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Introdução:
Os autores que subsidiarão a análise são Durkheim e Merton para analisar o contexto
caótico em que a sociedade se viu envolvida na obra de Saramago. Tendo ênfase nas
passagens em que os personagens ouvem e conversam sobre o rádio usaremos as
proposições de Ranciére e Habermas sobre partilha do sensível, dissensos, instauração
de senso-comum, entre outros conceitos que estes autores trazem e que acreditamos ter
consonância com as figuras que a narrativa saramaguiana evoca na construção de seu
romance
*****
No entanto, a força da epidemia não diminui com as ações do governo, pelo contrário a
epidemia continua a se alastrar e com isso as condições provisórias do isolamento
transforma-o num universo dramaticamente caótico em que a desorganização
generalizada dá espaço ao perigo de vida. É o que a teoria social com Durkheim (0000.
P.00) e Merton e chamaria de estado de anomia. Para estes sociólogos
Mas é então que entra em cena um outro elemento sob o qual Saramago pode ter
desenvolvido o encadeamento de suas personagens e que encontra eco nas discussões
sobre
em Ensaio sobre a Cegueira, o rádio, que o cego da venda preta consegue levar para
dentro do manicômio onde ficaram segregados os primeiros acometidos da cegueira
branca por ordem dos governantes que posteriormente também seriam acometidos do
mesmo mal, aparece como único elo dos cegos com o real que se desfaz rapidamente
tanto pelo fato de o aparelho ser a pilha quanto porque os locutores ficaram todos eles
também cegos;
[...] perguntar quem é que conhece aqui histórias que queira contar ao
serão, histórias, fábulas, anedotas, tanto faz, imagine-se a sorte que seria
saber alguém a Bíblia de cor, repetíamos tudo desde a criação do
mundo, o importante é que nos ouçamos uns aos outros, pena não haver
um rádio, a música sempre foi uma grande distração, e í amo s
acompanhando as notícias, por exemplo, se se descobrisse a cura da
nossa doença, a alegria que não seria aqui. (SARAMAGO, 2004, p.109)
A relação entre política e estética vem sendo discutida por Jacques Rancière desde a
publicação de La Mésentente (1995, 2000, p.5-6), em que destaca o desentendimento, e
não o entendimento, como característica essencial de uma base estética da política. Para
Rancière, essa dimensão está na possibilidade de uma constante reconfiguração das
relações entre fazer, dizer e ver que circunscrevem o “ser em comum”. Ele afirma que o
que constitui a base estética da política são as “lutas para transpor a barreira entre
linguagens e mundos, na reivindicação de acesso à linguagem comum e ao discurso na
comunidade, provocando uma ruptura das leis naturais de gravitação dos corpos
sociais”.
REFERENCIAS: