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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE LETRAS

DISCIPLINA: Língua Portuguesa II - Leitura e Produção do Texto Argumentativo (2017.2)


DOCENTE: Profa. Dra. Célia Maria de Medeiros
ALUNO (A):Henrique Alberto Mendes DATA:25/08/2017

Valor desta avaliação: 3,0 Nota atribuída a(o) aluno(a):________

Produção textual do gênero “Carta aberta”

- Leia atentamente a notícia abaixo e, em seguida, faça o que se pede.

Governador do RN diz que imprensa é responsável por 'sensação de


insegurança'; Sindjorn reprova declaração
Governador falou sobre assunto em entrevista a uma rádio. Para Sindicato dos
Jornalistas, declaração é 'equivocada' e 'quer mascarar realidade vista nas ruas'.

Por G1 RN
09/08/2017 13h26  Atualizado 09/08/2017 15h41

O sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte (Sindjorn) emitiu uma nota nesta
quarta-feira (9) reprovando a declaração do governador Robinson Faria (PSD) sobre a
responsabilidade da imprensa pela sensação de insegurança dos potiguares.
Em entrevista à rádio 96 FM, na noite desta terça-feira (8), o governador afirmou que grande
parte da sensação de insegurança da população acontecia por causa do 'sensacionalismo' da
imprensa local. "A mídia gosta dessas notícias. Por isso há uma sensação de insegurança muito
grande", afirmou o governador.
Na nota, o sindicato afirmou que a declaração desrespeita toda a classe, 'além de querer
mascarar uma realidade vista nas ruas do Estado e confirmada através de dados de pesquisas e
instituições'.
"Num estado onde o número de assassinatos já se aproxima dos 1.500 só em 2017 e que
facções impõem medo em diversas partes do Estado, não cabe à imprensa resolver este
problema", diz a nota. "À imprensa cabe noticiar os fatos e não omitir informações e dados
públicos à sociedade", acrescenta o texto.
O sindicato ainda lembrou que o tio da primeira-dama Julianne Faria, um médico com 87 anos,
foi baleado em um assalto a farmácia poucas horas após a declaração do governador. "Precisa
dizer algo mais?", questiona. O sindicato também se solidarizou com as famílias das vítimas de
crimes no estado.
No início da tarde desta quarta (9), o governo emitiu nota afirmando que "a imprensa uma das
grandes parceiras para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte" e que "ao comentar a
cobertura da imprensa na área de segurança, o governador demonstra preocupação com a
disseminação da sensação de medo à população, desproporcional à realidade, que já é
duríssima".- A nota ressalta ainda que "o combate à violência é responsabilidade do governo,
que tem assumido com coragem, postura de acompanhamento e cobrança permanentes e
disposição de vencer essa guerra, reflexo de uma problemática que aflige todo o país".

Disponível em:<http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/governador-do-rn-diz-que-imprensa-e-
responsavel-por-sensacao-de-inseguranca-sindjorn-reprova-declaracao.ghtml>. cesso em: 18 ago. 2017.

- Como você sabe, é direito de todo cidadão manifestar-se publicamente para expor seu
posicionamento sobre qualquer tema, situação ou ato que o afete; denunciar problemas e, além
disso, reivindicar, das autoridades competentes, as respectivas soluções. Uma das maneiras de
exercer-se esse direito é redigir uma carta aberta.

- Escreva, portanto, uma carta aberta dirigida ao governador do estado do Rio Grande do Norte
com o propósito de manifestar o seu posicionamento acerca da nota emitida pelo sindicato dos
Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte (Sindjorn) e problematizar a insegurança que atinge nosso
estado.

- Para a escrita da carta aberta, atente para a estrutura composicional solicitada:


 Título
 Saudação
 Introdução (identificação do fato/problema que obrigou o locutor a se manifestar sobre ele)
 Desenvolvimento (denúncia do problema / tentativa de conscientização do interlocutor /
Construção de argumentos e estratégias)
 Conclusão (proposta ou reivindicação de soluções / Sugestão da solução desejada para o
problema)
 Despedida
 Assinatura e local
Carta Aberta ao Governador Robinson Faria

