estados donde obrigatoria-
tência de gigantes e monstros aquáticos, e para tal seria mente provinha a monstruosidade física.
preciso refutar a Bíblia, os Apócrifos e todas as tradições, Assim, talvez se explique, por um lado, os humanos
não concebemos outra explicação racional que se oponha a gigantes, esses homens-cavalos (os centauros), os homens-
esta interpretação. -touros (Minotauro), os faunos (de pernas de bode), as
esfinges (com cabeça de mulher), as górgonas (Medusa),
as sereias, etc.
OS GIGANTES DA BÍBLIA

Os gigantes, segundo a Bíblia, eram seres verdadeira- OS MONSTROS CONTRA OS HOMENS


mente superiores, uma vez que deram origem à elite dos
povos: reis, heróis, iniciados. Corpo monstruoso, espírito tortuoso, diz a sabedoria
E o que o Gênese nos relata no capítulo VI. versículo 4: popular!
Ora, naquele tempo, havia gigantes na Terra. Pois Desejariam esses seres deformados pela lenda — o
desde que os filhos de Deus casaram com as filhas dos Minotauro, por exemplo, não passaria de um gigante com

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEOREDOS TRAÍDOS

focinho de touro •— ou então esses mutantes, para retomar


A EXORTAÇÃO DO DEUS CIUMENTO
a tese das radiações, desempenhar um papel na sociedade?
É provável, deste modo, que tenham encontrado nos A Bíblia dá-nos sobre este assunto pormenores de
seres normais adversários decididos a preservar as suas grande interesse.
prerrogativas e a sua raça. No Êxodo (capítulo XXXIV). o Senhor, que se chama
Daí a razão de uma guerra quase fratricida que, durante a si próprio o «Deus ciumento», faz as suas recomenda-
longos anos, envolveu toda a humanidade. ções aos Hebreus:
Os monstros tinham pelo seu lado a força, a brutali-
dade, ao serviço de uma inteligência limitada. - Não façais aliança com os habitantes daquela
Os homens tinham menos força física, mas uma região. . .
inteligência mais subtil, e eram mais numerosos. 16 - Nunca caseis as suas filhas com os vossos
Os «animais mitológicos» fizeram uma razia na juven- filhos. . .
tude humana em virtude da exigência dos sacrifícios, dos 24 - Porque, logo que tenha perseguido as nações
tributos de sangue fresco, mas, finalmente, os heróis, diante de vós, eu alargarei os limites do vosso
digamos antes os «gigantes» filhos dos extraterrestres e das país. . .
filhas dos homens, triunfaram da tirania dos seres Trata-se, naturalmente, de mostrar a aliança do Senhor
anormais. com as tribos de Israel, mas um pouco mais adiante, no
Podemos então pensar que os homens vencedores, na Levítico (capítulo XVIII). Deus apresenta uma estranha
recordação imemorável da grande batalha dos tempos razão para o facto de os Hebreus serem «o povo eleito».
antigos, ergueram os mil e seiscentos enigmáticos
monstros do Templo de Carnaque e, a oeste das pirâmides 22 — Nunca cometei s a abominação que consiste em
da sua sabedoria, a colossal estátua do inimigo hereditário servir-se de um homem como se fosse uma mulher.
vencido: a Esfinge de Gizé? 23 — Nunca vos aproximeis de qualquer animal, nem
Que época magnífica para os antigos bardos, e como se vos maculeis nem um pouco com ele. A mulher
compreende a entusiástica metamorfose que fizeram dos não se prostituirá nunca desta maneira com um
acontecimentos! animal, porque é um crime abominável.
Os heróis vitoriosos foram, naturalmente, promovidos 24 — Não vos maculeis com qualquer destas infâmias
a semideuses. mas a verdade permaneceu escondida no em que se macularam todos os povos que destruí
fundo da fábula! diante de vós.
E isto o que nitidamente se formula e que seria de uma
primordial importância para a evolução humana: numa

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O LIVRO DOS SHORHDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
época depois do dilúvio, era prática geral homens e
mulheres promiscuírem-se com animais. Que obscuro atavismo — ou que razão esotérica — os
Terá resultado daí alguma criação monstruosa? leva, ao mesmo tempo que os gigantes e os nórdicos, a
A Bíblia permanece muda sobre este assunto, mas a considerar-se como constituintes de um povo «de fora»?
mitologia grega leva a crer que sim. Nesta perspectiva, pelo menos, a sua história desco-
nhecida precisa de ser explorada até às suas longínquas e
estranhas origens, as quais se pode fazer recuar a Moisés,
SERIA ESTE O MISTÉRIO DO POVO ELEITO'' cuja missão revelada foi conceder aos Hebreus uma alma,
um Deus, uma pátria e a estrutura social de um povo.. .
A título de hipótese de trabalho, é interessante notar as Ora, o prodigioso patriarca, pai do povo eleito. . . não
estranhas correlações que conduzem ao conceito de um era hebreu, tal como o escrevemos, referindo-nos a
povo representativo da raça humana. Sigmund Freud1.
Os Caldeus tiveram um iniciador peixe: Oannes; os
Egípcios gabavam-se de ter na sua ascendência deuses com Com argumentos extremamente convincentes, numero-
sos historiadores -- Flavius Joseph, Yahuda, Ed-Mayer,
cabeça de chacal, abutre, íbis, gato, touro, etc.; os Gregos
O. Rank, J. M. Breadsted, etc. — sustentaram a mesma tese.
não repugnavam uma paternidade animal. . . Excepcional-
mente entre os povos civilizados da Antigüidade, os
Hebreus surgem limpos de toda a mancha. AKHENATON, O FARAÓ MONOTEÍSTA
Além disso, o seu Deus pretende dar-lhes o império
terrestre, por diferentes razões, sendo uma das quais,
precisamente, a de os livrar «dessas infâmias». O começo do mistério situa-se no Egipto, treze séculos
e meio antes da nossa era, no final da XVIII dinastia.
Sem querer mergulhar numa dedução, sem dúvida um
Nesta época, o faraó Amenófis IV proclamou uma reforma
pouco simplista, mesmo assim é curioso aproximar todas
religiosa e decretou, como a única oficial, a religião de
estas coincidências uma das outras! Áton, o deus único.
Se o problema dos monstros mitológicos se mantém, Cheio de zelo pelo seu novo deus, o reformador, desde
ressalta, no entanto, que os Hebreus se apresentam como o sexto ano do seu reinado, mudou o seu nome de
os descendentes de uma raça desconhecida, mas pura, e Amenófis (Ámon — satisfeito) para Akhenaton (a glória
que se pode presumir especificamente terrestre. de Aton) e apressou-se a abandonar Tebas, indo para uma
Seria este o mistério do povo eleito? nova capital, Ikhuaton, actual Tell-el-Armana, que ele
Não manifestaram sempre os Hebreus uma grande mandou construir no Médio Egipto.
repugnância em se deixarem cruzar com os extraterrestres,
assim como com raças por eles chamadas impuras? 1
Reveja-se o capítulo VIL

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O rei, que era um grande patriarca do culto, oficiou no vezes os templos de Ámon, mas não aceitaram o culto
castelo do Obelisco e ele próprio compôs os hinos, que senão pela violência e preocuparam-se em reencontrar os
não deixavam qualquer dúvida sobre a identidade do seus antigos deuses logo após a morte de Akhenaton, cerca
Criador: de 1358 a.C.
Oh tu. Deus único, ao lado de quem não há outros. . .
Exactamente como na religião que, mais tarde, os NEFERTITI E MOISÉS
Hebreus abraçaram, era interdito esculpir ou desenhar
efígies de Áton, o qual, no entanto, se podia representar Presume-se que Moisés viveu na corte do faraó — talvez
sob a forma de um disco solar vermelho cujos raios fosse mesmo da família real — e se converteu à religião
terminavam em mãos. de Áton.
Os outros deuses foram prescritos, as suas estátuas
Akhenaton, além do seu deus único, tinha uma adora-
destruídas, os seus baixo-relevos mutilados, e esmerou-se
mesmo a preocupação de apagar a palavra «deus» quando ção--muito legítima — pela sua bela esposa Nefertiti
ela aparecia no plural. («A Bela que Chegou»), a qual se julga originária da Síria.
A nova religião, repudiando toda a idéia de inferno, Teria Nefertiti trazido com ela o germe da religião
proibia a magia, a bruxaria, e poder-se-ia perfeitamente ter monoteísta? O escritor e egiptólogo Jean Louis Bernard1
tirado da Bíblia os mandamentos essenciais da sua lei: acha que sim, mas acrescenta, contudo, que o pai de
Deuteronómio, capítulo V-7: Akhenaton, o faraó Amenófis III, tinha uma certa inclina-
Nunca ter eis, na minha presença, deuses estrangeiros. ção pelo deus Áton, uma vez que deu o nome de «Es-
Não fareis imagens de escultura, nem afigura de tudo plendor de Áton» ao barco de recreio no qual levava a
o que está no céu. passear a sua esposa Tiy.
Êxodo XXII-18: Nefertiti não resplandece, fascina, escreve J. L.
Não admitireis os que praticam os sortilégios e encan- Bernard. E fina, altiva, inteligente, mas orgulhosa e tei-
tamentos, mas suprimireis a sua vida. mosa. A sua feminilidade tem qualquer coisa de excessivo,
Além disso, o mandamento principal coincide exacta- de implacável, de aberrante.
mente com o da lei cristã:
Um só Deus honrarás Na base do culto de Áton encontram-se três persona-
E amarás perfeitamente. gens principais: Nefertiti, a egéria Akhenaton, o príncipe
Estas relações, estreitas e primordiais, entre a religião infortunado, e Moisés, o realizador, o qual se vai tornar o
de Áton e a futura religião dos Hebreus são importantes de libertador e legislador do povo judeu, transportando consigo
sublinhar. próprio uma religião totalmente nova.
Irremediavelmente presos, durante milênios, às suas 1
L'Egipte et Ia Gênese du Surhomme. Ed. La Colombe
crenças ancestrais, os Egípcios pilharam, por avidez, várias

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Sonharia Moisés em suceder a Akhenaton ou terá sido Aliança» entre Israel e Deus, a circuncisão, é também ela
o propagandista na divulgação do culto do Deus único? tipicamente egípcia! Observa-se em baixos-relevos o de-
Em todo o caso, deve ter compreendido rapidamente senrolar desse ritual, tendo os arqueólogos exumado várias
que a sua missão não se poderia desenvolver entre os múmias que apresentavam, de maneira evidente, traços da
cidadãos do Egipto e, como todos os reformadores, esco- operação da qual, aliás, os Egípcios se ufanavam.
lheu a ralé, os mais desgraçados, os mais oprimidos como Heródoto, falando a seu respeito, escreveu: «Pratica-
objecto de ensinamento. vam a circuncisão, que foram os primeiros a adoptar por
Os Hebreus, pressionados, desprezados pelos nobres razões de higiene. Tinham também horror aos porcos,
egípcios, ofereceram-lhe um campo de acção ideal, que ele porque Seth, sob a forma desse animal, tinha ferido
não desaproveitou; logo se tornou no seu chefe e os Horo. . . Por orgulho, consideravam-se como o povo mais
arrastou -- sem que eles se preocupassem muito, ao que elevado, mais puro e mais perto de Deus.»
parece -- para uma terra mais hospitaleira que o vale do Todas estas considerações não diminuem em nada o
Nilo. gênio dos Hebreus, mas é evidente que eles devem as suas
bases religiosas, e mesmo as suas leis, ao povo egípcio, a
quem pediram emprestadas, por outro lado, regras de
UMA RELIGIÃO E UM CHEFE EGÍPCIOS higiene e superstições.
Israel tornou-se num verdadeiro povo quando se ope-
Este êxodo, que, de acordo com a Bíblia, envolveu rou a fusão da tribo do Egipto e das tribos do deserto; a
cerca de um milhão de seres1 no deserto, situar-se-ia, religião de Moisés tomou a sua forma definitiva cerca de
segundo os cálculos de Freud, entre 1358 e 1350, depois 550 anos a.C., quando os rabinos redigiram a Bíblia.
da morte de Akhenaton, e cerca de um século antes das Moisés tinha morrido há oito séculos — assassinado
datas fornecidas pela Igreja. pelos Hebreus, segundo numerosos historiadores — quando
Foi no meio de enormes dificuldades, com a sua horda se escreveram as suas palavras e a sua história! Adivinha-
bárbara, que Moisés conseguiu substituir o deus Adonai -se com que fidelidade!
por lave. O acontecimento deu-se, sem dúvida, no rico Evidentemente, esta exegese suscita um sentimento
oásis de Maribat-Quades e não no Sinai. misto de preocupação e sacrilégio, uma vez que ela tende a
Eis, pois, os Hebreus munidos de uma religião egípcia destruir uma lenda que fez as delícias da nossa infância e à
e de um iniciador egípcio! Mas acontece que o «sinal da qual guardamos uma afecção sincera. Mas a história não é
feita de concessões sentimentais. Não temos o dever de
exprimir o que cremos ser uma verdade?
' Este número é desprovido de qualquer fundamento: um milhão de Hebreus não teriam
conseguido sobreviver no deserto nem franquear «o mar Vermelho» entre duas marés! Verdade conjectural, para já, aproximando-se, sem
Não temos qualquer base estimativa sobre o número de emigrados. Podiam talvez ter dúvida, dos factos autênticos, mas também com toda a
sido centenas, ou, talvez, milhares!
certeza alterada pelas grandes incertezas.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
Torna-se, contudo, necessário atacar esta «bastilha»
para continuar a nossa busca, como também será preciso Alguns acreditam que sim, e este tremendo equívoco
demolir — com muito menos escrúpulos de consciência - enlutou terrivelmente a história sem qualquer honra e
as teses erradas da pré-história! proveito para ninguém.
E uma verdade que os Judeus têm deles próprios uma
opinião particularmente favorável, que se crêem mais
A MORTE DOS DEUSES EGÍPCIOS nobres e mais elevados que os outros, escreveu Sismund
Freud'.
O Egipto, com os seus templos prodigiosos, os seus Era este exactamente o pensamento dos povos do
inumeráveis deuses com cabeça de vaca, lobo, cão, touro, antigo Egipto!
com os seus faraós heréticos, deixava cair a chama da . . .Ao mesmo tempo, conservam uma espécie de con-
civilização quando os humildes pastores se apoderaram fiança na vida, semelhante à que confere a posse secreta
dela. de um dom precioso: os Judeus acreditam verdadeira-
A população do globo, que se tinha concentrado na mente ser o povo eleito de Deus e pensam estar perto
zona mediterrânica, diminuíra consideravelmente, e o d'El e, o que lhes dá orgulho e confiança.
deserto ganhava sem cessar as terras cultivaveis e submer- Os acontecimentos, acrescenta Freud. parecem dar
gia as antigas cidades. razão a esta pretensão, uma vez que o Messias dos
Abido, Tebas e Mênfis já não possuíam senão a sombra católicos e da maioria das nações de raça branca nasceu
do seu esplendor. entre os He breus.
É difícil ressuscitar o aspecto do mundo nessa época, Poder-se-ia objectar que eles não reconheceram o Re-
mas, fazendo fé nos escritos sagrados, os efeitos do dentor! Sim. é certo, uma vez que «ele era filho de pai
Dilúvio haviam sido catastróficos para a humanidade! desconhecido». Mas, se os judeus o aceitassem, é certo
Nesta decadência geral e à medida que as antigas civili- que Jesus não teria levado a cabo a sua missão e o
zações se desmoronavam numa misteriosa doença de langor, cristianismo nunca teria existido!
o povo judeu, sozinho, teve consciência do perigo mortal. Do nosso ponto de vista, o sentido profundo do «Povo
Quer tenha sido egípcio ou hebreu, real ou suposto, urn Eleito» e da «Missão» não tem qualquer interferência com
grande iniciado chamado Moisés teve o grande mérito de vãos sentimentos de orgulho pessoal.
ter sonhado com a salvação de uma raça e prepará-la para
um grandioso destino.
De um modo exotérico, a Bíblia narra o acontecimento
que deu origem ao Povo Eleito.
Tratar-se-ia de impor ao mundo a tirania de uma raça
privilegiada?
"wv e, U- Mmmthéisme. de S. Freud.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

A MISSÃO E O POVO ELEITO 14 — E não castigarei as vossas filhas da sua prosti-


tuição, nem as vossas mulheres dos seus adultérios,
Num mundo dizimado pelo Dilúvio, afectado, talvez, porque vós próprios viveis com cor te sãs e convive is com
no seu futuro, tornava-se necessário assegurar o repovoa- os efemi nados.
mento com uma raça seleccionada, a partir de Hebreus e Mas o Senhor pede «que pelo menos Judas não caia no
extraterrestres1. pecado».
Estes últimos tinham assegurado a sua descendência Seria esta a explicação do Povo Eleito, e sem dúvida
primeiro na Armênia e no Cáucaso (onde o homem branco também o segredo maravilhosp da Cabala, onde Hebreus,
manteve o seu tipo mais perfeito), mas com o povo do mal iniciados, após o advento do cristianismo, aprofunda-
deserto desejavam, sem dúvida, criar uma raça de mutan- ram, com um sentimento de frustração, o conhecimento da
tes ou de homens superiores aptos a transmitir, sem perigo sua genealogia.
de degradação, os seus conhecimentos científicos, os seus Acreditaram, talvez, que não eram senão cobaias
segredos mais subtis. melhoradas por cruzamentos e não uma raça pura, e para
Os Judeus, traindo este propósito, abusaram da sua situa- assumirem a glória da iniciação primeira decidiram tornar
ção vantajosa ou então perderam o sentido esotérico do seu o passado impenetrável.
privilégio para conservar apenas uma mensagem grosseira. Assim, o Maasseh, merkabad da Cabala, tornou-se um
A missão, a crer em Oseias, terminou no reino de segredo nos iniciados do mais alto grau. O plano e a obra
Jerobão, filho de Joas, rei de Israel (800 a 900 a.C.). dos extraterrestres perderam-se no esquecimento, ao passo
Cap. l -- O Senhor dirigindo-se a Oseias: que os Judeus trataram de apagar os vestígios da sua
Toma para tua esposa uma prostituta e tem crianças origem racial anexando os iniciadores e os patriarcas
nascidas dela porque a terra de Israel deixará o Senhor, estranhos dos tempos do Gênese e do Êxodo.
abandonando-se à prostituição. Desta imensa conjura saiu uma noite terrível, onde se
IV. 13 — O espírito de fornicação enganou o povo de encontra a autêntica história da humanidade.
Israel. E por isso que as vossas filhas (diz o Senhor) se
prostituirão e as vossas mulheres serão adúlteras.

1
No seu livro Lês Extraterrestres (Ed. Plon). Paul Thomas exprime-se, nestes tennos.
sobre a missão dos Judeus: «Tratava-se, pois, de uma mutação que a entidades \ahvicn\
procuravam, ao que parece, produzir no seio da espécie humana, segundo um pkiim
posto em vias de execução no tempo de Abraão de Ur. Tinham sido consagrados r/o/i
mil anos à junção das condições necessárias à sua concretização: dois mil anos ilr
selecções severas, de casamentos ordenados segundo as exigências de uma gem-iH.i
minuciosa...»
O problema, ou melhor, o mistério, é aqui enfrentado com bastante apmxiiiiaç.m

224
225
CAPÍTULO XI

APÓCRIFOS E HISTÓRIAS FANTÁSTICAS

AO é uma tarefa de todo distinta do nosso tema


N consultar nos Apócrifos e nas antigas escrituras
episódios cujos pormenores, mesmo pertencendo ao
domínio da lenda, possam trazer algumas indicações aos
exegetas.

O PARAÍSO F/CA A NORDESTE

Num apócrifo traduzido do etíope, O Combate de Adão


e Eva, o autor narra que os descendentes de Adão se
dividiram em dois ramos: os Caimitas e os Setitas.
Os primeiros, descendentes de Caim, consagravam-se
a Satã, aos prazeres da carne e à imoralidade; viviam num
país fértil mas longe do Éden.
Pelo contrário, os Setitas, filhos de Seth, permaneciam
fiéis à lei e viviam nas montanhas, perto do Paraíso, mas
não tardaram em misturar-se com os filhos de Caim,
«contaminando-se com as suas impurezas e tendo filhos
com eles e a quem chamavam gariâni, ou seja, gigantes,
pois eram homens muito fortes e de tamanho colossal, não
havendo outros iguais».

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Esta narrativa não nos fornece a localização geográfica


do Éden, mas os antigos cronistas — mormente os dos O TESOURO DE ADÃO
Hinos de S. Efrém acerca do Verdadeiro Paraíso, Topo-
grafia Cristã de Cosmas Indicopleustes — colocam-no nas O Combate de Adão conta, de seguida, uma estranha
extremidades ocidentais, na montanha mais elevada da história, durante a qual o Senhor ordena a Adão que
Terra. permaneça numa caverna aberta na rocha, sob o jardim.
Os Antigos acreditavam ha Terra plana; alguns diziam- Porquê uma caverna? Porque o nosso «pai» deveria
-na circular, outros rectangular, rodeada de altas muralhas encontrar aí um tesouro, ou seja, os preciosos objectos
encurvadas para formar a abóbada celeste. vindos do Éden e que os anjos lhe tinham oferecido antes
Na cosmografia de Cosmas, encontramos uma monta- de ele ter pecado.
nha elevada, na direcção do pólo norte, à volta da qual Numerosos escritos orientais atestam ter sido nesta
giram o Sol, a Lua e as estrelas. Os eclipses e as fases da caverna que Adão foi enterrado, dado que não foi amaldi-
Lua produzem-se quando a montanha se interpõe entre os çoado por Deus, e de todos os patriarcas ter permanecido o
astros e a Terra. mais veneravel e o maior em santidade!
Na tradição popular, esta elevação, aonde Enoch se Quando Noé construiu a Arca, levou para aí o corpo do
deslocou na sua missão, é identificada com o paraíso nosso primeiro pai:
terrestre, ou Éden, situando-se, pois, na direcção do pólo Matusalém disse a Noé: Meu filho — logo que pressin-
norte, «entre o Setentrião e o Ocidente», o que corresponde tas a morte, recomenda ao teu primogênito Sem que leve
à presumida localização de Tule e da Hiperbórea1. com ele Melquisedech, o filho de Cainan e o neto de
Também se diz que «o Senhor, compassivo e miseri- Arpachsad, porque ele é o sacerdote do Deus Altíssimo e,
cordioso, que regula todas as coisas na sua sabedoria em conjunto, retirarão o corpo do nosso pai Adão e,
infinita, quis que Adão se instalasse a oeste do Jardim levando-o, enterrá-lo-ão; e Melquisedech deve permane-
aquando da sua expulsão, porque a região que se estendia cer sobre esta montanha, diante do corpo do nosso pai
para esse lado era muito extensa». Adão, e aí celebrar o divino serviço até à eternidade.
Aqui está uma idéia totalmente inédita: de todos os
seres vindos à Terra, incluindo os profetas e o Messias, o
mais importante deles é Adão!
O próprio Melquisedech, o grande Mestre da Justiça,
grande-sacerdote de Deus, ficou escarregado do divino
serviço até aos limites extremos do tempo.
Quem foi pois este Adão? Não estaremos enganados
' Mesmo entre os Amarelos, o pólo norte é o centro do conhecimento. O «Palácio lUi sobre a sua verdadeira essência, concedendo demasiado
Grande Luz», em Pequim, foi edificado sob o signo das estrelas do Norte e da Um
Maior. crédito à criação bíblica?

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

De facto, toda a proto-história não é senão um conden-


sado de acontecimentos semifabulosos, misturados numa Logicamente, temos um grande afecto por esta donzela,
ordem cronológica que se acreditou ser exacta mas que e sob nenhum pretexto aceitaríamos manchar a sua lenda
podia muito bem ter sido invertida. dourada, mas é um facto que a sua história é muito
estranha!
Não há dúvida que Joana fazia as suas devoções pagas
QUEM ERAM ELES? junto da árvore das fadas de Bourlemont quando ouviu «as
vozes delas»!
Adão, Enoch, Melquisedech, Moisés, em resumo, a Ela era «em nome de Deus», como reconheceu magi-
maioria dos heróis bíblicos até ao aparecimento de Jesus, camente o rei Carlos VII em Chinon, mas escolheu entre
foram estabelecidos, desenhados, caracterizados alguns todos, como companheiro de armas, um bruxo que sacrifi-
milênios depois da sua morte; ora, segundo numerosos cava crianças ao demônio: Gilles de Rais, executado em
historiadores, Adão é um mito, Enoch é umas vezes um Nantes, em 1440, como herético, mágico e assassino.
filho de Caim, outras vezes pai de Matusalém ou ainda, e Joana era bruxa? Sim, talvez um adorável bruxa branca,
esta é a nossa hipótese, um misterioso mediador entre os que «expulsou os Ingleses da França» com a espada
Hiperbóreos e os «comandos» da Armênia. Melquisedech mágica desenterrada em Sainte-Chaterine-de-Fierbois
escondeu-se num mistério quase impenetrável e Moisés é (Indre-et-Loire) em condições incríveis.
verdadeiramente um alto dignitário egípcio, faraó ou E Joana cumpriu a sua maravilhosa missão, atraindo
sacerdote. sobre si uma virtuosa eficácia, fazendo com que Car-
Para perceber melhor a irritante incerteza dos dados los VII mandasse vir, especialmente da Abadia de Char-
antigos basta pretender identificar as grandes personagens roux, em Vienne, o Bellator, a maior porção conhecida do
históricas. Santo Lenho.
Quem foi Jesus? O filho de Deus, dirão os cristãos, Mas de que vale o Santo Lenho se Cristo é uma lenda?
embora a maioria dos povos do globo negue a sua exis- E que vale o suplício da Donzela de França, sob o
tência real. carrasco de Ruão, quando se sabe que, cinco anos mais
Quem foram os primeiros reis de França no século v
tarde, o seu próprio irmão, Jean du Lys --o facto pode
depois de Jesus Cristo?
Apenas dispomos de pormenores vagos sobre eles e os ser confirmado nos arquivos de Loiret —, levava a Orleães
Merovíngios, de quem possuímos centenas de milhares de a notícia que Joana continuava viva! Tão viva, acrescen-
tam os historiadores, que foi reconhecida e apareceu em
sarcófagos, são-nos quase desconhecidos.
Seria Carlos Magno, o poderoso imperador do Ocidente, carne e osso à sua família e também ao bravo La Hire,
oficial do seu exército!
imberbe ou usaria barba? Mistério!
Quem foi Joana d'Are? Assim, colocamos, de novo, a questão: quem foram
Adão, Enoch, Moisés, Melquisedech e Jesus?
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Pensando bem, a história de Adão escorraçado do Este rei, segundo o historiador Eusébio1 e outros auto-
Paraíso poder-se-ia muito bem interpretar como a vinda ao res, sofria de gota (e talvez de lepra) e, esperando louvar
planeta Terra de um ser alienígena, prescrito por uma Jesus pelos seus prodígios e milagres, resolveu apelar aos
falta, ou por razões que ignoramos. seus bons serviços e convidá-lo para a sua corte.
Teria sido Adão um Robinson do espaço, um cosmo- Edessa, hoje Olufa, na Turquia, era uma cidade da
nauta isolado, um aventureiro do céu, ou ainda um chefe Alta Mesopotâmia, entre o Tigre e o Eufrates. isto é,
do «comando» da Hiperbórea? bastante longe da Judeia, onde o «Filho de Deus» peregri-
Esta última hipótese, de certo modo, se dermos crédito nava com os seus apóstolos. Em resumo, Jesus não aceitou
ao texto do Combate de Adão, explicaria as honras ex- o convite, mas respondeu enviando esta carta talismânica:
cepcionais que foram rendidas ao seu despojo, durante e Sois feliz, Abgar, por ter acreditado em mim sem me ver.
depois do Dilúvio, por Noé e Melquisedech. Porque está escrito que os que me virem não acredita-
Neste sentido, os tesouros da gruta de Adão, ofereci- rão, a fim de que os que não me virem acreditem em mim
dos pelos anjos, foram, talvez, objectos sem grande valor e sejam salvos em relação ao convite que me fazeis para
intrínseco, mas provenientes de um outro planeta. vos ir ver. é preciso que cumpra o que me foi confiado e
que, depois disso, eu regresse para aquele que me enviou.
É incontestável que a narrativa do apócrifo foi interpe-
lada, nomeadamente quando se pretende persuadir-nos de Assim que eu voltar, enviarei um dos meus discípulos
que «Adão e Seth esconderam na Caverna dos Tesouros para vos curar e vos dar vida, a vós e a todos os vossos.
ouro, incenso e mirra, que os magos deveriam oferecer ao O rei Abgar foi, ao que parece, curado dos males, o
Salvador em Belém» 1 . que é notável!
Semelhante fraude e todas as diferentes versões e «Disse-se ainda», escreve Procópio, «que Edessa
interpretações, que se nos apresentam sem nexo, não têm nunca poderia ser capturada pelos Bárbaros.» Mas este
outro sentido que não seja o de sublinhar uma vez mais a segundo milagre não se realizou, se bem que os seus
extrema precaridade dos documentos que se referem à habitantes tivessem colocado a carta de Cristo nas portas
nossa gênese. da cidade, para substituir as suas fortificações.
O original da missiva, escreve o historiador grego
Georges Cedrene (século xn) era venerado em Constanti-
A CARTA DE JESUS CRISTO nopla, o reinado do imperador Miguel, o Paflagoniano,
cerca do ano 1035.
Acreditam na carta que Jesus Cristo teria escrito em
resposta à mensagem de Abgar, rei de Edessa, na Armênia? 1
Euséhio. bispo de Cesareia. autor da célebre e preciosa História Eclesiástica, onde
narra de forma ordenada e exacta a fundação e os primeiros progressos da Igreja
(267-340). A carta de Jesus figura no seu livro, capítulo .1-1 I. e também em Nicéforo:
História Eclesiástica l — capítulo II 7. Procópio. etc.
Os cristãos, evidentemente, situaram esta gruta sob o Gólgota!

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS „ O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Um manuscrito árabe, conservado na biblioteca de derrotar e a tua cidade será para sempre abençoada por
Leyde. dá-nos uma outra versão da carta de Cristo. O sen- tua causa.»
tido geral é o mesmo, mas o estilo e os pormenores são São estes os sete mandamentos que Nosso Senhor
notavelmente variados: Jesus Cristo enviou a Abgar, rei de Edessa, mostrando a
Carta de Nosso Senhor Jesus Cristo enviada a Abgar. sua divindade e humanidade como Deus perfeito e homem
rei da cidade de Edessa, na qual se diz: perfeito que ele é. Para sempre seja louvado.
«Eu, Jesus Cristo. Filho de Deus. vivo e eterno, a A grafia do nome real foi modificada e tudo indica que
Abgar, rei da cidade de Edessa. A paz. esteja contigo. Eu duas ou três outras transcrições não deixaram subsistir
to digo: tu és feliz e bem-aventurada é a tua cidade grande coisa do texto primitivo. (Na mesma ordem de
chamada Edessa, pois que. não me vendo, acreditas em idéias, assinalamos que a Bíblia é conhecida através de
mim. 1200 a 1800 cópias, tendo-se perdido ou seqüestrado,
Serás feliz para sempre, assim como o teu povo: a paz naturalmente, o original.)
e a caridade multiplicar-se-ão, na tua cidade brilhará uma A carta de Jesus a Abgar foi encontrada apenas no
fé sincera em mim e a ciência habitará no seu lugar. século iv. ou seja. três séculos após Jesus Cristo. A Igreja
Eu, Jesus Cristo, rei do Céu, vim à Terra a fim de colocou-a na lista dos Apócrifos e S. Jerónimo não acredi-
salvar Adão e Eva e a sua raça.» tava na sua autenticidade.
Enviou-lhe sete sentenças em grego: Contudo, constitui o único documento, quase histórico,
« l . — Submeto-me voluntariamente aos sofrimentos da que pode dar crédito à existência de Cristo.
paixão e à cruz.
Lê-se claramente a palavra «Khristos». no papiro de
2. — Não sou simplesmente um homem, mas um Deus Egerton. contemporâneo do Messias, mas sem qualquer
perfeito e um homem perfeito.
outra identificação pessoal. Além disso. Khristos (ungido)
3. — Fui levado até aos serafins.
pode aplicar-se a qualquer personagem consagrada.
4. — Sou eterno e não há outro Deus senão eu.
5. -- Tornei-me o salvador dos homens. Várias tradições asseguram que o mensageiro enviado
6. -- Por causa do meu amor pelos homens. por Abgar a Jesus era o pintor Ananias. o qual. não
7. — Eu vivo em todo o tempo, sempre e eterna- conseguindo levar o Messias a Edessa, quis. pelo menos,
mente. " levar o seu retrato.
O Senhor [continua o escriba do manuscrito de Leyde J Experimentou então pintá-lo enquanto talava no meio
enviou-lhe esta carta dizendo: dos discípulos, mas não o conseguiu, «quer por causa dos
- Ordenei que fosses curado e livre das tuas doenças e movimentos do seu modelo, quer por causa do brilho do
sofrimentos, e que as tuas enfermidades e pecados fossem seu rosto. Informado das intenções deste homem, Jesus
remidos. Em qualquer lugar que coloques esta carta, o pediu água. lavou o rosto e enxugou-se com um pano, que
poder dos exércitos inimigos não poderá prevalecer nem te devolveu a Ananias».
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Ora, segundo Jean de Damas e Credenus. que referem Foi um autêntico trabalho de beneditino o que o profes-
esta lenda, a imagem do Homem-Deus achou-se impressa sor H. W. Baker, da Universidade de Manchester, em-
no tecido! preendeu, cortando o achado aos pedaços, até que, por
Num discurso. Constantino Porfirogeneta, imperador fim, o texto reapareceu.
do Oriente, diz que o poder desta imagem miraculosa Pela primeira vez descobrira-se na Terra Santa uma
forçou os Persas a levantar o cerco de Edessa. Contudo, o mensagem gravada em metal, facto a que se concedeu uma
imperador romano Lecapeno conseguiu obtê-la mediante importância excepcional.
«randes concessões aos Muçulmanos, que se tinham tor- Talvez o seja, já que o seu teor não foi divulgado,
nado os senhores da cidade! salvo um pequeno fragmento:
O retrato foi levado para Constantinopla em 16 de Na cisterna que se encontra debaixo da muralha, do
Agosto de 944 e os cristãos dedicavam-lhe uma grande lado oriental, foi cavado um esconderijo na rocha. Contém
devoção. seiscentas barras de prata. Muito perto dali, no ângulo sul
do pórtico, diante do túmulo de Çadoq e sob o pilar da
O TF SÓ l'RO DO TF M PI.O
sala de reuniões, está um cofre de incenso, de madeira de
cássia. Na fossa, junto do túmulo, numa caverna que se
Os manuscritos do mar Morto, se bem que a sua abre para o norte, encontra-se uma cópia deste cilindro,
redacção remonte a pouco antes da era cristã, não ofere- com explicações, medidas e indicações precisas.
Tratava-se, pois, de um tesouro verdadeiro, do Templo
cem maior garantia de autenticidade.
que se sabe ter sido pilhado pelos romanos de Tito, no
Não queremos dizer que os escribas. seus redactores.
ano 70.
tenham querido induzir-nos em erro deliberadamente, mas Para esta razão, e talvez por outras, que não deviam
é preciso ter-se em conta que há dois mil anos a verdade ser conhecidas, foi decretado que os textos das placas de
histórica, no espírito dos povos orientais, não tinha, nem cobre eram obra de um fantasista, ou então do ritual de
de perto nem de longe, o rigor científico que se exige nos uma seita, sem valor, positivamente ligado ao sentido
nossos dias. Pelo menos, em princípio! literal das palavras.
Por exemplo, gostaríamos de saber qual a credibilidade Soube-se um pouco mais tarde, mas sem grandes
que se pode conceder aos tesouros de que se fala nos precisões, que as placas revelavam o lugar de sessenta
documentos descobertos em Março de 1952 na gruta n.° 3 tesouros de ouro e prata, representando duzentas toneladas
de Qumrân! do metal precioso, uma fortuna de uns cem milhões de
Nesta gruta, no meio de cerâmica destroçada, foram dólares.
encontradas três placas de cobre com as dimensões de Onde está o erro?
0,80 X0.30 m. torcidas e fortemente coladas pela Nos supostos textos essénicos, ou na tradução que lhes
oxidação. foi dada? O mistério permanece intacto.

236 237
CAPÍTULO XII

O OUTRO MUNDO DO GRAAL

URANTE a sua lenta ressurreição, depois das con-


D vulsões do Dilúvio, a humanidade desamparada, em
pleno caos, oscilou entre diferentes sistemas sociais.
A população, que fora outrora de algumas dezenas de
milhões de almas, viu-se reduzida a um número desconhe-
cido, mas muito pouco significativo, podendo pensar-se
que foram necessárias três ou quatro gerações para repo-
voar capazmente o globo.
Em redor do epicentro da Atlântida, arrasada pelo
cataclismo, poucos foram os sobreviventes, ao passo que
as espécies animais foram completamente dizimadas. Pri-
sioneiros do seu isolamento continental, privados de
contactos com o resto do mundo, os Ameríndios — anti-
gos Atlantes — evoluíram em círculo fechado.
Nos antípodas, a Terra de Mu foi engolida em grande
parte, mas o arquipélago de Gobi reencontrou-se numa
posição elevada e um novo e virgem continente emergiu
do oceano, a Austrália1.

' Segundo as tradições, o deserto de Gobi teria sido, numa época muito remota, um
mar semeado de ilhas.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

No Setentrião, os Celtas e os Nórdicos foram menos não souberam impor os seus deuses, múltiplos e pitores-
atingidos que os outros povos, mas a sua civilização era cos. O monoteísmo de Moisés, mais intenso e verdadeiro,
pouco avançada e o seu desenvolvimento encontrava-se impregnou os povos em profundidade. Mas quando Jeová
travado por duas razões naturais: não habitavam sobre se recusa aos não judeus, é Jesus que se dá ao Ocidente, a
uma linha de fractura da crosta terrestre, favorável à menos que tenha sido o Ocidente que se deu a Jesus.
evolução; recomeçaram uma «idade de ouro» estagnados Que mistério presidiu ao nascimento do cristianismo?
nas suas terras demasiado ricas. Em século e meio, do ano l ao ano 150, os cristãos,
Mesmo assim, em virtude dessa sua estagnação, como através de uma conjura de iniciados - - dos Filhos do
tinham ambições de destino grandioso, conservaram tão Segredo Universal, diz-se - reformaram a sociedade
intactas quando possível as verdadeiras tradições da mergulhada no caos social por culpa dos Judeus, os quais,
Hiperbórea. aparentemente, falharam a sua missão, encerrando-se num
É no Ocidente e no Próximo Oriente que o gênio do egoísmo preconceituoso e rácico.
homem irá manifestar-se com particular brilho e em rela- A partir daqui, o caminho que conduzia aos superiores
ção ao qual é preciso render homenagem, primeiro aos ancestrais encontrou-se fechado e Israel permanecia como
Gregos, campeões do racionalismo, depois aos Hebreus, único detentor do Segredo; contudo, entre latinos, celtas e
herdeiros da magia egípcia. escandinavos, persistia um pequeno clarão, quase imper-
Entre estas duas tendências, o mundo dos Antigos ceptível mas tenaz, da verdade original, que fez exaltar o
optou por um compromisso, o que, sem dúvida, foi a ressurgimento do cristianismo na Idade Média.
melhor solução. Enquanto a involução judia se fechava no Próximo
É importante notar que os Gregos, os Hindus, os Oriente, o dinamismo cristão, magicamente solicitado,
Celtas, os Incas, os Maias introduziram todo o cosmo na procurava uma continuidade para o Oriente misterioso e
sua gênese, e por esse facto cultivavam um espírito de ainda desconhecido dos homens.
evolução universal.
Por seu lado, os Hebreus e, mais tarde, os ocidentais
cristãos reduziram o universo às dimensões do Próximo A MISSÃO DOS HIPERBOREOS
Oriente, repudiando o Sol, Vénus, Júpiter, Marte, o que
foi um grande erro e pecado por omissão. Esta expansão para além do nosso pequeno universo,
Fazendo projectos a longo prazo, os Hebreus soube- europeu, já havia sido prevista e tentada pelos iniciados
ram, através de inúmeros perigos, ser fiéis à sua política, através do canal de sociedades secretas, no decurso das
e a sua influência foi considerável até aos primeiros eras hebraica e grega, mas apenas os cristãos lhe deram
séculos antes da nossa era. um sentido e um ideal. Foi esta a missão secreta das
Os Gregos, por sua vez, desenvolveram uma civilização ordens de Cavalaria, cujo emblema, como o seu nome
particularmente brilhante, bem assim como os Egípcios, e indica, era o cavalo.
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Nas estepes americanas, onde galopava há dez mil


anos, em estado selvagem, o cavalo tinha adquirido um O LENDÁRIO GRAAL
alto valor simbólico, uma vez que era o totem dos Atlantes
sob a forma de Posídon, o deus-cavalo marinho. O Graal, na crença da Idade Média, era simultanea-
Após o cataclismo universal, o símbolo pareceu per- mente a taça onde Jesus tinha comido o cordeiro pascal
der-se juntamente com os conhecimentos atlantes; todavia, com os seus discípulos e a taça de esmeralda na qual José
os iniciados das Centrais do Segredo não tinham esquecido da Arimateia teria colhido o sangue do Crucificado. Os
e fizeram-no ressurgir com as ordens de Cavalaria1. autores, segundo as suas crenças, deram-lhe outros signifi-
Ora, a ordem mais célebre e também a mais esotérica cados: mito literário oriental transposto para o Ocidente,
- a dos cavaleiros da Távola Redonda e da Demanda do pedra filosofal, arquétipo do conhecimento supranormal,
Graal - - dá-nos a maravilhosa chave do mundo desapare- símbolo da cavalaria universal, graça ou virtude de Deus,
cido que, muito antes de Cristóvão Colombo, conseguiu presença divina, viva e imortal, o caldeirão mágico dos
levar os homens até às duas Américas2. Celtas e do rei Artur, etc.
A demanda do Graal, tão controversa, tão analisada e O Graal entra na literatura arturiana a partir do século xi
confundida, não pode ser compreendida em definitivo senão no País de Gales, por volta de 1135 em França, com
à luz do passado primi-histórico. Percival, ou o Conde do Graal, de Chrestien de Troyes.
As comunidades religiosas tinham interesse em deturpar O escritor alemão Wolfram de Eschenbach, por volta
a busca, em a monopolizar, para controlar melhor; contudo, de 1200, aludiu ao Graal nos seus romances Parzival,
o misterioso chamamento atávico foi tão poderoso que o Willehalm e Titurel, servindo-se da documentação do poeta
sentido profundo, impresso no subconsciente, sobreviveu e Guyot, o qual, por seu turno, a tinha obtido —segundo
sobrepôs-se sempre às interpelações. afirmava — de um necromante árabe, de Toledo.
Na sombra, os iniciados dirigiam a busca, cuja finalidade Uma tradição mais secreta liga o mito à epopéia árabe
era a salvaguarda e a perpetuação da raça dos e a uma idéia de hegemonia pacífica sobre o Oriente e o
superiores ancestrais. Ocidente, por intermédio das ordens de cavalaria.
Na obra de Eschenbach, os Templários são os heróis
da busca maravilhosa, pelo menos, na boca do eremita
Trevrizent, em Perzivai.
Valentes cavaleiros permanecem no Monte Selvagem,
1
onde se guarda o Santo Graal.
Facto importante, o cavalo dos nossos dias, como o de há dez mil anos, é particular-
mente considerado nos países onde aterraram os «comandos» extraterrestres: a América, São os Templários [die selben Templeisen]; eles vão
o deserto de Gohi, a região Arménia-Cáucaso (o cavalo armênio forneceu a melhor raça
da Ásia Ocidental, enquanto a melhor raça da Ásia Oriental é produzida na Mongólia!}.
cavalgando em busca de aventuras. . . Vivem de uma
2
A América foi visitada pelos Europeus e pelos Asiáticos muito antes de 1493. pedra cuja essência é totalmente pura e cujo nome é lapsit
Entendemos, aqui. por descoberta da América um reconhecimento à escala mundial.
exillis.
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Segundo a lenda, o Graal era uma taça talhada na bridge (Inglaterra), através de «anjos», cuja cabeça se
esmeralda caída da testa de Lúcifer, o que permite aos aureolava de uma luz irradiante.
tradicionalistas fazer uma aproximação entre a esmeralda, Todavia, não podiam chamá-los cosmonautas!
a pedra ou a pedra filosofal dos alquimistas, tomado no Os Templários dotaram o seu estandarte, o «Beaucéant»
seu sentido concreto, e todas as pedras dotadas de um com privilégios mágicos, atribuídos ao Graal; quem o visse
poder misterioso1. durante a semana poderia ser ferido, mas não mortalmente.
O sentido geral do Graal aponta, em resumo, para uma Esta correlação é reveladora da missão secreta dos
função mágica, semelhante à da caldeira do deus celta cavaleiros da Távola Redonda e dos Templários, que
Dagdé; fornecer o alimento inesgotável a todos os homens podemos considerar como sendo possuidores da força, do
da Terra. poder e do saber na Terra dos ancestrais superiores.
O seu sentido esotérico é muito mais subtil, porque o Na lenda popular, a questão dos cavaleiros da Távola
alimento do Graal é ao mesmo tempo o conhecimento de Redonda era uma saga de proezas cujos heróis foram
segredos escondidos (a iniciação) e um potencial eléctrico, Lancelot do Lago, o seu filho Galaad, Percival, Artur,
um magnetismo, sem dúvida semelhante à radiação por Gauvain, etc.
correntes telúricas. Tinham todos a ambição de encontrar o Graal no
Quanto ao Graal em si mesmo, é a matriz onde nasceu Castelo do Rei Pescador, cujo lugar vazio na Mesa Re-
a humanidade e a sua busca é na realidade psíquica, um donda do rei Artur ofendia o olhar e o coração dos bravos
regresso às fontes, ao país natal dos ancestrais. cavaleiros.
Na mitologia céltica, a mais próxima das verdades O Castelo do Rei Pescador — gravemente ferido —
primordiais, o «Caldeirão Mágico», ou Santo Graal, situava-se num «Outro Mundo», ao mesmo tempo real e
possui virtudes tão maravilhosas que os deuses, por inveja, imaginário, mas «com o caminho aberto», que se podia
procuram roubá-lo. encontrar a oeste, do outro lado do oceano.
O rei Artur conseguiu conquistá-lo num país situado
«do outro lado do oceano», para oeste, onde tinham
morado os Hiperbóreos, que os Celtas representavam, O OUTRO MUNDO DO GRAAL
segundo a interpretação que fazemos da pedra de Cor-
Além do Graal, os cavaleiros da Távola Redonda
trariam da sua busca outros objectos maravilhosos, cujo
1
número, aumentando incessantemente, acabou por
Em l.'hlam et Lê Graal, de Pierre Ponsoye (Ed. Denòel), lê-se «A taça (da
c a v a l a r i a ) . . . aqui, no símbolo das bebidas iniciátias. Vinho = psiquismo;
confundir os cronistas.
Água = ciência absoluta; Leite = leis reveladas: Mel = sabedoria; enquanto a doação O país do «Outro Mundo», na tradição mais esotérica,
do Graal. complexa em si mesma e pelas suas origens, que remontam quase à tradição
primordial, diz directamente respeito ao simbolismo dos Centros espirituais; e, por isso. situa-se sob a terra ou no flanco de falésias abruptas,
a sua verdadeira correspondência islâmica é a «Pedra Negra da Cabala». dominando os rios.

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Tem-se acesso a ele através dos corredores subterrâ- Neste Eliseu último, identificável ao país encantado
neos cruzados debaixo das colinas assombradas, depois da Hiperbórea descrita por Diodoro de Sicília, situa-se a
do cumprimento dos ritos iniciáticos. ilha das Macieiras (ilha de Avalon), onde está plantada a
Esta versão, de feição popular, foi, naturalmente, árvore das maçãs maravilhosas que protegem da morte1.
imaginada pelos trovadores e adaptada às inocentes cren- Como na Tir-nan-Og (a Terra da Juventude) das tradi-
ças da época. ções irlandesas, situada no continente americano, os sé-
Diluem-se nela, ainda que um pouco perceptíveis, culos são minutos, os prados florescem em todas as esta-
algumas verdades cujo trama mais visível encontramos ções, os rios arrastam no seu curso o hidromel e os
nas antigas tradições celtas. habitantes têm o privilégio da eterna juventude. Os festins
Na versão irlandesa, o «Outro Mundo» situa-se no e as batalhas formam o passatempo favorito dos guerrei-
outro lado do mar e das ilhas Afortunadas, para além dos ros, que bebem as bebidas divinas e saboreiam a abun-
«nevoeiros espessos» que defendem o seu acesso. dância dos pratos suculentos e dos frutos enormes.
Como as Antilhas, o Brasil e São Brandão, afasta-se à Os companheiros dos heróis são mulheres de uma
medida que o descobridor indigno se quer aproximar, beleza maravilhosa, dotadas ao máximo com o dom da
acabando por desaparecer diante dele; contudo, ele existe, presciência 2 .
com o seu Castelo Aventuroso, onde descansam o rei Contudo, neste país do outro lado do Atlântico, há
Brân e a rainha-deusa Riannon 1 . guerras como no nosso mundo visível; não se trata do
Quem se sentar à mesa do rei e ouvir cantar os Paraíso -- ou então já não o é —, uma vez que as vicis-
maravilhosos pássaros da rainha perde a noção do tempo, situdes castigam sob a forma de encantamentos o bom rei
o que significa que o cavaleiro iniciado admitido no Brân.
castelo muda de universo e de regras dimensionais. Uma das missões dos cavaleiros nesta demanda é,
Neste país vivem fadas, espíritos dotados de poderes além do mais, a de romper o encantamento que subjuga
surpreendentes, seres que podem aparecer e desaparecer, o rei.
voar, pensar, deslocar-se de maneira incompreensível Esta noção, e sem dúvida esta recordação de um
para os homens do mundo normal, submetidos às três «Outro Mundo» longínquo, quase inacessível, outrora real,
dimensões, as conhecidas leis físicas: peso, opacidade, mantinha-se viva, de há longa data, no Ocidente, uma vez
percepção de sons e cores, etc. 2 . que César conta que os Gauleses se vangloriavam de ser

1
' O rei Brân, depois de uma perigosa travessia do grande mar do Ocidente, chegou ao Este paraíso, onde se pode colher o fruto da Árvore do Conhecimento — as maças de
país do Outro Mundo. ouro — sem pecar e sem cair em perdição, parece opor-se ao paraíso terrestre da Bíblia,
Trata-se do país mágico (situado nas ilhas do Oeste) dos Tuatha Dê Dannan da raça onde o conhecimento é perigoso. Será o antiparaíso bíblico?
divina, os quais levaram outrora para a Irlanda o seu caldeirão encantado e a Pedra do Ainda e sempre a Hiperbórea. onde as mulheres, segundo a tradição, são excepcional-
Destino. mente belas e inteligentes.

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oriundos de um deus comum, Dis Pater (Teutates), rei do A Florida, que não está nem na terra nem no mar, com
«Outro Mundo», donde vêm as almas e onde elas reencar- os seus everglades (pântanos), passa por ter o melhor
nam e regressam num fluxo incessante, mas matematica- clima do mundo.
mente estabelecido, de invariável essência espiritual. Ali, reino eterno do Verão, a eterna juventude da
É também o que os druidas ensinavam (daruvid = muito
natureza (Tir-nan-Og dos Celtas), amadurecem, como na
vidente e sábio) através dos cânticos iniciáticos.
Armênia dos tempos primi-históricos, frutos maravilhosos,
as maiores maçãs que há no mundo.
A FLORIDA OU A HIPERROREA A tradição grega era, na verdade, física, ao mandar
Hércules colher, do outro lado do rio Oceano, as maçãs de
Os dados e as descrições, referindo-se à Terra da ouro, reais ou irreais, do conhecimento!
demanda, permitem localizá-la com uma certa aproxi- A temperatura média da Florida é cerca de 22,78° C e
mação. em nenhuma parte do estado a diferença entre o Verão e o
Geograficamente, podemos situá-la na região aonde Inverno ultrapassa os 3,89° C, se bem que as maçãs de
Enoch se deslocava quando queria contactar com os extra- ouro (laranjas), os limões, os limos, os ananases, as
terrestres, em direcção à Hiperbórea, «entre o Setentrião e azeitonas, as uvas, as pêras, as cerejas, tenham ali um
o Ocidente». sabor diferente.
Mas, segundo Enoch, o pólo norte desviou-se para É o verdadeiro Jardim das Hespérides, o «Outro
oeste, o que, com a rectificação, nos conduz exactamente Mundo» do Gilgamesh, o País Verde dos Egípcios, o
à Florida americana, ali onde as terras penetram no ocea- paraíso de Amithaba e, ainda remotamente, a Hiperbórea
no, quase sem transição, como se elas encontrassem sob as dos povos nórdicos.
águas o seu antigo substrato continental.
Depois, a Florida é o país dos sinks, cavidades feitas
A Florida, canto de ouro do Mundo Novo, canto
no calcário pelas correntes subterrâneas. Através dos
também de abundância, saudade do continente imerso que,
gigantescos respiradouros nas entranhas da terra, correm
em setecentos quilômetros de litoral, atinge o Atlântico e o
verdadeiros rios que desaparecem engolidos pelo prodi-
golfo do México, com os seus baixios, onde se escondem
— estranha predestinação dos lugares - - os prodigiosos gioso reino dos canais, galerias e cavernas que constituem
um verdadeiro mundo invisível.
tesouros das armadas espanholas, o ouro dos Incas e dos
Astecas! 1 Para os Gauleses, para os irlandeses do rei Artur, a
Florida era o «Outro Mundo» descrito pelos bravos
navegadores celtas, noruegueses, vascos, etc., os quais,
1
Ler a história dos tesouros afundados, emparedados e enterrados, publicada pelo Club muito antes de Cristóvão Colombo, descobriram a América
International dês Chercheurs de Trésors sob o título Trésors ihi Monde, de Roberto e tinham contado as suas odisséias, com os naturais
Charroux. Ed. A. Fayard, 18. Rue du St. Gothard. Paris
exageros, naturalmente!
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Uma América semilendária, mas que se situava nos E não é para a América, para Nova Iorque, que ainda
limites do mundo ocidental, para lá do rio Oceano, em hoje convergem os êxodos dos buscadores de fortuna e
direcção às ilhas Afortunadas e a São Brandão, onde conquistadores de inquietas iniciações?
desembarcara, em 570, o bispo irlandês que a tradição Como se, através dos milênios e da deterioração da
confundira depois com o bom rei Brân! verdade primordial, permitisse a recordação atávica da
Neste «Outro Mundo» americano, onde se chegava viagem necessária em direcção a um «Outro Mundo».
depois de ter vagueado na incrível região dos nevoeiros da Mas a descoberta da realidade física não era senão o
Terra Nova, propícia ao incremento da imaginação e primeiro estado da demanda, que apenas quase trazia um
suscitando narrativas irreais, encontra-se, como no final de ilusório benefício material.
uma cerimônia de provas iniciáticas, o «país que tem o
melhor clima do mundo, as maçãs maravilhosas, o eterno Na realidade, os cavaleiros da Távola Redonda nunca
e perfumado Verão florido e mesmo o reino subterrâneo atingiram este mundo físico, mas talvez tenham chegado lá
que tanto impressionou os antigos descobridores. através do mistério das «passagens subterrâneas» (= ini-
É assim o «Outro Mundo» físico e geográfico. . . mas ciação) que levam do mundo terrestre das três dimensões
resta elucidar o mistério da dualidade, da realidade e irrea- ao mundo dos universos paralelos.
lidade do reino do rei Brân, onde se perde a noção do tempo. Esta hipótese é apoiada por indícios tais como a
Facilmente se compreende a perplexidade dos nossos dualidade supranormal do «Outro Mundo», real e contudo
antepassados diante deste problema insolúvel e que somos imperceptível, e a anulação do tempo quando se ouvem
incapazes de resolver nos nossos dias, a não ser pela cantar os pássaros maravilhosos.
hipótese dos universos paralelos e a revelação da história Além disso, como nos universos paralelos, chega-se ao
dos nossos antepassados superiores. «Outro Mundo», dizem os textos, através de «uma porta
aberta», quer dizer, uma represa onde o viajante pode
passar segundo algumas condições1.
O APELO DA AMERICA
'Quis-se dar um valor unicamente iniciático à demanda do Graal, o que. segundo o
É possível que, na primi-história, a Hiperbórea se nosso ponto de vista é um erro, como o assinalam expressamente as frases «O país do
tenha situado mais ao norte e que a Florida não seja senão Outro Mundo existe e não existe» e «Existe realmente do outro lado do mar. para
poente».
a imagem virtual da antiga realidade. Mas a solução do De qualque maneira, estas ilhas, estes nevoeiros, este continente, estas maçãs, esta terra
problema está precisamente no seu conjunto, porque é na de felicidade coincidem demasiado exactamente com os Estados Unidos para que tudo
seja obra do acaso.
América que se situa o país da demanda. Não esquecemos que. nesta aventura, o símbolo interfere com o real. tanto mais que os
Senão, como se explica o sentido único de todas essas historiadores do Graal eram geralmente incapazes de imaginar antepassados superiores,
um mundo desaparecido e mesmo um continente ocidental.
correntes que levaram para oeste os iniciados, os heróis, os O escritor Gustav Meyrink. no seu livro L'Ant>e à Ia fenêtre de 1'Occident. quis ver na
cavaleiros e os corajosos descobridores? demanda o Mv.tterium Conjunctinnis como um significado das «núpcias químicas» do

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Na ciência racionalista, a viagem ou passagem não se A realidade teórica dos universos paralelos
pode fazer pelo homem físico normalmente constituído; ele demonstra-se matematicamente por uma série de equa-
deve, sem dúvida, ser colocado num plano mais elevado, ções tiradas da hipergeometria de Gauss, da pangeome-
numa espécie de transmutação, que, por exemplo, o faria tria de Lobatchewsky, da geometria não euclidiana de
passar a um outro estado extremamente subtil, facilitando Rieman e do cálculo dos transfinitos de Cantor1.
a endosmose. Em resumo, trata-se de demonstrar que por um
Registar-se-ia, neste caso, a transubstanciação e incor- ponto exterior a uma recta pode existir uma infinidade
poração nas franjas de um universo de cinco ou seis de paralelas a essa recta (isto é, o contrário do
dimensões, tal como o supõe, matematicamente, o profes- postulado de Euclides).
sor E. Falinski. Donde, a existência de universos paralelos ao
nosso, mas não coincidentes de facto, porque estão
separados no tempo e no espaço (avançados ou
TEORIA DOS UNIVERSOS PARALELOS atrasados em relação aos acontecimentos do nosso
universo normalmente conhecido).
Exporemos, em seguida, embora muito sucintamente, Estes universos são interpenetráveis entre si, em
a tese desenvolvida por M. E. Falinski, num opúsculo cujo virtude de, pela sua textura, o vazio os arrastar
título é Parapsicologia Pangeométrica. indefinidamente para o espaço ocupado (como no
átomo).
Não há campos de força entre universos diferentes
Aquando da criação, não houve opção pelo melhor que impeçam a interpenetração dos objectos, pelo que
dos mundos possíveis (teoria de Leibniz), mas por a viagem no tempo e o milagre do «passa-paredes» são
todos os mundos racionalmente possíveis. realizáveis aí por todo aquele que conseguir passar de
Haveria, portanto, uma infinidade de sistemas de um universo para o outro.
universos onde tudo seria possível, incluindo as lendas Estes campos de força dizem respeito apenas aos
do Pequeno Polegar, do Pai Natal e do Pássaro Azul: elementos interiores e no interior do próprio universo.
OS UNIVERSOS PARALELOS. A franja de não coincidência entre universos para-
lelos é de alguma maneira a «peneira» por onde pode
passar um sujeito dotado de percepções supranormais,
iniciado com a Dama da Filosofia, ou Rainha da Terra, para lá dos mares. Para ele, é
também o mistério da Transubstanciação, da confusão do + e do -, ou seja, a para ir explorar (ver e ouvir) o passado e o futuro.
reintegração de Adão na Eva primordial ou oculta, que era um ser andrógino.
Esta teoria fez dos Estados Unidos a terra-berço, onde nasceu o primeiro homem. Neste
sentido, a demanda seria, então, o regresso às origens, ainda que num plano científico 1
Ler também LU Psycholosie Synthétique devant lês çéoméiries non euclidiennes e
seja difícil aventar racionalmente que os EUA sejam o berço da humanidade. Pela nossa Psvchologie dcms Ia philosophie générale, de E. Falinski. Vesta. 1962. Imprimerie
parte fazemos dele apenas o berço de uma civilização primi-histórica. Jouve. \5 Rue Racine. Paris.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Num plano oculto, a passagem pela «ranhura» seria Eram em número indeterminado, que ia crescendo
uma exploração consciente através do corpo astral, uma conforme as versões, aumentos e retoques produzidos no
infiltração num universo paralelo que explicaria o meca- decurso de séculos por autores imaginativos, mas, no
nismo do profetismo e da premonição. essencial, encontravam-se invariavelmente:
Assim, o viajante do «Outro Mundo» do Graal teria A Taça Maravilhosa
por incumbência estabelecer uma ligação do supranormal e A Pedra da Soberania
de uma ciência ainda desconhecida, mas que será um dia, O Cesto Maravilhoso
sem dúvida, possível experimentar em laboratório. O Corno para Beber
Esta teoria não escandaliza os físicos da energia A Espada
nuclear, para quem o comportamento das partículas saídas A Lança
do «Outro Mundo» do cosmo constitui um profundo A Escudela Inesgotável
mistério, o mesmo sucedendo com os conceitos de veloci- O Caldeirão da Abundância.
dades superlumínicas, de universos cruzados ou curvos e Os objectos eram essenciamente em número de oito,
mesmo de espaço-tempo. que é também o número dos Templários e o sinal-símbolo
O «Outro Mundo» do Graal, ainda mais misterioso, da dominação universal.
descrito pelos cronistas do século n, sugere a sobrevivência É incontestável que um valor simbólico estava ligado a
de um conhecimento científico deteriorado por um longo cada um deles, mas parece que os ocultistas especularam
percurso, mas muito trabalhado na sua origem. excessivamente sobre o seu significado esotérico e princi-
palmente alquimista.
O processo de integração figura, talvez, sob forma
oculta, nas provas que os cavaleiros da Távola Redonda Porém, o facto de os Templários terem sido os
continuadores da missão dos cavaleiros da Távola Redonda
deviam suportará leva a pensar que, efectivãmente, o oculto e principal-
mente a alquimia não eram estranhos a este mistério.
-45 PROVAS Os dois primeiros objectos, a Taça e a Pedra -- sem
falar do Corno, da Espada, da Lança da Virilidade
A demanda de objectos maravilhosos estava sujeita a Transcendental —, podem ligar-se à Grande Obra, à Pedra
perguntas, provas e perigos; em compensação, os objectos Filosofal, com os sinais + e — , à Eva oculta e igualmente
à pedra preta, que Lúcifer teria trazido do planeta Vénus.
davam felicidade, consciência, invulnerabilidade e honra.
Esta questão levar-nos-ia muito longe.
As perguntas que, ritualmente, se colocavam aos
' Este processo será teoricamente estudado no capítulo que trata do formulário do postulantes da demanda do Graal eram formuladas do
feiticeiro Scot.
seguinte modo:
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

1 -- A quem serves? Perceptível ou claramente expresso, o seu papel era o


2 — Para que serve o Graal? de preparar uma elite para uma missão política que desde o
3 — Porque sangra a lança? século xi apostava na conquista dos antepassados superio-
Na sua forma literária arcaica, antecipa o sentido res da Hiperbórea.
crístico que os cronistas deram ao Graal a partir do No início da Idade Média, a demanda do Graal
século XHI. converteu-se num movimento secreto que, ainda nos
A quem serves significa: o Graal está ao serviço de nossos dias, prossegue do modo mais imprevisto.
quem? Quer dizer, do rei ferido.
Para que serve o Graal: de alimento divino e de
virtuosa eficácia. O IMPÉRIO UNIVERSAL
A terceira questão refere-se, evidentemente, ao pérfido
golpe que feriu o rei do «Outro Mundo» e, por acréscimo, O caracter crístico, deliberadamente acrescentado,
à ferida de Cristo. falseando embora o sentido original, inspirou a lenda
As provas eram inúmeras, mas algumas tinham a força arturiana. Pensamos, todavia, que serviu para esconder
de lei geral: desígnios ocultos e políticos, não enfeudados à religião
- Passar a noite numa capela, perto do corpo de um cristã, mas sim a uma religião universal, correspondente
cavaleiro defunto rodeado de círios. Noite de apocalipse, ao plano hegemônico revelado por uma vasta conjura de
com trovoada, relâmpagos e aparição de espectros. cavaleiros, cujo império espiritual se estendia de Jerusalém
até à longínqua Tule.
- Prova da cama (ou do castelo) que gira, enquanto o
No século xni, um imperador particularmente iniciado,
postulante resiste a um verdadeiro bombardeamento de Frederico II de Hohenstaufen, ilustrou esta tese, que
tratos assassinos. escapou aos historiadores, insensíveis, na sua maioria, à
- O jogo mortal do decapitado, espécie de duelo em história invisível dos homens.
que a cabeça é cortada ao vencido.
- A espera ou o jejum de vários dias na floresta
encantada.
Se o neófito sujeito às provas saísse vencedor, então
recebia o seu nome e tinha direito aos seus antepassados,
à sua honra e à alma reencarnada nele.
Todo um sentido iniciático ressalta destas provas que
encontram equivalentes nos ritos de entronização de todas
as antigas e modernas ordens de cavaleiros e também na
franco-maçonaria.

256 257
\

CAPÍTULO XIII

O CASTELO DO SENHOR DO MUNDO

ESDE os tempos em que os homens julgaram


D conhecer os limites da Terra, houve reis que
quiseram conquistar e sonharam com o domínio de
todos os continentes invadidos.
Até ao século passado, a Terra dos homens, no sistema
cosmogónico geralmente admitido, era o umbigo do
mundo, senão mesmo o universo no sentido mais lato,
pelo que a hegemonia desejada se exprimia por um
vocábulo nitidamente superlativo: Senhor do Mundo,
Senhor Universal!
Alguns historiadores estão de acordo em conceder
ao mesmo tempo o sentimento e o título a soberanos tais
como Carlos Magno, Frederico II de Hohenstaufen, Car-
los V e Napoleão. ..
De facto, encontrar-se-iam também outros monarcas e
até simples cidadãos, os quais, por megalomania, sonha-
ram com a supremacia terrestre. Mas, se é abusivo
incriminar Carlos Magno, Napoleão e talvez Carlos V,
temos razões para pensar que Frederico Ií alimentou esta
quimera.
259
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Falava o italiano, grego, árabe, alemão, latim e


O MAIS INTELIGENTE DE TODOS OS REIS. . .
francês, interessava-se, talentosamente, pela medicina,
pesquisas arqueológicas e aventuras submarinas.
Imperador da Alemanha, rei dos Romanos, rei da
Na sua corte - - e que corte pitoresca e sábia! —, o
Sicília, rei de Jerusalém, Frederico II de Hohenstaufen era,
pescador Colas Pesce (Colas, o Peixe) era professor de
no princípio do século xn, em plena Idade Média, um ciências submarinas e dedicava-se a procurar corais,
prestigioso soberano, uma espécie de figura lendária que o conquilhas e tesouros no fundo do mar para o seu soberano
seu povo confundiu, muitas vezes, com o rei Artur. e amigo.
Realmente, o muito cristão soberano dos cavaleiros da Mas se um pescador era amigo do imperador, os
Távola Redonda quase não tinha sentimentos comuns com ocultistas eram os seus professores e conselheiros.
Frederico, inimigo irredutível dos papas e da religião e que
não se constrangia em afirmar que «Moisés, Jesus e
Maomé eram impostores»! ELE ESTUDA A CABALA. A ALQUIMIA
Em 1230, no século de São Luís e das cruzadas, uma E AS PROFECIAS DE MERLIN •
tal profissão de fé inquietava o Ocidente cristão, mas
encontrava, por outro lado, um eco simpático nas multi- «Este César», conta Sabá Malespina, «que era o
dões, menos acomodadas do que se pensa à religião verdadeiro soberano do mundo e cuja glória se expandiu
católica, apostólica e romana! em todo o universo, julgando, sem dúvida, tornar-se igual
Os historiadores variam de opinião sobre a personalidade aos deuses pela prática das matemáticas, pôs-se a sondar a
de Frederico, mas os factos existem: o grande imperador essência das coisas e a perscrutar os mistérios dos
consagrou a maior parte da sua actividade à luta contra os
céus. . .» E é nisto, pensamos, que se revela a personali-
papas, a escorraçá-los da Itália, a persegui-los, sujeito a dade deste imperador de espírito muito superior ao da sua
anátemas e excomunhões... e pronto a regressar — quando época e que sonha em se tornar o Senhor do Mundo
o perigo se tornava maior - ao seio da nossa madre através da ciência e da magia.
Igreja! Envolve-se com adivinhos, necromantes, alquimistas,
Mas quanto a ser descrente. . . ele foi-o realmente! espagiristas, astrólogos. cabalistas. que o ensinam e
O monge Salimbene chamou-o Anticristo; Dante pro- iniciam.
meteu-lhe um lugar «no 6.° círculo do Inferno, nos Alimenta-se das lendas do rei Artur e dos cavaleiros da
túmulos fumegantes, onde gemiam os hereges e os seus Távola Redonda, estuda o Número de Ouro com Leonard
partidários»! Fibonacci, o matemático de Pisa. correspondendo-se com
De origem alemã, mas de educação latina, Frederico II
Juda Cohen, o célebre sábio judeu de Toledo, e consulta
foi talvez o mais culto, inteligente e independente dos os mais famosos ocultistas da época: Ezzelino de Romano,
soberanos da história humana. Guido Bonatti. Riprandino de Verona e mestre Saliano: de
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l
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Bagdade faz vir. expressamente, o mago sarraceno Paul, e no Livro de Merlin: «Que Deus lhe dê um sucessor
de Inglaterra Michel Scott, ilusionista e mestre «em semelhante a ele; não pretendo melhor!»
sortilégios».
O seu conselheiro pessoal é Teodoro, um sábio grego,
sábio em todas as artes, o qual confecciona bebidas A PACTIO SECRETA
estranhas, filtros, bolinhos mágicos e um «açúcar de
essência de violeta», cujo poder maravilhoso iguala o Naturalmente inclinado para a grandiosidade, em virtude
elixir da juventude. das suas origens germânicas, o imperador lembrava-se
Teria sido Frederico enfeitiçado? É possível, mas os muitas vezes que em 1228, em Santa Joana d'Are, embora
que o encorajaram no seu desejo de domínio mundial são excomungado pelo papa, tinha presidido à Távola Redonda
os mais experimentados mágicos e sábios de alto valor. da elite da cavalaria mundial: Templários, Hospitaleiros,
O imperador fanático das lendas fantásticas entu- Teutónicos. Fâtas Sarracenos. Batinyian (Assassinos ou
siasma-se por Merlin, o Encantador, companheiro do rei Hasanitos). Rabitas de Espanha, etc., todos associados
Artur e profeta inspirado, cujo renome era tal na Idade pela Pactio Secreta (pacto secreto) no intuito de estabelecer
Média e nas campanhas do Ocidente que o destino da a religião universal sobre um planeta sujeito ao Grande
Europa foi perturbado com isso. Senhor das ordens unificadas.
É nomeadamente graças às suas profecias que Joana Ainda aqui se detecta a filiação da Cavalaria nas
d'Arc. dois séculos mais tarde, encontrará grandes facili- ordens iniciáticas secretas, como o sublinha o escritor
dades na realização da sua missão, porquanto o «Livro de René Birat:
Merlin» anunciava «que os doze signos do zodíaco fariam Os Templários passam por ser os guardiões e os
guerra e, então, a Virgem desceria nas costas do continuadores de um "mistério» de importância capital,
Sagitário'.
do qual nenhum profano — mesmo sendo o rei de
A imaginação popular via nisto o anúncio de uma
França - - deveria ser informado.
donzela (Pucelle) que salvaria a França 2 .
Pode supor-se que, no século xn, Frederico II tomaria a Seria o Graal, símbolo do conhecimento, a primeira
seu cargo a sucessão do rei Artur predita nestes termos etapa para a dominação do mundo?
Parece, com efeito, que o maior sonho da Ordem, a
finalidade suprema das suas actividades, tenha sido o
1
E interessante notar que a profecia anunciada tem todas as hipóteses de se concretizar. ressurgimento do conceito do Império. . . isto é, o Oriente
porque aparece sempre uma personagem iluminada que a torna à sua conta mais larde ou islâmico e o Ocidente cristão. . . espécie de federação de
mais cedo.
Desde que um profeta prediga um salvador da Europa para o ano 2(XX) ou 2(X)4. Estados autônomos colocados sob a direcção de dois
inelutavelmente os povos brancos apoderar-se-ão da mensagem e o -salvador-
anunciado revelar-se-á. chefes, um espiritual, o Papa. o outro político, o Impera-
"Donde o sobrenome de Joana d'Arc = Pucelle. dor, os dois eleitos e independentes um do outro.

202 26.?
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

onde se desenham, por vezes, uma rosa como um sorriso


Acima do imperador e do pontífice, uma autoridade
tranquilizador, não pode deixar de pensar nos Templários,
suprema e misteriosa. cujos feudos de eleição eram Rampillon e Provins, nos
Quem seria este Senhor supremo e misterioso? Um Rosa-Cruzes. . . e numa sociedade super-secreta onde
habitante da Terra? Um extraterrestre? Poucos iniciados confraternizavam cristãos, judeus e muçulmanos.
poderiam, sem dúvida, descobrir uma solução para este Para quem se interessar pelo Graal, a Cavalaria e o
enigma. castelo do Senhor do Mundo, o Castel dei Monte (Itália),
as relações entre os símbolos destes objectos e os da
O TESOURO DOS SETE MARES arquitectura do castelo italiano são evidentes. . .
Além disso, a placa octogonal, patenteando os sinais-
A conspiração das ordens de cavalaria e a Pactio -chave, coincide exactamente com o plano do Castel dei
Secreta suscitaram sempre a curiosidade dos historiadores, Monte.
sem que, todavia, ela fosse elucidada. Mas uma descoberta Pensa-se que estas placas seriam os sinais pertencentes
fortuita poderá, talvez, ajudar-nos a fazer alguma luz sobre a uma ordem hermética que se dedicava principalmente à
o enigma. alquimia.
Em 1952, um habitante da região de Seine-et-Marne Jacques Coeur, fabricante de ouro, segundo a tradição,
desenterrou, numa propriedade de Rampillon. um cofre seria membro desta seita?
contendo uma pequena bolsinha com pérolas, um sinete Ser-se-ia levado a acreditar nisso ao associar também
em forma de escaravelho e uma caixa vermelha de marfim, esses insólitos «pilotos» de D. João II de Portugal, os
onde se esculpiram inúmeras svastikas. quais, por ordem secreta do rei, tinham a sua base
No interior da caixa encontrava-se uma bitola de ouro obrigatória nos Açores ou na Madeira, longe dos curiosos,
maciço e moedas de prata, muito patinadas, como que depois de, durante uns dez anos antes de Cristóvão
desgastadas por um longo uso. datando algumas do sé- Colombo e da «descoberta» da América, explorarem o
ouro das minas do Brasil.
culo xv Não é nas svastikas da caixa vermelha de Rampillon
Ao lado do tesouro descobriram-se dois estojos de
couro contendo sete placas, das quais as maiores tinham o que, como veremos mais adiante, se irá encontrar uma
tamanho da palma da mão de uma criança. correspondência com o derradeiro e espantoso ressurgi-
Estas placas traziam sinais gravados: cabalísticos. mento moderno de uma misteriosa ordem de cavalaria.
Seja como for, Frederico II de Hohenstaufen era, em
templários, maçónicos, hebreus, árabes, rosa-cruzianos e
1240, filiado na Pactio Secreta, a conspiração oculta dos
outros de muito difícil identificação. cavaleiros, e o seu Castel dei Monte, de que ninguém
Quem os vê no seu estado não identificável, na sua
compreendeu o sentido até hoje, é a prova formal da
patina, com as suas formas insólitas de rodas dentadas, realidade dos seus sonhos de hegemonia.
octogonais ou rectangulares, as suas gravuras misteriosas,
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Uma única porta de entrada orientada para sudoeste,


SOB O SIGNO oc segundo o eixo de Jerusalém-Andria, dá acesso ao edifício e
conduz ao pátio octogonal central, dito «Câmara do
Teria Frederico sido eleito imperador em Santa Joana Mestre». Outrora. este pátio era uma vasta sala coberta,
d'Are? onde, em redor do imperador, se deviam reunir, em cada
Ele acreditava firmemente nisso, mas talvez exagerasse. solstício. os chefes das oito grandes ordens mundiais de
Em todo o caso, o santuário que ele mandaria construir no cavalaria.
Sul da Itália, a meio caminho entre a Terra Santa do Na composição geométrica deste castelo inabitável não
Oriente e a Terra-Mãe do Ocidente, e também a meio se encontra nenhuma das salas de características utilitárias:
caminho entre Jerusalém, a ilha de Avalon e Santiago de cozinha, fogueira, copa. quartos de dormir, toucadores.
Compostela. . . este santuário, como dizíamos, seria um despensa. etc.
castelo de templários-alquimistas, regido pelo Número de O primeiro andar foi decalcado do rés-do-chão e no
Ouro da Rosa-dos-Ventos, o 8, símbolo do infinito centro dos dois octógonos há ainda uma cisterna onde a
vertical, do infinito horizontal e da matriz universal! água escorria dos terraços em rampa, surgindo do tecto.
Tudo isto estava conforme no espírito do imperador e Segundo uma tradição, havia outrora no Castel dei
tudo lhe parecia em ordem no plano exotérico, com os Monte um templo com uma estátua de mármore de um
cavaleiros teutónicos, os Hospitaleiros, os Templários, os antigo deus cuja cabeça era aureolada por um círculo de
Sarracenos e os Judeus. Quanto aos católicos, evidente- bronze.
mente hostis ao seu projecto, ele tratava do assunto a seu Gravadas no metal podiam ler-se estas palavras: «Nas
modo: o papa seria expulso do seu trono. calendas de Maio. quando o Sol se levantar, eu terei uma
cabeça de ouro.»
O CASTELO OCTOGONAL Em 1073. um sarraceno deslindou o enigma:
No l.° de Maio. cavou à direita do local onde se
O castelo de Gastei dei Monte, nos Pouilles italianos projectava a sombra da cabeça e encontrou um enorme
- comuna de Aneia —, foi considerado a «maravilha tesouro, que serviu para construir o primeiro castelo.
única» na Idade Média. É provável, pois. que Frederico II empreendesse a
O seu plano — que recolhe do Templo de Salomão as construção sobre as ruínas de um antigo castelo, na data
quatro medidas mestras (60 - 30 - 20 - 12 côvados) - sacramentai do solstício de Verão de 1240 (fala-se também
assenta em dois octógonos concêntricos separados em em 1233).
divisões saídas do centro geométrico e confinantes em Por cima da porta de entrada, entre brasões dos Teutó-
cada vértice, a fim de determinar 8 salas em trapézio. nicos e os leões da casa de Sonabe. esculpiu uma cabeça de
Cada ângulo do edifício é provido de uma torre mármore ornada de raios: símbolo do mestre desconhecido. . .
octogonal, tendo um muro circundante cuja espessura é de ou a recordação da cabeça do deus que indicava o tesouro.
2,65 m.
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Anunciara ao seu protector, com muita antecedência,


MICHEL SCOT, O FABRICANTE DE OURO
que ele morreria num lugar «consagrado à flor».
Neste século xm, quando floresceu a cavalaria e o mito Ele próprio predissera também as circunstâncias exac-
do Graal, o castelo octogonal responde a uma tripla tas da sua morte, que se produziu como se uma maldição
mística, transformada no athanor (a fogueira alquímica), do Céu o tivesse punido da maneira mais exemplar: em
onde, com a eclosão da Pedra Filosofal, deve amadurecer 1291, enquanto rezava na Igreja de Holme-Coltram (ou na
o destino da Europa e dos outros continentes conhecidos. Abadia de Melrose), na Escócia, um lanço de muralha caiu
sobre ele e esmagou-o.
O imperador teve um mestre espiritual: o monge Um bardo escreveu a este respeito:
Michel Scot, o qual não se sabe muito bem se foi irlandês, Foi durante uma noite solene e terrível que este túmulo
italiano ou francês, mas cuja condição de mago inigualável se abriu para ele. Estranhos sons fizeram-se ouvir e todos
lhe conferiu notariedade pública no seu tempo. os estandartes se agitaram sem que se registasse uma
Durante anos, no coração da Alemanha, primeiro, e na golfada de ar. O seu livro todo-poderoso permanece
Itália, depois, Scot, «o gêmeo psíquico» de Frederico II, inumado, a fim de que nenhum mortal o possa ler.
reinava verdadeiramente, através dos seus conhecimentos e De facto, era tal o poder mágico de Scot que ele podia,
da sua magia, sobre aquele que queria ser imperador. assegura o Lai (poema medieval) do Último Menestrel,
Tudo isto é, sem dúvida, uma fábula, mas os seus pela virtude das suas encantações, fazer tocar, desde
contemporâneos asseguravam que «certa vez convidou os Salamanca, todos os sinos de Notre Dame de Paris.
seus amigos para um festim, diante de uma mesa comple- Sobre ele escreveu Dante: «Realmente, ele conheceu o
tamente vazia. A um sinal dele, as refeições apareceram jogo das astuciosas magias.»
magicamente e colocaram-se sozinhas diante dos convivas, Os seus livros de bruxaria e formulários, com a ajuda
como transportadas por espíritos, e Scot, designando-as, dos quais dizia evocar as forças infernais, foram enterrados
disse: com ele.
Esta veio da mesa do rei da Inglaterra, aquela da Foi este o destino de um mago prodigioso, o qual não
mesa do rei de França! se pode dissociar do seu mestre ou aluno em feitiçarias, o
imperador Frederico II.
Autor de numerosos e doutos livros, alguns dos quais
foram especialmente encomendados por Frederico, o mago
era especialmente apto na transmutação dos metais.
O SEGREDO SOB ESTAS SIGLAS
Possuímos, de sua autoria, a transcrição de um tratado
de alquimia intitulado De Sole et Luna (tomo V do Para poder reinar nos planos esotérico e temporal,
Theatrum Chimicum), onde revela, numa linguagem sibi- Frederico II teve necessidade de realizar a Grande Obra:
lina, os processos de transmutação. pedra e ouro.
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Logo que o Gastei dei Monte, cujo responsável pelo templária e diz-se que os visitantes mais cultos e mais
traçado foi o arquitecto francês Philippe Chinard, acabou subtis vêm aqui em peregrinação.
de ser construído, o imperador fechou-se durante muitos
dias e muitas noites com os seus sábios, astrólogos, bruxos
e alquimistas. O SOL DE OURO E O SOL NEGRO
A que deus, a que demônio, se dirigiam as suas
fervorosas invocações? Ter-lhes-iam dado os arquivos, o O projecto de Frederico II, que respondia às aspirações
segredo da transmutação do metal em ouro? profundas dos centros iniciáticos do seu tempo, foi
Nunca o saberemos, salvo talvez o criptógrafo suficien- perseguido pelos Templários.
temente iniciado para interpretar os misteriosos sinais que A cristandade, inquieta, reagiu brutalmente contra eles,
figuram num baixo-relevo do castelo. e, em 1307, o papa Clemente V, associado ao rei de
A escultura representa uma mulher aparecendo respei- França, Filipe, o Belo, arruinou a sua ordem, que.
tosamente diante de um chefe, acompanhado de vários contudo, se pôde perpetuar na clandestinidade.
homens armados. A missão dos Templários NÃO DEVE SER INTER-
Por baixo, está gravada a enigmática inscrição: ROMPIDA SOB PRETEXTO ALGUM, e alguns séculos
mais tarde, sob o signo da tolerância e da religião
Ds I D C a D B 1 C L P S H A 2 (filosofia) universal, nasceria a Franco-Maçonaria.
A PACTIO SECRETA, renovada, purificada, inspirará
Aqui se esconde o mistério de Frederico II e do castelo o imenso movimento da política social que, depois do
mágico. catolicismo, remodelou o rosto do mundo civilizado de
Em 1250, acometido por grandes sonhos políticos, o 1789 até aos nossos dias.
imperador não quis permanecer no templo, que não No esoterismo, este plano tem um nome simbólico: o
representava senão a testemunha irrisória das suas ambi- 5o/ de Ouro.
ções não realizáveis. Paralelamente, outras ordens de cavalaria, nomeada-
Resignou-se a viver no castelo de Fiorentino, perto de mente a Ordem Teutónica, trabalharam em segredo depois
Lucera, onde, depois de ter experimentado um novo da Idade Média, mas com um espírito atormentado e ao
«banho» de sonhos grandiosos de hegemonia, morreu «sob serviço de uma verdade progressivamente deteriorada: é o
o signo da flor», tal como predissera o seu mago. 5o/ Negro, talvez nascido no Castel dei Monte, do sonho
No Castel dei Monte, hoje abandonado sob o céu de Frederico II de Hohenstaufen.
tórrido das murges de Puglia, instalou-se um pequeno A sua acção prolonga-se, monstruosamente desfigurada,
museu. Alguns turistas admiram a sua rígida arquitectura no seio das etnias germânicas, cujos tradicionalistas se

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

persuadiram de que a sua raça está destinada a salvar a


civilização branca.
Neste sentido, é ainda a demanda do Graal que
recomeça: o Graal dos Hiperbóreos, da raça branca que
quer dominar o mundo. O velho sonho germânico que, nos
nossos dias, lança numa aventura insensata o misterioso
Grupo Tule.

272
CAPÍTULO XIV

O GRUPO TULE

Cavalaria e as suas sociedades secretas têm sido


A sempre constituídas por uma elite da raça branca.
Sintetizada ao extremo, a definição de CAVA-
LARIA poderia ser: instituição para a salvaguarda e o
enaltecimento dos homens brancos.
O sentimento de preservação racial é tão natural e está
tão desenvolvido em todos os continentes que, passados
séculos e milênios, sociedades secretas amarelas, pretas,
brancas, foram sendo fundadas a partir de um princípio:
- A sociedade dos Boxers, na China, para a raça
amarela 1 .
- Os Muçulmanos, na América, para a raça negra.
- O Grupo Tule, na Europa e na América, para a raça
branca.
Apenas a raça vermelha escapou à lei, sem dúvida
devido ao facto de ignorar a existência de humanos
brancos, negros ou amarelos, habitantes de regiões do
globo que lhe eram desconhecidas.

'Os Boxers (século XIII) são. desde 1900, os porta-estandartes da sua raça. São
ferozmente xenófobos, por oposição aos Hung (século V), poderosa sociedade secreta
íináloga e quase idêntica à Maçonaria ocidental!

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

situada na Antárctida. onde teriam vivido homens transpa-


Todavia, entre os autóctones do Peru e do México
rentes cuja tradição foi desde logo transformada em
desenvolvem-se, actualmente, embriões de sociedades
tendo por princípio a preservação do seu patrimônio. arquétipo da raça branca.
Em todas as nações, sem que alguém o pressinta, há Os Hiperbóreos tornaram-se opacos e misturaram-se
seitas que trabalham paralelamente com sociedades cuja com os povos brancos ocidentais, conservando, contudo,
existência e princípios exotéricos são conhecidos1. uma subtileza espiritual superior à dos outros homens.
A sua capital. Tule, foi freqüentemente situada, pelos
navegadores da Idade Média, na Noruega e mesmo nas
A MISTERIOSA HIPERBÓREA ilhas Shetland.
Estudada a partir desta óptica, a Hiperbórea pertenceria
O Grupo Tule é uma sociedade secreta poderosa e apenas à lenda se indícios mais reveladores não dessem
misteriosa que exerce a sua acção sobre os continentes crédito à sua existência enquanto continente ou ilha.
habitados pelos brancos. Em primeiro lugar, as modificações geofísicas da era
Como o seu próprio nome indica, evoca a autêntica ou primi-histórica dão-nos a certeza de que a repartição de
lendária Tule. ou a Hiperbórea, berço da raça branca, e terras emersas se modificou freqüentes vezes.
está também ligada à demanda do Graal e. por filiação Nessa época, a Gronelândia (onde se fizeram escava-
directa, à Cavalaria. ções e trabalhos arqueológicos perto da moderna cidade
Será necessário precisar que os activistas do grupo são denominada Tule, pelos americanos) não estava coberta de
exclusivamente brancos que se pretendem tornar campeões gelo e compreendia três ilhas principais, se confiarmos nas
e defensores da sua raça? Mesmo assim. Tule mantém cartas de Piri Reis 1 , as quais, infelizmente, e por
relações políticas com sociedades secretas amarelas e razões desconhecidas, se encontram seqüestradas nos
talvez também com os negros muçulmanos2. EUA. É provável que dois planaltos continentais tivessem
Os historiadores gregos e latinos — Heródoto, Diodoro emergido, um a sul dos Açores — a Atlântida — e o outro
de Sicília, Plínio, Virgílio-- falam do continente hiper- mais ao norte, entre a Gronelândia e o Sul da Noruega.
bóreo como- se se tratasse de uma grande ilha de gelo A partir desta suposição, a Hiperbórea ter-se-ia situado,
quer em redor da Islândia, zona de sismos e vulcões.
' Ler l.es Sociétés Féminine.i. Marianne Monestier. Productions de Paris. 29 Rue
Coquillère. Paris.
~ Esta informação foi-nos dada por um antigo SS e activista hitleriano notório. Segundo 1
As cartas de Piri Reis. almirante otomano que viveu no século X V I . foram
o nosso informador. os Amarelos, ainda mais racistas que os Brancos, situariam a sua descobertas, em 1957. no Museu Topkapi. de Istambul. Teriam sido elaboradas a partir
Tule na Mongólia, enquanto os Negros a situariam no Zimbabwé. na Rodésia do Sul de documentos gregos e portugueses muito antigos, reproduzindo estes últimos cartas
O 2rupo é anti-semita, na media em que os semitas situam o nascimento do homem geográficas datando de antes da última época glaciar e levantadas em perspectivas vistas
(Adão) na Ásia Menor. Há motivos para se desconfiar desta profissão de te. que se opõe a cavalo. Teriam cerca de onze mil anos de idade.
categoricamente aos factos conhecidos.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

propícia à eclosão de uma civilização, quer talvez na área Vendo chegar os seus últimos dias
dos actuais Estados Unidos, a Green Land, ou Terra Verde Dividiu a sua herança
propícia à eclosão de uma civilização, quer talvez na área Mas retirou da partilha
da mitologia. A taça, sua doce recordação.
Os Celtas, Vikings e Germanos, conservaram-na como
recordação do verdadeiro Éden, análogo ao país do Outro Fez sentar na mesa real
Mundo da demanda do Graal. Os barões à sua volta;
Tão longe quanto os homens brancos possam recuar na De pé e à sua volta
sua tradição, acabam por terminar sempre nesta Tule, que, Brilhava a sua leal nobreza.
por esta razão, se transforma na chave misteriosa das suas
sociedades secretas. Sob a varanda, bramia o mar;
O velho rei levanta-se em silêncio;
Mais do que todos os outros, os Germânicos acreditam
Rebe, estremece e a sua mão lança
na Hiperbórea. sobre a qual baseiam o seu culto pagão e as
A taça de ouro às bravas ondas!
suas aspirações políticas ocultas. Este mito é tão profundo
entre eles que a sua literatura e música popular se
Viu-a cair na água negra;
encontram fundamentalmente impregnadas, nomeadamente
com Percival, Willehalm, Titurel ou Fausto. A vaga, abrindo-se, fez uma prega;
O rei inclinou-se de fronte pálida;
A Balada do Rei de Tule, escrita por Goethe e que
Nunca mais ninguém o viu beber.
Gérard de Nerval traduziu em verso, tem um sentido
esotérico que escapa ao profano, mas que é perfeitamente A taça do rei de Tule é o Graal, tesouro cheio de
compreendido pelos tradicionalistas. encantos (magia) que evoca a Terra-Mãe desaparecida.
Eis o texto da balada: Tal como Artur, o rei reuniu à sua volta, na mesa
redonda, os cavaleiros brancos que deverão partir em
Era uma vez um rei de Tule
A quem a sua amante fiel demanda da taça-matriz. Tudo é oferecido em herança. . .
Legou em sua memória excepto. precisamente, esta taça encantada que pertence
Uma taça cinzelada de ouro. definitivamente ao oculto.

Era um tesouro cheio de encantos Sob a varanda bramia o mar;


Onde se conservava o seu amor O velho rei levanta-se em silêncio;
E cada vez que ele bebia Bebe, estremece e a sua mão lança
Os seus olhos enchiam-se de lágrimas. A taça de ouro às bravas ondas!

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

A sorte está lançada! O Graal desapareceu. . .


Encontra-se no oceano Ocidental, na terra imersa da O PARAÍSO ESTÁ A OESTE
Hiperbórea, e os cavaleiros da Távola Redonda nada mais
têm a fazer senão partir à sua procura, precedendo na Doutro modo, como explicar, por um lado, as coinci-
cronologia histórica toda a cavalaria e, finalmente, o dências reunidas sob o signo do planeta Vénus (os
Grupo Tule! extraterrestres e Prometeu, o Atlante) e, por outro lado, a
O Graal esotérico é, pois, a matriz da humanidade demanda do Outro Mundo, o Graal, as lendas andinas, a
superior, por analogia com as «fendas» da crosta terrestre, porta de Tiahuanaco, na Bolívia 1 , o Jardim das Hespérides
nascente original, onde se recebe uma radiação telúrica, e os Estados Unidos da América?
cósmica, que concede a virilidade e o poder máximo sobre As chaves de ouro deste estranho puzzle estão escondi-
a inconsciência das multidões1. das nos símbolos da mitologia grega, da tradição e da
Compreende-se, assim, o interesse dos cavaleiros História: Hércules, Anteia, Atlas, o Jardim das Hespéri-
envolvidos na busca e das sociedades hegemônicas em des, o Graal, o Outro Mundo e o moderno Grupo de Tule,
encontrar, pelo menos na sua realidade física, senão no seu onde reencontramos elos da cadeia iniciática que nos une
potencial psíquico, este Graal energético onde as raças aos ancestrais da raça branca.
tentariam obter forças vitais. As tradições, com uma inquietante unanimidade (a
De facto, o Graal será descoberto. Tule e alguns mitos Bíblia é a única excepção), situam o verdadeiro paraíso e
pertencem ao mesmo ciclo, tecendo no simbolismo uma os reinos da felicidade na terra-mãe da Hiperbórea: a
primeira verdade transcendente. Green Land dos Celtas e Escandinavos, a Terra Verde da
Aquilo a que se chama, grosseiramente, mitologia, mitologia egípcia, o Paraíso hindu de Amitâbha, o grande
concedendo-lhe um sentido de fábula e de relações Buda do céu ocidental, as Hespérides dos Gregos, o país
imaginárias, é para o observador a retranscrição de do Outro Mundo dos Assiro-Babilónicos e dos Polinésios.
acontecimentos autênticos, mascarados pela cor local. Na mitologia assiro-babilónica, o país dos Grandes
Ancestrais, «tornados imortais pelo Dilúvio», encontra-se
1
na extremidade ocidental da Terra, segundo a tradição, ou
A tradição situa na Hiperbórea a fonte das iniciações masculinas. Uma coligação do
Grupo Tule com os Amarelos não apresentaria, deste modo. uma aparente incompatibili- seja, do outro lado do imenso oceano que é preciso
dade, uma vez que, para os Brancos e os Amarelos, a busca iniciática condiziria à atravessar com risco da própria vida.
Hiperbórea. A mais antiga sociedade secreta dos Hung (século V) seguia o culto do grande
Buda branco e a crença no paraíso ocidental. A sociedade secreta dos Boxers, que lhe O herói Gilgamesh dirige-se à morada da deusa Sidouri
sucedeu, integra entre os seus membros a crença de um deus da magia: Tchen Wou, com o
seu tronco no pólo norte, o qual teria o poder de conferir aos seus fiéis a força dos antigos Sabitou, «que vive no extremo do mar, num jardim
deuses, a fim de lhes permitir «continuar as suas próprias façanhas nos tempos presentes» maravilhoso, onde nasce a árvore que dá os frutos mais
(Histoire dês Sociétés politic/ues et secrétes, Eugène Lennhott. Payot, 1934.
Estas crenças celtas e chinesas convergem, como vemos, para o mesmo ponto do mundo
onde estariam acumuladas as forças de alta potência. Note-se também que o Palácio da
Luz, em Pequim, está orientado para o pólo norte. ' Ref.: História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos.

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A sorte está lançada! O Graal desapareceu...


Encontra-se no oceano Ocidental, na terra imersa da O PARAÍSO ESTÁ A OESTE
Hiperbórea, e os cavaleiros da Távola Redonda nada mais
têm a fazer senão partir à sua procura, precedendo na Doutro modo, como explicar, por um lado, as coinci-
cronologia histórica toda a cavalaria e, finalmente, o dências reunidas sob o signo do planeta Vénus (os
Grupo Tule! extraterrestres e Prometeu, o Atlante) e, por outro lado, a
O Graal esotérico é, pois, a matriz da humanidade demanda do Outro Mundo, o Graal, as lendas andinas, a
superior, por analogia com as «fendas» da crosta terrestre, porta de Tiahuanaco, na Bolívia 1 , o Jardim das Hespérides
nascente original, onde se recebe uma radiação telúrica, e os Estados Unidos da América?
cósmica, que concede a virilidade e o poder máximo sobre As chaves de ouro deste estranho puzzle estão escondi-
a inconsciência das multidões1. das nos símbolos da mitologia grega, da tradição e da
Compreende-se, assim, o interesse dos cavaleiros História: Hércules, Anteia, Atlas, o Jardim das Hespéri-
envolvidos na busca e das sociedades hegemônicas em des, o Graal, o Outro Mundo e o moderno Grupo de Tule,
encontrar, pelo menos na sua realidade física, senão no seu onde reencontramos elos da cadeia iniciática que nos une
potencial psíquico, este Graal energético onde as raças aos ancestrais da raça branca.
tentariam obter forças vitais. As tradições, com uma inquietante unanimidade (a
De facto, o Graal será descoberto. Tule e alguns mitos Bíblia é a única excepção), situam o verdadeiro paraíso e
pertencem ao mesmo ciclo, tecendo no simbolismo uma os reinos da felicidade na terra-mãe da Hiperbórea: a
primeira verdade transcendente. Green Land dos Celtas e Escandinavos, a Terra Verde da
Aquilo a que se chama, grosseiramente, mitologia, mitologia egípcia, o Paraíso hindu de Amitâbha, o grande
concedendo-lhe um sentido de fábula e de relações Buda do céu ocidental, as Hespérides dos Gregos, o país
imaginárias, é para o observador a retranscrição de do Outro Mundo dos Assiro-Babilónicos e dos Polinésios.
acontecimentos autênticos, mascarados pela cor local. Na mitologia assiro-babilónica, o país dos Grandes
Ancestrais, «tornados imortais pelo Dilúvio», encontra-se
1
A tradição situa na Hiperbórea a fonte das iniciações masculinas. Uma coligação do
na extremidade ocidental da Terra, segundo a tradição, ou
Grupo Tule com os Amarelos não apresentaria, deste modo, uma aparente incompatibili- seja, do outro lado do imenso oceano que é preciso
dade, uma vez que, para os Brancos e os Amarelos, a busca iniciática condiziria à atravessar com risco da própria vida.
Hiperbórea. A mais antiga sociedade secreta dos Hung (século V) seguia o culto do grande
Buda branco e a crença no paraíso ocidental. A sociedade secreta dos Boxers, que lhe O herói Gilgamesh dirige-se à morada da deusa Sidouri
sucedeu, integra entre os seus membros a crença de um deus da magia: Tchen Wou, com o
seu tronco no pólo norte, o qual teria o poder de conferir aos seus fiéis a força dos antigos Sabitou, «que vive no extremo do mar, num jardim
deuses, a fim de lhes permitir «continuar as suas próprias façanhas nos tempos presentes»
(Histoire dês Sociétés politiques et secrètes. Eugène Lennhott. Payot, 1934.
maravilhoso, onde nasce a árvore que dá os frutos mais
Estas crenças celtas e chinesas convergem, como vemos, para o mesmo ponto do mundo
onde estariam acumuladas as forças de alta potência. Note-se também que o Palácio da
Luz, em Pequim, está orientado para o pólo norte. 1
Ref.: História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos.

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belos do mundo», a fim de lhe perguntar pelo segredo da Terra Nova — a Florida, outrora habitada pelos antigos
imortalidade. Mexicanos, a Florida pátria dos antigos homens, filhos de
Gilgamesh, cujo nome significa «Aquele que encon- Geia, a Terra?
trou a fonte» ou «O que viu tudo», recebe a seguinte e Por outro lado. a epopéia céltica, e, particularmente, a
estranha resposta: da Irlanda, traz-nos tal precisão de pormenores que nos
permitimos perguntar se o principal centro de cultura na
Oh, Gilgamesh.' Nunca houve passagem América primi-histórica seria Tiahuanaco, valorizada pelas
E ninguém, mesmo nos tempos mais remotos, atraves- esculturas da Puerta dei Sol, ou uma Tule situada na
[sou o mar. Virgínia ou na Nevada dos actuais Estados Unidos da
A passagem é difícil, o caminho é penoso América!
E as águas da Morte são profundas e fecham o acesso. A mitologia céltica revela pormenores curiosos sobre a
Portanto, Gilgamesh, onde pássaras o mar?
raça dos homens divinos detentores de uma ciência
desconhecida dos Celtas1, vindos do país do Outro Lado
Contudo, graças a uma certa magia, o herói chega ao do Atlântico para combater os gigantes da Irlanda.
paraíso de Outanapishtim, «O que encontrou a vida», após
Tendo em conta que noutras mitologias — andina,
mês e meio de navegação.
egípcia, hebraica, etc. -- os «homens divinos», originários
Fica-se impressionado com a semelhança desta odisséia
do céu, trazem também eles uma civilização desconhecida
com a do herói grego Hércules: o jardim das maçãs
maravilhosas, a viagem à América, o sãs, ou a passagem e lutam contra gigantes, como a tradição irlandesa, é
que é preciso saber descobrir para chegar ao destino!. . . provável que estas relações tenham uma base comum e um
caracter de autenticidade insuspeito.
O Omeyocan dos Mexicanos, lugar onde habitam os
deuses e as crianças que vão nascer, «é idêntico ao Eis, segundo a Mythologie Générale (G. Roth e Félix
Paraíso do Oeste, Tamoanchan, o país dos velhos deuses e Guirant, Ed. Librairie Larousse), quem eram estes homens
das gerações passadas, do milho maduro, do nevoeiro, do da raça divina:
mistério, a região onde os povos antigos saíram de um Enfim, vindos das ilhas do Oeste, onde estudavam
buraco aberto na terra», escreveu Jacques Soustelle1. magia, chegam (à Irlanda, cerca de 2000 anos antes da
Paraíso do Oeste . . . gerações passadas. . . país do nossa era) os membros da Tuahta Dê Danann.
nevoeiro e do buraco aberto na terra: não evocará esta Trazem talismãs: o gládio de Nuada, a lança de Lug, o
narrativa -- bem como a aventura de Gilgamesh, «Aquele caldeirão de Dagdé e a Pedra do Destino de Fâl, que
que encontrou a fonte» do outro lado dos nevoeiros da grita logo que o rei legítimo da Irlanda se sentar nela.

'La Pensée cosmolngique chez lês anciens Me.ticains. Paris, 1940. 'Ref.: Lê Livre dês Invasions — Celtic Mvthologv and Religiim (Stinling, 1919).

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Após numerosas guerras, narradas no Livro das Inva- Anteu é filho de Geia, a Terra, e de Posídon, deus
sões, os homens divinos, muito pouco numerosos e talvez urego do mar, da navegação e deus supremo dos Atlantes,
enfraquecidos pelo mal misterioso que minou Prometeu, cuja capital tinha o nome de Posídonis.
decidem regressar ao País do Outro Lado (do Oceano), não Por que motivos explícitos lutou Hércules com Anteu?
exigindo, em compensação, senão um culto e sacrifícios Porque o herói quer ir «buscar as maçãs de ouro que as
celebrados em sua memória. Hespérides, filhas de Atlas, guardavam num jardim fabu-
Abandonando a ilha de Erinn (Irlanda), regressam ao loso, nas extremidades do mundo ocidental, do outro lado
seu país natal, chamado Mag Meld (a planície da alegria) do rio Oceano».
ou Tir-nan-Og (a terra da juventude). Anteu, que, como Hércules, não foi talvez uma
Ali os séculos são minutos: os que aí vivem não personagem real, mas um símbolo, tem por missão pôr à
envelhecem; os prados estão cobertos de flores eternas. . . prova o viajante para o Outro Mundo, exactamente como
Roth e Guirant dizem-nos um pouco mais: na demanda do Graal 1 .
A este Éden céltico (que recorda o país encantado dos Hércules, herói iniciado, naturalmente vencedor da
Hiperbóreos) corresponde, na mitologia da Grã-Bretanha, prova e, prosseguindo o seu caminho, mata a águia que
o Avallon (ilha das Macieiras), onde repousam os reis e os 1
Alguns simbolistas e partidários da astrologia acharão estranho que procuremos uma
heróis defuntos. . . explicação literalmente mitológica, conquanto nos pareça discernir já uma nítida
Será necessário dizer que estas relações se inscrevem interferência dos signos do zodíaco.
Que haja por vezes coincidência, e mesmo uma certa influência, estamos francamente de
intimamente na tese dos Estados Unidos, berço da humani- acordo, mas, por mais aventurosa que possa ser uma tentativa de reconstituição histórica,
dade, a Florida coincidindo exactamente com a Mag Meld não se pode. todavia, omitir os seus pormenores acerca das flutuações planetárias!
Neste sentido, a Cavalaria, a Idade Média, a Guerra dos Cem Anos. a redescoberta da
céltica. o país da Hiperbórea, e com o Jardim das América, a Revolução de 1789. Napoleão, a Guerra da Secessão, o advento do
Hespérides? Comunismo e os actuais conflitos sociais seriam meras projecções terrestres do
mecanismo dos astros.
Assim, seria suficiente estudar a astrologia para reconstruir a história e profetizar o
O JARDIM DAS HESPÉRIDES futuro!
Não faltam autores que o tenham feito, m u ; as suas explicações, baralhadas, fastidiosas.
incompreensíveis para o profano, nunca '.iveram caracter convincente. . .
Por outro lado. é razoável e lógico pensar que os factos muito antigos não possam ser
Na mitologia grega, para chegar ao País das Maçãs de transmitidos através dos séculos e mesmo conservados pelos iniciados, a não ser que
Ouro era preciso vencer as barragens inimigas que simboli- eles sejam expressos textualmente e. para retomar um termo da Tora. «sem mudar um
iod». Mesmo com este rigor, chegam a ser profundamente deformados e tomam-se
zavam as lutas com Anteu, semideus e gigante, o qual, muitas vezes totalmente ininteligíveis.
mal se fatigava, reencontrava logo a sua força cada vez Imagine o leitor uma descrição baseada sistematicamente em símbolos astrológicos.
considerando que. com dez autores contemporâneos escrevendo deste modo. se
que tocava com o pé a Terra, sua mãe. obteriam dez transcrições diferentes, sobre as quais os dez autores não conseguiriam
Torna-se, pois, interessante conhecer a genealogia nunca pôr-se de acordo, já que cada um tem o seu método, a sua chave, o seu
sistema . . . e a sua opinião prévia!
deste lutador mágico, colocado no caminho da demanda 2
A mitologia diz que Hércules aprendeu de Nereu. filho de Geia. esposo da Oceânida
para impedir a passagem ao bom herói Hércules. Dóris (sempre o mito do oceano), o meio de chegar ao país das Hespérides.

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devorava o fígado de Prometeu, o Atlante (acabamos, Anotamos ainda uma coincidência, relativa a este
sempre, por falar neste tema. . .), e chega, finalmente, ao Atlas, filho de Oceano, segundo algumas tradições, ou,
Jardim das Hespérides2. segundo outras, filho, como Prometeu, o Atlante, do titã
Eram laranjas essas maçãs de ouro? Japet e da Oceânida dos pés bonitos1.
É o que os verdadeiros exegetas têm pretendido fazer Atlas estava condenado «a permanecer de pé diante das
crer; mas é evidente que Hércules nunca iria tão longe Hespérides nos limites da terra».
procurar frutos produzidos com fartura na Grécia e na Estamos ainda no oceano Atlântico, no Outro Mundo,
maior parte das regiões vizinhas! e aí permaneceremos irremediavelmente com as Hespéri-
Não! Tratava-se de maçãs, maçãs de ouro, infinita- des (que eram ao mesmo tempo as sentinelas e o Jardim
mente preciosas, parentes próximos da maçã de Eva Maravilhoso).
colhida no Paraíso na árvore da Ciência1.
Maçãs do Conhecimento, evidentemente, que a sábia
VENUS OMNIPRESENTE
Atena guardou em qualquer lado, pois conhecia muito bem
o seu terrível poder, mas também maçãs-fruto, desen- A genealogia das Hespérides não deixa qualquer
volvendo-se no paraíso que é a Florida, fabuloso jardim dúvida sobre o sentido preferido pelos Antigos: são filhas
dos Estados Unidos, «nas extremidades do rio Oceano».
Hércules foi ajudado pelo gigante Atlas na sua missão
nas Hespérides. Não pensamos que Cézanne. pintor maraviilhoso mas absolutamente ignorante em
matéria de amor, da mulher e do esoterismo, tenha podido sonhar o profundo
significado da maçã.
1
A maça. da qual Cézanne pensou ter feito a síntese na sua pintura, tem um sentido Através do seu pudor burguês e da multiplicidade dos seus complexos, não pintou ele as
esotérico muito elaborado na tradição ocidental. suas banhistas olhando um grupo de dragões a tomar banho no rio'.' Que pensaria disto
Simboliza, ao mesmo tempo, a matriz, o amor. a mulher e o conhecimento, sob o signo Renoir?
1
do erotismo (e não do amor. porque o amor não é senão a criação estática, enquanto o Prometeu, filho da Oceânida -dos pés bonitos- (Orejona, a Eva das tradições andinas
erotismo é a superação e a subtileza na criação). tinha também uns bonitos pés), teve três irmãos, entre eles Atlas, o Atlante. que
Cortada ao meio. deixa aparecer, curiosamente, os órgãos da mulher; no centro, a guardava o Jardim das Hespérides nos limites da terra ocidental
vulva, que esconde os ovários. onde estão os grãos negros da semente: a parte de baixo, Depois da revolta dos titãs, «que abalou a Terra e o Céu». Prometeu, -cheio de um
redonda em forma de ancas, tem o aspecto misterioso e inquietante do ânus feminino . . . profundo rancor contra os exterminadores da sua raça. vingou-se, favorecendo os
Não é por acaso que os povos católicos quiseram que a maçã (não sendo mencionada homens em prejuízo dos deuses-.
nos textos, pensar-se-ia antes no figo!) fosse o fruto proibido da árvore do pecado, Na linguagem secreta encontramos aqui a narrativa grega da imersão da Atlántida e da
roubada e oferecida por uma Eva. atormentada na sua carne e na sua imaginação, a um transmissão da ciência atlante aos homens do nosso continente através de Prometeu.
Adão bem menos inteligente que ela e a quem não se deve verdadeiramente o fantástico iniciador dos Egípcios, ~pai da raça humana posterior ao Dilúvio-, e que se identifica
insulto, gerador do nascimento, da morte e. por conseqüência, da evolução. Neste perfeitamente com o Ouetzalcoalt venusiano dos Maias e Lúcifer. amigo dos homens da
sentido, Eva é bem mais que Adão a Primeira Inteligência da humanidade pensante. mitologia católica.
É também uma maçã. fruto do amor. que Paris oferece a Vénus. nascida naturalmente L importante notar que Prometeu está ligado ao planeta Vénus através de sua mãe e do
da -branca espuma-, exsudada na vasta matriz húmida que é o mar. pelo sexo mutilado irmão Atlas e que Lúcifer tem o nome do planeta (l.ucis = lux, e ferre = trazer) o mais
que pertence a Urano. brilhante do céu.
E as maçãs de ouro das Hespérides. sublimarão do fruto, explicam o trajecto oculto que Cukulcan. o herói civilizador mexicano, é também idêntico a Prometeu, a Lúcifer e.
leva ao conhecimento intelectual a partir do + e do — . ou seja. pelo erotismo, que é o principalmente, a Ouetzalcoalt. de quem imitou o desaparecimento partindo um dia -do
movimento e a inteligência do universo. lado onde o Sol se levanta-. E todos tinham pele branca, o que é muito estranho!

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do planeta Vénus e de Atlas, e irmãs de Fósforo (outra dade, pois que, por fim, chamou-o «Novo Mundo», o que
designação muito conhecida de Lúcifer, o qual representa é relativamente verdade1.
o próprio planeta Vénus matinal). Mesmo assim, o Graal teve uma certa eficácia e
Poder-se-á ser mais explícito? justificou mesmo até aos nossos dias o seu atributo de taça
Para os Gregos, Héspero era mesmo, por vezes, «o da abundância. Não são os Estados Unidos a nação mais
mais esplêndido dos astros que brilham na abóboda rica? A taça da abundância não é simbolizada, no nosso
celeste». tempo, pelo sinal mágico do dólar?
As coincidências entre as tradições andinas, a mitolo- Mas, por mais excelente que seja o vinho, traz uma
gia grega e o significado que se dá a Tiahuanaco são borra, e os cavaleiros da moderna demanda, permanecendo
demasiado freqüentes, precisas e explícitas para que não fiéis ao Graal, conferem-lhe um caracter mais esotérico,
vejamos aí senão o efeito do acaso. menos espiritual, e da taça-princípio passaram directa-
Incontestavelmente, o planeta Vénus, a ingerência mente a Tule, o centro da irradiação.
extraterrestre, o país do Outro Mundo e a América
(Tiahuanaco e Virgínia) desempenham um papel preponde-
rante na descrição primi-histórica que estes «mitos» pre- O SEGREDO DETERIORADO
tendem ressuscitar em nossa intenção.
Para compreender a desnaturação que o mito da
É o país do Outro Mundo, para onde, desde a aurora Hiperbórea sofreu no século xx com o Grupo Tule, é
da humanidade, partem em viagem e em demanda os necessário que estabeleçamos o sentido profundo da
heróis e os cavaleiros brancos. demanda.
Ali, encontram-se as maçãs de ouro do Conhecimento, À intenção nobre, à exaltação espiritual, à imensa
que irremediável e logicamente nos conduzem ao planeta preocupação política e moral dos antigos cavaleiros,
Vénus, aos ancestrais superiores de Tiahuanaco -- Virgí- sucedeu o sonho de dominação satânica dos aventureiros,
nia (a Green Land). baseado na força, no ódio, no espírito de superioridade
É nessa Terra Verde que encontramos o término da racial e no conceito do «povo eleito».
peregrinação às fontes onde existe o Graal e onde os
cavaleiros podem adquirir uma verdadeira força física e 1
Cristóvão Colombo não era um iniciado, mas a sua monstruosa sede de ouro, que foi o
espiritual. verdadeiro motor da sua aventura, fez-lhe pressentir a imagem virtual da verdade.
Por outro lado, estava muito documentado sobre a América e sabia em que lugar das
Simultaneamente à sua representação mística (a Taça), maçãs de ouro encontraria o ouro-metal que os Portugueses, no maior segredo, traziam
a Idade Média procurou o Outro Mundo que Cristóvão do Brasil desde 1480. É possível que os Templários, ou outros iniciados, tenham
ajudado e encorajado o genovês. com o fim de controlar a veracidade da sua
Colombo redescobriu, sem suspeitar da verdadeira identi- documentação.

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Na verdade, os Hebreus tiveram outrora essa detestável Deus, mais uma vez, está metido nesta aventura, mas o
ambição, e Josué, capitão de Jeová, foi, no mesmo (irupo Tule afastou-o do seu dogma, sem dúvida porque
sentido, o precursor de Átila, Gengiscão e Hitler. Ires mil anos depois de Josué tornava-se difícil fazer crer,
Após o seu desaire de 1918, alguns alemães iniciados mesmo às massas fanáticas, que o Senhor dava preferência
no ocultismo infernal e embriagados de pretensões «racis- a uma raça e autorizava o seu holocausto sangrento e o
tas», reorganizaram uma sociedade que se tornou cada vez genocídio.
mais secreta e que era ilegal em qualquer parte do globo. A palavra «ariano», segundo M. Duchinski, significava
O seu objectivo era o de criar uma raça superior — a nobre, ilustre e, por extensão, proprietário. O país de
dos senhores —, ou seja, um povo privilegiado que devia origem dos Arianos seria o planalto do Irão, mas,
subjugar o resto do mundo e governá-lo. tradicionalmente, situa-se na região do pólo norte, ou seja,
Surge, então, um homem de talento, Alfred Rosen- o país dos Hiperbóreos, os quais, por uma espécie de
berg, que editou num livro de grande sucesso, Der Mithus magia física — para nos basearmos nas teorias de Rosen-
dês XX Jahrhundert («O Mito do Século XX» -- Muni- berg —, teriam conservado a natureza essencial e o
que, 1920), as leis e a filosofia dos campeões arianos: caracter transcendental dos grandes ancestrais.
Basta ter sangue puro, assegura, para governar o O Grupo Tule havia sido fundado em 1910 pelo
mundo! professor Félix Niedner; a partir de 1919, adeptos como
Rios de sangue, inúmeras chacinas, montanhas de Paul Rohrbach, o barão Ungern von Sterberg, Karl
cadáveres iriam ilustrar, em vinte e cinco anos, o novo Haushofer, um discípulo de Gurdjieff, e o escritor Dietrich
mapa do mundo branco. Eckart, deram-lhe um novo impulso e um sinal de
reconhecimento — a suástica —, símbolo da evolução e
Na verdade, Rosenberg não inventava nada. No sé-
da rotação das estrelas à volta do pólo e da criação do fogo
culo xx, George Grant, Gobineau, Houston Stewart Cham-
entre os Hindus 1 .
berlain e, mais tarde, o alemão Ludwig Wilset, em Origem
e Pré-História dos Arianos, tinham já professado idênticas Segundo o historiador Pierre Mariel2, Dietrich Eckart
foi o iniciador de Adolf Hitler e fê-lo entrar no Grupo Tule
idéias, enquanto o historiador francês A. Picet, no seu
em 1922.
trabalho intitulado Migrações Primitivas dos Árias, anun- Com grandes dificuldades financeiras — talvez fosse
ciava o ressurgimento da raça dos senhores: mesmo um mendigo —, mas devorado pela ambição, pelo
Numa época anterior a qualquer testemunha histórica
e que se perde na noite dos tempos, uma raça destinada
pela Providência a dominar, um dia, o mundo inteiro ' O suástica é o emblema universal que encontramos em todos os povos. Está gravado
começou a crescer no seu primitivo berço. num lâmpada de pedra da gruta de Madeleine. nas tabuinhas de Glozel. nos calhaus de
Moulin Piat (Allier). nas muralhas pré-históricas do Mississípi e figura na inscrição da
Privilegiada entre todas as outras pela beleza do seu Newton-Stone (Norte da Escócia).
sangue e pelos dons da inteligência. ~L'Europe paíenne du XXe siècle. Ed. La Palatine.

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rancor e pelo idealismo colérico e sincero, um pouco Os hitlerianos, copiando alguns antigos ritos dos
clarividente por acréscimo, Hitler parece ter servido de Hebreus, quiseram, sem dúvida, provocar a confusão,
médium à conjura, que, progressivamente, mergulhava nas mas, de facto, a sua filosofia pertence a uma afecção
brumas do ocultismo duvidoso. psicopata onde interferem o histerismo e a loucura,
Paralelamente, movimentos análogos desenvolviam-se nitidamente caracterizados.
no continente europeu. A entrada do mago Hanussen no Grupo Tule, dá-nos
Em Londres, Paris, Berlim e Romaforam impressas uma confirmação espantosa de tudo isto.
revistas e brochuras clandestinas, onde se misturavam, Herschel Steinschneider, nascido em 2 de Junho de
curiosamente, o anarquismo, o espiritualismo, a demanda 1889, em Viena, na Yppenplatz, tinha vinte e sete anos
tradicional e o erotismo. quando, depois de ter engravidado a própria sobrinha do
Por volta do ano 1920 apareceu em França a Revista rabino de Lemberg, pensou afastar-se para evitar as
Báltica, onde, em primeiro lugar, foi examinado o problema devidas represálias.
dos descendentes directos dos ancestrais hiperbóreos, os Em Jitomir, na Rússia, empregou-se no pequeno circo
Lituanos, cuja escrita tem inúmeros pontos comuns com o ambulante do senhor Bellachini. Sob o pseudônimo de
sânscrito. Steno, foi, primeiramente, empregado para todo o serviço
A revista Os Polares (Paris, 1921) tinha a ambição de e, subindo gradualmente, tornou-se palhaço, engolidor de
ressuscitar o velho mito da Hiperbórea, mas é principal- espadas e vidente.
mente na Alemanha que esta literatura encontra um terreno Encontrámo-lo depois da guerra, em 1918, em Viena,
de eleição, com Altnordische dichtung und prosa, de onde veste uma nova pele. Já não é Steno, o adivinho,
Niedner, Auf gut Deutsch, de Dietrich Eckart, e Die nem o jovem judeu Herschel Steinschneider, mas um belo
Hanussen-Zeitung, o jornal do mago Eric Jan Van Hanus- e loiro ariano de modos bem-educados, de olhar misterioso
sen, o homem que teria substituído Hitler na função de e cativante, portador de um nome bem-sonante que atesta a
médium do Grupo Tule e que se tornou, por seu turno, o sua origem viking: Eric, Jan Van Hanussen e, por
seu astrólogo quase oficial. acréscimo, cavalheiro dinamarquês!

HANUSSEN CEM AMANTES EM TRÊS MESES!


Com o fenômeno do arianismo apareceu a dualidade da
demanda do Graal: Tornou-se mago da alta sociedade austríaca, colocando
— O Sol de Ouro e a demanda cavalheiresca do ao seu serviço a chantagem, a corrupção e o seu excepcio-
Conhecimento. nal encanto físico.
- O Sol Negro e a demanda do Grupo Tule da As mulheres das mais altas personalidades da capital
hegemonia política. austríaca são suas amantes e traem os segredos dos seus

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respectivos maridos, enquanto Hanussen joga aos adivi- É nesta época, segundo P. Mariel, que o mago entra no
nhos com elas, extorquindo-lhes uma verdadeira fortuna. Grupo Tule. Torna-se também o conselheiro oculto de
Diz-se que em três meses teve mais de cem amantes, Hitler e depois o profeta do partido da maioria dos
das quais se encontraram os seus sinais num ficheiro: Alemães.
Lilian. em 6 e 26. O dinheiro corre nos seus bolsos como um maná e o
Maria, em 12. amor preenche-o.
Marlene, em 20. É editor de duas revistas: Die Hanussen Zeitung, que
Eva, em 7, 14, 21. tira cerca de 150 000 exemplares e custa vinte marcos, e
Josefa, em 2 e 23. Die Andere Welt, mais especificamente consagrado ao
Assim, se se interpretar correctamente esta lista, pode ocultismo. Faz uma intensa propaganda do partido hitleri-
presumir-se que Maria e Marlene eram beldades de um ano, subsidia o Grupo Tule. Conhece o conde Helldorf,
interesse relativo, que Eva era rica, que Lilian e Josefa se chefe dos SÁ, e o próprio príncipe Augusto Wilhelm, que
contentavam com dois encontros por mês. . . ele apresenta ao Führer!
Em 1919, a celebridade do mago é tão grande que ele
se torna vedeta do Teatro Apoio, de Viena, num número Possui um sumptuoso apartamento, cavalos de corrida,
de telepatia, vidência e hipnotismo. um Cadillac vermelho e um iate branco, o U mel IV, que
Em 1923 é rival, no circo, de Sigmund Breitbart, ostenta o seu pavilhão pessoal no lago de Potsdam e onde
recordista da Áustria em pesos e halteres, e, após extraor- gostava de promover as suas noitadas íntimas, vivendo em
dinárias aventuras, estabeleceu-se em Berlim, onde dirige galante companhia a dolce vita prussiana!
o Palácio do Ocultismo, em Lietzenburgerstrasse, e, a crer
nos jornais alemães, tornou-se «o maior vidente de todos ELE QUERIA DESTRUIR HITLER
os tempos».
O cenário começa a deteriorar-se em 1933, com um
O ENCONTRO COM HITLER artigo «incendiário» do jornal nazi Angriff («Ataque») que
Um dia, em casa do escritor nazi Hans Heinz Ewers, publica a seguinte informação:
apologista de Horst Wessel, poeta morto pelos comunistas, Hanussen, esse adivinho inscrito no partido, é um
Hanussen foi apresentado a Hitler, e o futuro senhor do charlatão, um escroque que quis enganar a polícia de
Reich pensou imediatamente na vantagem que poderia tirar Leitmeritz. (o que é verdade!). Além disso, é judeu e o seu
deste mago inteligente, ambicioso e sem escrúpulos. verdadeiro nome é Herschel Steinschneider. . .
Hanussen, por seu lado, fica certo de ter cativado este Hanussen procura, ainda, fugir ao perigo, mas Goeb-
homenzinho nervoso, irritante e apaixonado, que engendra bels quer a sua pele, porque suspeita de uma verdade
grandiosos projectos e prega teorias agressivas. espantosa: o mago é um espião!
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Naturalmente que não é um filho de Maria, mas, incendiado pelos comunistas. Quatro dias mais tarde, a
apesar das suas faltas, erros e vícios, permanece fiel à sua predição realiza-se e o famoso adivinho atinge o seu ponto
religião, ou então compreendeu tarde de mais os misterio- culminante.
sos objectivos do Grupo Tule. Em 24 de Março, quatro horas antes de fugir do Teatro
A polícia descobre, então, o passado do aventureiro Scala, onde dá um espectáculo, Hanussen é preso pelos SÁ.
judeu. Em 1931, no Congresso Sionista de Praga, ele teria Em 29 de Março, o seu corpo é encontrado na floresta
declarado: «Sou descendente dos rabinos miraculosas de de Potsdam, em Treptown, preso por um grosso arame e
Prossnitz.» Casou-se por três vezes, e todas elas com trespassado por cinco balas, todas mortais.
mulheres judias, tendo decorrido uma das cerimônias no O Grupo Tule «liquidou» o homem que «queria
dia l de Janeiro de 1928 na sinagoga de Ramburg, na destruir Hitler».
Checoslováquia. A verdade sobre este estranho assunto foi conhecida
Desnorteado, Hanussen quer remediar rapidamente a através de revelações do jornalista comunista Bruno Frei
situação. Esconde-se na casa de um pastor e converte-se (do jornal Berlin Am Morgen] e por declarações tardias de
oficialmente ao protestantismo. John S. Goldsmith, agente da Intelligence Service, e de
Este pastor, que o baptiza, será também quem o Pierre D., ex-agente do II Bureau francês.
enterrará.
O assunto é importante. . . tão importante que Hitler OS «ORDENSBÜRGER»
teria declarado:
É uma história nojenta;. . . preferiria perder três A partir de 1934, o Grupo Tule transformou-se numa
batalhas a suportar isto. . . (?) poderosa sociedade secreta, cujo nome não deveria ser do
Contudo, a verdade não transpirou ainda, pelo menos conhecimento público nem dos postulantes.
para o grande público, mas Hanussen quer fugir e terminar Para estes últimos, antes da iniciação, fazia-se correr o
a sua secreta missão: denunciar (ele, o astrólogo célebre) boato de que o Grupo era a Ordem Teutónica secreta1.
os malefícios do empreendimento hitleriano e profetizar a Os ritos dos cavaleiros da demanda do Graal foram
morte próxima do Führer. ressuscitados nos castelos das margens do Reno ou
Toda a Alemanha supersticiosa — pensou ele — reti- situados nos locais elevados e consagrados.
raria a sua confiança a Hitler e a sorte do mundo
mudaria. . .
Então, tenta o grande golpe: em 2 de Fevereiro de Esta Ordem Teutónica secreta não tinha, note-se, qualquer ligação com a verdadeira
Ordem que sobrevive em Portugal e nos Países Baixos. Sob a etiqueta de «Cavaleiros de
1933, nos salões do Palácio do Ocultismo, diante do Posídon» (sempre a cavalaria, o Oceano ocidental e a Atlântida), tomou a seu cargo a
escritor Ewers, do príncipe Augusto Wilhelm, filho do aventura do fundo do mar. Ver História Desconhecida dos Homens, capítulo XIX.
pág. 405. Esta ordem submarina está certamente relacionada com o Grupo Tule. Diz-se
Kaiser, do conde Helldorf, da actriz Maria Portales, da que os Cavaleiros de Posídon representavam o poder temporal do Exército Secreto
vedeta Siegfrid Arno, anuncia que o Reischtag vai ser Alemão, ao passo que o Grupo Tule era o poder espiritual. Talvez seja exacto.

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Ali, os jovens hitlerianos de elite preparavam os seus caça ao homem. A prova não deveria parar a não ser no
destinos heróicos saltando das altas rochas para o rio, caso de a vida do lutador correr verdadeiro perigo.
praticando desportos e perigosas lutas guerreiras, mas logo - A Prova dos Panz.er consistia em lançar blindados
se tornou evidente que este ressurgimento da cavalaria era sobre homens enterrados numa estreita trincheira indivi-
demasiado romântico e, por assim dizer, caduco. dual, estando cada um armado com uma bazuca rudimen-
Nasceram então os Ordensbürger, espécie de universi-
tar, o Panzerfaust (lança-foguetes).
dades secretas onde eram instruídos os novos cavaleiros do
Graal, os futuros membros do Grupo Tule. Logo que o Panzer passasse sobre o seu precário
Os Ordensbürger tinham um ensinamento triplo: abrigo, os homens deviam disparar imediatamente a sua
l.° Militar, semelhante à escola de Saint-Cyr, na arma e destruir, ficticiamente, o engenho 1 .
França, e às modernas escolas de formação policial. Os acidentes mortais eram numerosos, mas quem não
2.° Político, análogo à «Sciences-Po». aceitasse correr os riscos era irradiado do Grupo Tule.
3.° Oculto, semelhante às doutrinas de Gurdjieff 1 . No plano militar, os membros agregados eram chama-
Numa floresta da Renânia, entre pinheiros altos e dos a desorganizar internamente os regimentos de elite e as
verdes, ergue-se a silhueta branca e imponente do Castelo formações paramilitares, mas sempre a uma escala superior,
de Vogelsang, que era o Ordensbürger n.° l do Grupo ou seja, de chefe de estado-maior.
Tule, como principal sector do que agora se chamaria «a Nos nossos dias, esse tipo de infiltração é particular-
acção psicológica». mente efectivo nas formações paramilitares ou desportivas,
Os outros Ordensbürger situavam-se em Sonthofen, na por exemplo entre mergulhadores submarinos, onde a
Baviera, em Kròssinsee. na Pomerânia, e não longe da prática da educação física se mistura estreitamente com os
pequena cidade de Tule, na Vestefália, no Castelo de conhecimentos técnicos, que, em caso de guerra, teriam
Werwelsburg. uma importância insuspeitada.
Segundo o historiador Ray Petitfrère 2 , o treino psíquico O grupo dos Cavaleiros do Posídon, onde se integram
compunha-se de duas provas de uma particular selvajaria: mergulhadores de alta classe, é a principal secção de
- No Tierkampf, o postulante deveria lutar durante activistas do Grupo Tule.
doze minutos, de mãos nuas, contra molossos treinados na Os exercícios de espiritualidade e de concentração
mental, que eram regra antes de 1940 — e que o são
1
Georges Ivanovitch Gurdjieff, nascido no Cáucaso (1868-1949). era um aventureiro ainda, sem dúvida —, alternavam com cursos de história
desdobrado em ocultista iluminado. Taumaturgo, agente secreto ou simples charlatão, do povo ariano.
propagou estranhas, nublosas e fascinantes doutrinas que perturbaram muitos espíritos
fracos na Europa e na América. Talvez tivesse um certo gênio, mas não o conseguiu
nunca exprimir nos seus livros, os quais são ilegíveis, aberrantes e incompreensíveis.
Teve. contudo, influência em certas seitas religiosas. ' Idêntica prova vigora actualmente nos comandos da Marinha dos EUA e na Legião
2
La Mvstií/ue de Ia Croi.x Gammé, por Ray Petitfrère. Paris. 1962. Estranaeira.

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Professores ensinavam que o berço da raça branca, nos Tratava-se de arrancar com um bisturi os olhos de um
tempos longínquos, tinha sido a Hiperbórea, com a sua gato, de tal maneira que o pobre animal não morresse!
capital, Tule. Propagavam também o ódio ao povo judeu, No seu estudo sobre a Alemanha paga, Pierre Mariel
que -- diziam --se tinham apropriado indevidamente do relata os pormenores da prova, referindo-se a Dom Aloís
título de Povo Eleito1, atributo que, de facto, pertence por Mager, para afirmar que o ideal nacional-socialista consis-
direito aos Arianos e aos seus representantes mais evoluí- tia em identificar as «três concupiscências do pecado
dos, os Alemães. original» com os mais elevados valores do gênio humano.
Obviamente, o exclusivo racial aplicava-se também aos Hitler era o Médium de Satã, segundo Dom Alois
povos negros e aos ciganos, enquanto, por outro lado — a Mager.
necessidade é a mãe da lei —, Hitler tinha decretado em É certo que a magia influenciou consideravelmente os
1940 que os seus aliados japoneses eram «arianos honorá- chefes do Grupo Tule, entre os quais Hitler, Rudolf Hesse
rios»! e Karl Haushofer eram verdadeiros médiuns sujeitos a
Na Alemanha, o princípio da raça de sangue puro era transes e a visões proféticas.
tão estritamente observado que o Governo instituiu clínicas Hitler, atormentado pelo ocultismo, sujeito ao empi-
de esterilização e reprodução, as Lebensborn (fontes de rismo mais primário, como à tradição mais subtil, esperava
vida), onde se operava a selecção artificial. governar o destino da Europa a partir da hora astronômica
dada por pseudo-iniciados de Lhassa.
O RITO DO SANGUE A influência destas pitorescas personagens foi incon-
testável mas equívoca: conduziram o crédulo Hitler pelo
O rito do sangue é uma base imutável do culto caminho da derrota, menos pela verdadeira magia, de que
satânico, que reencontramos na iniciação dos membros dos eles eram executores incapazes, e mais por conselhos
Sonderkommandos, formações «fora de série», onde cada nocivos e traições.
entronizado devia — diz-se — alcançar, entre outras práti-
cas, o abominável «rito do gato», que se liga directamente
à magia satânica pela efusão de sangue e o horror do TULE E AGARTA
gesto.
Tradicionalmente, os lamas defendiam a sua raça e um
1
Ressalta do nosso estudo que, se o berço dos nossos antepassados foi efectivamente plano de hegemonia directamente rival do dos Germanos.
Tule, os Hiperbóreos. isto é, os homens superiores da primi-história, confiaram o
prosseguimento da sua missão aos Hebreus, que eram na época o povo mais evoluído do
De raça desconhecida, de língua insólita, os Tibetanos,
mundo conhecido. assim como os autóctones da cordilheira dos Andes, vivem
Quanto à «Missão dos Arianos», e. particularmente, dos arianos alemães, pode
explicar-se por uma reacção política e psicológica onde entra um evidente complexo de
a quatro mil metros de altitude em altos planaltos semea-
inferioridade ou, pelo menos, de frustração. dos de lagos de água salgada.

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Uma lenda — mas será mesmo? — afirma que sob a - Os Vikings, cujas tropas de choque estão prontas a
cadeia do Himalaia, nas imediações de Shambalha e de sustentar a luta na África do Sul e em Angola, por
Chigatzé, estende-se o vasto reino subterrâneo do Senhor exemplo, pela defesa do homem branco.
do Mundo. Por fim, nos Estados Unidos, num plano mais estrita-
Este reino, centro mágico oriental, chamado Agarta, é mente racial, a Ku-Klux-Klan é uma organizaçso de poder
o pólo contrário do centro mágico ocidental da Hiperbórea, soberano que pode contar com o apoio secreto, mas
de que Hitler sonhava ser o imperador. eficiente, de uma grande parte da população americana
Repare-se agora no estranho conluio que podia existir branca.
entre: A Ku-Klux-Klan espera «defender a raça branca contra
- Hitler e o Grupo Tule, expressão do mito da a impureza e a deterioração suscitada pelos Negros».
Hiperbórea e da raça branca; Sob o lema «Império Invisível», propunha, também
- Gurdjieff (presumimo-lo) e o Grupo de Chigatzé, esotericamente, ressuscitar velhos rituais nórdicos. E pen-
expressão de Agarta e da raça desconhecida representada sa-se desde logo na Hiperbórea!
pelos Tibetanos 1 . Há quatro milênios, toda a política oculta do mundo
Em 1947, o Obergruppenführer Hans Muller fundou foi, conscientemente ou não, baseada no conceito de
uma associação secreta, a Franc-Ordre, na intenção de privilégio e supremacia racial.
perpetuar alguns princípios enaltecidos no III Reich. Esta Os misteriosos «anjos» extraterrestres da primi-his-
associação, ligada ao Grupo Tule pelas suas afinidades tória, os Hebreus, os Árabes, os Latinos, têm, uns após
ideológicas, é internacional e associa militantes, os quais, outros, e muitas vezes no caos, imposto o seu gênio no
depois da iniciação, têm acesso a sete graus: Voluntários, decurso da evolução.
Predominantes, Pares, Cavaleiros, Visitantes, Mestres, Mas o ciclo da raça amarela desponta no horizonte do
Grandes-Mestres. futuro, e os homens brancos, ansiosos, começam a
Encontramos aqui uma hierarquia que se assemelha à conceber que as lutas internas no seio da fraternidade
dos Templários e à dos Cavaleiros Porte-GIaive. branca são caducas e perigosas.
Outros movimentos europeus têm pontos comuns com A guerra de 1939 1945 foi — esperamo-lo — a última
o Grupo Tule: tentativa de hegemonia, enfeudada ao mito da Hiperbórea
- O Ocidente, que reagrupa os sobreviventes da e do Graal, mito degradado na sua base e nos seus ritos
«Jovem Nação» (dissolvido depois do caso OAS). pela submissão a uma política odiosa.
O Grupo Tule obstina-se nesta política insensata?
Podemos suspeitar que sim, se acreditarmos na boa-fé de
'Trataremos deste assunto em pormenor no capítulo X X I . intitulado ~ A Central do um responsável do Grupo Posídon, que declarava em
Segredo Amarelo».
1964:
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Hitler mandou morrer nas planícies soviéticas a elite


da juventude hiperbórea. Por isso, ele é o maior crimino-
so do século!

302
CAPITULO XV

A VISÃO DE EZEQUIEL

Á vinte e seis séculos, «no ano 30, ao quinto dia do


H quarto mês», o profeta Ezequiel, encontrando-se
cativo na Babilônia, nas margens do rio Chebar,
teve o que se chama uma visão1.
Teria sido esta visão, como o crêem os teólogos,
suscitada por Deus? Teria sido fruto da imaginação ou
relataria uma cena objectiva? Ninguém ousaria aventurar-
-se numa outra alternativa sobre a realidade dos factos; no
entanto, não se pode negar que a descrição do carro
celeste, visto por Ezequiel, nos espanta pelos seus porme-
nores precisos, inabituais, e pela sua correlação com o
fenômeno conhecido nos nossos dias sob a denominação
de «objectos voadores não identificados».
Em resumo, os exegetas sustentam que o profeta foi
testemunha da aterragem de um engenho intergaláctico e
que foi instruído pelos ocupantes do aparelho.
Ezequiel (em hebreu Khirkiel: aquele que Deus fortifica)
é o terceiro e o mais estranho dos grandes profetas. Viveu

1
A cena ter-se-ia desenrolado cento e sessenta quilômetros a sudeste da actual cidade de
Bagdade.

303
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

no século vi antes da nossa era e durante o cativeiro da Moisés, principalmente, tem freqüentes contactos com
Babilônia recebeu de Deus o dom da profecia. o Senhor e a sua nuvem, e em todas essas ocasiões o povo
Os quarenta e oito capítulos do seu Livro, que se situa de Israel teve de permanecer à distância: ele pode ouvir a
na Bíblia entre as «Lamentações» e o «Livro de Daniel», «glória do Senhor» (o barulho do motor), mas não deve
são uma seqüência de imprecações, maldições e relatos por vê-lo»!
vezes tão escabrosos — partindo embora de uma grande Por outro lado, a nuvem vem do Aquilão, isto é, do
preocupação moral — que a sua leitura chegou a ser Norte, país dos Hiperbóreos.
interdita aos jovens hebreus em dada altura, não sendo Vemos aqui apenas um indício, mas que tem a sua
menos recomendável às jovens raparigas cristãs! importância.
Por certo há um sentido obscuro na visão de Ezequiel e 5 - - E no meio deste fogo vê-se um vulto (a figura) de
nos seus estranhos pormenores: acreditamos mesno que aí quatro animais que eram desta espécie: via-se um vulto de
se encontra a chave de ouro que pode abrir o tabernáculo um homem.
inviolável da Cabala. 6 -- Cada um deles tinha quatro caras e quatro asas.
Daí que, com uma grande atenção, vamos descortinar l - - As suas pernas, perfeitamente direitas, tinham
este mistério e analisar o sentido profundo das imagens. cascos como os dos bois: e cintilavam como o aço polido1.
8 -- Por debaixo das suas asas saíam mãos humanas:
cada um tinha quatro caras e quatro asas.
A ATERRAGEM DO CARRO CELESTE
Ezequiel começa então a descrever os ocupantes da
Ezequiel inicia assim o seu primeiro capítulo, de que máquina voadora, descidos do aparelho. Diz-se tratar-se de
tomamos os principais versículos: «animais de aspecto humano». Não se iludam a este
4 -- Eis a visão que se me apresentou. Um turbilhão respeito: trata-se de querubins, porque mais adiante, no
de vento vindo do lado norte e uma grande nuvem, e um capítulo X, ele anota: «Reconheci que eram querubins.»
fogo que o cercava, e uma luz que brilhava à sua volta: e Di-lo-á por várias vezes e chamar-lhes-á indiferentemente
no meio (quer dizer, no meio do fogo) havia uma espécie querubins ou animais. . . e, noutro ponto da narrativa, fala
de metal brilhante. em homens!
Na nossa interpretação, concluímos deste modo: o Os querubins bíblicos não eram, como geralmente se
julga, seres imateriais, análogos aos anjos, mas uma
carro celeste de Ezequiel, ou «nuvem», era — aliás como
espécie de animais que asumiam, grosso modo, as funções
o reconheceu o profeta — uma máquina voadora! das esfinges, entre os Egípcios, dos ankas, entre os
Em relação a isto, é muito importante notar que estas Árabes, dos simurgs, entre os Persas.
nuvens são muito numerosas na história bíblica; procedem
ou transportam o Senhor, guiam os Hebreus, transportam
1
Noé para o salvar do Dilúvio e conduzem-no Ao que dita a Comparar com a «Visão de João» no Apocalipse, capítulo I — versículo 14: «Os seus
pés eram semelhantes ao bronze fino quando sai incandescente da fornalha: a sua voz
Lei. igualava-se ao barulho de grandes águas.» Reminiscéncia do carro celeste'.'

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Eram semi-homens, semianimais e a sua missão tradi- pelo tempo e pelas múltiplas cópias. De qualquer modo,
cional era, entre os Hebreus, a de guardar o Paraíso e, apercebemos através desta narrativa que «os querubins»
entre os Gregos, de cuidar das maçãs de ouro do Jardim estão munidos de uma espécie de helicóptero individual.
das Hespérides1. São, em suma, os rocket belt men.
Na tradição, era crença geral que «a majestade de Deus 10 -- Quanto ao aspecto da face, era a seguinte:
se manifestava por dois querubins», o que explica a tinham à frente, os quatro, uma face de homem; todos os
existência dos que foram esculpidos na Arca da Aliança e quatro uma face de leão, à direita; todos os quatro uma
nos muros do Templo de Salomão. face de touro, à esquerda, e todos os quatro uma face de
O Êxodo e os Reis (IV-24) dizem-nos que os querubins águia.
tinham cabeça e mãos humanas. No capítulo X--Versículo 14, diz:
Como tudo isto é curioso e corresponde à idéia que os Cada um destes animais tinha quatro faces: a primeira
seres primitivos poderiam fazer dos aviadores e cosmonau- era a de querubim, a segunda a de homem, a terceira a de
tas provindos de escafandros espaciais análogos aos que leão, a quarta a de águia.
estão gravados na Puerta dei Sol, de Tiahuanaco! \3--No meio destes seres vivos, via-se qualquer
Análogos, também, aos escafandros dos nossos moder- coisa semelhante a carvões incandescentes, como lâmpa-
nos pilotos de «caça» ou de engenhos espaciais, com as das que circulavam por entre eles; e deste fogo, que
suas polainas metálicas ou de matéria luzidia plástica.
projectava um clarão ofuscante, falseavam relâmpagos.
14 -- Estes seres vivos corriam em todos os sentidos,
QUERUBINS EM HELICÓPTEROS à maneira de raio.
Um dos melhores técnicos franceses dos OVNI, Fran-
Falaremos mais adiante das quatro faces, mas é preciso çois Couten, viu nisto a imagem de quatro homens
notar que Ezequiel atribui apenas duas mãos a cada deslocando-se no ar por meio de aparelhos individuais,
criatura e por outro lado dá-lhes quatro asas, o que pode sem que o seu corpo rode ao mesmo tempo que as pás dos
corresponder às pás do helicóptero. seus helicópteros.
9 — As asas tocavam uma na outra. Quando caminha- Estes homens trazem fatos de vôo ou escafandros, cuja
vam não se voltavam; cada um ia direito diante de si. superfície tem um aspecto metálico e reflecte os jactos de
chamas vivas que se escapam das agulhetas.
Evidentemente, não pretendemos que esta descrição
Quanto à sua semelhança com o touro, a águia ou o
seja rigorosamente exacta, pois foi, sem dúvida, deteriorada
leão, ela parece poder extrair-se bastante nitidamente da
forma do capacete, da máscara, do microfone, etc.
' Se identificarmos estes querubins aos cosmonautas, encontramos neles as sentinelas do
país dos Hiperhóreos.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Aqui é maior a evidência: trata-se de quatro rodas que


AS RODAS VOADORAS pensamos sobrepostas com uma pilha de pneus. Esta
máquina é enorme, o que explica que os rocket belt men
A narrativa seguinte vai descrever uma máquina estra- possam sair dela com os seus helicópteros individuais, e
nha a voar pelo espaço: possui fileiras de janelas no seu casco quádruplo.
15 -- Ora, enquanto eu contemplava estes seres, vi na 19 — Quando os querubins se deslocavam as rodas (a
Terra, ao lado de cada um dos quatro, uma roda (versão maquina) deslocavam-se ao seu lado, e quando se eleva-
protestante) vam da terra as rodas também as seguiam.
ou 20 — Para onde o Espírito os fazia ir, para aí iam.
Quando o Espírito os erguia, as rodas elevavam-se com
15 -- Logo que vi olhei para estes animais, vi apare- cies. porque o Espírito destes seres vivos estava também
cer perto deles uma roda que estava sobre a Terra e que com as rodas. . .
tinha quatro faces (versão do Mestre de Sacy). ••A roda de Ezequiel», escreve François Couten, «é a
Tudo isto é interessante, porque contraditório em descrição exacta de objectos voadores observados e foto-
pontos de fácil rectificação. grafados inúmeras vezes nestes últimos anos por testemu-
- «Há uma roda em baixo», diz o texto. nhos em todo o mundo.
Registe-se que o profeta nunca menciona as rodas e as
- «Vi aparecer uma roda», diz o outro.
lisas ao mesmo tempo, o que demonstra tratar-se de coisas
A primeira versão é, sem dúvida, a melhor: a roda (diferentes.»
estava lá. não apareceu de repente! 22 — Por cima da cabeça dos querubins havia como
Mais importante ainda: \(iuc um firmamento brilhante como cristal estendido sobre
- «Uma roda em baixo perto dos quatro querubins». \d sua cabeça.
- Uma roda que tinha quatro faces. Não é a imagem do elmo dos cosmonautas do sé-
A segunda tradução é a pior, tudo o indica. j t i i l o xx, feito de matéria transparente?
\6--O aspecto destas rodas eram como o da pedra 24 — Eu ouvia, enquanto caminhavam, o ruído das
preciosa de Társis (crisólito). Todas as quatro eram \\uns asas. parecido com o barulho das inundações, com o
semelhantes em forma e pareciam construídas de modo \IK>\'<U> do Todo-Poderoso; tal barulho era como o de um
que uma se encontrasse metida na outra (entre duas [i \crcito; quando paravam deixavam cair as asas.
rodas?). A analogia com um helicóptero, cujas pás fazem um
17 - - Podiam deslocar-se nas quatro direcções e não l>,milho ensurdecedor e caem quando o motor pára, é
retrocediam na sua marcha. s u f i c i e n t e para não nos deixar qualquer dúvida.
18--/4.V suas circunferências eram de uma altura No capítulo VIII, Ezequiel descreve uma segunda visão,
medonha e guarnecidas de olhos a toda a volta. j i n . i s . desta vez, a grande máquina das janelas não aparece.

