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Aula 04

Direito Penal p/ TRE-SP (Analista Judiciário - Área Administrativa)

Professor: Renan Araujo

30482603828 - Michel Souza Araujo da Silva


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AULA 04: CONCURSO DE PESSOAS !

SUMÁRIO
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1. CONCURSO DE PESSOAS .............................................................................. 2
1.1. Conceito, natureza e características ......................................................... 2
1.2. Requisitos ................................................................................................ 3
1.3. Modalidades ............................................................................................. 8
1.3.1. Coautoria ................................................................................................ 8
1.3.2. Participação ........................................................................................... 12
1.4. Comunicabilidade das circunstâncias ..................................................... 15
1.4.1. Espécies de elementares e de circunstâncias .............................................. 15
1.4.2. Cooperação dolosamente distinta ............................................................. 17
2. RESUMO .................................................................................................... 19
3. EXERCÍCIOS DA AULA ............................................................................... 22
4. EXERCÍCIOS COMENTADOS ....................................................................... 29
5. GABARITO ................................................................................................. 44
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Olá, meus amigos!

Hoje é dia de estudarmos um instituto que costuma ser bastante


cobrado em provas de concursos públicos: concurso de pessoas.

Portanto, muita atenção, pois há várias teorias doutrinárias que


podem cair na prova. Temos muitas questões interessantes!
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Bons estudos!

Prof. Renan Araujo

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1.! CONCURSO DE PESSOAS !

1.1.! Conceito, natureza e características


O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração
de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou
contravenção penal.
O concurso de pessoas é regulado pelos arts. 29 a 31 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a
ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Mas como compreender a natureza jurídico-penal de uma


conduta criminosa praticada por diversas pessoas? Três teorias
surgiram:
•! Pluralista (ou pluralística) - Para esta teoria cada pessoa
responderia por um crime próprio, existindo tantos crimes
quantos forem os participantes da conduta delituosa, já que a
cada um corresponde uma conduta própria, um elemento
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psicológico próprio e um resultado igualmente particular1.


•! Dualista (ou dualística) – Segundo esta teoria, há um crime
para os autores, que realizam a conduta típica emoldurada no
ordenamento positivo, e outro crime para os partícipes, que
desenvolvem uma atividade secundária.
•! Monista (ou monística ou unitária) – A codelinquência
(concurso de agentes) deve ser entendida, para esta teoria,
como CRIME ÚNICO, devendo todos responderem pelo
mesmo crime. É a adotada pelo CP. Isso não significa que
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral. Ed. Saraiva, São Paulo, 2015,
p. 548

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todos que respondem pelo delito terão a mesma pena. A pena !
de cada um irá corresponder à valoração de cada uma das
condutas (cada um responde “na medida de sua culpabilidade).
Em razão desta diferenciação na pena de cada um dos
infratores, diz-se que o CP adotou uma espécie de teoria
monista temperada (ou mitigada).

O concurso de pessoas pode ser, basicamente, de duas espécies:


•! EVENTUAL – Neste caso, o tipo penal não exige que o fato seja
praticado por mais de uma pessoa. Isso não impede, contudo,
que eventual ele venha a ser praticado por mais de uma pessoa
(Ex.: Furto, roubo, homicídio).
•! NECESSÁRIO – Nesta hipótese o tipo penal exige que a
conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-se em:
a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): Aqui os
agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma
finalidade criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP);
b) condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de
encontro): Nesta modalidade os agentes praticam condutas
que se encontram e produzem, juntas, o resultado pretendido
(ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso os
agentes praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de
rixa)

1.2.! Requisitos
Mas quais são os requisitos para que se possa falar em
concurso de pessoas? Cinco são os requisitos para que seja caracterizado
o concurso de pessoas:
•! Pluralidade de agentes – Para que possamos falar em
concurso de pessoas, é necessário que tenhamos mais de uma
pessoa a colaborar para o ato criminoso. É necessário que
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sejam agentes culpáveis? A doutrina se divide, mas


prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem
ter discernimento, de maneira que a ausência de culpabilidade
por doença mental, por exemplo, afastaria o concurso de
agentes, devendo ser reconhecida a autoria mediata. Assim, se
uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos
(penalmente imputável) determina a um doente mental (sem
qualquer discernimento) que realize um homicídio, não há
concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do
crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem
vontade como mero instrumento2 para praticar o crime.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
2
WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956, p. 106

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Não há concurso, pois um dos agentes não era culpável. Essa !
regra só se aplica aos crimes unissubjetivos (aqueles em
que basta um agente para sua caracterização). Nos crimes
plurissubjetivos (aqueles em que necessariamente deve
haver mais de um agente, como no crime de associação
criminosa, por exemplo – art. 288 do CP), se um dos
colaboradores não é culpável por qualquer razão, mesmo
assim permanece o crime. Nos crimes eventualmente
plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo, que
eventualmente pode ser um crime qualificado pelo concurso de
pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo) também não
é necessário que todos os agentes sejam culpáveis,
bastando que apenas um o seja para que reste
configurado o delito em sua forma qualificada. Nessas
duas últimas hipóteses, no entanto, não há propriamente
concurso de pessoas, mas o que a Doutrina chama de
concurso impróprio, ou concurso aparente de pessoas.
Contudo, essa ressalva só se aplica ao caso de concurso entre
culpável e “não culpável que possui discernimento”. Assim, se
o agente culpável se vale de alguém sem culpabilidade como
mero instrumento, sem que ele possua qualquer discernimento,
teremos sempre autoria mediata. No caso do concurso entre
um agente culpável e um menor de 17 anos, por exemplo (não
culpável por inimputabilidade), pode ser reconhecido o
concurso de pessoas (concurso aparente), já que o menor
possuía vontade e esta vontade convergia com a do imputável,
não tendo sido utilizado como mero instrumento.
•! Relevância causal da colaboração – A participação do
agente deve ser relevante para a produção do resultado, de
forma que a colaboração que em nada contribui para o
resultado é um indiferente penal. Além disso, a colaboração
deve ser prévia ou concomitante à execução, ou seja,
anterior à consumação do delito. Se a colaboração for posterior
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à consumação do delito, como o fato já ocorreu, não há


concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro crime
(favorecimento real, receptação, etc.). Porém, se a
colaboração for posterior à consumação, mas combinada
previamente, há concurso de pessoas. Ex: Imagine que
Poliana decide matar seus pais, e combina com seu namorado
para que ele esteja às 20h em ponto na porta de sua casa para
lhe ajudar na fuga. Assim, a conduta do namorado (auxiliar na
fuga) é posterior à consumação, mas fora combinada
anteriormente, havendo, portanto, concurso de pessoas.
Diversa seria a hipótese, no entanto, se o namorado tivesse ido
à casa da namorada sem saber que deveria lhe ajudar na fuga.
Lá chegando, a namorada conta o ocorrido e ele, a partir daí,

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concorda em auxiliá-la na fuga. Nessa hipótese, o namorado !
comete o crime de favorecimento pessoal (nos termos do art.
348 do CP). Cuidado com isso!
•! Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) – Também é
conhecido como concurso de vontades. Assim, para que haja
concurso de pessoas, é necessário que a colaboração dos
agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo menos tenha
havido adesão de um à conduta do outro. Deste modo, a
colaboração meramente causal, sem que tenha havido
combinação entre os agentes, não caracteriza o concurso de
pessoas. Trata-se do princípio da convergência. Caso haja
colaboração dos agentes para a conduta criminosa, mas sem
vínculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria
colateral, e não da coautoria.
•! Unidade de crime (ou contravenção) para todos os
agentes (identidade de infração penal) – Nos termos do
art. 29 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Daí
podemos perceber que se 20 pessoas colaboram para a prática
de um delito (homicídio, por exemplo), todas elas respondem
pelo homicídio, independentemente da conduta que tenham
praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu o
veículo da fuga, outro atraiu a vítima, etc.). As condutas dos
agentes, portanto, devem constituir algo juridicamente
unitário3.
•! Existência de fato punível – Trata-se do princípio da
exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos
agentes seja punível, o que de um modo geral exige pelo menos
que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime
tentado. Para a caracterização do crime tentado, é necessário
que seja dado início à execução do crime. Se o fato ficar
meramente no plano abstrato, no plano da cogitação, não há
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fato punível, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31 do CP


determina, ainda, de modo específico para a hipótese de
concurso de pessoas, que a colaboração só é punível se o
crime for, ao menos, tentado: Art. 31 - O ajuste, a determinação
ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).

