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DIREITO PENAL– LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Lei n. 7.210/1984 – Lei de Execução Penal – Progressão de Regime


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LEI N. 7.210/1984 – LEI DE EXECUÇÃO PENAL –


PROGRESSÃO DE REGIME

O tema progressão de regime deve ser analisado com muito cuidado, pois passou por
mudanças em função da Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime). Assim, é preciso analisar a
data do crime, isso para saber se a nova previsão dos dispositivos é benéfica ou não ao réu.
Antes da Lei n. 13.964/2019, a progressão de regime era dada em frações. A partir da
Lei n. 13.964/2019, essa progressão passou a ser determinada em percentuais. Assim, é
possível que essas previsões em percentuais sejam melhores para o condenado, logo, retro-
agirão. Já se as novas previsões não forem mais benéficas, não irão retroagir para alcançar
pessoas condenadas antes da atualização da lei.

Sistema Progressivo de Cumprimento de Pena


Primeiramente, vale lembrar que o art. 33 do Código Penal estabelece alguns regimes de
pena: fechado, semiaberto e aberto.
A existência desses regimes se deve à finalidade reeducativa da pena. Ou seja, o preso
que começa a cumprir a sua pena no regime fechado pode, após um tempo, progredir para o
semiaberto e, posteriormente, para o aberto. É por isso que se diz que o sistema de cumpri-
mento da pena é progressivo.
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Assim, pode haver transferência do reeducando para regime menos rigoroso (mutação
de regime), desde que cumpridos os requisitos.
O incidente pode ser iniciado de ofício pelo juiz/requerimento do Ministério Público (MP)/
advogado/defensor/próprio sentenciado.

Obs.: na esfera da ampla defesa, trabalha-se essa capacidade de o próprio réu ou conde-
nado fazer pedidos sozinho. Isso existe tanto no habeas corpus quanto na fase de
execução penal.

Não é permitida a progressão por saltos (per saltum), mas é permitida a regressão por
saltos, no caso de pessoa apenada no regime aberto e que comete falta grave (vide Súmula
n. 491 do STJ).
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A decisão que determina a progressão de regime será motivada e precedida de mani-


festação do Ministério Público e defesa.
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A última etapa da execução da pena privativa de liberdade é o livramento condicional,
que não é regime de cumprimento de pena.

Obs.: o livramento condicional não deve ser confundido com a progressão de regime. O
livramento condicional é a última etapa antes que o condenado fique totalmente livre
da execução penal.

A Lei n. 13.964/1919 (Pacote Anticrime) trouxe profundas alterações no art. 112 da LEP.
Entre elas estão os oito prazos (em forma de percentuais) distintos para a progressão de
regime, que levam em conta a primariedade e a natureza do crime.

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Obs.: na prática, se o sujeito foi condenado antes da atualização da LEP, é preciso compa-
rar os prazos para a progressão de pena antes e depois da atualização. Se a condi-
ção após a atualização for melhorada, então a lei poderá retroagir para beneficiar o
condenado.

O recrudescimento somente se aplica às condenações por crimes ocorridos após a


entrada em vigor da nova lei, isto é,após 23/01/2020.

ATENÇÃO
O que se leva em consideração para a definição da lei a ser aplicada é a data do crime, e
não a data da condenação, do trânsito em julgado ou data de início da execução, em con-
formidade com o princípio da anterioridade.
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Ainda que a condenação seja posterior a 23/01/2020, se o crime é anterior, aplica-se o


regramento antigo.

Limite das Penas

CP, Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a
40 (quarenta) anos. (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40
(quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (Redação
dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova
unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.

Ou seja, o tempo máximo de cumprimento de pena e o tempo de pena do condenado são


coisas distintas. Sendo assim, se uma pessoa é condenada a cumprir 120 anos de prisão,
por exemplo, mesmo que só possa permanecer por 40 anos no sistema prisional, os benefí-
cios da LEP serão computados sobre os 120 anos e não sobre 40 anos.
Súmula n. 715 STF: a pena unificada para atender ao limite de trinta anos [atualmente, 40 anos]
de cumprimento, determinado pelo art. 75 do CP, não é considerada para a concessão de outros
benefícios como o livramento condicional ou o regime mais favorável de execução.
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Súmula n. 716 STF: admite-se a progressão de regime de cumprimento de pena ou a aplicação


imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória.

Súmula n. 717 STF: não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em senten-
ça não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

Súmula n. 534 STJ: a prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão
do regime de cumprimento de pena, o qual se inicia a partir do cometimento dessa infração.
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Vale lembrar que a falta grave também impacta a remição do preso. As hipóteses de falta
grave no cumprimento de pena estão previstas entre os arts. 50 e 52 do LEP. Quando o preso
pratica uma falta grave, sofre consequências sobre o cumprimento de sua pena. No caso da
remição, por exemplo, o preso pode perder até 1/3 do tempo que poderia remir. Já na pro-
gressão de regime acontece algo semelhante, pois o preso que cometer falta grave terá o
seu tempo de progressão interrompido e zerado, sendo a sua contagem reiniciada a partir
da data do cometimento da falta grave.

Progressão de Regime antes da Lei n. 13.964/2019


LEP, Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transfe-
rência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao
menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprova-
do pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.

Obs.: ao dispositivo acima são aplicadas as regras previstas na Lei dos Crimes Hediondos.

Requisitos para a Progressão do Regime Fechado para o Semiaberto antes da Lei


13.964/2019
Crimes comuns: cumprimento de 1/6 da pena aplicada.
Crimes hediondos ou equiparados (se cometidos após a Lei n.
Requisito OBJETIVO 11.464/2007):
• Cumprimento de 2/5 da pena, se primário.
• Cumprimento de 3/5 da pena, se reincidente.
Requisito SUBJETIVO Bom comportamento carcerário durante a execução (mérito).
Oitiva prévia do MP e do defensor do apenado (§ 1º do art. 112 da
Requisito FORMAL
LEP, redação anterior).

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Requisitos para a Progressão de Regime após o Pacote Anticrime


LEP, Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transfe-
rência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao
menos: (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
I – 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
II – 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência
à pessoa ou grave ameaça;
III – 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido
com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV – 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência
à pessoa ou grave ameaça;
V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo
ou equiparado, se for primário;
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário,
vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada
para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
II – 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo
ou equiparado;
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equi-
parado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
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�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Lorena Alves Ocampos.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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