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2 — Aparece-me alguém semelhante ao fogo ardente. conceito de intervenção divina e ousarmos aventurar-nos
Dos rins para baixo era fogo, e dos rins para cima era por esta hipótese!
semelhante a "um clarão tal como metal brilhante. Poderemos aceitar a existência de objectos voadores
Reconhecemos aqui um rocket belt man isolado, ou um seis séculos antes de Cristo?
pára-quedista defrontando os idolatras de Jerusalém. Nessa época ou nos nossos dias, os mesmos dados
\--Os que devem visitar a cidade estão próximo e permanecem e fazem-nos colocar o problema do «extrapla-
cada um tem um instrumento de morte na mão. netarismo»: sim ou não?
2 — Ao mesmo tempo vi sair seis homens (não fala em Para Gagarine, Titov, Glenn, Carpenter, para quatro-
querubins ou animais, pois familizara-se com a visão), centos milhões de russos e de americanos, para os
tendo cada um um instrumento de morte na mão. técnicos, cientistas e operários de Peenemünde (Alema-
Trata-se de uma expedição punitiva, pois, segundo nha), de Baikonur (URSS), de Cabo Kennedy e de
Ezequiel, os pecadores pensavam que o Senhor tinha Wallops Island (EUA) a resposta é categórica: a viagem no
abandonado a Terra (que os hiperbóreos tinham partido) e cosmo é teoricamente possível desde tempos imemoriais.
os cosmonautas entraram na cidade e mataram muita gente Parece-nos incrível que Ezequiel tenha podido imagi-
que «adorava o sol-nascente». nar, quase inventar, a máquina voadora de reacção e o
Aqui se manifestava, talvez, a chave do mistério: não é helicóptero com pás.
na direcção do sol-nascente que se adora Deus, mas para Visão? Premonição? Inspiração divina? Poder-se-ia
ocidente, ou para norte, onde se localiza «a imagem da sua admitir que ao milagre do «carro celeste» se tivessem
glória». sucedido profecias ou acontecimentos de uma amplitude
excepcional. Mas qual o resultado do prodígio? Maldições
banais contra os que não queriam acreditar nas
DIFERENÇA NO TEMPO profecias. . . a inevitável ruína de Jerusalém, de Tiro, do
Egipto. . . a verdade da palavra de Deus, etc. Em resumo,
Certamente que esta visão, estas máquinas e estes o arsenal ingênuo e repisado de todas as profecias bíblicas.
querubins suscitarão numerosos comentários, mas a sua Temos um comando de cosmonautas bíblicos que, de
identificação com uma máquina voadora e com os rocket metralhadora em punho, irrompe nas ruas de Jerusalém. . .
belt men é, segundo a nossa opinião, a única solução mas, ao mesmo tempo, não compreendemos este rebentar
razoável que se pode avançar. de bombas depois de uma reaparição tão particularmente
Se um pastor de Lozère fosse, na actualidade, testemu- miraculosa!
nha de um acontecimento tão fantástico, não utilizaria as Teria Ezequiel visto os aparelhos numa realidade
palavras do profeta hebreu? lisica? É pouco provável! Não nos parece haver senão duas
Resta saber o que vinham fazer à Babilônia estes soluções para esta aventura: ou Ezequiel conhecia pela
cosmonautas da Hiperbórea, isto se abandonarmos o tradição oral a história dos extraterrestres, e foi por ela
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atormentado durante meses, anos, até provocar esta descri- Os padres conciliares reunidos em Roma em 1964
ção, ou então Ezequiel não viveu no século vi a.C., mas preocuparam-se em avisar-nos que a Bíblia foi escrita «sob
numa época muito anterior, no tempo em que as máquinas inspiração de Deus», que preservava as narrativas de todos
espaciais dos Hiperbóreos ainda atravessavam os ares. os erros». . . mas, mesmo que se dê um sentido simbólico
Entretanto, se a diferença diz respeito a alguns séculos, às declarações do Senhor, dificilmente engolimos tais
apenas poderíamos ser demasiado prudentes, uma vez que incongruências!
o Livro de Ezequiel, mesmo admitindo que ele é de sua Na nossa análise, apenas podemos, pois, fazer fé em
lavra, foi consideravelmente recomposto, revisto, já nos relatos sensatos e gratuitos, ou seja, que não possam servir
nossos dias! Compete-lhe dizer o contrário da versão ou prejudicar os Hebreus e os cristãos.
original ou a verdade! Em resumo, no Livro de Ezequiel uma só coisa parece
Por exemplo, uma granada lançada pelos cosmonautas estar certa: a aterragem do carro celeste, embora não
para o interior do Templo, mesmo que ela devastasse ou possamos precisar a data em que se desenrolou o aconteci-
inundasse o altar do Senhor, seria traduzido do seguinte mento. O que poderia significar que o profeta tomou a seu
modo: cargo a tarefa de recriar a história mais antiga acerca de
Deus fez iluminar a sua glória no seu templo e sobre o «anjos» descidos à Terra, tal como ele a aprendeu do
seu altar. Maasseh Merkabad, da Cabala ou do Livro de Enoch.
Não era o barulho das hélices transformado no verbo
divino? O barulho das asas dos querubins ressoavam até ao
adro exterior e parecia-se com a voz de Deus todo-poderoso. O SEGREDO DO LIVRO DE ENOCH
Vimos que os «animais» da visão se tornaram sucessi-
vamente, pela boca de Ezequiel, «querubins» e «homens»! Parece que encontramos aqui, pelo menos assim o
cremos, a origem inicial do mistério ou do grande mito.
A Cabala (o Zohar) atesta a anterioridade do Livro de
LUZES SOBRE A CABALA Hnoch sobre todos os outros documentos da Antigüidade.
Lemos também que o profeta recebe de Deus ordem de Bendito seja o santo, lê aí, que levou Enoch deste
comer um livro e depois fazer pão de cevada, cozido sob mundo, para o servir, segundo o que está escrito. Porque
a sua cinza, com este pormenor pouco agradável (capí- Deus tomou-o para si.
tulo IV): Desde então foi escrito o chamado Livro de Enoch. No
12 — Cozinhá-lo-eis ao fogo de excrementos huma- momento em que Deus se apoderou dele, mostrou-lhe
nos, . . todos os mistérios do alto; mostrou-lhe a árvore da vida
15 -- O Senhor disse-me: «Concedo-te que substituas no meio do paraíso, as suas folhas e os seus frutos (o
os excrementos humanos por estéreo de boi, por cima do conhecimento e as suas diferentes disciplinas?). E vemos
qual procurarás cozer o teu pão!» Indo isto no seu livro. .

31: 313
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

No texto eslavo do Livro dos Segredos de Enoch mas os carros de fogo de Elias, Moisés e Enoch foram,
encontra-se a primeira descrição conhecida dos «anjos» objectivãmente, verdades físicas, assim como os homens
que desceram do céu para seduzir as mulheres dos providos de asas mecânicas.
homens. Sobre a identidade destes últimos não há qualquer
Ora, a descrição destes «anjos» tem uma correspondên- dúvida no capítulo XVI do Livro de Enoch, quando aquele
cia evidente com a dos querubins de Ezequiel e com a que foi enviado junto do Senhor (o chefe dos cosmonau-
maior parte das visões de santos ao longo dos tempos. tas?) ouviu pronunciar a sentença contra os rebeldes da
É importante notar que neste texto eslavo Enoch não os Armênia:
tratava por anjos ou santos, mas sim por homens: 3 -- Diz a essas inteligências celestes: tendes o Céu
Apareceram-me dois homens, tão grandes como nunca por morada: mas os segredos do alto não vos foram
vi na Terra: o seu rosto era como o Sol, que tornou os revelados; entretanto, conheceram um segredo iníquo.
seus olhos como duas chamas vivas; da sua boca saía um 4 - - Havei-lo mostrado às mulheres nas atitudes do
fogo e as roupas eram uma difusão de espuma, e os seus vosso coração, e através disso multiplicastes o mal à
braços tais como asas de ouro da cabeceira da minha superfície da Terra.
cama. . . 5 -~ Diz-lhes ainda: nunca mais obtereis graça nem
E no versículo 13 da visão de Ezequiel lemos: receberás mais a paz!
13 — O aspecto destes seres vivos era semelhante a Interpretado moderna e racionalmente, o sentido destes
carvões incandescentes e tochas flamejantes; o fogo ardia textos torna-se extremamente claro e atenua a lacuna da
entre estes seres vivos com um clarão ofuscante, lançando Bíblia quanto ao motivo do castigo, que sabemos tratar-se
relâmpagos. do Dilúvio: os cosmonautas confiaram às mulheres dos
Reencontramos também o vestuário dos cosmonautas homens segredos iníquos.
em «difusão de espuma», talvez escafandros de amianto, e Terá sido, pois, por terem revelado e praticado a magia
as asas de ouro nas pás do helicóptero. que os nossos ancestrais comprometeram a evolução da
Em 1224, Francisco de Assis, já eremita no monte de humanidade e do planeta.
Alverne, nos Apeninos, teve uma visão análoga: Relataria a Cabala oral estas verdades primordiais?
Vi descer do céu um serafim (anjo luminoso), tendo Tê-las-ia transmitido o Maasseh Merkabad através da
seis asas de fogo jorrando luz. . . Entre as asas aparecia a cfabulação que iludiu Aviceno, Lulle, Paracelso e todos os
figura de um homem crucificado. cabalistas e falsos iniciados?
Do palácio episcopal de Assis, Francisco viu «um É o que vamos tentar descobrir.
carro de fogo sobre o qual havia um globo de luz tão
brilhante como o Sol».
São Francisco de Assis poderá ter tido uma alucinação
— era sujeito a isso —, o mesmo sucedendo a Ezequiel,

314 315
CAPITULO XVI

A CABALA

ARA os tradicionalistas, se é certo que os antigos


P documentos foram interpelados e falseados com um
propósito político e religioso, é muito provável
também que a verdadeira gênese do mundo e os autênticos
manuscritos estejam conservados em, pelo menos, três
santuários: na biblioteca secreta do Vaticano, à qual nem o
próprio papa teria acesso; num local secreto — crê-se em
Espanha —, conhecido apenas por alguns rabinos inicia-
dos, e em Marrocos, onde os originais preciosos são
propriedade de chefes muçulmanos irredutivelmente con-
Irários à sua divulgação.
Em 1887, o sultão Abdul Hamid enviou a Espanha o
sábio Ibn At Talamid com a missão de examinar e, se
possível, recuperar os manuscritos deixados pelos Árabes
depois da sua partida, no século xv. Mais tarde, outras
delegações tentaram realizar idêntica missão, nomeada-
mente em Granada, Córdova e Sevilha.
Não será preciso que estes manuscritos tenham um
valor inestimável para motivar semelhantes preocupações?
Outros documentos, também preciosos e desconheci-
dos, estão bem guardados, em depósitos secretos, nos

317
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

mosteiros da índia e do Tibete, e cabe perguntar se algum A nossa ambição não é a de abrir a Porta Proibida
dia eles serão tornados públicos. (embora der nosso ponto de vista a versão escrita da Cabala
Parece lógico, neste caso, que as parcelas de verdade e não tenha o interesse excepcional que geralmente lhe
as narrativas autênticas não possam ser conhecidas senão concedem), mas elucidar alguns enigmas aplicando certos
através de escavações arqueológicas governamentais ou dados cabalísticos à nossa tese sobre a primi-história dos
dos apócrifos, como o Livro de Enoch, que parcialmente homens.
tenham escapado à censura dos conjurados sectários.
De qualquer modo, a Cabala dos Judeus passa por
esconder nos seus enigmas, símbolos e ocultismo, a O CARRO CELESTE
revelação das verdades transcendentais, o mistério dos
povos primi-históricos e da sua ciência. Originalmente, a Cabala divide-se em dois ramos
A Cabala — do hebreu Kabbalah: recepção, tradição— extremamente reveladores:
teria sido, por ordem divina, ensinada por Raziel, o anjo l.° -- O MAASSEH Bereschit, ou história da gênese
do mistério, a Adão, quando este foi escorraçado do (resumida no Sepher Jésirah).
paraíso terrestre. 2.° -- O MAASSEH Merkabad, ou história do carro
Os racionalistas, naturalmente, não dão qualquer crédito celeste (resumida no Zohar('.
ao que consideram uma fábula imaginada por espíritos Eis-nos, rapidamente, no coração do mistério, princi-
místicos. palmente quando se tem em conta o facto de o iniciador ou
cscriba número um desta Cabala ser um anjo cujo nome
Por seu turno, os cabalistas pensam poder explicar os
evoca, foneticamente, os dos cosmonautas citados no
segredos do Universo pela interpretação deste livro mágico,
Livro de Enoch.
cujos ensinamentos estranhos à nossa ciência terrestre
E um Anjo do Mistério pormenoriza a tradição!
dariam uma explicação ao «Misterioso Desconhecido»: o
A história deste «carro celeste» precederia em vários
poder secreto do ego humano, da palavra, da premonição,
biliões a do carro misterioso evocado pela visão de
da vidência, da levitação, etc. H/.cquiel (Bíblia, capítulo X); no entanto, evidentemente,
Estes ensinamentos têm os seus símbolos, sinais, trata-se da mesma máquina, ou seja, quanto a nós, de uma
números, matemáticas, em resumo, uma escrita que os astronave.
iniciados poderiam traduzir se possuíssem a chave do
sistema.
Durante séculos, gerações de empíricos procuraram A história do carro celeste (ou Zohar), segundo alguns historiadores, teria sido escrita e
líilvcv imaginada no século XIII, por R. Moíse de Léon. É preciso ter-se em conta a
esta perigosa chave: a maioria caiu na magia negra, na verdade dos factos; os manuscritos originais da Cabala, do Talmude, da Bíblia, etc., já
alquimia, e os que pretendiam ter resolvido o problema n.lo existem ou nunca existiram. Não possuímos senão transcrições em segunda ou
i r i i rira mão, nos casos mais favorecidos. Quer dizer que o texto primitivo se perdeu
nunca conseguiram prová-lo. Bflticamente.

318 319
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

O Maasseh Merkabad tem sido unanimemente conside- (premutação), o notarikon (sinal), a gematria (geometria),
rado como formando «o mais santo e mais importante» o que praticamente se decompõe em três operações:
ramo da Cabala. 1 - - Mudar o valor das palavras colocando a primeira
Dizem os rabinos que não deve ser divulgado «senão a letra em último lugar (thémurah).
um só discípulo de cada vez» com precauções e restrições 2 - - Estudar cada letra separadamente, sendo a palavra
infinitas». Há dois mil anos, apenas os grandes iniciados inteira considerada como uma sentença: tomar a primeira e
judeus, e no maior segredo, podiam falar entre si, e só ao a última letra de cada palavra de um versículo para se
ouvido. formar uma outra que revelará o sentido místico
(notarikon).
Depois, da tradição oral passou-se finalmente à escrita, 3 - - Procurar o sentido de cada palavra, substituindo
e na actualidade «a história do carro celeste» está conden- as letras que a formam pelos números correspondentes na
sada no Zohar. numeração hebraica (gematria}1.
Ora, efectivãmente, esta história só conserva o seu Estarão de acordo em que tudo isto é nítido, claro e
título, pois tudo o que se liga ao misterioso engenho, à sua preciso. . . um verdadeiro jogo de crianças!
origem, aos seus habitantes e aos seus conhecimentos A metafísica do Zohar é regida por três postulados:
superiores, foi censurado pelos rabinos, uma vez que a l.° - - Tudo tem um nome místico, a cuja pronúncia o
verdadeira Cabala, como nos tempos antigos, é privilégio portador do nome deve obedecer.
de iniciados e não se fala dela senão ao ouvido1. 2 . ° - - É impossível conceber Deus, o qual não é
O Zohar é o código universal da Cabala e também da mensurável, nem limitado, nem localizado, nem localizá-
Bíblia, a qual não se poderia interpretar sem ele. vel, etc.
Pressente-se uma espantosa maquinação urdida pelos anti- 3.° -- Existe um outro universo, de múltiplas dimen-
gos iniciados quando se sabe que para compreender a sões, desconhecido do nosso universo visível, povoado de
Bíblia é preciso consultar o Zohar, para compreender este forças superiores e onde, «por detrás da última cortina, ou
é preciso entender-se o tratado hermético, ou clavículas véu cósmico, se dissimulam as imagens de todas as coisas
(pequenas chaves), das quais as mais célebres e menos pré-existentes».
compreensíveis são as «Clavículas de Salomão». O princípio do nome místico (que se encontra na
E não é tudo! A explicação do Zohar só se pode fazer história do Graal) indica, pois, o poder soberano do verbo
utilizando um jogo de chaves iniciáticas: a thémurah em função de conhecimentos mágicos pertencentes ao
Misterioso Desconhecido.
' Censurar-nos-ão se dermos à «história do carro celeste» uma definição demasiado
literal e primária. Todavia, é preciso notar que todos os títulos das sagradas escrituras ou
l )ai a recomendação essencial dos talmudistas e cabalistas: não se pode mudar um iod
dos Apócrifos têm um sentido rigorosamente literal. A Bíblia: o Livro; o Talmude: o
no texto original. Faltando uma só palavra, permutada ou recolocada, todo o texto se
Ensinamento; a Tora: a Lei; o Zohar: a Luz, etc. Além disso, a nossa interpretação
torna incompreensível!
parece-nos mais profunda que a explicação simbólica.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Apenas o grande patriarca de Israel -- pensamos em


Moisés e Melquisedech — conhecia a pronúncia exacta do Marcareis o limite para o povo à volta do Sinai e
Tetraçrammaton ou nome sagrado de quatro letras que se dir-lhes-eis: Tomai cuidado para não subir ao monte nem
escrevia Y H W H (lave). se aproximar à sua volta. Aquele que tocar ou se
O princípio do Deus desconhecido, inconcebível, ilu- aproximar da montanha será punido com a morte. A mão
mina singularmente os textos da Bíblia e dão-nos uma do homem de modo nenhum o tocará para o matar
chave para elucidar os pontos mais importantes. (sublinhado no texto bíblico) mas será lapidado ou crivado
É demasiado evidente, segundo este postulado, que de flechas; quer se trate de um animal de carga ou de um
Deus não pode manifestar-se aos homens, nem ser visto, homem, perderá a vida.
nem mesmo ordenar. Mas, neste caso, quem falava a Não se trata de extrair interpretações extravagantes
Moisés, com quem se encontrou, face a face, o grande das palavras do Senhor, mas dar-lhes uma explicação
patriarca no monte do Sinai? razoável. Ora, em primeiro lugar ressalta à evidência que
A nossa opinião assenta neste ponto: Moisés encontrou existe um perigo mortal na aproximação do cume do
uma espécie de demiurgos, os tais homens superiores, Sinai.
identificados aos extraterrestres que conheceram Enoch,
Exactamente como se houvesse perigo de radiação, ao
Noé e Abraão!
qual Moisés escapou por meio de certas precauções, ou de
uma terapêutica da qual nada nos diz mas que os visitantes
FACE A FACE COM DEUS devem ter previsto em sua exclusiva intenção.
0 povo não imunizado deve permanecer fora da zona
Os encontros de Moisés com o Senhor são muito contaminada. Todo aquele que -- fosse homem ou ani-
estranhos e escondem uma realidade por certo muito mal - - entrasse na zona tornar-se-ia contagioso ou conta-
diferente da concepção ortodoxa. minado e deveria ser morto: não se poderia tocar no homem
No Êxodo, capítulo XX e seguintes, o Senhor diz: ou nojanimal radiactivo e ter-se-ia de o matar à distância,
Eu venho até vós numa nuvem sombria e obscura. . . lançando-lhe pedras ou trespassando-o de flechas.
ide encontrar o povo: que eles lavem as suas roupas. . . Qualquer que seja o preconceito que se possa ter contra
Nós traduzimos assim: O Senhor, ou seja, o iniciador esta interpretação, não torna mais fácil a substituição por
extraterrestre, tenciona poisar a sua astronave, clandestina- uma explicação mais plausível, tanto mais que o Senhor
mente; o pormenor da lavagem do vestuário irá sugerir, renova expressamente a sua misteriosa ordem:
mais adiante, a idéia de uma espécie de radiação ligeira Capítulo XXIV:
que poderia ser anulada pela ablução de água pura.
Esta hipótese necessita, para seu apoio, da descrição 1 - - E Deus disse a Moisés: Sobe até ao Senhor, tu e
seguinte: Aarão, Nabad e Abiu, e sessenta anciãos de Israel, e
prostai-vos à distância.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

2 - - Apenas Moisés se aproximará donde está o Recomendaram a Lot que «nunca olhasse para trás», e
Senhor, mas os outros não se aproximarão; o povo não a mulher deste morreu por contrariar o conselho, enquanto
subirá com ele1. «toda a região próxima perdia a sua verdura e cinzas
Repare-se que esta insistência é bastante esquisita! incandescentes se elevavam da terra como o fumo de uma
A glória do Senhor — a nuvem —, que pensamos ser fornalha». Sem dúvida alguma com a forma do cogumelo
uma astronave, brilhava como um fogo ardente do atômico de Bikini e de Hiroxima!
Sinai. . . como uma carcaça de metal polido, poder-se-ia Tudo isto é inteligível se o virmos à luz da tese dos
dizer. extraterrestres, conhecedores do segredo da cisão do
A tese da radiação obriga-nos a pensar que os cosmo- átomo. E se, por outro lado. Deus não é concebível
nautas eram eles próprios fortemente radiados, facto que (segundo a Cabala), torna-se necessário acreditar numa
poderia corresponder a uma necessidade sobre a qual as intervenção de seres humanos para explicar os fenômenos!
próximas viagens espaciais poderão dar-nos ou não a No Livro de Ezequiel, capítulos VIII-IX-X, lêem-se
razão. estranhos relatos respeitantes a uma arma misteriosa que a
Moisés, da entrevista que teve com o Senhor, refere nossa ciência experimental acabará, sem dúvida, por
«raios de luz sobre o rosto», e cada vez que devia voltar ao identificar!
tabernáculo colocava um véu no rosto, pormenor que IX -- E cada qual com um instrumento de morte na
parece significar uma medida de protecção semelhante à de mão.
um vestuário isolante. 2 -- Ao mesmo tempo saíram, então, da porta superior
Impõe-se uma aproximação à história da destruição de que dá para norte seis homens (vinham do Norte onde
Sodoma e Gomorra, alguns séculos atrás, quando os tínhamos situado a Hiperbórea), sustentando cada um, na
«anjos» anunciadores da punição divina tinham «atingido mão, o seu instrumento de morte.
com a cegueira» a multidão que os queria enfrentar X-2 -- E o Senhor disse ao homem que vestia de
(Gênese — capítulo XIX — 11). Unho: «Passa por entre as duas rodas, debaixo dos
(/uerubins, enche as mãos dos carvões incandescentes que
1
Isto é de facto espantoso e dá uma idéia da imprecisão da Bíblia. No capítul se encontram entre os querubins e espalha essas brasas
XXIV-1 — do Êxodo. Moisés sobe sozinho ao monte e o Senhor proíbe formalmente o sobre a cidade...»
Hebreus de ultrapassar o sopé da montanha. Depois, o diálogo, face a face. teu
unicamente lugar entre Moisés e Deus. O povo não pode ouvir as palavras come
formalmente o declarou Moisés no capítulo V-5 do Deuteronómio: -Fui então i
intermediário e o mediador entre o Senhor e vós. para vos transmitir as suas palavras. S i n a i alterando deliheradamente as declarações divinas: »O Senhor pronunciou estas
porque, aterrados pelo fogo. não vos aproximastes da m o n t a n h a . . . ' palavras com uma voz de trovão diante de Iodos, sobre a m o n t a n h a . . . "
Nota-se, desde já. uma contradição: não é Deus quem proíbe a aproximação do Sinai é Tralar-se-ia de se saber: pode dizer-se ou não a verdade? O povo ouviu-a ou não'1 Teve
o povo quem tem medo! medo de subir ao monte do Sinai ou foi-lhe interdita a escalada? Deus falou diante dele
Anteriormente, no capítulo IV-2. depois de ter declarado solenemente: -Não acres,vn ou apenas diante de Moisés'.'
fareis nem omitireis as palavras que vos disse. . . » . Moisés tinha relatado a cena iln [ • M I poucos anos. a verdade original evoluiu bastante!

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

de parte as catástrofes atômicas ou provocadas pelo


Tratava-se, efectivãmente, de homens, não de «anjos», homem, o próximo «fim do mundo» produzir-se-á cerca
e bastaram apenas seis para destruir a cidade de Jerusalém. do ano 3500.
Se Ezequiel descreveu uma cena viva. o mistério da No capítulo XLIV, dois versículos, de maneiras sibili-
arma terrível poderia ter algo a ver com a ciência atômica. nas, voltam-se sobre o Gênese:
l 113 -- Na Terra existia ENPIL1M, Ha-Nephilim, os
gigantes BART, BeAretz, para recordar os que tinham
O SENHOR DO MISTÉRIO partido e que não existiam na Terra.
l l 14 -- Estes gigantes que estavam na Terra GhZa,
Os poderes do ego que a Cabala divulga dá-nos, a Auza e GhZAL Auzael; os filhos de Elohim não estavam na
priori, uma impressão de grosseiro empirismo, onde, Terra; este é um arcano e todas estas coisas estão ditas.
todavia, vamos encontrar dados científicos espantosos
bastante próximos da teoria de universos paralelos de Incontestavelmente, o escritor do Zohar baralhou pro-
positadamente o problema, mas sublinha a sua importância
E. Falinski.
No Maasseh Bereschit, o primeiro homem foi criado excepcional: este é um arcano e todas estas coisas estão
simultaneamente em dois locais diferentes, ou, mais ditas (são verdadeiras).
precisamente, em dois mundos paralelos. Podemos, mesmo assim, conceber a trama deste segredo
Toda a angeologia cabalista nos habitua, por outro recordando-nos que Deus é inconcebível, que tudo é
lado, a evoluir do nosso mundo para o das entidades mais angeológico na Cabala, e que os anjos são seres que
subtis, aptas a realizar milagres. realmente existem num mundo (um planeta ou um universo)
Se o cabalista conhece a magia dos nomes e da palavra que não é o nosso.
pode chamar a si forças do invisível e operar ele mesmo Quantas incertezas nas especulações para onde nos leva
num universo situado fora do nosso. Aquele que conhece o a nossa sede de mistério!
segredo, que possui a chave, é um Baale ha Sod: um
Senhor do Mistério.
Alguns parágrafos do Zohar, de um hermetismo relati- O JOGO DAS TRADUÇÕES
vamente translúcido, conduzem talvez à origem inicial do
conhecimento. Mais do que na Bíblia, no Talmude, no Popol-Vuh e
O versículo l do capítulo l diz que «o Livro do nos Vedas, a tradução da Cabala apresenta dificuldades
Mistério descreve o equilíbrio da Balança. . . a sua pele é quase inultrapassáveis. Mesmo as suas grandes linhas
éter, é clara e fechada. . . os seus cabelos são como lã gerais são difíceis de discernir nesta charada sapiente, que.
pura. . . o mundo durará seis mil anos. . .» em princípio, não devia ser decifrada senão por quem de
É a explicação do ciclo do nosso tempo, com um direito.
começo obscuro e um fim nitidamente formulado: postas
327
326
O LIVRO DOS SFORF.DOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
É de facto impossível dizer claramente que homens
vieram doutro planeta; Moisés não era hebreu; a religião Segundo Pauly:
que ele impôs era egípcia, bem como o rito da circuncisão. Antes de todas as coisas, o Rei permitiu a transforma-
Os extraterrestres, até ao primeiro século da nossa era. ção do vazio num éter transparente, fluido imponderável,
tomaram a seu cuidado uma planificação da descendência semelhante à luz dos corpos fosforescentes. . .
da sua raça que conduzisse a uma espécie de linhagem de Segundo Paul Vulliaud:
iniciados. No princípio, a vontade do Rei esculpiu esculturas na
Entretanto, os judeus, herdeiros naturais e missionários luz do alto das lâmpadas que brilha do meio do Segredo
dos extraterrestres, apagaram o traço dos ancestrais supe- dos Segredos da Cabeça do infinito, emanou uma fumarada
riores para deixarem apenas o seu. da matéria informe fixada por um anel que nem era
Todas as escrituras ditas sagradas, os Apócrifos, os branco, nem preto, nem vermelho, nem verde, nem de cor
alguma. . .
textos antigos, têm sido interpoladas para que estas
Divirtam-se depois os leitores que escolheram a verda-
revelações incômodas sejam desconhecidas dos povos. deira tradução a usar nela as chaves do thémurah, do
Pelo contrário, para conservar a sua integridade através notarikon e da gematria!
dos séculos, a maravilhosa verdade oral foi necessaria- De facto, a história é um enigmático conflito entre o
mente transmitida pelos rabinos sob condição de «jamais passado, o futuro e o presente. . . e a interpretação que se
se mudar uma palavra do texto original». dá aos textos. .
Infelizmente, não é fácil pensar que esta verdade tenha
permanecido intacta. Qual o seu valor hoje? Não terão os
depositários do Grande Segredo falhado a empresa? CASAMENTO COM UMA NINFA
No Zohar, a passagem do relato oral à narrativa escrita
criou uma situação da qual dois exemplos de tradução dão Apesar do seu enganador mas fascinante mistério, a
o teor. Cabala não apresentaria mais interesse que qualquer
No primeiro capítulo, encontramos as seguintes inter- apócrifo se os alquimistas e os bruxos não tivessem
polações do mesmo versículo: os primitivos reis morreram, pretendido encontrar nela a essência substantiva da sua arte
por falta de alimentos; os reis primitivos morreram e as mágica.
suas coroas não foram encontradas. Os anjos e as criaturas maravilhosas abundam ali:
No mesmo capítulo, vejamos duas traduções do versí- ondinas. ninfas. gnomos «guardas de tesouros, de minas,
culo 15'. ilc pedreiras», salamandras habitantes do fogo. sílfides.
etc.
' V e r l.n Ktibballe-l.e Zohar. tradução francesa de Henri Chãteau. Paris. IX')S.
Uma ninfa torna-se imortal se conseguir casar com um
P. V u l l i u u d . t.es /f.víc.v fondamtnieatix de Ia Kahbulle. Paris, 1930. homem sábio: um gnomo adquire o mesmo privilégio com
uma mulher mortal.
32tí
329
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Todos os grandes homens nascem destas uniões que


Deus desejou promover desde o primeiro dia da criação.
Quereis adquirir o poder sobre as salamandras?
Ê preciso apenas concentrar todo o fogo do mundo através
de espelhos côncavos num globo de vidro: aqui está o
artifício que os antigos esconderam religiosamente e que o
divino Teofrates descobriu. Forma-se nesse globo uma
poeira solar suficientemente eficaz para que o vosso
projecto resulte.
Fórmula para atrair sílfides, ninfas ou gnomos:
Basta fechar um copo cheio de ar conglobado de água
e deixá-lo exposto ao sol durante um mês. Depois, separar
os elementos segundo a ciência. Obtém-se um íman
maravilhoso para atrair as ninfas.
As invocações cabalistas que favorecem os alquimistas
começam todas pela palavra mágica AGLA. composta
pelas letras iniciais das quatro palavras hebraicas Athab.
Gabar e Leolam Adonai (sois poderoso e eterno. Senhor).
Por muito válidas razões — deve-se confessá-lo —, os
racionalistas declararam sempre que a Cabala era uma
recolha de inépcias. o que é um facto parcialmente
verdadeiro, em que o sumo primordial foi adoçado em
doses infinitesimais e em fórmulas extremamente duvido-
sas, mas onde brilham, por vezes, pepitas de puro metal.
Todavia, face às interpretações e aos demais mistérios,
torna-se necessário uma opção: ou negativa, com uma
rejeição em bloco, ou positiva, experimentando encontrar
um fio condutor nesse labirinto diabólico.
Os empiristas optaram pela segunda proposta, se bem
que o Zohar se tenha tornado no formulário dos alquimis-
tas. dos máaicos e dos bruxos.

330
O MISTERIOSO
DESCONHECIDO
CAPÍTULO XVII

O LIVRO DO MAGO SCOT

sobrevivência da tradição, sendo um problema de


A memória, exigia dos iniciados uma faculdade inte-
lectual quase miraculosa.
A Icvitação. o poder criativo do verbo, a cura de
doenças, a própria ressurreição dos mortos, procediam de
um ensinamento transmitido a partir de provas iniciáticas.
Escrever encantamentos e fórmulas era trair.
Ao invés, as ciências modernas, principalmente a ato-
mística e a astronomia, exigem uma multiplicidade prodi-
giosa de letras, números e operações para se exprimirem.
Calcular no infinitamente pequeno e no infinitamente grande
tornou-se um trabalho de beneditino e. depois, uma impossi-
bilidade técnica que motivou o dealbar da cibernética.
As máquinas, os mhots e as calculadoras electrónicas
cfectuam. hoje. em alguns segundos, milhões de operações,
mostrando assim a complexidade vertiginosa para a qual a
nossa civilização se orienta.
Segundo os cabalistas. o conhecimento poderia ser
adquirido por processos psíquicos e intelectuais muito mais
simples, mas os investigadores racionalistas negam a exis-
tência desta ciência misteriosa.
O I.IVRO DOS SFGRKDOS TRAÍDOS C) LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Sem nos espraiarmos no arsenal familiar da empírico- Segundo a mesma ordem de idéias, os serviços do
-radiastesia. vidência. adivinhação — onde poderíamos en- Exército norte-americano treinam corvos para descobrir a
contrar manifestações que escapam a toda a explicação aproximação do inimigo, partindo do princípio de que o
científica —. é mais probatório tomar por exemplo alguns sentido destas aves é mais sensível e mais seguro que a
fenômenos onde. justamente, o Misterioso Desconhecido se detecção através do radar ou ultra-sons.
substitui, de um modo convicente. aos prodigiosos cálculos O Misterioso Desconhecido, mesmo tratando-se de uma
das máquinas electrónicas. ciência experimental ainda ignorada, não é pois um mito.

l'M A CIÊNCIA MISTERIOSA


O PORRE MONGE AMON
Ornitólogos e biólogos, tais como o alemão Gustav A máquina obedece ao homem, mas o homem ainda não
Kramer e o inglês Mathews. estudando as migrações das
sabe utilizar as possibilidades, ainda mais prodigiosas que as
andorinhas e das aves selvagens, demonstraram que elas se oferecidas pelas calculadoras electrónicas, que lhe são
orientavam constantemente segundo as posições das estrelas,
fornecidas pelo subconsciente psíquico.
do Sol. da Estrela Polar e da Lua. e também, tal vê/,
atendendo aos ventos, climas, magnitude terrestre e gravita- Uma tradição do Próximo Oriente ilustra esta tese acerca
ção universal. dos nossos estranhos poderes.
As principais fontes de luz que parecem guiá-las estão em Num convento de monges tabenitas, o padre Amon
movimento perpétuo: daí que o ponto de referência deva ser orava, meditava e, por uma renúncia total à sua grosseira
feito a cada instante. natureza, tentava atingir os cumes da perfeição em Deus.
Mathews. ao calcular as sucessivas rotas de um vôo Mas a sua profunda humildade fazia-o duvidar cruel-
migratório, concluiu que. em função da sua velocidade de mente da excelência dos seus sentimentos e da sua piedade, e
deslocação. seria necessário aos cientistas, para o guiar se alguém lhe perguntasse qual era o ser mais indigno da
cientificamente, o recurso às máquinas electrónicas. criação, com uma sinceridade extrema, ele designar-se-ia.
No entanto, as aves dispensam muito bem os cálculos de Atormentado por este complexo, o padre Amon foi uma
deriva, velocidade do vôo. velocidade das estrelas, os quais manhã ao encontro do padre superior e ousou exprimir-lhe
são automaticamente calculados, corrigidos, sincronizados um desejo:
pelo seu minúsculo cérebro, quase instantaneamente e com - Não sou digno de ir cantar na capela com os meus
uma precisão matemática. irmãos; a minha voz é rude, desafinada e não pode agradar
Assim, o animal possui um conhecimento, um sentido ou ao Senhor. Por vossa graça, nomeai-me para o posto de
um dom que. tal como na Cabala, substituem a ciência do irmão-porteiro, pois isso estará mais de acordo com as
homem por uma misteriosa. minhas fracas capacidades.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

O padre superior mostrou-se muito surpreendido com o Passado algum tempo, quando se preparava para atra-
desejo de um monge que todos amavam e tinham em grande vessar um grande deserto, teve oportunidade de encontrar
estima, mas acabou por satisfazer-lhe o desejo. dois monges agostinhos, os quais desde logo aceitaram a sua
Um mês depois, o padre Amon fez questão de ter outra companhia.
ocupação: Uma tarde, chegaram arrasados a uma cabana de barro
- Julgava ser capaz de abrir e fechar portas, mas o meu amassado com palha e aí decidiram passar a noite.
ouvido é um pouco duro e às vezes não ouço a campainha. A jornada tinha sido grande e fatigante, quente e
Por favor, gostaria muito de cuidar do jardim, transportara longa, e para recuperar as suas forças possuíam meia
estrume; queira Deus que me sinta capaz da minha tarefa.' cabaça de água, mas nem um pouco de alimento sólido.
O seu pedido foi aceite, mas o padre Amon voltou de - Isto não chega, diz um monge, vou rezar uma
novo à carga, pedindo para, sucessivamente, cortar madeira oração.
no bosque, ser sapateiro, pedreiro. . . em resumo, acabou Retirou-se para um canto da cabana, balbuciou algu-
por ser enviado para a floresta do Grand-Mont para reunir mas palavras e, de repente, milagrosamente, apareceu nos
molhos de lenha e transportá-los às costas para o convento. seus braços um grande pedaço de pão.
No caminho, fazia paragens, nas horas sagradas, para O padre Amon. deslumbrado, contemplava a cena
rezar e louvar o Todo-Poderoso. admirando o poder da misteriosa oração, mas também a fé
Mesmo assim, cada vez mais humilde e consciente da sua do orador! Como era preciso ser querido do Céu para obter
inferioridade, o pobre monge desesperava de ser amado pelo esta enorme graça!. . .
Céu e de lhe prestar as suas honras. Abriu-se, então, ao padre Ah! Não tinha sido a ele, ao pobre padre Amon, que
superior: tal privilégio havia sido concedido! Mas Deus era justo e
- Não possuo o tamanho desejado, a voz doce, e o olhar dava a cada um na medida das suas necessidades.
seguro. Quem quer que me veja, ao reparar no meu aspecto Na segunda etapa do deserto, produziu-se a mesma
miserável, tem grande piedade dos servidores de Deus. cena: o outro monge ajoelhou-se a um canto da cabana,
Quando dou o meu óbulo ele é quase insignificante, e quando murmurou uma oração e o pão dourado surgiu do nada!
cuido de um doente nem sempre lhe preservo a vida. Bom O padre Amon louvou a Deus pelo milagre, louvou os
padre superior, autorizai-me a fazer a peregrinação à seus companheiros, louvou o mundo inteiro, fez o seu acto
de contrição e comeu o bom pão fermentado; mas na
Cidade Santa, a fim de orar à Santa Mãe de Deus para que
terceira tarde não falou e suplicou humildemente aos seus
ela rogue em favor da minha causa tão culpável, junto do seu
companheiros que lhe ensinassem a milagrosa oração,
filho muito amado.
dirigida, certamente, a um bem-aventurado todo-poderoso,
O pedido foi uma vez mais aceite, e o padre Amon, tendo senão mesmo ao próprio Deus. . .
por bagagem apenas o cajado de peregrino, encetou o longo - A Deus não ousamos, disseram os monges: quanto
caminho até Jerusalém. aos bem-aventurados, não podem, mas imploramos a um
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

As suas notas, que possuem o título O Livro do Mago


santo monge que corta lenha na floresta do Grand-Mont; é
certamente um filho muito querido do Senhor, porque Scot, foram inspiradas no Livro Todo-Poderoso, do céle-
realiza todos os milagres que se lhe pede. . . Chama-se bre monge, ainda que esta parte da sua obra passe por ter
padre Amo n. . . sido destruída.
Elas explicariam o Misterioso Desconhecido, no caso
do padre Amon, sob uma forma quase científica, que se
O LIVRO DO MAGO SCOT- poderia integrar na teoria dos universos paralelos do pro-
fessor E. Falinski.
O poder interior do homem, conhecido desde a antigüi-
dade mais remota, exprimia-se através da magia, do verbo,
da oração e da invocação. OPERAÇÃO NO UNIVERSO CRIADO-NÃO CRIADO
Orar e invocar é fazer apelo à intercessão de uma
entidade superior; mergulhar em si mesmo e sem recurso Para se chegar à materialização do pão, o fenômeno
exterior, desejar o poder criador da matéria, é confiar-se deve recuar à célula original e conduzir o processo da
ao Misterioso Desconhecido. evolução até ao estado do grão de trigo.
De facto, parece ter havido sempre a participação de Tudo se faz através da palavra, que, analogicamente,
um princípio superior, que os crentes e os empíricos desempenha o papel do botão de comando no trabalho de
identificam ou com Deus ou com o Demônio. um robot electrónico.
Rogar ao padre Amon que faça aparecer um pão não Milhares, milhões de anos desfilam em fracções de
constitui um sistema admissível pelos racionalistas, os segundo, da mesma maneira que milhões de combinações
quais, em suma. seriam menos hostis à criação directa pelo se apresentam numa calculadora em eventualidades
milagre pessoal.
possíveis.
A tese sustentada pela Cabala primitiva dirigia-se a um No universo incriado-criado «ou antiuniverso», tudo
poder saído do ego desconhecido do homem, através da está previsto, mas nada determinado; quer dizer, todos os
intercessão obrigatória de uma entidade.
mundos, todas as soluções, todos os desenvolvimentos
O grande cabalista Michel Carguèse (Charles Carrega), existem nas «eventualidades possíveis», onde o livre arbí-
nas suas notas pessoais inéditas, formulou o princípio trio opera uma escolha.
desta ciência que os verdadeiros rosas-cruzes conheciam1.
O universo incriado-criado corresponde, na nossa
cosmogénese, ao ponto zero, onde um universo em con-
'Os Rosas-Cruzes (AMORC). herdeiros da «ciência desconhecida», pensam, com tracção se vai tornar num universo em expansão; ou seja,
razão, que os tempos actuais são propícios à divulgação de algumas verdades. num ponto hipotético do universo nulo, que contém,
Os Rosas-Cruzes constituem ainda uma central secreta, no bom sentido do termo.

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mesmo assim, todo o passado e todo o futuro, todo o já como corpo estranho, no nosso mundo de três dimensões,
criado tornado nulo e que vai tornar-se criação1. o qual o aspira como se lhe apresentasse um bolso vazio e
O universo incriado-criado, em suma, é o tempo pre- ávido de recheio.
sente cuja existência é teoricamente impossível. Verifica-se, pois, uma dupla transferência de energia-
Do grão de trigo, a materialização prossegue em di- - matéria de um mundo para o outro.
recção aos estádios do campo de trigo, da ceifa, do As transferências são instantâneas no tempo fisiológico:
moinho de farinha, do forno do padeiro. uma erupção, uma irrupção, uma criação, uma expulsão!
Um universo de máquinas, de tempos, de humanidade A energia transmitida pelo verbo é restituída em maté-
é necessário para que se opere o desenvolvimento involutivo ria-pão.
e evolutivo numa instantaneidade quase absoluta. Tudo O homem, por efeito do Misterioso Desconhecido, é
volta ao ponto zero da incriação até que se opere a criação um potente gerador, que poderia criar uma montanha,
ainda que com perigo do seu equilíbrio físico e psíquico.
útil: o pão.
Mesmo assim, a transacção é benéfica quando determina
A energia-matéria é conduzida até ao padre Amon, o
a expulsão inconsciente de resíduos psíquicos.
qual inconscientemente participa no fenômeno sem saber
É através deles que o homem se purifica, se liberta, se
que é o gerador de energia, a força motriz dos sentimentos
espiritualiza, quando os seus desperdícios passam para o
e pensamentos expressos no fluxo e refluxo. outro mundo e este lhe dá em troca uma energia nova e
A lei da conservação da matéria, enunciada por Lavoisier neutral.
- nada se perde, nada se cria, tudo se transforma —, é
mantida ao longo da transferência.
O OUTRO LADO DOS DEMÔNIOS E DOS ESPÍRITOS

EXPLORAÇÃO NUM MUNDO PARALELO O Livro do Mago Scot explica a contaminação do outro
mundo através desta osmose.
Numa análise mais pormenorizada, o pensamento Com os resíduos psíquicos do mundo de três dimen-
formulado pelo verbo desencadeia uma pulsação energética sões, o «outro lado» procria uma humanidade de monstros
que passa para um mundo paralelo. que os empiristas designam de demônios, incubos, sucubos,
O potencial deste «Outro Mundo» encontra-se assim vriiios, silfos, ninfas, gnomos, seres duplos vivos ou tendo
provido de um excedente intolerável, que vai provocar a vivido na Terra.
materialização do pão1, com a necessidade de o expulsar,
' O princípio desta materialização está demonstrado na ciência atômica. Desenvolvendo
lima energia de dezanove milhões de kilojoules num acelerador de partículas, determina-
'Ponto zero: rever capítulo V. parágrafo 1. se a criação de partículas pesadas.

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O espiritismo é a ciência que invoca estes monstros e Se dais ouro, por exemplo, não recebereis em troca
fá-los passar do outro lado para o nosso mundo através da senão a matéria bruta: pedra, madeira, metal, desperdícios,
peneira do ponto zero. com os quais ser-vos-á preciso, com o vosso trabalho, a
O mistério da Cabala, segundo o mago Scot e Michel vossa incubação, e também em vosso detrimento físico,
Carguèse, era um segredo científico conhecido dos mági-
cos, autores da versão oral do Maasseh Merkabad. Consis- refazer o ouro.
tia em solicitar, através da palavra, um contacto entre dois Neste sentido, aquele que dá esgota-se.
Mesmo Deus, que é o único que dá sem interrupção,
mundos paralelos.
O livro pormenoriza: entre o mundo e o antimundo! deve, como a Fénix, ao jeito de resgate, morrer e ressus-
A versão escrita da Cabala não podia divulgar este citar incessantemente.
segrego mágico e perigoso; assim, envolveu-o em tantos É o mistério de Prometeu, Lúcifer, Quetzalcoalt,
véus, emaranhou-o em tantos labirintos, que apenas alguns Hercules e de todos os deuses mexicanos, incas, hindus,
iniciados podem ainda encontrar a ponta da meada. que, voluntariamente, se faziam queimar numa fogueira 1 .
Mas os próprios iniciados não possuem o poder da É também este o mistério de Jesus e dos monges
materialização e da transferência entre mundos paralelos budistas.
senão através de um método empírico e desconhecendo o Na vida corrente, o homem infeliz, o rico que possui,
mecanismo científico do fenômeno. por exemplo, muitas terras, muitas casas, compra mais
casas e mais terras para se engrandecer, impedindo o pobre
Concidadão de obter o resto, a modesta casa com que asse-
O MISTÉRIO DA FÉNIX guraria a sua tranqüilidade. Esse desgraçado quis
;issegurar-se do máximo possível de felicidade, santidade e
Na magia branca, a perda psíquica calculada em ener-
gia é compensada por uma «sucção» procedente do outro êxito.
O homem honesto, bom, santo, pelo contrário, deve
mundo e que restabelece a igualdade do nível.
Mas, diz o Livro do Mago Scot, a transferência cons- pagar, recebendo em troca infelicidade, doença e
ciente é sempre desfavorável no plano físico, o que explica infortúnio.
o facto de os santos sofrerem na sua carne, no seu corpo, Donde se retira que o conceito de justiça, no sentido
na sua felicidade terrestre, as boas acções que eles conse- c\oterico da palavra, está mal interpretado. . . a menos que
guem distribuir. Não são, geralmente, macilentos, cober- a justiça não seja deste mundo!
tos de feridas e úlceras, míopes e, muitas vezes, tuberculosos?
Quem conceba um bom pensamento ou emita uma boa ' Na maior parte das cosmogonias, o próprio Deus oferece-se em sacrifício para criar o
radiação deve pagar a sua benfeitoria, porque quem dá do timmln: no Rig Veda. o Ser Supremo destrói-se para criar; o deus Bei. dos Caldeus. faz
cortar a sua cubeçu: o universo dos Alemães c composto pelo corpo imolado do deus
sublime nada pode receber dele em troca.
Ymer. etc.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
dotes1 que praticavam o holocausto humano ou animal,
Mas o conceito de justiça existe no misterioso ponto provando-nos que não ignoravam a transferência psíquica
zero dos universos em contracção e em expansão. . . no nas suas operações mágicas.
ponto zero do antitempo, do antiuniverso e do antimundo! Como poderiam ter obtido esse conhecimento, fruto de
É este o segredo da Cabala divulgado pelo Livro do uma ciência extremamente desenvolvida, se os ancestrais
Mago Scot. superiores não lhes tivessem ensinado os arcanos?
Chegamos, invariavelmente, a uma tradição legada e
ensinada pelos iniciados.
Eis como, no plano teórico e prático, se explica a
A MAGIA N ECRÃ magia negra:
Por encantação, oração, holocausto, o mágico con-
O Livro de Enoch (capítulo VIII) diz que os anjos densa o influxo psíquico, emanado pelo inconsciente dos
extraterrestres tinham ensinado às mulheres e aos homens sujeitos ou das vítimas num acumulador: totem, estátua,
a arte dos encantamentos e dos sortilégios, mas não a figura, objecto ritual.
verdadeira ciência dos santos. Esta energia é transmitida a uma entidade — espírito
ou demônio --de um mundo paralelo, pela magia única
Era da autêntica magia negra, consignada na Cabala,
da palavra.
que os Egípcios e os Hebreus se serviam para rivalizar (Na crença tradicional, o Outro Mundo é povoado de
com os poderes do faraó. espíritos errantes que aguardam a energia exterior para
O mágico negro, para a realização de um milagre, tomar uma consistência real.)
pode retirar a energia necessária do seu psiquismo pessoal, A entidade opera a trasmutação, ou seja, o «milagre»,
mas geralmente não é tão altruísta como o santo e prefere c pratica a expulsão do nosso universo.
fazer «pagar» os outros. A transferência foi efectuada: o Outro Mundo guarda
Neste sentido, e sem prevenir o indivíduo do perigo o psiquismo refinado e reenvia uma massa igual de resí-
que corre, invoca o «Outro Mundo», por intermédio de um duos psíquicos sob a forma desejada.
médium, geralmente uma mulher, que ele hipnotiza ou
adormece a fim de lhe subtrair uma parcela da sua matéria 'Os Incas e os Maias, ainda que herdeiros de uma civilização magnífica, praticavam
cinzenta. mesmo sem espírito de crueldade — sacrifícios humanos. Acontecia o mesmo entre
os Celtas, mas o sacrifício era voluntário (suicida) ou então praticava-se com prisio-
Por outras palavras, o mágico negro é um vampiro que i iros de guerra.
não hesita, por vezes — como Gilles de Ray —, em imo- )i também em nome da justiça que. entre os Hebreus. Abraão sacrificou o seu filho
tiic. embora o rito do sangue se realizasse em honra do culto, pois mesmo o iniciado
lar crianças para satisfazer o seu abominável rito. oiscs se se acreditar na Bíblia —. Levítico. VIII-IX —. fez esse tipo de sacrifícios, e
c maneira bastante repugnante. É uma verdade que a sensibilidade não era o pecadilho
Os primitivos mágicos, homens da pré-história, vorito dos nossos ancestrais há três mil e quinhentos anos!
hebreus, egípcios, incas. maias, todos eles eram sacer-
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O milagre, que é sempre uma criação material,
pesada, mesmo no estado infinitesimal, pode revestir-se de fundamento e que o racionalista pretende ignorar pela
várias formas. simples razão de não lhe poder dar explicação.
Contributo: ramo de flores, ouro, peixe, etc.
Encarnação: demônio, aparição corporal de uma CAMINHAR SOBRE AS ÁGUAS
pessoa.
Alucinações e visões: imagens aparecem com um A fé pode mover montanhas. Cristo caminhou sobre as
aspecto fantasmagórico. águas. Doenças incuráveis foram eliminadas em Lourdes.
Sons: estrondos e palavras que se ouvem sem se saber São José de Cupertino, Santa Teresa d'Ávila, S. Bernardo,
donde procedem. colocavam-se em estado de levitação.
Possessão: o mágico ou sujeito recebe a descarga e Poderemos negar este supranormal que escapa às leis
entra em transe. Está «possuído pelo demônio» e reage a temporais da ciência experimental?
esta ou àquela acção de caracter milagroso. Para um teólogo, a explicação é simples: trata-se de
um milagre divino, o que significa que Deus, elevado à
Neste caso, é sempre o oficiante, o médium, quem, alta potência, se descarrega de uma parcela do seu poder
tendo dado a maior quota de psiquismo, se encontra mais para beneficiar um ser terrestre.
débil, e por esse motivo recebe a descarga, como na É exactamente a teoria apresentada pelo Livro do Mago
experiência da Tina de Mesmer1. Scot\
No quadro da ciência clássica, esta demonstração não é As orações, os influxos de pensamentos e os actos de
ortodoxa e nunca poderia ser admitida: todavia, na ciência té. emanando, por exemplo, de um santo, dirigem-se a
pura e experimental, ela beneficia de um certo crédito, Deus, que transmuta esta soma de energia em milagres
pois a vidência, a premonição, a telepatia, a alucinação, a positivos.
visão, a levitação, não podem ser refutadas. É certo que um santo, em oração, oferece toda a sua
Qualquer que seja o seu valor, parece-nos que estes vitalidade, todo o seu potencial, toda a sua «fé» ao deus
fenômenos pertencem a um empirismo não isento de que ele adora, até se esgotar psiquicamente.
É então que se produz o fenômeno da Tina de Mesmer;
1
o refluxo é, senão o mais importante, pelo menos o mais
Tina de Mesmer: em 1778. o médico alemão Friedrich Mesmer. fundador da teoria do
magnetismo animal, provocava em Paris fenômenos de alucinação. de convulsões e. condensado no tempo, o que permite a produção do milagre.
diz-se, também de curas, com a sua «tina» milagrosa. Este refluxo anula o peso (a marcha sobre as águas), as
Tratava-se de uma banheira de madeira contendo limalha de ferro, vidro moído e
garrafas previamente distribuídas, estando tudo mergulhado em água. As barras de ferro torças gravitacionais (levitação) ou determina um poder
eram introduzidas no sistema, que se comportava como um acumulador eléctrico. supranormal, como o de caminhar no fogo sem se
O magnetismo que se propagava através das barras de ferro era a causa directa de
misteriosas manifestações. queimar, de profetizar, de perceber o passado ou o futuro,
(Io curar.
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Toda a magia branca assenta neste princípio, que é


COMO FABRICAR UMA ESTATUETA MÁGICA igual ao da magia negra — tudo está na intenção —, se a
estatueta personifica um ser maléfico, demônio, satã, etc.
E relativamente fácil fabricar um condensador de Os antiquários, nos quais podemos encontrar objectos
magnetismo ou, por outras palavras, uma estátua mágica, mágicos, têm tido muitas vezes ocasião de verificar quanto
cuja eficácia pode ser verificada. a sua simples presença pode ter um efeito maléfico.
O objecto deve ser feito, tanto quanto possível, de uma A nossa vida está muito mais do que se crê sujeita a
matéria animal, e o marfim ou a cera são habitualmente estas boas e más influências. Algumas pessoas emitem,
escolhidos pelos mágicos. No entanto, pode ser utilizada segundo a sua maneira de ser, uma radiação benéfica ou
uma matéria vegetal: resina ou mesmo a madeira. maléfica, e o mesmo acontece em relação a algumas casas,
É de importância capital que a estátua tenha a forma e objectos ou lugares.
a aparência de um ser particularmente amado, ou seja, que Em suma, cada um de nós, num grau mais ou menos
tenha causado a afeição, o amor ou a admiração: por elevado, comporta-se como uma estatueta mágica, ou um
exemplo. Cristo, Buda, Lúcifer, um deus, uma deusa, um acumulador, podendo adquirir, por exemplo, no decurso
cão. ile uma reunião numa sala, num estádio ou numa arena,
A esta estátua dirigir-se-ão as encantações que a um potencial decuplicado por uma intensa polarização.
carregarão de potencial psíquico, idêntico ou análogo ao Nas grandes cidades, a multidão descarrega-se tocando
magnetismo, embora seja evidente que estas encantações nas rampas de metal de acesso ao metropolitano, nas
devem ser formuladas com fervor, de modo a criar a barras dos veículos de transportes públicos ou, muito
corrente, o influxo entre o oficiante e a matéria. simplesmente, pressionando-se entre si.
É por esta razão que os iniciados hindus evitam ter
Os seres sensíveis, após algum tempo de carga bastante contados físicos com indivíduos que lhes possam transmi-
longa (vários meses ou anos), ressentir-se-ão dos efeitos lir um psiquismo nocivo.
benéficos da carga, sobretudo ao tocar a estátua.
É o princípio do totem, da estátua divina e de todo o
objecto sujeito a um culto. A radiação benéfica sente-se A CORTESÂ MÁGICA
particularmente nos santuários freqüentados desde há
vários séculos por fiéis. Ela concentra-se, freqüentemente, As mulheres são, geralmente, mais carregadas psiqui-
nos «cristos» de marfim ou de madeira, que os crentes c a mente que os homens, e desse modo induzem mais o
podem contactar de muito perto e através de toques olhar, a admiração, o amor e o desejo.
inconscientes, magnéticos. O objecto deve estar suspenso As cortesãs ou as mulheres conscientes do seu poder
ou isolado por uma peanha de matéria pouco condutora, sexual concentram as suas paixões e carregam-se na
por exemplo, o vidro. proporção directa em que evitam ser tocadas.

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O roçar, o toque, é um verdadeiro passe mágico que


encontra o seu volume crítico no começo do acto sexual.
As vedetas do cinema e do teatro, as quais suscitam
um poderoso influxo da admiração pública, estão carrega-
das de um extraordinário magnetismo, que se explica,
muitas vezes, na eclosão do seu talento, do seu êxito e da
sua segurança.
Estas vedetas chegam a estar de tal maneira carregadas
que se lhes torna necessário procurar uma libertação, a
maior parte das vezes encontradas no amor carnal, ou, de
uma maneira mais inconsciente, andando descalças nas
ruas ou no campo, a fim de provocar um apaziguamento
procedente do solo.
Cientificamente, esta carga chama-se magnetismo ani-
mal; contudo, esotericamente, trata-se de um psiquismo
talvez menos subtil que o determinado pela fé, mas
igualmente passional.
Quando o influxo psíquico não encontra exutório,
concentra-se no indivíduo e cria fantasmas, ou seja,
converte-se num autofeitiço de caracter neuropático.
Nestes prolongamentos, o Misterioso Desconhecido
acaba, pois, por interferir com o Conhecido. A magia e o
magnetismo estabelecem uma ligação, facto que permite
prever que, um dia, a ciência empírica da Cabala estabele-
cerá, também ela, a sua junção com a ciência experi-
mental.

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CAPÍTULO XVIII

BRUXOS E MATEMÁTICOS

magia e a bruxaria, como todas as ciências, têm os


A seus iniciados e os seus crentes ingênuos.
Ser-se-ia tentado a dizer, como os racionalistas,
que a razão e a ciência mataram o empirismo, o que é
relativamente verdadeiro, mas o Misterioso Desconhecido,
que ainda não foi explicado, resiste às invectivas do
ignorante.
Além disso, a magia é uma necessidade natural do
homem oprimido e a primeira das ciências, por ordem
hierárquica.
Que ninguém se iluda: não queremos defender as
superstições absurdas e práticas infernais, tão inúteis como
ridículas, mas tão-só estudar um esoterismo válido cujo
alcance social é ainda mal conhecido.
O erudito Alfred Maury assegurava que a magia foi a
primeira forma que revestiu o instinto científico da
humanidade desde a sua origem, recebendo da natureza o
poder dos seus segredos.
Para os iniciados, esta definição, por mais favorável
que ela seja, não representa senão a explicação exterior de
um mistério cuja essência mergulha na nossa gênese.

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Por outro lado, a magia é indissociável da Bíblia, da Estamos, pois, na aurora da humanidade, em plena
religião, da filosofia; ela impregna o Talmude, a Cabala, e magia, com mulheres iniciadas numa ciência que, aparen-
todas as bases do nosso conhecimento tradicional e literário. temente, era desconhecida na Terra.
No plano do mais puro racionalismo, seria arbitrário
não querer conceder nem crédito nem interesse ao que
A PRIMEIRA MULHER INICIADA constitui o conhecimento primordial dos seres humanos;
não é paradoxal dizer-se que a primeira ciência foi a
Os homens da humanidade primitiva não passavam de magia, cujas principais ramificações são a bruxaria e a
elementos de uma horda quase selvagem quando chegaram ciência experimental clássica.
«os anjos» vindos do cosmo. Por isso, percebe-se agora o que foi o ensinamento
O Livro de Enoch conta que a primeira preocupação secreto da Cabala, onde se encontra mencionado o Livro
destes viajantes foi «ligar-se uns aos outros pelas suas de Enoch como tendo sido a primeira fonte de toda a
profanações», isto é, que eles subiram à «Montanha do revelação.
Juramento», na Armênia, e concluíram um pacto satânico O Talmude e a Bíblia dão, por sua vez, uma grande
que não podia ser rompido sob pena das mais terríveis importância à magia, base oculta dos Escandinavos e dos
represálias. Celtas e cujo centro esotérico se encontrava na ilha de
É de notar que a execração ritual deve ser acompanhada Sein, dirigido exclusivamente por mulheres 1 .
da maldição e o seu caracter é sempre maléfico1. Esta iniciação feminina dos primeiros tempos inter-
Verificou-se então a formação de um verdadeiro fere muito provavelmente com o mito do paraíso terrestre,
círculo mágico e, após este acontecimento, Samyaza, o onde Eva, a Conhecedora, escolheu o livre arbítrio, uma
chefe dos rebeldes, passou a ser, freqüentemente, invo- espécie de revolta inteligente contra os rigores do
cado nas conjurações mágicas. determinismo.
Depois de os «anjos» terem escolhido as esposas
— continua o Livro de Enoch -- «aproximaram-se, coabi-
O -SABBAT» DOS PORRES
taram com elas e ensinaram-lhes a bruxaria, os encantamen-
tos e as propriedades das raízes e das árvores. Ensinaram-
-Ihes também a arte da maquilhagem e do emprego de De facto, a magia e a bruxaria são revoltas afirmadas
pedras preciosas e de toda e espécie de pintura». contra ditaduras, quer sejam da religião ou da sociedade.

1
Na Bretanha, no coração do país druida. a reminiscência desta magia extraterrestre
' Liturgia: mesmo nos nossos dias. quando uma parte considerável das muralhas de uma encontra o seu prolongamento esotérico com Merlin. o Encantador. Mais esoterica-
igreja se desmorona, existe a execração. Ela perde a sua consagração e volta ao estado inente, os dólmenes. que contém círculos e espirais gravados, sugerem uma idéia
profano. i osmica de expansão que se reporta a uma ciência muito mais racional.

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Deus deu a uns a riqueza e a abundância, condenando Céu, ao espírito que criou a Terra, ao Mestre que faz
outros à fome e à miséria, então [interpretamos aqui o germinar as plantas».
profundo sentido do fenômeno, citando as enciclopédias] Trata-se, pois, de uma rebeldia e de uma reprovação
para punir Deus da sua injustiça o povo renegou-o e vinda de pessoas oprimidas, calcadas, famintas de pão e de
adorou o Diabo, seu inimigo. . . justiça, as quais, em desespero da causa, voltavam-se para
Do mesmo modo, para os infelizes que a ele aderiram, Satã, de quem não poderiam temer um tormento maior que
o sabbat era a festa chegada após o rude labor da semana, o deles próprios1.
era a ronda desordenada, sucedendo ao desespero; mas Esta revolta, encontramo-la actualmente nas sociedades
esta aparência ocultava uma verdadeira conspiração. satânicas e luciferianas e, recuando na história, entre os
Se a mulher se oferecia àquele que se chama Satã, próprios Hebreus. quando, por exemplo, cansados de
renegando Deus, que lhe tinha dado apenas a miséria e a esperar o regresso de Moisés da sua conferência com o
privação, o homem entrevia mais qualquer coisa para Senhor, no Sinai, fizeram o veado de ouro com as suas
além do prazer passageiro e brutal! orelhas pendentes (Êxodo - - XXXII - 1-2-3-4-5).
No sabbat, tinha a seu lado seres miseráveis como ele, Na Cabala, dois anjos simbolizam a rebelião da
descontentes, cheios de desespero e raiva, e destas festas matéria contra o espírito, mas também a do povo contra o
demoníacas saiu mais de uma dessas terríveis revoltas que arbítrio: o Samaèl branco, anjo da punição, e o Samaèl
eclodiram depois do século XII. . . A partir de ano 1300 negro, o anjo das catástrofes.
descobre-se a missa negra, a que mais tarde se juntará a A fatalidade da magia é aqui evocada por uma curiosa
insurreição popular contra os nobres1. e profunda imagem: «Os erros são crostas que envolvem a
É interessante notar que a insurreição explode no carne da verdade.»
mesmo dia da Festa de Deus, em 28 de Maio de 1358! O Talmude refere-se abertamente ao conhecimento
Quanto aos sabbat desta época, reflectem nitidamente superior que alude aos métodos de bruxaria e curas
o caracter político que os historiadores timoratos esquece- milagrosas, que, de facto, são empíricos no sentido literal
da palavra.
ram de sublinhar. Estes ilustres precedentes e a grande anterioridade da
O altar da cerimônia era dedicado ao «grande cobarde
magia sobre todos os conhecimentos intelectuais do ho-
revoltado, ao velho prescrito, injustamente expulso do
mem fazem com esta ciência primordial mereça ser
estudada com a maior das atenções.
' Ver. em História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos. a influência
oculta e terrível das grandes personagens de nome próprio Jacques e do misterioso
desconhecido que. agitando a cabeça cortada de Luís XVI. gritou: 1
Outubro de 1964. O bruxo italiano Vittorio Scifa lançou um apelo a todos os bruxos,
«Povo francês, eu te baptizo em nome de Jacques e da Liberdade!» Este acontecimento cxorcistas e adivinhos de todo o mundo para que unissem os seu.s esforços a fim de
foi contado por Prudhomme e por Eliphas Lévi. preservar a humanidade do perigo nuclear.

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Magia fantástica, magia negra com sacrifícios huma-


É por uma atitude empírica que alguns cientistas nos: assassina-se um presidente do Conselho no Japão. . .
ostentam em si uma renitência e uma cegueira tão injustas vê-se a lâmina luzir nas mãos do assassino, mata-se um
quão inúteis, porque nos parece fora de qualquer dúvida presidente da República no Texas, imola-se o seu assassino
que, depois da sua expansão espectacular, digamo-lo diante de todos. . . Bastaria um gesto da nossa parte para
mesmo, magistral, a ciência experimental chegará num que as imagens alucinantes se reduzissem a nada; mas não
futuro próximo a um reencontro inelutável com os seus o faremos, porque depois dessas mortes temos necessidade
grandes antepassados: a magia transcendental, a dos de outros espectáculos de mortes, de montões de cadáve-
mestres, e não a dos «anjos-cosmonautas». res . . . de desordens made in USA... de homens lutando
Ciência e magia transcendentais de que a Cabala, o contra a tempestade, contra a inundação, contra o
Talmude e a Bíblia «nunca rasgaram a crosta para aflorar a incêndio!
carne». Que magia! Que magia diabólica de ver ressuscitados,
contentes, satisfeitos, os defuntos conhecidos e desconhe-
cidos. . . que às vezes conduzimos à sua última morada!
SATÃ CONDUZ O BAILE Tempo de bruxaria! O homem orienta a Terra, os
animais, o Céu. Ele domina, canaliza as tempestades,
Existe um Misterioso Desconhecido que nos intriga e provoca os raios, a chuva, a queda de neve, os tremores de
um Misterioso Desconhecido que nos serve. terra; faz sair das entranhas do Sol erupções mil vezes
O ditador, o homem político na tribuna, o padre no maiores e terríveis que a do monte Pele, do Vesúvio e do
altar, praticam uma magia enfeitiçadora cujo poder sobre Etna. O tapete voador sputnik corta o espaço à conquista
das estrelas; a bala da metralhadora é a maldição transmu-
as multidões eles bem conhecem.
O feiticeiro, outrora chamado «matemático», tinha o dada em aço, e o brilho mortal, a luz instantânea brotam
seu círculo mágico, o qual, modernizado pelo cientista dito electronicamente como o fogo do Inferno; as portas
racionalista, tornou-se na onda concêntrica da rádio e da abrem-se magicamente diante de nós sem termos necessi-
dade de dizer: «Abre-te, sésamo!»
televisão. Tudo se materializa a partir de uma idéia. Um
Como os imperadores da antiga Roma, como Calígula
poderoso feiticeiro pensa e da sua testa saem, em forma de
ou Nero, os chefes de Governo enfeitiçam e usam da aço, tungsténio ou zircónio, máquinas prodigiosas para
palavra, da imagem hipnótica e de subterfúgios diversos fabricar outras máquinas.
para cativar os cidadãos. Tudo se faz por encantamento e, como outrora no
O aparelho de televisão é o clássico espelho mágico sabbat, os adeptos dos «massas iluminadas» do nosso
dos bruxos, onde surgem, por encomenda, os aconteci- século pasmam, tremem e transfiguram-se quando sobre o
mentos que se desenrolam ou se vão desenrolar no outro espelho mágico aparecem demônios, súcubos e íncubos, os
extremo do mundo.
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homens, dançam descalços e lançam gritos incoerentes e


«grandes artistas» do music-hall, as «estrelas» da dança urros histéricos.
clássica, «do cinema» e principalmente os «ídolos» dos No nosso universo moderno, votado ao satanismo, a
jovens. magia negra tomou uma forma aguda e endêmica, cuja
As seqüências da magia do espelho são organizadas única novidade é a se renegar a sua natureza.
pelo ministério oficial do Governo, sob a égide do Outrora, nos tempos do obscurantismo, o problema era
presidente (Satã), assistido por seiscentos assessores (os inverso: não havia bruxaria e toda a gente pensava no
demônios), transmitidos pelas ondas através de produtores- sabbat\
-realizadores (os bruxos); o fascínio pode provocar o
transe, a crise, a epilepsia, o histerismo caracterizado.
Tudo isso que, efectivãmente, é bem uma magia DESCALÇOS E DE SAIA ARREGAÇADA
satânica, no sentido mais rigoroso da palavra, torna-se
possível através de uma estreita colaboração, uma comuni- Que não se encontre entre nós ninguém que consulte
cação espiritual que vai do cientista ao rapaz da bomba da os adivinhos, ou que respeite os desejos ou os augúrios,
gasolina feito vedeta do canto e ao empregado do salsi- ou que use malefícios, sortilégios e encantamentos, ou que
cheiro tornado ídolo. consulte os que têm o espírito de pitonisa ou que se
O mais extraordinário de tudo isto é que, tanto o disponha a adivinhar, ou que interrogue os mortos para
cientista de laboratório como o seu «homólogo» do círculo tomar deles a verdade.
mágico, o dançarino yé-yé, sustentam, teimosamente, que Porque o Senhor abomina todas estas coisas (Deutero-
não acreditam na magia, no Diabo e nos demônios1. nómio - - XVIII - 10-11-12).
Enfim, os paralelismos seguintes estabelecem uma A respeito destes mandamentos, não há dúvida de que
correlação evidente: os Hebreus foram fervorosos adeptos da magia. Não o
Como o «matemático» numa reunião diabólica, o demonstrou Moisés perante o faraó?
cientista tem uma atitude digna e compassada. Os Romanos, a crer em Horácio, levaram demasiado a
Como os oficiantes e os bruxos do sabbat, os adorado- estupidez à prática: «Canídio e Sagone», escreve ele,
res dos ídolos arregaçam as saias ou «travestem-se» em ••dirigem-se uma noite aos cemitérios para executar os seus
malefícios.» Depois, descreve uma cena digna do Grand-
-Guignol: os bruxos enterram viva uma criança e preparam um
' A actividade científica é totalmente dirigida para a magia negra, com os seus l i Itro com o seu fígado e a sua medula; misturam ossos e ervas,
problemas do tapete voador, do hipnotismo, da maldição, da execração e da
degolam uma ovelha negra e derramam o seu sangue numa
transmutação.
Os cem maiores investigadores do globo trabalham no míssil autoconduzido, no cova cavada com as suas unhas. Por fim, esculpem estatuetas
bombardeiro supersônico, na fissão atômica, na bomba H, mas nenhum deles utiliza
directamente as suas capacidades intelectuais para aliviar o trabalho do camponês,
de cera semelhantes à pessoa que eles desejam matar e
instituir a prevenção sanitária nos campos e a segurança social para todos os queimam estes simulacros com poderosas encantações.
trabalhadores.
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A partir do Cristianismo, a antiga magia das formas e
No monte Esquilino, em Roma, antes que Mecenas encantações transformou-se e apresentou-se com um novo
construísse aí um palácio, existia um cemitério de pobres, ritual.
espécie de vala comum, onde eram lançados, sem-ceri- Os miseráveis julgavam que Satã estava ligado a todas
mônia, os despejos dos miseráveis. as divindades vencidas do passado, convertidas em demô-
Era ali, com o cair da noite, que os bruxos se dirigiam nios, e que esta sinarquia se opunha ao Deus vencedor.
com uma túnica negra levantada de maneira a mostrar o A crença na bruxaria, na sua manifestação mais típica,
seu sexo, com os cabelos em desalinho e descalços. o sabbat, tornou-se tão forte que até os próprios santos
Sobre a terra amaldiçoada, colhiam ervas e juntavam acreditaram nele!
os ossos necessários às suas preparações mágicas. O mais antigo dos nossos códigos, a Lei Sálica, no seu
parágrafo 67, refere um caso de acusação sem prova:
Quem quer que chame a outro bruxo, ou o acuse de ter
QUINZE RAZÕES PARA SE SER QUEIMADO VIVO levado o caldeirão ao lugar onde os bruxos se reúnem e
não o puder provar, será condenado a dois mil e
Para se tornar bruxo era preciso fazer um pacto com o quinhentos dinheiros de multa.
Diabo, de tal maneira que cada parte contratante se Eis, segundo o tratado De Ia Demonomanie (1581), de
empenhava formalmente. Bodin, a enumeração de crimes imputados aos bruxos:
O bruxo, renegando o seu baptismo, entregava-se a Primeiramente, a sua principal profissão é a negação
práticas sacrílegas e legava a sua alma a Satanás. de Deus e toda a religião. O segundo crime é, depois de
Este último, com a sua assinatura, obrigava-se perante ter renunciado a Deus, de o maldizer, blasfemar e irritar;
um determinado tempo a obedecer, a deixar-se encerrar o terceiro é ainda mais abominável: homenagear o Diabo,
numa garrafa, num copo, em anéis, ou no corpo de um adorá-lo e sacrificar-se por ele. O quarto crime é ainda
animal familiar, etc. E, naturalmente, devia satisfazer os maior: vários foram convencidos e confessaram ter votado
sonhos do bruxo e dar-lhe poderes extraordinários, tais como os seus filhos a Satã; por esta malevolência. Deus ameaça
conhecer o passado e o futuro, procurar prazeres censurá- na sua Lei exaltar a sua vingança contra os que dediquem
veis, perturbar a tranqüilidade de outrem, estimular a mulher os seus filhos a Moloch. O quinto é ainda pior que
cobiçosa, desembaraçar o amante dos seus rivais, o ambi- qualquer outro: os bruxos estão ordinariamente convenci-
cioso dos seus inimigos, tornar-se invisível, voar, submeterá dos, pela sua confissão, de terem de sacrificar ao Diabo
sua vontade o Outro Mundo, ressuscitar os mortos. . . crianças previamente baptizadas, atirando-as ao ar e
Acreditamos que nada disto existiu alguma vez, a depois metendo-lhes um grande alfinete na cabeça.
começar pelo pacto, isto porque, se bastasse evocar Satã O sexto crime é ainda maior que o outro, porque os bruxos
para o fazer aparecer, assinar o livro com o seu sangue não se contentam em sacrificar ao Diabo os seus próprios
para obter a riqueza, amor, poder, o pobre diabo não filhos e os queimar sob a forma de sacrifício, mas
saberia aonde acorrer e a felicidade na Terra seria geral...
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consagram-nos a Satã a partir do ventre da mãe para os


matar quer a um quer a outro. O sétimo é ainda mais O ESPÍRITO SANTO DE FRANÇOISE BOS
ordinário: prometem ao Diabo atrair para o seu ofício
Ritualmente, o sabbat, ou reunião de bruxos e bruxas,
todos quantos eles possam. O oitavo crime é o de chamar
tinha lugar na noite de sábado para domingo, em pleno
e jurar pelo nome do diabo em sinal de honra. O nono é
bosque e numa clareira.
que eles são incestuosos, porque Satã faz-lhes entender Tratava-se de invocar Satã, pelas fórmulas recitadas de
que nunca houve bruxo ou encantador perfeito que não cor ou lidas pelos livros, de dizer o nome de Deus ao
tivesse sido gerado por pai e filha ou por mãe e filho. contrário, de beber néctares afrodisíacos e de se dedicar
O décimo é que eles fazem ofício de matar pessoas, e o aos piores deboches e às uniões, como na moderna dolce
que é pior, matar crianças depois de as cozinhar e ferver vita,
até tornar os seus ossos e carne líquidos. O décimo É certo que tais reuniões existiram e que as maldições
primeiro crime é que comem carne humana, mesmo de eram lançadas pelo «matemático» contra os senhores ou
crianças, e bebem o seu sangue avidamente. E quando ricos burgueses, culpados de injustiças contra as pobres
não encontram crianças vão desenterrar homens das populações.
sepulturas, ou então vão às forcas para aproveitar a carne Homens fanatizados, mulheres em cio, asseguravam o
dos enforcados. O décimo segundo é fazer morrer através espectáculo, misturando num mesmo impulso o rancor e a
de veneno ou sortilégio, pois que é muito mais grave sede de luxúria, mas as imaginações superexcitadas au-
ofensa matar por veneno do que abertamente, e ainda mentavam consideravelmente as cenas vivas, enquanto
mais grave matar por sortilégio do que por veneno. numerosos participantes jurariam ter visto o Diabo e
O décimo terceito crime é o de fazer morrer o gado, coisa fornicado com ele.
que é ordinária. E por este motivo, um bruxo de Nesse tempo de obscurantismo, a credulidade das
Augshurgo, em 1569, foi atenazado, tendo tomado a massas era extrema, como o demonstra a incrível aventura
forma do couro dos animais. O décimo quarto, ordinário e que custaria a vida a Françoise Bos, de Gueille, uma pobre
previsto pela lei, é o de destruir os frutos e causar a fome mulher histérica, ingênua e infelizmente bastante bonita
e a esterilidade em toda uma região. O décimo quinto é as para atrair um manhoso.
bruxas terem cópula carnal com o Diabo, e muitas vezes Eis a confissão tirada da ordem de prisão e do processo
perto dos maridos, e todas confessarem esta malevolência. movido contra Françoise Bos, acusada de ter tido intimida-
Eis quinze crimes detestáveis, o menor dos quais merece a des com um incubo, numa segunda-feira, dia 30 de Janeiro
morte mais requintada. de 1606:
Ela depõe que, alguns dias antes da Festa de Todos os
Santos do ano de 1605, estava deitada com seu marido, o
qual dormia, quando qualquer coisa caiu sobre a cama,
fazendo-a acordar de terror; e mais uma vez essa mesma

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coisa se lançou sobre a sua cama, como uma bola, bem», disse ele, mas recomendou-lhe que, quando ela se
estando ela desperta e o seu marido dormindo. O espírito confessasse, não dissesse uma palavra sobre este assunto
tinha a voz de um homem. Depois de ela ter perguntado: ao seu confessor. E, interrogada se ela não tinha confes-
«Quem está aí!», disseram-lhe, num sussuro, para não ter sado haver-se deitado com esse espírito, disse não saber
medo; quem a visitava era o capitão do Espírito Santo, que era ofensa ter tido ligações com o dito espírito, que
que tinha sido enviado para gozar com ela, como se fora ela acreditava ser bom e santo; que ele a veio ver todas as
seu marido, e que não temesse recebê-lo no seu leito. noites, mas ela não lhe tinha permitido estar com ela
Como ela não o quisesse receber, o espírito saltou sobre a senão daquela vez; que quando ela era arisca ele saltava
arca, depois para o chão e chegou-se a ela, dizendo: «Tu da cama para o chão e ela não sabia o que acontecia;
és muito cruel, pois não queres permitir que eu faça o que que, oito ou nove dias antes de ser presa, esse espírito
desejo» e, descobrindo a cama, tomou-lhe um dos seios e, nunca mais apareceu, porque ela lançou água benta por
levantando-a, disse: «Ficas a saber agora quanto te amo; sobre a cama, fazendo o sinal-da-cruz.
e prometo-te que, se me deixares gozar contigo, serás Não invocará esta história todas as incríveis aventuras
muito feliz, porque eu sou o Templo de Deus enviado para que, outrora, aconteceram às lindas esposas visitadas pelos
consolar as pobres mulheres como tu.» Ela disse que não «anjos»? Mas os juizes do século xvn, contrariamente aos
tinha necessidade daquilo, que se contentava com o seu maridos antigos, mostraram-se mais crédulos em relação
marido. O espírito respondeu: «És muito aborrecida; sou ao Diabo e menos para com o Espírito Santo!
o capitão do Espírito Santo, que se aproxima de ti para te É uma verdade que se apuraram bastantes pormenores
consolar e gozar contigo, assegurando-te que eu possuo escabrosos no caso de Françoise Bos; esta convidara as
todas as mulheres, excepto as dos padres.» Depois, suas vizinhas a deitarem-se com o espírito, a fim de
metendo-se na cama, disse: «Quero montar-te como os «terem relações, prometendo-lhes que ele lhes faria as
rapazes trepam para as raparigas.» E assim o fez, vontades e as ajudaria a casar as filhas»!
começando a apalpá-la. . . e assim por diante sem que ela A infeliz ingênua (mas sê-lo-ia na realidade?) ficou
se apercebesse como tudo acontecia. . . Mesmo assim ela convencida de «ter negociado com o Diabo e de ter tido
acredita que era um espírito bom e santo que se juntava às relações com ele», e em 14 de Julho de 1606, depois de ter
mulheres. Acrescenta que, no primeiro dia deste ano, feito uma penitência honrada, descalça e em camisa,
estando deitada com o seu marido, cerca da meia-noite, diante das igrejas da paróquia, foi presa e queimada como
ela acordada e o marido a dormir, o mesmo espírito
apareceu na sua cama, pedindo-lhe que o deixasse bruxa.
O mais incrível neste processo foi o facto de os juizes
meter-se na cama para se unir a ela e torná-la muito feliz;
o que ela recusou. E ele disse-lhe se ela não queria não identificarem o «capitão do Espírito Santo» com um
ganhar o jubileu; ela disse-lhe que sim. «Então, está qualquer libertino, mas antes com. . . um pobre diabo!

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Outras vezes, ainda, mulheres sofrendo de alucinaçoes No reinado de Luís XIV, o filósofo Pierre Gassendi
caracterizadas quando eram denunciadas à justiça confes- obteve um resultado idêntico nos vales dos Baixos Alpes,
savam terríveis infâmias inexistentes e subiam, cheias de com camponeses mergulhados num sono letárgico.
entusiasmo, para a fogueira!
Alguns pacientes contaram que tinham ido ao sabbat, o
que demonstra que todos eram atrasados mentais, tomando
O «SABRAT DOS ATORMENTADOS as suas alucinaçoes por realidades.
Sem qualquer dúvida, a bruxaria é uma ficção onde,
No século xviii, um juiz de Florença interrogou uma contudo, o ego desconhecido desempenha um papel miste-
mulher muito convencida da sua culpabilidade. A miserá- rioso, transportando para um mundo paralelo um processo
vel confessou que enfeitiçava o seu próximo, sugava o de acções materiais, das quais a inércia não aparece senão
sangue das crianças, ia ao sabbat e fazia amor com Satã. no nosso universo visível.
Da primeira vez, o juiz foi humano, razoável, e
ordenou-lhe que voltasse ao sabbat naquela mesma noite,
com a condição de que seria perdoada. O CULTO DA MINHOCA
Dois jovens, conhecedores da armadilha que o juiz
preparava, passaram a noite com a mulher, fazendo-a Ossos de frango calcinados sobre o altar de uma abadia
comer e beber abundantemente. Depois da refeição, a em ruínas perto de Turnbridge, ao sul de Londres, um
bruxa despiu-se, prosseguindo na sua diabólica toilette, crânio espetado na ponta de uma lança no cemitério da
untou-se com várias espécies de unguentos, estendeu-se na aldeia de Clophil (pertencera a uma jovem bruxa queimada
cama e adormeceu imediatamente. em 1770), cabeças de vacas e cabelos dispostos em círculo
Os jovens maltrataram-na duramente, queimando-lhe não muito longe de tudo isto. Estas descobertas, efectua-
os seios e as coxas e cortando-lhe os cabelos. das em Inglaterra durante o ano de 1964, provam a
Quando acordou, a mulher contou ao juiz que tinha ido sobrevivência de um rito pagão e de uma bruxaria, dos
nua ao sabbat, em cima de uma vassoura, enquanto o quais as raças céltica e nórdica são ainda apreciadoras.
Diabo a chicoteava com vergas de ferro em brasa e a tinha Os bruxos ingleses, que se reúnem em datas consagra-
levado às costas, queimando metade dos seus cabelos com das do solstício de Verão e do de Inverno, são, no número
a vassoura incendiada! ritual de 338, repartidos em grupos de 13 (13x2x13).
O cronista Minucci, que relata os factos, termina A grande matriarca da seita é uma mulher de corpo
dizendo: «Graças a este estratagema, o hábil magistrado admirável, seios harmoniosos, pernas de Diana caçadora,
teve a certeza de uma verdade sobre a qual ele não tinha que oficia nos sabbat toda nua, tendo como únicos
qualquer dúvida. É desprezível torturar assim uma pobre adereços uns colares de ouro ao pescoço e uma estrela de
louca!» prata nos cabelos dourados.
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Num altar colocado no centro do círculo mágico, ela Vão nus ao sabbat para melhor comunicar com as forças
dispõe uma espada, uma faca de sílex, uma cana, sal, que invocam e receberem da Terra-Mãe os eflúvios bené-
água, um incensório, e invoca o Céu e a Terra em socorro ficos. O seu sabbat pagão não tem, portanto, inspiração
do Reino Unido, designa esta ou aquela pessoa, «e todos satânica e apenas retira da tradição da Idade Média «o prin-
os seres humanos de boa raça e vontade». cípio de salvaguarda contra a empresa maléfica de Deus».
Os bruxos ingleses pretendem dedicar-se à magia
branca, por oposição — dizem — à magia negra das reli- MALDITO SEJA QUEM NISTO PÕE MALÍCIA
giões autorizadas, segundo um rito ancestral dirigido à
constelação de Oríon e à minhoca, ou seja, à mais bela das Segundo o escritor Roger Delorme, um outro culto
nebulosas estelares e ao mais humilde dos seres organi- pagão, mas à base da magia negra, saída dos longínquos
zados. tempos pré-históricos, foi revalorizado no século xivcom a
Na tradição, Oríon (Urine, em grego) nasceu das criação da célebre Ordem da Jarreteira. Este rito teria subsis-
urinas misturadas de Júpiter, Neptuno e Mercúrio. O herói tido na aristocracia inglesa até ao fim do século passado.
mitológico é um gigante — um dos primeiros homens da Quando, em 1348, Eduardo III levantou do chão uma
Terra —, que recebeu de Neptuno o dom de andar sobre as Jarreteira, perdida no baile pela sua encantadora dama (que
águas. talvez fosse a condessa de Salisbúria), exclamou: «Maldito
A constelação é composta pelas maiores estrelas do céu seja quem nisto põe malícia. Quem se ri hoje disto amanhã
- Betelgeuse, Rigel, Belatrix — e a sua forma qua- honrar-se-á de a trazer» ', e o rei teria, assim, querido marcar
drangular, com três estrelas em linha no meio, torna-a a sua adesão ao culto dos adoradores de Jano.
diferente de todas as outras. Jano, o deus latino de duas faces e com pés de bode, era
Oríon passa por dominar o céu e comandar a estação de origem etrusca e nórdica.
má. No plano astrológico, ela tem, pois, um valor Em apoio das suas revelações, Roger Delorme acrescenta
excepcional e uma influência mágica particularmente que o rei proclamou publicamente a criação de um duplo
sensível. coven, composto por vinte e seis principais nobres do reino,
Em contrapartida, a minhoca representa as forças com ele próprio à cabeça de um grupo de treze e o príncipe de
telúricas, o signo de Geia, e o misericordioso Lúcifer, Gales à cabeça do outro.
expulso do céu por ter gostado da raça humana. O dito espirituoso «maldito seja quem nisto põe malícia»
Este Lúcifer — verme -- não é o Diabo e ainda menos não foi dedicado aos que se chocaram com a visão da
a entidade semimá, mas, pelo contrário, o símbolo do Jarreteira, mas aos bem-pensantes que murmuravam contra a
reprovado, do prescrito, vítimas da opressão e da maldade antiga religião.
de Deus.
Os bruxos ingleses veneram as forças da natureza e 1
É a este acontecimento que a Inglaterra deve a célebre Ordem da Jarreteira. instituída em
negam-se a dirigir as suas actividades no sentido do mal. 1350. Realmente, a história desta instituição é muito mal conhecida.

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suscitando nas artes e nas letras manifestações espantosas,


Na Idade Média, o culto comportava sacrifícios huma- muitas vezes sem interesse de maior. Mas o oculto
nos e o Royal Coven britânico teria, pensa-se, desejado «movia-se» e, sob a capa da busca interior da espiritualidade,
oferecer a própria vida de um rei num sangrento holocausto. do desembrutecimento do inconsciente, do regresso às
Em lugar do rei, um parente próximo ou um seu amigo,
verdades ancestrais, começaram a proliferar seitas sob o
substitui-o muitas vezes. signo de Satã, disfarçado em arcanjo.
O lendário William Rufus, morto por um dos seus
cortesãos, Sir Walter Tyrrel, em circunstâncias muito E Satã diz respeito ao sexo, ao erotismo — dirão
misteriosas, teria sido vítima do rito. alguns —, sob os seus aspectos múltiplos e equívocos,
Roger Delorme nota que o corpo de Rufus foi abando- seja no acto proibido da carne, seja, por outro lado, como
nado na floresta durante várias horas; quando os lenhado- o meio e o arcano.
res o trouxeram para Winchester, um novo rei já tinha sido Cerca de 1920, a sociedade secreta inglesa Golden
eleito e Walter Tyrrel nunca mais foi incomodado pela sua . Dawn (Aurora do Ouro), herdeira de tradições eróticas e
falta de habilidade. . . ou pela sua deslealdade. da magia sexual dos indo-arianos, contaminava a Grã-
A morte de Tomas Becket, arcebispo de Cantuária e -Bretanha e ramificava-se pela França e Itália.
chanceler da Inglaterra no reinado de Henrique II, é igual- Mac Gregor e Aleiter Crowley -- principalmente este
mente classificada como uma morte ritual. Temos de pre- último, o homem mais imundo da Inglaterra, segundo o
cisar que os historiadores refutam vigorosamente a tese de ministro da Justiça — sondavam as profundezas do Graal
Delorme. negro e destilavam alquimicamente a liga da liga, para
Na ilha de Man, perto de Casteldown, o doutor dela extrair a pedra filosofal dos mágicos esotéricos.
Gardner, que fundou um maravilhoso Museu da Bruxaria, Crowley reivindicara para si mesmo, com orgulho, o título
dirige ele próprio um grupo de bruxos, adoradores do deus de «666», que é o número da besta do apocalipse ou de
cornudo dos nossos ancestrais pré-históricos. Ihiphomet, o pseudo-símbolo oculto dos Templários.
O primeiro templo iniciático do deus encontra-se em
As suas musas, as suas egérias, os seus médiuns, as
França, na Gruta das Três Irmãs (Ariège).
É ainda na Inglaterra, depois da guerra 1914-1918, que suas mulheres escarlates, as grandes-sacerdotisas verme-
o sabbaí conhece um renascimento muito elaborado, inte- lhas da seita, deviam «ultrapassar em vício e em perversi-
lectualizado ao extremo, com Aleister Crowley e a seita da dade tudo quanto um espírito refinado exacerbado pelo
álcool e pelas drogas pudesse imaginar em erotismo» 1 .
Golden Dawn.
1
AS MULHERES ESCARLATES DA GOLDEN DAWN Ao mesmo tempo que Crowley se assenhoreava do número 666. a sua egéria era a
mulher escarlate» da Bíblia. Apocalipse. XVIL4. «Esta mulher vestia-se de púrpura e
Nesta época, uma delirante psicose de mistério, misti- rscarlate: estava coberta de ouro. pedras preciosas e pérolas e tinha na mão uma taça de
ouro cheia de abominacões e da impureza da sua fornicação.»
cismo e estravagância espalhou-se por todo o mundo,
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O historiador Pierre Mariel' conta que Crowley fundou


Tudo está no sexo, proclamava Crowley, e não pode- em Celfalu, na Sicília, um templo chamado Thélème, onde
mos chegar a Deus senão pela iniciação erótica. A morte «The Great Beast (o próprio Crowley) explorava os extre-
do justo deve verificar-se no orgasmo. . . mos confins da magia cerimonial. Pode-se-lhe imputar
Tais teorias encontraram crédito numa certa elite inte- todos os vícios e um considerável número de defeitos. Mas
lectual e ocultista. A Golden Dawn teve o seu momento de tem, pelo menos, uma virtude que se lhe não pode contes-
glória; Crowley tornou-se numa espécie de Moisés negro, tar: uma absoluta, intransigente sinceridade. Estava
pioneiro da nova religião; um dos seus médiuns. Rose, dita persuadido da sua missão e acreditava-se chamado para
em transe o Livro da Lei; como Aarão, na Bíblia, os propagar a sua doutrina, antiga mas esquecida, ou
grandes padres foram entronizados depois de uma espécie "corrompida" pelo cristianismo: The Magick».
de holocausto, onde o sangue humano era fornecido pelas Outras seitas satânicas instalaram as suas bases secretas
em todos os países da Europa e da América; os seus
menstruações. «mestres», todos eles chegados do Extremo Oriente, natu-
O imperador molhava no sangue a orelha direita, o
polegar e o dedo grande do pé direito do «padre» (exacta- ralmente — Gurdjieff. Meher Baba —, abusaram dos
mente como a consagração de Aarão - - Bíblia, Levítico, ingênuos.
capítulo VIII -<- versículos 15-19-23-24) e o sacrilégio era É curioso notar que. depois da guerra de 1940-1945, a
consumado por um coito com uma mulher escarlate. psicose tornou-se numa epidemia nesses mesmos países,
com a aparição dos «mestres» e — cúmulo dos cúmulos! —
Estas egérias tornaram-se desde logo legião, cada uma
de um «Senhor do Mundo», o ilustríssimo príncipe Cheren-
aspirando ao título supremo através de iniciações incríveis. zii Lind. Maha Chohan, supremo regente de Agarta.
Uma delas, a terrível Balkis, para se tornar mulher Obviamente, estes charlatães pretendem ser mágicos
escarlate seduziu o seu pai, irmãos e tios, tornou-se uma brancos, filósofos ou espiritualistas, e o seu número vai
autêntica mulher de rua e de porta, vendendo os seus crescendo sem cessar com a aproximação do fatídico ano
encantos, nos bares, aos marinheiros. Foi recebida uma 2000.
noite, numa sessão excepcional, no Templo de Deus,
depois de lavada e saída dos estupros do seu ofício e
apresentada nua num palco, «tão bela, tão radiosa», se- O RRUXO DO ACTO SEXUAL
gundo o nosso informador, que assistia ao espectáculo,
«que certamente Deus morava nela naquele momento». Em 1964. chegou a Paris um homem extraordinário
Parece que sonhamos! não hesitou em apresentar-se como bruxo. De facto.
Contudo, na França e na Itália, no Egipto e na Escan-
dinávia produziam-se cenas idênticas sob o signo da espiri- / urnpí' paíenne 1/11 XX1' \iecle - Mapie Noirc en Angleterre. Ed. La Palatine.
tualidade sexual.
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este homem. Paul Gregor. era um lançador de sortilégios,


embora no sentido da magia branca.
No seu livro Diário de Um Bruxo1 expunha os seus
objectivos, que iam encontrar a sua consagração numa
escola mágica: o Instituto Macumba.
Paul Gregor defendia uma estranha teoria cujo princí-
pio era o da «mudança de ritmo no acto sexual», segundo
o tantrismo hindu, os preceitos do psicólogo Havelock
Ellis e a disciplina secreta dos bruxos brasileiros.
O estranho orgasmo que daí resulta, escrevia Paul
Gregor. é um ligeiro espasmo que sacode o coração e o
grande simpático durante minutos. É mais lento, e carre-
gado de uma doçura cem vezes maior que nunca. Sente-se
a essência do ser dividir-se em duas correntes,
propagando-se uma para o amante e a outra flutuando
para o centro secreto da vida.
O fluxo do tempo e o envelhecimento são retardados e
invertidos como o acto do amor. . .
A prática acompanhava-se de um desdobramento efec-
tivo e de um desenvolvimento amoroso que favorecia o
uso de estimulantes vegetais.
Uma vez mais, a questão de Satã. do demônio, dos
sacrifícios humanos e inumanos. . . A bruxaria, com Paul
Gregor, retomava a sua concepção original: uma ciência
misteriosa dirigida para a exaltação do ego desconhecido.

1
Jtnirnal tl'un Sorcier. ou t.'F.nvoútemeni telim Ia Macumhii. de Paul Gregor. fora do
mercado.

3 74
I

CAPÍTULO XIX

O SÉTIMO SELO DO APOCALIPSE

S profecias do Apocalipse de S. João ainda não se


A realizaram e o fim do mundo «muito próximo» foi
mal sucedido; contudo, persuasiva, uma verdade
paralela impregna o nosso tempo como se pertencesse ao
«tempo ultrapassado», o pós-Ápocalipse.
«Não haverá mais tempo», jurou o anjo de pé, na terra
e no mar (Apocalipse, X-6). Estaremos no antitempo
bíblico?
O nosso coníinuum evolutivo assemelha-se a uma
imensa fermentação, determinando em redor do planeta
uma aura carregada de todos os influxos maléficos que
emitimos.
Como no processo mágico, esta forma de invocações
irá passar pelo «Outro Mundo» de Deus, para nos
reaparecer sob a forma de detrito psíquico, isto é, em
cataclismo?
Por muito gratuita que seja, esta hipótese integra-se
completamente nos dados da tradição: existe uma interfe-
rência entre a deterioração da humanidade e os grandes
cataclismos cósmicos.
A degradação humana precede o cataclismo e serve-
-Ihe, digamos, de preâmbulo.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
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mas aquele que tem o sentido — e sem dúvida a deforma-


Em linguagem clara, dir-se-ia, por exemplo, que, se os ção --do mistério não deixa de ver nele um símbolo,
homens desencadeassem uma guerra atômica, uma miste- senão mesmo um sinal característico dos tempos do
riosa coincidência faria com que o fim do nosso mundo Apocalipse.
sobreviesse pouco depois. Como um choque em retrocesso. Em datas fixas, nas festas ditas consagradas, os
Como uma magia operacional. cidadãos possuidores de automóveis, mobilizados por uma
De facto, este fenômeno poderia explicar-se certamente ordem misteriosa e todo-poderosa, deixam a capital com a
pela física nuclear por muito pouco que os sábios queiram finalidade de pagar o seu tributo de sangue a um deus
obscuro, talvez Moloch.
dar-se ao trabalho. O holocausto varia com a importância da festa pública:
Nesta época do antitempo, tudo parece passar-se como
se as ordens soberanas viessem do Misterioso Desconhe- 100 sacrificados para a do 1.° de Maio, 150 para o rush
das vigílias, mas muitas vezes a fé e o entusiasmo
cido, espécie de potencial eléctrico que toma, face ao
ultrapassam a rotina e fazem-se festas de Primaveras
nosso entendimento, a aparência de uma entidade
honradas com sacrifícios muito mais importantes!
consciente. O holocausto anual é de 35 000 vítimas, ou seja,
Ordem de estabelecer o culto do sangue. 200 000 litros de sangue espalhado pelo altar do deus
Ordem à «mulher escarlate» para agitar a taça da Moloch.
fornicação, aos padres para medir o altar e aos adoradores Superaviões de transporte (o C-5 americano), podendo
com a cana em forma de verga 1 . assegurar a morte de 750 passageiros de uma vez, são
Contudo, alguns ocultistas pensam que as «ordens» construídos pelas grandes firmas, e o bang dos aviões a
vêm de uma central astral onde mágicos, sem dúvida reacção, cientificamente destilado pelas Forças Armadas,
conscientes, constituem o grande quartel satânico. arruina os velhos monumentos, velhas cidades, velhos
corações de doentes e os nervos de todo o mundo.
Como a «voz do Senhor», a do Diabo ecoa nas nuvens,
destruindo posturas, ninhadas, deteriorando fetos no ventre
O HOLOCAUSTO QUOTIDIANO das mães, deixando o gado dos campos com crises de
loucura furiosa.
A nossa organização é uma vasta conjura com o fim de
equilibrar o espírito do homem honesto. O ACTO DE HEROÍSMO
Certamente o fantástico quotidiano resulta de uma
organização que se pode supor racionalmente estabelecida. A humanidade evolui de acordo com uma fórmula-
-suicida. que poderia significar que os homens caducos
estão de acordo com o fim do mundo.
1 S. João- XV11-4 e Xl-1.
Bihlia - Apocalipse de
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Outrora, o homem honesto, o próprio herói, temia a Toda a população está decidida a comer os prisionei-
ros no caso de novo bombardeamento na região1.
morte: um Leónidas, um Bayard. um Surcouf teriam
recusado, certamente, subir para uma cápsula de uma nave De facto. vários belgas foram devorados, crus.
espacial ou a bordo de um Ferrari correndo a duzentos e Em 24 de Maio de 1964, o encontro de futebol
cinqüenta quilômetros por hora. Nos nossos dias, milhares Argentina-Peru, em Lima, terminou com o resultado de
de voluntários batem-se pelos comandos suicidas: kamika- I . . . a 328 mortos e 1500 feridos!
ses encerrados nos seus aviões cheios de dinamite, Em 18 de Junho do mesmo ano, atenienses incendia-
homens-rãs mergulhando em expedições sem esperança, ram as tribunas de um estádio sob o pretexto de que os
pára-quedistas ávidos de se bater em Dien-Bien-Phu ou jogadores não eram suficientemente brutos!
lançando-se no vazio sem pára-quedas. . . Em Paris, mulheres e homens quase nus rebolaram-se
Aos milhões, aparentemente equilibrados, apaixonam- num amontoado de vestidos de papel amarrotado, lançando
-se pela aviação, a busca submarina; mulheres demonstram à cara frangos sanguinolentos, peixes crus e bolos de
os seus desgostos da vida enclausurando-se durante um confeitaria. Trata-se de um movimento «intelectual» en-
mês em cavernas a uns cem pés de profundidade; enfim, o saísta, procurando uma nova fórmula artística nas arroja-
das combinações da matéria humana com as matérias não
tímido burguês não teme brincar com a sua vida rolando
plásticas.
por estradas como num túmulo aberto. . .
Para Tout-Paris, aquilo chamou-se um happening
Habituação ao perigo, ao ritmo de vida? (acontecimento). Quando o magma do frango, da sardinha,
Só uma libido do perigo, do existencialismo, no do bolo e da carne humana atinge o seu paroxismo de
sentido literal, pode explicar o comportamento insensato, «potencial», então salta uma centelha de gênio e pode
onde não subsiste o menor instinto de conservação. ver-se, por exemplo, um homem mergulhar a cabeça numa
A fúria da morte e do antitempo exprime-se em todos lata de tinta, agitar-se numa tela virgem e nascer, desta
os organismos e em todas as escalas da vida social. maneira, um quadro altarm nte apreciado, não só pelos
Os arquitectos destruíram casas sólidas para construir m i nus de Tout-Paris, mas tar.ibém por inúmeros críticos de
prédios que se desmoronam antes de estar acabados. arte.
Crianças de dez anos assaltam as suas escolas e atacam Cinco destas brilhantes manifestações do gênio humano
as pessoas nas ruas; aos dezasseis anos, matam motoristas foram realizadas, em Junho de 1964, no Centro Americano
de táxi; aos dezoito anos assaltam bancos. dos Artistas, na Avenida Raspail. em Paris!
Diz-se que no Congo ex-belga, em 1964, o chefe
dos rebeldes, Gbenye. enviou a Kenyatta, primeiro-
-ministro do Quênia, uma mensagem onde anunciava ' Gbenye afirmou também: -Faremos feitiços com o coração dos soldados americanos e
hclüas que iremos matar e vestiremos os nossos soldados com as suas peles.»
textualmente:
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O I.IVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Ainda assim, encontrar-se-ão algumas pessoas aos e cada vez mais se construirão, casas estilizadas (as casas
gritos de «loucos!», incriminando os Estados Unidos e infernais de Corbusier), que durarão apenas algumas
lembrando que os combates de lama e de peixes entre décadas e cuja concepção e materiais recusam e repugnam
mulheres lutadoras tenham sido estreados em Nova Iorque. à coexistência, à comunhão do corpo e da alma.
Apesar da enorme e inalterável amizade que une o Nunca uma casa de tijolo ou de cimeno armado se
povo francês ao povo americano — e talvez em função tornará uma casa familiar, facto que é indiferente aos
desta amizade —, a imprensa teve reacções diversas, indo estrangeiros de passagem por França e aos materialistas
até ao ponto de pedir um corte temporário nas relações da extrema-esquerda. mas que é essencial à sobrevivência
da nação francesa. E que dizer dos monstruosos H LM?
culturais.
O problema é grave, gravíssimo até: milhões de
homens vão ser cortados pelas bases e lançados à
SERÁ PRECISO DESTRUIR OS EUA1? aventura, não sabendo para onde irão. uma vez que já
não saberão de onde vêm.
Em 1962, o semanário La Presse recebeu de um seu Os Franceses vão dissociar-se do seu gênio criador,
correspondente um artigo «incendiário», que, se fosse da sua história, dos seus costumes e da sua identidade.
publicado, teria certamente arruinado as relações franco- Vão perder o seu nome. como os povos jovens
perderam o deles por causa dos Americanos.
-americanas.
A despeito do seu teor preconceituoso, o referido Porque são eles que, por um complexo bastardo, querem
artigo compilava um interessante happening de taras que cortar o cordão umbilical de todas as nações vivas, para que
arruinam o nosso país e o seu grande aliado do outro lado todos os homens fiquem sem pai, sem mãe, sem casa.
do Atlântico. Aqui está ele: Para que sejam como eles. seres que legam uma
A vida, nos tempos próximos, vai tornar-se desumana, hereditariedade ilusória: o homem de cimento, que se
senão mesmo impossível, para os Franceses, cujas antigas desfaz em cinqüenta anos: móveis, vestuário, adornos que
residências demasiado vetustas das cidades e das aldeias se desintegram numa geração.
vão ser demolidas para serem trocadas por prédios de De homens bastardos, eis o que será a humanidade
americanizada.
cimento armado.
A reconstrução, impugnável e massiva. destruirá a Por isso. antes que a grande contaminação tenha
alma. o esqueleto da velha França e, de um só golpe, afectado toda a humanidade, é necessário destruir os
cortará o cordão umbilical que une os Franceses aos seus Estados Unidos para retomar as estruturas sociais verda-
antepassados. deiramente humanas.
O drama complica-se porque, em vez de se darem aos Este artigo, evidentemente, era demasidado duro para
homens casas «humanas», que poderiam impregnar-se de com os nossos amigos Yankees, mas retlectia uma verdade
uma nova atmosfera, de um novo passado, constroem-se, profunda, implacável e dolorosa.

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O LÍVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SF.GRFDOS TRAÍDOS

Destruir os EUA? Certamente que não! Mas pode Infelizmente, é provável que o mundo, por ausência de
perguntar-se, num plano puramente esotérico, se a missão progresso cientifico1, se meta nma ratoeira onde morrerá
superior dos Russos e dos Chineses não será precisamente por asfixia; no entanto, todos os povos civilizados estão
a de salvar o mundo atomizando todo um povo que, mais marcados com a responsabilidade desse destino.
que todos os outros, erigiu em sistema o princípio do acto Os cidadãos estão contaminados de morte, mas o
homem honesto «o homem da faca» 2 , ou seja, o que mora
heróico. no campo, também acaba por ter o elementar bom senso.
Será a Atlântida soterrada pela segunda vê?.'7 Outrora, plantava sorveiras, teixos, buxos, destinados às
gerações vindouras; agora planta para «a sua vida», sem
VIVER AINDA UMA VIDA mesmo ter a certeza de que um plano de urbanização, uma
auto-estrada, ou — catástrofe das catástrofes! -- um
Naturalmente, o artigo denunciava todos os danos campo de aviação não irá esterilizar a sua humilde
verdadeiros ou exagerados de que os povos europeus iniciativa.
podem acusar a América: Além disso, os camponeses abandonam a cultura das
batatas, de nabos, de girassóis, para se dedicarem à
— a delinqüência infantil: criação de gado industrial e à cultura rendível. Dentro de
filmes de gangslers, de assaltos, de zaragatas, apenas vinte anos, as explorações de várias centenas de
westerns; hectares serão viáveis, e o pequeno agricultor, como o
— blusões negros - - a má educação das crianças: pequeno artesão, será devorado por novos tempos.
- racismo; Não mais os silvados à volta dos campos, mas sim
— gangsterismo do disco, da música, etc.; vedações eléctricas; não mais arvoredos, nem nogueiras,
— aviltamento do desporto amador; castanheiros, sorveiras, nespereiras. . . em resumo, não
substituição do trabalhador inteligente pelo rohot: mais o pitoresco, o raro, o íntimo.
— automatização considerável, etc. Serão sinais do Apocalipse?
Alguns dos danos tinham um teor humorístico, uma
vez que ligavam os Americanos à sua Coca-Cola, ao seu
lavagante, ao bolo, à cerveja em lata. aos ovos de
' Os Americanos são. talvez, os mais culpáveis, porque eles estão na vanguarda da
chocolate, etc. investigação cientifica.
A despeito do seu caracter exagerado, onde se vislum- 'O homem honesto pode vestir-se de verde ou cinzento, trazer peruca ou ser careca,
gostar de Marx ou de Hoerbiger. mas deve satisfazer os três imperativos, que não são
bra, por outro lado, uma certa preocupação política, foi suficientes mas necessários, uma vez que constituem, até ao presente, os únicos
positivo que o artigo fosse publicado, tanto para proveito elementos de hase de caracter universal e extratemporal: o homem honesto deve possuir
um nome. uma faca e uma casa.
dos Americanos como dos Franceses.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
A terra tem necessidade de repouso, de sono, e talvez
no Invisível alguém sonhe em mergulhar nos oceanos os
O DESERTO AVANÇA continentes há muito emersos.
Em virtude da superpopulação, os homens sentem falta O cosmo também tem ciclos de 'floração». . .
de terra arável, e em breve também notarão falta de água. O que deteriora a vida vegetal, infesta da mesma
Para a falta de água, a razão é compreensível; as maneira a vida humana.
Quisemos asseptizar, esterilizar, «pasteurizar» tudo; a
necessidades domésticas e industriais são enormes e
manteiga, o leite, o queijo, os frutos, a água, o vinho, em
aumentam sem cessar; mas, e para a terra? suma, o essencial da nossa alimentação: asseptizamos
Pois bem, também sem cessar ela mineraliza-se, ou
mesmo o nosso organismo pelo abuso do antibiótico.
seja, tende a tornar-se areia do deserto ou argila
Como que zombando da nossa pretensão ao infinita-
esterilizada. mente grande, o inifinitamente pequeno, ilusoriamente
Esquematicamente, esse processo significa que a terra
tem necessidade de uma evolução: em três fases essenciais: fechado, vinga-se com o cancro, o enfarte do miocárdio, o
l . a -- Os vermes da terra, aos milhões e mais eficaz- reumatismo, a esclerose em placas, a senilidade precoce,
da qual se começa também a suspeitar o caracter vírico.
mente que as escavadoras, activam milhões de toneladas
Nas minas, o carvão desfaz-se, roído também pelo mesmo
de terra arável: crosta, elementos minerais e biológicos.
cancro, como as pedras das catedrais.
É a primeira fábrica de fermentação. Os adubos, os antibióticos, o cancro, serão as bestas
2. a -- A vaca pasta. Segunda fábrica de fermentação.
3.a -- Os excrementos e os montes de estrume. Ter- do Apocalipse?
O perigo é enorme: um erro dos nossos cientistas pode
ceira fábrica de fermentação. levar à ruína irremediável do homem, como é o caso das
O ciclo fecha-se e a terra vive.
Ora, desde o início do século xix, produziu-se uma sulfamidas.
Sabem os Americanos que devem o seu aspecto de
ruptura do ciclo fundamental, sendo a terra desvitalizada
hoxeurs ao abuso de alimentos esterilizados? A lata de
pela aplicação abusiva de produtos químicos, à base do
conserva vai, em breve, determinar a sua raça.
minério puro: fósforo, azoto, potássio, etc. Por isso, ela Enfim, as explosões radiactivas acentuam, por uma
morre com carência de elementos biológicos e, mesmo nas larga margem, este desequilíbrio, contra o qual o homem
regiões mais ricas do Globo, nos EUA, na URSS, França empreende uma luta insensata e sem esperança.
(Beauce, Brie, Somme, etc.), o rendimento das colheitas Segundo as estimativas do Dr. Linus Pauling, Prêmio
sofre uma baixa progressiva. Nobcl da Química, do professor J. P. Vigier e de físicos
No mundo inteiro, o deserto avança, comendo, como japoneses, cada eclosão de superbombas provoca 15 000
um cancro, terra fértil. Os Israelitas, com tenacidade, nascimentos anormais no mundo. Actualmente, mais de
reconquistaram o deserto de Neguev, mas o Egipto, a '•><)<) 000 crianças com malformações viram a luz do dia e
Argélia e Marrocos perdem todos os anos mil hectares.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

poderão, por seu lado, engendrar uma descendência irre- n;i gama de invisíveis. Assim, desapareceria a noção de
versivelmente diferente dos outros indivíduos da nossa ror, depois a dos contornos e, por fim, a forma geral.
espécie. Por outras palavras, os objectos conservar-se-iam com
Uma gota de água no oceano, dizem as Nações a sua opacidade, mas as suas formas tornar-se-iam invi-
Unidas, cujos cálculos de projecção demográfica prevêem síveis.
que a população do globo passará de 2 900 000 000, em Por exemplo, o pêndulo do relógio de sala perderia a
1960. para 7410000000, no ano 2000. sua caixa, os ponteiros, os números e o pedestal; não mais
Mas verão os homens esse ano 2000 que tanto os
i onseguiríamos ver as horas e aperceberíamos, sem dúvida,
impressiona? Pode duvidar-se quando se conhece o antago-
nismo profundo que separa os Chineses dos outros povos nina forma de pêndulo cinzento ou colorido enevoado,
do mundo; um dos dois blocos deve ser varrido do mapa i n|u opacidade nos impediria de ver a parede.
Não é ainda a invisibilidade. mas um grande passo
do mundo 1 . para o «milagre».
No Forte de Vanves, em Paris, equipas de técnicos
SOLDADOS INVISÍVEIS NO FORTE DE VANVES i r n l a m , no maior segredo, obter este resultado envolvendo
os objectos que querem tornar invisíveis num campo
A indústria de guerra aperfeiçoa-se num sentido incom- magnético, mudando apenas a agitação atômica normal,
preensível: o da invisibilidade! I u-Io menos na aparência visual.
A visão é o resultado de um processo demasiado Nesta ordem de idéias, experimentam-se também re-
complexo; cada átomo vibra e emite raios imperceptíveis, vestimentos coloridos, misturas de resinas naturais ou
ampliados no seio dos milhares de moléculas que consti- sintéticas, ensaios esses que teriam sido já feitos em
tuem os objectos. ianques, aviões, baterias e no vestuário de soldados.
Estas vibrações, que cobrem uma gama muito ampla, A perspectiva de uma guerra entre combatentes invisí-
variam em amplitude e em periodicidade; são visíveis, veis é tão provável e tomada tão a sério que, depois de
audíveis, térmicas e pertencem à classe de ondas que 1950. as grandes potências possuem canhões infraverme-
escapam à percepção dos nossos sentidos. lhos, sensíveis não só à forma do objecto mas também ao
Os cientistas pensam que seria possível transformar os t a i o térmico.
raios perceptíveis à vista humana em vibrações diferentes Porém, antes de sonhar em destruir o seu semelhante,
o homem deve sonhar na sua própria salvaguarda face a
um perigo natural: a poluição do ar, da água e da terra.
' Se os Americanos matassem todos os brancos, a história humana esconderia, À poluição atmosférica sobre as grandes cidades
certamente, este etnocídio. por um sentimento de vergonha, e poucos milênios depois a
verdade subsistiria apenas nas Centrais do Segredo do Guardado. Seria pensáve! que. I1 ii nou-se tão densa que duplicou no espaço de um século o
outrora. a raça vermelha fosse exterminada pela raça branca? numero de dias de nevoeiro.
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O L.IVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Dentro de quarenta anos não haverá mais sol em Paris de Ruão recusa ter filhos se a sua emissão televisiva
se não tivermos encontrado o meio de criar turbulências favorita for cortada. . .
atmosféricas. Mas também já não haverá sol no coração do Apocalipse? Não se sabe, mas nada pode ser mais
cidadão comunista chinês fiel aos preceitos de Mão apocalíptico que esta «tranquilizadora» informação do
l)r. Peter Kelly, director dos laboratórios de tecnologia
Tsé-tung. avançada das fábricas Philco em Arlington (EUA): «Em
de/ anos seremos todos super-homens!»
Bastará utilizar o poder mágico de um eléctrodo do
NÃO SE PÁRA A PRIMAVERA
tamanho de uma moeda que se cola no crânio.
A monstruosa doutrina do Primeiro chinês assentava O eléctrodo é ligado a um cérebro electrónico. cuja
tarefa é resolver todos os problemas possíveis e imaginá-
em dois pontos essenciais: rios, mesmo colocados mentalmente.
- O amor é uma actividade psicossomática burguesa,
Não mais necessidade de reflectir. de aprender mate-
logo perniciosa. mática, astronomia, literatura. . .: a máquina electrónica
- O casamento é a associação de um revolucionário Iara tudo em nosso lugar!
macho com urn revolucionário fêmea, com o fim de Em dez anos. . . diz o Dr. Kelly! Mas. presentemente,
melhor servir o Partido. já nasceu o \\omem-robot nos laboratórios de neurofisiúlo-
O semanário A Mulher Chinesa, de Pequim, publicou, gia do Dr. José Delgado, de New Haven (Connecticut).
em Setembro de 1964. dez mandamentos desta ordem, que. Este robot tem no cérebro microeléctrodos de prata,
feitas as contas, deixariam em breve acontecer o Apoca- ligados a um receptor do tamanho de um dedal de costura,
lipse e o fim do nosso mundo concentracionário! escondido sabiamente sob o crânio por uma cabeleira
Sinal dos tempos, talvez, quando um iluminado cir- vulgar.
cula no Palatinado fazendo-se passar pelo antipapa Cle- As ordens que comandam os sentimentos — a alegria,
mente XV! cólera, amor. medo. optimismo. etc. - são dadas à
Nada escandaliza mais os nossos contemporâneos que distância, sob a forma de estímulos eléctricos, na parte do
os jornais de cada manhã relatando incidentes cujo fantás- cérebro onde se encontra a «paixão» que se pretende
tico acaba sempre por lhes escapar: o Coliseu de Roma excitar. Então, o \\omem-robot obedece, eliminando o seu
vendido por 1800 trancos a um turista americano. . . Em livre arbítrio, a sua vontade própria.
Orly, os aviões fazem perder a memória a estudantes. . . O Dr. Robert White. de Cleveland (Ohio). pensa que.
Fome mundial em 1970. prediz um camponês russo. . . num futuro próximo, se poderão colocar cérebros humanos
O jogador número 8 da equipa de râguebi do Bagnères-de- em roboís electrónicos e realizar -transferências» tais
-Bigorre devorou uma orelha do jogador do Marmande. . . como o cérebro de um sábio para o corpo de um atleta.
Os Balubas comem-se entre si no Congo. . . Uma mulher

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O I.IVRO DOS SF.ORF.rX)S TRAÍDOS

Matematicamente, estes milagres serão realizados no


futuro, o que deixará supor que. efecti vãmente, o fim do
mundo está perto dos nossos dias!
Mas diz o cientista, que tem sempre razão: «Especulai,
inventai, tiranizai. preparai o Outono e o Inverno. . . Por
mais que façais, não podereis parar a Primavera! O sétimo
selo do Apocalipse nunca se abrirá!

390
CAPÍTULO II

O MUNDO NASCEU NA AMÉRICA

BSERVEM, por instantes, o mapa-múndi com a


O visão e o espírito de um extraterrestre recentemente
desembarcado de Vénus ou de Betelgeuse.
Zonas de um verde-claro e verde-esmeralda: ricas
planícies, pastagens e florestas.
Zonas amareladas: os desertos.
Se tiverdes um espírito lógico, um pensamento impor-
-se-á: as civilizações não se desenvolveram nem na África
do Norte, nem no Egipto, nem na Mesopotâmia, nem no
Afeganistão, uma vez que esses países são verdadeiros
desertos!
Ali, é quase impossível encontrar os elementos vitais e
primordiais: água potável, rios fartos em peixe, terra
arável, florestas e madeira para trabalhar, caça abundante
nos bosques, planícies verdejantes, pedreiras donde se
constrói as casas . . .
Se os nossos ancestrais se instalaram nestas regiões,
não se pode dizer que tivessem tido bom senso!

ELES ESCOLHERAM O DESERTO

Eis o que deveria pensar o extraterrestre ao fazer o


balanço dos conhecimentos obtidos. . . e, no entanto, foi

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O LIVRO DOS SEOREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SF.GREDOS TRAÍDOS

ali, apesar de tudo, nas zonas estéreis — e unicamente nas malmequeres na Primavera ou ceifarem nas planícies de
zonas estéreis — que se desenvolveram as maiores civili- risonhos vales.
zações da África e da Ásia 1 . Pelo contrário, as tribos perdem-se ou vagueiam nos
Não parece insensato, aberrante, incrível? desertos, esperam o maná para sobreviverem, a água para
De norte a sul destas regiões, estendiam-se frondosas beber, e o sacrifício ritual para comer.
florestas, ricas planícies, irrigadas por milhares de ribei-
ros, riachos e rios, abastecidas de boa terra, com milho,
vinho, trigo, cevada, lentilhas, propícias a toda a espécie AS UNHAS DE FRACTURA
de árvores de fruto. . .
Uma grande realidade, e das mais flagrantes, aumenta
Ali, os homens não tinham mais que retesar o arco
ainda mais o enigma: estes países da África e da Ásia estão
para ter sob a sua mira lebres, coelhos, perdizes, javalis,
situados exactamente sobre um paralelo onde os sismos
veados, auroques; ali, trutas, solhas, salmões, esturjões,
são freqüentes, o que é igualmente verdade para a cordi-
lampreias, abundavam nos rios. lheira dos Andes, onde floresceu a poderosa civilização
E, contudo, o homem pré-histórico, os nossos antepas- dos Incas, e para as montanhas do México e da Guatemala,
sados inventores da civilização, haviam desdenhado as onde se fixaram os Maias e os Astecas.
verdes pastagens - - as green-lands - e tinham optado Se se estabelecesse a carta geográfica das zonas de
pela África arenosa, pelos desertos da Ásia e da Mesopotâ- sismos e vulcões e linhas de fractura da crosta terrestre,
mia, ou seja, pela fome e pela miséria. obtinha-se, ao mesmo tempo, a representação exacta das
Custa a crer, mas é a verdade, uma realidade demencial, terras, emergidas ou submersas, onde nasceram as primei-
misteriosa, exigindo um estudo racional, que parece não ras civilizações: México, Guatemala, Peru. Chile, Colôm-
preocupar absolutamente nada os arqueólogos e os bia, Bolívia, África do Norte, Espanha, França, Itália,
filósofos. Grécia, Egipto, Pérsia, Mesopotâmia, Afeganistão. China,
Em vão tentar-se-ia opinar que estas regiões não foram índia. etc., sem esquecer a misteriosa Hiperbórea e as
outrora, talvez, os desertos dos nossos dias. hipotéticas Atlântida e Terras de Mu.
Os textos antigos, os frescos, as tábuas, suscitam um Eis-nos mergulhados no fantástico!
desmentido a tal objecção relativamente aos dois ou três Não lhes bastando preferir o deserto ao paraíso, os
milênios antes da nossa era. nossos antepassados da pré-história mostraram-se gênios
Na Bíblia, por exemplo, nunca vemos os Hebreus ou sádicos ao instalar-se onde nunca poderiam erguer as
perderem-se nas florestas, navegarem nos rios. colherem suas tendas ou construir as aldeias, nos únicos lugares da
Terra onde ela vomita cinzas ou cospe fogo, procura
1
engolir tudo, matar, aniquilar, impulsionar as águas dos
Do mesmo modo se desenvolveu, sohre a firécia rochosa, a maior civilização
curopciu. oceanos em dilúvios e maremotos!

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Ali e em mais nenhum lugar! Em suma, o homem para subsistir foi obrigado a
Como se os homens tivessem imperiosa e inconsciente aguçar o seu engenho até ao cúmulo, sob pena de morte.
necessidade de captar, pelas fendas e interstícios da Terra- Teve de imaginar, inventar, criar em algumas gerações
-Mãe, ignoradas radiações ou eflúvios, indispensáveis ao o que a idade de ouro pré-histórica, estagnada durante
seu desenvolvimento. milênios sem conta, não lhe pôde fornecer1.
E os marcos cronométricos tinham, finalmente, demar-
Filho de Geia, o homem, feito de argila e pó, quer
cado o espaço-tempo conquistado.
viver no ventre materno por mais monstruoso que ele seja, Mas porque teriam os homens da pré-história escolhido
porque dela recebe o sopro vital saído das entranhas, por um modelo de vida tão perigoso? Porque não corresponde-
ela participa no nascimento incessante das fendas num ram ao chamamento das profundidades terrestres?
ritmo fecundante e evolutivo 1 . Seriam tão escassos que a lei da sobrevivência se
Não são o amor e o erotismo que fazem mover o manifestou mais intensamente que a necessidade de evolu-
universo estático da não-criação? ção? Ou pertenceriam a outra raça?
Não será o erotismo o sinal + que significa gênese, ou Esta hipótese não é absurda e merece ser estudada.
seja: leis físicas, electrodinâmica, psicologia e, no plano Assim, ou os homens do Cro-Magnon e do Néanderthal
humano, a suprema manifestação elaborada da cibernética? eram autóctones terrestres, deteriorados pelas radiações
Sobre as medonhas entranhas de Geia, que o criou, o provocadas pelos seus antepassados2 e teriam, instintiva-
homem sabe que não deverá cortar o cordão umbilical. Ele mente, recusado a evolução e os seus símbolos, como o
sabe que deverá morrer aí e aceita o seu destino. fogo e o ferro, ou então, ainda, os homens da proto-histó-
E desta escolha, ilógica à partida, deste masochismo, ria -- Sumérios, Hebreus, Egípcios, Incas, Maias — eram
nasceram as indústrias do fogo, a arte arquitectural e os descendentes de raças estranhas ao nosso planeta, o que
tempos em movimento, intervalados por grandes descober- explicaria as suas superiores faculdades intelectuais e as
tas e pelas mais prodigiosas civilizações: a do Egipto, com suas criações industriais, mas não o seu singular
os seus templos e pirâmides, as da Arábia, da Pérsia, do comportamento.
Afeganistão, a da Mesopotâmia, com a deslumbrante Su-
méria, as do Peru, dos Incas e do lucatão dos Maias. 'A existência de uma «idade de ouro» é uma contradição formal com o princípio da
evolução universal. Não pode existir de maneira nenhuma nem idade do ouro. nem
número de ouro. nem verdade que seja permanente. Nem mesmo na morte. A idade do
' A religião das profundezas é conhecida de todos os povos. Os próprios católicos ouro supõe a imortalidade, logo uma natureza eternamente estática, habitada por
praticam-na através da mística da Virgem e das Virgens Negras, nomeadamente a de homens, não procriando, assexuados como os anjos da mitologia cristã. Se se esconde
Chartres: Nossa Senhora de Sob a Terra, onde os esotéricos vêem o símbolo do regresso neste símbolo alguma verdade insondável, então talvez ela seja inscreva num universo
à matéria. Para além disso, identificam mesmo as entranhas de Geia. a Terra-Mãe. com que não é o que conhecemos.
ns labirintos da mitologia e dos que se podem ver traçados nos mosaicos de algumas ~ Tese defendida em História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos,
catedrais (Chartres-Montpellier). Neste sentido, a iniciação serve-se muitas vezes do II capítulo. Antepassados superiores teriam atomizado a Terra, como nós nos prepa-
percurso matriz-entranhas para simbolizar ~o caminho no sentido inverso», conduzindo, ramos, talvez, para fazêlo. e os sobreviventes, terrivelmente diminuídos, teriam subido
íitravés da morte, ao mais-além de um universo paralelo. a escala da evolução para reestruturar a sua raça.

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E a essa causa pode chamar-se lei universal, determi-


ALGUÉM DECIDIA NA SOMBRA nismo.
Pode também chamar-se Deus ou Lúcifer, príncipe da
De facto, autóctones ou emigrantes, o instinto de Inteligência e guia intelectual dos homens. . . Ou então
conservação permaneceu sempre entre eles, embora alguns Satã, se se pensar nas angústias da civilização. . . Tudo
o tivessem ultrapassado graças a uma qualquer pré-cogni- depende do sentido que se der à evolução.
ção maravilhosa, mágica ou inspirada. Assim, nada se elucida ainda sobre a gênese dos
Neste sentido, os profetas teriam podido ver no futuro homens, mas adivinha-se um ritmo: uma expansão do
os tempos em que o deserto tornar-se-ia o cadinho da universo tendo, sem dúvida, tempos de contracções corres-
grande obra da civilização, antes de soterrar as cidades pondentes ao «respirar» de Brama e às teorias clássicas do
caducas, ao passo que os homens teriam terminado a sua universo em pulsação.
saga e o seu ciclo. Apenas uma grande zona de fracturas de globo parece
Teriam eles visto, porventura, sob as estéreis areias, os escapar à lei geral que dominou as civilizações desapareci-
ricos lençóis de petróleo, recompensa de um longo calvá-
rio, ou a carga infernal que, nos tempos do Apocalipse, das: os Estados Unidos.
faria ir pelos ares o planeta? Nesta zona, entre os paralelos 30 e 40, tudo desa-
No quadro da evolução, pensa-se que o homem, para brochou, rebentou, floriu. . . Foi o vazio clínico, a esterili-
se sublimar, deve buscar as soluções num sistema instável dade inconcebível de um húmus prodigioso.
e recusar as soluções fáceis do equilíbrio. Esta anomalia sugere, desde logo, a todo o espírito
O homem da pré-história, perfeitamente adaptado à sua dedicado ao fantástico, uma hipótese paradoxal: e se aí,
maneira de viver, não sofreu mais nenhuma evolução onde precisamente não se encontra nenhum vestígio, se
biológica e obedeceu apenas à natureza. tivesse desenvolvido a maior e mais antiga civilização?
Um dia, recusou essa obediência e optou pelo livre
arbítrio, escolhendo a idade de ferro para sair da «idade de
ouro», o que implica um despertar superior da consciência,
uma libertação da inteligência contra a ditadura do instinto EXPERIMENTAR A HIPÓTESE EUA
que impedia o seu aperfeiçoamento.
Escolhe, então, as linhas de fractura e os desertos para Se os antepassados superiores tivessem vivido no terri-
aí continuar a sua aventura; põe em jogo a instabilidade e a tório dos actuais EUA nos tempos primi-históricos e se a
morte, mas, em contrapartida, evade-se da falta de criativi- região tivesse sido atomizada (não passa de uma hipótese),
dade e do eterno presente. não seria normal que nada subsistisse?
Qualquer que seja a hipótese que se avance como O que restaria da nossa civilização, dentro de um
explicação, é preciso chegar à causa superior que tenha milhão de anos, se uma guerra nuclear destruísse a raça
guiado a escolha da dança sobre o vulcão. humana?

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Nada, a não ser o sílex dos indígenas de Bornéu e da para oeste, mundo de cobiça, que todas as invasões e
Nova Guiné!
migrações de povos convergiram.
Além disso, quantas perturbações não se têm produzido Para oeste, e mais precisamente para as Ilhas Britâni-
no nosso globo durante os milênios passados? cas, Gália e a Ibéria, último promontório do grande
Diz-se que alguns desertos eram, em épocas muito
continente.
remotas, estepes e terras de pasto; o mar ocupava o Não se ter em conta este dado fundamental é uma
coração do Sara; um continente emergia entre a França e a aberração, mas o facto é que ele não tem sido aceite pela
Inglaterra.
maior parte dos historiadores.
Logo, tudo foi possível na longa cadeia do tempo; Depois da era pré-histórica, depois da busca da inicia-
antes da era dos homens pré-históricos, ou paralelamente ção que Ulisses encetara na ilha dos Campos Elíseos,
na América desconhecida, a era dos antepassados superio- situado a oriente, no grande oceano, a era histórica locali-
res terá podido desenvolver-se. zara também, para oeste, as ilhas e as regiões maravilho-
Naturalmente, para ser aceite, esta hipótese teria de ser sas, lendárias, pensa-se ainda: Brasil, São Brandão, ilhas
apoiada por descobertas, documentos milagrosamente Afortunadas, o Outro Mundo, ou país do Graal, e também
salvos, em suma, por toda uma cadeia de credibilidades, e Hiperbórea, berço da raça branca para os Escandinavos,
não de suposições.
Germanos e Celtas.
Com uma certa estupefacção, confessamo-lo, vimos Uma Hiperbórea que, tendo em conta factores geológi-
esta idéia fortificar-se, tomar forma, cor e consistência, e cos, coincidiria com os Estados Unidos, antes do cata-
ser não apenas uma conjectura, mas sim uma quase cultura clismo que provocou a inclinação de 23° 27' do nosso
que surgia viva através das tradições da ciência da história globo.
invisível do mundo. Enfim, é para oeste e poente que os antepassados
Gregos e Egípcios situavam a Atlântida, cuja existência
mais dia menos dia ter-se-á de admitir.
A LUZ ESTÁ A OESTE Para uma hipótese «paradoxal», eis um ponto de partida,
de certo modo ortodoxo!
É abusivo os historiadores situarem geralmente no Os Estados Unidos (diz-se muitas vezes América por
Oriente a origem de todo o desenvolvimento: a tradição e o facilidade de expressão) formam uma vasta região, onde os
estudo histórico, pelo contrário, provam que a aurora da desertos e as rochas vitrificadas, onde o vazio pré-histó-
humanidade nasceu a oeste. rico, a respeito de homens e animais superiores, parece
Era naturalmente para oeste que os homens da pré- implicar uma maldição, um tabu que poderia ter sido
-história caminhavam; para oeste procuravam o Outro resultado de uma antiga atomização por um cataclismo
Mundo, onde milhões de sóis irradiavam eternamente; foi natural ou provocado.
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No plano científico, a realidade deste cataclismo não giadas, únicas, isoladas num universo fechado; perten-
oferece qualquer dúvida, embora as razões sejam forte- cemos a um sistema infinito e toda a nossa história
mente controversas. humana não tem sentido a não ser que a integremos na
evolução universal.
Logo, quando se produziu o cataclismo, a Terra osci-
O GLOBO ESTA DE ESGUELHA lou, soçobrou, os pólos deslizaram como pequenos trenós
sobre os continentes e os mares. À deriva, sobre as vagas
Outrora, há milhões de anos, a Terra dos nossos em fúria, os bancos de gelo, de dimensões iguais à
ancestrais desconhecidos girava num eixo sem inclinação, Córsega ou à Sicília, entrechocaram-se num estrondo apo-
o que provocava um Verão eterno. Foi nesses tempos, calíptico. As montanhas tremeram nas suas bases, as
muito antes do grande cataclismo, que existiu, no sentido aldeias e as cidades, com o ruído surdo dos homens
restrito da palavra, o que a tradição chama «idade do horrorizados, foram levadas num redemoinho, durante o
ouro». qual os oceanos, apanhados pela força centrífuga, se arro-
Situado sobre um eixo norte-sul, inclinado em 23° 27', javam sobre os continentes e escalavam as mais altas
sobre um plano da elíptica, o nosso globo terrestre, tal montanhas.
como se nos apresenta actualmente, não nos intriga de Num ápice, a população terrestre — milhões ou biliões
modo nenhum, porque ele é um dos mais velhos camara- de pessoas (nunca o saberemos) — foi devastada, arrasada,
das de infância juntamente com o mapa da Europa, onde, e com ela toda uma civilização desconhecida se achou
segundo um ritual secreto, a França é rosa, a Espanha triturada num magma onde nada se poderia identificar.
Teriam alguns seres conseguido sobreviver?
amarela, a Itália violeta e a Bélgica verde.
Pensa-se que sim, a priori, mas não é proibido acredi-
Todavia, desta anomalia surge a história humana e o
tar que toda a população humana foi aniquilada e que a
que deveria ser a base do nosso saber1.
nossa actual raça é de origem extraterrestre.
Esta posição anômala não nos deixa dúvidas de que o
Contudo, a primeira suposição é a mais aceitável.
nosso planeta sofreu outrora uma terrível perturbação cós-
Esta, uma história racional do globo terrestre, misturada
mica, em que todos os planetas do sistema solar teriam
com a hipótese de uma civilização destruída outrora por
sofrido um contragolpe de vários graus.
um cataclismo natural, na seqüência, pensamos, de uma
Assim, somos imediatamente introduzidos no cerne
ou mais explosões atômicas, das quais será preciso provar-
do problema: nós. Terrenos, não somos criaturas privile-
mos a sua autenticidade.
Esta audaciosa tese - - note-se —, não admitida pelo
Se os professores revelassem aos seus alunos, mesmo no plano mais elementar, que a
cosmologia a geologia constituem a base essencial do conhecimento, a evolução pensamento clássico, vai apoiar-se fundamentalmente nas
humana daria um salto prodigioso. Então, os homens compreenderiam a inconsistência observações geofísicas, nas tradições legadas pelos ante-
do valor dos seus conhecimentos empíricos e conceberiam mais lucidamente a sua
gênese e o seu destino. passados sobreviventes e em diferentes indícios que

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

tendem a situar sobre o globo dois epicentros de atomiza- na Califórnia. . . provavelmente, traços de mexicanos antes
ção coincidindo com dois centros de civilização desapare- do grande êxodo. Desenterraram-se ossos de mamute onde
cidos: os actuais Estados Unidos e o deserto de Gobi. havia flechas de pedra; o esqueleto da «Rapariga de
Assim se começa a delinear a história invisível da Minnesota», sugerindo a idade de vinte mil anos, e alguns
humanidade, perdida na noite dos tempos, nas areias do ossos e conchas trabalhadas pertencentes a urna época
deserto e nas tradições, algumas das quais persistem, relativamente próxima. . . e que pode justificar a passagem
talvez, entre homens de um outro planeta. de uma tribo ou de elementos isolados.
Nada de grutas com pinturas, nem jazigos com sílex,
ou tábuas de argila. . . nada capaz de mobilar a mais
TABU SOBRE OS ESTADOS UNIDOS
minúscula gruta de Charente ou de Vézère.
Pode dizer-se que praticamente, à excepção de alguns
Entre os paralelos 30 e 50 norte, estendem-se as terras indivíduos vindos, sem dúvida, da Ásia pelo estreito de
mais povoadas e mais ricas do globo; foi aí, por excelên- Béringue, a vida humana pré-histórica não existiu nos
cia, que os homens ergueram as suas cidades. Estados Unidos.
Manifesta-se, contudo, uma misteriosa repugnância em Mesmo em relação ao século xvi, apenas se localiza-
habitar nesses dois locais bem caracterizados: o deserto de vam ali alguns índios sioux e pawnees, os quais, de modo
Gobi e os EUA, que parecem marcados por um certo tabu. algum, teriam desenvolvido uma civilização digna desse
Em relação ao deserto de Gobi, pode admitir-se que a nome.
natureza do seu solo e a sua inospitalidade tenham sido Depois da sua descoberta por Cristóvão Colombo, a
pouco favoráveis à implantação humana, mas que explica- América do Norte encontrava-se totalmente desprovida de
ção se há-de apresentar no que respeita aos Estados habitantes, facto que constitui o principal problema dos
Unidos? colonos, que a tiveram de povoar através de sucessivas
Trata-se de um território de riqueza excepcional, com migrações de ingleses, italianos, franceses, alemães e
terras férteis em vinho, trigo, milho, gado, com a Florida escandinavos.
pródiga em frutos saborosíssimos, os maiores de entre os A vergonhosa história da humanidade registou o comér-
que existem em todo o mundo. . . cio de negros, organizado por traficantes, com vista a
Ora, os homens da proto-história recusaram este paraíso fornecer a mão-de-obra que tanta falta fazia.
terrestre e os homens da pré-história não quiseram instalar-
-se ali.
Apesar de aturadas escavações arqueológicas, os Ame- OS MEXICANOS VIVIAM NOS EUA
ricanos não obtiveram senão uma colheita irrisória. Restos
de homens primitivos do tipo mongolóide, quase com oito A este fantástico enigma só as tradições maias do
milhões de anos, foram descobertos perto de Santa Barbara, México puderam, parcialmente, responder:
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Este país (os EUA) é o reino da morte. Só as almas Por fim, violentas tempestades* acabaram por destruir
que nunca mais reencarnarão ali vão parar, foi habitado, as pessoas de madeira, cujos olhos foram arrancados das
há muito, por uma raça antiga de homens. cabeças, as carnes rasgadas, as entranhas comidas, os
Os mexicólogos apoiaram estas narrativas de maneira nervos e os ossos mastigados pelos fanáticos do deus da
mais científica: Morte.
As tradições orais, tansmitidas de geração em gera- Os homens procuraram correr aos pares como espigas
ção desde há milhares de anos, dizem que as popula- de milho, uns atrás dos outros, e subiram para as suas
ções mexicanas vêm do Norte; as descobertas que se casas; mas, chegando às goleiras, caíam; então, experi-
fizeram (século XIX) de construções antigas no meio das mentaram subir às árvores que se desmoronavam aos seus
estepes californianas e nas pradarias do Missíssipi e, pés; queriam refugiar-se nas grutas, mas estas repeliam-
mais revelador, o estudo comparado de uma vasta famí- -nos logo que se aproximavam. . .2
lia de idiomas americanos confirmaram a exactidão Ora, esta narrativa é transmitida pelo Popol-Vuh, o
destas tradições'. qual, segundo os etnólogos, seria o documento mais antigo
da história humana. Mais antigo que a Bíblia dos Hebreus,
o Rig Veda dos Hindus e o Zend Avesta dos antigos
O QUE D17. O POPOL-VUH
iranianos!
Outras narrativas dão-nos pormenores preciosos sobre É interessante notar que este cataclismo — dilúvio de
o cataclismo que destruiu os antigos Mexicanos e que, fogo vindo do céu e terramoto -- tem fascinantes pontos
sem dúvida, esteve na base da sua emigração. comuns com a guerra atômica, relatada pelos escritos
Há numerosas luas atrás, os povos da terceira raça sagrados hindus.
(homens de madeira2) foram condenados à morte pelos O fogo da terrível arma destruía as cidades, produzindo
deuses. uma luz mais clara que cem mil sóis. . .
O grande dilúvio de fogo e correntes de resina (em Este fogo fazia cair as unhas e os cabelos dos homens,
chamas) desceram dos céus. embranquecia as penas das aves, coloria as suas patas de
vermelho e entortava-as.

'D.P.I... 1874 — tomo XI. pág. 196. col. 3. 1


2
A leitura é mesmo esta: homens feitos de madeira! Há aqui um simholismo que Os tradicionalistas pensam que nesta época o lucatão estava unido à América do Norte
sublinha, talvez, o primado psíquico ou intelectual sobre um corpo cujo papel, pelos baixios do golfo do México. A região onde se produziram estas violentas
.•omparativamente, teria sido muito mais passivo. convulsões poderia ter sido o Sudoeste dos EUA e particularmente a Florida, onde os
As idades descritas pelo Popol-Vuh pertenciam ao ciclo dos cinco sóis, que são: ciclones causam sempre grandes estragos.
2
l - O sol do Tigre: 2 - O sol do Grande Vento; 3 - O sol do Fogo do Céu; Segundo o Popol-Vuh, o livro sagrado dos Maias-Quicés (tradução de Recinos e
4 — O sol do Dilúvio: 5 — O sol actual. que durará até ao fim do mundo. Villacosta).

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O L I V R O DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Para combater este fogo, os soldados corriam a lançar- outro planeta? Ou. por outro lado, teria essa atomização
-se aos rios e aí se lavavam e lavavam tudo o que deviam sido provocada por um cataclismo natural?
Seria aventuroso escolher uma destas hipóteses, mas o
tocar 1 .
Os efeitos das radiações e as mutações, claramente fenômeno em si mesmo parece ter sido bem real.
descritas nos livros sânscritos. encontram pontos de con-
tacto nos escritos sagrados mexicanos: o fogo que vem do O PLANETA VENltS F. O f-Afíl/I.OSO OESTE
céu, os olhos arrancados das cabeças, o rasgar das carnes e
das entranhas. De qualquer maneira, uma interferência extraterrestre,
Assim, os homens da terceira raça sofreram mutações antes ou durante o cataclismo atômico, ressalta do conhe-
físicas, exactamente como se tivessem sido expostos às cimento científico extraordinário que se teria de reconhecer
radiações de uma explosão atômica, uma vez que a sua aos homens desses tempos. Múltiplos indícios dão crédito
raça desaparece para dar lugar à quarta raça: a esta tese. situando-se os mais notáveis no antigo Peru
Não resta dos homens da terceira rac,a senão os (que compreendia a Bolívia), com as tradições, o material
macacos das florestas. insólito dos Incas e os desenhos gravados de Tiahuanaco, e
Diz-se que estes macacos (mutantes) são descendentes no México, onde são facilmente preceptíveis ao arqueólogo
dos homens. experiente.
É por esta razão que o macaco se assemelha ao Quetzalcoalt. o deus branco tolteca. mistura de pássaro
homem2. e serpente, era grande amigo dos humanos, a quem trouxe
Assim, pode deduzir-se que. segundo as tradições a civilização, o conhecimento das artes, do fogo, da
escritas de dois povos separados cerca de vinte mil anos metalurgia, exactamente como o fizeram Prometeu e
um do outro, dois cataclismos de caracter atômico destruí- Oanes.
ram dois pontos do globo (Ásia e América) ou, se quiser- Os Toltecas e os Astecas diziam-no vindo do «planeta
mos uma precisão geofísica, o deserto de Gobi e os brilhante» (Vénus) e pormenorizavam que a sua pele era
Estados Unidos. branca, facto que sugere uma origem estranha à raça
Desejariam os antigos americanos, assim como os vermelha.
antigos hindus, brincar aos demiurgos? Teriam declarado O deus retirou-se para «o velho país de Tlapallan»
uma tzuerra nuclear aos conquistadores, talvez vindos de depois da ruinosa inundação e submersão, seguida de
envenenamento da sua cidade de Tulla, a qual, possivel-
mente, seria a irmã gêmea de Tule, na Hiperbórea.
Quetzalcoalt «embarcou para leste, precedido dos seus
1
:
Râmavána e Drona Parva. servidores, transformados em pássaros de alegres pluma-
Popol-Vuh (tradução de Recinos). Os Mexicanos, ao contrario dos pré-historiadores.
fã/cm descender o macaco do homem, por mutações e deterioração da espécie.
gens, e prometeu ao seu povo que voltaria».

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O LJVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

É significativo notar que a maior parte dos iniciadores O Atlante e Prometeu, assim como os outros iniciado-
do mundo antigo estão misteriosamente ligados ao Oeste, res que com eles se identificaram, iriam acabar a sua vida
ao planeta Vénus, e voltam a partir para leste com destino crucificados a leste.
desconhecido.
Viracocha, entre os Incas, era uma espécie de Prome-
teu de origem estrangeira: assim como Orejona, a Venu- I.ÚCIFER COM QUATRO ROSTOS
siana 1 , «afastou-se para leste e desapareceu nas águas».
Cukulcan, deus do lucatão. «chegou de oeste com É evidente para nós que todos os heróis — Quetzalcoalt,
dezanove companheiros. Permaneceu dez anos no lucatão, Viracocha, Cukulcan, Ptah, Oanes, Atlante, Prometeu e
estabeleceu leis sóbrias e desapareceu para o lado onde o também Lúcifer, o Venusiano, o portador da luz dos
céu se levanta». homens da Bíblia - - foram o mesmo ser superior, sern
O misterioso deus Ptah (Ptah = aquele que abre) extra- dúvida oriundo do planeta Vénus. com personalidade alte-
terrestre, ou mutante monstruoso, era casado com a deusa rada pelos diferentes povos. O mesmo ser idêntico ao
Bast, mistura de leoa e gata. Reputado por ter «aberto o «deus do Oeste» (Amitâbha) dos hindus e ao deus do outro
ovo primordial», tinha trazido o fogo do céu e era o mundo ocidental dos indígenas da Polinésia e dos celtas da
primogênito dos homens. Europa.
O tiahuanaquense ou atlante que esteve na origem da Neste ponto, as tradições operam uma convergência
civilização egípcia foi certamente o padrão de Prometeu; a espantosa, que se acentua com o relato universal de um
sua imagem, transmitida pela tradição, foi adoptada pelos fogo caindo do céu e destruindo um ciclo de civilização
Gregos, que lhe conservaram, contudo, os seus laços com (uma explosão atômica, cremos) datada de antes do dilúvio
a América e o planeta Vénus através da sua mãe «oceânica bíblico, descrito ao mesmo tempo por Maias, Incas,
de pés maravilhosos», parente de Orejona e do seu salva- Hindus e Celtas, todos estes povos vivendo quase nos
dor Hércules, herói da iniciação no Jardim das Hespérides antípodas uns dos outros.
que se situava «no extremo oeste da Terra, para lá do rio Como recusar tais concordâncias? Como recusar-lhes
Ocean». um valor provável de realidade primi-histórica?
Segundo as tradições mexicanas, Qiietzalcoalt U m dia
foi-se embora para leste, sem dúvida muito para além da
1
Segundo as tradições andinas, a mãe da humanidade foi uma mulher que veio do uctual península do lucatão. ou seja. para o país dos
planeta Vénus. a bordo de uma astronave «mais brilhante que o Sol». Aterrou perto do
lago de Tiahuanaco. na Bolívia. O seu nome era Orejona. Assemelhava-se às mulheres Atlantes. onde «se fez imolar num grande fogo».
do nosso tempo, embora com algumas particularidades: crânio mais alongado em altura Esta narrativa poderia muito bem significar que ele
e as mãos espalmadas, com quatro dedos. Os seus pés eram muito belos. Um dos seus
descendentes, venusiano de Tiahuanaco, antes do cataclismo que destruiu a sua raça. embarcou num engenho voador análogo aos carros de fogo
foi. como Prometeu, revelar aos homens, nomeadamente no Egipto. na Suméría e nas que levaram, de uma só vez. «vivos ao céu Enoch.
índias, os principais segredos do saber científico. (Ler História Desconhecida dos
Homens desde Há Cem Mil Anos. capítulo I I I . ) Xisuthrus. Noé. e Elias».