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3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 553

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CUIDADO! Na autoria mediata, não basta que o executor seja um
inimputável, ele deve ser um verdadeiro INSTRUMENTO do
mandante, ou seja, ele não deve ter qualquer discernimento no caso
concreto.
Ex.: José e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de
matar Maria. José arma o plano e entrega a arma a Pedro, que a executa.
Neste caso, Pedro é inimputável por ser menor de 18 anos, mas possui
discernimento, não se pode dizer que foi um mero “instrumento” de José.
Assim, aqui não teremos autoria mediata, mas concurso aparente
de pessoas.
Ex.2: José, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem
nenhum discernimento) uma arma e diz para ele atirar em Maria, que
vem a óbito. Neste caso há autoria mediata, pois Mauro (o
inimputável) foi mero instrumento nas mãos de José.
Mas esta é a única hipótese de autoria mediata? A resposta é
negativa. A melhor Doutrina divide a autoria mediata em três hipóteses,
basicamente4:
1 – Autoria mediata por erro do executor – Neste caso, aquele que
pratica a conduta foi induzido a erro pelo mandante (erro de tipo ou erro
de proibição). Ex.: Médico que entrega à enfermeira uma injeção
contendo determinada substância tóxica, e determina que esta aplique
no paciente, alegando que se trata de morfina, para aliviar a dor5. A
enfermeira, aqui, não atua dolosamente (do ponto de vista “finalístico”),
pois apesar de dar causa à morte do paciente (causalidade física, pois foi
ela quem injetou a substância), não dirigiu sua conduta a este resultado.
O domínio do fato pertencia ao médico, o real infrator.
2 – Autoria mediata por coação do executor – Aqui o infrator coage
uma terceira pessoa a praticar um delito. Em se tratando de coação
MORAL irresistível, teremos um agente não culpável (a coação moral
irresistível afasta a culpabilidade). Desta forma, aquele que executa o faz
em situação de não culpabilidade. A culpabilidade recai apenas sobre o
coator, não sobre o coagido. Ex.: Médico que determina à enfermeira que
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aplique sobre o paciente uma dose cavalar de veneno. O médico, porém,


não esconde da enfermeira que se trata de veneno, ao contrário deixa
isso bem claro. Porém, diz à enfermeira que se ela não fizer o que foi
determinado, irá matar sua filha. Vejam que, neste caso, a enfermeira
sabe que está injetando o veneno, de forma que age dolosamente, mas
ainda assim sem culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa.
3 – Autoria mediata por inimputabilidade do agente – Nesta
hipótese o infrator se vale de uma pessoa inimputável para a prática do
delito. A inimputabilidade, aqui, pressupõe que o executor (inimputável)

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560
5
O exemplo é de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106)

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não tenha discernimento necessário . Caso o executor, mesmo!
inimputável, possua discernimento, não haverá autoria mediata. Ex.:
José, 20 anos, organiza um plano para furtar uma loja de eletrônicos, e
combina com Marcelo, de 17, a execução do plano. Neste caso, não há
autoria mediata, pois Marcelo, a despeito de sua inimputabilidade legal,
tem discernimento para não ser considerado como “objeto”. Por outro
lado, no mesmo exemplo, imaginemos que Marcelo tenha 30 anos, mas
seja absolutamente incapaz de entender o que se passa (doente mental
completo). Neste caso, a inimputabilidade de Marcelo afasta o
reconhecimento do concurso de pessoas com José, que responderá como
autor mediato do crime.

É cabível autoria mediata nos crimes próprios e de mão


própria? Em relação aos crimes próprios se admite a autoria mediata,
desde que o autor MEDIATO reúna as condições especiais exigidas
pelo tipo penal.
EXEMPLO: Paulo, servidor público, coage moralmente Maria (coação
irresistível), obrigando-a a subtrair 10 notebooks da repartição em que
ele, Paulo, exerce suas funções. Paulo, para a execução do delito, se
valeu de sua função para facilitar a subtração. Neste caso, Paulo poderá
responder por peculato-furto na qualidade de autor mediato.

Mas, e se Maria é quem fosse a servidora e Paulo fosse um


particular? Poderia haver autoria mediata? Não, neste caso não
poderíamos falar em autoria mediata.
Contudo, se não há autoria mediata e não há concurso de
pessoas (pois não há concurso de pessoas entre coator e coagido),
Paulo ficará impune? Não, a Doutrina desenvolveu, para tais casos, a
figura da AUTORIA POR DETERMINAÇÃO. Consiste, basicamente, em
punir aquele que, embora não sendo autor nem partícipe, exerce sobre a
conduta domínio EQUIPARADO à figura da autoria.7
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Não se pode considerar o agente como autor por não reunir os


elementos necessários para tanto. Também não se pode considera-lo como
partícipe, eis que a participação pressupõe o crime praticado por outro
autor (e não há). Ele será punido, portanto, por ser o autor da
determinação para a conduta (ter sido o responsável por sua
ocorrência).

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
6
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108
7
PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT.
São Paulo, 2008, p. 580/581

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Em relação aos crimes de mão própria, contudo, não se admite !a
figura da autoria mediata, eis que o crime não pode ser realizado por
interposta pessoa (Ex.: A testemunha, no crime de falso testemunho, não
pode coagir alguém a depor em seu lugar, prestando testemunho falso).
Neste caso, porém, exemplificativamente, se a testemunha for coagida
por terceira pessoa, esta terceira pessoa poderá ser considerada AUTOR
por determinação, conforme explicado anteriormente.
1.3.! Modalidades

1.3.1.! Coautoria
Para entendermos o fenômeno da coautoria, devemos,
primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito.
Várias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir o conceito
de AUTOR.
O conceito extensivo de autor não diferencia autor e partícipe,
considerando que todos aqueles que concorrem para o crime são autores
do delito. Esse conceito é baseado numa premissa “causal-naturalista” de
que todo aquele que dá causa ao delito (por qualquer forma), deve ser
considerado autor do crime.
Contudo, como pelo conceito extensivo de autor não era possível
definir quem era autor e quem era partícipe, surgiu a teoria subjetiva da
participação, que considerava como autor aquele que pratica o fato como
próprio, que quer o crime “como próprio”, como seu, e partícipe aquele que
quer o fato como alheio, pratica uma conduta acessória ao “crime de outra
pessoa”.8 Isso era fundamental para a fixação da pena de cada um, já que
aos autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais severas.
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que soluções,
surgiu o conceito restritivo de autor9. Para esta teoria restritiva10, autor
e partícipe não se confundem. Autor será aquele que praticar a conduta
descrita no núcleo do tipo penal (subtrair, matar, roubar, etc.). Todos os
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demais, que de alguma forma prestarem colaboração (material ou moral),


serão considerados partícipes. Esta foi a teoria adotada pelo CP.
Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe,
precisamos saber qual é o critério para se diferenciar um do outro.
Três teorias surgiram.
A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor é
quem realiza a conduta prevista no núcleo do tipo, sendo partícipes todos
os outros que colaboraram para isso, mas não realizaram a conduta
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
8
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 555
9
PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT.
São Paulo, 2008, p. 572.
10
Também chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva.

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descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de !
homicídio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a
conduta de “matar” alguém. Todos os outros colaboradores seriam
partícipes. O grande problema desta teoria é considerar o autor intelectual
(mandante) como partícipe, e não como autor. Mais que isso: Essa teoria
não explica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém se vale de um
inimputável para cometer um crime).
A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor é
quem colabora com participação de maior importância para o crime, e
partícipe é quem colabora com participação reduzida, independentemente
de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que descreve a conduta criminosa
– matar, subtrair, etc.).
A terceira e última teoria, a teoria do domínio do fato, criada pelo
pai do finalismo, Hans Welzel11, e posteriormente desenvolvida por Claus
Roxin, defende que autor é todo aquele que possui o domínio da
conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista
no núcleo do tipo) ou não12. Para esta teoria, o autor seria aquele que
decide o trâmite do crime, sua prática ou não, etc. Essa teoria explica,
satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo sem
praticar o núcleo do tipo (“matar alguém”), possui o domínio do fato, pois
tem o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa.
Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para a
prática do delito13, embora não tenha poder de direção sobre a conduta
delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas a não a conduta
criminosa em si, pois esta não lhe pertence.