Se Vossa Excelência permitir a este reles estudante de jornalismo dizer algo concernente ao
episódio das declarações dadas tanto por Sua Excelência, o Governador, quanto pelo Sindicato dos
Jornalistas (Sindjorn) em relação a violência que assola o estado do Rio Grande do Norte, ouso
dizer que ambas as partes desnudam mais uma vertente preocupante problema do que elucidam um
caminho rumo à solução da questão, que é, sem nenhuma sombra metafórica, de vida ou morte.
De quem é a responsabilidade pelo combate a violência? É a pergunta que emerge do
embate entre a imprensa e o governo. Ninguém, de fato, tem que proteger o cidadão comum de ser
baleado num assalto enquanto compra um remédio na farmácia ou de ter o salário saqueado na saída
do banco senão o poder público estadual por meio de suas forças policiais. E nisso Vossa
Excelência falhou miseravelmente: os números mostram que os investimentos na Polícia Civil
correspondem a 1,10% da previsão orçamentária em 2017. Quantos dos mil e quinhentos
assassinatos ocorridos aqui permanecerão sob circunstâncias desconhecidas por isso?
Mas nem só com polícia se combate ao crime, Senhor Governador. A criminalidade se
combate também com cultura, com educação, com melhoria dos serviços públicos, com geração de
emprego, com um olhar diferente em torno das periferias e oportunizando sonhos para uma
juventude marginalizada que, na criminalidade, encontra a alternativa mais fácil de sobrevivência.
Quando o estado só chega na forma de repressão para as camadas mais pobres, negando a ela o
acesso aos bens coletivos e qualidade de vida, deixou de cumprir com a sua função e as regras
fatalmente serão postas à prova. Eis o diagnóstico mais simplório que se possa fazer, sem nenhuma
pretensão.
A Educação no estado clama por atenção do poder público. Faltam professores nas escolas
de rede pública e os níveis de evasão escolar atingem o calamitoso número apresentado pelo último
Censo Escolar de 13% dos alunos no ensino médio. Para onde estão indo os nossos jovens que
abandonam a escola e se sequer estão no mercado de trabalho, que, em meio à crise, já deixa de
arrebanhar 18% da população, eles terão a chance de entrar? E os que por milagre ainda continuam
matriculados o que fazem ao chegar lá e não encontrarem professor para ensinar ou a escola vazia
por ter sido saqueada na noite anterior? Ou os que sequer tem merenda, como denunciou o
Sindicato dos Professores em março que ao menos 50 escolas de Natal e de diversos municípios do
interior estavam sem alimentação para os alunos
São questões que se desdobram daquela que o Sindjorn lançou lhe em nota e a qual Vossa
Excelência se limitou a responder demagogicamente.
E de quanto poderemos falar em investimentos em ações culturais, em projetos que
viabilizam o teatro, a música, a literatura e a arte neste governo? A realidade de quem vive aqui e
não pode pagar pelo ingresso no Teatro Riachuelo ou no Arena das Dunas é a do completo
isolamento da mais mínima vida cultural. Sem emprego, sem escola, sem acesso aos bens culturais,
estigmatizados pela pobreza e presas fáceis para o crime, que não se pode nem dizer que é uma
escolha se não há alternativa.
Assim como as flores dos seus cerimoniais, políticas públicas só acontecem com dinheiro,
Senhor Governador, não há como fugir de investimentos, assim como não posso fugir dos impostos
Então não se trata tão somente de uma sensação de pânico social causada pelo teor com que
a imprensa noticia a violência dia-a-dia. Trata-se de uma situação real verificada da pior forma no
cotidiano assustadoramente sangrento em que vivem os potiguares.
Não que não exista nesse contexto uma imprensa que não obsta em espetacularizar essa
violência, sobretudo na televisão. Programas sensacionalistas proliferam na programação local das
emissoras, se estendem por horas a fio no ar e, ao vivo, contam com âncoras cuja abordagem dos
casos noticiados é frequentemente preconceituosa e maniqueísta, contribuindo, sim, não só para a
instalação de um sentimento de medo, mas também de divisão social em que o outro é sempre um
potencial bandido e, portanto, um inimigo.
Essa é uma questão social altamente preocupante e que os jornalistas enquanto categoria
precisam discutir também.
Assim, entre declarações infelizes e análises menos aprofundadas do que pede a situação, há
muitos mortos e feridos.
De modo que todo o corpo da sociedade precisa se unir em torno de um debate menos
focado na consequência - que é alarmante e demanda polícia com ações que protejam o cidadão ao
invés de promover uma guerra – e mais focado nas causas desse mal que tem raízes numa
desigualdade não superada, quer pela equidade de distribuição de renda, quer pelo acesso igualitário
aos bens da cultura.
Crítico da Garoa

PARABÉNS!!! Sua carta atinge o mais alto nível de convencimento e persuasão!!!


Sua escrita é maravilhosa!

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