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

«Mas Quetzalcoalt voltará», acrescentam as tradições, Unidos, é evidente), onde foram sujeitos ao cataclismo e
o que provaria que ele não morreu e que apenas partiu à morte.
porá algures1. Seguindo um conselho dos sacerdotes, partiram para o
sul, fugindo da região da morte. A terra prometida devia
ser atingida guando eles vissem sobre um cacto uma águia
O DEUS EXTRATERRESTRE com uma serpente presa nas suas garras (G.D. Universal,
México).
A recordação de um deus voador, desde essa época, é São estes, como vemos, os indícios que permitem
perpetuada pelas estranhas cerimônias das «rodas de homens situar uma civilização primi-histórica numa época anterior
voadores», os «voadores» evoluindo a cem pés do solo. à civilização, na América do Norte -- nos Estados
pendurados nos cabos de um mastro bem alto. por cerâmi- Unidos.
cas figurativas, e recordados também pelas misteriosas Resta saber se as provas materiais se vão juntar a estas
cabeças gigantes de pedra, com capacetes, edificados pelos descrições, para atestar formalmente a sua autenticidade e
Olmecas no México e que recordam os modernos cosmo- fazer dos Estados Unidos «a terra onde o mundo
nautas 2 . começou».
Que mais será preciso para que os incrédulos aceitem Os etnólogos tinham já posto a descoberto «constru-
- pelo menos — a hipótese que sugere uma intervenção ções no centro das estepes californianas e nas pradarias do
extraterrestre primi-histórica e. por conseqüência, uma Missíssipi». mas. na ausência total de datas, era difícil
civilização desconhecida? determinar se estas aldeias seriam mais antigas do que os
O Popol-Vuh menciona, explicitamente, a existência Ziqquras da Suméria.
desta civilização de homens da terceira raça mexicana (e
do terceiro sol. ou seja, a chuva de fogo), descrevendo
«cidades de casas com janelas e uma população CIDADES PRE-HISTORICAS VITRIFICADAS
numerosa» \
Outras tradições dão conta da numerosa emigração dos No século xix. o capitão Ives William Walker tez
antigos mexicanos a partir do país do Norte (os Estados descobertas arqueológicas que. do nosso ponto de vista, não
deixam subsistir qualquer dúvida a este respeito:
1
Depois deste acontecimento, certamente autêntico, os Mexicanos colocaram sentinelas Toda a região, escreve ele. compreendida entre a Cila
nas margens do rio oriental do continente, a fim de esperar pela volta do benemérito e San Juan, está coberta de aldeias e de habitações
deus. Quando os espanhóis de Cortez invadiram, no século XVI. o seu território, os
índios julgaram voltar a ver Quetzalcoalt e receberam os estrangeiros com as maiores e arruinadas. Reconheci um edifício imponente, à volta do
mais
:
prodigiosas honras qual se desenvolvia o resto da cidade, a qual teria tido,
Estas rodas de homens voadores c estas cerâmicas foram apresentadas na televisão
francesa por Max-Pol Fouché. em 17 de Julho de 1964. no prosrama -Terra das Artes-. segundo os meus cálculos, uma milha de comprimento
1
Villacosta. Traços de erupção vulcânica, blocos carbonizados ou

66 67
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

vitrificados atestam a passagem de um flagelo terrível por O MISTÉRIO NUMERO UM DA AMERICA


esta zona. No centro desta cidade, verdadeira Pompeia
americana, eleva-se uma rocha de vinte a trinta pés de
Um outro indício extremamente importante haveria,
altura, ainda com vestígios de construções ciclópicas.
entretanto, de alertar os espíritos críticos: a ausência total
A extremidade sul desse edifício parece sair de uma de cavalos no continente americano por alturas da conquista
fornalha: a rocha em que se apoia mostra traços de fusão;
espanhola.
o plano das ruas e o alinhamento das casas são ainda per- É, de facto, bem conhecido que os Astecas e os Incas
feitamente visíveis. Nos arredores, existe também um foram tomados de pânico ao ver os soldados de Cortez e
número considerável de ruínas semelhantes. É singular que de Pizarro montados num animal que não conheciam: o
os índios não tenham conservado qualquer tradição cavalo!
relativa às sociedades outrora estabelecidas nesta região. Na Europa, na Ásia, na África e mesmo na Oceania, o
Perante estes pobres vestígios, manifestam os seus terrores cavalo pertencia a uma velha família pré-histórica e teve
religiosos, mas nada sabem em relação à sua história. . . sempre um papel na evolução social.
Os astecas que Cortez encontrou no México diziam ter Na América era totalmente desconhecido!
vindo do norte há muito tempo. Desconhecido como os homens, como os locais pré-
Os Americanos estão de tal maneira subjugados pelas -históricos e os vestígios de civilização.
banalidades dos pré-historiadores da velha Europa que até É demasiado insólito para ser verdade!
consideram improvável a hipótese de se situar entre eles, Ora, nos nossos dias, os Estados Unidos tornaram-se
nas suas planícies trabalhadas em breve por tractores no território predilecto dos cavalos, que aí se multiplica-
electrónicos e no lugar dos seus edifícios de betão, a ram - - nomeadamente no Texas — em imensas manadas
Terra-Mãe, onde teria surgido a mais antiga civilização de dez mil ou quinze mil animais e onde também
conhecida. proliferam os alazões no estado selvagem!
Todavia, uma espécie de maldição que durante milênios Mais: só há alguns anos a verdade veio ao de cima,
atingiu aquele país apresenta-se como um enigma que com a descoberta da mais antiga ossada de cavalo
fascina tentar elucidar. pré-histórico jamais conhecido, o hiparião, espécie muito
Maldição que se estende até à raça vermelha — a cor anterior aos cavalos pré-históricos de Solutré, de Valréas,
do fogo devorador —, de tal maneira dizimada na América tias raças da Tartária e dos países árabes!
Central e no extremo norte que se torna necessário criar Pois esta descoberta fez-se nos Estados Unidos!
parques de protecção, «reservas», para que os últimos Actualmente, os paleontólogos são unânimes neste
sobreviventes possam vegetar mas nunca proliferar. ponto: o cavalo não é originário nem da Europa, nem da
Como se a raça, tendo dado a sua seiva e o seu gênio, África, nem da Ásia, nem da Oceania. É originário da
estivesse doravante condenada a desaparecer do nosso América!
ciclo de vida.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Pode afirmar-se mesmo que o berço original da raça


são os Estados Unidos. DEZ PERGUNTAS À GUISA DE RESPOSTA
Foi a partir dos Estados Unidos que ele passou para a Podemos também compreender a razão por que o
América do Sul, através da península de Panamá e daí para cavalo marinho se tornou no deus Posídon da Atlântida e
o resto do mundo pelo estreito de Béringue! da Grécia.
Este dado constitui na nossa história desconhecida um Uma explosão atômica, de acordo com a nossa exe-
imenso contributo, que os pré-historiadores recusam gese do Popol-Vuh, confere uma solução satisfatória a
desenvolver1. todas as hipóteses já expressas e também a todos os
Daqui se prova um facto: dez mil anos cinqüenta mil enigmas, que condensaremos em dez pontos:
anos talvez antes dos Sumérios, o cavalo vivia nos Estados l - - A probabilidade de uma civilização sobre uma
Unidos, sua terra natal, e depois, subitamente, e sem razão linha de fractura naturalmente favorável à sua
aparente, desapareceu sem deixar rasto! eclosão.
Deve ter havido um grande cataclismo para provocar - A verosimilhança de um cataclismo cósmico.
semelhante desaparecimento a cem por cento... um - Os vales da Morte e as cidades vitrificadas.
4 - - Um cataclismo natural responsável pela inclina-
cataclismo que, evidentemente, deve ter provocado a ção de 23° 27' do globo terrestre.
extinção de outras espécies de animais, e, sem dúvida, 5 -- O êxodo dos antigos mexicanos.
também, de homens civilizados muito mais antigos que os 6 - - As razões do desaparecimento do cavalo da sua
da Europa ou da Ásia. terra natal.
Assim, o homem pré-histórico teria podido viver, 7 - - Os EUA como tabu e a recusa dos homens em
evoluir, desenvolver-se no seio de civilizações nos Estados habitá-lo.
Unidos e, depois, desaparecer totalmente, como o cavalo, 8 - - A anterioridade dos EUA em relação à civiliza-
na seqüência de um acidente que temos razões bastantes ção suméria.
para identificar como uma explosão atômica. 9 - - A justificação do território dos antepassados de
Encontramos, deste modo, uma explicação para a raça branca e da demanda das «Ilhas Afortuna-
misteriosa estátua de um cavalo que existia ainda no das, do Brasil» e da Hiperbórea, em Tule.
século xv num promontório a leste dos Açores, face à 10 -- A luz que veio de oeste.
vastidão do mar. . . perante a América desconhecida dos Compreende-se, deste modo, o motivo por que os
Europeus. homens de outrora nunca quiseram habitar o País da Morte,
onde se erguiam as cidades vitrificadas descritas pelo
capitão Walker, em locais que, permanentemente, guarda-
' Para salvaguardar o sistema classicamente admitido, negaram toda a autenticidade dos i .mi um nome evocador: o Death Valley, ou vale da Morte,
frescos de Altamira. arruinaram o crédito de Glozel. seqüestraram a biblioteca
pré-histórica de Lussac-les-Châteaux, etc.
c o vale do Fogo, a trinta e cinco milhas de Lãs Vegas. . .

70 71
CAPÍTULO XX

O MISTERIOSO DESCONHECIDO

Misterioso Desconhecido é o fenômeno, o facto


O insólito, no qual a nossa razão esbarra.
Por vezes, o Desconhecido é devido apenas a
uma imperfeita prospecção científica: como se explicam as
marés? Por que motivo os anticiclones se formam sempre
nos Açores? Porque é que o oceano gira em torno do Pólo
Sul? Por que razão o enxofre é geralmente produzido pelos
vulcões e o petróleo pelos oceanos, mas ambos por uma
bactéria?
De vez em quando o Desconhecido permanece na
scnda do físico ou do químico experimental e parece
interferir com um certo ocultismo: como é que um ser vivo
pode produzir minerais que o constituem, mesmo que o
meio que o envolve seja desprovido deles?1
De facto, as galinhas isentas de calcário podem,
durante certo tempo, pôr ovos com casca; os espinafres e
i ouves plantados em água destilada contêm, respectiva-
mente, a sua quota normal de ferro e cobre. Por que

'|.IT I.'Homme ei 1'Invixihle. de Jean Servier. Ed. Robert Laffont.

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O I.IVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

motivo as faias crescem torcidas, amarfanhadas, unica- Sejamos honestos: o Misterioso Desconhecido é desa-
mente em Verzy, na montanha de Reims e em Remilly, creditado, sobretudo, ou pela ingenuidade mais incrível ou
em Moselle? pela desonestidade agressiva da maioria dos empíricos.
Uma simples experiência deixa os cientistas
estupefactos.
Pegue-se num tubo de vidro, por exemplo uma ampola O ERRO DOS EMPÍRICOS
de dez centímetros cúbicos, vazia e bem limpa do produto
farmacêutico. Os charlatães e os escroques atafulham os labirintos
Introduza-se no seu interior um feijão vulgar e um por onde os ocultistas pretendem continuar a sua evolução
pequeno tampão de algodão em rama humedecido. conforme à sua arte.
Fechemo-lo, seguidamente, com um maçarico, nas duas Registe-se a história do curandeiro que vendia «sais de
extremidades, de modo que o feijão e o algodão fiquem ouro», uma arma contra o cancro e a leucemia (por
completamente fechados no tubo. seiscentos mil francos antigos cada sessão\)\ o «biólogo»
Coloque-se o tubo no prato de uma balança medicinal escroque com o seu pseudo-soro antileucémico; o «grande
bastante precisa e equilibre-se a tara. professor italiano» que captava o eflúvio das estrelas; há
Admitamos que o tubo pesa sete gramas. também a cigana «herdeira da ciência egípcia», uma
Coloque-se a balança num globo de vidro, para evitar o vidente extralúcida; o bom apóstolo que, «na seqüência de
pó, ou numa cavidade escura se se achar melhor, para uma promessa», trata desta ou daquela doença gratuita-
isolar toda a luz solar, cujos fotões, que têm uma dada mente ou então por uma quantia exorbitante.
massa, poderiam (talvez) fornecer uma relativa explicação. Em todos os jornais se encontram anúncios deste tipo,
Ao fim de poucos dias, o feijão germinou, absorvendo cm que o charlatão se apoia, invariavelmente, no Misterioso
a humidade do algodão, e o tubo pesará um décimo de
Desconhecido:
grama mais que os sete gramas anteriores. O olhar fascinante dos hipnotizadores. . . sem dor,
Como explicar o fenômeno? Até hoje, este enigma
simples e fácil.
continua por resolver. Vencer, graças à varinha X, concebida segundo a arte
Por fim, sabemos ainda que o mistério está directa-
mente ligado ao ocultismo -- vidência, alquimia, premo- talismânica. . .
nição, magia, bruxaria — e toma então o verdadeiro Atrair o amor. . . fórmula eficaz, pelo Espelho Mágico.
sentido do Misterioso Desconhecido. A pulseira de ondas, contra o reumatismo, etc.
É quase inexplicável e apenas se percebe por intuição O oculto tem as costas largas e o empírico não hesita
ou impressão íntima, pelo que os racionalistas, enquanto i-m intitular-se Mago, Mestre, Professor, etc. . . . para o
não o podem estudar, retiram-lhe todo o interesse e todo o ridicularizar; a maior parte das vezes a sua sede é uma
crédito. caixa postal (é o mais normal), ou um «laboratório

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
daqui em diante o tesouro dos Templários, o de Arginy,
internacional», ou ainda um «instituto». Convém dar um tem um segundo esconderijo de eleição: Gisors.
O caso remonta a 1942. Nesse caso, um corajoso e
ar de seriedade!
Mas, para além destes charlatães, intrujões e escro- entusiasta guarda do castelo, radiestesista nas horas vagas,
ques, muitas vezes com registo criminal, existe todo um o senhor Roger Lhommoy, detectou um fabuloso tesouro
mundo de empíricos de boa-fé, perfeitamente honestos e sob a colina do parque.
convencidos ora dos seus poderes, ora da sua missão e da Com uma fé que faria do Himalaia um queijo suíço,
sua verdade. Lhommoy escavou um poço e um túnel e, em 1946,
O frade Bruegghe, de Danville, teria colocado a cabeça acabou--afirma ele -- por encontrar-se numa igreja
no cepo para atestar a realidade da «Cidade Céltica», que subterrânea onde achou trinta cofres monumentais, que
ele via e percorria no seu corpo astral, trinta metros abaixo presume recheados de lingotes, peças e jóias.
da terra. Basta abri-los e servir-se deles à vontade!
Em Poitou, um pobre pedreiro, graças ao seu prumo, Eis que, não se sabe por que aberração, o pseudodes-
detectou «o maior tesouro do mundo» numa pirâmide com cobridor esconde a sua descoberta, não retirando nem a
três metros de altura. . . enterrado mesmo por baixo da sua mais pequena peça, e retoma, como antes, o seu lugar de
casa! homem honesto, pobre como Job.
Sob minha honra, escreveu-nos este homem, certifico Mas ele conta a sua história e volta a contá-la,
que é pura verdade! imagina-a, enquanto os anos acabam por dar crédito ao seu
tesouro e à igreja com os trinta cofres. Uma fortuna
daquelas só poderia provir de Creso, de Salomão ou dos
O TESOURO DOS TEMPLÁRIOS Templários. Estes foram os escolhidos e, de repente, o seu
segundo tesouro tornou-se realidade. Para sempre!
Com confiança idêntica, alguns radiestesistas situam o A lenda tomou corpo, entra quase na história, chegando
mirífico tesouro dos Templários no Castelo de Arginy a seduzir um escritor e seguidamente um ministro, que
(Rhône). manda proceder a escavações.
Na verdade, nenhum indício probatório justifica tal Naturalmente, nada se encontra, mas o tesouro dos
suposição, mas a lenda passa a ter força de lei. E que Templários emigra de Arginy para Gisors, e por muitos e
haverá de mais perene do que uma lenda?1 bons anos, sem dúvida.
A isto, o senhor de La Falisse responderia: «Duas Poder-se-á argumentar que Gisors nunca foi feudo da
lendas são ainda mais perenes!» E teria razão, porque Ordem, que teria sido estúpido ir esconder numa cidade do
rei. portanto em casa do inimigo, o ouro que se desejava
1
De qualquer modo, um iniciado de Lião afirma possuir documentação que tenderia a subtrair à sua cobiça! Mas que importa?
dar crédito à existência do tesouro de Arginy.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Uma quarta lenda? Nunca o saberemos, pois o encanto


Como imaginar que o prumo de Rober Lhommoy tenha deste gênero de Misterioso Desconhecido é precisamente o
podido enganar-nos? Antes demolir a história, e foi isso de escapar ao controle da experiência!
que se fez. Mas semelhantes fantasias custam caro ao
empírico, e compreende-se, em certa medida, a descon-
fiança dos partidários da ciência experimental. SETHON, O FABRICANTE DE OURO
Existe em Paris um Clube dos Pesquisadores de
Tesouros, onde, com o auxílio de detectores electrónicos e
Os empíricos, como Cristóvão Colombo, mostram uma
documentação séria, vinte e nove técnicos aventuram-se a
invulgar sede de ouro, que os arrasta irresistivelmente para
fazer o balanço sobre os mistérios que jazem nas entranhas
a arte mágica que a fabrica: a alquimia!
da terra e no fundo dos oceanos. Os fabricantes de ouro são capazes, na realidade, de
Os arquivos secretos do clube contêm os documentos
transmutar o chumbo em metal nobre? A tradição não
que dão a Gisors e a Arginy o privilégio de albergar a
deixa de o afirmar, mas a verdade é que o segredo do «pó
fortuna dos Templários. de projecção» 1 deve ter morrido com os derradeiros
Segundo esses arquivos, o tesouro teria sido levado
alquimistas da Idade Média.
para uma comendadoria de Charentes e depois escondido,
Um deles, contudo, ainda que quase desconhecido, é
durante o século xv, no Castelo de Barbezières, onde
talvez o único que deu provas da sua sabedoria.
certas inscrições nas paredes indicam o local do
Chamava-se Sethon, era escocês e viveu nos finais do
enterramento. século x vi; a história conhece-o sobre o pseudônimo de
Um terceira lenda? Talvez, mas não se fica por aí a
«Cosmopolita».
odisséia do tesouro dos Templários. Em 1602, encontrou na Suíça o professor Wolfgang
A criptógrafa do Clube dos Pesquisadores de Tesouros,
Drenheim, de Friburgo, adversário declarado de todo o
a erudita arqueóloga J. de Grazia, a qual consagrou toda a
ocultismo, mas que teve de render-se à evidência: Sethon
sua vida ao esoterismo templário 1 , assegura, por seu lado.
que o ponto real do jazigo é uma comendadoria ainda transmutou diante dele metal vil em ouro.
intacta em Seine-et-Marne, onde ela decifrou todos os Drenheim, numa obra intitulada De Minerali Medicina
sinais-chave dos Templários e o segredo da sua (Argentorati, Estrasburgo, 1801), conta a experiência de
que foi testemunha com um ourives de Basiléia. Jacob
arquitectura. Zwinger.
'Ler l.e puils dês Templiert. 1964. colecção Lê Masque; Hixtoire sous-marine dês
1
Hommes. de J. Foex. Ed. Rohert Laffont: Histoires sançlames de flihustier.i. de Roger O pó de projecção tem o poder de transmutar seja que metal for em ouro; é a pedra
Delorme. 1965. E. Ou Victor. A história geral dos tesouros foi tratada em Tré.sars du filosofal dos alquimistas materialistas
Monde, de Robert Charroux. 1962. Eci. Fayard.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Dirigimo-nos a casa de um operário das minas de ouro


Gustenhover, a quem ofereceu uma porção do «pó de
com várias placas de chumbo, que Zwinger tinha trazido
projecção» perfeitamente actuante.
de sua casa, um cadinho que adquirimos em casa de um
Ainda que Sethon fosse inimigo de toda a publicidade,
ourives e enxofre vulgar, que comprámos no caminho.
o caso chegou ao conhecimento do imperador Rudolfo II,
Sethon não tocou em nada. Acendeu o fogo, mandou
no seu castelo de Praga, aonde convidou a deslocar-se o
pôr o chumbo e o enxofre no cadinho, colocou a tampa e
infeliz Gustenhover.
agitou toda a massa com duas varas.
Intimado a revelar o segredo da transmutação, Guste-
Durante esse tempo falava connosco.
nhover fartou-se de dizer que apenas tinha experimentado
Ao cabo de um quarto de hora, disse-nos:
o pó do escocês, mas ninguém acreditou nele e acabou os
— Lançai este papelinho no chumbo derretido, mas
seus dias na prisão.
fazei-o bem no meio e tende o cuidado de que nada caia
Sethon, apesar da sua prudência, foi também ele
no fogo. . . atraído à corte de Christian II, eleitor do Saxe, onde foi
Nesse papel havia um pó muito pesado, de uma cor
sujeito à tortura, a fim de divulgar o fabuloso segredo.
parecida com o amarelo-limão. Além disso, era preciso
Trespassavam-no, afirma Louis Figuier (A Alquimia e
ter bons olhos para o distinguir.
os Alquimistas), com ferros agudos, queimando-o com
Embora tão incrédulos quanto São Tome, fizemos tudo
chumbo quente. . . e chicoteavam-no.
quanto ele nos pediu. Logo que a massa ficou quente,
O alquimista agüentou tudo isto e, em 1603, astuta-
passado um quarto de hora, continuando a ser agitada
mente, o seu companheiro polaco Michel Sendivag conse-
com as varinhas de ferro, o ourives recebeu ordem para
guiu ajudá-lo a evadir-se com a idéia preconcebida de ser
apagar o cadinho (sic) deitando-lhe água por cima. iniciado no conhecimento.
Achámos ouro do mais puro e que, segundo a opinião do
Porém, não teve sorte, Sethon morreu pouco tempo
ourives, ultrapassava mesmo em qualidade o belo ouro da
depois, não deixando ao seu salvador senão parcelas
Hungria e da Arábia. Pesava tanto como o chumbo, cujo
ínfimas do «pó de projecção».
lugar havia tomado. Ficámos surpreendidos e maravilha-
O segredo maravilhoso foi, sem dúvida, revelado na
dos; apenas podíamos crer no que os nossos olhos viam.
única obra que se conhece da autoria do alquimista escocês
Jacob Zwinger atesta os factos numa carta latina,
(O Livro dos Doze Capítulos), mas Sendivag apropriou-se
Epístola ad doctorem Schobinger, que foi inserida nas
dele e mutilou de tal modo o texto que este se tornou
Ephémérides de Emmanuel Koning, de Basiléia. incompreensível.
Esta carta conta que, antes da sua partida da Suíça,
Terá sido Sethon um hábil ilusionista? Terá conseguido,
Sethon repetiu as suas experiências de transmutação em
de facto, a transmutação miraculosa? Cada um pense o que
casa do ourives André Bletz. quiser!
Mais tarde, em Estrasburgo, sob o nome de
Hirschboreen, transmutou novamente, em casa do ourives

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

sua vida, não tendo, como a maior parte das outras flores,
UM MISTÉRIO DOS ROSAS-CRUZES o poder de renascer numa semente.
Esta mensagem de morte, encontramo-la mais evidente
Se se torna fácil ironizar em torno dos empiristas noutros dois dados:
antigos, parece que um certo número deles, contudo, - A Verdade é também uma mensagem de morte no
iniciados ao mais alto grau. possuiu um conhecimento que universo dos homens e quem a proclama está certo de
a ciência experimental levou muito tempo a descobrir. suscitar um perigo fatal.
Há alguns séculos -- relata-nos o historiador tradicio- - Quem diz a verdade deve ter (diz o provérbio) um
nalista Charles Carrega -- mestres desconhecidos solicita- cavalo selado para fugir o mais rápido possível. . .
vam o desenvolvimento do seguinte pensamento aos A Água Pura é igualmente sinônimo de morte.
alunos que postulavam a iniciação: Os alquimistas procuraram-na, em vão, para a realiza-
A Água Pura da Verdade conduz, à compreensão do ção da Grande Obra e, não a encontrando, substituíram-na
mistério superior da Rosa. pela água rosada.
Sem termos o intuito de chegar a uma solução, A Grande Obra, para ser consumada, exigia a regene-
seja-nos permitido estudar os três dados do problema: a ração pela Água Pura (água corrosiva).
Água Pura, a Verdade e a Rosa. O baptismo é também ele uma regeneração, uma morte
O sentido exotérico da Rosa não é um segredo, mas no seguida de nascimento (no plano espiritual), e a matéria da
plano esotérico apenas nos podemos extasiar com a água do baptismo está estritamente definida: água natural
escolha dos mestres, uma vez que a Rosa, com particular (e não água pura).
excelência, inscreve-se pelo menos em quatro dimensões Trata-se, precisam os teólogos, de toda a água das
- comprimento, largura, espessura, tempo —, às quais é fontes, dos poços, dos ribeiros, dos lagos, dos tanques,
necessário acrescentar quatro subdimensões -- forma, ma- das cisternas e da chuva: Non referi, /rígida sit an colida,
téria, cor, perfume —, as quais não saberíamos encontrar potabilis vel non potabilis, benedicta vel profana.
noutra parte em formas tão harmoniosamente conjugadas 1 .
A Rosa é, pois, uma criação excepcional, quase no ÁGUA PURA: MORTE
absoluto, e os homens sempre lhe atribuíram os prêmios da
beleza, perfume e elegância. Não se trata, pois, de água pura, não duvidemos,
Ela é também o símbolo da Morte, porque desde que porque uma água dessas significaria a morte física. Quem
se descobre o seu segredo íntimo, quando entreabre as suas a bebesse ou se servisse dela para as suas abluções estaria
pétalas e mostra o seu coração, encontra-se no termo da condenado a morrer.
Ela é mais nociva que o mais perigoso dos ácidos e o
seu poder como solvente é tal que desintegra gradualmente
sconhfcida dos Homens ilesiie Há Cem
' O mistério da rosa foi revelado em História De todos os corpos.
Mil Anos.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS


i ' "i-neração, que conduziria ao advento de um novo ciclo,
Em França, não existe água pura senão no Instituto o da Verdade, aguardando a Era da Rosa.
Pasteur e, como ela dissolve, destrói o vidro das garrafas
ou dos bidões, foi preciso inventar uma matéria plástica
para a poder conter. \ IIOKA MÁGICA
Ora, este poder de morte era do conhecimento dos
iniciados, há séculos atrás, antes de os cientistas terem ( ) sentido profundo do mistério, inerente ao espírito
obtido uma água quimicamente virgem. h u m a n o , à sua predilecção pelas naturezas, locais e
Quer isto dizer que o significado da frase iniciática é: momentos.
«A Água Pura (morte) da Verdade (morte) conduz à ( ) homem lutou durante milênios contra o obscurantismo
compreensão do mistério superior da Rosa (morte), tudo • i noite: para ele, a descoberta da luz artificial foi. de
isto expresso no plano do universo humano, naturalmente, i i> io. n primeira grande vitória científica. Durante a
e não no absoluto»? • r i i . u l a noite de Inverno, ela podia ressuscitar as imagens,
Poder-se-ia encontrar uma estranha significação na Era i 11 uma da matéria palpável, pois mesmo que elas fossem,
do Aquário: curso de água, água = idade do ouro, era dos l nu vives, perceptíveis aos nossos aguçados sentidos e aos
homens-deuses = morte. m i l h a r e s de olhos da sua carne inteligente, essas imagens
Na figuração zodiacal, o Aquário situa-se entre o i l i l m a i n - s e na distância, na opacidade impenetrável.
Capricórnio e os Peixes; é o 11.° e penúltimo signo, talvez l 'm dia. então, a luz foi inventada, e deste modo. ao
o último do universo físico antes do psíquico, o dos I I I M de milênios, foi capaz de vencer toda uma noite: os
Peixes. nossos antepassados perderam insensivelmente o contacto
Se ele é efectivãmente a era dos homens-deuses, então mr.UTioso do crepúsculo, da hora fantástica em que o dia
pode recear-se a proximidade do fim da aventura humana, l i n.lo é dia e a noite ainda não é noite.
já que não vemos muito bem a permanência do homem ( ) s Antigos pensavam que, nesse momento, o homem
para a consecução de um objectivo. . . que teria sido i n u . i i ia num «outro mundo» e adquiriria poderes mágicos.
atingido! lCnlai. diziam, uma tarde, ao crepúsculo, deixardes-
Por outro lado, as estatísticas das guerras e o perigo \<<\ invadir conscientemente pelos povos do Outro
suscitado pela intensa proliferação asiática, e também de Minitlo. . . que talvez seja um universo interior; à medida
outras raças, fazem-nos temer a aniquilação de centenas de i/tu' checarem até vós e em vós, de um modo atenuado, as
milhões de seres humanos no decurso do próximo conflito in\i\ii'ncias do mundo iluminado, sentireis, através do
mundial. i,in> interno do vosso pensamento, filtrar-se do Outro
Neste sentido, a Era do Aquário seria efectivamente a o percepções desconhecidas.
era do extermínio e da morte. Não jechareis. um dia. os vossos olhos, para encon-
Para os tradicionalistas, a autodestruição da humanidade n,n cvví' isolamento propício?
na «água pura» do Aquário seria um baptismo, uma
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O LIVRO DOS SF.GRHDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Lá fora será a sombra, a opacidade: dentro será a luz l "das estas «Alésias» afirma Xavier Guichard, ocu-
que se propaga, se clarifica, se e\alta. i N >< ,ns rodeados por cursos de água mais ou menos
Com um pouco de habituarão, talvez sabe i s analisar M M | > . . i i a i r t c s que os isolam em penínsulas.
ao máximo o curto instante em que o vosso corpo se « '•. locais «alesianos» possuem todos eles uma fonte
impregna de luz e exuda uma maravilhosa expansão. i t o medicinal, muitas vezes ruínas pré-históricas, e,
Fenômeno de endosmose invertida, fenômeno eléctrico.
M i i m . i l m r i i t e , Elêusis (Grécia), capital dos mistérios,
sem dúvida semelhante ao da pilha, que deixa de acumular
IMI . i l i / . n se ia sobre uma importante diagonal.
para libertar, numa curta fracção de segundo, toda a carga
da sua energia! l d i f í c i l controlar o fundamento desta história, que
O homem perdeu a recordação do instante mágico do i mliTcssante confrontar com a das correntes telúricas,
tempo, como perderá cada vez mais o sentido de orienta- l Mstirá no solo zonas de tradição benéfica, onde os
ção e a predestinação geológica do espaço. l n i i \ , os animais e as plantas encontrem o desenvolvi-
I M . t i i i i máximo das suas faculdades psíquicas, intelectuais
i i r . n . i s ? É muito provável 1 .
ELEt/SIS-Al.ESIA Nessas zonas, as misteriosas correntes telúricas que
i .nu o globo teriam emergências, através das quais
Xavier Guichard. ex-prefeito da Polícia de Paris, é i íamos receber uma influência benéfica: sobre o nosso
autor de um curioso livro, intitulado «Eléusis-Alésia. l» MI cslar, sobre os nossos negócios e, sobretudo, facili-
ensaio e hipóteses sobre a posição geográfica (latitude e i . n n l u uma boa aclimatação.
longitude) das cidades com caracter sacro, estabelecidas 1'ui vc/es, a zona é uma região, uma comuna, ou um
outrora perto de um lago ou de uma fonte milagrosa». i m p l r s campo, um local elevado, onde os homens
Xavier Guichard tenta provar que estas cidades «foram ui-iam templos, ou ainda um vale, perto de uma fonte
estabelecidas desde a mais alta antigüidade, segundo linhas i n i l . ü - i o s a . . . uma «Alésia», diria Xavier Guichard!
astronômicas imutáveis, primeiro determinadas pelo Céu e ( h i d a s vezes, a área tem apenas alguns metros quadra-
depois referenciadas na Terra, com intervalos regulares, Jos ou talvez menos. Os cultivadores e os arboricultores
iguais cada um à 360.a parte do globo». i i - r i n bem que são locais onde qualquer árvore plantada
Segundo esta hipótese, o autor traça num mapa-mundo n MI assegurada uma rápida mortalidade. Pelo contrário,
uma rede de «linhas geodésicas alesianas» e de -linhas de m. .mo ao lado, a um ou dois metros, tudo cresce
direcção». normalmente!
Sobre a linha transversal francesa Calais-Eze, o autor
situa Olizy, Elise, Alaise. Eyzins, Aussois; na linha
Elsenburg-Alès, coloca Aisey. Lisey, Alaise, Lezat, Lai- i i" i ii.ulic.a<> afirma que o santuário subterrâneo de Agarta se situa no Sinkiang, perto
ziat. . . .li l i i i i i n c n i . sobre uma linha emergente de correntes telúricas.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Numa moita existe freqüentemente um ponto. . . um A fonte é ainda hoje um local de peregrinação.
autêntico ponto onde os espinheiros e os arbustos recusam Ao que tudo indica, originárias do mesmo lago
crescer. Porquê? Ninguém pode responder ainda a este subterrâneo, as águas das fontes próximas não têm o poder
Misterioso Desconhecido1. miraculoso que é atribuído à fonte de Burla, pelo que a
natureza do solo ou a posição geodésica poderiam explicar
A LENDA DE SANTA ENIMIE
o facto de Santa Enimie não se poder afastar sem perder o
benefício das poderosas e felizes radiações.
No século vii, a princesa Enimie (ou Hermínia, ou «Aquele que sabe», dizem os iniciados, «não se deita à
Hirma), filha de Clotário II, descendente de Clovis, era a toa», o que significa que uma casa não deve ser edificada
mais linda jovem do reino. sobre um ponto nefasto, mas, recorrendo ao empirismo ou
- Minha filha — disse-lhe um dia o pai —, qual dos a um estudo racional, num local privilegiado.
barões de França quer desposar? A maior parte das localidades antigas foram construí-
Enimie respondeu: das sobre locais benéficos, pois onde o lugar parece
- Não quero casar senão com Jesus, a quem jurei desaconselhável, a iniciativa humana não prospera, o que
permanecer fiel. provoca a deserção das suas populações.
Esse esposo glorioso (diz a lenda), para a ter só para Mesmo assim, não se exclui que estas linhas de força
si, cobriu-a logo com uma lepra medonha, para grande terrestres, bem como os pontos de emergência das corren-
desespero da família. tes telúricas, sejam sujeitas a deslocações geofísicas.
Como a jovem sofresse atrozmente, o Céu, com Porque se constrói uma povoação a uma centena de
piedade das suas dores, aconselhou-lhe uma peregrinação metros ou a um quilômetro de uma primitiva implan-
à fonte de Burla, em Gévaudan. tação? '
A água de Burla, de cada vez. que ela se banhava, A Ciência não responde ainda às questões colocadas
tornava a sua pele sã, mas logo que se retirava dali a por este Misterioso Desconhecido; todavia, abandonando o
lepra reaparecia. rigor da experiência, ela aventura-se agora na atomística,
Vendo neste fenômeno a vontade de Deus, Enimie buscando a explicação mais ou menos racional de todos os
construiu no local um mosteiro, que dirigiu enquanto
fenômenos obscuros.
viveu.

1 ' Se costuma dormir bem, não se inquiete com os dados empíricos, mas se assim não é
Fala-se das falhas terrestres que provocam ionizaçoes e perturbações electromagnéticas experimente colocar a sua cama num eixo norte-sul; para o seu descanso noctumo.
da atmosfera. O geólogo Claude Trouvé pensa que certos terrenos (o granítico mais encontrará as melhores condições de repouso. Pouco importa que a sua cabeça fique
antigo, nomeadamente) possuem uma radiação nociva, contrariamente às terras calcárias para norte ou para sul. pois apenas conta a orientação e o paralelismo com as correntes
de formação mais recente. telúricas.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Sendo tudo matéria-energia, trata-se então de um


CRIAR PELO PENSAMENTO
autêntico deslocamento, de um cruzeiro de longo curso, no
espaço-tempo1.
Para os cientistas, o átomo é ainda e sempre um As pequenas «bolhas fluidas» do átomo, entendidas
mistério, mas Lucien Barnier, fazendo-se intérprete dos como componentes do pensamento-matéria, devem permi-
físicos de vanguarda, adianta que as partículas que o tir, teoricamente, a conversão deste pensamento-maíéria e
compõem poderiam ser uma espécie de «bolas fluidas» transportá-lo, a uma «velocidade instantânea», para todos
aprisionando influxos em movimento perpétuo1. os mundos possíveis do professor E. Falinski.
O átomo, no sentido literal a mais pequena parcela Esta hipótese é apoiada pelas mais antigas cosmogéne-
possível, ou, melhor ainda, o início de tudo, seria, pois, ses dos escritos sagrados, mormente os Vedas, onde se diz
movimento. que o universo e a sua criação são pensamentos de Deus.
Esta forma de energia, como todas as outras — eléctri-
cas, luminosas, electromagnéticas —, seria susceptível de A PALAVRA MÁGICA
ser convertida em luz ou noutros sistemas de ondas
transportadas no espaço. Mais exactamente. Deus pensa, fala, e o pensamento
Esta teoria, se se confirmar, abrirá um campo ilimitado divino toma corpo no espaço.
à imaginação, antes de poder ser testada experimental- Este poder criador está expresso no mito babilónico do
mente. Enuma Elis, 4.a tábua, versículo 5 ss:
Transmutado em ondas luminosas, um homem poderia «Destruir e criar, fala e assim será feito.»
ser enviado, à velocidade de trezentos mil quilômetros por O deus Tote criava também através do verbo, mas este
segundo, para um planeta ou uma estrela, onde fosse capaz milagre não era apanágio divino, segundo Maspero, para
de se reintegrar na sua forma original. quem o poder da palavra é maior que a dos deuses: «A
Mas, por mais rápida que seja, a luz não tem o poder criação é obra da voz articulada.»
de vencer o espaço infinito, nem mesmo atingir uma Os Egípcios acreditavam mesrno que o nome de
estrela longínqua no tempo de uma vida humana. homem era como o seu ser físico: quem possuísse o nome
possuía o ser.
Todavia, o homem tem uma possibilidade de alcançar
o quase-infinito: através do pensamento, que, instantanea-
1
mente, o transporta em espírito pelo espaço em direcção ao E provável que o espaço-tempo seja ele mesmo energia-matéria. A viagem é
instantânea e praticamente imóvel, o que corresponderia à negação do movimento. Este
mundo mais longínquo do nosso universo. conceito de imobilização do tempo é análogo ao conceito de opacidade e imobilidade da
matéria; uma casa parece-nos imóvel, se bem que ela vibre, trema, se agite em todos os
seus elementos.
Se. mesmo pelo pensamento, tivéssemos a percepção desse movimento, o nosso
' Está-se longe de identificar os componentes do átomo, que são apenas entidades universo mudaria de aspecto: tudo seria vibrações.
matemáticas.
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Mas o nome secreto e todo-poderoso não tinha sido


formado ao acaso e era preciso um grande iniciado para o Para obter a salvação é preciso meditar incessante-
conhecer. mente sobre esta palavra e repeti-la a todo o momento,
fixando intimamente os pensamentos nesse ponto.
Cada letra que o compunha possuía a sua significação e
a sua virtude, que concorriam para o significado global e a Por uma extraordinária coincidência, a teoria do átomo
virtude do conjunto. Se uma só letra fosse alterada do seu «bolha fluida» dos modernos investigadores ligar-se-ia
lugar ou mesmo omitida, se não fosse enunciada com as então à ciência dos sábios, cujo pensamento criador teria
pausas necessárias e o tom conveniente, o encantamento tido o poder de materializar.
não se produziria ou voltar-se-ia contra o mau prenun- Talvez esta ultrapassagem da fronteira do Misterioso
ciador. Desconhecido e o poder da criação sejam, um dia,
Os empíricos deterioraram o segredo combinando alcançados pelo homem. Não totalmente em relação ao
palavras de difícil pronúncia, como nesta oração mágica: segundo ponto, porque nessa medida, correríamos o risco
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, um só de criar e destruir os planetas, o próprio cosmo!
Deus.
Pronunciamos os nomes de Nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo, pelos quais combatemos os espíritos maus e TUDO TEM UMA MASSA
os demônios, em nome da Trindade:
Sedreláoui, Badegáoui, Quedalolael, Quederoufrega- Na magia, a materialização, em princípio, é um
digon, etc. transporte e uma transmutação de psiquismo. Prolongando
Foi pelo poder do verbo que Moisés matou um egípcio, esta teoria, um espantoso quadro começa a formar-se na
que Isaías escapou ao rei Ahaz, que David conteve o nossa imaginação.
abismo que ameaçava arruinar a sua obra quando lançava Já que, no fundo, tudo ; energia = matéria = movi-
as fundações do seu altar. mento, nada poderia existiu sem energia, portanto sem
Para os Hindus, o Sabda Brahma, ou a palavra de massa, por mais infinitesimal que seja.
Brama, é uma meditação sobre o monossílabo sagrado e
Este postulado parece-nos evidente, pois se, por exem-
misterioso OUM, ou OM, que significa o próprio Brama.
plo, a luz é pesada, podemos admitir que a sua intensidade, a
Esta palavra comporta três letras que se resumem numa sua cor, a sua velocidade, sejam também pesadas. Uma
única na escrita: O = Brama; U = Vixnu; M = Xiva. palavra, um qualificativo, poderá ter um peso?
O algarismo U que representa OUM é um semicírculo
Em resumo, perguntamos igualmente se um pensamento
com um ponto no meio, chamado biudou, símbolo do ser
terá massa. Na realidade, não o terá em termos de física
puramente espiritual. prática (ainda que se tenha pesado, ao que se supõe, a
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

memória dos ratos), mas talvez o seja possível em termos além», uma matéria possivelmente fugidia como oflash de
matemáticos e metafísicos 1 . uma lâmpada, cuja energia se perde no universo, no
Colocada de outra maneira, a questão é a seguinte: «plasma» do universo, a menos que ela regresse ao seu
poderá existir qualquer coisa que possa ser sem ser, ser centro de emissão.
nada e qualquer coisa, ser criada pelo homem num Trará o homem em si mesmo uma massa energética
universo já criado? incomensurável, colossal, milhões de vezes maior que a
Ainda que seja uma função do espírito, o pensamento sua massa física mensurável?
não parece retirar a sua substância de uma massa identifi- E essa massa interferirá com o seu peso? Ou, pelo
cada do nosso universo conhecido. contrário, o pensamento é retirado ao «plasma» universal
Se um pensamento não existe antes que ele surja para se diluir aí?
espontaneamente no espírito humano, poderá o homem ser
considerado um criador como Deus e a sua obra juntar-se à
de Deus? EMPIRISMO = CIÊNCIA EXPERIMENTAL
Ora, o que pertence ao universo criado pertence
também ao seu constituinte original, tal como o supomos:
Somos obrigados a deixar a questão sem resposta. Mas
a energia. Parece pois que o pensamento não pode ser
a exposição destas teorias ajuda-nos a conceber o problema
outra coisa senão uma forma maciça de energia. Pensar
do Misterioso Desconhecido dos empíricos (Deus criou o
seria então mergulhar num misterioso desconhecido ener-
mundo através do pensamento; a energia do médium
gético, na verdade no «eu» desconhecido do homem, para
criar num mundo que, efectivãmente, não é o nosso determina uma materialização), que coincide exactamente
com o Misterioso Desconhecido dos cientistas (o pensa-
mundo material de três ou quatro dimensões 2 .
mento criador, a massa de toda a energia).
E quanto mais o homem emite pensamentos mais ele
mergulha em si mesmo, se aprofunda, e cria, num «mais Assim, os dois conceitos unificam-se — acabámos por
chegar a esta conclusão — e a sua fórmula mágica de

' Diferenciamos o peso (resultante da gravidade) da musstt (qualidade da material.


O cientista sueco Holger Hyden pôde, ao que se sabe, pesar a memória de um rato. Nesta ordem de idéias, quanto mais a humanidade prolifera menos os homens possuem
Primeiro, obrigou o animal, destro por natureza, a servir-se unicamente da sua pata energia, a massa que se divide pelos números de indivíduos.
esquerda. Em seguida, matou o rato e pesou os neurônios do córtex cervical da zona de Ainda em conseqüência, poder-se-ia supor que a inteligência humana se encontra em
diferenciação esquerda-direita. Hyden mostrou assim que as recordações registadas se regressão.
haviam traduzido por uma formação de proteínas que antes não existiam. Pitágoras (600 a.C.), com a sua ciência matemática; Léucipo e Demócrito (— 500) com
2
Na nossa teoria, para além da energia pessoal do ~eu» e de todas as que habitam os o átomo; Heráclito (- 500) corn o evolucionismo; Anaxágoras (- 450) com a teoria do
corpos organizados ou não. existe a energia do «plasma-, banco de massa da evolução movimento; Platão (— 400) e o seu discípulo Aristóteles (— 350) com a filosofia;
universal. (iiordano Bruno (século XVI) com a evolução universal, etc. Todos estes grandes
O geólogo Claude Trouvé pensa, pelo contrário, que a energia posta à disposição dos pensadores-inovadores eram mais geniais que Einstein. o qual, face à evolução
indivíduos é uma espécie de massa fixa de que eles se servem ã medida das suas científica, que jogou a seu favor, pensou menos profundamente no mistério do
capacidades. Desconhecido.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

upinlumínica; mas se ele pode ser projectado e assim


base, tanto para um como para outro, exprime-se pela
"i i ei o espaço, então poderia ser encarado como uma
equação de Einstein e = m c2 1
• i u i .10 para a Viagem no Tempo.
l >c qualquer modo, ela existe, seja uma especulação no
A VIAGEM NO TEMPO > i ' n . u to, seja uma projecção no passado ou no futuro.
Alravés do pensamento, vivemos o martírio de Joana
' l \ n uma viagem imaginária.
No sistema clássico, nenhum acontecimento pode Sc um conversor de ondas transmutasse o nosso
chegar ao nosso conhecimento, nenhuma acção pode ter
l » M ..miento à sua chegada ao ano de 1431, a viagem
lugar a uma velocidade superior à da luz.
i"i ii.ii se ia um facto material. Mas como enviar, primeiro,
Em metafísica, o pensamento, como acção que se m u i diivcrsor e um técnico do referido aparelho, a fim de
propaga instantaneamente, deve obedecer à lei universal da n i i i \ n m i a r , seguidamente, todo um fantástico mundo de
contracção do tempo pela velocidade. l" ir.amcntos?
Neste sentido, um pensamento, em virtude da sua < ) problema parece insolúvel, mas não há dúvida que é
velocidade incomensurável, deveria ter também uma M I . n s simples do que o imaginamos, na medida em que os
massa incomensurável; por outro lado, entrando no tempo • iM|micos pretendem poder viajar no tempo, seja em corpo
à maneira de uma verruma, ele deveria «rejuvenescer» no i i i . i l . seja por vidência, radiestesia ou desdobramento.
decurso do movimento e entrar directamente no tempo N . M I pretendem, mesmo assim, explicar o mecanismo, e é
escoado, ou seja, encontrar obrigatoriamente a sua mate- i | MI t ir desse facto que eles são — sem sentido pejora-
rialização no passado e talvez no «infinitamente passado» im> uns empiristas.
da criação original.
Segundo esta hipótese, seria possível, no futuro, livrar
Joana d'Are da fogueira, com a condição de saber medir a \ K » HA PROVAS EMPÍRICAS
penetração «cronométrica» do pensamento, de modo a
dirigi-lo para o ano de 1431. \ )(.• facto, eles nunca nos mostraram a prova da sua
A materialização que poderíamos «imaginar» -- por •cm no tempo e, apesar disso, os fenômenos inexplica-
exemplo, um comando de pára-quedistas armados de llos incitam os racionalistas a crer que o Misterioso
metralhadoras e granadas — seria o bastante para assegu- l i< si onhecido não é uma irrealidade.
rar a libertação da nossa heroína nacional. l K- qualquer maneira, teremos de admitir que nos falta
Se o pensamento é prisioneiro do nosso cérebro, não .1 | u o vá. Por exemplo, uma prova seria conseguir que um
seria uma questão de propagação a uma velocidade i i i c i l m i n pedisse a Moisés que lhe revelasse o local onde se
• i i < i ml iam as Tábuas da Lei, ou a Jacques de Molay onde
l esconde o tesouro dos Templários.
' e = me2: e = energia; m = massa; c2 = quadrado da velocidade.
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upnilumínica; mas se ele pode ser projectado e assim
base, tanto para um como para outro, exprime-se pela l- i - oner o espaço, então poderia ser encarado como uma
equação de Einstein e = m c2 1 "Inçao para a Viagem no Tempo.
De qualquer modo, ela existe, seja uma especulação no
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A VIAGEM NO TEMPO Através do pensamento, vivemos o martírio de Joana
• l \ u : uma viagem imaginária.
No sistema clássico, nenhum acontecimento pode Si- um conversor de ondas transmutasse o nosso
chegar ao nosso conhecimento, nenhuma acção pode ter l'• 11 •..imento à sua chegada ao ano de 1431, a viagem
lugar a uma velocidade superior à da luz. tomar sc-ia um facto material. Mas como enviar, primeiro,
Em metafísica, o pensamento, como acção que se um ronversor e um técnico do referido aparelho, a fim de
propaga instantaneamente, deve obedecer à lei universal da IniiisiiHitar, seguidamente, todo um fantástico mundo de
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Neste sentido, um pensamento, em virtude da sua O problema parece insolúvel, mas não há dúvida que é
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massa incomensurável; por outro lado, entrando no tempo
à maneira de uma verruma, ele deveria «rejuvenescer» no ' n . i l , seja por vidência, radiestesia ou desdobramento.
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decurso do movimento e entrar directamente no tempo
escoado, ou seja, encontrar obrigatoriamente a sua mate- i i MI i ir desse facto que eles são — sem sentido pejora-
rialização no passado e talvez no «infinitamente passado» uns empiristas.
da criação original.
Segundo esta hipótese, seria possível, no futuro, livrar HA PROVAS EMPÍRICAS
Joana d'Arc da fogueira, com a condição de saber medir a
penetração «cronométrica» do pensamento, de modo a l )e lacto, eles nunca nos mostraram a prova da sua
dirigi-lo para o ano de 1431. •cm no tempo e, apesar disso, os fenômenos inexplica-
A materialização que poderíamos «imaginar» -- por ilicitam os racionalistas a crer que o Misterioso
exemplo, um comando de pára-quedistas armados de i ' ' onhecido não é uma irrealidade.
metralhadoras e granadas — seria o bastante para assegu- l >c qualquer maneira, teremos de admitir que nos falta
rar a libertação da nossa heroína nacional. i i - i o vá. Por exemplo, uma prova seria conseguir que um
Se o pensamento é prisioneiro do nosso cérebro, não i M i m pedisse a Moisés que lhe revelasse o local onde se
seria uma questão de propagação a uma velocidade < M. i ii 11 i a m as Tábuas da Lei, ou a Jacques de Molay onde
c o n d e o tesouro dos Templários.
e = me : e = energia; m = massa; c = quadrado da velocidade.
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À míngua destes testemunhos materiais, o Desconhecido


oferece-nos, todavia, a certeza da existência de forças e do universo, embora os nossos sentidos despertos e a nossa
mundos invisíveis, revelados por manifestações ditas curiosidade nos permitam crer que a barreira será, um dia,
supranormais, todas elas dependentes do «eu» íntimo do levantada, pela razão lógica de que o nosso isolamento
homem, do seu pensamento e da sua palavra. cósmico não poderá prolongar-se infinitamente.
O problema está, provavelmente, circunscrito em redor Há alguns anos, uma emissão de televisão extraprograma
destes três elementos, sendo a função do médium o de foi captada nos Estados Unidos. Procedeu-se a um inquérito
conversor automático. para saber donde tinham provindo aquelas insólitas ima-
Projectar-se a si mesmo, seria, certamente, um milagre gens e descobriu-se que nenhum emissor em serviço fora o
que evoca, para além da certeza de um grande potencial responsável pela emissão, mas que, quatro anos antes, esta
energético de grande intensidade, a pré-existência de havia sido apresentada por uma estação entretanto desac-
mundos paralelos. tivada.
A magia seria, pois, uma ciência superior, cuja chave A explicação mais plausível sugeriu que um feixe de
nos será concedida, no futuro, pela física nuclear. ondas hertezianas se teria perdido no cosmo, se reflectiu
um sem-número de vezes sobre écrans planetários, ficou
prisioneiro de um nó, ou campo magnético, antes de voltar
DIÁLOGOS DE SURDOS NO COSMO'.' intempestivamente à atmosfera terrestre, ao passo que a
Terra havia cumprido umas boas centenas de milhões de
Se o habitante do nosso planeta, do nosso universo quilômetros na sua rota pelo espaço.
visível, pode projectar-se por introspecção no espaço- No entanto, esta explicação não encontrou eco nos
-tempo, é lícito supor-se que o inverso é igualmente meios científicos. Se se pode aventar uma explicação
possível. ousada, poderemos imaginar que a referida emissão foi
Deste modo, seres ou inteligências de outros mundos captada pelos space people, habitando a cerca de dois
estarão, sem dúvida, entre nós sob uma forma eléctrica anos-luz da Terra, e reenviada mais tarde na nossa
- ondas ou energias ignoradas —, que poderia ser, em direcção.
teoria, materializada por conversores.
Os nossos radiotelescópios, radares e outros captadores
de sinais e ecos cósmicos recebem uma infinidade de UMA PENEIRA PARA O OUTRO MUNDO-
mensagens, que designamos por quasars, ou parasitas,
talvez porque não as sabemos transmutar. No dia 12 de Dezembro de 1959, uma agência
Cada vez mais, desde que se registaram as emissões norte-americana publicava a seguinte informação, desper-
oriundas do CTA-102, em Abril de 1965, astrônomos e cebida da maioria:
físicos pensam que o diálogo de surdos é uma fatalidade Um dos resultados da experiência Argus US aponta
para a existência de um «buraco» por cima da África, a
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

vinte mil quilômetros de altitude, onde o campo magnético


e o campo eléctrico da Terra não existem.
As partículas eléctricas produzidas por três bombas
atômicas da experiência francesa de Reganne contorna-
ram esse «buraco» sem o penetrar. . . .
Em suma, esse «buraco» apresenta-se como a abertura
do nosso universo terrestre, a «peneira» mirífica do
escritor Marc Heimer 2 , através da qual o homem deste
planeta perdido poderia escapar-se para o mundo da
antimatéria.
Esta «peneira», que corresponde, sem dúvida, à zona
do Quênia, onde as bússolas se desregulam, explicaria
possivelmente a série de acidentes misteriosos de que
seriam vítimas os aviões que sobrevoam aquela região
africana.
Mediante uma «peneira» desta natureza, sem campo
magnético ou eléctrico, os médiuns escapar-se-iam do
nosso universo, facto que explicaria a transferência de um
universo para o outro e a passagem de material izações
através da matéria compacta: o pão do padre Amon. os
demônios dos mágicos, as pedras dos poltergeists, etc.
Assim se manifesta e tende a normalizar-se o Misterioso
Desconhecido dos feiticeiros, videntes e outros ocultistas.

1
Esta observação, confirmada pelos «buracos negros- do espaço, onde estrelas
moribundas se consomem sob o seu próprio peso. está concorde com certas teorias de
Einstein.
2
Surhitmmes et Surmondes, de Marc Heimer. Ed. Julliard.

418
CAPÍTULO XXI

A CENTRAL DO SEGREDO AMARELO

nosso ciclo civilizacional começou há milênios, com


O a chegada de homens extraterrestres, e eis que,
perante indícios antecipados, outras interferências
parecem desenhar-se no céu do futuro.
Seremos um brinquedo de fantasmas ou de uma
psicose de multidões enlouquecidas pela proximidade do
ano 2000?

A FAVOR OU CONTRA
OS ENGENHOS INTERGALÁCTICOS

O escritor católico Daniel-Rops inclina-se a favor de


uma explicação fantástica:
. . .Nós, homens do século XX, escreve ele, estamos,
talvez, diante dos OVNÍ, na mesma situação psicológica
dos primeiros indígenas da América do Sul ao verem as
espingardas, e os primeiros negros de África os aeropla-
nos. ..
Esses primitivos acreditaram em fenômenos mágicos,
aliidnações, sonhos. Mas, no fundo, uma forma de vida
consciente e inteligente, existindo num outro mundo,

419
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGRKDOS TRAÍDOS

conjunto qualquer ameaça de estranhos vindos doutros


possuindo sobre a ciência humana alguns milênios de
planetas.
avanço. . . tendo, enfim, decifrado os segredos da atomís- Que sabemos nós acerca dos outros mundos? Pouca
tica e da cibernética, será uma coisa tão inconciliável e
coisa na verdade!
inadmissível? (Ouest-France, 13-9-1963). No fundo da grande Meteor Crater, no Arizona,
Para o escritor M. Ollivier, os ohjectos voadores não provocada há vários milhares de anos por um meteorito,
identificados não são engenhos intergalácticos: cientistas norte-americanos descobriram dois metais desco-
Não serão esses «movimentos giratórios- procedentes nhecidos no nosso mundo: o stishovite e a coesile.
do nosso meio espacial desconhecido, substancialmente O mistério do cosmo reserva-nos, pois, muitas outras
alterado por ondas diversas, em particular pelas nossas surpresas e autoriza um sem-número de sugestões.
ondas?
Esta hipótese é bastante sedutora e não recusa uma
manifestação estranha ao nosso planeta. Prolongando-a, ENGENHOS LUMINOSOS
podemos igualmente imaginar que os fenômenos espaciais
provenham de uma Terra paralela, existente noutras di- No dia 9 de Janeiro de 1964, estranhos corpos ovais e
mensões: mas não será esquecermo-nos demasiado das luminosos vogavam, em fila indiana, ao largo de Santa
indicações dos escritos sagrados e da tradição? Eufémia Marina, em Itália.
Em 1962, os radares das forças da Aliança Atlântica Pescadores, alertados pelo fenômeno, dirigiram-se para
registaram imagens não identificadas, que as colocaram o local na tentativa de os identificar. Um dos homens, ao
em estado de alerta durante uma semana'. tocar com um ramo o objecto maior, recebeu uma descarga
Na realidade, passou-se qualquer coisa de misterioso eléctrica que quase o fulminou.
Um barco da polícia tentou alcançar a misteriosa
no nosso céu.
flotilha, rnas esta desapareceu rapidamente apagando as
O major italiano Achille Lauro, após uma entrevista de
quarenta e cinco minutos com o general norte-americano suas luzes.
De que se trataria? Monstros desconhecidos ou peque-
Douglas MacArthur, declarou que este previra perturba- nos submersíveis? O mistério nunca foi desvendado e foi
ções vindas do espaço. juntar-se a centenas de outras observações autenticamente
O general Douglas MacArthur pensava que, face ao controladas e que colocam problemas muito sérios.
desenvolvimento da Ciência, todas as nações da Terra No Brasil, a polícia ocupou-se de um caso de seques-
deveriam pensar em unir-se para sobreviver e enfrentar em lio: o «rapto» de Rivalino Manfra da Silva, no dia 19 de
Agosto de 1962, e o roubo, pela «tripulação de um
1
Sahe-se que os radares registam freqüentemente imagens fantasmas: por isso. qualquer rngenho presumivelmente extraterrestre», de dezassete
posto bem equipado integra três. quatro, cinco éi-rans. Qualquer imagem, para ser c a linhas, seis porcos e duas vacas!
considerada definida, terá de ser registada nos vários écrun.i.

421
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Parece que tudo se passa como se os raptores tenham e procure o noso contacto, ainda que não tenhamos
querido levar da Terra algumas amostras da sua fauna. . .
recebido dela sinal algum.
Obviamente, se o diálogo se estabelecer pode demorar
CONTACTAR OS PLANETAS
milênios, mas poderemos saber que surpresas nos reserva a
Ciência no domínio das comunicações interplanetárias?
Face a manifestações desta natureza, os serviços
oficiais soviéticos promoveram, em Setembro de 1964, DOMINAR O MUNDO
uma conferência sobre as «civilizações extraterrestres», a
qual se realizou no Observatório de Vurakane, em Erivan. Acreditam nos «engenhos intergalácticos»? Aliás, pouco
O programa previa o estudo dos sinais, aparentemente importa, pois a vossa crença ou descrença não alteraria em
naturais (emissões de partículas ou ondas diversas), que nada as misteriosas interferências, evocadas pelo Gênese e
nos chegam do cosmo. pelo Livro de Enoch, que tiveram lugar em tempos
Fora do sistema solar, o planeta mais próximo é o da remotos e que, sem o sabermos, possivelmente, prosse-
Próxima Centauro, a uma distância de 4,3 anos-luz da guem nos nossos dias.
Terra; isto é, uma troca de sinais demoraria cerca de oito Há factos de uma importância nunca suspeitada, mas
anos e nove meses. O mais eminente especialista do que poderão assustar-nos pelas suas conseqüências, que se
assunto, o jornalista científico Lucien Barnier, pensa que o manifestam na nossa época e tendo como epicentro a
espectro da solidão é o impulso dominante da nossa China, sobre a qual o marechal Tito, em 7 de Dezembro
espécie e que devemos tentar o contacto com outros de 1964, afirmou que «ela desejava dominar o mundo».
planetas. Vamos fornecer um relato desses factos desconhecidos,
No congresso de Cornwallis, decidiu-se «telegrafar» fantásticos, mas ainda assim à medida da prodigiosa
aos presumíveis habitantes do espaço desconhecido en- aventura que o futuro nos reserva.
quanto nos é impossível ir ao encontro desses parentes Não se trata de uma história banal de engenhos
longínquos. presumivelmente siderais, mas de um projecto político de
Nesta perspectiva, o professor Melwin Calvin emite domínio do planeta, em benefício de uma poderosa nação.
periodicamente sinais com o auxílio do poderoso radiote-
lescópio de Green Bank, em Inglaterra, cujo alcance é de
um milhar de anos-luz. ESTES DOCUMENTOS
PROVIRIAM DA PRÓXIMA CENTAURO
Se existe uma vida pensante algures, fora da Terra,
escreve Lucien Barnier, ela engendrou seguramente uma
civilização análoga à nossa. As mesmas ansiedades a Caro senhor:
O que vos vou contar não é uma história maravilhosa
atormentam. Talvez se ocupe das mesmas buscas que nós
c muito menos um conto de ficção científica.
422 423
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

As informações que fui encarregado de vos transmitir seres extraterrestres ou terrestres, integrando no seu seio
ir-se-ão completando umas às outras, para constituir um cientistas de alto gabarito: físicos, químicos, lingüistas,
todo homogêneo, não sendo senão nas derradeiras pala- matemáticos, arqueólogos, etc.
vras da minha última carta que adquirireis a certeza de Os indivíduos desse grupo são homens da Próxima
que o correspondente ocasional que vos escreve nunca, em Centauro? Vieram até nós em engenhos intergalácticos?
momento algum, tentou mistificar-vos. Honestamente, devemos dizer que nada sabemos. Mas a
Assim começava a estranha carta que recebemos no dia existência desta sinarquia, organizada desde há longos
16 de Março de 1964. Provinha de M.N.Y., residente anos, senão mesmo há séculos, prova que uma política
numa localidade próxima de Paris, e dava-nos conta da oculta extremamente poderosa actua por conta de uma
missão de que fora incumbido, junto de nós, por seres grande nação e tem, talvez, o apoio dos responsáveis
originários do planeta Próxima Centauro. governamentais que lideram setecentos milhões de
Em resumo, a publicação no nosso livro anterior1 de indivíduos.
descobertas arqueológicas, tendentes a provar a existência
de ancestrais superiores e civilizações desaparecidas, tinha
incitado esses extraterrestres a elucidar-nos quanto à OS BAAVIANOS FALAM. . .
verdadeira gênese humana.
Que teria pensado o leitor no nosso lugar? Os extraterrestres que, em inatingíveis objectos voado-
Inicialmente, tivemos a sensação (pedimos ao nosso res, sulcam o nosso céu, explicam nos termos seguintes a
informador que nos perdoe) de estar diante de um louco, sua intervenção na vida humana:
um mitómano ou um mistificador. Resolvemos, em vosso benefício, evitar o pior, influen-
Numa palavra, não acreditamos nos «discos voadores» ciando o comportamento de certos responsáveis que
do nosso século, ponto de vista que nunca ocultávamos, pretendem ser os vossos guias.
mas a aventura parecia suficientemente saborosa e decidi- A nossa acção exerce-se por intermédio «dos que nos
mos por isso fazer o seu jogo. Veríamos o que iria conhecem», os quais podem orientar os mesmos responsá-
acontecer, se bem que no nosso íntimo tivéssemos a nossa veis sem que estes se dêem conta disso.
convicção. A faculdade dos nossos iniciadores permite-lhes intro-
Ora, a documentação recebida posteriormente — e da duzir, na imobilidade da sua consciência receptiva, os
qual vamos dar os principais extractos — convenceu-nos elementos de forças positivas, estas por si só mais
de que M.N.Y. era uma pessoa perfeitamente honrada e poderosas que todos os vossos determinismos reunidos.
que, incontestavelmente, era mandatado por um grupo de Por outro lado, os extraterrestres inquietam-se com a
utilização anárquica e perigosa que fazemos da fissão
1
História Desconhecida tios Homens desde Há Cem Mil Anos. nuclear.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Noutros termos, podemos supor que eles desejam Em França, os principais pontos de contacto seriam
reconduzir-nos ao bom caminho e, sem dúvida, não hesi- efectuados nos departamentos de Cher, Indre, Creuse e
tariam em desencadear a «guerra dos mundos» -- donde, a Lozère.
nossa destruição — se as nossas experiências de aprendizes
de feiticeiro passassem a constituir uma ameaça à escala
interplanetária. UMA CIÊNCIA INSÓLITA
De modo activo mas discreto, exercem uma vigilância
sobre nós, tendo estabelecido para tal uma ligação entre o A documentação que os cosmonautas de Bâavi nos
nosso planeta e o seu mundo natal: Próxima Centauro, transmitiram é extremamente pormenorizada e comporta:
cujo nome para os seus habitantes é «Bâavi», em fonética - Uma parte científica explicando o princípio e o
francesa. mecanismo dos dorges;
Os engenhos intergalácticos destes seres são uma - uma exposição sobre a civilização baaviana;
espécie de aparelhos discoidais chamados vaidorges, dota- - uma gramática e o alfabeto de Bâavi;
dos de uma velocidade supralumínica que lhes permite - uma explicação do sistema métrico e das medidas
viajar no tempo, ou seja, efectuar grandes percursos em de comprimento;
poucos minutos de tempo positivo, ou mesmo em tempo - um resumo das diferentes concepções em matéria
negativo, o que, em poucas palavras, significa que estes de física, química, astronomia, etc.
cosmonautas podem chegar antes de partir... Com o acordo de M.N.Y. testámos a parte científica
Os vaidorges não aterram com freqüência no decurso dos documentos, submetendo-os a alguns técnicos, nomea-
dos seus vôos de reconhecimento; antes, permanecem damente ao Dr. Robert Frédérick, doutor em Ciências.
imóveis (apenas o «disco» gira) a cerca de dois metros do O resultado deste controlo foi formal: tudo é cientifica-
solo. mente exacto ou possível. Nada pode ser refutado por
Possuem uma base secreta numa das inúmeras ilhas do vício de forma ou erro técnico.
arquipélago das Maldivas, no oceano Índico, a sul da Seria moroso e cansativo entrar em pormenores, mas,
índia, e provavelmente sobre a linha do equador. para os amantes da estatística, talvez seja interessante notar
Os seus ocupantes, que têm contactos na maioria dos que, em Bâavi, o tempo tem uma unidade: o tolt = l
países terrestres, estabelecem pontos de ligação com eles segundo 4/10. Os relógios públicos possuem três agulhas
em datas julgadas convenientes e colectam deste modo que marcam os 18 serrkaé, que igualam um dia sideral -
todas as informações úteis com destino aos Conhecedores a unidade de medida é o sys = 42 centímetros (o côvado
(chefes) de Bâavi. egípcio).
Centenas de ilhas das Maldivas encontram-se, ainda Cientistas baavianos estabeleceram estas leis, normas e
hoje, por explorar, o que lhes assegura uma base segura e parâmetros sem ignorarem as mais recentes hipóteses
perfeita. científicas, como, por exemplo, a matéria neutrónica, cuja

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densidade é tal que a sua massa poderia conter-se numa Homens da Terra vivem presentemente em Bâavi,
esfera de 247 metros de raio, e a matéria hiperiónica, cujo livres e integrados na comunidade autóctone.
centímetro cúbico pesaria dez mil milhões de toneladas! Sete regras básicas formam a lei geral.
Esta introdução permite-nos abordar agora a história
fantástica da gênese e a história invisível do nosso tempo,
relatados segundo documentos de extraterrestres que esta- UMA ESTRANHA CIVILIZAÇÃO
cionariam diariamente no nosso planeta.
Em Bâavi, a estrutura social, desde o grande cisma que
a afectou há cerca de dez mil anos, deixou de basear-se na
B Á AVI família. A vida dos habitantes, sendo eterna, teoricamente,
determinou a limitação estrita dos nascimentos. A criança
O nosso correspondente retoma, como nós, a afirma- passou a ser considerada patrimônio planetário, destinada a
ção da gênese bíblica no tocante à chegada à Terra dos assegurar apenas a perenidade da raça. Desde o seu
«filhos de Deus». nascimento, é-lhe inculcado sob o couro cabeludo uma
O texto, na sua tradução literal, falaria nos filhos dos minúscula placa de ouro onde se inscrevem algarismos e
que vêm do alto. Isto é, seres vindos do céu; portanto, letras conhecidas somente dos seus progenitores; depois, o
procedentes de uma estrela ou de planeta que não a Terra. recém-nascido é confiado ao centro de puericultura, onde
Tratava-se de homens de alta estatura que se fizeram lhe atribuem um bracelete provisório dotado de um
transportar em engenhos intergalácticos, saídos de um algarismo.
ponto da Via Láctea (a nossa galáxia), mais precisamente A criança permanece cinco anos no referido centro,
da Próxima Centauro, distante 4,3 anos-luz do nosso onde ninguém conhece a sua origem, e a partir daí, até aos
mundo. dez anos, freqüenta um centro pedagógico.
A estrela Próxima Centauro, ou Bâalki, faz parte de Aos dez anos retiram-lhe o bracelete e reenviam-na
um sistema múltiplo: Alfa-Centauro A e B, esta maior que para o centro conceptual que o gerou e onde os Conhece-
o nosso Sol e mais luminosa em relação a A. dores (os Mestres superiores da Ordem imutável) lhe
A Próxima Centauro é trinta vezes mais pequena que o concedem a consciência do seu poder psíquico e a aptidão
nosso Sol. O planeta Bâavi é 1,5 vezes maior que a Terra que lhe permite alcançar a imortalidade.
e gravita em torno da Próxima em ciclos de 311 dias de 27 Num determinado momento favorável, escolhido pelos
horas, 12 minutos, 57 segundos e 6/10 cada um. Conhecedores, o homem-aluno (ou mulher-aluna) fornece
A sua temperatura é de uma constância excepcional, as a sua cota genética, oferecendo uma criança à sociedade.
noites são luminosas e os dias soalheiros, facto que Depois, é esterilizado (a).
justifica o nome de «Filhos do Sol» dado aos seus Antes de abandonar o centro conceptual, cada um
habitantes. escolhe os nomes por que deseja ser conhecido e recebe a

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Os Yétis passam por ser os antecedentes comuns à


contrapartida oficial sob a forma de um bracelete com uma
maior parte dos humanos do universo; alguns viveriam em
placa que, no caso de uma verificação de identidade, não
será descodificada pelos aparelhos de controle se não estado selvagem em todos os planetas habitados; no nosso
estiver sincronizada com os algarismos e as letras mundo, foram assinalados nos Himalaias e na cordilheira
constantes da misteriosa placa de ouro incrustada no dos Andes, escondendo-se furtivamente e evitando o
crânio. contacto com os outros homens.
Este bracelete é o único ornamento que os nossos
companheiros (recordem-se que é um extraterrestre de
Bâavi que fala!) colocam. Por vezes, são magníficas jóias. A BASE DE BAALBEK
Finalmente, se um «Filho (ou Filha) do Sol» decide
terminar os seus dias, nada mais lhe resta fazer senão Os engenhos interplanetários de Bâavi possuem um
apresentar-se no centro conceptual, onde ele próprio, e sistema gravitacional absolutamente diverso dos aberrantes
através do desdobramento do corpo astral, liberta o seu processos congeminados na Terra.
ego espiritual. Os Baavianos primordiais utilizaram, de início, a
O seu corpo fica pertença dos Conhecedores e os propulsão fotónica, depois a iónica, fora dos campos
simples imortais do planeta desconhecem o destino que gravíticos planetários, para imprimir às suas naves uma
aqueles lhe dão. aceleração progressiva que poderá atingir os 280 000
km/segundo terrestres.
Todas as velocidades de «fuga» (libertação do solo)
O MISTÉRIO DOS YÉTIS serão obtidas por antigravitação. A primeira base que eles
construíram no nosso planeta, no decurso dos seus vôos de
À margem dos habitantes de qualidade superior, existe reconhecimento, foi instalada há cerca de quinze mil anos
em Bâavi uma espécie de gigantes com três metros de no Líbano actual, em Baalbek.
altura: os Yétis. São de trato extremamente meigo, mas o As naves partiam no sentido da rotação do planeta,
seu desenvolvimento intelectual corresponde ao de uma de modo que, desde a sua fase inicial de repulsão, o
criança vulgar de cinco a oito anos. engenho fazia actuar a sua força antigravítica sobre o
São utilizados nas grandes propriedades agrícolas na- deserto sírio.
cionais e tratados com cordialidade. Os restos da sua imponente rampa de lançamento
Os Yétis vivem e reproduzem-se à sua vontade, permanecem ainda no local, através dos enormes blocos de
escapando às leis gerais do planeta; não têm relações pedra que serviram para o efeito.
sexuais com os outros habitantes, mas, se as mantivessem, A maior pedra talhada do mundo, a «Hadjar ei
essa união seria estéril, o que leva a pensar que as duas Gouble», ali foi deixada pelos Baavianos como testemunha
raças de Bâavi não têm a mesma origem.
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OLIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Assim, enquanto no planalto marciano se registam


da sua passagem pela Terra e como prova do seu
conhecimento antigravítico 1 . temperaturas gélidas (de —50° até —80°), nos canyons, a
cinco metros do solo, ela não passa dos —20° e nas
As surtidas espaciais dos cosmonautas conduziram-nos proximidades dos líquenes a temperatura atinge os 8°
a todos os planetas habitáveis da nossa galáxia, mormente
até Marte. positivos.
O oxigênio do ar é em grande parte fixado pelo solo do
planeta, sob uma pressão atmosférica dez vezes mais fraca
MARTE COMO SE VOCÊ LÁ ESTIVESSE
que a média terrestre. De dia, regista-se uma diferença de
20° entre o ar ambiente e o solo, se bem que se poderia
andar descalço e sentir, ao mesmo tempo, as orelhas e o
«Na verdade», escreve M.N.Y., «antes de partirem nariz gelados, o que explica que apenas os fundos de
para o nosso planeta e antes mesmo de terminarem a certos canyons possuem um teor em oxigênio perfeita-
cartografia de Bâavi, já os «Filhos do Sol» tinham feito mente ajustado à manifestação de uma mónada de peque-
inúmeras incursões ao planeta Marte, que, em relação à nos seres vitalmente robustos.
Terra, é sete vezes menor e possui uma gravidade reduzida Os mamíferos de Marte são roedores, dotados de pele
a dois terços. Esta última particularidade física favorecia a branca e espessa, comparáveis a grandes lebres. Alimen-
aterragem dos engenhos intergalácticos. tam-se de raízes, larvas e ovos de lagartos gigantes que
Marte é um imenso campo de grés, rico em óxidos vivem nas rochas baixas das paredes dos canyons.
avermelhados, sulcado por uma rede de canyons de vinte Em certas lagoas mais profundas, a água forma
metros a mais de dez quilômetros de largura, principal- pântanos onde proliferam crustáceos.
mente dirigidos no sentido dos pólos. Os cosmonautas de Bâavi confraternizaram com os
No fundo desses canyons nascem alguns arbustos de habitantes de Marte.
dois a três metros de altura, alinhados ao longo de um Pormenor importante é o facto de os seus engenhos
definhado ribeiro, invisível pelo facto de as suas margens intergalácticos não ultrapassarem então a velocidade da
estarem cobertas por uma erva liquenóide negra. onda luminosa, pelo que a viagem Bâavi-Marte demorava
Essa espécie de musgo constituída a subsistência dos mais de seis anos terrestres. Concebe-se facilmente que os
Marcianos, já que ele tem a propriedade de armazenar, cosmonautas depressa se ligaram às pequenas mulheres
durante as horas diurnas e soalheiras, os raios infraverme- marcianas, de pele amarela e pertencentes à "mónada
lhos, que vai restituindo, gradualmente, no decurso da mongol".
noite. Por outro lado, isso constituía uma boa ocasião para
desafiar o severo regulamento de Bâavi, estabelecendo
1
Esta hipótese fica a dever-se à imaginação do jornalista soviético Agrest!
num outro planeta uma linhagem mestiça possuindo as

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O UVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

particularidades dos filhos gigantes do Sol e das suas Regressados a Bâavi com tais sensações, os cosmonau-
minúsculas esposas! tas, logo seguidos de uma turba de idealistas, entraram em
Há cerca de doze mil anos, o sistema vital de Marte rebelião declarada contra a Ordem imutável dos Conhece-
foi-se deteriorando, acabando por ser necessária a evacua- dores.
ção dos seus habitantes, e, muito naturalmente, a escolha Por acordo tácito entre os adversários, foi assente que
de uma nova morada incidiu sobre a Terra.» os rebeldes e todos os que adoptaram a sua ideologia
- todos eles machos — deixariam Bâavi para sempre.
A expatriação deu-se há cerca de dez mil anos e foi
ATER RAG EM NO TIBETE escalonada durante uma década, pois o número de emigra-
dos, cosmonautas, universitários e cientistas notáveis era
«Esta titânica emigração durou uns trinta anos de de 827 600.
sucessivas idas e voltas entre o planeta vermelho Marte e o Foram estes extraterrestres que se tornaram nos ances-
planeta azul Terra. Foi no Tibete, nos altos planaltos quase trais superiores dos habitantes da Terra.»
idênticos aos do nosso mundo natal, que os mongóis É esta a nossa gênese desconhecida, revelada pelos
marcianos se conseguiram aclimatar e se relacionaram com cosmonautas dos tempos presentes, todos eles «Filhos do
os terrestres. Sol» fiéis incondicionais das leis inumanas de Bâavi.
É ali que se encontra, pois, a fonte extraterrestre de Iniciados, deste modo, na vida e nas aventuras extra-
todos os povos amarelos, e mais precisamente dos ances- terrestres e terrestres dos nossos misteriosos corresponden-
trais directos dos Chineses, Japoneses e Coreanos, e tes, será o momento de tentarmos saber algo mais sobre
também dos Maias da América, na seqüência de migrações essas máquinas antigravíticas, que, sem sombra de dúvi-
pré-históricas mongóis através do estreito de Béringue.» das, prefiguram as nossas futuras realizações aeronáuticas.