A teoria do domínio do fato tem por finalidade estabelecer uma


diferenciação entre autor e partícipe a partir da noção de “controle da
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situação”. Aquele que, mesmo não executando a conduta descrita no


núcleo do tipo, possui todo o controle da situação, inclusive com a
possibilidade de intervir a qualquer momento para fazer cessar a conduta,
deve ser considerado autor, e não partícipe.
O controle (ou domínio) da situação pode se dar mediante14:

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
11
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 105
12
MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoría general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogotá, 1999, p. 155-
156
13
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p.117-119
14
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 557-558

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1 - Domínio da ação - O agente realiza diretamente a conduta!
prevista no tipo penal
2 - Domínio da vontade - O agente não realiza a conduta
diretamente, mas é o "senhor do crime", controlando a vontade do
executor, que é um mero instrumento do delito (hipótese de autoria
mediata).
3 - Domínio funcional do fato - O agente desempenha uma
função essencial e indispensável ao sucesso da empreitada criminosa,
que é dividida entre os comparsas, cabendo a cada um uma parcela
significativa, essencial e imprescindível.
Em todos estes casos, o agente será considerado autor do delito.

A teoria do domínio do fato, porém, não se aplica aos crimes


culposos, pois neste não há domínio final do fato, pois o fato final
(resultado) não é buscado pelos agentes, que pretendiam outro
resultado15.
A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal,
considerando autor aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do tipo,
já que denota sua “vontade de autor” (animus auctoris), em contraposição
à “vontade de colaboração” do partícipe (animus socii). Entretanto,
considera-se adotada a teoria do domínio do fato para os crimes em
que há autoria mediata, autoria intelectual, etc., de forma a
complementar a teoria adotada.
Esta é, portanto, a posição doutrinária a respeito da posição do CP
sobre a diferença entre autor e partícipe.
Desta maneira, após entendermos quem seria considerado autor do
delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espécie de concurso
de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita no
núcleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas
entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas
praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo do art. 157, § 2°, I e II do
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CP (subtrair para si ou para outrem, mediante violência ou grave


ameaça...). Logo, todas são coautoras do delito.
No mesmo exemplo, o motorista que fica do lado de fora (o “piloto
de fuga”) é considerado partícipe, pois embora concorra para a prática do
delito, não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Contudo,
para a teoria do domínio do fato o motorista é autor, pois detém o controle
funcional do fato (divisão de tarefas).
Por outro lado, José, que apenas emprestou o carro para o roubo,
não podendo influenciar, de alguma forma, no desfecho posterior do delito
(uma vez esgotada sua participação), é considerado partícipe.
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15
Idem, p. 558

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A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que é aquela na qual !
a conduta dos agentes são diversas e se somam, de forma a produzir o
resultado. Assim, se Ricardo segura a vítima para que Poliana a espanque,
ambos são coautores do crime de lesão corporal, mediante coautoria
funcional.
Porém, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que é a
hipótese em que ambos os coautores realizam a mesma conduta. Assim,
no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a vítima, ambos
seriam coautores mediante coautoria material.
No quadro abaixo vou mostrar para vocês algumas hipóteses
polêmicas de aplicação do instituto da coautoria:

!! Admite-se a coautoria nos crimes próprios, desde que ambos


os agentes possuam a qualidade exigida pela lei, ou que, aqueles
que não a possuem, ao menos tenham ciência de que o outro
agente age nessa qualidade.
!! Não se admite a coautoria nos crimes de mão-própria, pois
são considerados de conduta infungível, só podendo ser praticados
pelo sujeito especificamente descrito pela lei.
!! A Doutrina se divide quanto à possibilidade de coautoria em
crimes omissivos, da seguinte forma:
1 – Parte entende que NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE
COAUTORIA OU PARTICIPAÇÃO (Concurso de agentes),
pois TODAS AS PESSOAS PRATICAM O NÚCLEO DO TIPO,
DE MANEIRA AUTÔNOMA;
2 – Outra parte da Doutrina entende poderia haver
concurso de pessoas, na modalidade de coautoria, mas
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é minoritário;
3 – A Doutrina ligeiramente majoritária entende que é
possível PARTICIPAÇÃO, mas NÃO COAUTORIA.

!! Na autoria mediata não há concurso de pessoas entre autor


mediato autor imediato, respondendo apenas o autor mediato, que
se valeu de alguém sem culpabilidade para a execução do delito.
!! Entretanto, é possível coautoria e também participação na autoria
mediata, desde que haja colaboração entre os agentes
mediatos. NUNCA HAVERÁ CONCURSO DE PESSOAS ENTRE
AUTOR MEDIATO E AUTOR IMEDIATO.

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!! CUIDADO! Na coação física irresistível, não há autoria mediata,!
mas autoria direta, pois o agente que realiza a ação não possui
conduta, já que não há vontade. Nesse caso, aquele que pratica a
coação física irresistível é autor direto, não mediato;
!! Admite-se a autoria mediata nos crimes próprios, mas não nos
crimes de mão própria (há alguns doutrinadores que entendem ser
possível).

1.3.2.! Participação
Conforme estudamos, no Brasil adotou-se o conceito restritivo
de autor, distinguindo-se autor e partícipe. Adotou-se, ainda, a teoria
objetivo-formal, de forma que podemos definir a participação como a
modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora para a
prática delituosa, mas não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo
penal.
A participação pode ser:
•! Moral – É aquela na qual o agente não ajuda materialmente na
prática do crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o
crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no psicológico
do autor do crime, reforçando a ideia criminosa, que já existe
na mente deste. O induzimento, por sua vez, ocorre quando o
partícipe faz surgir a vontade criminosa na mente do autor, que
não tinha pensado no delito;
•! Material – A participação material é aquela na qual o partícipe
presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prática
do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. É também
chamada de cumplicidade. Este auxílio não pode ser
prestado após a consumação, salvo se o auxílio foi previamente
ajustado.

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Já que o partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do


tipo penal, como puni-lo?
A punibilidade do partícipe não pode ser realizada diretamente pela
descrição do fato típico. De fato, aquele que empresta uma arma para que
alguém mate outra pessoa, não poderia responder por homicídio, pois o
art. 121 do CP diz: “matar alguém”. Aquele que empresta a arma não está
“matando”, por isso se diz que não há, aqui, adequação típica imediata.
Contudo, a punibilidade do partícipe é possível porque há normas de
extensão da adequação típica (no caso, o art. 29 do CP), que permitem a
extensão do raio de aplicação do tipo penal para aqueles que, de alguma
forma, tenham contribuído para o delito. Trata-se da chamada adequação
típica mediata.

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Como a conduta do partícipe é considerada acessória em relação !à
conduta do autor (que é principal), o partícipe é punido em razão da teoria
da acessoriedade16. Porém, existem quatro teorias da acessoriedade:
•! Teoria da acessoriedade mínima – Entende que a conduta
principal deva ser um fato típico, não importando se é ou não
um fato ilícito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e João
combinam de matar Paulo. Na data combinada para a
execução, Marcio guia o carro até o local e fica esperando do
lado de fora. João se dirige até Paulo e, após uma discussão,
Paulo começa a agredir João, que na verdade mata Paulo em
legítima defesa. João matou Paulo em legítima defesa e não
em razão do ajuste com Marcio (não tendo praticado fato ilícito,
mas apenas típico), mas por esta teoria, mesmo assim Marcio
responderia como partícipe do crime. Veja que João, de fato,
matou Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João agiu em
legítima defesa. Porém, para esta teoria, ainda que a conduta
de João seja considerada apenas típica, mas não ilícita, Marcio
deveria ser punido. O pior de tudo é que, neste caso, Márcio,
que não praticou a conduta seria punido, mas João seria
absolvido pela legítima defesa.
•! Teoria da acessoriedade limitada – Exige que o fato
praticado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta
típica e ilícita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do
partícipe Marcio não é punível, pois a conduta principal, apesar
de típica, não é ilícita. Veja que, para esta corrente
Doutrinária, se o fato praticado pelo autor NÃO FOR
ILÍCITO (Ainda que seja um fato típico), em razão de
legítima defesa, etc., o partícipe não deve ser punido;
•! Teoria da acessoriedade máxima – Para esta teoria, o
partícipe só será punido se o fato for típico, ilícito e praticado
por agente culpável. Essa teoria faz exigência irrazoável, pois
a culpabilidade é uma questão pessoal do agente, não
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guardando relação com o fato. Assim, imagine que Carlos,


maior de idade, seja partícipe de um roubo praticado por Lucas,
menor de idade. Para esta corrente, Carlos não poderia
responder pelo roubo praticado (na qualidade de
partícipe), pois Lucas (o autor principal) é inimputável
(não tem culpabilidade), sendo o fato apenas típico e
ilícito, sem o complemento da culpabilidade.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
16
A teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS da punibilidade do
partícipe, que é a TEORIA DO FAVORECIMENTO (ou da CAUSAÇÃO), que diz que o partícipe deve
ser punido por ter coloborado para que o delito fosse realizado. Em contraposição a esta, havia a
teoria da participação na culpabilidade, que defendia que o partícipe deveria ser punido apenas por
exercer “influência negativa” sobre o autor. Esta última foi abandonada pela Doutrina há algumas
décadas.

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•! Teoria da hiperacessoriedade – Exige que, além de o fato !
ser típico e ilícito e o agente culpável, o autor tenha sido
efetivamente punido para que o partícipe responda pelo crime.
É ainda mais irrazoável que a última. Imagine que José seja
partícipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer do
processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extinção da
punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta
corrente, como houve extinção da punibilidade em
relação a Marcelo (o autor do delito), o partícipe (José)
não poderá mais ser punido.

O Nosso CP não adotou expressamente nenhuma das quatro


teorias, mas com certeza não adotou a teoria da acessoriedade mínima
nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas).
A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao nosso
sistema é a teoria da acessoriedade limitada17, exigindo que o fato
seja somente típico e ilícito para que o partícipe responda pelo crime.
Questões interessantes acerca da participação:

!! A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é de


menor importância (art. 29, § 1° do CP). Isto não se aplica às
hipóteses de coautoria, mas apenas à participação;
!! A Doutrina admite a participação nos crimes comissivos por
omissão, quando o partícipe devia e podia evitar o resultado (art.
13, § 2° do CP).
!! A participação inócua não se pune. Assim, se A empresta uma
faca a B, de forma a auxiliá-lo a matar C, e B mata C usando seu
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revólver, a participação de A foi absolutamente inócua, pois em


nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a matar
C, e B realiza a conduta porque já estava determinado a isso, a
instigação promovida por A não teve qualquer eficácia, pois B já
mataria C de qualquer forma.
!! Participação em cadeia é possível: Assim, se A empresta uma
arma a B, para que este a empreste a C, a fim de que este último
mate D, tanto A quanto B são partícipes do crime, por prestarem
auxílio material em cadeia.

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17
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 565

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!! A participação em ação alheia ocorre quando o partícipe, sem!
qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de maneira culposa
para a prática do delito. Assim, o funcionário público que não tranca
a porta da repartição ao final do expediente, e esta vem a ser
furtada por um particular na madrugada, responde por peculato
culposo (art. 312, § 2° do CP), enquanto o particular responde por
furto. Não há concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo entre
ambos (coerência de vontades).

1.4.! Comunicabilidade das circunstâncias


O art. 30 do CP estabelece que:
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

Antes de estudarmos a comunicabilidade ou não das circunstâncias,


devemos diferenciar a mera circunstância da circunstância elementar do
crime.
A circunstância elementar é aquela que se refere a algo
indispensável para a caracterização do crime. Assim, a circunstância
“alguém” no crime de homicídio, é uma elementar, pois se o fato for
praticado contra um animal, por exemplo, não haverá homicídio.
Por sua vez, a mera circunstância não é indispensável à
caracterização do crime, pois apenas agregam um fato que, se presente,
aumenta ou diminui a pena. Assim, o “motivo torpe” é uma circunstância
não-elementar, ou mera circunstância, pois caso o fato seja praticado sem
essa circunstância, continua a existir homicídio, no entanto, sem a
qualificadora.

1.4.1.! Espécies de elementares e de circunstâncias


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Podem ser subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à


pessoa do agente. É o caso da condição de funcionário público, que é
pessoal, pois se refere ao agente.
Podem ser, ainda, objetivas (ou de caráter real), quando se
referem ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim, o
emprego de violência, no crime de roubo (art. 157 do CP) é uma elementar
objetiva.
As condições pessoais não se confundem com as
circunstâncias ou elementares de caráter pessoal. As primeiras são
fatores pessoais do agente, que independem da prática da infração penal.
Assim, o fato de o agente ser menor de 21 anos é uma condição pessoal,
e não uma circunstância de caráter pessoal, tampouco uma elementar.

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Com base nesses três institutos (elementares, circunstâncias !e
condições pessoais), podemos extrair três regras do CP:
"! As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se
comunicam – Se A contrata B, para que este mate C, em razão
deste último ter estuprado sua filha, A comete o crime de
homicídio privilegiado, em razão do relevante valor moral (art.
121, § 1° do CP). Entretanto, B não comete o crime de
homicídio privilegiado, pois a circunstância “relevante valor
moral” é pessoal, não se estendendo ao coautor;
"! As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se
comunicam – Porém, é necessário que a circunstância
tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais
agentes. Imagine que A contrata B para matar C. B informa a
A que usará de emboscada (portanto, homicídio qualificado,
nos termos do art. 121, § 2° do CP), e A concorda com isto.
Nesse caso, a circunstância objetiva “emboscada” (relativa ao
meio utilizado), se comunica, pois embora A não tenha usado
de emboscada, concordou com esta prática por B.
Diversamente, se B praticasse o crime mediante emboscada
sem nada comunicar ao mandante, A, esta circunstância não
se comunicaria, por não ter entrado na esfera de conhecimento
de A;
"! As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas
ou subjetivas – No entanto, mais uma vez se exige que estas
elementares tenham entrado no âmbito de conhecimento dos
demais agentes. Imaginem que Júlio, servidor público, convida
Marcelo a entrar na repartição onde trabalham, valendo-se da
condição de Júlio, para subtrair alguns computadores. Caso
Marcelo conheça a condição de funcionário público de Júlio,
ambos respondem pelo crime de peculato-furto (art. 312, § 1°
do CP). Caso Marcelo desconheça essa circunstância elementar,
responde ele apenas pelo crime de furto, pois a ausência dessa
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circunstância faz desaparecer o crime de peculato-furto, mas a


conduta ainda é punível como furto comum.

Não confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve


haver vínculo subjetivo ligando as condutas de ambos os autores. Na
autoria colateral, ambos praticam o núcleo do tipo, mas um não
age em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B,
desafetos de C, sem que um saiba da existência do outro, escondem-se

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atrás de árvores esperando a passagem de C, a fim de matá-lo. Quando!
C passa, ambos atiram, e C vem a óbito. Nesse caso, não houve
coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, aí vai mais uma informação:
Imaginem que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto
na cabeça, levando-o a óbito. Nesse caso, o laudo não conseguiu apontar
de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como não se pode
definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de
homicídio TENTADO, pois não se pode atribuir a nenhum deles o
homicídio consumado, já que o laudo é inconclusivo quanto a isto. Este é
o fenômeno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo
em conluio, com vínculo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de
pessoas, ambos responderiam por crime de homicídio CONSUMADO,
pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que
levou C a óbito.

1.4.2.! Cooperação dolosamente distinta


A cooperação dolosamente distinta, também chamada de
“participação em crime menos grave” ou “desvio subjetivo de conduta”,
ocorre quando ambos os agentes decidem praticar determinado crime, mas
durante a execução, um deles decide praticar outro crime, mais grave.
Nesse caso, aplica-se o art. 29, § 2° do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
(...)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

EXEMPLO: Imaginem que Camila e Herval combinam de realizar um furto


a uma casa que imaginam estar vazia. Camila espera no carro enquanto
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Herval adentra à residência. Entretanto, ao chegar à residência, Herval se


depara com dois seguranças, e troca tiros com ambos, levando-os a óbito
(sinistro esse cara). Após, entra na casa e subtrai diversos bens. Volta ao
carro e ambos fogem.
Camila não quis participar de um latrocínio (que foi o que
efetivamente ocorreu), mas apenas de um furto. Assim, segundo a primeira
parte do § 2° do art. 29 do CP, responderá somente pelo furto.
Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o
latrocínio era provável (se soubesse, por exemplo, que Herval estava
armado e que havia a possibilidade de ter seguranças na casa), a pena do
crime de furto (não a do latrocínio!!) será aumentada até a metade.

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A lei diz “até a metade”, logo, o aumento pode não chegar a !
esse patamar. O aumento de pena irá variar conforme o grau de
previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila não se
predispôs, mas era previsível.

CUIDADO MASTER! Existe uma questão muito controvertida no que se


refere ao concurso de pessoas. É a possibilidade (ou não) de
concurso de pessoas em crimes CULPOSOS.
São muitas, MUITAS ideias diferentes. Cada autor inventa alguma coisa
para vender seu livro, certo? Bom, resumidamente, podemos definir a
Doutrina majoritária da seguinte forma:
COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO – É possível, pois é possível que
duas pessoas, de comum acordo, resolvam praticar uma conduta
imprudente, por exemplo. Ex.: Dois rapazes resolvem atirar um móvel do
10º andar de um prédio, sem intenção de atingir ninguém, mas acabam
lesionando uma pessoa.
PARTICIPAÇÃO EM CRIME CULPOSO – Depende. Podemos estar
falando de participação DOLOSA ou participação CULPOSA.
DOLOSA – Não cabe participação dolosa em crime culposo, pois a
Doutrina entende que não há “unidade de vontades” entre os agentes
(um quer o resultado a título de dolo, e o outro, executor, é apenas um
descuidado). Assim, não há “vínculo subjetivo” entre eles no que tange
ao resultado. Logo, cada um responde por sua conduta.
CULPOSA – É possível, pois é possível que alguém, por culpa, induza,
instigue ou preste auxílio ao executor de uma conduta também culposa,
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e haveria “unidade de vontades”.


CUIDADO: O STJ entende que NÃO cabe nenhum tipo de
participação em crime culposo. Parte da Doutrina também segue
este entendimento.

Por fim, o que é “multidão delinquente” ou “multidão


criminosa”18? São considerados pela doutrina como aqueles atos em que
inúmeras (incontáveis, uma multidão) pessoas praticam o mesmo delito,
agindo em concurso de pessoas, muitas vezes sem um acordo prévio, mas

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
18
O termo “multidão criminosa” é utilizado, dentre outros, por René Ariel Dotti (cf. DOTTI, René
Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais. 4º ed. São Paulo. 2012, p. 459)

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cada uma aderindo tacitamente à conduta da outra. Ex.: Linchamentos, !
brigas de torcidas organizadas, saques a lojas ou a carretas tombadas, etc.
A Doutrina sustenta que, mesmo nestes casos, têm-se
CONCURSO DE PESSOAS, pois há vínculo subjetivo entre estas pessoas,
ainda que tácito (não explícito). O agente que praticar o delito nestas
condições, porém, deverá ter sua pena atenuada, nos termos do art. 65, e
do CP, já que se trata de situação em que há maior vulnerabilidade
psicológica para que uma pessoa venha a aderir a uma conduta criminosa.
Por outro lado, os que promoverem, organizarem ou liderarem a conduta
criminosa terão suas penas agravadas (art. 62, I do CP).

2.! RESUMO

CONCURSO DE PESSOAS
Conceito - Colaboração de dois ou mais agentes para a prática de uma
infração penal.
Teoria adotada pelo CP – Teoria monista temperada (ou mitigada):
todos aqueles que participam da conduta delituosa respondem pelo mesmo
crime, mas cada um na medida de sua culpabilidade. Há exceções à
teoria monista (Ex.: aborto praticado por terceiro, com consentimento da
gestante. A gestante responde pelo crime do art. 126 e o terceiro pelo crime
do art. 124).
Espécies:
#! EVENTUAL – O tipo penal não exige que o fato seja praticado por
mais de uma pessoa.
#! NECESSÁRIO – O tipo penal exige que a conduta seja praticada por
mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes
de conduta unilateral): Aqui os agentes praticam condutas dirigidas
à obtenção da mesma finalidade criminosa (associação criminosa,
art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta
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bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes praticam


condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado
pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso
os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de
rixa)
Requisitos
#! Pluralidade de agentes - É necessário que tenhamos mais de uma
pessoa a colaborar para o ato criminoso.
#! Relevância causal da colaboração – A participação do agente
deve ser relevante para a produção do resultado, de forma que a
colaboração que em nada contribui para o resultado é um indiferente
penal.

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#! Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) – É necessário que !a
colaboração dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo
menos tenha havido adesão de um à conduta do outro. Trata-se
do princípio da convergência.
#! Unidade de crime (ou contravenção) para todos os agentes
(identidade de infração penal) – As condutas dos agentes,
portanto, devem constituir algo juridicamente unitário.
#! Existência de fato punível – Trata-se do princípio da
exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos
agentes seja punível, o que de um modo geral exige pelo menos que
este fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado.

Modalidades
Coautoria – Adoção do conceito restritivo de autor (teoria restritiva),
por meio da teoria objetivo-formal: autor é aquele que pratica a
conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais são partícipes.
OBS.: Autoria mediata: situação na qual alguém (autor mediato) se vale
de outra pessoa como instrumento (autor imediato) para a prática de um
delito. Pode ocorrer quando:
#! O autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro)
#! O autor imediato age sem culpabilidade (Ex.: coação moral
irresistível)

Tópicos importantes:
#! Pode haver autoria mediata nos crimes próprios - Desde que o
autor MEDIATO reúna as condições especiais exigidas pelo tipo
penal.
#! Não há possibilidade de autoria mediata nos crimes de mão
própria – Impossibilidade de se executar o delito por interposta
pessoa
#! AUTORIA POR DETERMINAÇÃO – Pune-se aquele que, embora
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não sendo autor nem partícipe, exerce sobre a conduta domínio


EQUIPARADO à figura da autoria.

Teoria do domínio do fato – Deve ser aplicada para as hipóteses de


autoria mediata. Para esta teoria, o autor seria aquele que tem poder de
decisão sobre a empreitada criminosa. Pode se dar por:
#! Domínio da ação - O agente realiza diretamente a conduta
prevista no tipo penal
#! Domínio da vontade - O agente não realiza a conduta
diretamente, mas é o "senhor do crime", controlando a vontade
do executor, que é um mero instrumento do delito (hipótese de
autoria mediata).

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#! Domínio funcional do fato - O agente desempenha uma !
função essencial e indispensável ao sucesso da empreitada
criminosa, que é dividida entre os comparsas, cabendo a cada
um uma parcela significativa, essencial e imprescindível.

Tópicos importantes
#! Não se admite coautoria nos crimes de mão própria
#! Doutrina ligeiramente majoritária entende não ser cabível coautoria
em crimes culposos
#! Não existe coautoria entre autor mediato e autor imediato
#! Há possibilidade de coautoria entre dois autores mediatos

PARTICIPAÇÃO
Espécies
•! Moral – O agente não ajuda materialmente na prática do
crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o crime.
•! Material – A participação material é aquela na qual o partícipe
presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prática
do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc.

Punibilidade do partícipe – Adoção da teoria da acessoriedade: Como a


conduta do partícipe é considerada acessória em relação à conduta do autor
(que é principal), o partícipe deve responder pela conduta principal (na
medida de sua culpabilidade).
OBS.: A Doutrina majoritária defende que foi adotada a teoria da
acessoriedade limitada, exigindo-se que o fato seja típico e ilícito para
que o partícipe responda pelo crime.

Participação de menor importância - redução da pena de 1/6 a 1/3


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Participação inócua - Não é punível


Participação em crime culposo – Controvertido. STJ entende que não
cabe participação em crime culposo. Doutrina se divide: parte entende
que cabe participação culposa em crime culposo, outra parte entende que
não cabe participação nenhuma (nem culposa nem dolosa) em crime
culposo. UNANIMIDADE: não cabe participação dolosa em crime
culposo.

COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS


#! As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se
comunicam
#! As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se comunicam

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#! As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou !
subjetivas

COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA


Também chamada de “participação em crime menos grave” ou “desvio
subjetivo de conduta”, ocorre quando ambos os agentes decidem praticar
determinado crime, mas durante a execução, um deles decide praticar
outro crime, mais grave. CONSEQUÊNCIA: agente responde pelo crime
menos grave (que quis praticar). A pena, contudo, poderá ser
aumentada até a metade, caso tenha sido previsível a ocorrência do
resultado mais grave.

“Multidão delinquente” ou “multidão criminosa - Aqueles atos em que


inúmeras (incontáveis, uma multidão) pessoas praticam o mesmo delito.
___________

Bons estudos!
Prof. Renan Araujo

3.! EXERCÍCIOS DA AULA

01.! (FCC – 2013 – TRT1 – JUIZ)


Quanto aos demais agentes do crime, o parentesco entre o autor e a vítima;
a) comunica-se, desde que elementar ao tipo.
b) comunica-se sempre, desde que por aqueles conhecido.
c) comunica-se para agravamento genérico da pena concreta.
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d) comunica-se para atenuação genérica da pena concreta.


e) não se comunica em qualquer hipótese.

02.! (FCC – 2014 – METRÔ-SP – ADVOGADO)


Joaus, Joseh e Pedrus acertaram, mediante prévio ajuste, a prática de um
crime de furto qualificado em residência. Pedrus escolheu a residência e
emprestou seu veículo para o transporte dos objetos furtados. Joaus
arrombou a porta da residência indicada por Pedrus e entrou. Joseh entrou
em seguida. Joaus e Joseh recolheram todos os objetos de valor, colocaram
no veículo e fugiram do local. Nesse caso,
a) Joaus, Joseh e Pedrus foram coautores.
b) Joaus foi autor, Joseh partícipe e Pedrus autor mediato.

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c) Joaus e Joseh foram partícipes e Pedrus foi autor imediato. !
d) Joaus, Joseh e Pedrus foram autores.
e) Joaus e Joseh foram coautores e Pedrus partícipe.

03.! (FCC – 2014 – DPE-CE – DEFENSOR PÚBLICO)


No concurso de pessoas,
a) há autoria colateral quando os concorrentes se comportam para o
mesmo fim, conhecendo a conduta alheia.
b) a infração penal não precisa ser igual, objetiva e subjetivamente, para
todos os concorrentes.
c) é necessário que cada concorrente tenha consciência de contribuir para
a atividade delituosa de outrem, dispensada a prévia combinação entre
eles.
d) os concorrentes devem necessariamente realizar o fato típico.
e) dispensável a adesão subjetiva à vontade do outro.

04.! (FCC – 2014 – TJ-CE – JUIZ)


Em tema de concurso de pessoas, é possível afirmar que
a) o concorrente, na chamada cooperação dolosamente diversa,
responderá pelo crime menos grave que quis participar, mas sempre com
aumento da pena.
b) indispensável a adesão subjetiva à vontade do outro, embora
desnecessária a prévia combinação.
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio nunca são puníveis,
se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
d) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
ainda que elementares do crime.
e) a participação de menor importância constitui causa geral de diminuição
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da pena, incidindo na segunda etapa do cálculo.

05.! (FCC – 2015 – CNMP – ANALISTA)


No concurso de pessoas,
a) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste, essa pena será aumentada de 1/3 a 2/3, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
b) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua periculosidade.
c) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime.

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d) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição !
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega a ser
consumado.
e) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
até metade.

06.! (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR)


Em matéria de concurso de pessoas, é correto afirmar que
A) coautores são aqueles que, atuando de forma idêntica, executam o
comportamento que a lei define como crime.
B) partícipe é aquele que, também praticando a conduta que a lei define
como crime, contribui, de qualquer modo, para a sua realização.
C) é possível a coautoria nos crimes de mão própria.
D) é admissível a coautoria nos crimes próprios, desde que o terceiro
conheça a especial condição do autor.
E) é inadmissível a participação nos crimes omissivos próprios.

07.! (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL)


Maria, enfermeira, por ordem do médico João, ministrou veneno ao
paciente, supondo tratar-se de um medicamento, ocasionando-lhe a
morte. Nesse caso,
A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor mediato, pela
realização indireta do fato típico.
B) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria co-autora.
C) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria partícipe.
D) há concurso de agentes, figurando tanto João como Maria na condição
de autores.
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E) há concurso de agentes, figurando Maria como autora e João como co-


autor.

08.! (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA ADMINISTRATIVO)


José instigou Pedro, agindo sobre a vontade deste, de forma a fazer nascer
neste a ideia da prática do crime. João prestou auxílio a Pedro,
emprestando-lhe uma arma para que pudesse executar o delito. José e
João são considerados, tecnicamente,
A) co-autores.
B) autores.
D) partícipe e co-autor, respectivamente.

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E) co-autor e partícipe, respectivamente. !

09.! (FCC - 2008 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA)


Nos chamados crimes monossubjetivos,
A) o concurso de pessoas é eventual.
B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de autoria mediata.
C) o concurso de pessoas é necessário.
D) não há concurso de pessoas.
E) há concurso de pessoas apenas na forma de participação.

10.! (FCC - 2011 - TRE-PE - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA


JUDICIÁRIA)
De acordo com o Código Penal brasileiro,
A) não há distinção entre autores, co-autores e partícipes, que incidem de
forma idêntica nas penas cominadas ao delito.
B) os autores, co-autores e partícipes incidem nas penas cominadas ao
delito na medida de sua culpabilidade.
C) ao autor principal será obrigatoriamente imposta pena mais alta que a
dos co-autores e partícipes.
D) ao autor principal e aos co-autores será obrigatoriamente imposta pena
mais alta que a dos partícipes.
E) ao autor principal será imposta a pena prevista para o delito, sendo que
os co-autores e os partícipes terão obrigatoriamente a pena reduzida de
um sexto a um terço.

11.! (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - TÉCNICO JUDICIÁRIO -


SEGURANÇA)
João instigou José a praticar um crime de roubo. Luiz forneceu-lhe a arma.
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Pedro forneceu-lhe todas as informações sobre a residência da vítima e


sobre o horário em que esta ficava sozinha. No dia escolhido, José,
auxiliado por Paulo, ingressou na residência da vítima. José apontou-lhe a
arma, enquanto Paulo subtraiu-lhe dinheiro e jóias. Nesse caso, são
considerados partícipes APENAS
A) Luiz e Pedro.
B) João, Luiz, Pedro e Paulo.
C) João, Luiz e Pedro.
D) José, Pedro e João.
E) João, José, Luiz e Pedro.

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12.! (FCC - 2011 - TRE-TO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA !
JUDICIÁRIA)
No concurso de pessoas,
A) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
de metade.
B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
C) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena do crime cometido, reduzida de um a dois terços.
D) as circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam,
sejam, ou não, elementares do crime.
E) a instigação e o auxílio, em qualquer hipótese, são puníveis mesmo que
o crime não ocorra.

13.! (FCC – 2006 – BCB – ANALISTA)


Aquele que, sem praticar ato executório, concorre, de qualquer modo, para
a realização do crime, por ele responderá na condição de
a) coautor.
b) partícipe.
c) autor mediato.
d) coautor moral.
e) autor.

14.! (FCC – 2010 – SEFIN/RO – AUDITOR-FISCAL)


José, sabendo que seu desafeto Paulo estava andando de bicicleta numa
estrada estreita, instiga João, motorista do veículo em que se encontrava,
a imprimir ao veículo velocidade elevada, na esperança de que Paulo venha
a ser atropelado. João passa a correr em alta velocidade e atropela Paulo,
mais adiante, ocasionado-lhe a morte. Nesse caso, ambos responderão
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pelo crime, sendo que


a) ambos responderão por culpa.
b) José responderá por culpa e João por dolo eventual.
c) Jose responderá por dolo eventual e João por culpa.
d) ambos responderão por dolo eventual.
e) José responderá por dolo direito e João por dolo eventual.

15.! (FCC – 2012 – ISS/SP – AFTM)


A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que
a) a importância da participação não influi na pena a ser imposta.

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b) não é possível participação por omissão em crime comissivo. !
c) é possível a participação em crime omissivo puro.
d) não pode haver participação em contravenção.
e) é possível participação dolosa em crime culposo.

16.! (FCC – 2009 – DPE/MA – DEFENSOR PÚBLICO)


Os requisitos para a ocorrência do concurso de pessoas no cometimento de
crime são:
a) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o
comportamento do partícipe e o resultado do crime e vínculo objetivo-
subjetivo entre autor e partícipe.
b) presença física de autor e partícipe, nexo de causalidade entre o
comportamento do coautor e o resultado do crime; vínculo subjetivo entre
autor e partícipe e identidade do crime.
c) presença física de autor e partícipe, pluralidade de comportamentos,
nexo de causalidade entre o comportamento do partícipe e o resultado do
crime; vínculo subjetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
d) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o
comportamento do partícipe e o resultado do crime; vínculo objetivo entre
autor e partícipe e identidade do crime.
e) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o
comportamento do partícipe e o resultado do crime; vínculo subjetivo entre
autor e partícipe e identidade do crime.