A REBELIÃO DOS COSMONAUTAS <> SEGREDO DA ANTIGRAVITAÇÃO

«As experiências sentimentais e amorosas levadas a A matéria é uma condensação do movimento, isto é,
cabo junto das pequenas marcianas e das jovens terrestres, uma energia produzindo ondas cada uma com a sua
ainda mais belas, tinham alterado sensivelmente o compor- livquência específica. Um corpo sólido não é senão um
tamento psicológico dos cosmonautas «Filhos do Sol». ( rntro de vibrações de determinadas características.
A concepção social em vigor no seu planeta (e mormente A gravidade é uma pressão resultante de uma reacção
a eliminação do amor passional em benefício do amor do espaço envolvente, deformado pela presença da Terra.
planetário) surgiu-lhes, por fim, com a sua verdadeira No interior do espaço considerado actua um campo de
face: seco e monstruoso. "i.ivitação onde todo o corpo tende a ser pressionado
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS Q UVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

contra o solo, segundo uma lei comum às acções gravíti- partículas negativas do universo em expansão (o nosso
cas, eléctricas ou magnéticas. universo) e que constituem antimundos!
Para manter um corpo sólido em levitação ao nível do Um antimundo não é mais que uma outra galáxia onde
solo torna-se necessário modificar a freqüência vibratória a matéria é a antimatéria para a nossa galáxia.
própria deste corpo, de tal modo que ela se oponha à do O universo de tempo negativo corre, pois, num sentido
campo de gravitaçâo. Para se alcançar este objecíivo deve inverso ao do nosso: é o universo em contracção.
elevar-se a um potencial muito elevado essa freqüência Como se pode verificar, a parte científica desta
vibratória (quarenta e cinco milhões de vólíios para cada exposição dirige-se essencialmente a especialistas da ques-
laje de pedra de Raalbek). lao, e daí entendermos ser preferível dar simplesmente
alguns traços exemplificativos dos engenhos intergalácti-
ros de Bâavi, não esquecendo de referir, a propósito, a
OS VAIDORGES. designação tibetana dos vaidorges (M.N.Y. emprega
\ também a palavra toro, reportando-se à máquina de viajar
Os vaidorges não se baseiam nos caducos princípios no tempo concebida pelo engenheiro e astrônomo Emile
dos foguetões, que entram numa luta insana contra forças l )rouet).
de oposição que crescem sem cessar e em direcção a um
limite que, fatalmente, será atingido.
Os vaidorges de Bâavi são engenhos gravitacionais que UM CANHÃO ANTIMATÉRIA
utilizam estas forças. Possuem cascos neutrínicos, de peso
negativo, e todo o aparelho entra em ressonância com as A partir do momento em que os homens se desloquem
ondas gravitacionais, que se propagam a uma velocidade no espaço com o auxílio de foguetões fotónicos, terão de,
superior à da luz e penetram em toda a parte. Esta entrada necessariamente, equipar os seus engenhos com canhões
em ressonância alcança uma energia que se opõe aos antimatéria.
efeitos da massa se o engenho se encontra já num ambiente A colisão de um desses engenhos com um minúsculo
de peso negativo e de força gravitacior.al autônoma. iiu-leorito determinaria uma explosão equivalente à de
Em suma, após uma vintena de páginas onde explica umas trinta megatoneladas de TNT, além de reacções
todo o processo científico da viagem no tempo e no nucleares que poderiam ser desencadeadas.
espaço, o nosso informador chega ao momento crítico Torna-se pois necessário criar em redor da nave um
onde o vaidorge, ao atingir as fronteiras da velocidade • .impo magnético capaz de afastar todos os meteoritos e
gravítica, bascula literalmente no antitempo (ou antiuni- pi H-i rãs que se revelem perigosos para a navegação no
verso) sem se desintegrar. espaço.
A este respeito — anota — não se deve confundir A câmara de acumulação de um vaidorge armazena à
«universo de tempo negativo» (ou antitempo) com as pari ida, e sob forte pressão, um sem-número de poeiras

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O I.IVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

espaciais que são conduzidas através de ínfimos canais de i"i.il acerca da probabilidade da primorosa ciência dos
distribuição de secção variável para a secção do toro < Ciilu-c-cdores, detentores do segredo da imortalidade: por
também conhecida por «câmara de emissão antimatéria». n i p l o , se descobriram a cura do cancro, do simples
A rotação de 91 mag-koua/tol (velocidade fotónica < - m a ou mesmo da tenaz enxaqueca!
expressa em notação baaviana) que é imprimida ao toro l'arã pessoas que, segundo a sua vontade, violam o
faz dele um cosmotron que projecta jactos de partículas • i>.iço aéreo planetário e aterram sem tomar precauções
aceleradas e que desintegra, a uma grande distância do nossos campos, o procedimento é assaz singular! 1
casco do vaidorge, todos os meios corpusculares e corpos
errantes do espaço.
i » l'OVO ELEITO DOS AMARELOS
Nestas condições de utilização, o vaidorge, visto da
superfície de um planeta, assemelha-se a um meteoro lista aventura parecer-nos-ia relativamente banal não
dotado de movimentos aberrantes. I oi a a notável coerência da exposição científica e dos
O canhão antimatéria de bordo emite um verdadeiro mquictantes pormenores de sabor político constantes na
«raio da morte»; dois vaidorges navegando no espaço n.inativa de M.N.Y.
estelar, a uma curta distância entre si, desintegrar-se-iam Incontestavelmente, a civilização de Bâavi opõe-se ao
mutuamente. , i .lema social do chamado mundo civilizado terrestre,
. i l v o no que diz respeito a um povo: os Amarelos.
Por outro lado, a gênese dos «Filhos do Sol», indo ao
NÃO HA PROVAS
i - i K o n t r o de certos dados da Bíblia, dos Apócrifos e da
( inicia, tende a substituir as tradições do Ocidente.
Aqui está. Sabem agora os leitores o essencial do Neste sentido, o mundo não nasceu nos EUA, na
mistério dos engenhos intergalácticos e dos mestres ocultos Hiperbórea ou na Suméria, mas num outro planeta; os
do nosso planeta. nossos antepassados seriam talvez os homens de Néander-
Resta saber se esta relação constitui a maior revelação i l u l ou de Cro-Magnon; contudo, os ancestrais superiores
do século ou uma mistificação notavelmente organizada! I 1 i i a m homens, não de Vénus, como o havíamos sugerido.
Anote-se, antes do mais, que, como em todas as
histórias de OVNI, não nos é fornecida qualquer prova
material da realidade dos factos descritos.
nndo os documentos que nos foram transmitidos, os extraterrestres de Bâavi
Nem engenho intergaláctico em exposição, nem «Fi- |n im.mccem na sombra e não prestam auxílio aos Terrestres, porque não desejam que
lhos do Sol» contactando personalidades políticas ou •\ilados cósmicos, as suas esposas terrenas e os filhos híbridos» regressem ao seu
|il.iiii'l;i original. Este racismo é justificado pelo raciocínio de M . N . Y . : «Aceitaríamos
científicas, comportamento de elementar cortesia, mor- • |ur extraterrestres viessem despejar na Terra as extravagâncias dos seus nascituros?»
mente em relação à Inglaterra, a quem pertence o arquipé- l'* n Ir acontecer que. dentro de alguns milênios, tendo os Amarelos adoptado o sistema
•" i.il de Bâavi, lhes seja concedida autorização para o seu regresso ao planeta ancestral.
lago das Maldivas; não temos igualmente uma informação

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OLIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

mas da Próxima Centauro, ao passo que os seus descen- tradicionalmente designados por «Filhos do Céu», sem que
dentes directos (o verdadeiro povo eleito?) seriam os se saiba bem a razão, e apelidados na referida narrativa
Amarelos! como «descendentes dos imigrados baavianos».
Na nossa tese tínhamos escolhido a Hiperbórea, ou Por outro lado, temos a convicção de que se trata de
seja, a Atlântida, como berço da humanidade terrestre autêntica conjura. na medida em que uma insidiosa
ocidental, mas conjecturáramos também sobre a aterragem propaganda se vai desenvolvendo em certos meios ligados
de cosmonautas na Terra de Mu. Estes cosmonautas — e ;i filosofia e ao pensamento asiático, com a finalidade de
voltamos de novo à versão de M.N.Y. -- seriam, talvez, impor a psicose da superioridade dos povos amarelos sobre
de uma raça diferente da dos Hiperbóreos, o que explicaria os povos ocidentais. Por exemplo, no plano religioso, a
os seus antagonismos e, segundo os dados transmitidos .cila japonesa dos Sokka-Gakkai recruta aderentes fanáti-
pelos escritos sagrados hindus, a guerra atômica que viria COS cm todas as capitais da Europa.
a registar-se.
Esta dupla hipótese daria à humanidade civilizada dos
nossos dias duas raças superiores: os Brancos e os <>\ MONSTROS MATEMÁTICOS
Amarelos: dois berços de civilizações: Hiperbórea e
Mongólia; dois povos eleitos: os Judeus e os Chineses. Certamente que os «Filhos do Sol», parentes próximos
Pode ainda pensar-se nos Japoneses, pois se os dos «Filhos do Céu», nos apresentam aqui apenas uma
Hebreus, em dois milênios e recentemente, nos campos de história na qual não somos obrigados a acreditar. Mas — e
morte, tiveram de suportar a sanção pelo fogo, os i-sii- é o ponto importante — a monstruosa organização
Japoneses foram marcados por idêntica sina através da ial dos Baavianos, que rejeita qualquer afectividade ou
atomização de Hiroxima e Nagasáqui. .cniimento. em benefício do puro cálculo matemático, é
Os Judeus formam, com toda a evidência, o núcleo u l m l i c a à monstruosa organização social que os dirigentes
mais culto e mais inteligente da raça branca, como os impõem na China e no Japão com o fim de criar uma
Japoneses parecem constituir a elite da raça amarela; para humanidade de animais superiores 1 .
ambos os povos há um mistério na sua origem. . . No Japão, a limitação dos nascimentos é já um facto
Estas considerações levam-nos a conceder uma grande . i i l i | i i i r i d o e a China foi subjugada pelo culto do heroísmo e
importância aos documentos de M.N.Y., não tanto como • l . i .ihncgação, pela adoração do terceiro deus, cujo nome é
documentos produzidos por ele, mas possivelmente por Matemática».
serem oriundos de um colégio oculto de Amarelos, os Ti es vezes mais rapidamente que a França, com meios
quais, durante anos ou séculos, prepararam a sua assunção MICOS muito mais limitados, mas com um potencial
política, a sua mitologia e a primi-história de amanhã.
Impõe-se, naturalmente, uma comprovação: os benefi- unia vez mais. à mensagem bíblica dos ancestrais superiores: o homem
ciários directos desta maquinação serão os Amarelos, • i p.iiaiso (a felicidade) ao colher o fruto da árvore da Ciência.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

intelectual superior, a China fabricou a sua primeira Existe ternura e amor na evolução universal, no
bomba atômica em apenas cinco anos. mecanismo celeste ou na sucessão das estações? Certa-
Os Amarelos têm consciência da sua superioridade mente que não!
racial sobre todos os povos brancos e o seu complexo Tudo deve ser regido pela necessidade vital e pelos
manifesta-se com extrema subtileza. imperativos da evolução, qualquer que seja o preço que
Os jovens estudantes chineses efectuam estágios em cada indivíduo deva pagar. Neste sentido, os Chineses
França e fazem abrir a boca de admiração pela sua estão prontos para dar a sua vida. aos milhões, às centenas
aplicação ao trabalho e a perseverança da sua fé. Ao de milhões, visando acelerar a sua supremacia, preservar a
ser-lhes pedida a sua opinião sobre a beleza da mulher sua descendência, exactamente como no formigueiro in-
francesa, responderam severamente que «não tinham vindo cendiado cada indivíduo esquece o seu caso pessoal para
para o Ocidente para apreciar essas coisas, mas para fazer salvar os ovos em incubação.
avançar os seus conhecimentos». Em Saigão. o asfalto das ruas tinha a cor das cinzas e
O Partido Comunista Chinês moldou rigidamente a do sangue das jovens queimadas vivas, dos bonzos
personalidade dos milhões de jovens que irão fazer a Ásia imóveis transformados em archotes. e as paredes cobriam-
de amanhã. se de inscrições U.S. i>o home! desenhadas com sangue de
O amor é um sentimento vergonhoso, apenas digno jovens que abriam as veias dos seus pulsos. . .
dos burgueses decrépitos, e onde se incluem os Soviéticos. O sangue, a morte, o frenesim do sacrifício impregnam
O Amarelo estima e respeita o seu pai, a sua mãe, a mil milhões de seres, dos montes Altai ao mar do Japão,
sua mulher se estes são bons comunistas e elementos mil milhões de iluminados que rezam pedindo o sinal do
sociais válidos, mas ele não degrada a sua inteligência holocausto mundial, da grande carnificina purificadora.
praticando um amor ou uma amizade que não passa de A China quer verter os dois milhões de toneladas de
ressurgimento do instinto e do infantilismo dos homens da sangue com que ela calcula poder pagar o seu domínio do
pré-história. n HI ndo.
Nesta regra, o homem que ama o seu próximo é um Há cerca de dois milênios que os Brancos governam o
indivíduo sem vontade, frouxo, que sacrifica o melhor das "liibo, que foi. sucessivamente, dominado pelos Gregos.
suas qualidades humanas a um sentimentalismo que nem InHeses. Romanos, Espanhóis. Franceses. Americano-So-
os animais partilham. \ i r l i c o s . O ciclo está concluído e uma nova era irá ter
Tudo em Deus ou na natureza é razão inteligente e não l u " a r sob o signo da razão matemática.
amor. ternura e adesão dos sentidos. Matematicamente -- sem ódio. sem amor —. os ho-
Existem ternura e amor maternal entre adultos no mens vão trabalhar para a sua sublimação: o cientista vai
bando de lobos, nos rebanhos de carneiros ou de vacas, M i l i s l i t u i r o padre e o político; o cérebro vai eliminar até ao
nos ninhos de formigas? m m i m o vestígio o sentimento burguês que, pela afectivi-
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O L I V R O DOS SHORFDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

dade. faz com que por vezes 2 + 2 sejam 3 e que faz, nascer O Japão é por excelência o país do culto, da tradição,
crianças alcoólicas e tuberculosas, sobreviver impotentes, dos antepassados. . . e da recordação. E que melhores
prolongar a vida de velhos sem utilidade. recordações poderiam ter do que Hiroxima e Nagasáqui?
Como não imaginar que um dia, neste século, com ou
sem o acordo do seu governo, dez, cem pilotos suicidas
CM PASSEIO NO GRANDE DESERTO H RANÇO (kamikazes) voem até Nova Iorque e uma outra cidade dos
EUA, conduzindo aviões carregados de TNT, dinamite ou
No Grande Norte, quando o ancião se torna numa foguetões com ogivas nucleares?
carga social, a sua vida activa termina sem ódio nem Japoneses ou chineses. . .
amor. a sua família, com notório pesar, abafando por O fim do mundo para os Ocidentais poderia começar
vezes uma saudade e um remorso profundos, leva-o, num perfeitamente pelo apocalipse dos edifícios esmagados de
derradeiro passeio, para longe do iglu. para o grande Manhattan e de Brooklyn!
deserto branco. Assim, é chegada a hora de sabermos. . . antes de
Aí. o ser tornado inútil consente ficar sozinho algumas desaparecermos, donde vimos, qual a verdadeira face do
horas, o tempo necessário para que o frio o adormeça para inundo durante a nossa era de vida consciente. É o
momento de sabermos que misterioso antiuniverso pode-
sempre e o sepulte nos gelos eternos'.
ríamos atingir para continuar a nossa aventura mágica.
Os Amarelos pensam que é chegado o tempo de os
É a hora de dizer a verdade e, sem dúvida, a exemplo
Brancos fazerem a grande caminhada no deserto da morte. ilo que fizeram as «altas personagens do Ocidente» no
As doutrinas asiáticas, que se infiltraram na França, na momento do Dilúvio, preparar um santuário secreto onde
Inglaterra e nos Estados Unidos, contêm este postulado poderiam sobreviver os representantes da raça branca 1 .
básico:
O Ocidente deve morrer, o Oriente quer governar o
mundo. A CENTRAL DO SEGREDO AMARELO
E o Oriente é a China imensa, o Japão subtil e
aristocrático que não esquece nada do passado. Uma Central do Segredo Guardado ou do segredo
Se um inimigo tivesse atomizado Paris e Orleães. inventado existe, algures, na Ásia, oculta mas terrivel-
Londres e Lancaster. Nova Iorque e Chicago, os France- mente poderosa, e essa central prepara a apoteose da era
ses, os Ingleses e os Norte-Americanos ter-lhe-iam que franqueámos a partir de 1940.
perdoado?
i i m l o a tradição, o despontar de uma nova raç_a apenas se verifica apôs a eclosão de
Entre 1^40 c 1444. por ordem de Hiller. enfermeiros mataram, com injeccões de mu i alaclismo provocado pelos homens, precedendo uma catástrofe terrestre natural.
veronal. du/entos e cinqüenta mil alemães, doentes mentais ou incuráveis. l tirslc sentido que deveria ser encarada a hipótese do santuário secreto.

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OLIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Sabemos através de M.N.Y. que as ordens procedem da


ilha Minicoy, situada ao sul da índia, sendo o correio colo- ACREDITAR NA MENTIRA
cado em Quilon, na província de Kollam, estado de Kerala,
no Decão; trata-se, naturalmente, de uma simples caixa do Que devemos pensar, nós seres humanos do século xx,
correio, já que a sede da organização se situa na China. acerca desta história fantástica, tão incrível perante o nosso
A tese dos «Filhos do Sol» tem por si um trunfo que as raciocínio como o foi a intervenção dos «Filhos do Céu»
outras tradições não possuem: ela descentraliza as verdades nos tempos de Enoch e Noé?1
terrestres e faz interferir a origem dos homens com Não foi sem escrúpulos e sem hesitações que integrá-
prováveis misturas de extraplanetários. mos essa narrativa na nossa história secreta da humanidade,
Ora, parece-nos — e será mais evidente aos homens de correndo o risco de a desacreditar, se acaso a Central do
amanhã — que a verdade se localiza neste sentido e não Segredo Amarelo não passa de um mito como os fantas-
do das tradições do nosso patrimônio clássico. mas, o monstro de Loch Ness o perigo amarelo ou os
Em suma, a mitologia de Bâavi está mais perto da OVNI.
verdade do que as nossas mitologias mal digeridas por Mas, dois factores jogaram a favor dessa integração:
exegetas timoratos. - Os fantasmas, os monstros, o perigo amarelo e os
Tudo se resume numa luta de proeminência racial. Ou OVNI, ainda que não sejam realidades reconhecidas nos
as tradições ocidentais evoluem num sentido determinado nossos dias, sê-lo-ão amanhã.
pela nova era que se abre sob o signo da exploração do - Há alguns milhares de anos, os «Filhos do Céu»
cosmo, ou então a Central do Segredo Guardado de desceram sobre a Terra para a povoar e a civilizar. Dentro
Pequim ou de Llassa imporá a sua. . . Bíblia. de uns tantos anos os «Filhos do Céu» invadirão o
Nos tempos futuros, é verosímil a tese dos «Filhos do ()cidente para lhe impor a sua civilização, as suas catedrais
Sol», ou uma tese análoga, que se sobreporá àquela,
(.• a arquitectura das suas cidades.
porque se situa na linha predominante do conceito à escala
A perspectiva, sem dúvida exagerada, da destruição da
universal.
O Governo da República da China encontra-se a par da nossa raça pela raça amarele teria, diz-se, feito com que
conjura? Dirige-se em segredo, ou ela não passa ainda de Kiuchtchev concluísse, em 1964, um pacto secreto com os
uma manifestação oculta do colégio conjurado? < K identais.
Desde há alguns anos, rumores persistentes indicam Nos bastidores da política, foi aventado que esse pacto
que observadores norte-americanos e soviéticos teriam picvia num futuro próximo — naturalmente aquando de
detectado misteriosas deslocações de «objectos não identi-
ficados» sobre a base militar de Sin-Kiang. 1
l l i s l n r i a prevista e contada por Aldous Huxley no romance Admirável Mundo Novo.
A base está instalada numa zona severamente controlada l iiiMo citar as crônicas radiofônicas do escritor Jean Nocher, que não cessa de clamar
• » " i i , i a deterioração do Ocidente e contra o preconceito dos seus contemporâneos
por forças militares. <• l "n .niK-nte ao fantástico.

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uma agressão chinesa — a atomização da China, Turques-


tão, Manchúria, Mongólia e Himalaia. CENTELHAS NO OCIDENTE
Kruchtchev foi afastado e a raça amarela salvou-se.
O projecto dos Amarelos é a longo prazo?
Começou aqui, talvez, a imobilização fatal para o Prepararão a realização de um prodigioso plano,
Ocidente, pois o perigo amarelo, negado por alguns congeminado num sono de alguns milênios?
opti mistas, não pode (não poderia) ser apenas um mito. Segundo a Cabala, o mundo terá uma duração de seis
Ainda que não existisse por si mesmo, ele foi criado pelo mil anos.
pensamento gerador de milhões de homens atemorizados, O Dilúvio terá acontecido há uns três mil e quinhentos
alquimistas inconscientes de uma demoníaca materializa- anos. Portanto, a promoção amarela deveria verificar-se
ção. em breve, a fim de que se possa expandir — tendo em
As leis monstruosas, a filosofia monstruosa que se conta a aceleração da história — durante uns dois mil
cultiva na China, contra todas as considerações ilusórias anos.
que se lhes pudessem opor, fornecem à maioria dos Se a sua terrível hegemonia se concretizasse no ano
homens de raça branca a convicção, forte como a fé, de 2200, a raça branca teria ainda dois séculos de sobrevi-
que os homens amarelos governarão um dia este planeta. vência 1 .
Baseando-se naquilo que parece ser a regra dos ciclos, Dois séculos para que ela ilumine a Terra e as suas
pode supor-se que o Ocidente será vencido, sem dúvida, nuvens, com o fogo-de-artifício do seu gênio, seguido do
prematuramente, em virtude de as suas elites, muito seu apagamento inscrito nas tábuas do destino sob o nome
sapientes mas não intuitivas, não compreenderam o sentido sibilino de «Mistério da Fénix».
secreto da história, porque os homens ignorantes e falsa- Dois séculos para que se opere a passagem do
mente iluminados deixaram-se iludir pelas interpretações testemunho entre o homem branco e o homem amarelo,
mesquinhas do Apocalipse de S. João, porque acharam para que a rosa seja desfolhada e renasça pela madrugada,
preferível ao seu prazer fornicar com a Mulher Escarlate. na era do Condor, profetizada pelos povos da antiga
Estas observações e preocupações, estes escrúpulos, América.
levaram-nos a considerar como teoricamente verdadeira a Sob estes auspícios, após milênios de experiências e
fantástica história da Próxima Centauro e da Central do aperfeiçoamentos para os povos do Ocidente, os tempos
Segredo Amarelo. parecem chegados a que, à era caduca do privilégio e dos
Quer seja autêntica ou falsa, hoje importa-nos pouco.
O importante é que ela prefigura a verdade de amanhã. 1
Se os Chineses invadissem a Europa antes do ano 2(XX). na intenção de ganhar um
espaço vital que lhes é indispensável, seriam obrigados a destruir cem por cento dos
brancos incapa7.es de assimilar o seu ritmo de trabalho e o seu ascetismo social. A
coexistência pacífica seria impossível. A perspectiva de um conflito inesperado incita
alauns contemporâneos a acreditar que a China deverá pagar um pesado contributo de
sansiue antes do ano 2fX)0 ou transferirá o seu apogeu vencedor para o ano 22IX)

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

deuses Primeiro e Segundo, deve suceder uma era de


evolução para uma fraternidade universal, ainda longínqua
e difícil, mas que exige desde agora o alargamento de
todos os conceitos e o estudo das diferentes verdades.
Procurámos uma chave que abrisse todas as fechadu-
ras, revelando todos os mistérios, os do Gênese, da
Cabala, da Cavalaria e das civilizações desaparecidas.
Cremos ter descoberto um segredo primordial: desde a
aurora da nossa civilização extraterrestre até à Central
Amarela, que é tão-só a prefiguração da verdade futura,
sempre existiu no subconsciente dos povos a preocupação
de preservar uma raça, senão mesmo a raça humana,
contra uma deterioração física e psíquica.
Todas as demandas foram dirigidas neste sentido.
Nos nossos dias começa a esboçar-se um objectivo
mais grandioso: a tomada de consciência universal no seio
das nações ocidentais.
O homem quer evadír-se do seu pequeno mundo, das
suas pequenas superstições, onde os problemas se resol-
vem puerilmente entre o Deus da Terra e os habitantes
deste planeta.
Ele quer evadir-se do autoenvenenamento do racismo
caduco, obscuro, para o substituir pelo caracter cósmico da
sua natureza.
Seguramente, o homem novo tenta preservar ainda,
como válidos e pitorescos no plano folclórico terrestre, as
suas tradições, os seus costumes, a sua cor e o seu sangue
e. talvez ainda, o seu tipo racial. Todavia, já foi
compreendido pelos pioneiros que existe uma verdade
superior: os homens do planeta são cidadãos do mundo
infinito.
Quer seja branco, amarelo ou negro, o homem de
amanhã prosseguirá a sua busca a caminho das estrelas.

450
CAPÍTULO III

O ENIGMA DO DESERTO DE GOBI

região americana onde se teria produzido a explosão


A nuclear primi-histórica é delimitada, aproximada-
mente, pelos paralelos 30 e 40 e pelos meridianos 90
e 110 de longitude oeste.
Nas antípodas setentrionais, o segundo epicentro loca-
liza-se no deserto de Gobi, entre os paralelos 36 e 50 e os
meridianos 80 e 120 de longitude leste.
O deserto de Gobi (ou Kobo, ou Chamo), na Mongólia
Exterior, é um território imenso, duas vezes maior que a
França, e que, em virtude da sua esterilidade, das tempes-
tades de areia, do rigoroso clima e da hostilidade das suas
tribos, é praticamente desconhecido dos arqueólogos e dos
geógrafos.
As lendas — mas serão apenas lendas? — conferem ao
enigmático grande chefe religioso que governa o povo do
deserto o título de «Senhor do Mundo».
De facto, um autêntico mistério transpira desta região,
cuja reputação mágica ultrapassa a do Tibete.

A PEREGRINAÇÃO A URGA DO SENHOR MOLOTOV


Em 1962, o professor W. S. Lewis, etnólogo america-
no, no regresso de uma viagem à Mongólia, declarou que.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

muito provavelmente, Molotov, ex-lugar-tenente de Esta- Mas quem é afinal este «Senhor do Mundo»?
line e adversário número um de Kruchtchev, teria obtido Chama-se Djebtsung e é habitado pela alma de Amitâ-
favores particulares graças à ajuda mágica de Bogdo bha, deus do Oeste e espírito misericordioso das quatro
Geghen, ou Hutuktu, o último pontífice dos lamas da Ásia montanhas que circundam a cidade santa de Ulan-Bator
Central, um buda com as mesmas prerrogativas do dalai- (outrora Urga).
-lama do Tibete. Djebtsung não é oficialmente reconhecido pelos diri-
É impossível controlar o fundamento desta revelação, gentes da República Popular Mongólica, que politicamente
mas é um facto que Molotov beneficiou de uma imunidade são hostis à -superstição», mas, na qualidade de Hutuktu.
que intrigou os meios políticos; tudo se passava como que reina espiritualmente sobre cem mil lamas e um milhão de
se uma força desconhecida tivesse o poder de inflectir a cidadãos.
vontade e o comportamento do seu maior inimigo, Kru- Já não mora no Bogdo OI sagrado, o Vaticano dos seus
chtchev, quando se achassem frente a frente. oito predecessores e que foi -nacionalizado» pelo Comitê
Já no século passado, o imperador Alexandre I obterá Comunista das Ciências; erra pela estepe, seguido de uma
ajuda semelhante de Hutuktu, de Urga, de que resultaria, corte imponente de lamas e shamans.
em parte, a queda de Napoleão.
Esta situação de «senhor do mundo» itinerante ajuda
O fim de Alexandre I foi muito misterioso, e certos
rumores tinham levado o povo russo à convicção de que, muito pouco a acreditar nos poderes supranormais de
logo depois da sua morte, oficialmente datada em 1825. o Hutuktu e dos seus shamans, poderes que, no entanto, são
estranho monarca viajara ainda pelo seu império, sob o difíceis de refutar.
nome de Fedor Kusmitch. Ferdinand Ossendowski. eminente cientista polaco,
Sobre este nebuloso assunto, existiram, nos arquivos escapou de siraves perigos, graças à «varinha mágica» que
do Kremlin, dossiers secretos provenientes dos Romanov, lhe foi dada por Hutuktu, de Nabaranchi.
e não é ousado imaginar que Molotov os consultou. . . e Do mesmo modo, os lamas predisseram, com uma
utilizou em seu favor! hora de antecedência, a morte do general barão Ungem
von Sterberg, adversário dos bolchevistas; em 1933. o
doutor Maurice Percheron. cientista francês, teve a prova
UMA VARINHA MÁGICA E OS LIVROS SAGRADOS indiscutível de um poder misterioso que parece ter tido
como fonte poderosas personagens mongóis.
O «Senhor do Mundo» da Mongólia influenciaria o E como explicar, sem a magia, escreve Charles Car-
destino político do mundo? rega 1 , que Gengiscão. esse inculto guardador de reha-
Somos tentados a acreditar, em todo o caso, que os
factos históricos dão um certo crédito a esta hipótese, pelo
menos na opinião dos empíricos. ' Charles Orreau Ciihicrt iniimt"i.

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O l . I V R O [X)S SKCiRF.nOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

nhos. ajudado por um punhado de nômadas, tenha podido dianos, a qual, alguns séculos mais tarde, absorveu os
dominar, sucessivamente, impérios e povos mil rezes mais Veddides, de pele clara, e os Melanidas, de pele escura.
evoluídos que ele'? Os Melanidas eram originários da bacia de Tarim, no
Kuhlai. o Khan. que reuniu sob o seu domínio a Lob-Nor (actual Sinkiang1),
Mongólia, a China, a índia, o Afeganistão, a Pérsia e Penetrando nos altos vales do Indo através dos montes
metade da Europa, adoptou a religião budista perante os Caracórum, levaram aos Dravidianos o conhecimento da
prodígios realizados pelo pandita Turjo Ghamba. diante numeração decimal do sistema dito «árabe» (o que foi
dos representantes de todos os cultos. transmitido, mais tarde, aos Ocidentais, na altura das
Hitler quis utilizar a magia dos Mongóis para conquis- invasões bárbaras).
tar, mas foi traído pelos shamans, que nunca lhe cederam Os Dravidianos deram a estes Melanidas o nome de
os segredos que conduziriam à dominação. «Naachals», vocábulo que significa «altos irmãos», e que
Estes segredos, fechados em cofres enormes e vigiados poderia explicar-se, exotericamente, pelo facto de proce-
pelos Shabinari. da seita do actual Hutuktu. estão escritos derem das regiões montanhosas do Caracórum, onde se
nos livros sagrados: os 226 volumes de Panjour e os 108 elevam montes com sete mil e oito mil metros.
volumes de Ganjour. Entre os Naachals, apenas os «Conhecedores» possuíam
A sua magia poderosa materializa-se em objectos de o segredo do sistema decimal; não pretendiam ser os
culto e principalmente no prodigioso rubi com uma cruz inventores, mas tão-só os depositários.
gamada, cravado no anel que Gengiscão e o seu sucessor Neste caso, quem lhes teria ensinado, naqueles planal-
Kublai traziam constantemente no indicador direito 1 . tos desolados e duas vezes mais elevados que o monte
É assim esta misteriosa região, este território deserto Branco, o segredo prodigioso da escrita numerai?
- o pior de todos —. cuja antiga história é muito pouco
conhecida, apesar da sua importância no destino do
planeta. A ILHA BRANCA
A primi-história de Gobi pode ser esboçada e conjectu-
rada utilizando a chave que ficamos a dever à cortesia do Tradições de que mais adiante daremos pormenores
historiador tradicionalista Jean Roy: asseguram que a ciência dos Melanidas lhes havia sido
No vale do Indo desenvolveu-se há três mil e qui- revelada por homens vindos do céu, desembarcados de
nhentos anos a alta civilização do povo arcaico de Dravi- máquinas espaciais na ilha Branca, no mar de Gobi.

' O Maha Chohan. -Senhor do Mundo» e autêntico aventureiro, que esteve em França
em 1947. foi mestre, amigo e depois inimigo de Michael Ivanoff. o -mago- de Sèvres
(ver Poinl de Vue. n.° 140. de 20 de Novembro de 1947. além dos jornais da época), 1
trazia no indicador direito um anel de esmeralda que ele afirmava ser o de Gengiscão! A crer nos especialistas de OVNI. a região do Sinkiang permanece um mistério total É
Continha, segundo o charlatão. »um átomo de hidrogênio capaz de fazer saltar o uma zona militar interdita e talvez área de revitalização do «Cavaleiro Negro», o
mundo-! enigmático satélite que desde 1957 gira à volta da Terra.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Esta ilha ainda existe actualmente. Corresponde ao Convirá prestar particular atenção a uma asserção de
monte Atis, situado seiscentos quilômetros a nordeste do Jean Roy respeitante aos «homens vindos do céu» que
Lob-Nor, no Djasactou-Khan. teriam outrora aterrado na «Ilha Branca»!
É aí, a vinte mil quilômetros de distância, que se nos O nome mongol do deserto de Gobi é «Chamo»,
depara o correspondente ao mistério americano do Nevada. designação que representa, talvez, uma relação com o deus
Paira um tabu sobre este deserto de Gobi; também ali, Chamos, o qual, segundo o Talmude, era adorado sob a
depois da tempestade de areia, foram assinalados restos de
forma de uma estrela negra.
cidades emersas cuja origem se perde na noite dos tempos.
Ali também houve notícia do fogo do céu. dilúvio e Charnos era, ainda, «o astro maléfico» dos Árabes, sem
maremoto 1 . dúvida Saturno ou qualquer planeta ou estrela, origem do
Destas regiões, hoje desoladas, outrora emigraram povos perigo para a humanidade.terrestre. (Transparece ainda a
possuidores de uma ciência revolucionária e desconhecida idéia de um drama cósmico ou de uma invasão de
dos outros homens. extraterrestres.)
Poder-se-á pensar que o seu êxodo, análogo ao dos Como este aspecto se refere aos dois supostos epicentros
antigos mexicanos que saíram da região da Califórnia-Ne- do primitivo cataclismo atômico, seria interessante saber se
vada, foi procedido por motivos imperativos; do mesmo as singularidades comuns aos EUA e ao deserto de Gobi se
modo, a mutação de terras verdadeiramente ricas em areias prolongam até aos nossos dias.
estéreis e em sombrias estepes deixa supor a ocorrência de É aí, sem dúvida, que vamos fazer as mais espantosas
um cataclismo terrível. descobertas, como se tudo não passasse do eterno reco-
Por este motivo compreende-se que, durante séculos e meço, desde a primi-história que antevemos até à história
milênios, os homens recusaram regressar a estes lugares invisível do século xxi.
malditos, donde haviam sido expulsos e onde tinham Os antigos textos da índia (Ramayana, Drona-Parva
perecido os seus longínquos ancestrais «fustigados pela Mahavira) mencionam explicitamente uma guerra atômica
cólera de Deus». na Terra: o Popol-Vuh (que trata das irradiações dos povos
da terceira raça. segundo Recínos e Villacosta) e a Bíblia
1
(que fala da destruição de Sodoma e Gomorra) também
Aviadores soviéticos, sobrevoando o deserto de Gobi. fotografaram ruínas e vestígios
de cidades importantes, reconhecidas pelos seus alicerces. Num futuro próximo, as apoiam esta tese. Tudo nos permite supor que os antigos
areias de Gobi falarão e toda a proto-história convencional será novamente posta em americanos e mongóis também quiseram - - tal como os
questão. Aquando do grande dilúvio contado pelos Vedas (o Catapatha-Brâhmana, um
dos textos mais antigos da índia), o lendário Manu construiu uma arca que um enorme cientistas de 1944 - - brincar aos demiurgos.
peixe «fez passar sobre a montanha do Norte», significando que a arca aterrou no deserto
de Gobi. talvez na ilha Branca. O indianista A. Weber viu nesta narrativa uma recordação
As armas nucleares teriam sido empregues contra inva-
obscura da imigração dos Árias, que um dilúvio ou uma catástrofe terrestre teria sores vindos do céu ou tratou-se de um extermínio mútuo e
expulsado da sua pátria para as terras da índia e. sem dúvida, também para o Japão.
interno? É difícil responder a esta questão.
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Extraordinária predestinação destes lugares!


A HISTÓRIA SECRETA DOS NOSSOS DIAS Ora, em Fevereiro de 1960, os serviços secretos oci-
dentais tiveram conhecimento da morte de dois generais
Certamente que para os habitantes de Hiroxima ou de soviéticos. A pouco e pouco, toda a verdade passou pelo
Nagasáqui a tese de uma antiga destruição atômica provo- crivo: soube-se que várias bombas H tinham explodido
cada humanamente é mais provável que qualquer vingança sem razão aparente e apesar de todas as precauções
divina. Mas para alguns americanos e soviéticos certas tomadas e humanamente concebíveis para que tal acidente
coincidências exageradas reforçam singularmente este
ponto de vista, dado que é exactamente na antiga Califórnia não se pudesse produzir. Ter-se-iam registado muitas
e na Mongólia que são experimentados e armazenados, em mortes e milhares de feridos1 e a radiactividade terrestre à
grande parte, os mísseis atômicos americanos e soviéticos! base dos raios gama ultrapassou quatro vezes o limite de
Em Março de 1963. e Fevereiro-Março de 1964, na alerta, facto que foi cuidadosamente silenciado pelas cen-
Califórnia, mísseis Nike-Hercule estavam colocados em trais de segurança e mantido em segredo por todos os
rampas de lançamento subterrâneo. governos.
Os técnicos designados para os manobrar, em caso de Um ano depois, verificou-se uma proliferação de nasci-
guerra, deveriam ser imediatamente abatidos pelos agentes mentos de monstros de que o mundo civilizado guardou
da polícia encarregados da sua vigilância, se algum deles recordação, nomeadamente na União Soviética, na China e
enlouquecesse, se revelasse um traidor ou tentasse despo- no Japão, enquanto a senhora Kruchtchev, que conhecia as
letar, sem ordens formais, os mecanismos de lançamento, razões ocultas do desastre, teve um escrúpulo de consciên-
facto que eqüivaleria a destruir parcialmente uma determi-
nada nação. cia proclamado publicamente: «Lancemos ao mar todas as
Ora, vários engenhos, felizmente desprovidos das suas bombas!»
ogivas nucleares, explodiram sem razão aparente e apesar São estes os enigmáticos acidentes que se produziram
de todas as precauções tomadas e humanamente concebí- no paralelo 36 norte e em 112° de longitude oeste, por um
veis que tinham sido tomadas para que um tal acidente não lado, e 90° de longitude leste, por outro lado, ou seja, em
se pudesse produzir. regiões onde, mais que em outra parte, se pode pensar que
teria ocorrido outrora um cataclismo atômico.

EXPLOSÃO ATÔMICA NA MONGÓLIA 1


É um facto que as populações da região do lago de Baical foram evacuadas para o mar
Cáspio. Os detectores e sismógrafos americanos registaram duas explosões correspon-
dentes a deflagrações de duzentas e cinqüenta bombas A. Dois armazéns tinham
Fevereiro de 1960. Num deserto semelhante ao de explodido com alguns segundos de intervalo, sendo a segunda detonação a mais
Nevada, na fronteira da Mongólia, no mesmo paralelo e violenta.
F.m Paris, alguns dias após a catástrofe, a radiactividade atingia o limite de alerta e
numa longitude setentrional diametralmente oposta, os lornava inutilizáveis as emulsões mais sensíveis dos estabelecimentos de produtos de
Soviéticos armazenavam, também eles, bombas atômicas. fotografia.

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ONDE AS BOMBAS EXPLODIRAM. EXPLODIRÃO OUTRA VEZ IAS VEGAS: SODOMA

A atomização há dez milênios. . . e a atomização É interessante, sem dúvida, notar que Lãs Vegas, a
nestes últimos anos: o cálculo de probabilidades opõe-se a vergonhosa cidade americana do vício, do jogo e das
que factos tão raros possam, sem razão detejrminada, «máquinas de moedas», está sobre o paralelo 36 e que
produzir-se nos mesmos pontos do globo. Sodoma e Gomorra, as cidades impudicas da Antigüidade
- atomizadas ou reduzidas a pó pelo «fogo do céu» --se
Terá de pensar-se com horror que mais dia menos dia, situavam no paralelo 32, ou seja, o mesmo, se atendermos
mas inevitavelmente, os stocks nucleares americanos no às flutuações do pólo magnético!
Nevada e os soviéticos ou chineses na Ásia Central explo- É também importante saber que os Ciganos, um tipo
dirão de novo, embora sem razão aparente e apesar de racial tão próximo dos Mexicanos e dos Mongóis, passam
todas as precauções tomadas e humanamente conce- por ser os sobreviventes do último «fim do mundo».
bíveis. . .' Alguns pensam que eles foram os responsáveis directos
Uma vez mais, a humanidade poderia ter sido destruída pela antiga atomização e que os outros homens, durante
de 90 por cento a 99 por cento . milênios, lhes recusaram sempre o acesso às suas cidades.
Se assim fosse, as gerações das épocas futuras pergun-
tar-se-iam de novo por que motivo o Nevada e Mongólia
suscitam como que uma repulsão atômica entre os ho- TUDO VAI RECOMEÇAR.
mens. . . OS CIGANOS LEVANTAM O ACAMPAMENTO. . .

O Nevada e Mongólia: dois pólos do destino da Nos termos do Apocalipse, os Ciganos tendiam a
humanidade, subsistem, talvez, ainda o reflexo de ima- tornar-se sedentários e, aproximando-se o fim da sua
gens longínquas. . . quando, onde agora se localizam maldição, emigraram para todos os países de raça branca
Lãs Vegas, Los Angeles, Salt Lake City, Kansas City, do mundo: Austrália, África do Sul, América do Sul, etc.
Saint Louis, Mêmfis, Little Rock, Dalas, Nova Excepto para a África negra e para a Ásia amarela,
Orleães, Houston, etc., se erguiam cidades orgulhosas racistas. . . e também para os EUA, porque têm uma certa
de antepassados superiores que conheciam a viagem aversão que bem poderíamos recuar a milênios, na primi-
espacial, a cibernética, a televisão e a fissão do - história!
átomo. Por outro lado, interpretando a seu favor os dizeres
bíblicos desde a criação do Estado de Israel, proclamaram-
Os stocks norte-americanos do forte de Richardsnn. em Anchorage. correram o risco de se o povo eleito por Deus, uma vez que constituem o
explodir aquando do sismo da Páscoa de 1964. Os mísseis foram deslocados e alguns
dispositivos de segurança chegaram a s a l t a r . . . único povo errante do globo!

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Os meus profetas conduzem-nos para fora das linhas de


fractura da crosta terrestre a fim de, uma vez mais,
escaparem do «fim do mundo» ou, mais exactamente, do
cataclismo análogo ou idêntico ao da era primi-histórica,
quando a Babilônia não era, sem dúvida, mais que uma
aldeia, e os Sumérios pastores errantes. Isto num tempo da
história invisível dos homens, quando a civilização verme-
lha, a primeira dessa época, dava os seus primeiros passos
nos Estados Unidos.
Porque tudo é recomeço e tudo pode recomeçar como
dantes. . . e pelos mesmos caminhos!

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
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Não houve privilégio para o Himalaia, que poderia ter


Este facto implica que, originariamente, eles partiam
sido um éden de calor, sem neves eternas; nem privilégio
para o oceano Pacífico, cujas águas poderiam não ser desse centro, em épocas diferentes (segundo as teorias de
salgadas; nem privilégio para que uma formiga tivesse o Louis Jacot), e que seguem (Mercúrio e Vénus) ou seguiam
tamanho de um elefante, nem um elefante a pequenez de (Marte, os asteróides e Júpiter) a actual órbita da Terra.
uma formiga; nenhum privilégio também para qualquer Parece, pois, existir um tempo e um espaço onde, quer
dos milhares de sóis que se consomem na imensidade dos os planetas mais jovens, quer os mais velhos, se encon-
céus... tram na situação ideal e que é a ocupada pela Terra.
Não obstante, no que respeita à humanidade, poder-
-se-ia colocar a questão!
Muitos de nós, sem dúvida, têm uma vergonhosa ÊXODO DE PLANETA EM PLANETA
tendência para se identificarem com o centro do universo,
como o acentua a Bíblia. Mas a nossa nave espacial -- a Mas os planetas antigos tiveram esse tempo e essa
Terra - - não está melhor aparelhada, provida e armada idade; ocuparam esse ponto, beneficiando, sem dúvida,
para enfrentar a navegação cósmica do que as outras naves dos privilégios que ele confere, com as mesmas possibili-
planetárias? dades de flora, de fauna e de desenvolvimento humano, o
Não estamos muito informados a respeito deste assunto, que nos leva a formular uma hipótese fascinante.
mas Marte é bem árido, Vénus muito nebulosa, a Lua Quando os habitantes do planeta que nos precede em
muito calcinada e, incontestavelmente, a Terra oferece idade (e que é obrigatoriamente Marte, porque aí se
melhores possibilidades de vida. na concepção humana tal registaram grandes perturbações cósmicas) se defrontaram,
como a compreendemos, sem dúvida por causa da sua com condições de vida desfavoráveis, mesmo insuportá-
posição orbital, excepcional, em relação ao Sol. veis, prepararam uma espécie de êxodo em direcção à
Ora, julgamos saber pelas leis da expansão universal Terra, onde tudo havia iniciado a sua evolução.
que os planetas se evadem todos os dias um pouco mais do Os primeiros «comandos» do planeta em perigo tive-
centro do nosso sistema solar, ou seja, alargam, sem ram, como Noé na Arca, de efectuar os seus reconheci-
cessar, a sua marcha em espirai 1 . mentos, levando com eles sementes vegetais e espécimes
de uma fauna seleccionada.
1
Não terão, também, os nossos cosmonautas a mesma
Foram sugeridas muitas asneiras a propósito da Grande Pirâmide, que daria, a partir
das suas medidas, o número .T. a circunferência da Terra, a distância do nosso planeta missão quando partirem para Marte ou Vénus?
ao Sol. etc. Ora. se a Grande Pirâmide forneceu a distância exacta da Terra ao Sol.
houve um erro inicial, porque a Terra, em virtude das leis de expansão universal,
Em suma, os cosmonautas primi-históricos foram encar-
afasta-se sem cessar do centro do nosso sistema. Em conseqüência, encontra-se regados de preparar a aclimatação das diferentes espécies
actualmente mais afastada do Sol do que na época dos antigos Egípcios' Logo. este antes da chegada dos colonos, que, por razões superiores,
número exacto seria falso!
não puderam talvez fazer a viagem.
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Antes deles, habitantes de outros mundos tinham agido nossa galáxia, é possível que um deles, ainda mais privile-
da mesma maneira, estabelecendo, deste modo. uma liga- giado que o nosso, tenha visto o dealbar de uma humani-
ção cósmica de planeta em planeta, sempre no mesmo dade superior e assim ele constitua uma espécie de verda-
sentido e em direcção à mesma órbita privilegiada: a que deiro éden cósmico, o paraíso não terrestre, donde Adão
actualmente ocupamos. não foi expulso!
A origem da humanidade seria, pois. extremamente
longínqua no tempo, mas o seu lugar de nascimento situar-
-se-ia. sempre, a uns cento e cinqüenta milhões de quilô- CTA - 102
metros do Sol.
Esta hipótese não se opõe. contudo, à aparição natural Esta hipótese, outrora qualificada de delirante pelos
de uma humanidade terrestre autóctone, à qual se teria bem-pensantes da ordem estabelecida, nasceu, apesar
juntado uma humanidade extraterrestre. Tal tese parece disso, em 13 de Abril de 1965, quando os astrônomos
mesmo aproximar-se estranhamente da teoria dos sete céus soviéticos revelaram que. em colaboração com os america-
das doutrinas espiritualistas, das esferas celestes concêntri- nos, estudavam sinais modulados provenientes do cosmo e
cas imaginadas pelos antigos e do ensinamento secreto dos que poderiam ser emitidos por seres «supereivilizados».
membros da Rosa-Cruz, os últimos detentores do conheci- Os incrédulos reagiram, imediatamente!
mento «do princípio, do meio e do f i m » ! O astrônomo Davies de Jodrell-Bank declarou: Estes
Não possuímos qualquer prova formal da existência de sinais assemelham-se nos chamados quasars. que capta-
homens na Terra que seja anterior a 20 000 ou 30 000 mos nos nossos radiotelescópios. . . Loco. não há necessi-
anos, pois não temos vestígios de civilizações e de ossadas dade de recorrer a uma civilização afastada para explicar
humanas que antecedam esses limites. Os primeiros elos as fases regalares da emissão. Poder-se-ia tratar de uma
com a idade de 500 000 e mesmo l 000 000 de anos e que oscilação natural, como o ciclo das manchas solares. . .
fazem parte do arsenal dos pré-historiadores, dependem
Foi também esta a afirmação do professor belga Ray-
muito do arbítrio de cada um. mond Coutrez e de Sir Bernard Lowell. director do Obser-
A humanidade terrestre, qualquer que seja a sua anti-
vatório de Jodrell-Bank. De qualquer modo. a maioria dos
güidade e origem, desapareceu várias vezes devido a
astrônomos optou por uma possibilidade real da existência
tirandes cataclismos: nenhum vestígio material lhes sobre-
de criaturas altamente civilizadas, habitando zonas desco-
veio, mas a recordação de civilizações primi-históricas dos nhecidas do espaço.
últimos milênios permaneceu nas tradições.
Apesar dos nossos chamamentos, dos nossos sinais, CTA - 102 foi referenciado nos EUA. em 1960. ao
das nossas sondas espaciais, os outros planetas ainda não mesmo tempo que numerosos outros pontos emissores
deram resposta. Mesmo assim, no território imenso da - CTA 21, 3 C 444. 3 C 455 . . . —. cujas emissões se

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propagavam na banda dos trinta centímetros de compri- O CTA - 102 não parece situar-se a mais de cinco
mento de onda, com uma conformação espectral muito milhões de anos-luz da Terra. A escuta das emissões na
particular 1 . banda dos trinta e dois centímetros mostra nitidamente
O professor russo Yossif Chklovsky, mundialmente uma periocidade de cem a cento e dois dias, num sinal que
conhecido pelos seus trabalhos em astronomia, disse, em aumenta e diminui, durante este período, com máximos
12 de Abril de 1965, no Instituto Sternberg, de Moscovo: muito nítidos.
O observatório americano do Monte Palomar estabele-
ceu que, no local onde o CTA - 102 produz as suas Aqui está, pois, a probabilidade de existência de seres
emissões, se encontra uma estrela muito pequena, cuja cósmicos, admitida por cientistas, facto que constitui um
magnitude é de 17,3, uma das mais pequenas que se grande passo no conhecimento de uma realidade que o
conhece. Tudo quanto se pode dizer por enquanto é que futuro tornará numa certeza que não cessa de se afirmar.
esta estrela tem uma energia considerável. Os «homens» misteriosos do CTA - 102 teriam estado,
O estudo destas anomalias começou a partir de uma outrora, em ligação com a Terra? Será muito audacioso
idéia muito seriamente esboçada pelo jovem doutor aceitá-lo, mas é interessante notar que as suas emissões
Kardachev: se se admite a existência possível de civiliza- parecem dirigidas ao nosso mundo, num período que os
ções infinitamente superiores à nossa, essas civilizações astrônomos acham particularmente favorável a um diálogo
deveriam possuir o poder de modificar inteiramente todo o e a uma escuta.
seu sistema planetário e, por exemplo, emitir sinais tão Quanto ao afastamento actual da estrela — três a cinco
poderosos como os recebidos do CTA - 102, sinais que milhões de anos-luz —, ele não constitui um obstáculo
seriam dezenas de milhares de vezes mais poderosos que o aparente, pois a noção de tempo-espaço dos Terrestres será
conjunto da energia produzida actualmente no nosso certamente diferente das noções em vigor entre os habitan-
mundo. Esses sinais deveriam ser emitidos num compri- tes do CTA - 102.
mento de onda que permitisse as melhores condições de
emissão, para evitar serem confundidos com os ruídos Chegaremos algum dia a ver cosmonautas dessa huma-
parasitários do universo, ou seja. ondas da ordem das nidade poisar na Terra, prociamando-se nossos superiores
dezenas de centímetros. ancestrais?
As observações soviéticas foram conduzidas pelo astrô- À escala do universo, são permitidas as conjecturas
nomo Cholomitsky, o qual, por seu turno, forneceu os mais fantásticas; no entanto, a ausência de provas é total,
seguintes resultados: sendo necessário estudar o ponto de vista — por mais
caduco que seja — dos pré-historiadores clássicos relativa-
1
Na História Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mil Anos. publicado em 1963,
mente ao que eles chamam «homem da idade da pedra»,
tínhamos anunciado a probabilidade do fenômeno, especificando que se produziria «num «homem das cavernas», enfim, o nosso antepassado, o
comprimento de onda próxima dos vinte e um centímetros». homem «pré-histórico».
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aconteceu com a rebelião de Lúcifer, mas no primeiro caso


4 GENIAL DESOBEDIÊNCIA DE EVA pela vontade pessoal dos pecados.
Deste facto, Adão e Eva tomaram uma consciência,
O homem -- terrestre ou extraterrestre — estabelece a um livre arbítrio, e Deus, abdicando a favor deles de uma
ligação à matéria através dos seus componentes e parece, parcela do seu poder, legou a toda a humanidade o mais
senão uma conseqüência, pelo menos um prolongamento precioso dos presentes.
lógico da evolução. O drama do paraíso terrestre foi, de algum modo, o
Contudo, esta evolução tomou nele uma direcção excep- 1789 dos tempos bíblicos!
cionalmente rápida: o seu desenvolvimento intelectual, a Além disso, como é que o Criador teria podido conce-
sua tomada de consciência e o seu livre arbítrio são der às suas criaturas o céu e as estrelas, a Terra e a sua
refinados e manifestados segundo uma progressão matemá- prodigiosa natureza, se os homens não tivessem o poder de
tica que abre a espiral de ascensão até um ângulo próximo governar, de decidir e de saber? Que sentido teria tomado
dos 180 graus. a criação se a evolução humana não tivesse sido possível e
Neste aspecto, o acordar do homem situar-se-ia quase subentendida?
nos limites da evolução possível, antes de se confundir Imagine-se, por um instante, uma desobediência passiva
com o infinito ou, como diriam os espiritualistas, com dos nossos Pais Bíblicos e chegaríamos a uma conclusão
Deus. insensata, a uma situação aberrante, da qual Adão e Eva se
Sendo um animal, o homem é incontestavelmente de
saíram o mais inteligentemente possível!
um gênero superior, já que ele reflecte, separa o bem do
mal. segundo os seus parâmetros, e. principalmente, entra Se queremos dar verdadeiro valor a este drama, é
em rebelião aberta com a natureza que pretende dominar. preciso alargar a sua interpretação e conferir, ao mesmo
Com ele começa a era de Lúcifer, príncipe dos Infer- tempo, um outro significado à rebelião de Lúcifer!
nos e anjo do Céu, que não teve medo. pelo menos Esta mitologia deve, pois. inscrever-se no contexto da
aparentemente, de contrariar os desígnios de Deus. evolução humana tal como a concebemos, desde que
Pode entender-se isto como um desejo do homem em fomos alimentados com a maçã.
se identificar com Lúcifer e tornar-se senhor do mundo.
O Gênese deu-nos uma relação pormenorizada da sua
tomada de consciência e do seu livre arbítrio através do O DESTINO DOS HOMENS
símbolo do paraíso terrestre.
Deus proíbe de tocar no fruto da árvore da ciência, e Os biologistas calculam que estamos no início da nossa
mesmo assim Adão e Eva comem a maçã! aventura.
Mesmo assim, porque é evidente que o drama foi fatal É este, nomeadamente, o ponto de vista de Jean Rostand.
e desejado. Deus sabia que a sua ordem seria desobedecida Ora, a hipótese, sobre a qual se desejaria fazer recair a
e. sem dúvida, já tinha decidido que assim seria, como responsabilidade do livre arbítrio e o não formulado pelo

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homem libertado às leis da natureza, poderia, antes pelo supressão da morte física: alcançariam a imortalidade e
contrário, inscrever-se na cadeia prevista da evolução. reviveriam uma «idade de ouro» que as tradições afirmam
De facto, a nossa evolução parece ter-nos conduzido ter existido.
até aos limites permitidos do nosso orgulhoso conhecimento. Diluir-se-ia o nosso reino no sublime, até à sua identi-
Um salto mais, e Lúcifer identificar-se-ia com Deus, e o ficação com Deus. como pretendia o padre Teillard de
homem, senhor da Terra, estenderia o seu domínio ao Chardin?
Ou então, não passando a sua eternidade de ilusão,
cosmo. regressaria ao estado de plasma-matéria antes de recome-
Não passa de uma hipótese, mas, logicamente, pode
pensar-se que o ciclo está prestes a terminar e o nosso çar um novo ciclo ascendente?
condicionamento biológico luta nesse sentido. As leis da evolução quase nada nos esclarecem sobre
Os homens querem dominar o átomo e conquistar o este destino, porque, na verdade, a evolução não apresenta
céu, ressuscitando, por assim dizer, a guerra dos titãs nenhum rigor científico e até não pode ser provada.
contra os deuses. Mas os titãs — aprendizes de feiti- Em particular, numerosas espécies, como os anelidas
ceiro -- arriscam-se bastante a precipitar numa queda se a (vermes da terra), bactérias, algas. etc., sem contar com o
sua expansão deteriorar, em primeiro lugar, o seu poder de célebre celacanto. vivem, desde épocas remotas, sem ter
sofrido modificações sensíveis, ou seja. sem terem evoluído.
p roer i ação.
Segundo os investigadores do Instituto da Vida 1 , por
volta do ano 2035, os homens não poderão ter senão
SFJS ERROS CLÁSSICOS
crianças-monstros.
Será o fim do mundo?
Não obrigatoriamente. «A ciência deu sempre mais do O Gênese e os derradeiros dias do homem são pois
que se esperaria dela», assegura Jean Rostand. Tal poderá mistérios talvez dos mais difíceis de elucidar, uma vez que
significar que, mesmo sem se reproduzir, o homem encon- a história e a pré-história apresentam muitas lacunas, até
traria o meio de perpetuar a sua espécie. mesmo erros monumentais.
A humanidade estéril, impotente, regressaria então às O longínquo passado dos homens, estudado pelos pré-
características originais da criação: a espécie assexuada, -historiadores -- no sentido da evolução de Darwin. natu-
ralmente —. teria comportado épocas bem definidas,
como nos organismos moleculares.
A reprodução poderia ser artificial, ao mesmo tempo conhecidas pelos nomes de «paleolítico» e «neolítico»: as
que os homens prosseguiriam os seus esforços visando a -idades da pedra».
Assim se conciliavam, singularmente, todas as teses
clássicas que tivessem configurado uma arquitectura vaci-
1
Ver História Desconhecida dos Homem desde Há Cem Mi! Anos. O Instituto da Vida. lante, sem essa cômoda invenção, chave de ouro de todo o
que desde 1962 agrupa os mais eminentes biólogos mundiais, tem por objectivo
expresso a defesa do H orno sapiens.
sistema.

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Agora, estamos convencidos de que as bases principais Este facto é incontestável, porque está provado pelos
da pré-história pertencem a um empirismo que não sabería- desenhos gravados nas lajes da biblioteca seqüestrada no
mos aceitar, mesmo enquanto proposições duvidosas, já Museu do Homem, em Paris 1 .
que retiramos delas, pelo menos, seis erros essenciais: 4) Os homens pré-históricos conheciam a escrita, como
1) Nada prova que o homem descenda do macaco. o provam as tabuinhas gravadas de Glozel, as quais são
As espécies são tão pouco análogas que a transfusão incontestavelmente autênticas e tidas como tais, depois de
sangüínea entre o homem e o gibão. o chimpanzé ou o processos fulminantes, que fizeram os pré-historiadores
orangotango apresenta os mesmos riscos que entre espécies morder o pó, vencidos pela luz dos factos e a boa-fé do
descobridor, o senhor Emile Fradin. (O museu de Glozel. a
animais categoricamente diferentes. quinze quilômetros de Vichy. em Allier. está sempre aberto
As cadeias que ligam o macaco ao homem nunca
ao público. Na nossa opinião, constitui, juntamente com as
foram encontradas, e todos os sinantropos. australopi- grutas de Lascaux e a biblioteca pré-histórica de Lussac-les-
tecos. pitecantropos. atlantropos e outros antropopitecos -Châteaux, Vienne. as três maravilhas do mundo antigo.)
são fraudes do mesmo gênero do «Homem de Piltdown». 5) Os homens pré-históricos não viviam no estado
Com este processo de estabelecer a nossa árvore genea- precário sugerido pelos manuais clássicos.
lógica poder-se-ia também provar que «o pau é anterior à Pelo contrário, viviam numa «idade de ouro» materia-
cama. passando pela bengala, o banco da praia, o banqui- lista, cujos recursos eram múltiplos, inesgotáveis e de
nho. o sofá e o canapé»! 1 exploração fácil.
2) O homem pré-histórico não habitou as cavernas, O facto é evidente: nos nossos dias. milhares de
salvo excepções. como nos dias de hoje. Não existem homens vivem ou poderiam viver unicamente com a
cavernas nas proximidades das jazidas de sílex: não há colheita, a pesca e a caça. Todavia, as nossas florestas
cavernas em Saint Acheul (Pas-de-Calais). nem em Leval- quase desapareceram e os nossos rios foram despovoados
lois-Perret (Levalloisien). em Chelles (Chelléen). em pelos detergentes e produtos químicos de diversas origens.
Grand-Pressigny (Pressignien). etc. Os homens pré-histó- Na época pré-histórica, a caça pululava, o peixe abun-
ricos de Pas-de-Calais, do Sena. de Seine-et-Marne, de dava e os homens dispunham de todos os tipos de alimento.
Indre-et-Loire não se iam deitar, ã noite, em Eyzies! Não se duvide!
Moravam em cabanas e. mais verosimilmente -- os que
trabalhavam bem a pedra — . em casas. 1
Ao público não são mostradas senão gravuras vulgares e insignificantes. As que
3) O homem pré-histórico usava, como todos os homens provam a civilização avançada dos homens do magdaleniano são. como por um acaso,
civili/ados do Ocidente: chapéu, casaco, calças, sapatos. •desconhecidas, impossíveis de encontrar, ou arrumadas em qualquer lado . . . » . mas não
se sahe onde. O jornalista Constantin Brive. do Anto-Journcil. quis verificar, depois da
publicação da obra Histórid Desconhecida dos Homens desde Há Cem Mi/ Anos. se o
• iiitor mentia ao afirmar a existência destas lajes gravadas. O jornalista teve de
' Jcan Servier. l'H<mmu' et l' Invisih/e Hd Robert l.aíimt ultrapassar barreiras insidiosas. contrariar fugas ingênuas, mas obteve a certeza que as

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6) O homem pré-histórico não era esse ser obtuso, No século xix. alguns cientistas tinham adc urido esta
tacanho, grosseiro que se pretende. Era pintor, oleiro, certeza, sem ousar exprimi-la, como foi o caso do egiptó-
desenhador de gênio (as grutas de Lascaux. Altamira, logo Mariette, descobridor do Serapeum de Mênfis e dos
Glozel). As cavernas não eram senão ateliers dos «minus» túmulos de Ápis.
da sociedade. Os seus contemporâneos mais evoluídos Escavando sob a Esfinge de Gizé, a uns sessenta
conheciam o vidro, o carvão e. muito possivelmente, os metros de profundidade, debaixo de um terreno ,duro e
metais e a indústria do ferro. compacto, cravado de pedras, Mariette trouxe à luz do dia
construções ciclópicas, onde encontrou objectos de arte
maravilhosamente trabalhados.
HÁ TRINTA Mil. ANOS: FERRO E GALVANOPLASTIA Ora. a data da construção da Esfinge perde-se na noite
dos tempos. Estas construções cobertas por uma ferra
Mas -- replicarão os pré-historiadores — o uso do dura e compacta, amassada por milênios, são ainda mais
ferro ainda não era conhecido no paleolítico! antigas!
Desconhecia-se o ferro? Como explicar que nas regiões Mas isto não é tudo. Entre os objectos enterrados tão
particularmente ricas em minerais terrosos -- Alsácia-Lo- profundamente nesta terra primi-histórica. descobriram-se
rena. nomeadamente -- não se encontre traços de civiliza- - citamos documentos de 1850-- «jóias de ouro que,
ção de pedra talhada? pela tenuidade do seu peso, poderiam deixar supor o
Todavia, a zona era rica e o sílex que se exportava para
emprego da galvanoplastia em alto-relevo, ciência indus-
outras regiões podia também conseguir-se no leste da região.
trial que data de há poucos anos 1 .
Estas zonas foram certamente habitadas por homens
pré-históricos, principalmente cinco mil a seis mi! anos Evidentemente, esta descoberta é muito incômoda para
antes da nossa era. mas ali não encontramos sílex talhado, os que pretendem, a toda a força, fazer começar a civiliza-
porque era mais cômodo, mais racional, mesmo para as ção, na Suméria, há apenas seis mil anos!
classes mais humildes, fabricar e utilizar utensílios de ferro! Fizeram-se descobertas análogas em diferentes lugares.
De facto. é provável que civilizações utilizando o aço. a Com efeito, num grande número de objectos provenientes
aeronáutica e a ciência atômica se tivessem desenvolvido, de Mênfis e de Tebas - - vasos, pontas de aço, etc. —
em todos os continentes, há muitos milhares de anos. atenta-se numa fina camada de metal onde é impossível
encontrar traços de soldadura ou de trabalho manual. Esta
camada é tão uniforme, a sua formação cristalina é de tal
lajes eram tal como fórum descritas e reproduziam homens pré-históricos vestidos, modo semelhante às dos produtos que obtemos através da
dotados de chapéu, casaco, calças e sapatos. galvanoplastia, que os especialistas não hesitaram em admi-
Rste testemunho, reprodu/ido no Aiitn-Joiiriiiil de 8 de Agosto de 1463. revelou,
timidamente, todas as maquinações postas a correr para contrariar a investigação, mas
Constantin Hrive não ousou, ou não pôde di?er. como tinha sido formalmente estabele-
cido entre ele e Rohert Charroux (/nem mentiu realmente neste assunto. nit-tinniitiirc Univi-rxi-l du XIXe Siècle. tomo IV. pág. 268.

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tir que esta ciência era conhecida entre os Egípcios vam utensílios de sílex como os homens do século xx
(M. Crüger. Polvtechnisches Journal de Dingler, 1851). comem caviar ou pastilha elástica, isto é, numa proporção
Quanto à utilização do ferro, ela remonta a oito mil de l por 1000 ou l por 10000.
anos entre os Haddades da África e muito mais remota- Apresentámos já esta teoria a especialistas e as suas
mente ainda no tempo. reacções foram de duas espécies:
As minas de ferro da ilha de Elba, em Itália, segundo - pré-historiadores clássicos: encolhem os ombros,
cálculos efectuados com o maior cuidado pelos engenhei- esquivando-se" a toda a discussão, mas são absolutamente
ros da exploração, encontravam-se em actividade numa incapazes de refutar a mínima hipótese;
época «pelo menos dez vezes mais antiga do que a que
- pré-historiadores não clássicos: aceitam a tese como
conhecemos».
Ora. considerando que os Gregos do tempo de Homero matematicamente exacta.
já conheciam esta ilha, que eles denominavam «Ethalie», Eis, em resumo, a essência do nosso argumento. É pos-
por causa da saída de fumos das forjas que se observavam sível calcular, de modo aproximado, a população de uma
ali. chega-se à conclusão de que é preciso recuar a mais de nação ou de uma região em função do número de casas ou
trinta mil anos a exploração activa destas minas. de automóveis ou da ferramenta necessária ou indispensá-
Depois disto, como se pode falar da «época da pedra vel; por exemplo, a faca, e isto para as populações menos
lascada», do «paleolítico» e do «neolítico»?! civilizadas.
Podemos chegar a dez milhões ou a cem milhões de
habitantes para a França, a dez mil ou oitocentos mil para
O PAI.EOUTICO F. O NEOLÍTICO: o Sara, mas obter-se-á, de qualquer modo, uma ordem de
INVENÇÕES DOS PRÉ-HISTORIADORES valor que não excederá, por aproximação, o dobro ou o
quíntuplo da solução exacta.
O paleolítico e o neolítico são a pedra angular, rígida, Se pudéssemos conhecer o número de facas existentes
inabalável, da pré-história caduca! na Idade Média, teríamos uma idéia da população dessa
Todo o fiel «bem-pensante» deve pronunciar estas duas época. Mas as facas perderam-se, devoradas pela ferrugem
palavras com compunção. arredondando os lábios, como ou enterradas.
que para ascender à divindade por intermédio da santa hóstia. Se o paleolítico e o neolítico não conheciam senão o
Temos a coragem de afirmar que o paleolítico e o sílex talhado ou polido — nunca o metal —, como preten-
neolítico não existiram senão na imaginação dos pré- de m os pré-historiadores, deve ser possível encontrar as
-historiadores. laças» desses tempos, ainda que demasiado remotos,
Entendamo-nos: homens pré-históricos utilizaram, por porque o sílex não se desagrega. Pode manter-se facil-
certo, ferramentas de sílex, mas numa proporção tão ín- mente, sem a menor deterioração, uns mil, cinqüenta mil
tima que podemos considerá-la nula. Em resumo, utiliza- ou um milhão de anos.
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Um milhão de anos é justamente o lapso de tempo todos os anos. eternamente, sem poder limpar completa-
vivido pelo homem sobre a Terra (diz-se)! mente o solo.
Na nossa hipótese, o homem pré-histórico utilizava Assim, nos campos de batalha da guerra de 1914-1918.
necessariamente um utensílio que lhe servisse para cortar, granadas e estilhaços de granada, permaneceram intactos.
talhar, defender-se. Ainda agora, ano após ano. as crianças encontram as
Os homens de todas as épocas e de todos os tempos granadas nos jardins, bosques e campos cultivados e são
tiveram e ainda têm necessidade desses utensílios elemen- vítima de. acidentes.
tares: faca ou lâmina, machado, lima e tesoura. O nosso estudo leva-nos a um local que conhecemos
Coloquemos na categoria de «objectos necessários- ao bem. Charroux (Vienne), um dos mais importantes no que
homem pré-histórico tudo o que tem a forma ou uma diz respeito ao utensílio essencial que foi o machado (ou o
utilização prática no gênero de faca: machado, biface. biface).
raspadoura, cinzel, "nucleis». etc., ou seja. a quase totali- Encontraram-se cerca de mil a dois mil machados em
dade do material de sílex de tamanho aceitável que os Charroux. mas alguns anos depois o local ficou pratica-
homens utilizavam. Um homem normal, mesmo no nosso mente esgotado. Pode avaliar-se em dois mil a cinco mil.
tempo, tem necessidade de um certo número de ferramen- no máximo, sendo este último número bastante optimista.
tas no decurso de toda a sua vida: machado, serra, tesoura, os machados ainda enterrados. (De notar que o local, para
tena/. picareta, enxada, etc., num total de cerca de uma além do Grand Pressigny. é um dos mais importantes da
centena de objectos. França. Além disso. Charroux está maravilhosamente bem
O homem pré-histórico, que talhava um machado em situado, na Grande Estrada Pré-Histórica 1 . a meio caminho
cerca de dez minutos 1 e encontrou o sílex em abundância entre Grand-Pressigny e Eyzies. perto de Charente e a uns
nos locais que conhecemos, deveria então fabricar e utili- seis quilômetros da célebre gruta de Chaffaud. Por outro
zar, pelo menos, cem ferramentas durante a vida 2 , pois lado. há quarenta e nove grutas no território da comuna,
esses utensílios usavam-se, quebravam-se ou perdiam-se. mas nenhuma parece ter sido habitada.)
Mas, de qualquer maneira, eles não desapareceram nem se O material de sílex é particularmente abundante em
desagregaram. Sabe-se que, em terreno instável, vulgar, as Charroux. e. se admitirmos o número de cem machados
pedras e. por conseqüência, o sílex são rejeitados pelas Ialhados por cada habitante e por geração de vinte e cinco
convulsões terrestres, a que se adiciona a força centrífuga. anos. minimizamos o seu fabrico ao extremo.
O que explica que, nos jardins, se desenterrem pedras
1
A (irande Estrada Pré-Hístórica de Franca, parcialmente ladeada por painéis do Kodak,
1
H o tempo calculado por Borde de Bordeaux para talhar grosseiramente um machado. e uma alternativa paralela à estrada Paris-Bordéus. que passa por localidades bem
A matéria-prima não lhe f a l t a v a . Por toda a parte, em (irand-Pressiüny. ('harroux. pitorescas e por campos de grande beleza. O seu percurso exacto é o seguinte:
Fontainehlcau. Velleehes. encontram-se inicieis não utili/ados e uma profusão de Grand-Pressigny. Roche-Bosav. Angles-sur-1'Anglin. Saint-Savin. Lussac-les-Châteaux.
materiais que poderiam ter servido. l 'Isle-Jourdain. Charroux. Civray. Angoulème. Nontron. Périgueux. Lês Eyzies.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

E apenas para 400 gerações:


Realmente, o homem pré-histórico devia, por necessi-
dade ou por divertimento, ou ainda por oferta, talhar muito 10000
mais de cem machados em toda a sua vida. = 10 homens.
Sabendo e admitindo isto, sem recuar às longínquas 10 x 400
épocas da pré-história, pode fazer-se um cálculo
aproximado. Experimentemos outras hipóteses; por exemplo, calcu-
Em cinqüenta mil anos, existiram duas mil gerações de lando a partir de um milhão de anos (40 000 gerações)
homens em Charroux, os quais, segundo a nossa análise, com 10 machados por homem:
utilizaram cerca de dez mil machados. Considerando que
eram necessários cem machados durante uma existência, 10000
quantos homens teriam vivido em Charroux em cinqüenta = 0.0025 homens
mil anos? 10 x 40 000

ou então, ainda, tomando l machado por homem em 2000


SOLUÇÃO SURPREENDENTE gerações:

10 000 machados 10000


= 0,05 homens = 5 homens.
100 x 2000 gerações x 2000

ou ainda, com 100 machados por homem num período de Nestes cálculos, adoptámos os números mais desfavo-
dez mil anos somente, ou seja. 400 gerações: ráveis à nossa tese: não existem 10 000 machados em
Charroux. O número 10 000 representa sensivelmente a
10000 quantidade de ferramentas e de materiais informes que.
= 0,25 homens. com rigor, pudessem ter sido utilizados.
100 x 400 Ora, qualquer que seja o número que tomemos, obte-
mos um resultado absurdo! Este resultado foi idêntico
Se acharem que 100 machados é um número exagera- i (liando fizemos as mesmas experiências em relação a
do, façamo-lo descer para 10 e obteremos para 2000 (irand-Pressigny, Eyzies. planalto de Chambre ou Saint-
gerações: Acheul.
Dificilmente podemos ter uma idéia aproximada da
10000 população da França na época pré-histórica, mas algumas
= 0,5 homens.
10 x 2000 ic l ações de grandeza surgem no nosso espírito: 30 000

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O I.IVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

h o m e n s . . . 300000, talvez? A verdade, quanto a nós. Logo. os homens pré-históricos — que seriam mais de
dever-se-ia situar entre estes dois extremos. cinqüenta em todo o globo e por cada geração -- utiliza-
Aceitando os números de 30 000 homens, de 50 000 vam outra coisa além do sílex para confeccionar as suas
anos e de 100 ferramentas diversas, necessárias ao homem ferramentas, uma outra coisa que desapareceu por desagre-
por geração, deveríamos encontrar ou poder desenterrar gação natural, ou seja. muito provavelmente o ferro e as
em França biliões de ferramentas de sílex. ligas de metais.
Ora, os nossos museus e colecções particulares não De qualquer maneira, o Paleolítico e o Neolítico, que
possuem um milhão de sílex talhados! servem aos pré-historiadores para caracterizar as épocas da
É inadmissível que seis biliões de objectos de sílex pedra lascada, são denominações abusivas ao mais alto
possam ainda permanecer enterrados! grau, uma vez que. se em cada geração, uns 10, 50 ou
O nosso patrimônio de sílex é de cerca de 600 000 mesmo 100 homens do planeta utilizaram machados de
peças, o que daria à França, nas condições atrás menciona- sílex, ninguém tem o direito de definir essa época em
das, uma proporção de: função da referida percentagem insignificante.
Caso contrário, pode dizer-se que o século xx é também
o século do paleolítico (para as populações da Nova Guiné
600 000 c de Bornéu), do caviar (para os snobes dos clubes
= 3 homens! nocíurnos) ou da pastilha elástica (para alguns indivíduos).
100 x 2000 Desta ordem de idéias resulta que os nossos antepassa-
dos directos não foram homens tão obtusos como nos
O que daria cerca de 500 a 100 indivíduos por geração quiseram fazer crer, e daí se infere ainda que toda a
para povoar a Terra, sendo a França, como se sabe, a pátria, pré-história clássica é inconsistente e baseada em erros.
por excelência, do homem pré-histórico. Mas o que aos nossos olhos assume uma importância
Estes resultados caracterizam-se pelo absurdo, e desde muito maior é o facto de a falência do homem das
logo se impõem com a força da evidência: o número de cavernas e do sílex abrir uma porta, tão grande como a
entrada de urna catedral, para o passado desconhecido da
machados e de ferramentas de sílex não é proporcional ao
humanidade.
número de homens que povoaram a França. Um passado que, doravante, tendo sido expurgado das
E simplesmente proporcional ao número de «minus» e falsas teorias, podemos imaginar grandioso e fantástico. . .
de atrasados que constituem, simultaneamente, a escória (ai como o foi, sem qualquer dúvida!
de toda a população. . . e os modelos-arquétipos, com o
homem de Piltdown e o crânio. . . inexistente do sinan-
tropo. sobre os quais os pré-historiadores edificaram a sua
pseudociência.

106 107
CAPÍTULO V

O UNIVERSO E A ARCA-NAVE ESPACIAL


O PONTO ZERO. ONDE TUDO EXISTE NO NÃO-CRIADO

impossível conceber o nada que precede a criação.


E Como poderíamos imaginar um «universo» si-
lencioso e vazio, sem tempo, espaço, movimento,
luz. calor, sem inteligência. . . para que. de qualquer
modo. esse conceito se pudesse aplicar com rigor ao
incriado?
Além disso, os sofistas não deixariam de notar que o
nada. embora sendo uma abstracção. é um fenômeno em
si. logo, uma realidade criada!
O espírito humano não pode especular senão dentro
dos limites do universo limitado, visível, onde a própria
abstracção possui os seus dados concretos.
O mistério da criação ainda nos é interdito, mas como
duas das suas fases, o presente e o futuro, não estão
encerradas no tempo, ele oferece-nos um quadro mental
relativamente acessível.
Na teoria do universo bicónico. em expansão e em
rontracção (imagine-se uma sucessão de cones dispostos
horizontalmente e tocando-se pelas extremidades), o centro

709
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

geométrico do conjunto é o ponto zero do elo onde acaba a Se um dia o homem evoluir de um modo consciente
contracção e começa a expansão. talvez compreenda o que lhe escapa actualmente ou
Este ponto zero seria, pois, o ponto da imobilidade, do lhe parece sem relação com os dados que possui. 1 .
equilíbrio, do nada, mas a sua existência não passa da
teoria. No autêntico milagre que é a germinação, o plano
Este processo, em que os cones se sucedem, parece pré-concebido existe, mesmo antes da formação do grão,
miraculoso, uma vez que o espírito humano não poderia ou seja, no nada ou no presente, o qual seria, em suma, a
conceber ou aceitar nem a dilatação nem a contracção, existência ainda não criada.
repetindo-se indefinidamente, nem o ponto zero da inexis- Neste sentido, o futuro está sempre contido no presente,
tência, ou a criação espontânea nascida desse ponto zero. como a matéria e o tempo estão sempre contidos no nada!
Contudo, ele corresponde à cosmogénese bramânica (o O mistério, sempre o mistério!
inspirar e o expirar do Brama); à teoria do universo em Do mesmo modo, é tão aburdo formular a questão
expansão e dos ciclos essenciais da vida, morte e renasci- ••Como foi criado o mundo?» como pretender dar-lhe uma
mento: enfim, está de acordo com a lei de Lavoisier: nada resposta, suscitando desde logo o louco rosário das questões
se perde, nada se cria, tudo se transforma. de prudência que se assemelham a um jogo de crianças: se o
Evadindo-nos um pouco do nosso universo tridimen- universo não existia, quem o precedeu? O nada. E quem fez
sional, podemos tentar admitir como hipótese de trabalho a o nada? Deus. E quem fez Deus?, etc.. . .
coexistência do nada e do tudo, do não-criado e do criado, Uma grande dificuldade para o homem, na busca de
conhecimento, é a de poder situar-se e de situar a sua
hipótese que é, além do mais, subentendida na teoria
percepção em relação ao que lhe parece ser infinitamente
clássica de uma criação partindo de uma não-criação, com
grande ou infinitamente pequeno.
todo o universo contido na célula original, quer em massa, Quaisquer que sejam o poder do seu gênio, a magia
quer em volume e grandeza! 1 dos seus números, das suas matemáticas, a imensidão do
desenvolvimento gigantesco das suas especulações, nunca
De qualquer dos modos que concebamos o universo, chegará ao começo da cadeia.
nenhum dos nossos pensamentos pode ultrapassar o estádio
da teoria ousada, uma vez que não cessamos de chocar
com incompatibilidades e mistérios. ' O problema da criação foi sempre estudado dentro da nossa concepção tridimensional e
sem ter em conta outros mundos paralelos ou interferências, cuja existência é possível e
talvez provável. No sonho, o homem tem o poder de criar e destruir, mas parece que os
fenômenos têm lugar unicamente quer no pensamento, quer num universo diferente. Se
1
Este ponto zero — que para alguns se identificará com Deus — admite, também, a realmente houvesse materializarão, esta poderia ora alimentar o potencial do nosso
existência do antitempo e do tempo. O que ainda não foi criado existe, todavia, na mundo invisível, ora participar na criação de um outro universo! Quanto à materializa-
inexistência, a qual contém o plano pré-concehido da criação. Fm seguida há a ção no paranormal, nunca foi provada: quererá isto dizer que é impossível? Que o
passagem da idéia à realidade, do imaterial ao material. paranormal, o outro lado. «os mundos invisíveis" não existem?

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Num outro plano, uma tradição tibetana exprime esta


TUDO EXISTE NO NADA
idéia, afirmando que todos os homens da criação teriam de
"i*
conjugar os seus esforços durante biliões de anos, tentando l
todas as combinações possíveis do alfabeto, para escrever
o nome de Deus, e mesmo assim só escreveriam as
primeiras letras!
Mais simplesmente, entre os rabinos é interdito escre-
ver ou pronunciar o nome de D. . ., tal como entre os
Egípcios era proibido construir o topo das pirâmides
sagradas!
No ponto zero. onde terminou o universo em contraccão e vai começar o universo em
expansão, situa-se teoricamente um universo nulo. onde tudo existe no incriado. Logo,
haveria uma coexistência do nada com o tudo, do tempo com o antitempo. Tal como o
O UNIVERSO: UM PLASMA CHEIO DE... VAZIO ••inspirar e o expirar» de Brama.

Contudo, a fim de satisfazer a sua curiosidade demo- Partindo desta suposição, forjou um universo «total», o
níaca, foi necessário que o homem imaginasse o porquê e seu mecanismo, as suas leis, o seu princípio.
o como das coisas. Em resumo, conhecendo o ponto em que começa a
Ele crê que o infinitamente pequeno está à escala do perna da letra A do nosso alfabeto, imaginou as vinte e
infinitamente grande e que as galáxias, as nebulosas, as cinco letras!
acumulações de estrelas pertencem a este infinitamente Ora, é provável que o nosso universo perceptível
grande. - acumulação de estrelas, nebulosas, planetas, etc. -
seja comparável, em ordem de grandeza, a uma parcela de
plasma retirado de um ser humano para ser analisado ao
microscópio.
Distinguem-se bactérias e vírus, vêem-se glóbulos
vermelhos, a linfa. . . todo esse infinitamente pequeno
errando num oceano de vida. E depois?
Poderia o biologista, partindo dessa colheita, descobrir
Se existem e são penetráveis, quer pelo pensamento quer de qualquer outro modo. que se trata de um plasma? Em caso afirmativo, de animal
deduz-se daí que o nosso universo perde com isso uma parcela da sua massa em ou de homem? De pulga, de peixe, de urso ou de elefante?
benefício do universo diferente, onde o nosso pensamento penetra e conduz a sua
substância. Esta hipótese supõe um sentido inverso: transporte de matéria para o nosso Ou então de um bêbedo, ou de um «minus», habitante de
universo, para uma criatura ou pensamento procedente de outro mundo. cavernas? Ou de um Einstein. de um Berason?

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SKORKDOS TRAÍDOS

Saberia ele se esse plasma provém do braço harmo- Qualquer que venha a ser a potência dos nossos teles-
nioso de uma bela mulher, da sua perna, do seu pé cópios, a precisão das nossas máquinas electrónicas. a
torneado ou do seu seio delicado? nossa busca não evolui senão num quadro tridimensional
E mesmo se conseguisse identificar e analisar o indiví- muito insuficiente.
duo, poderia fazer, desde logo, um esboço do universo? Há universo ou apenas um universo?
Veria cidades onde fervilham os humanos e roncam os A certeza da inutilidade da nossa pergunta é tal que nos
automóveis, os museus onde estão expostas as obras- enganámos desde o início: colocámos uma multidão de
-primas, os laboratórios de pesquisa, as catedrais, oIT núcleos e de partículas no átomo (a mais pequena porção
estádios, os teatros, os lupanares? Teria uma percepção, possível) e dividimos a totalidade - - o universo - - em
ainda que fugidia, da inteligência de um Descartes, do diferentes pequenas totalidades. Disso resulta termos áto-
gênio de um Rodin, da beleza de uma Balkis? mos, mundos, cosmos, universos, que explicamos por leis
Não há uma hipótese num bilião para que a nossa pouco estáveis, mais ou menos enriquecidas com outras
representação do universo assente em bases válidas; leis cômodas e arbitrárias, constituindo toda uma estrutura
portanto, tudo aquilo de que nos apercebemos é infinita- muito pouco convincente!
mente tênue. Em suma, temos uma idéia da componente Estas leis e a sua busca, no ponto em que elas se
universal, mas confundimos o mecanismo interior dessa encontram, deixam supor a existência de novas dimensões:
componente com o mecanismo útil do próprio objecto. Por quarta, quinta, sexta, sétima, etc., sem contar com o
certo temos uma idéia da matéria, mas apenas um vislum- Misterioso Desconhecido, o Invisível, que atrai a nossa
bre e compreensão sobre a sua inteligência. ré lie x ao.
Trata-se, portanto, do nosso ponto de vista, de não O universo, no seu sentido, poderia ser pois composto
considerar a pesquisa científica senão como uma pugna por biliões de universos galácticos, a que se juntariam os
cavaleiresca, desportiva, e neste sentido, quando falamos universos paralelos: mundos do pensamento, mundos do
do universo, entender-se-á que nos referimos ao nosso ••outro lado» e do «lado de cá-, mundos invisíveis,
universo. mundos multidimensionais. mundos sem dimensão, talvez!
Não temos a ambição de analisar — nem mesmo muito
resumidamente - as principais cosmogéneses, embora
OS UNIVERSOS INVISÍVEIS pareça indispensável apresentar as que cristalizam o espí-
rito novo, aventurando-se na via da revolução.
Por outro lado, os nossos meios de investigação para
identificar o nosso sublime continente, o nosso Graal
universal, não possuem senão um armamento irrisório:
pouco mais ou menos aquilo que D. Quixote tinha para
corrigir as injustiças da humanidade!

114 115
O LIVRO DOS SKGRHDOS TRAlDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Rapidamente, o Sol gira sobre si mesmo, formando


O 1<N1\'ERSO FANTÁSTICO /)/-. l.OVIS JACOT sobre a sua linha equatorial um anel que não pára de
crescer. Quando este anel atinge uma determinada massa,
Para o professor suíço Louis Jacot, nada é imóvel, o Sol tem um verdadeiro parto e expulsa um feto de
nada é eterno, e o zero absoluto é uma inovação gratuita. planeta, o qual. como qualquer criança, permanecerá ini-
Logo. o universo não foi criado: existiu desde sempre! cialmente perto da mãe, para depois crescer e partir rumo a
Uma idéia sensata e que não se afasta muito do sistema fronteiras do nosso pequeno universo.
dos hem-pensantes. Duas leis. porém, vão servir de rampa
Os planetas colocados perto do Sol - - Mercúrio. Vé-
de lançamento a idéias novas, talvez não admissíveis na
sua totalidade, mas onde poderão alojar-se perfeitamente nus. Terra - - são. portanto, e pela ordem respectiva, os
as verdades de amanhã. mais jovens; logo. Plutão. Neptuno, Urano, Saturno, etc.,
Lei de Huhhle: a velocidade de afastamento das nebu- são os mais antigos.
losas é proporcional à distância considerada (500 a O nosso planeta pariu também um satélite (a Lua),
100 000 km/s. num universo em 'constante expansão). visto que beneficiou, de início, de uma rotação lenta,
Lei de Rode: no nosso sistema, as distâncias dos depois semilenta e progressivamente acelerada.
planetas ao Sol correspondem a uma progressão geométrica A sua rotação lenta terminou na última glaciação do
de razão 2. isto é. 1-2-4-8-16-32-64. pelo menos até quaternário e só passou a ter uma rotação de vinte e quatro
Urano 1 . horas após um longo período transitório.
Em cada rotação lenta formavam-se calotes glaciares
Para apoiar as suas teses. Louis Jacot admite ou sobre o hemisfério, mergulhado na noite: ao invés, no
contesta algumas concepções: o universo é denso, a gravi- outro hemisfério, do equador aos pólos, o clima era muito
tação universal é uma ilusão, a gravidade explica-se pela quente e a vegetação tropical (o que explicaria o âmbar, a
pressão concêntrica do éter e as teorias sobre a relatividade resina fóssil do Báltico, os fósseis tropicais de minas de
são soluções que, através de erros, distorções e uma carvão do extremo norte, as glaciações das épocas pré-
craveira variável, justificam o que se quiser provar!
-históricas. as antigas cronologias e a extraordinária idade
Numerosos físicos compartilharam este ponto de vista,
dos patriarcas).
mas Louis Jacot. adaptando-o à lei de Bode. acabou por
A passagem da rotação semilenta (cerca de dois me-
construir uma versão espantosa da nossa história solar.
ses), uma rotação rápida, de vinte e quatro horas, provo-
cou a fusão dos gelos e o dilúvio dito universal, que Louis
1
Há duas excepcões a esta lei que se repete sete vezes: a primeira, nu começo, no Jacot situa em 3500 a.C.
sentido em que a progressão não parte do Sol mas se inicia em Mercúrio: a segunda, Evidentemente que esta cosmogénese transtorna nume-
além de Urano, onde o afastamento pára de se duplicar para se tornar constante. Ler. de
Louis Jacot. Elements de Ph\'sii/ne Evolulive. I vol.. e L'Evolmion Universelle. rosos dados que se acreditavam bem estabelecidos, e um
I vol. deles, o primeiro, é o do tempo. Os cientistas pensam que

116 117
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O I.[VRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

a idade da Terra poderá ser de quatro a oito ou talvez dez O.)


DEUS o)
biliões de anos.
Depois de estudar os diversos métodos de datação1 /.( : V/<fC
— a radiactividade das rochas, erosão, sedimentação, os Nomferti (noos - espírití
phaera ~ esfera) Conjuni
leitos coloridos dos glaciares, formação do carvão, méto- e camada pensante do pi;
L-ta (humanidade hiolõaic:
dos astronômicos, físicos, etc. —, Louis Jacot concluiu Nível do séc. XX ' pontn importante do un
,rso e o ponto Omeiía. (jne
que existe um enorme erro de apreciação por part^ da .mhém e n Cristo Orne s a

ciência clássica. O nosso planeta teria, assim, entre cem


mil e cento e cinqüenta mil anos de existência!
NÍVEL DE REFLEXÃO OU NOOSFERA

O COSMOGÉNESE DO PADRE TEILLARD DE CHARDIN

Respeitador dos dogmas, mas consciente da revolução


que se impunha nos espíritos cristãos, o padre Teillard de
Chardin construiu uma cosmogénese que se resume do
seguinte modo:
" O mundo encontra-se em ascensão evolutiva (em
ascese), a partir do inorganizado, até ao pensamento
reflectido.
A evolução continua à escala individual e à escala
supra-individual, enquanto a adaptação produz sempre DEI'S
mais consciência.
Representação esi|uemúticu da cosmogénese seeundo
Teillard de Chardin

A humanidade, no plano biológico, tende para a sua


unificação e para a sua concentração espiritual no seio de
um supercentro divino (Centro dos Centros).
A consumação ideal (estado terminal ou escatológico)
tio mundo produz-se num ponto ideal: o ponto Ómega (o).
1
Excepto o do árgon. centro «superpessoal» da personalização.

118
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Toda a evolução faz-se à volta de um eixo ultrafísico. A ascensão das espécies partiria desse plasma para aí
preexistente ao mundo. voltar, recomeçando um novo ciclo de uma essência supe-
rior à precedente, mais rica e mais espiritual.
Esta idéia poderá talvez valorizar crenças irracionais,
4 INTELIGÊNCIA DA MATÉRIA
tais como a reencarnação e a ressurreição.
Se o universo fosse finito, encontraria o seu fim apenas
Numa hipótese diversa, embora partindo da célula-mãex
com a sublimação da matéria e não do homem 1 .
clássica, a evolução da matéria admite elementos de um
fantástico que alarga o horizonte conjectura!, estabelecendo
a partir dele uma síntese: teorias científicas admitidas
O MISTERIOSO AON
algumas, outras mais empíricas e dados da tradição, igno-
rados ou isolados injustamente pelos racionalistas.
A evolução é feita de sistemas obrigatoriamente instá- Todos os reinos da natureza, do mineral ao homem,
veis, os quais, através do nascimento, da vida e da morte, possuem sentidos, uma inteligência e uma alma.
tendem para uma complexidade e uma espiritualidade cada Têm-se negado a alma ao mineral, ao vegetal e aos
vez maiores. animais inferiores - - negámo-la mesmo às mulheres! —,
Os ateus pensam que este mecanismo é cego e despro- mas para sustentar tal tese seria preciso elimitar o momento
vido de inteligência directriz. e o reino onde esta alma se manifesta bruscamente. Ora, o
Para os não-ateus, se o universo tem um termo (universo ponto de aparição nunca se produz como uma eclosão
finito) o último estádio do homem identificar-se-á com a espontânea, que, além do mais, não saberíamos explicar.
inteligência directriz que os crentes identificam com Deus. A inteligência, os sentidos e a alma são, pois, atributos
Essa inteligência está, portanto, no todo e o homem é de todas as camadas da Natureza, a começar pela que se
uma parcela dele. acredita ser a mais baixa no decurso da evolução: o ácido
É este, extremamente condensado, um processo possí-
vel da evolução, tal como seria determinado segundo os ' A vida e a inteligência está em toda a parte, do mineral ao homem — tal é o princípio
nossos princípios. doutrinário do hilozoísmo.
A matéria dita bruta encerra contudo tanta inteligência possível como o cérebro de um
A matéria-base do universo é constituída por uma espé- matemático, mas é possível que o quantum utilizado seja ínfimo, o mesmo acontecendo
cie de «plasma original» (movimento-luz-energia) 1 in- — com uma outra percentagem — ao cérebro humano, onde apenas dez biliões de
células cinzentas são utilizadas, num total de trinta hiliões. O mineral utilizaria talvez
criado, eterno, vivo, fosforizado pela inteligência superior. apenas umas cinco ou seis ou mil células do quantum posto à sua disposição.
A inteligência destas células tomar-se-ia imperceptível por efeito de imensas forcas da
inércia que a isto se opõem.
' No começo — segundo alguns cientistas — havia uma temperatura de vários biliões Contudo, pode perguntar-se se a inteligência do mineral não é mais evidente do que se
de graus. Tudo era irradiação ou ondas, com imensas possibilidades de transmutação e quer admitir. Não se fecha a terra sobre as suas sementes?
talvez de inteligência. As erupções vulcânicas, os tremores de terra e principalmente essa força viva de um
Misterioso Desconhecido a que chamamos -correntes telúricas • não seriam a demonstra-

120 121
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

desoxirribonucleico (ADN), que é mineral no ADN crista- Ao microscópio, descobriu-se um verdadeiro espasmo,
lizado e organismo animado enquanto vírus. que percorre, por uma larga zona, as células de uma planta
Logo, não se sabe muito bem onde começa e acaba a que se arrancou uma folha ou uma flor'.
uma categoria! O professor Haberlandt provou que a face superior das
A anémona-do-mar, que é um animal, é tão semelhante folhas é um olho facetado, com lentes, que concentra os
a um vegetal que durante séculos foi catalogado como tal. raios solares no centro das células.
O ilustre físico e naturalista Reamur. «o Plínio do Se um carvalho começasse um dia a falar, a resolver
século xvin», estava tão persuadido disso que, para «o equações matemáticas, não seria necessário reclassificá-lo
preservar do ridículo», escondeu durante longo tempo à no reino animal superior? Mesmo com os seus ramos, as
Academia das Ciências de Paris o nome da pessoa que suas bolotas, os seus ninhos de pegas ou de corvos?
levou à douta assembléia a prova da natureza animal da Manifestamente, o carvalho não fala. pelo menos no
anémona-do-mar! sentido percebido pelos seres humanos. . . mas, como
dizia (pouco mais ou menos) Aristóteles há vinte e três
séculos, «pelo menos não pensa»!
A ARVORE-ARGUS Ficamos muitas vezes perplexos diante do comporta-
mento de alguns animais e plantas.
A inteligência universal encontra partidários cada vez Um pardal vulgar da Nova Guiné, o amblyornis
mais numerosos nos meios científicos desde que a natura- macho, ou pássaro-jardineiro, com uma visível preocupa-
lista Nemec pôs em evidência o sistema nervoso vegetal na ção artística, acumula à volta do ninho da sua fêmea folhas
extremidade da raiz da cebola, do jacinto, do feto, etc. e flores cortadas, confeccionando uma espécie de tapete ou
Se se «fere» uma planta, quer seja uma sequóia alta, de canteiro ricamente colorido!
uns trinta metros, ou um minúsculo musgo, o conteúdo de
células foge para o lado oposto à «ferida». Se roermos uma
radícula. ela enrola-se, torce-se como um animal ferido.

çao da inteligência do globo. . . da nossa Terra-Mãe. onde nós. homens inteligentes.


estamos inseridos? 1
Os vegetarianos, apesar da sua inteligência e da sua ingenuidade, são pessoas muito
Por outro lado. será razoável privar de inteligência esses hiliões e hiliões de electroes. simpáticas. Têm. sem dúvida, razão para pensar que o seu regime, racionalmente
de neutrões. de protões. etc., que executam as suas vertiginosas sarahandas. mudam, aplicado, c uma reacção sã contra o abuso da alimentação carnívora, mas também erram
transmudam e fazem com que o globo terrestre, no invisível, seja uma massa em quando pensam que o vegetarianismo abole o crime- contra a espécie animal,
ebulição perpétua'.' l a/endo-o. confundem pieguice e razão e praticam um desvio deliberado ás leis da
F.ste globo vive como cada elemento do átomo. F. constituído por mineral, substância natureza, por mais cruéis que elas se mostrem ao espirito simplista.
vegetal, mãe do reino animal. É a Oeia. mãe da humanidade, o seu túmulo, que !•. curioso notar que os animais mais inteligentes são carnívoros (cães. gatos, raposas,
recupera os seus componentes e. sem dúvida, também tudo ou parte do seu potencial e t c . ) , enquanto os animais vegetarianos são particularmente estúpidos (bois. renas,
psíquico. antílopes, carneiros, etc.)

f 23
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O I.IVRO DOS SF.GRF.DOS TRAÍDOS

O ASTUCIOSO CARDO-PISAO TUDO PROCEDE DE OUTROS PLANETAS

Todas as hipóteses de tropismos (geotropismo, helio- A evolução é um fenômeno universal, irreversível,


tropismo, hidrotropismo. nictotropismo. etc.) não explicam embora mal provada e pouco controlada; por comodidade
a razão por que a campainha se dirige quatro vezes em cada de expressão, fala-se muitas vezes de «cadeias» entre dois
dez para uma vara. qualquer que seja a sua orientação. reinos, mas na realidade essas cadeias não existem.
O cardo-pisão tem uma inteligência particularmente Por outro lado. é preciso que esta evolução «universal»
desenvolvida. comporte, em pormenor. numerosas espécies que não
A intersecção das suas folhas e do seu caule forma uma evoluíram nada desde as épocas mais remotas da criação!
pequena bacia onde se misturam a água e o orvalho. Em resumo, a vida apresenta-se sem grande coerência,
Inteligência? Talvez ainda não! Mas acontece que este um pouco como se o nosso globo fosse um campo de
pequeno recipiente atrai numerosos insectos, entre os quais experiências e um parque zoológico que seres superiores
os mosquitos, que acabam por cair à água e afogar-se. teriam criado para seu deleite pessoal.
O líquido macera a presa durante algum tempo e a Ou então ainda — recordando-nos das teorias do barão
seguir o cardo lança pêlos protoplásmicos infinitamente Espiard de Colonge - - como se a Terra tivesse sido
finos que vão deglutir a refeição 1 . outrora. por colisão ou por osmose interplanetária, o cai-
Numerosos animais não possuem esta astúcia. . . esta xote do lixo de qualquer astro errante.
imaginação, ousamos dizer! Enfim, numa terceira hipótese - - e de longe a mais
As bactérias, glutonas como a Lucullus, precipitam-se, plausível —. a vida manifestou-se na Terra pelo acaso de
percorrendo distâncias consideráveis, tendo em atenção a uma panspermia cósmica (sementeira através do espaço
sua pequenez, em direcção a soluções de sais de potássio, infinito) ou através de climatizações realizadas por viajantes
mesmo diluídos até ao bilionésimo do miligrama, despre- de outros planetas com sementes e gado seleccionados.
zando de passagem soluções de glicerina, que. contudo, as exactamente como o farão em breve os nossos cosmonautas
alimentariam de maneira excelente. Mas as bactérias prefe- num astro viniem.
rem o gosto do potássio!
Assim, de uma ponta a outra da elementar cadeia
evolutiva desenha-se os vestígios de uma alma. de uma 1
Fenômeno irreversível é o que não pode voltar a uma forma já tornada. Apresentamos
aqui urn ponto da tese clássica que está longe de ser provada. Fm Osaca. no Japão, o
sensibilidade, de uma vontade que começamos agora a doutor 7iro Nikuni assistido por um corpo clinico completo, observou em homens
perceber. atacados por uma doença misteriosa um crescer de fibras de algodão que poderiam servir
para confeccionar várias peças de vestuário! Não se tratava de uma forma de parasitismo.
o que constituiria uma explicação plausível. Em suma. as doenças possuíam três naturezas
nitidamente caracterizadas: uma natureza mineral pelos seres constituintes, uma natureza
/.cv tens de lu plante, por R. France. Fd. Adyar. venetal e uma natureza vegetal!

124 125
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O
O LIVRO
LIVKV., DOS
,_„,„ SEGREDOS
_. TRAÍDOS
Com efeito, os homens, vermelhos na América, casta-
Estas eventualidades alteram completamente o problema nhos na Polinésia, pretos na África, amarelos na Ásia e
brancos na Europa, afirmaram sempre que a nossa civiliza-
da Procuramos
evolução. uma verdade, mas é possível que nós a ção veio de fora. . . que ela não é terrestre!
fabriquemos de todas as espécies, na ignorância onde se Podemos mesmo assegurar que, segundo o documento
situa a nossa posição na ordem das grandezas. mais antigo conhecido, o Livro de Enoch, a ciência da
As galáxias que nós detectamos com os nossos telescó- fusão dos metais, a fabricação de armas-escudos,
pios, a uma distância de vários milhões de anos-luz, punhais, espadas, a antiga farmacopeia. a arte de maqui-
evoluem talvez apenas no limiar de um universo insondá- Ihar das mulheres, de depüar ou de sublinhar as sobran-
vel, e então as leis que regem o nosso mundo perceptível celhas, são conhecimentos que nos foram dados a partir
não terão senão um valor limitado e particular. do momento em que seres extraplanetários vieram até ao
É mesmo matematicamente certo que as verdadeiras nosso planeta atraídos pela beleza e sex-appeal das nossas
leis do universo não têm senão uma muito longínqua mulheres!
relação com as pequenas leis circunstanciais, inventadas
pelosQuenossos investigadores.
destino terão a gravidade, a gravitação universal, SINAI. BRANCO PARA O GÊNESE
a opacidade, o tempo na vida desconhecida do átomo?
Que significarão o comprimento, largura, espessura, Evidentemente, é pouco lisonjeiro para as nobres cria-
num meio elevado a cem milhões de graus centígrados? turas de Deus confessar que a sua civilização teve como
Os homens sempre quiseram apreender o Desconhe- ponto de partida um vulgar e bastante sórdido processo de
cido, medindo-o com as suas dimensões conhecidas e invasão cósmica, como heróis libertinos, cuja única
localizando-o na sua aventura terrestre. desculpa era terem o sangue demasiado quente!
Mas, justamente, esta aventura terrestre quer-se Uma aventura desse tipo, mesmo cortada em seqüências
descentralizar, e cada vez mais devemos conceber como censuradas, não poderia passar na televisão senão carim-
provável que a vida no nosso planeta é de origem externa, bada com o «visto branco» bem conhecido, e compreende-
ou seja. que as plantas, os animais e os homens devem ter -se o legítimo pudor dos copistas bíblicos quando tiveram
sido trazidos até esta terra virgem, original. Tal hipótese de contar a história!
Eles sair-se-iam habilmente da questão em nove linhas
não Obviamente,
é apavorante!
os pré-historiadores, para lá da sua estreita - Gênese, capítulo VI, versículos 2 e 4 —, cujo sentido
visão, vêem o Homo sapiens «ancestral» separar-se do real e cheio de significação salta aos olhos menos abertos.
reino dos antropóides, talhar o sílex, e depois subir peno- Teria a Lua despejado sobre a Terra os seus continen-
samente as escalas do conhecimento. Todavia, sempre e tes, os seus mares, as suas cidades, como sugere Colonge?
em toda a parte, os homens disseram um não enérgico a Não o cremos, de maneira nenhuma!

estas teorias! 727


126
O I.IVRO DOS SKGRFDOS TRAÍDOS
O I . I V R O DOS SKCiRÍ-.DOS TRAÍDOS

Teria havido uma ligação interplanetária em tempos l'MA NAVF. CHAMAM VÉNUS
muito recuados?
Respondemos categoricamente que sim. embora esta Segundo esta hipótese, a nossa origem e a nossa
espécie de evasão seja a única oportunidade de salvação civilização estariam, pois. directamente ligadas a Marte e.
oferecida a seres habitantes de outros planetas de escapar a mais adiante no tempo, a todos os outros planetas.
um eventual perigo. Contudo, temos boas razões para pensar, corno o
É possível que amanhã, ou daqui a alguns séculos, os professor americano 1. Velikovsky e de acordo com as
sjHici' pcoplc aterrem no nosso globo, mas é certo que tradições, que os nossos iniciadores eram venusianos. na
daqui a alguns milênios (e sem dúvida muito mais tarde), medida em que Vénus era um planeta vagabundo e muito
se os homens da Terra quiserem continuar a viver, terão de recentemente se integrou no nosso sistema solar.
ir para a Lua. Marte. Vénus ou Mercúrio. Voltaremos a este assunto mais explicitamente, mas é
A flexibilidade biológica do homem é prodigiosa, mas possível que Vénus seja um cometa estabilizado, ou então
é duvidoso, mesmo com uma evolução acelerada, que se uma espécie de engenho espacial utilizado pelos sptice
possa acomodar a transformações físicas impugnáveis que pcoplc para fugir de uma galáxia ameaçada.
espreitam a nossa velha Terra: rotação acelerada, densi- Há três mil e quinhentos anos. Vénus embateu, ou
dade diminuída, rarefação do ar. seca dos oceanos, frio tocou de leve. na Terra, mas antes deste -choque •. natural
rigoroso, etc. ou provocado, os Venusianos. ou outros alienígenas, pode-
A evasão extraplanetária tornar-se-á. portanto, uma riam ter semeado a Terra, deixando á solta o gado animal e
necessidade vital. h u m a n o , com a preocupação, cara aos piratas, de aprovi-
A acreditarmos no físico Louis Jacot e na lei de Bode.
sionar um refúgio'.
os planetas mais antigos que a Terra - Marte. Júpiter. Os pré-historiadores ficam hipnotizados com as raríssi-
Saturno. Urano —. se foram habitados, tiveram obrigato-
mas e infinitamente duvidosas ossadas humanas e de
riamente de ver escapar-se as suas populações para um
planeta mais hospitaleiro e mais bem colocado na órbita hominídeos pré-históricos, os quais seriam os nossos
antepassados.
solar. A estas concepções a tradição e a lógica opõem a
A população de Urano teve de fugir para Saturno:
depois, o processo passou de Saturno para Júpiter, e deste sempre jovem imagem da simbólica Arca de Noé: numa
para o planeta destruído que forma agora os Asteróides: nave escapando a um cataclismo. casais humanos, acom-
por fim. dos Asteróides para Marte e de Marte para a
Terra.
' Nn século X V I . os piratas e tlihusteiros do mar das A n t i l h a s c do Grande Oceano
d e i x a v a m cahras. hois. ovelhas o carneiros nas ilhas desertas a t i m de que os animais se
i c p n u l u / i s s c m c constituíssem uma reserva de caça c de abastecimento clandestino
O I . I V R O IX)S SKIRKDOS TRAÍDOS

O primeiro homem pode ter nascido no nosso globo,


pode mesmo ter tido o macaco como antepassado. . . o que
não é uma hipótese inverosímil. mas tal vê/ também tenha
visto o dia num outro planeta. Estamos persuadidos que
isto aconteceu a alguns dos nossos antepassados a quem os
povos antigos chamaram anjos, ídolos e semideuses.
Nos outros astros, a evolução será diferente da que se
processa na Terra'.' Não o sabemos por ora. mas sabé-
-lo-emos um dia. quando, chegada a nossa vez. por um
recomeço mágico, nos lançarmos no cosmo, numa arca-
-nave espacial, para recriar uma civilização.
Restará, finalmente, aos nossos longínquos descenden-
tes acreditar ou não nesta prodigiosa aventura!

130
PROTO-HISTÓRIA
l
CAPÍTULO VI

OS ANJOS E O LIVRO DE ENOCH

primi-história que acabamos de ressuscitar enquadra-


A -se notavelmente nas verdades professadas pela
Bíblia e pela ciência oficial.
A Bíblia é o oceano universal donde fluem os rios do
conhecimento. Temos de o confessar desde já, apesar de
todo o interesse que temos pelos livros sagrados, que não
podemos aceitar os seus relatos senão como interpretação
longínqua de factos, por vezes exactos, mas tornados
pouco mais ou menos incompreensíveis, pelos que no-los
transmitiram, de uma forma muitas vezes interpolada.
Doravante, a exegese deve refinar o conhecimento
obtido e libertar-se das coacções dogmáticas.

TRINTA E UMA LINHAS DA BÍBLIA

Há cerca de dois milênios, milhões de homens esfor-


cararn-se quer a sustentar os textos bíblicos contra todo o
raciocínio científico, quer a destruir a sua essência, com
um sectarismo limitado e negativo.

133
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Do mesmo modo, biliões de homens nunca se dispuse- l.° Logo após a criação do mundo, os filhos de Deus
ram a estudar esses textos, por preguiça ou receio de (anjos ou extraterrestres) vêm à Terra para casar
represálias. Jiilgar-se-á, pois, o nosso objectivo demasiado com as filhas dos homens.
ousado. Todavia, enfrentaremos o problema com honesti- 2.° Acontecimentos, os quais nada nos dizem,
dade e proporemos soluções, na esperança de que no produzem-se e provocam a cólera de Deus.
futuro elas possam ajudar outros exegetas. 3.° Deus «arrepende-se» e destrói a sua criação.
Esta experiência vai indispor numerosos leitores de
todas as confissões, ferir crenças, opiniões e precon- Que poderia existir de mais importante para os homens
ceitos; temos de esclarecer, de qualquer modo, que não que o fim do mundo? Não parecerá tudo uma insignificân-
fazemos qualquer processo de intenção e não estamos cia, ao lado de semelhante catástrofe?
enfeudados a qualquer manobra política; não obstante, o Ora, o que deveria constituir o verdadeiro gênese foi
nosso respeito pelas idéias de outrem não pode, no en- completamente passado em silêncio na Bíblia: em doze
tanto, proibir-nos de procurar a verdade ou «as verdades linhas anuncia-se a vinda de misteriosas personagens extra-
diferentes». terrestres, e dezanove linhas mais adiante é a destruição da
A tolerância e o direito de expressão são as conquistas humanidade, o dilúvio universal! Sem mais explicações!
mais preciosas do homem, e invocámo-las em nosso Perfeitamente desconcertante, pois falta justamente o
benefício. que gostaríamos de saber. . . aquilo que nos diz respeito!
Analisadas neste estado de espírito, a Bíblia apresenta- Mas, para já, quem eram esses filhos de Deus, ou
-se como um acto de conjura, da qual apenas trinta e uma filhos do Céu, a quem os sacerdotes da Igreja chamam
linhas são de reter pela humanidade do século xx. Anjos? 1
Estas linhas constituem os versículos l a 7 do Gênese, Criaturas celestes saídas do reino de Deus-Pai? E quem
capítulo V. O resto, com algumas excepções, não é senão teria descido ao planeta Terra para fazer amor com as belas
a expressão de uma moral caduca e de uma série de terrenas?
anedotas que nunca disseram respeito aos Chineses, aos Poderão os homens dos tempos do átomo, da televisão,
Australianos, aos Esquimós, aos Americanos e ao conjunto das naves espaciais, acreditar nestes fantasmas que os
dos povos modernos. nossos olhos não vêem, análogos às fadas, aos duendes,
Que duzentos guerreiros de Israel exterminem trezentos aos gnomos?
moabitas não oferece qualquer interesse a não ser para os
historiadores especializados.
Restam, para prender a atenção do cidadão do mundo ' No Livro de Enoch. estes «anjos» são chamados, indiferentemente, «filhos do Céu»,
actual, três pontos de importância capital: •filhos dos santos anjos», «vigilantes» e. por vezes, «homens». O Livro das Parábolas
chama-lhes «rostos».

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Para quem tenha fé não se coloca qualquer problema, e Estes homens famosos, gerados pelas primeiras mulhe-
a Bíblia torna-se a verdade literal: mas quem ousará res terrestres e pelos «filhos de Deus», podemos muito
acreditar nela, racionalmente? bem identificá-los com os chefes das nações ou com os
Então, os anjos não terão existido? Nestas condições, heróis ou semideuses mitológicos.
não restará senão arrumar a Bíblia, as Escrituras Sagradas Mas e estes «filhos de Deus»?
e todos os apócrifos, os quais unicamente relatam factos Dando crédito aos exegetas autorizados da Bíblia, os
idênticos, no tom cor-de-rosa de uma biblioteca para anjos teriam descido do céu de Deus para fazer amor com
crianças! as mulheres e engravidá-las! Uns soldados salafrários,
Mas se estes anjos representam uma verdade oculta, estes anjos!
um símbolo, quem poderão ser? Donde vieram? Honestamente, não podemos, a não ser que pensemos
Com circunspecção, vamos propor a única identifica- que o céu é um covil de bandidos, aceitar esta explicação
ção que poderá ter crédito no nosso tempo, mergulhado na sacrílega, visto que é difícil conceber anjos não apenas
aventura extraplanetária. «levados pelo namoro», mas capazes de fisicamente satis-
fazerem os seus desejos.
Seriam os anjos seres materiais? Sexuados como nós,
OS FILHOS DE DEUS CASAM COM AS FILHAS DOS HOMENS
mais do que nós, invadidos pelo demônio da concupis-
cência?
Textos apócrifos, como O Combate de Adão e Eva,
A Bíblia, no capítulo VI, ensina-nos que, pouco depois
traduzido do etíope, insurgem-se contra explicação tão
da sua criação, Adão e Eva deram origem à primeira
insensata:
humanidade e, nomeadamente, tiveram filhas (versículo 1). E os antigos sábios escreveram sobre eles, dizendo que
A Terra era, pois, extremamente pouco povoada nesta os anjos desceram dos céus e se ligaram com as filhas de
época remota, comportando apenas alguns milhares de Caim e que delas nasceram gigantes.
indivíduos. Mas enganam-se quanto a isto; não é verdade que os
VERSÍCULO 2: Os filhos de Deus, vendo que as anjos, que são espíritos, se misturaram pecando com os
filhas dos homens eram belas, tomaram por mulhe- homens. . . Mas, de acordo com a sua essência e natureza,
res as que de entre elas lhes tinham agradado. eles não são nem macho nem fêmea, mas puros espíritos,
VERSÍCULO 4: Nesse tempo havia gigantes sobre a os quais, a partir da sua queda, se tornaram negros.1
Terra. Porque, desde que os filhos de Deus casa- Este texto, convém sublinhá-lo, é essencialmente de
ram com as filhas dos homens, nasceram crianças inspiração religiosa e não se pretende herético.
que foram homens poderosos e famosos durante um Mas então, se não se trata de anjos, pode pensar-se em
século. homens de grande porte, uma vez que deram origem a
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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

crianças gigantescas. Existindo numa época em que a Uma constatação extremamente inquietante fere-nos
descendência de Adão e Eva era facilmente identifi- aquando da leitura da Bíblia: nove linhas (versículos 2 e 4)
cável — porque pouco numerosa —, esses homens não falam da vinda de filhos de Deus, e em vinte e duas linhas
eram, seguramente, da Terra! o livro sagrado resume toda a história do mundo desde a
Filhos de Deus. . . talvez como toda a gente! Mas não fantástica aterragem até ao drama do dilúvio.
nascidos no nosso planeta! O Livro de Enoch, considerando as interpelações,
Abandonando, por instantes, o jogo imposto pela consagra quase oitenta capítulos a estas histórias de anjos
Bíblia, é evidente que não acreditamos num homem e e às causas da ira divina!
numa mulher nascidos da argila e servindo de protótipos à Oitenta capítulos contra trinta e uma linhas da Bíblia!
nossa humanidade. Igualmente podemos pensar que estes Daí surge naturalmente uma questão: por que razão foi
soldados gigantes podiam vir de outra parte do globo: suprimido o essencial do Gênese?
Ásia, América, Europa, Oceania ou África.
Ora, a Bíblia é formal: eram filhos de Deus, anjos
O LIVRO DE ENOCH
vindos do céu, e todos os textos apócrifos são unânimes
em dizer que se tratava de seres vindos do céu, de «filhos O Livro de Enoch, do qual foram trazidos da Abissínia
de Deus» e que desceram à Terra. três exemplares, pelo grande erudito escocês Jacques Bruce
Tais viajantes, sem outra explicação plausível, não (por volta de 1772), foi copiado de um original redigido
podem ser senão homens voadores, aviadores ou cosmo- em hebraico, em caldeu ou armênio e que numerosos
nautas, provavelmente de uma raça diversa da nossa, já tradutores calculam que seja o manuscrito mais antigo do
que o seu aspecto físico incita muito pouco a crer na sua mundo 1 .
origem terrestre. O texto foi interpolado pelos escribas católicos, que,
É preciso voltar aos textos antigos para encontrar com a mais piedosa das intenções, lhe juntaram capítulos
novos pormenores reveladores que existem abundante- anunciando a vinda do Filho de Homem, ou Messias 2 .
mente num apócrifo muito anterior à Bíblia: O LIVRO DE Mas estas alterações são fáceis de descobrir.
ENOCH.
1
Existem três cópias do Livro de Enoch: duas estão em Inglaterra e a terceira em Paris.
2
No seu afã de reforçar a credibilidade da existência de Jesus enquanto Messias, os
1
Se os anjos não são sexuados, não puderam pecar com as mulheres dos homens. escribas. monges e religiosos dos dezasseis primeiros séculos da nossa era truncaram ou
Quanto aos «anjos» negros, que destino tiveram na Terra? destruíram todos os documentos — manuscritos, pedras gravadas, livros, etc. —
Teriam acabado por adquirir os atributos viris — a necessidade cria o órgão —. susceptíveis de introduzir a dúvida relativamente às verdades cristãs ortodoxas.
tornando-se então os antepassados superiores dos Negros? Esta imensa falsificação foi seguida também por padres de outros credos, se bem que
Esta conjectura daria um sentido oculto à maldição que parece pesar sobre os nossos não exista mais nenhum manuscrito antigo — salvo, talvez, os Manuscritos do Mar
irmãos de cor! Morto —. cuja autenticidade e integridade parecem irrefutáveis.

138 139
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Enoch é uma personagem misteriosa, de que a tradição considerado como canónico pela igreja primitiva —, co-
de Israel se apropriou, mas, de facto, a sua existência é meça por este preâmbulo:
muito anterior à civilização hebraica.
Alguns eruditos asseguram que antes da Bíblia, como Em nome de Deus, cheio de misericórdia e de graça,
antes dos Vedas. dos Hindus, das Leis de Manu, dos moroso em encolerizar-se, sempre pronto í) clemência
Bramistas, dos King, dos Chineses, existiam manuscritos e à misericórdia, este é o LIVRO DE ENOCH, o
que serviram de modelo aos livros sagrados que profeta.
conhecemos.
Moisés tala, por várias vezes, de textos mais antigos A partir do VII capítulo, o narrador entra no âmago da
que o Pentateuco e cita passagens deles 1 . questão, sem ter citado Adão e Eva e sem ter evocado
A crer na tradição, Enoch seria originário da Alta minimamente o drama do paraíso 1 .
Mesopoíâmia ou da Armênia, porque é considerado inicia-
dor ou par do lendário rei Kayou-Marath, ou Kaiomers, VII capítulo:
«Rei da Terra-> e do Azerbaijão 2 .
Nos manuscritos muçulmanos, diz-se que Kaiomers 1 -- Quando os filhos dos homens se foram multipli-
recolheu o conhecimento do verdadeiro Deus nos livros do cando nesses dias, aconteceu que as filhas nasceram
profeta Edriss (Edriss significa Enoch em árabe). elegantes e belas.
2 — E então os anjos, os filhos do céu, viram-nas e
apaixonaram-se; e disseram uns aos outros: escolhamos
ANJOS À MODA' estas mulheres da raça dos homens e tenhamos filhos com
elas.
Assim, temos mais ou menos identificado o armênio Aqui estamos já num outro ambiente diferente do da
Enoch, cujo livro apócrifo (secreto, destinado aos inicia- Bíblia. As mulheres existiam há pouco tempo na Terra
dos), ainda que admitido como autêntico — chegou a ser - pelo menos as que são elegantes e belas —, senão os
«filhos do céu» já teriam reparado nelas.
Serão anjos os seres do céu? Sim, no sentido em que o
' Estes livros mais antigos que a Bíblia são citados por Moisés nos Números, capítulo
XXI — 14-27; citados também por Josué, capítulo X — 13; por Samuel, II livro, entendiam os Incas quando viram desembarcar os soldados
capítulo I. versículo 18. etc. (Bíblia de Dom Martin). Moisés parece ter resumido estes de Cortez, o mesmo acontecendo às populações atrasadas
livros nos doze primeiros capítulos da Bíblia.
2
A ligação Enoch à Armênia tem uma importância extrema, porque é precisamente aí das selvas quando viram os primeiros aviadores.
que nasce a primeira civilização indo-europeia. Neste plano, será interessante saber,
mais adiante, na nossa análise, que Kaiomers instituiu — segundo os historiadores — a
cerimônia do pabous. ou beija-pés. e que as mulheres armênias e circassianas passam
por ser as mais belas da Terra. Estes pormenores vão ligar-se à aventura extraterrestre. ' Ver Kncvclnpédie Théologique. do abade J. P. Migne. livros 23 e 24.

140 141
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Orejona, a Venusiana, que aterrou perto do lago de consciência de Samyaza. Quanto aos homens do «co-
Titicaca, segundo as tradições andinas (talvez tenha sido mando», comportam-se como o poderiam fazer os cosmo-
um primeiro «comando» de reconhecimento)1, não foi nautas aventureiros, que arriscam tudo, talvez privados há
também ela divinizada? muito do prazer carnal, de que parecem conhecer muito
Não é lógico que os primitivos identifiquem homens bem as delícias. Estes «anjos» não eram certamente
vindos do céu a seres sobrenaturais? aprendizes na matéria!
Enoch especifica bem que estes anjos que se compor- 9 — Eis o nome dos seus chefes: Samyaza, seu chefe,
tavam como vulgares humanos eram de uma raça estranha llrakabarameel, Akibeel, Tamiel, Ramuel, Danei, Azkeel,
à nossa. Sarakamyal, Asael, Armers, Batraal, Anane, Zavebe,
Continuemos a analisar outro versículo: Samsaveel, Ertael, Turel, Yomyael, Arazeal. Foram estes
3 — Então Samyaza, o seu chefe, disse-lhes: receio os chefes dos duzentos anjos; e os restantes estavam com
que não passais cumprir o vosso projecto. cies l .
4 — Que eu suporte sozinho a pena do vosso crime. 10 -- Cada um deles escolheu uma mulher, uniram-se
5 — Mas eles responderam: jurámo-lo! c coabitaram com elas; e ensinaram-lhes bruxaria, encan-
6 — Unamo-nos todos por mútuas imprecações; não tamentos e as propriedades das raízes e das árvores.
alteraremos em nada o nosso projecto; executaremos o 11 - - Estas mulheres conceberam e deram à luz gi-
que havíamos estabelecido. gantes. . .
7 — Com efeito, juraram e uniram-se entre eles por Como admitir que «anjos», vivendo habitualmente no
mútuas imprecações; foram em número de duzentos os reino de Deus, na felicidade eterna.. ., tão angélicos,
que desceram sobre Aradis, local situado perto do monte podem, por outro lado, professar tais sentimentos, dignos
Armon2. de soldadesca, e, por outro lado, ter conhecimento do que
É necessário sublinhar que a conspiração de duzentos era naturalmente desconhecido no céu: a bruxaria, os
extraterrestres -- já que não sendo originários da Terra encantamentos e as propriedades medicinais ou alimentares
serão extraterrestres -- suscita alguns escrúpulos na dos vegetais?

1
VIII capítulo:
Pela nossa tese. vários "Comandos» extraterrestres aterraram no Peru. na Mongólia, na
Armênia e na Hiperbórea (hoje submersa). Se se tratava de uma emigração, foram
certamente empreendidas uma ou várias expedições de reconhecimento. Não seria para l -- Azazyel ainda ensinou os homens a fazer espadas,
admirar encontrarmos uma mulher nestes primeiros «comandos». Pelo contrário, é
extremamente importante para os emigrados submeter a mulher ao teste da viagem, a fim
facas, escudos, couraças e espelhos; ensinou-lhes o fabrico
de saber se ela se mantém apta a procriar. o que é extremamente importante! de pulseiras e ornamentos, o uso da pintura, a arte de
No seu programa de exploração, os Soviéticos, muito mais prudentes que os Americanos,
prepararam mulheres para a aventura extraplanetária. para que a primeira criança
«cósmica», talvez filha de uma terrestre e de um alienígena, venha a ser soviética!
' Este nome não é mencionado na Escritura. 'Repare-se que Arazeal e Amseak são nomes armênios do planeta Vénus

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

pintar as sobrancelhas, de utilizar pedras preciosas e É uma tese razoável, sustentada pela nossa actual
todas as espécies de tinturas, de tal maneira que o mundo corrida ao cosmo, e que se reforça com a continuidade do
foi corrompido1. relato, ao mesmo tempo que se definirá a função de
Nos versículos seguintes, outros anjos ensinam «os Enoch. Talvez ele fosse também um extraterrestre; talvez
sortilégios, os encantamentos, a arte de observar as estre- Samyaza, o escrupuloso, seja verdadeiramente um emissá-
las, os signos, a astrologia, os movimentos da Lua, etc.» rio do «quartel-general», já que reprova a actuação do
Não se pode ensinar o que não se sabe, aprendeu ou «comando», parte para se reencontrar com os seus chefes e
experimentou; é admissível que, no céu, os «anjos» far-se-á mesmo mediador entre eles e os cosmonautas
tenham podido aprender o fabrico de materiais de guerra, o rebeldes às instruções dadas.
fabrico de ninharias, de adereços de jóias, a «arte de pintar
as pálpebras»?
E trouxeram para uma Terra inocente e pura a contami- XII capítulo (secção 3):
nação do céu?
Honestamente, é difícil não reconhecer que estes «an- 1 -- Antes de acontecerem todas estas coisas, Enoch
jos» têm pensamentos e uma experiência tipicamente hu- foi levado da Terra, e ninguém sabe para onde foi levado
manos e absolutamente inconcebíveis e inconciliáveis com nem o que lhe aconteceu.
uma natureza divina. 2 — Passou todos os seus dias com os santos e com os
Mas se lhes concedermos a natureza de cosmonautas, vigilantes (iniciados).
ou de seres vindos de outro planeta, tude se esclarece! Como Elias — o facto é relatado na Bíblia —, que foi
Racionalmente, se se aceitar a narrativa do Livro de chamado a Deus, «vivo e num carro de fogo», Enoch
Enoch, estar-se-á perante uma colonização do nosso globo torna-se, pois, cosmonauta ou aviador e vai fazer o relato
por cosmonautas vindos de um planeta conquistador, ou aos seus superiores1.
forçados a emigrar. Imaginamos quanto esta interpretação fantástica dos
Nesta ordem de idéias, estes duzentos extraterrestres factos fere a nossa quietude burguesa, a nossa credulidade
são verdadeiramente um «comando» e deverão dar conta atávica. Mas se em alternativa admitíssemos a explicação,
da sua missão ao seu «quartel-general». ainda mais fantástica, e mais inadmissível para o nosso
tempo, de uma sombria revolta de anjos perversos, fugidos
de um céu infinitamente agitado, não saberíamos dar
sentido algum aos acontecimentos.
'Assim, o espelho, as armas, os ornamentos e os artifícios femininos não seriam de
origem e invenção terrestres. Num outro planeta, ostros homens teriam uma civilização
idêntica à nossa e as mulheres utilizariam produtos de beleza iguais ou análogos aos ' Na mitologia armeno-caucasiana (de Joseph Karst, professor na Universidade de
vendidos nas nossas lojas. Estrasburgo) o gênio Karapet é identificado com Enoch. Karapet vem do georgiano
Na tradução de François Martin, diz-se a propósito de rnaquilhagem: «A arte de pintar à Kari. a porta, o Mestrf da Porta, ou Karvosani. o Mestre do Campo, no sentido global
volta dos olhos com antimónio e de embelezar as pálpebras...» de «mensageiro», o que se relaciona bem com o armênio Enoch.

144 145
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

OS PRIMEIROS PAIS DA HIPERBÓREA


XXXIII capítulo:
Com as palavras e o espírito da sua época, o narrador
descreve o «Céu» como tendo «a sua parede feita de 1 — Depois, dirigi-me para Setentrião, nos limites da
pedras de cristal», o que lembra estranhamente o país da Terra.
Hiperbórea, da tradição, cercada por altas muralhas de 2 — E ali, nos confins do mundo, vi um grande e
vidro. A sua analogia merece ser notada, pois ela recorda- magnífico prodígio.
-nos narrativas das sagas nórdicas. 3 -- Vi as portas do céu abertas; eram três e diferentes
Na tradição nórdica e céltica, a Hiperbórea está situada entre si. . .
perto da Gronelândia (Green Land = Terra Verde), ou Enoch não diz que abandonou o nosso planeta, viajando
seja, exactamente, entre o Setentrião e o Oeste. até às nuvens. Parece ignorar o sul e o leste e reencontra
Ora, Enoch aponta-nos nessa direcção o local onde o os -nossos primeiros pais, os homens superiores nos quais
«quartel-general» dos extraterrestres estabeleceu a sua vemos os chefes supremos do «comando» da Armênia.
base. Contudo, por vezes, Enoch dissocia o céu da Terra.
Visita diversas regiões ocidentais da Terá, e depois a Falando dos rebeldes, escreve ele:
morada do Rei eterno, do lado do Setentrião, na Terra.
LXVIII capítulo:
LXIX capítulo (seccáo 12):
3 - . . .eis, agora, o nome dos chefes das suas cente-
3 — Desde esse momento, nunca mais fui para o meio nas, cinquentenas e dezenas.
dos filhos dos homens, mas fui colocado entre dois espíri- 4 — O nome do primeiro é Yekum; foi ele quem
seduziu os filhos dos santos anjos, e os levou a descer à
tos, o Setentrião e o Ocidente, onde os anjos receberam
Terra para gerar filhos com os seres humanos.
instrumentos para medir o lugar reservado aos justos e
(Os santos anjos têm, pois, filhos no céu!)
aos eleitos. 6 — 0 nome do terceiro é Gadrel; foi ele quem reve-
4 — Ali, eu vi os primeiros pais, os santos que habitam lou aos filhos dos homens os meios de produzir a morte.
aqueles lugares por toda a eternidade. 7 — Foi ele quem seduziu Eva.
É de notar que Enoch localiza facilmente o céu na É verdadeiramente excepcional o facto de encontrarmos
própria Terra; especifica, por outro lado, que «o lugar citado o nome de Eva (e nunca de Adão), o qual, segundo
santo» - - o Éden onde cresce a árvore dos justos, de este relato, seria o primeiro marido enganado da criação!
suaves odores — é «do lado do Ocidente, nas extremida- O fim do Apocalipse é extremamente confuso, porque
des do nosso globo, onde começa o próprio céu». volta a falar da criação e termina com o Dilúvio, o justo
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castigo da falta cometida pelos cosmonautas ou presumi- intransigentes não poderão deixar de sonhar numa conjec-
dos como tal. tura destinada a sufocar um segredo perigoso.
Os anjos culpados foram enviados para os Vales do Alguns dirão mesmo palavras como «grandes mentiras,
Fogo, região que evoca o País do Fogo (o Azerbaijão), maravilhosas». . . outros «fraude», e quem diz fraude está
perto do qual aterrou a Arca de Noé. muito perto de aderir à tese dos extraterrestres!
Um texto eslavo intitulado O Livro dos Segredos de Um estudo aprofundado do Livro de Enoch revela
Enoch descreve, de maneira curiosa, os seres que visita- pormenores espantosos e conduz à quase certeza de não se
ram o cronista: «Apareceram-me dois homens, muito gran- tratar de uma visão, mas sim de uma viagem feita efectiva-
des, como nunca vi na Terra. Os seus rostos eram como o mente pelo patriarca.
Sol que refulge; os seus olhos, grandes como lâmpadas Claro que Enoch afirma ter tido algumas visões, mas
acesas, e da sua boca saía fogo; as suas vestes ele mistura, estranhamente, o Céu com a Terra, como se
assemelhavam-se a uma difusão de espuma e os seus não os soubesse delimitar correctamente. . . como, por
braços eram grandes como asas de ouro, na cabeceira da exemplo, o faria um indiano do século xvi se um helicóp-
minha cama.» tero ou um avião o levasse à China.
Nesta descrição não se fala já em anjos, mas em Ele é «transportado à Terra e colocado diante da porta
homens vestidos como cosmonautas, descritos bastante de sua casa» (capítulo LXXX — 7), um pormenor supérfulo
ingenuamente, com o seu capacete e escafandro de material se Enoch tivesse tido uma visão; se assim fosse, não se
plástico. teria deslocado do lugar e não havia necessidade de o repor
O jornalista científico russo Agrest, referindo-se ao cm casa.
texto dos Manuscritos do Mar Morto, anotou a seguinte Eis que, no capítulo LXIV, secção II — 2 , a verdade
descrição: mal disfarçada parece transparecer quando diz que Noé «se
Homens vieram do céu e outros foram conduzidos e pôs a caminho e se dirigiu para os limites da Terra, para os
levados ao céu. Homens vindos do céu permaneceram na lados da morada do seu antepassado Enoch!».
Terra durante muito tempo... (') A revelação do mistério?
Evidentemente, um bom crente manter-se-á ligado ao E claro que, para o autor deste relato, o patriarca
sentido literal do texto, mas no século xx os críticos Enoch, arrebatado em corpo para ser levado ao céu,
retirou-se, na realidade, para os limites da Terra, ou seja,
entre o Setentrião e o Ocidente, na Hiperbórea ou na
'O Usbequi (URSS) situa-se entre o Afeganistão e o mar Arai. O arqueólogo soviético Florida, onde tinha a sua residência terrestre secreta, junto
Guergui Chatski descobriu nesta região, nas proximidades das minas de urânio de dos responsáveis do jogo.
Ferghana, gravuras rupestres representando figuras humans vestidas e dotadas de
capacetes e sugerindo o aspecto de verdadeiros cosmonautas! Chatski pensa que os Noé (capítulo LXIV, secção III- 1) vê «a Terra incli-
desenhos são da época do paleolítico. nar-se e ameaçar ruína».
No México, cabeças gigantes de pedra, deixadas pelo misterioso povo Olmec, parecem
também ligar-se a uma aventura interplanetária. Também isto é extremamente curioso!

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Teria Noé, como assegura a Bíblia dos gnósticos do Não vejo senão um meio de atenuar estes erros: supor
Egipto, sido levado vivo ao céu para se salvar do dilúvio? que o autor expõe um sistema que devia ter existido antes
Tê-lo-ia sido pelos ancestrais misteriosos que habitam de a ordem da natureza ter sido alterada pelo dilúvio
entre o Setentrião e o Ocidente? Ancestrais que teriam universal!
máquinas voadoras ao seu dispor? Ora, com efeito, a tradição afirma que O Livro de
Ou então, teria Noé visto a Terra inclinar-se, exacta- Enoch foi levado por Noé para a Arca e que dessa forma
mente como a impressão que se sente num avião a tomar escapou da destruição.
altitude? Não é, pois, sem razão que se considera este apócrifo
Tudo isto apoia, singularmente, a tese de uma viagem como a verdadeira Bíblia dos homens.
aérea realmente vivida por Enoch, e não «vista num Os dados astronômicos do livro, tendo em conta a
sonho»! deslocação dos pólos verificada na seqüência do Dilúvio,
fazem crer que o seu autor vivia num país situado muito
O Livro de Enoch e O Livro dos Segredos de Enoch
próximo da região da antiga Armênia, perto da nascente do
trazem-nos, neste sentido, um testemunho que projecta Eufrates, no local onde aterraram os cosmonautas que
vislumbres fantásticos sobre o passado interdito da namoraram as belas filhas dos homens.
humanidade. Algumas considerações de ordem geológica apoiam
Que crédito se pode dar a estes manuscritos, que, singularmente esta tese.
apesar das suas inverosimilhanças e das suas confissões,
representam, todavia, os primeiros documentos da nossa
história e também, certamente, uma verdade deformada
pela incompreensão e erros de cópia?
No Zohar, que é o relato mais antigo da Cabala,
menciona-se por vezes o Livro de Enoch como um traba-
lho «conservado de geração em geração e piedosamente
transmitido». De qualquer modo, foi rejeitado pelos câno-
nes dos Judeus e, finalmente, proscrito pelos Cristãos, mas
a partir do século m, e o seu prestígio permaneceu inalte-
rável pelo facto de ser considerado como o único manus-
crito antediluviano.
Este idéia é reforçada pelo facto de Enoch, ao descre-
ver os movimentos do Sol e da Lua, de um modo bastante
sagaz, cometer, no entanto, alguns erros que motivaram
esta crítica de Hoffmann:
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CAPÍTULO VII

O SEGREDO NÚMERO UM DO MUNDO


E A PALAVRA QUE É PERIGOSO
PRONUNCIAR

mistério da gênese humana e das civilizações desa-


O parecidas dependerá da identificação que possamos
fazer dos «anjos», «filhos de Deus». Não se trata de
uma hipótese gratuita.
Os ateus e a multidão dos homens ditos de bom senso
rejeitam pura e simplesmente os textos sagrados,
classificando-os de fábulas, lendas ou inépcias.
Este ponto de vista sectário não dá muita importância
ao nosso patrimônio tradicional, quaisquer que sejam as
suas incertezas e interpelações.
Parece-nos absolutamente incontestável que a Bíblia e
os Apócrifos representam uma verdade exagerada, ou
mutilada, mas que repousam em bases autênticas.
Então, em que acreditar?
Se os «anjos» saíram do reino celeste, se são criaturas
não humanas, servindo de ligação entre Deus e nós, a
nossa exegese é perfeitamente inútil.
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

De facto, o reino celeste, no nosso universo criado e É preciso ser-se honesto: não vimos homens extrater-
material, quase não tem companheiros suficientemente restres, mas vemos cosmonautas, spuíniks. foguetões, e
válidos! E os «anjos», bons ou maus, guardiões ou canto- sabemos que nos anos futuros engenhos espaciais irão cada
res, nunca foram identificados, fotografados, vistos ou vez mais para longe da Terra, em direcção às estrelas.
controlados, como os elfos, as fadas, os gnomos e as Alguns aterram na Lua, outros roçam Marte. Vénus. . .
serpentes fantásticas. sem qualquer dúvida, homens da Terra porão o pé num
Se a Bíblia é um livro digno de fé, mesmo no sentido outro planeta antes do ano 2000'.
matizado da nossa interpretação, torna-se necessário tomar Seria insensato pretender o contrário!
partido pelos «anjos» feitos como nós, de carne, ossos, Pensamos também que não seria razoável acreditar que
inteligência e idéias mais ou menos recomendáveis, o o que se fará amanhã não foi feito ontem!
que significa que estes «anjos», filhos de Deus, eram Que se peçam indícios, documentos, provas da realidade
homens. dos factos. . . estamos de acordo: tudo não passará de
Muito honestamente, devemos confessar que a sua hipóteses, uma vez que faltam provas tangíveis: mas recusar
identidade como extraterrestres - - já que vamos chegar a acreditar na possibilidade de uma antiga intromissão de
essa conclusão, irremediavelmente — confunde um pouco extraterrestres seria incoerente e desonesto.
o nosso convencionalismo covarde! Contudo, antes de identificar os anjos do Gênese e do
Como dizer, mesmo no século xx, que os homens de Livro de Enoch com homens vindos do cosmo, vamos
um outro planeta já estiveram na Terra? primeiro experimentar saber mais alguma coisa sobre estes
Certamente existe todo um público que aceita esta misteriosos visitantes, através de estranhas aventuras em
idéia; muitos estão conscientes do sentido profundo da que se viram implicados.
nossa aventura cósmica e dos prolongamentos que ela
suscitará, inelutavelinente. . . mas há os outros!
E os outros são, de um lado, os crédulos fanáticos que
NOE ERA HlPERfíOREO'.'
todas as manhãs se cruzam com extraterrestres nos corre-
dores do metropolitano e que um ano por outro vislum-
bram os seus dois ou três «discos voadores» no céu do seu Após o dilúvio universal, a tradição bíblica fez perecer
sonho; por outro lado, existem os incrédulos enraizados Ioda a humanidade, à excepção dos oito passageiros da
nos factos evidentes e cuja posição é incontestavelmente Arca de Noé. que, tendo aterrado na Armênia, desempe-
forte! nharam a dura tarefa de repovoar o mundo.
«Negais a existência de anjos, fantasmas, fadas,
porque esses fantasmas não correspondem a qualquer reali- 1
N.iiuralmente. o autor não adivinharia os passeis ia dados, entre outras áreas, na
dade provada, perceptível, material», dirão eles, «e acredi- • •|'Mrav.'ão lunar, a partir de 1969. dado que a GuiÇÜo francesa desta ohra e de 1965.
tais em extraterrestres! Já os vistes?» r V do T. l

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Dando crédito a este relato, não haveria senão uma só 10 — f . . .] A cópula, e a minha alma mesmo no meio
raça na Terra -- a de Noé —, e seríamos todos nós, de da sua bainha; e eu, toda sinceridade \. . .}
perto ou de longe, a sua descendência. 11 -- f . . .] Lá em cima, o meu coração errante foi
Pois bem, a situação não seria pacífica quanto a este mudado em mim.»
ponto, porquanto, segundo confirmação do seu pai putativo, E mais adiante:
Noé era de descendência desconhecida. 13 -- "Neste momento, ela obrigou o seu espírito
Esse homem, o bom Lamech, com efeito estava longe (dominou a sua cólera), falou comigo e disse-me: Oh, meu
de acreditar na fidelidade da sua mulher Bat-Enosch, a senhor! Oh! (meu marido! Lembra-te)
qual, não obstante, estava talvez inocente do crime de 14 — do meu prazer! Ter-te-ia confessado pelo Grande
adultério. Santo, pelo Rei do (céu e de toda a Terra)
Na tradução de F. Martin (Paris, 1906) do Livro de 15 — que é de ti esta semente, e de ti esta gravidez, e
Enoch, capítulos CVI-CVII. pode ler-se: de ti a plantação de (este) fruto ( . . .)
Algum tempo depois, o meu filho Matusalém tomou 16 — e não de um estrangeiro qualquer, e não de um
para o seu filho Lamech uma mulher e esta concebeu dele qualquer «vigilante» e não de qualquer filho do (céu)
e deu-lhe um filho. As passagens entre parênteses encontram-se apagadas
E a sua carne era branca como a neve e vermelha ou ilegíveis no documento. O tradutor reconstituiu-as
como a flor da rosa; os pêlos da sua testa e a sua quando achou poder fazê-lo.
cabeleira eram brancos como lã; os seus olhos eram
belos. . .
O GRANDE MEDO DOS MARIDOS CIUMENTOS
Então, Lamech confidencia a Matusalém. seu pai:
-Eu trouxe ao mundo uma criança diferente das ou-
É bem evidente que o retrato de Noé traçado por
tras; não é como os homens, pois assemelha-se mais a um Larnech não corresponde, pelo seu teor, às características
filho dos anjos do céu.» da sua raça e, para nós, evoca irresistivelmente os Hiper-
Num documento, conhecido como «Apócrifo do Gê- bóreos de pela branca como a neve e cabelo claro-dourado!
nese», propriedade do general americano Yigael Yadin e Como se vê, algum tempo depois da vinda dos «filhos
traduzido pelo professor Biberkrant, da Universidade de de Deus», de anjos, segundo os Padres da Igreja, estes
Jerusalém, Lamech interroga a sua mulher sobre a questão seres lascivos e vigorosos tinham deixado uma recordação
da estranha criança que ela acabava de trazer ao mundo; muito viva e infinitamente perturbadora!
Bat-Enosch justifica-se — era esperado — com uma gran- Este incidente, bastante cômico a milhares de anos de
deza comovente. distância, sugere francamente que, durante um dilatado
9 -- «Oh, meu irmão! Oh, meu senhor! Lembra-te do período de tempo, os humanos receavam terrivelmente
meu prazer ( . . . ) estes anjos se^uados, obcecados, parece, pelo amor.