17.! (FCC – 2012 – TJ/GO – JUIZ ESTADUAL)


Em matéria de concurso de pessoas, é correto afirmar que
a) nos crimes plurissubjetivos o concurso é eventual.
b) a autoria mediata configura coautoria.
c) nos crimes funcionais a condição de servidor público do autor não se
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comunica ao partícipe não funcionário, se este desconhecia a condição


daquele.
d) a participação de menor importância constitui circunstância atenuante,
a ser considerada na segunda etapa do cálculo da pena.
e) as mesmas penas deverão ser aplicadas a todos os coautores e
partícipes.

18.! (FCC – 2012 – TCE/AP – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO)


A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar:
a) Para fins de aplicação da pena no concurso de pessoas é irrelevante que
a participação tenha sido de menor importância.

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b) Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser- !
lhe-á aplicada a pena do crime mais grave.
c) É possível a participação em crime comissivo puro.
d) As condições e circunstâncias pessoais comunicam-se entre os coautores
e partícipes quando não forem elementares do crime.
e) Pode ocorrer participação culposa em crime doloso ou participação
dolosa em crime culposo.

19.! (FCC - 2013 - TJ-PE - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE


REGISTROS - PROVIMENTO)
Necessariamente, autores e partícipes recebem
a) penas idênticas.
b) penas, respectivamente, mais e menos graves.
c) penas, respectivamente, menos e mais graves.
d) penas igualmente graves, mas de espécies distintas.
e) penas igualmente graves, salvo se diversa for sua culpabilidade.
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20.! (FCC - 2013 - DPE-AM - DEFENSOR PÚBLICO)
Se alguém instiga outrem a surrar inimigo comum, mas o instigado se
excede e mata a vítima, é correto afirmar que
a) a conduta do partícipe é atípica.
b) o partícipe poderá responder por lesão corporal, sem qualquer aumento
de pena, se não podia prever o resultado morte.
c) o partícipe poderá responder por homicídio doloso, mas fará jus,
necessariamente, ao reconhecimento da participação de menor
importância.
d) o partícipe poderá responder por lesão corporal, com a pena aumentada
até um terço, se previsível o resultado letal. 30482603828

e) o partícipe não poderá responder por homicídio doloso, mesmo que


tenha assumido o risco do resultado morte.

21.! (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO)


Indivíduos que são alcançados pela lei penal, não porque tenham praticado
uma conduta ajustável a uma figura delitiva, mas porque, executando atos
sem conotação típica, contribuíram, objetivamente e subjetivamente, para
a ação criminosa de outrem
a) não são punidos por atipicidade da conduta.
b) são coautores e incidem na mesma pena cabível ao autor do crime.
c) são concorrentes de menor importância e têm a pena diminuída de um
sexto a um terço.
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d) são considerados partícipes e incidem nas penas cominadas ao crime, !
na medida de sua culpabilidade.
e) podem ser coautores ou partícipes e a pena, em qualquer caso, é
diminuída de um terço.

4.! EXERCÍCIOS COMENTADOS

01.! (FCC – 2013 – TRT1 – JUIZ)


Quanto aos demais agentes do crime, o parentesco entre o autor e
a vítima;
a) comunica-se, desde que elementar ao tipo.
b) comunica-se sempre, desde que por aqueles conhecido.
c) comunica-se para agravamento genérico da pena concreta.
d) comunica-se para atenuação genérica da pena concreta.
e) não se comunica em qualquer hipótese.
COMENTÁRIOS: O parentesco entre um dos comparsas e a vítima, em
regra, não se comunica aos demais comparsas, ou seja, é irrelevante em
relação a eles. Contudo, em determinados casos, quando este grau de
parentesco for uma das questões elementares do tipo penal, haverá
comunicação com os demais comparsas, como ocorre no crime de
infanticídio, em que o parentesco de um dos comparsas (a mãe) e a vítima
(filho) irá se estender aos demais agentes do delito, possibilitando sua
punição pela conduta de infanticídio, nos termos do art. 123, c/c art. 30 do
CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

02.! (FCC – 2014 – METRÔ-SP – ADVOGADO) 30482603828

Joaus, Joseh e Pedrus acertaram, mediante prévio ajuste, a prática


de um crime de furto qualificado em residência. Pedrus escolheu a
residência e emprestou seu veículo para o transporte dos objetos
furtados. Joaus arrombou a porta da residência indicada por Pedrus
e entrou. Joseh entrou em seguida. Joaus e Joseh recolheram todos
os objetos de valor, colocaram no veículo e fugiram do local. Nesse
caso,
a) Joaus, Joseh e Pedrus foram coautores.
b) Joaus foi autor, Joseh partícipe e Pedrus autor mediato.
c) Joaus e Joseh foram partícipes e Pedrus foi autor imediato.
d) Joaus, Joseh e Pedrus foram autores.
e) Joaus e Joseh foram coautores e Pedrus partícipe.

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COMENTÁRIOS: Neste caso, Pedrus prestou auxílio material, ao fornecer !
seu veículo e escolher a residência do furto. Contudo, o AUXÍLIO de Pedrus
para por aí, ele não tem mais nenhuma participação no crime e não detém
o domínio final do fato (poder de intervir e fazer cessar a atividade
criminosa, por exemplo), de maneira que não pode ser considerado autor
intelectual.
Também não pode Pedrus ser considerado “autor”, na concepção formal de
autor, segundo a qual autor é aquele que pratica a conduta descrita no
núcleo do tipo, por uma questão simples: Até o final da atuação de Pedrus
o crime sequer havia sido iniciado (estava apenas na fase da cogitatio, ou
fase de atos preparatórios). Assim, como dizer que ele “praticou o núcleo
do tipo”? Impossível. Assim, Pedrus NÃO É AUTOR (naturalmente, nem
coautor).
Joaus e Joseh, por sua vez, praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo
penal, de forma que são autores (coautores) do delito.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

03.! (FCC – 2014 – DPE-CE – DEFENSOR PÚBLICO)


No concurso de pessoas,
a) há autoria colateral quando os concorrentes se comportam para
o mesmo fim, conhecendo a conduta alheia.
b) a infração penal não precisa ser igual, objetiva e subjetivamente,
para todos os concorrentes.
c) é necessário que cada concorrente tenha consciência de
contribuir para a atividade delituosa de outrem, dispensada a
prévia combinação entre eles.
d) os concorrentes devem necessariamente realizar o fato típico.
e) dispensável a adesão subjetiva à vontade do outro.
COMENTÁRIOS:
A) ERRADA: Item errado, pois se há liame subjetivo entre eles teremos
30482603828

coautoria, e não autoria colateral, que pressupõe o desconhecimento de


um em relação à conduta do outro.
B) ERRADA: Item errado, pois em regra, a infração penal será a mesma
para todos os comparsas, por força da adoção da teoria monista pelo CP.
C) CORRETA: Item correto, pois a existência de vínculo subjetivo (liame
subjetivo) entre os comparsas é indispensável, embora não seja necessário
o prévio ajuste entre eles, pois um pode aderir à conduta do outro, que já
se encontra em andamento, por exemplo.
D) ERRADA: Embora o termo correto seja “núcleo do tipo”, o item está
errado, pois não é necessário que todos pratiquem a conduta descrita no
núcleo do tipo. Aqueles que o fizerem serão autores. Os que apenas
prestarem auxílio serão partícipes.