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Por outro lado, como não nos admirarmos da lin- cas que «Jesus era filho de um extraterrestre», o que não
guagem da piedosa esposa de Lamech quando fala sendo ortodoxo não é menos aceitável1.
deles?
Realmente, não parece votar-lhes um mínimo de adora-
ção e estima, já que ela diz «qualquer filho do céu» como MOISÉS ERA EGÍPCIO
se falasse de qualquer patife.
A nossa exegese põe em questão o próprio fundamento
O próprio Lamech não se sente exultante de alegria ao das religiões judaica e cristã e a autenticidade da Bíblia.
pensar ter sido, talvez, enganado por um anjo do céu. Mas podemos, actualmente, fazer fé em todas as narrativas
Contudo, que precioso favor para os crentes convictos do Antigo Testamento?
se o céu lhes concedeu esse dom que tanto honrou Maria, A história bíblica não é a história dos Hebreus. É a
mulher de José! nossa história, a do Ocidente. . . de todos os povos, da
Pois bem, Lamech e a sua mulher não ficaram, de Escandinávia ao Egipto, da França à Rússia Oriental!
modo nenhum, muito satisfeitos, sendo incontestável que, Se, no início, a Bíblia quis ser apenas o «diário de
na sua compreensão, o presumível anjo do céu não passa bordo» dos nômadas do deserto, o seu destino, por força
de um vulgar arregaçador de saiotes, facto que, por outro misteriosa, integrou o destino da Europa e das Nações
lado. deixa claramente adivinhar que os extraterrestres mais civilizadas do globo.
tinham perdido há muito o seu prestígio e caracter Durante dois milênios, a Bíblia foi a Bíblia, ou seja, o
divinos! monumento sagrado de Deus único e da verdade eterna.
Tocar, duvidar, interpretar, era um crime, um sacri-
Ainda lhes chama de «anjos do céu», mas subenten-
légio.
dendo «freqüentadores de mulheres»... sapientíssimos, As nossas cidades, invenções e catedrais são exaltações
alguns, sim, mas principalmente na arte de enganar magníficas de um pensamento nascido no espírito de alguns
maridos! pobres pastores hebreus.
Todavia, esse medo inexplicável dos maridos ciumen- Os homens do Ocidente não podem esquecer isto, que
tos da alta antigüidade, medo que degenerou em psicose os une indestrutivelmente pela carne, pelo coração e pelo
durante vários séculos, teve sem dúvida uma explicação
digna.
' É preciso ter em conta que os Soviéticos se caracterizam por posições apriorísticas
Apenas José acreditou no anjo que lhe disse que o extremas. Por um lado. sustentam que Jesus é um mito (dado que nenhum historiador do
filho de Maria tinha sido «gerado pelo Espírito Santo» seu tempo mencionou a sua existência), mito que explicaria a destruição sistemática, feita
durante a Idade Média, de todos os trabalhos históricos do século I e da primeira metade
(S. Mateus, capítulo I). do século II. Por outro lado. pensam que Jesus e os apóstolos seriam extraterrestres em
Os exegetas russos, que não receiam ser sacrílegos, missão na Terra.
De resto, comentam do seguinte modo o texto do Evangelho de S. Mateus: -José era
uma vez que são ateus, deduzem destas aventuras angéli- f rígido: a sua mulher Maria era bela: acabou por se achar grávida e isso teria de

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gênio de seus irmãos espirituais; contudo, surgiram tempos Na época em que teria vivido Moisés1, os Hebreus,
novos com o desenvolvimento da ciência. povo de pastores nômadas, eram para os Egípcios aquilo
Temos necessidade de nos «reciclar», segundo a expres- que os ciganos são actualmente para os burgueses
são de Leprince-Ringuet, e, com todo o afecto que temos sedentários.
pela nossa velha Bíblia ancestral, somos obrigados, para Pior ainda, eles representavam uma raça andrajosa, e
sobreviver e evoluir, a fechá-la para sempre no capítulo julgada tão perniciosa pela sua proliferação que o faraó
ingênuo e encantador que não acabámos de ler. ordenou a eliminação de todas as crianças masculinas de
O grande neurologista Sigmund Freud (e muitos outros raça hebraica, logo após o seu nascimento!
antes de nós) ficou chocado com o teor incrível de alguns Imaginar-se-ia, entre 1914 e 1918, que a filha do
factos e, reconhecendo quanto lhe era penoso refutá-los, presidente da República Francesa, ao adoptar uma criança
teve, pelo menos, a coragem de expor a sua interpretação lhe desse um nome germânico, Sigurd ou Wilhelm, por
com respeito mas com firmeza. exemplo?
O mistério de Moisés, em particular, foi por ele o Reportando-nos ao tempo, teria a filha do faraó feito o
objecto de um erudito estudo, do qual extraímos a seguinte mesmo? Impensável! Principalmente quando se sabe que
conclusão: o grande patriarca, reformador e legislador dos «criança» em egípcio se diz mose, etimologia muito mais
Hebreus era egípcio, não podia ser senão egípcio, e a lei razoável que o hebraico mosche!
mosaica e a própria circuncisão eram também de origem Moisés era, portanto, muito provavelmente egípcio,
egípcia 1 . apesar de ter sido educado na corte, tendo o historiador
Como Sargão, rei de Acade, Moisés foi colocado no Josephe descrito em pormenor a sua grande fortuna.
berço de verga, cuidadosamente calafetado, e depois foi Lê-se nos Ac tos dos Apóstolos que a criança foi educada
confiado à corrente de um rio. A filha do faraó recolheu a na sabedoria dos Egípcios, isto é, que recebeu a educação
criança, adoptou-a e deu-lhe o nome de Moisés — assim científica reservada à classe sacerdotal!
nos ensina a lenda. Teria — diz-se — comandado os exércitos do faraó e
O nome de Moisés, dizem os historiadores, vem do combatido na Etiópia, tornando-se uma personagem muito
hebreu mosche, que significa «salvo das águas». importante, que teve um destino grandioso e morreu em
Como se pôde acreditar em semelhante absurdo durante condições extremamente suspeitas.
séculos?

acontecer... isso aconteceu sempre em casos semelhantes. Não há nada aqui de


repreensível. mas é um exagero», acrescentam os comentadores soviéticos, «que uma
conjura satânica tenha feito deste fruto do amor um filho de Deus e o próprio Deus.»
Parece-nos interessante citar estas opiniões eminentemente subversivas, pois sublinham
uma tendência polêmica soviética, que. paralelamente, em Outubro de 1963 se tinha ' Seria verdadeiramente perigoso refutar excessivamente: a própria verdade tem neces-
afirmado contra os «Israelitas burgueses». sidade de limites, como a aspiração humana tem necessidade da mentira, e devemos
1
Moixe et lê Mmvnhéisme. de Siamund Freud. Ed. Gallimard. 1961. assinalar que a existência real de Moisés está longe de estar provada.

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Um estranho sacerdote, na realidade, visto que os


O MISTERIOSO MELQUISEDECH, SENHOR DO MUNDO antigos cronistas se esforçaram em confundir a sua biogra-
fia como se tratasse de tornar impenetrável um segredo que
No nosso ensaio de angelologia, relativamente à identi- ninguém deveria conhecer.
dade dos seres vindos do céu, uma outra personagem atrai Segundo alguns, ele é o próprio filho de Noé: os pais
a nossa atenção: o misterioso Melquisedech, sobre o qual a da Igreja declaram-no «figura de Jesus e pontífice eterno».
Bíblia é muito avara em pormenores. A seita dos defensores de Melquisedech, apoiando-se
Contudo, ele deve ter desempenhado um papel impor- numa definição de S. Paulo, que o dizia sem pai, sem
tante, pois lê-se no Gênese, XIV-18-19-20: «Melquise- mãe e sem genealogia, sustentava que Melquisedech não
dech, rei de Salem, como era sacerdote do Mais-Alto, era um ser humano, mas um virtuoso ser celeste superior
ofereceu pão e vinho e abençoou Abraão. . . Então, ao próprio Jesus Cristo1, um mediador entre Deus e os
Abraão deu-lho o dízimo de tudo o que tinha tomado.» anjos.
É esta a única alusão que as sagradas escrituras canóni- Vemos, pois, que após a interferência interplanetária
cas fazem a Melquisedech, o que de facto é muito pouco os «anjos» reaparecem de novo, enquanto o mistério se
para não levantar uma suspeita legítima. Felizmente, os vai adensar com uma outra opinião: Melquisedech era o
apócrifos dizem-nos bastante mais. próprio Enoch 2 , sim, Enoch mediador entre o «comando»
O Livro dos Segredos de Enoch (texto eslavo), no da Armênia e os «extraterrestres» da Hiperbórea. . . ou,
capítulo xxni, dá-nos um relato do nascimento de Melqui- se se preferir, entre os «anjos» e Deus.
sedech f que em hebreu significa «Rei da Justiça»), o qual Don Calmet via nele um dos Reis Magos que seguiram
resumimos em seguida: a enigmática estrela no caminho de Belém. Esses três reis
seriam Enoch, Melquisedech e Elias!
Ainda mais: que estranha coincidência na associação
- Sofonim, mulher de N ir, era estéril, mas um dia de Enoch, feliz e vivo da Terra, para subir ao Céu, e de
ficou grávida, acabando por morrer sem dar à luz. Melquisedech, feliz e vivo da Terra, para ser elevado ao
A criança saiu do cadáver de sua mãe e começou logo a Éden. . . Elias, do mesmo modo, subiu da Terra ao Céu
falar, abençoando o Senhor. num carro de fogo, depois de ter realizado milagres muito
Nir e Noé deram-lhe o nome de Melquisedech. maiores que os atribuídos a Jesus!
Através de S. Miguel, o Senhor fê-lo abandonar a
Terra, sendo colocado no Éden, bem guardado, para que 1
Em alguns meios esotéricos, sustenta-se que a descendência de Melquisedech se
escapasse ao Dilúvio. perpetuou através de milhares de santuários colocados à guarda de rabinos iniciados. Em
Mais tarde foi colocado na liderança dos sacerdotes resumo, de modo análogo à sobrevivência eterna do Buda tibetano. . . Quando os
tempos chegarem, o último descendente de Melquisedech far-se-á conhecer e tomar-se-á
da sua raça, e quando a humanidade se purificar será o Rei da Justiça, ou o Senhor do Mundo, ou ainda o Messias dos Hebreus.
senhor do Mundo. :
Don Calmet. Oiscnurs e dissertations xiir lê Nouveau Testament. 1705. tomo II.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Estas três personagens teriam, assim, conhecido o espanto, que Enoch, Noé, o grande e poderoso Melquise-
segredo da aeronáutica ou de naves espaciais dech, Moisés, Elias, Jesus (as altas personagens das Santas
Não se vislumbra aí um prodigioso mistério, que se Escrituras), todos nasceram de pais desconhecidos e quase
esconde atrás do símbolo e da perífrase? todos têm uma história de anjos na sua origem.
Além disso, todos «foram transportados vivos da Terra»
e conduzidos algures. . . como se se pudessem deslocar num
A PALAVRA QUE E PERIGOSO PRONUNCIAR engenho misterioso para se dirigirem a local enigmático 1 . . .
E difícil não se prestar atenção a semelhante mistério,
As verdades ocultas de outrora, escapadas à censura, que, do nosso ponto de vista, esconde e seqüestra a
deixavam ainda antever alguns ensinamentos. Os gnósticos verdade sobre a nossa gênese.
do Egipto asseguravam que Noé não construiu a Arca e Bastaria uma palavra para que tudo se tornasse com-
não navegou pela Terra inundada: encontrou refúgio no preensível, lógico; uma palavra mágica e detestável. . . uma
Céu, partindo para ele numa nuvem luminosa2. palavra perigosa, que mudaria a face da humanidade!
Em 1961, Jacques Auzoles Lapeire escreveu a propósito Mas é uma palavra que todo o bem-pensante, enfeudado
de Melquisedech: às terríveis conjuras, não deve pronunciar senão com um
Foi gerado por uma nova criação ou por um qualquer sorriso de comiseração, mesmo que o seu coração e a sua
processo extraordinário, para nós inatingível e sem imaginação sejam solicitados pelo chamamento da verdade
interpretação. estrangulada.
Este patriarca foi Enoch, o qual pôde sair do paraíso Já em 366, no Concilio de Laodiceia, quer por escrú-
terrestre e mudar de nome. . . pulo de consciência, quer por prudência para melhor pre-
Tinha sido criado antes de Adão, a partir de uma raça servar o segredo, foi proibido chamar os anjos pelos seus
celeste muito superior à dos homens. . . nomes 2 .
Todos estes mistérios se colocam numa base idêntica: Não seria permitido analisar um problema que se
seres que vieram do céu. . . que para lá voltaram. . . e que arriscaria a tornar-se a chave do segredo.
dirigem, ocultamente, o destino dos homens. Resumindo: é perigoso falar de anjos. . . ou melhor,
Mas «é proibido falar dos anjos, chamar pelos seus desses seres idênticos a nós que instalaram o seu quartel-
nomes», dizem os rabinos! E fica-se a saber ainda, com -general na Hiperbórea da tradição.
' Não só esse. como muitos outros, se se der crédito à tradição. Elias ressuscitou dos
mortos, queimou lenha à distância, provocou trovoada e chuva, destruiu, pelo «fogo dos 1
Moisés foi também transportado segundo o texto de «Assomption de Moyse». A sua
céus», os soldados inimigos, abriu as águas do Jordão para o atravessar sem molhar os entrevista «frente a frente» com Deus. durante quarenta dias, no monte Sinai, pode
pés... deixar supor muitas coisas, uma vez que ninguém se devia aproximar da montanha.
Que verdades científicas se escondem por detrás destas lendas? E se se trata de verdades Note-se também que Moisés se retirou para longe de todos para morrer e que nem o seu
científicas, donde poderiam provir senão de uma avançada civilização desaparecida? corpo nem o seu túmulo foram encontrados (Bíblia — capítulo XXXIV. versículo 6).
2 2
Jean Doresse, Lês Livres Secrets dês Gnostiques de l'Ef>i[>te. Ed. Plon. A angelolatria é uma heresia.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Passaram-se séculos, esfumando, queimando, ameni-


zando os factos, nomes e datas; os homens juntaram-se à
deterioração, rabiscando os manuscritos para os trans-
formar em palimpsestos; contudo, milagrosamente intacta,
conservou-se a recordação dos antepassados superiores,
cujo país se situava onde é hoje a América, para lá do
Oceano.
Uma recordação indefectível, que, durante dois milê-
nios de história, conduz, na direcção da Hiperbórea e da
Atlântida, numa busca nostálgica, os filhos directos de
Enoch, Noé e Melquisedech: os Celtas e os Escandinavos.

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CAPÍTULO VIII

VÉNUS, O PLANETA
DOS NOSSOS ANTEPASSADOS

S povos antigos, mais conscientes que nós da sua


O integração na ordem universal, não receavam mais
nada que não fosse o céu cair-lhes em cima.
É verdade que o seu tempo estava ainda muito perto das
grandes atribulações cósmicas que tinham feito tremer o
planeta, acontecimentos esses, contudo, tão longínquos
que os nossos contemporâneos os perderam na memória ou
não pretendem tirar deles mais lições.
Imaginamos um encolher de ombros, indiferente,
talvez incrédulo, que tal inquietação pode suscitar! Con-
tudo, tal como há 4000 anos1, um dia — amanhã
talvez -- um pequeno cometa tocará o horizonte, a Terra
agitar-se-á, o norte tornar-se-á sul, o leste passará a
oeste. . . e tudo ficará dito, acabado, regulado, tanto para
os que sabem como para os cépticos!
Mas, tomem nota, as hipóteses de reencontro da Terra
com um cometa são infinitamente mínimas: na ordem de l
para 281 000 000, segundo o cálculo de astrônomos!

'4313 anos segundo os dados da Bíblia. 3500 segundo outros cálculos.

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UM FIM DO MUNDO EM CADA DEZ MIL ANOS O PÓLO NORTE ERA O SUL. . .

Se o nosso globo tem actualmente cinco a dez biliões Há cerca de dez mil anos, o pólo norte situava-se na
de anos, segundo os geólogos, pode deduzir-se que o fim Terra de Baffin e a Terra girava sobre um eixo sem
do mundo terrestre está invariavelmente próximo! Já deve- inclinação, provocando climas iguais em todas as estações.
ria ter-se produzido! Um cometa ou um planeta errante - - Vénus — veio
tocá-la tão de perto que o nosso globo foi empurrado e
Felizmente, esses matemáticos não são muito exactos, incendiado. As cidades, florestas, montanhas atingidas
mas também é certo que a Terra tem cem hipóteses em pelo fogo, explodiram enquanto do céu caía uma chuva de
cem de ser catastroficamente perturbada em cada período petróleo, de terra e de aerólitos incandescentes. Os bancos
de cinco a dez mil anos, porque, se os cometas não a de gelo do pólo norte partiram à deriva, formando uma
atingirem, podem passar suficientemente perto para que a formidável maré que apagou os incêndios e acabou por
sua influência seja desastrosa. destruir tudo o que tinha sido poupado.
O professor americano Immanuel Velikovsky, num Apenas uma ínfima parte da humanidade, da fauna e
livro extraordinariamente documentado e com uma clarivi- da flora terrestre escapou à destruição.
dência excepcional 1 , soube reconstruir a gênese da Terra e Durante estas perturbações, a Terra voltou-se completa-
a sua aventura com os cometas. mente, pois o pólo sul passou a ser o norte e o norte o sul, ao
Na sua procura da verdade, I. Velikovsky, apoiando-se passo que o oeste e o leste alternavam de lugar. Esta situação
nas tradições e usando as melhores bases científicas, durou um tempo indeterminado, talvez somente alguns dias.
aproxima-se, em certos pontos, do professor Louis Jacot, Vénus apareceu como uma lança no nosso sistema
especialista que defende as rotações lentas e depois acele- solar e, como um autêntico sputnik soviético ou uma nave
radas da Terra. Os seus rigorosos estudos e recentes espacial, colocou-se na órbitra que actualmente ocupa.
descobertas arqueológicas, prolongadas pela interpretação Aproximadamente a meio do segundo milênio antes da
dos Apócrifos e da Bíblia, formam, do nosso ponto de nossa era, um novo cataclismo, mas incomparavelmente
vista, o conjunto de todos os elementos que permitem menor, trouxe com ele a chuva de aerólitos, os maremotos
elucidar o mistério da pré-história humana até dez mil anos e os sismos de que a Bíblia nos fala nos livros do Êxodo e
antes da nossa era e, sem dúvida, muito para além desse de Josué 1 .
período.
1
Velikovsky sugere as seguintes datas 1500 a 1700 a.C. para o cataclismo universal e
cinqüenta e dois anos mais tarde (no tempo do êxodo dos Hebreus) para a segunda
convulsão. Assegura também que o planeta Marte entrou em colisão com a Terra no
VIII século a.C., facto que teve como conseqüência o desvio do eixo terrestre. Estamos
1
Monde x en coüision. de Immanuel Velikovsky. 1961. Ed. Stock. de acordo com a autenticidade dos acontecimentos, salvo nalguns pontos: não houve

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Aqui está expressa, muito sumariamente, a história dos oriente». Os Polinésios, os Chineses, os Hindus e os
cinco a dez últimos milênios, no decorrer dos quais apare- Esquimós foram igualmente testemunhas desses fenô-
cem acontecimentos bem conhecidos: o cataclismo univer- menos.
sal, dito Dilúvio, e o cataclismo reduzido que ocorreu no Enfim, esta acumulação de indícios que, durante muito
tempo dos Hebreus. tempo intrigaram os arqueólogos e os astrônomos,
Mas permanecem ainda dois pontos que pedem expli- encontra-se singularmente valorizada com a descoberta de
cações pormenorizadas, em virtude do seu caracter fantás- dois mapas do céu pintados no fundo do túmulo de
tico: a inversão de pólos e a intromissão do planeta Vénus Senmut, arquitecto da rainha Hatshepsut.
entre a Terra e Mercúrio. Uma das cartas é a normal, com os pontos cardeais
No que diz respeito aos pólos, ou seja, à rotação correctamente colocados, mas na outra, em função da
completa da Terra, os textos antigos não deixam qualquer posição das estrelas, o leste está à esquerda e o oeste à
dúvida acerca da autenticidade do facto. direita, facto que tem um alto significado, principalmente
No Egipto, o papiro mágico Harris dá-nos conta de um no túmulo de uma personagem cuja profissão era conhecer
cataclismo cósmico pelo fogo e pela água e assinala que «o bem a configuração terrestre e a astronomia1?
sul se fez norte e que a Terra se voltou». Será de recordar que, nalgumas regiões vulcânicas, os
O papiro Ipuwer diz pouco mais ou menos a mesma geólogos estudaram lavas polarizadas no sentido inverso
coisa: «O mundo virou-se ao contrário, como uma roda de do campo magnético actual e local, fenômeno inexplicável
oleiro, e a Terra recomeçou a girar.» se não se admitir que a cristalização destas lavas se
No papiro Ermiíage, conservado no Museu de Leni- verificou numa época em que os pólos se encontravam
negrado, também se lê que «o mundo se voltou». Platão,
invertidos!
no seu diálogo A Política, fala também na inversão do
curso do Sol, do desaparecimento dos homens, e Héro-
doto -- o pai da história — anota que alguns patriarcas VÉNUS INVISÍVEL HÁ QUATRO MIL ANOS!
egípcios afirmaram várias vezes que. no curso das idades
históricas, o Sol se levantava onde se põe agora e vice- Habituámo-nos a uma cosmografia onde os planetas do
-versa! nosso sistema seguem, cuidadosamente, o seu caminho,
Nos papiros encontrados nas Pirâmides regista-se que sem nunca terem um segundo de atraso.
«o Sol deixou de habitar o ocidente e brilha de novo no

' A rainha Hatshepsut é da XVIII dinastia, 1500 a.C. O arquitecto Senmut viveu na
colisão (senão a Terra teria ficado em pedaços), mas um toque de raspão. A data do época em que. segundo I. Velikosvsky. ter-se-ia produzido o cataclismo terrestre,
cataclismo universal talvez não seja tão próxima dos nossos tempos. De qualquer o mapa do túmulo poderia, desse modo, relembrar um acontecimento extraordinário e
maneira, em cinqüenta anos. os Egípcios e os Hebreus não teriam podido repovoar e
recuperar as respectivas civilizações. contemporâneo.

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Se um dia os relógios indicarem meio-dia e o dia ainda Mas, para todo o espírito adepto de lógica, o fenômeno
não tiver nascido, não acreditaremos nos nossos olhos! parece pacífico e a sua análise racional pode dividir-se em
Contudo, os astrônomos estão de acordo neste ponto: duas fases:
houve dias de trinta e quatro horas e noites mais longas. l .a — provar que, como planeta, Vénus não era visível
Sabe-se pela Bíblia que, no dia em que Josué parou o Sol, há cinco mil anos;
a jornada foi milagrosamente prolongada; o relógio de 2.a — provar que o seu aparecimento foi a causa de
água do faraó Amenhotep III, encontrado nas escavações, cataclismo, do chamado dilúvio universal.
estava calculado para um dia de onze horas e dezoito
minutos, no solstício de Inverno, em vez de dez horas e
vinte e seis minutos na actualidade. AS TÁBUAS DE TIRVALOUR
Além disso, sabe-se que um cometa, passando próximo
da Terra, afrouxaria a sua rotação na razão directa da sua No século xvni, Jean-Baptiste-Joseph Gentil, orienta-
massa. lista de renome, e alguns missionários cristãos enviaram
Este fenômeno já se produziu e produzir-se-á de novo! para a França tábuas astronômicas indianas (hindus) que
Quanto a Vénus, parece pertencer ao nosso sistema atestam a grande antigüidade da ciência daquele país.
solar tanto quanto os outros planetas! Entre estes documentos encontram-se as tábuas de
E talvez não! Pode pensar-se que há uns cinco ou seis Tirvalour, levadas para depósito da Marinha, que provam
mil anos Vénus, o planeta mais brilhante, o mais notável que a idade dita do Caliougam começou a 16 de Fevereiro
do nosso céu, era totalmente invisível para os homens! do ano de 3102 a.C., às duas horas, vinte e sete minutos e
Onde estava ele? Talvez para além de Júpiter, no trinta segundos da manhã 1 .
sistema solar, ou então a biliões de quilômetros, numa Os Hindus, escreve o astrônomo Jean-Sylvain Bailly,
galáxia longínqua! dizem que na idade do Caliougam houve uma conjunção
Em todo o caso, é certo que numa data relativamente de todos os planetas; com efeito, as suas tábuas indicam
próxima, à vista e perante todo o mundo, Vénus acabou esta conjunção, e as nossas mostram que ela pode real-
por se instalar na sua actual órbita, roçando a Terra, cuja mente ter acontecido.
humanidade foi aniquilada. Voltando a este assunto, o astrônomo real prossegue
Uma recordação que os Antigos não podiam esquecer! esta espantosa narrativa, que pode ser verificada nas tábuas
Este relato é contudo contrariado por numerosos astrô- de Tirvalour:
nomos, para quem a tradição e a lógica são palavras Naquela época, os Hindus viram quatro planetas
mortas, e que, não dispondo de qualquer prova científica libertarem-se sucessivamente dos raios solares; primeiro
do facto, acham que o mais cômodo é negá-lo, pura e
simplesmente. 1
TVaífí» de l'Astronomie Indienne, Paris, 1787. Preliminares, pág. XXVII e pág. 182.

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Saturno, depois Marte, Júpiter e Mercúrio, e todos estes Finalmente, os astrônomos hindus, tão meticulosos e
apareceram reunidos num espaço muito pequeno. . . tão precisos, são formais nas suas declarações: tratava-se
Naturalmente, Bailly ficou surpreendido por não en- de uma conjunção de todos os planetas.
contrar Vénus nesta observação astronômica, e como não Donde se pode deduzir que há cinco milênios o sistema
podia acreditar num sistema de quatro planetas deduziu solar era um sistema de quatro planetas.
daí, sem aprofundar o problema, que teria havido um As tábuas hindus posteriores à tábua de Tirvalour, pelo
esquecimento ou que Vénus, no curso desta observação, se contrário, estão baseadas num sistema de cinco planetas,
encontraria do outro lado do Sol. compreendendo Vénus.
Mas uma explicação deste tipo não é válida: os
Hindus, tal como os Caldeus, eram astrônomos muito
hábeis e meticulosos e sublinham que durante o Caliougam AS TÁBUAS BABILÓNICAS
se produziu uma conjunção de todos os planetas, e não
apenas de quatro. Na astronomia babilónica, mencionam-se os quatro
Descobriram esta conjunção com tanta precisão que se planetas atrás citados, mas Vénus continua ainda ausente,
pode estabelecer a sua data exacta, relativamente ao nosso e, falando dele, os antigos textos falam na «grande estrela
calendário actual: dia 16 de Fevereiro de 3102 a.C., às que se juntou às grandes estrelas».
duas horas, vinte e sete minutos e trinta segundos da Nas suas orações, os Babilônios invocam Saturno,
manhã, ou seja, com uma aproximação de um segundo, Júpiter, Marte e Mercúrio, mas nunca Vénus.
em cinco mil e sessenta e sete anos (cálculo de 1965)! Um antigo calendário encontrado em Boghaz-Keui, na
Esta precisão, meticulosa, rigorosa e matemática, Ásia Menor, menciona claramente as estrelas e os plane-
permite certificar-nos que o planeta Vénus não pôde ser tas, mas Vénus falta na lista, facto para o qual apenas se
esquecido na observação e no relato, embora seja o mais pode encontrar uma explicação lógica: Vénus não era
brilhante e o mais visívell conhecido pelos Babilônios no ano 3000 a.C.
Que ele tenha ficado colocado por detrás do Sol é Logo, este planeta não figurava no nosso sistema
inadmissível, já que não podia permanecer aí durante planetário, ou então estava demasiado longe da Terra para
muito tempo, pois seria afastado como o foram «no princí- poder ser visível pelos Antigos.
pio Saturno, depois Marte, Júpiter e Mercúrio»! As tradições mexicanas contam que «a grande serpente
Era impossível que ele permanecesse escondido durante de fogo de Quetzalcoalt atacou o Sol, e a obscuridade
todo o tempo gasto pelos quatro planetas para efectuar a fez-se durante quatro dias. Depois, a grande serpente
sua «passagem». metamorfoseou-se numa radiosa estrela (Vénus)».
Por outro lado, a tábua de Tirvalour não menciona Nas ilhas Samoa, os indígenas acreditam que este
Vénus, nem a sua ausência, nem a sua reaparição, que se planeta teve uma «rota selvagem» e que tinha cornos
deveria ter produzido e verificado. implatados na cabeça.

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Na Grécia, o sábio Demócrito, particularmente versado deu do planeta Vénus, «numa astronave mais brilhante que
em astronomia, sustentava, embora sem revelar as suas o Sol».
razões, que Vénus não era um planeta. O que não deixa de Se o mistério desta estrela se mantém mas ou menos
ser espantoso na boca de um grande iniciado! intacto, sobressaem daqui, pelo menos, duas certezas:
Santo Agostinho lembra, segundo Varron, que Vénus entrou no nosso céu há aproximadamente cinco mil
«Castor, o Rodiano, tinha deixado escrita a narração de anos, com a aparência e os efeitos maléficos de um
um prodígio espantoso que se teria operado em Vénus; esta cometa.
estrela teria mudado de cor, grandeza, aspecto e curso. A estas constatações pode ainda acrescentar-se que um
Este facto, que não teve nada de semelhante, nem antes misterioso satélite natural ou artificial foi observado perto
nem depois, teria acontecido no tempo do rei Ogyges de Vénus no século xvm, pelos eminentes astrônomos
(lembremo-nos do dilúvio de Ogyges), como o atestam Cassini, Short, Montagne, entre outros.
Adrasto, Cyzicenus e Díon, nobres matemáticos de
Nápoles». Assim, o planeta patrocinado por Lúcifer teria tido
Tal soma de relatos concordantes têm preocupado viva- uma trajectória espiralada e seria o responsável pelo dilú-
mente os cientistas, que se perdem em conjecturas sobre as vio universal, ganhando por esse motivo a sua reputação
razões destes fenômenos. Muitos pensaram, e I. Veliko- de «porta-malefícios».
vsky é desta opinião, que Vénus foi um cometa ou que foi Será assim tão absurdo que um planeta do nosso
confundido como tal. sistema solar se dedique a tais excentricidades?
Mas, diz a «Grande Enciclopédia», pode confundir-se De maneira nenhuma! O contrário é que seria anormal.
um cometa com uma estrela? E mesmo que se estivesse em O átomo, fartam-se de dizer os astrofísicos e os cientis-
tal erro, será que, pela reaparição de Vénus, não se teria tas em geral, é constituído à imagem do sistema solar. . .
logo reconhecido o erro? Que observador, que cientista, ou inversamente, se o preferirmos.
que matemático teria ousado sustentar, irreflectidamente, Neste sistema, o Sol representa o núcleo, os planetas,
um acontecimento tão grandioso, único no mundo, durante os electrões, e, exactamente como no átomo, é um processo
trinta séculos? eléctrico ainda mal conhecido que assegura a vida, o
Como, a propósito, chineses, gregos, hindus, etc., movimento e a gravitação dos planetas.
falam de uma «cabeleira», de uma «crina de fogo» acom- Ora, no átomo, os electrões saltam de um núcleo para
panhando Vénus ao jeito de uma cauda, é-se obrigado a o outro, isto é, mudam de órbita; então, no sistema solar
confessar que este planeta era, de facto, inexistente no céu os planetas deveriam comportar-se identicamente e pelas
dos Antigos e que a sua aparição foi feita à maneira de um mesmas causas1.
cometa, causando, por isso, imensas perturbações.
Lembremo-nos também que, segundo as tradições dos
Incas, a primeira mulher da humanidade, Orejona. proce- «O que está no alto é como o que está no baixo» (Hermes Trismegisto).

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

No caso do átomo, o fenômeno pode determinar reac- Não se acredita na Bíblia!


ções concomitantes — como no laser — , ao passo que, Não se acredita na Suméria, berço da primeira
com os planetas, pode causar o que os Antigos chamaram
«fim do mundo». civilização!
Em 1696, o físico inglês W. Whiston sugeria que o Sim! Os astrônomos e os arqueólogos têm dez, cem
cometa de 1680, cuja periodicidade é de quinhentos e provas de que a civilização egípcia é anterior em vários
sessenta e cinco anos e meio, tinha provocado o dilúvio milênios à da Suméria1.
bíblico. O Calendário de Sothis (Sírio), com seis mil duzentos
Não poderíamos confirmar a justeza destes cálculos, e seis anos de idade (em 1965), prova-o e permite recuar
mas se Whiston viu certo o próximo fim do mundo será, até 7000, e mesmo a 8000 anos, o começo da civilização
portanto, no ano 2271! no Egipto2.
Mas o «Sistema» quer que o mundo comece na Sumé-
ria, há cerca de 5000 anos... por isso, repudia-se o
A SUMERIA E A BÍBLIA Calendário de Sothis, e, através de cálculos subtis,
«certifica-se o erro» para transformar os 6206 anos da sua
Não acreditamos que milhares de pessoas tenham visto criação em apenas 2772 anos.
«discos voadores» e «homenzinhos verdes» 1 , que centenas A Suméria está salva!
de milhares de alucinados tenham visto fantasmas, mas É preciso uma certa coragem ou inconsciência para
acreditamos nos milhões de testemunhas que atestam, há querer brincar aos D. Quixotes no reino das imagens
quatro milênios, o erro de cientistas clássicos e que procla- ilusórias! Ainda assim os conjurados do Sistema não dei-
mam, dos pólos ao equador, do nascente ao poente: «Um
xarão (distorcendo a verdade, como no processo de Glo-
planeta errante provocou a desordem na Terra e o dilúvio
universal. Este planeta era Vénus.» zel) de lançar o descrédito e, se possível, a infâmia sobre a
O erro dos cientistas do «sistema aceite pela conjura nossa tentativa de reconstrução.
dos bem-pensantes» não é o único responsável pela falsifi- Não importa! No labirinto dos milênios e das maquina-
cação da história humana! Mas então em que acreditar, ou ções, experimentaremos aproximarmo-nos o mais possível
fundamentar a nossa certeza, se as bases foram alteradas e dos factos, sugerindo as explicações que nos parecerem
o jogo truncado como no pokerl lógicas.
Assim, não se pode acreditar em nada!
' A civilização hindu é também muito anterior à da Suméria. As tábuas de Tirvalour
(mais de 5000 anos) provam a existência de uma cultura remontando a cerca de 7000
anos.
' Sabemos da existência de investigadores honestos e sinceros do problema OVNI 2
No calendário de Ptolomeu. encontramos o nascer helíaco de Sírio cerca de 3241 a.C.
(Objectos Voadores Não Identificados). A nossa crítica visa somente os empiristas O nascer de Sírio era de uma importância capital, porquanto anunciava as inundações do
crédulos ou abusivos. Nilo: donde se deduz que este calendário foi feito pelos astrônomos egípcios.

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Na nossa hipótese, os extraterrestres chegaram ao As bombas atômicas de Mu devastaram a Atlântida e o


nosso planeta vários milênios antes do dilúvio, sem que continente americano, ao mesmo tempo que a represália
seja possível situar aproximadamente a sua chegada na atlântida levou a morte e o aniquilamento até Mu.
grande noite primi-histórica que se estendeu, talvez, até ao Identificamos dois epicentros: Califórnia-Nevada, a
período do homem de Neanderthal. oeste, e o deserto de Gobi, a leste; mas, sem dúvida,
houve outros, actualmente imersos nos abismos'do Atlân-
tico e do Pacífico.
GUERRA ATÔMICA: A ATLANTIDA CONTRA MU O resultado desta guerra insensata foi o de precipitar o
mundo para a ruína, para o fim de todas as civilizações, o
recuo das faculdades intelectuais, o enfraquecimento físico
Segundo as Escrituras, os homens iniciados numa civi-
e a deterioração das gerações vindouras.
lização nova, superior, afundaram-se na «malícia e nos Nasceram monstros aos milhões, comprometendo o
pensamentos do mal» (Gênese VI-5), o que pode sugerir
problema da sobrevivência.
um paralelo com o nosso tempo caracterizado pelo baixo Depois do cataclismo provocado pelos homens, houve,
materialismo e pela iniqüidade. sob o signo de uma misteriosa conjunção, o cataclismo
Que se passou então? natural, que colocou todo o sistema solar em perigo em
O destino das civilizações é um eterno recomeço, uma virtude do curso errante de Vénus 1 .
inexorável marcha para a morte e o renascimento. Depois do dilúvio, a humanidade afundou-se dia após
Por razões, sem dúvida, análogas às que opõem actual- dia, tornando a descer os degraus da evolução e recaindo,
mente o bloco ocidental ao oriental, surgiu um conflito pouco a pouco, na inconsciência.
entre Atlantes e os povos de Mu. Num último sobressalto de lucidez, os homens ergue-
Esta época situa-se nos confins do nosso tempo pré- ram a «Puerta dei Sol», em Tiahuanaco, gravando na sua
-histórico, nas brumas onde os acontecimentos realmente frontaria esquemas de máquinas de que não se conhece
vividos se diluem em lendas prolongadas pelas tradições. muito bem o sentido e o destino, a não ser o de uma
Os homens guardaram a recordação destes aconteci- mensagem às gerações futuras: no Egipto, os iniciados
mentos, mas enfeudaram-nos à sua época, aos seus deuses,
aos seus heróis, à sua imaginação.
O Mahabhârata, o Drona Parva e o Maha Vira 1 relatam numerosas, e os heróis parecem tão idênticos que os Gregos pensam que Homero foi
a guerra atômica que eclodiu na Terra, com todos os seus- outrora traduzido na índia.
efeitos de radiações e de mutações. O mais provável é que uma verdade universal conhecida de todos nos tempos primi-
-históricos tenha inspirado, de uma vez. a Ilíada, a Odisséia e a maioria das tradições.
0 elemento maior desta verdade é a guerra dos titãs contra os deuses, ou seja, o relato
do
1
cataclismo cósmico.
1
O Maha Vira. de Bhavahhonti — actos V e VI. O Ramayana, como a mitologia grega, Platão, baseando-se nos patriarcas de Sais, diz que as «perturbações do mundo por
evoca a luta dos demônios ou titãs contra os deuses. Aqui. as coincidências são Fáeton tinham sido na realidade um cataclismo planetário».

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desenharam globos alados que iriam mais tarde figurar, E, pois, nesta óptica que tentamos estruturar uma
incompreendidos e impenetráveis, na porta dos tempos. primi-história. de acordo com as nossas hipóteses sobre
Esta ressurreição dos tempos primi-históricos chocará, as civilizações desaparecidas na seqüência dos aconteci-
sabemo-lo, os cientistas do sistema clássico e os teólogos mentos insólitos dos tempos bíblicos.
agarrados às suas tradições e à sua verdade revelada.
Contudo, a nossa tese não é mais fantástica que a dos
historiadores e dos pré-historiadores, que, nas suas buscas
e exposições, evitam sempre tomar em conta os dados
essenciais: as histórias de anjos, os monstros lendários, os
heróis, os dilúvios ou os cataclismos que ameaçaram
várias civilizações terrestres.
Enfim, nunca os exegetas e os teólogos estudaram a
Bíblia e os Apócrifos com o espírito de homens a quem o
futuro propõe este facto, que não se poderá fingir, ignorar
eternamente: estamos cada vez mais agarrados ao cosmo, a
Terra não é um universo fechado, os intercâmbios interpla-
netários terão lugar em breve1.
O que justifica que se diga que os homens caducos e
sectários querem continuar a especular como terrestres,
conquanto sejamos já cidadãos do Mundo.
Por outro lado, a Bíblia, as sagradas escrituras e os
manuscritos apócrifos insistem inúmeras vezes, numa
linguagem clara, no facto de a intromissão extraterrestre
formar o elemento primordial da nossa gênese.

1
Desde João XXIII que uma grande libertação dos espíritos se desenha nos meios
católicos, ao mesmo tempo que se afirma uma certa tolerância. O Antigo Testamento é
cada vez mais controverso e, em 2 de Novembro de 1964, no Concilio Vaticano H.
dezasseis bispos pediram que a tradição iluminasse as lacunas da Sagrada Escritura.
Para estes revolucionários, os livros da Bíblia foram escritos por homens em cir-
cunstâncias determinadas, segundo o gênero literário que tinham escolhido. Uma nítida
tendência se manifesta em favor de uma nova exagese, «tendo em conta as descobertas
da ciência moderna». É o que desejamos fazer com a máxima objectividade neste
trabalho.

182 183
CAPÍTULO IX

OS COSMONAUTAS DA HIPERBÓREA

T EREMOS justificado a nossa convicção de que «os


anjos descidos do céu» não podiam ser senão seres
extraterrestres?
Pensa o leitor que a nossa teoria sobre as divagações
cósmicas do planeta Vénus se possa opor razoavelmente às
arbitrariedades dos astrônomos clássicos?
Ousamos crer que sim, visto que outros relatos apoiam
as nossas teorias, cuja integração na história lançará luz
sobre alguns enigmas até hoje impenetráveis.
Obviamente, nem tudo fica explicado e, por outro
lado, não podemos nem dizer tudo nem lançar-nos ao
assalto, em simultâneo, contra todas as Bastilhas, todas as
superstições que nos aprisionam.
Contudo, para já, através da nossa interpretação, os
últimos dez milênios apresentam uma nova face e um
sentido que começa a satisfazer a nossa necessidade de
lógica, de racional e de maravilhoso.
Outros, depois de nós, rectificarão, suprimirão, aumen-
tarão o que dissemos e, pouco a pouco, com o tempo e a boa
vontade, uma verdade aproximada sairá da noite onde a
tinham mergulhado o esquecimento, mas também o erro e
o preconceito.

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O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Que nos perdoem: na nossa exegese, por comodidade caso, estaria afastado do nosso planeta, uma vez que os
de expressão, misturaremos intimamente o provável e o Antigos não puderam detectar a sua presença.
conjectural, tentando, contudo, afastarmo-nos o menos O êxodo de toda uma população planetária apresenta
possível da análise racional. dificuldades insuportáveis, qualquer que seja o desenvolvi-
mento da astronáutica; daí que, de qualquer modo, con-
viesse enviar «comandos» de reconhecimento.
OS VENUSIANOS ATERRARAM NA ARMÊNIA Vários engenhos espaciais partiram então pelo espaço,
com uma missão bem estabelecida, em direcção à Terra,
De que a história do Mundo esteja submetida a ciclos, onde os Venusianos poderiam encontrar uma atmosfera
poucas pessoas o duvidam, e esses ciclos ou eras, no que lhes convinha e uma fauna e uma flora em plena
quadro do nosso sistema solar, afectam mais ou menos evolução.
todos os planetas. Uma outra exigência determinou esta escolha: apenas
Há 6000 a 12 000 anos1, os habitantes de um deles Marte e Terra tinham dimensões que se aproximavam das
encontraram-se perante tais dificuldades para sobreviver às de Vénus. Marte, todavia, era fundamentalmente menos
condições biológicas desastrosas que decidiram tentar o volumoso e a sua esterilidade opunha-se a toda a tentativa
êxodo. de implantação de seres humanos.
Enviaram para o cosmo conquistadores cuja missão era Vénus tinha, nessa altura, um diâmetro superior ao da
efectuar um reconhecimento num planeta mais hospitaleiro, Terra (perdeu mais tarde parte da sua massa na sua rota
análogo ao seu em dimensões, atmosfera e condições fantástica em direcção ao Sol) e, do mesmo modo, em
gerais de vida. função dessa massa, os seus habitantes tinham uma estatura
Tudo milita e concorda para permitir identificar estes superior à dos terrestres humanos.
planetas: Vénus, então muito deslocado e em perigo, cuja Estas particularidades deviam ter sido do conhecimento
aventura espacial acabámos de contar, e a Terra, colocada dos cientistas extraterrestres e a escolha da Terra como
numa órbitra ideal e análoga à de Vénus nas suas caracte- planeta-refúgio seria, pois, a mais sensata1.
rísticas vitais 2 . É provável que a frota dos Venusianos comportasse
Vénus, nesse momento, não se situava entre a Terra e numerosos aparelhos. Destes, cinco grupos, pelo menos,
Mercúrio, mas talvez entre Marte e Júpiter; em todo o aterraram na Hiperbórea, na Atlântida (EUA-Peru), na
Terra de Mu (deserto de Gobi), no Egipto e na Armênia,
1
É difícil estabelecer datas precisas, aceitando-se que o tempo é uma medida de
borracha que se estica ou se contrai. Uma ano. na era terciária. seria igual a um século
na nossa época. O escalão «tempo» é uma função da velocidade da rotação terrestre, que
' Os cosmonautas actuais não poderiam encontrar condições favoráveis à colonização
varia
2
sem cessar. senão em Marte (de gravidade menor que a Terra) e em Vénus (de gravidade bastante
Trata-se apenas de uma hipótese. O facto importante é a intromissão de extraterrestres
maior que o nosso globo). Se tivéssemos de abandonar o nosso planeta. Vénus
que pensamos oriundos do planeta Vénus. Mas se fossem naturais de outro planeta a
apresentaria, teoricamente, melhores possibilidades de aclimatização.
nossa tese manter-se-ia inalterável.

186 187
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

na área balizada pelos inflamados poços de petróleo do Estas ligações entre as elegantes armênias e os gigantes
Médio Oriente1. venusianos (dois metros e meio, aproximadamente) foram
Definimos esses pontos pela designação com que hoje' extremamente felizes e daí resultaram crianças de porte
são conhecidos. elevado e particularmente belas, inteligentes e fortes 2 .
Na maioria dos continentes onde aterramos — excepto Nesta hipótese, os heróis e semideuses da Antigüidade
o Próximo Oriente —, os cosmonautas (anjos, semideuses, seriam descendentes de venusianos e de mulheres armênias.
heróis, homens voadores, da tradição) deixaram a recorda-
ção de personagens de alta cultura e iniciadores benévolos. O MESMO SANGUE. A MESMA RAÇA?
É necessário supor, contudo, que o «comando» da
Armênia não compreendia a elite, mas indivíduos desen- Um importante problema biológico se coloca: seria
voltos, como freqüentemente é vulgar encontrar entre os possível aos homens de um outro planeta procriar com as
aventureiros habituados a arriscar a pele e entre os pioneiros Terrenas? A união não deveria ser estéril? 3 .
de rija tempera, onde os «desesperados» e os fora-de-lei Em todo o caso, ela não o foi, e para justificar o êxito
não são excepção. dessa união poder-se-ão avançar numerosas explicações
Torna-se necessário também admitir que estes conquis- satisfatórias.
tadores enviados para uma terra desconhecida, talvez Os conhecimentos científicos extraterrestres da Hiper-
hostil, deviam ser ao mesmo tempo batedores, coloniza- bórea permitir-lhes-ia, talvez, dissimular o que para nós
dores, iniciadores e guerreiros. representa uma dificuldade maior; se algumas mulheres
Os extraterrestres, inicialmente, não se mostraram con- pariram -- crê-se — crianças monstruosas a partir de rela-
flituosos, mas, tendo a oportunidade de aterrar num ponto ções com animais, a priori não há razão nenhuma para que
do globo onde as mulheres eram mais belas que em elas não pudessem procriar com um homem de um outro
qualquer outro lugar 1 , não resistiram aos seus encantos. planeta; enfim, também não existem razões idênticas para
que a flora, a fauna e a humanidade não sejam simulares nos
planetas habitados.
' As viagens interplanetárias supõem, previamente, tentativas de contactos, de planeta
em planeta, por meio de emissão de ondas eléctricas ou sinais luminosos.
Particularmente, o homem é talvez um ser universal, e
Estaremos a receber sinais de outros mundos? Sim. se conferirmos uma intenção neste caso os Terrenos seriam da mesma essência, da
inteligente às recentes emissões do CTA-102.
Também nós enviamos apelos desde há algum tempo a esta parte. A Terra emite
permanentemente um sinal: o fogo dos poços de petróleo a arder, quase incessante-
mente, em redor do Cáucaso e do Azerbaijão (País do Fogo), na Pérsia e no Iraque. ' As circassianas e as armênias foram sempre reputadas pela sua grande beleza, a
Os cronistas atestam esse facto nos seus relatos. Num imenso semicírculo. os poços de macieza da sua pele, o brilho dos seus olhos e a nobreza do seu andar.
petróleo do Próximo Oriente balizaram eventuais pistas de aterragem. E se seres "Se os planetas fossem habitados, a altura das respectivas humanidades estaria na razão
extraterrestres chegaram à Terra outrora. onde poderiam aterrar senão perto destes directa das suas massas e do seu volume: assim, os Jupiterianos seriam maiores que os
fogos, numa zona balizada, ou seja. na Armênia? Quando os nossos cosmonautas forem até Saturnianos. A ordem de grandeza escalar-se-ia do seguinte modo: Neptunianos.
Marte ou Vénus. se se aperceberem de fogos e puderem através deles guiar os seus engenhos Uranianos. Terrenos. Venusianos. Marcianos, Mercurianos. Há uns 5000 a 10 000
espaciais, não irão pousar nas proximidades desses sinais ou presumíveis como tais? anos, sendo Vénus um pouco mais volumoso que a Terra, os seus habitantes seriam.

188 189
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS OLIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

mesma raça que os space people do sistema solar, graças apenas, o grande salto que os poderia levar a um nível
ao mecanismo dos êxodos sucessivos, de planeta em pla- intelectual idêntico ao dos seus iniciadores.
neta, cujo funcionamento explicámos no âmbito das teorias Além disso, estes iniciadores encontravam-se afastados
do físico Louis Jacot. da sua pátria original, não sendo, talvez, cientistas profis-
sionais e não dispondo nem de bibliotecas, nem de labora-
tórios, nem dos meios indispensáveis a uma grande e
O Q-G DA H1PERBOREA profunda divulgação.
Imaginemos a sorte que esperaria os cientistas atomis-
Os cosmonautas dos outros «comandos», forçosamente tas «lançados» na selva brasileira, em pleno século xx, e
tiveram relações carnais com as mulheres das regiões onde privados de contacto com a civilização exterior: sentir-
se instalaram e também eles ajudaram a procriar uma -se-iam também impotentes no meio da natureza selvagem,
humanidade superior: ídolos entre os Peruanos, fadas tal como Robinson Crusoé na sua ilha.
(mulheres superiores) na Europa Setentrional, heróis mito- Foi o caso dos Venusianos; parece, segundo o Livro de
lógicos noutros continentes. Enoch, que se deixaram absorver em parte, instalando-se
O Grande Quartel-General de todos os «comandos» cada comando no seu continente, sem grande desejo
situava-se na Hiperbórea (Tule ou América do Norte), — pensamos — de voltar ao seu planeta em perigo.
«entre o Setentrião e o Ocidente», onde os anjos tinham E os Hiperbóreos tiveram mais escrúpulos? Teriam
recebido cordas para medir o lugar reservado aos «justos e reexpedido um engenho-estafeta para Vénus? Conseguiriam
aos eleitos» (Livro de Enoch, capítulo LXIX, secção 12-3) fazer a viagem de regresso? Estes pontos permanecerão,
e onde (também Enoch) o cosmonauta armênio ia dar sem dúvida, um mistério impenetrável!
conta das suas missões. De qualquer modo, obrigados ou por uma idéia pré-
Por toda a parte, os Hiperbóreos ensinavam parcelas do -concebida, os extraterrestres permaneceram na Terra e
seu saber, mas os povos pouco evoluídos da Terra não criaram duas civilizações principais: a da Atlântida, cujo
podiam, naturalmente, concretizar, ern algumas gerações vasto continente, então emerso no oceano Atlântico, se

pois. ligeiramente mais altos que os Terrenos, mas a sua estatura não deveria exceder os chefe, distribuiu as funções pelos deuses. Disse a Vénus. a estrela brilhante: «Tu
dois metros. É curioso notar que as mitologias estão de acordo com as leis científicas: os permanecerás a oeste e chamar-te-ão a mãe de todas as coisas, porque por ti todos serão
titãs, altos como montanhas, são filhos de Uranos. o Céu (ou seja. filho de Júpiter, já criados. . . Mandar-te-ei as nuvens, os ventos, os relâmpagos, o trovão, e logo que os
que Júpiter é o maior dos planetas); os ciclopes são filhos de Saturno e os hecatonchires. tenhas recebido colocá-los-ás perto do Jardim Celestial. Alt, eles tornar-se-ão seres
gigantes com cem mãos. são filhos de Urano. humanos.» (Max Faucomet Mythologie General. Ed. Larousse.)
•'Na América do Norte, para os Pawnees. a Estrela da Manhã (Vénus) é a mais As tradições americanas, que jamais sofreram alterações, são formais neste ponto: todos
importante entidade celeste. Foi a ela que o «Grande Espírito» confiou o «Dom da os homens da criação foram concebidos pelo planeta Vénus. Seriam, pois, todos do
Vida» e a quem foi atribuída a tarefa de a expandir na Terra. Tal como nas tradições mesmo sangue e poderiam procriar entre eles.
ocidentais, ela enceta um grande combate cósmico (contra «sete aves monstruosas»). Além disso, como explicar senão através de uma base comum de verdade que todas as
Aquando da criação do Mundo, dizem ainda os Pawnees do Nebrasca. Tirarva. o grande tradições da Terra atribuam um papel preponderante aos outros planetas?

190 191
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

prolongava da América até Tiahuanaco, a sudoeste; a


civilização de Mu, no Pacífico, que chegava ao deserto de
Gobi e abarcava uma parte da índia.
Enfim, grupos menos importantes instalaram-se no
Egipto, na Grécia e na Armênia.
Alguns milênios depois, a Hiperbórea, a Atlântida e
Mu, chegados ao seu apogeu, haviam reconstituído o
patrimônio científico da pátria-mãe e possuíam, de novo, o
segredo da energia nuclear.
fl
Vénus, durante todo este tempo, devia estar a viver as
agonias do seu declínio, com a sua humanidade prisioneira
decadente e, sem dúvida, incapaz de continuar a explora-
ção do cosmo.

O CAOS DEPOIS DO DILÚVIO

Sabemos pela tradição que, em todas as latitudes,


milhões de homens e mulheres, refugiados nas altas
montanhas, conseguiram sobreviver ao presumido cata-
clismo atômico e ao Dilúvio. Por outro lado, os papiros
egípcios contam que a humanidade pereceu e que raros
foram os sobreviventes, o que deve ter sido verdade,
relativamente às planícies do Nilo e ao deserto, onde os
antepassados dos Hebreus pagaram um tributo particular-
mente elevado.
As longas listas genealógicas que estabeleceram na
Bíblia, para determinar os seus antepassados, são muito
longas, muito numerosas, demasiado desejosas de provar
qualquer coisa para nos convencer. Quanto à incrível
aventura de Noé na sua arca, ela é refutada pela Bíblia dos
gnósticos do Egipto e apenas pode disfarçar ingenuamente
este ponto importante: na realidade, o mundo não foi . • . ' . At . i
iiMiiografia de Senmuth. Os astrônomos egípcios situavam nela o norte no lugar do sul e o
792 l n o oeste invertidos. Estes pormenores foram registados por Heródoto e Platão, segundo
Ições dos textos dos papiros Ipuwer. Harris e Ermitage e tradições orais. O arquitecto
nulh (1500 a.C.) imortalizou o fenômeno através destes desenhos gravados no seu sarcófago
illuln VIII).
O parto de Myrrli.i •
tese sobre a missão do |
Eleito assenta, em paií
bre a deterioração dn
humana, em virtude i
vio e das relações num'.In
sãs entre homens c .num
A Bíblia parece apol(|
ponto de vista (Levíln n,
pítulo X V I I I — 2 3 24|
até 1964 os biólogos o| mi il
um veto formal a senmllí
conjectura. Em 1!HI8|
professores inglese:, l i.i Utec
Watkins, de Oxford,
guiram a fusão entre afl
e plantas ao nível da
O parto de Myrrha talv
seja um mito (capíluln '

•" ij
Tf

Esteia do Cairo, XVIII dinastia (época em que Moisés


teria vivido). O faraó Akhenaton e a sua bela mulher,
Nefertiti, fazem uma oferenda ao Deus Único, Áton,
representado por um disco solar. Áton, deus do universo,
foi presumivelmente a primeira representação de Jeová. i instituirá o papiro Egerton uma prova da existência de Jesus? Trata-se do único documento
Terá sido junto do faraó que Moisés pôde conhecer a lei |e presume seja contemporâneo de Cristo e onde figura a palavra Christos, num texto
e «conversar»face a face? (capítulo X). cinnado com os Evangelhos (capítulo XI).
O Ferimento na Taça (Horas de Caillaut e Martine
século XVI). O fervor cristão viu no Graal a imagem
ferida feita a Jesus. Certos iniciados vêem nela
imagem da «fenda» da Terra-Mãe, simultaneamei
fonte de iniciação e passagem que conduz a um ou
V -A
mundo (capítulo XII).
•*:.' • *• ,. .... t,

O castelo de Gastei dei Monte (Itália), construído em 1240 por Frederico II de Hohenstaufen,
||in(]o ter sido o santuário do «Senhor do Mundo» (o Imperador) eleito pelas oito ordens de
O «Deus de Corbrigde»é um anjo que recorda o Sol e a viagem no espaço. Pertence à mitolo
fnvalaria. Neste local, o imperador-alquimista sonhou com a hegemonia, fabricou o ouro filosofal
céltica, que conservou a recordação da terra ancestral no outro lado do oceano e de um Ou
>rscondeu —diz-se— um prodigioso tesouro (capítulo XIII).
Mundo misterioso análogo aos nossos universos paralelos. O «Deus de Corbrigde». venerado
Celtas, poderia ter sido um homem da Hiperbórea (capítulo XII).

Planta do castelo de Castel dei Monte. As medidas-padrão são as do Templo de Salomão


.ipítulo XIII).
• '••::•"•'.•".• :::%&>*•.-•.
%Í,A '"Wiã

I.Patrmr»- /_ Washington

A TERRA DE MU
e o Mar de Gobi

O — Localização da ILHA BRANCA

A Terra de Mu e o deserto de ' min iiiiii..io dos tradicionalistas (capítulo VIM)


Não se iludam com a aparência: a Verdade é n
e crua, e a maçã partida em duas metades (aberta
seu segredo) oferece ao iniciado um símbolo mau
o erotismo e o conhecimento. Eva apresenta a Acf
uma metade de maçã como esta. A humanidade
nascer (capítulo XIV).

Adão, Eva e a Maçã, se-


gundo Lucas Cranach, o Velho.
Lucas Cranach foi um grande
pintor, mas tal como Cézanne,
não conheceu o sentido supe-
rior e a verdade oculta da maçã
(capítulo XIV).

Crânio da Desolação. Sob a forma de resíduos psíquicos pesados, as encantações impregnaram


ile crânio de cristal. Através do poder do verbo, elas poderiam ser libertadas e projectadas num
Iluxo em direcção à pessoa visada pelo sortilégio (capítulo XVII).
Glozel está cheia de coincidências exageradas: uma escrita alfabética, crânios de uma raça
Iconhecida, cerâmica em forma de cabeça de cosmonauta... e aqui está esta olaria em forma de
•co»... Pelo menos pode supor-se! Então? Coincidências ou influências de uma civilização
Irnterrestre?

D círculo mágico é o templo «aberto» das sociedades secretas satânicas e dos sabbats. Em
Union (Seme-et-Oise), este círculo recebe a visita de bruxos nas datas rituais de 21 de Junho e
r l» Outubro (capítulo XVIII).
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

destruído totalmente -- foi afectado na sua essência e o


repovoamento fez-se como se pôde.
De quem descendem os Hebreus? Teriam eles formado
o tronco da humanidade numa era muito anterior aos
tempos bíblicos? É possível, já que a sua origem está
envolvida em mistério!
À primeira vista, diz o «Grande Dicionário», do
século xix, poder-se-ia crer que nenhum outro povo possui
dados tão completos acerca das suas origens; mas, se se
considerar a mistura de elementos teológicos e de factos
maravilhosos que encontramos na sua história, ser-se-á
levado a pensar o contrário e a concluir que poucas
histórias antigas oferecem tantas incertezas e obscuridade.
As particulares qualidades intelectuais dos Hebreus
dão-lhes uma certa superioridade sobre os outros homens
e. neste sentido, poder-se-ia pensar que são descendentes
directos de extraterrestres, embora estes últimos os tenham
mandatado para prosseguir a sua missão.
Esquema do «vsidorge dos Baavianos». O engenho é propulsionado no espaço fora do l Esta hipótese é confirmada por toda a história bíblica;
bem como no nosso universo e no antimundo galáctico, cuja matéria é (para o observador l as «nuvens» (carros de fogo) conduzem os iniciadores
no exterior) antimátéria (capítulo XXI).
perto do povo de Israel para lhe ditar a Lei, para o ensinar,
Quadro do corrector de velocidade gravítica do engenho intergaláctico dos Baaviano:; para o conduzir no deserto e fazer atravessar as águas. . .
cidade é expressa em koua/tol = metros por segundo (capítulo XXI). A «mestiçagem» dos Hiperbóreos revela-se na maior
parte dos grandes acontecimentos narrados pelo Antigo
Testamento quando estabelecemos que um número de
bíblicos importantes tinham sido concebidos pelas mulhe-
res dos Hebreus a partir de pais definidos como «anjos»,
ou seja, homens vindos do céu.
Mas, para os Hebreus, a ascendência maternal não
oferece garantia de raça, porque na antiga escala social não
tinham senão uma importância muito secundária. É curioso
notar que a palavra «hebreu» não é feminina, não se
podendo dizer «uma mulher hebreu», mas uma mulher de

Todos os documentos
193
destes extratextos pertencem
à colecçâo de Catherine Krikorian.
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

hebreu, o que, explicitamente, indica que a raça não diz Jesus nasceu de Maria e de um pai desconhecido dos
respeito à mulher, mas sim ao homem! homens da Terra (Deus): a tradição iniciática permanecia
no black-out, mas os Judeus, inquietos, recusaram reco-
nhecer esse Messias, cujo nascimento se assemelhava por
HEBREUS CONTRA HIPERBOREOS
de mais a outros de que o caracter quase milagroso não
As crianças nascidas de um pai «anjo» não foram tinham procurado esconder!
consideradas como sendo do seu sangue pelos Hebreus, os Do ponto de vista deles. Jesus não era do seu sangue,
quais nunca esconderam a sua hostilidade face à intromis- não era judeu! 1
são dos extraterrestres na sua vida privada. Em resumo, o facto importante daqueles tempos proto-
Tendo perdido igualmente, ao longo dos séculos, o -históricos. cheios de incertezas e de maravilhas, é que
sentido da sua missão e da verdade original, quereriam uma imensa série de factores se jogou no seio dos iniciado-
atribuir à sua própria raça a honra de terem sido os res hiperbóreos e dos Hebreus para saber quem, final-
primeiros iniciadores da humanidade. mente, forneceria a raça dos antigos superiores.
Com este fim adoptaram todos os heróis da primi-his- Aos Hebreus. não tendo existido como povo senão sob
tória. Enoch, Noé, Moisés, Melquisedech. entre outros, o reinado de Moisés, foi impossível retirar aos Hiperbó-
tornaram-se, assim, hebreus perfeitos, e os «anjos.» nacio- reos o privilégio da iniciação primordial.
nalizados foram congelados na imagem hierática e cândida Um ponto delicado na ressurreição desta proto-história
consagrada pela tradição. é a conciliação da ruína de civilizações como a Atlântida e
Este propósito de açambarcamento, que motiva a crítica Mu com o facto. muito mais tardio que o Dilúvio, de
dos textos antigos, explica, também ele, a razão por que a «nuvens» e engenhos voadores terem podido desempenhar
Bíblia evita falar do cosmo e dos planetas que se situam no um modesto papel, mas eficaz, na história pós-diluviana.
céu real, os quais são a priori assunto grandemente
suspeito!
Por outro lado, revela, em pormenor, o que se passou A OPERAÇÃO
antes da chegada dos «anjos», mas suprime totalmente a
documentação sobre o mais importante: o que se passou Este problema é irritante, na medida em que, se na
depois, entre a aterragem «divina» e o Dilúvio. Estranho, época do Dilúvio os Hiperbóreos ainda possuíarn máquinas
sem dúvida! espaciais, apesar das destruições atômicas surgidas nessa
Quando, cerca do ano 150 d.C., os cristãos escreveram altura, é evidente que as usaram para salvar a sua elite.
os Evangelhos, não compreenderam, talvez, o sentido
secreto da política dos Hebreus, mas, por uma extraordiná-
' O retrato exacto ou imaginário que nos foi legado acerca de Jesus mostra-o .arando e
ria precognição, retomaram o fio da meada do passado louro-, com uma tipologia mais nórdica que de hehreu. Noé. tamhem ele. nasceu com
ignorado. estas características: louro e de pele branca como a neve!

194 795
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

Uma operação «sobrevivência» análoga, em suma, ou contra os efeitos de um cataclismo cósmico, tais como os
talvez idêntica, à que está prevista na maior parte das do Dilúvio.
nações civilizadas do século x x ' . Esta última hipótese, mais provável, liga-se a esses
Neste caso. é preciso encarar, pelo menos, três centros de iniciação de que a tradição — ou talvez a
hipóteses: lenda -- nos dá conta: a cidade enterrada sob as Pirâmides
- Os Hiperhóreos, através de métodos científicos do Egipto 1 , onde «altas personagens» do Ocidente se
conhecidos dos nossos modernos astrônomos, tinham pre- vieram acolher; a Agarta subterrânea do Tibete, sob o
visto o cataclismo cósmico e tomaram algumas precauções poderoso Himalaia, erigido, também ele, em forma de
para salvar os seus conhecimentos e a sua elite e assegu- pirâmide.
rar um regresso à pátria. Não é em Agarta que, segundo as tradições orientais,
Chamemos-lhe -Operação Noé». vivem os sábios de todos os tempos e os «senhores do
- Assim, enviaram para o espaço durante algumas mundo»?
horas ou alguns dias de fortes perturbações os engenhos Certamente também haveria outros refúgios afogados
da "Operação Noé"; o "toque- de Vénus na Terra, as com a Atlântida e Mu, ou esmagados com Tiahuanaco (a
chuvas de pedras, de fogo. de terra, etc. Talvez tenham cidade subterrânea cujas entradas foram identificadas no
arranjado um refúgio provisório em algum planeta, talvez século xix pelo naturalista Orbigny).
Lilith. o nosso segundo satélite observado, outrora, pelos
De qualquer modo, o certo é que a ingênua e maravi-
cabalistas. ou então, nessa -anti-Terra- (muito problemá-
lhosa operação protagonizada por Noé com a sua arca não
tico) cuia posição situavam atrás do Sol, exactamente no
passa de pura lenda. Mas não é uma mentira. . . é apenas
eixo Sol-Terra; um e outro desses pontos seriam o Éden uma efabulação.
aonde Melquisedech foi transportado. (Na verdade, esta-
mos à procura de uma solução para este Éden, este O extraterrestre Noé e as belas armênias não foram,
Paraíso terrestre original, que pôde muito bem ter existido pois, o Adão e a Eva dos novos tempos, mas dois
resgatados entre milhares de outros.
dentro ou fora da Terra. Talvez, em Vénus, em virtude da
natural afectividade. O país natal, ainda que deserdado, Esta «Operação Noé» foi o canto do cisne dos Hiper-
ganha uma auréola singular depois de séculos de ausência!) bóreos: o seu continente foi engolido, os seus iniciados
- Os Hiperbóreos possuíam refúgios terrestres onde
garantiam a sua segurança, bem assim como a defesa 1
Hipótese fascinante: as Pirâmides do Egipto seriam um ponto de referência quase
eterno, pois não poderiam ser submersas sob as areias, e cuja missão seria a de indicar
aos homens dos tempos futuros que ali estão enterrados os segredos «do princípio, do
meio e do f i m . . . » as estrelas de Hermes Trimegisto. em suma.
' Desde 1964. exercícios chamados -operação sobrevivência•• são efectuados na Quando os homens se decidirem a edificar um monumento à ciência do século XX. será
Grã-Bretanha para salvar quinze mil pessoas privilegiadas, no caso de uma guerra preciso que assinalem a sua existência e a posição através de marcos susceptíveis de
atômica. As primeiras manobras foram dirigidas pelo capitão Rusby. comandante do desafiar os séculos. Também através de pirâmides? Ou através de um depósito
Royal Ohserver Corps. e desenrolaram-se num abrigo atômico de Maidstone (Kent). radiactivo. cujas radiações seriam detectãveis nos milênios futuros?

196 797
O LIVRO DOS SEGREDOS TRAÍDOS

dizimados, disseminados, reduzidos ao papel de testemu-


nhas, enquanto a sua civilização, já pulverizada por uma
absurda guerra atômica, se afundava com os seus laborató-
rios, as suas máquinas espaciais, as suas invenções
técnicas.
O pouco que subsistiu após o Dilúvio era suficiente
para permitir aos antigos «Mestres do Mundo» desempe-
nhar um papel de primeiro plano. Todavia, pode conjec-
turar-se que. com as últimas máquinas espaciais ainda
operacionais, experimentaram, dos seus refúgios subterrâ-
neos, controlar e dirigir alguns factos marcantes.
É esta uma reconstituição do passado em que substituí-
mos as inverosímeis descrições tradicionais por explica-
ções racionalmente possíveis, senão mesmo prováveis.
Muitos pontos permaneceram ainda obscuros, e com o
rodar dos tempos torna-se perigoso desmembrar o emara-
nhar de uma intriga paciente e sabiamente urdida no
decurso dos séculos por poderosas conjuras, intriga cujos
fios, se os pudéssemos seguir, nos levaria à verdade dos
tempos originais: a iniciação da humanidade foi obra dos
«anjos descidos do céu», ou seja, dos cosmonautas da
Hiperbórea.

795
SOO013O
SVIMDIN3

•sB|-az|p ap odiuai o opBBaqo a


'xnojJBqo }jaqoy Bsuad owoo 'SBV\J 'seiip 9 SBppaquoo uiajas
ap sBSoBuad sapepjaA 'seojiepjuj saoòB|9Aaj 'sBSo;uBdsa sBiJaq
-oosap BpwB wa;uoo sOajVtíl 80039038 SOO OdAII O '"91
-usppo op siej^saouB sonbui6uo| sop eaJoqjsdjH B jeoiüiuapi
soiuapod anb esoiBjpojd Bpuo|j sssau 'Bouauiv eu SBUI 0^63
ou iuau 'Bjpuj BU uiau 'Buaiung eu uiau noòaiuoo OBU opunui
o anb '0|dujax9 jod 'BJJSOLU :oBssnos|p B mbB eoo|oo xncíjjsqo
IJaqoy anb ouajsiuj oomn o Bjsa a oeu sey\| 'Biipjaiuj a BpujB
a ioj anbjod Bppaquoosap — eppaquoosap euo^sjq BSSOU ep
opajBas JOIBLU o apisaj mbv i«sofue» sassa Lueaa uuanQ 'sajjsaj
-jai SBjaq SB JBSodsap BJBd não op soppsap «SOÍUB» SOB so|m
-jdBO sói '9|9 PS 'BJBBSUOO qoou^ ap OJAH o :nao OB «OAJA» opjz
-npuoo |o^ sa|a OLUOO :«sop|08L|uoosap sjed ap OLIÜ.J» BJB 'Bjiqjg
Bp SBOJBuiBd sapuBjB só sopo; omoo 'qoou3 'L|oou3 ap OJAH
o :opunoi op oB^uB SIBUJ o;u8iunoop o aaqos sssajodiq ssns
SB opuBjodB 'apBpiuBLunH Bp «eüpjaiui» Buo;siq Btun ap OBÓBJoq
-B|9 B mbB BÔ9LUOO xnojJBu.0 iJsqoy :a6uo| SJBLU JBA SOQJVdi
SOQ3y03S SOO OdAll O 'S8JOU8dns siBJjsaouv 9p Bjouaisixg B
JBAO-id ej9 OAjioafqo nas o s-usa-uaj oinosui op o^uaujBasuaoaj
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