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E) ERRADA: Item errado, pois a existência de vínculo subjetivo entre os !
comparsas é indispensável para a caracterização do concurso de agentes.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

04.! (FCC – 2014 – TJ-CE – JUIZ)


Em tema de concurso de pessoas, é possível afirmar que
a) o concorrente, na chamada cooperação dolosamente diversa,
responderá pelo crime menos grave que quis participar, mas
sempre com aumento da pena.
b) indispensável a adesão subjetiva à vontade do outro, embora
desnecessária a prévia combinação.
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio nunca são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
d) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, ainda que elementares do crime.
e) a participação de menor importância constitui causa geral de
diminuição da pena, incidindo na segunda etapa do cálculo.
COMENTÁRIOS:
A) ERRADA: Item errado, pois na cooperação dolosamente distinta (ou
diversa), o agente responde sempre pelo crime menos grave, mas o
aumento de pena só é aplicável se o crime mais grave (que efetivamente
ocorreu) era previsível, nos termos do art. 29, §2º do CP.
B) CORRETA: Item correto, pois a existência de vínculo subjetivo (liame
subjetivo) entre os comparsas é indispensável, embora não seja necessário
o prévio ajuste entre eles, pois um pode aderir à conduta do outro, que já
se encontra em andamento, por exemplo.
C) ERRADA: Item errado. Cuidado! Vejamos a redação do art. 31 do CP:
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa
em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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Vejam, assim, que EM REGRA tais condutas não são puníveis, mas a Lei
pode dizer o contrário para determinadas situações, por isso o item está
errado, pois diz que NUNCA SERÃO puníveis.
D) ERRADA: Se forem elementares do delito, tais condições irão se
comunicar, nos termos do art. 30 do CP.
E) ERRADA: De fato, a participação de menor importância constitui causa
geral de diminuição de pena, prevista no art. 29, §1º do CP. Contudo, ela
incidirá na TERCEIRA FASE da aplicação da pena, e não na segunda.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

05.! (FCC – 2015 – CNMP – ANALISTA)

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No concurso de pessoas, !
a) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,
ser-lhe-á aplicada a pena deste, essa pena será aumentada de 1/3
a 2/3, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
b) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua periculosidade.
c) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime.
d) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não
chega a ser consumado.
e) se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída até metade.
COMENTÁRIOS:
A) ERRADA: O aumento de pena (no caso de ser previsível o crime mais
grave) é de “ATÉ A METADE” e não de um a dois terços, na forma do art.
29, §2º do CP.
B) ERRADA: Item errado, pois cada um irá responder na medida de sua
CULPABILIDADE, nos termos do art. 29 do CP.
C) CORRETA: Item correto, pois é a exata previsão do art. 30 do CP:
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

D) ERRADA: Tais condutas (ajuste, o auxílio, etc.) não são puníveis se o


crime não chega a ser, ao menos, tentado (e não consumado, como diz a
questão), pois isto é o que prevê o art. 31 do CP:
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa
em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

E) ERRADA: A pena, neste caso, pode ser diminuída de um sexto a um


terço, nos termos do §1º do art. 29 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
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06.! (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR)


Em matéria de concurso de pessoas, é correto afirmar que
A) coautores são aqueles que, atuando de forma idêntica, executam
o comportamento que a lei define como crime.
ERRADA: Embora seja coautor todo aquele que pratica o comportamento
definido como crime, não é necessário que a conduta seja idêntica, pois
pode haver hipótese de coautoria funcional, na qual os agentes praticam
condutas diversas, que se complementam.

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! (=<ΗΙ∋#;Ε?Ε∋∗=?ϑΚ<∋,∋∗ϑΛ?∋1Μ!
B) partícipe é aquele que, também praticando a conduta que a lei !
define como crime, contribui, de qualquer modo, para a sua
realização.
ERRADA: O partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo;
C) é possível a coautoria nos crimes de mão própria.
ERRADA: Nos crimes de mão própria não se admite coautoria, em razão
de o crime dever ser praticado especificamente por determinada pessoas;
D) é admissível a coautoria nos crimes próprios, desde que o
terceiro conheça a especial condição do autor.
CORRETA: Nos crimes próprios é plenamente possível a coautoria, desde
que o outro agente tenha pleno conhecimento da condição do outro
coautor.
E) é inadmissível a participação nos crimes omissivos próprios.
ERRADA: Nos crimes omissivos próprios se admite a participação moral,
quando, por exemplo, alguém induz outra pessoa a se omitir.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

07.! (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL)


Maria, enfermeira, por ordem do médico João, ministrou veneno
ao paciente, supondo tratar-se de um medicamento, ocasionando-
lhe a morte. Nesse caso,
A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor mediato,
pela realização indireta do fato típico.
B) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria co-
autora.
C) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria
partícipe.
D) há concurso de agentes, figurando tanto João como Maria na
condição de autores. 30482603828

E) há concurso de agentes, figurando Maria como autora e João


como co-autor.
COMENTÁRIOS: Nesse caso, há autoria mediata, pois o Médico João se
valeu de uma pessoa sem culpabilidade (obediência hierárquica) para
praticar um delito. Assim, não há que se falar em concurso de agentes, de
forma que A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

08.! (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA ADMINISTRATIVO)


José instigou Pedro, agindo sobre a vontade deste, de forma a
fazer nascer neste a idéia da prática do crime. João prestou auxílio
a Pedro, emprestando-lhe uma arma para que pudesse executar o
delito. José e João são considerados, tecnicamente,

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A) co-autores. !
B) autores.
C) Partícipes.
D) partícipe e co-autor, respectivamente.
E) co-autor e partícipe, respectivamente.
COMENTÁRIOS: Nesse caso, ambos apenas auxiliaram (moralmente e
materialmente) o autor a praticar o delito, motivo pelo qual são
considerados partícipes do crime.
ASSIM, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

09.! (FCC - 2008 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA)


Nos chamados crimes monossubjetivos,
A) o concurso de pessoas é eventual.
B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de autoria mediata.
C) o concurso de pessoas é necessário.
D) não há concurso de pessoas.
E) há concurso de pessoas apenas na forma de participação.
COMENTÁRIOS: Nos crimes monossubjetivos, em regra o delito é
praticado por um único agente, não sendo necessária a pluralidade de
agentes. Portanto, nestes crimes (que são a regra), o concurso de agentes
é meramente eventual.
ASSIM, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

10.! (FCC - 2011 - TRE-PE - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA


JUDICIÁRIA)
De acordo com o Código Penal brasileiro,
A) não há distinção entre autores, co-autores e partícipes, que
incidem de forma idêntica nas penas cominadas ao delito.
30482603828

B) os autores, co-autores e partícipes incidem nas penas cominadas


ao delito na medida de sua culpabilidade.
C) ao autor principal será obrigatoriamente imposta pena mais alta
que a dos co-autores e partícipes.
D) ao autor principal e aos co-autores será obrigatoriamente
imposta pena mais alta que a dos partícipes.
E) ao autor principal será imposta a pena prevista para o delito,
sendo que os co-autores e os partícipes terão obrigatoriamente a
pena reduzida de um sexto a um terço.
COMENTÁRIOS: Com relação à punibilidade de cada um dos participantes
do evento criminoso, o CP prevê que cada um seja punido de acordo com

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sua culpabilidade, não estabelecendo, em abstrato, penas mais graves para !
um ou para outro, bem como não estabelecendo que as penas devam ser
idênticas. Nos termos do art. 29 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
PORTANTO, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

11.! (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - TÉCNICO JUDICIÁRIO -


SEGURANÇA)
João instigou José a praticar um crime de roubo. Luiz forneceu-lhe
a arma. Pedro forneceu-lhe todas as informações sobre a
residência da vítima e sobre o horário em que esta ficava sozinha.
No dia escolhido, José, auxiliado por Paulo, ingressou na
residência da vítima. José apontou-lhe a arma, enquanto Paulo
subtraiu-lhe dinheiro e jóias. Nesse caso, são considerados
partícipes APENAS
A) Luiz e Pedro.
B) João, Luiz, Pedro e Paulo.
C) João, Luiz e Pedro.
D) José, Pedro e João.
E) João, José, Luiz e Pedro.
COMENTÁRIOS: João e Luiz são partícipes, pois auxiliaram José a cometer
o crime, o primeiro, moralmente, e o segundo, materialmente. Pedro por
sua vez, também é partícipe, pois forneceu informações ao autor do crime,
auxiliando-o materialmente. Já Paulo e José são autores do crime, pois
praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo e roubo (art. 157 do CP).
PORTANTO, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

12.! (FCC - 2011 - TRE-TO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA


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JUDICIÁRIA)
No concurso de pessoas,
A) se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de metade.
B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
C) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,
ser-lhe-á aplicada a pena do crime cometido, reduzida de um a dois
terços.
D) as circunstâncias e as condições de caráter pessoal se
comunicam, sejam, ou não, elementares do crime.

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E) a instigação e o auxílio, em qualquer hipótese, são puníveis !
mesmo que o crime não ocorra.
COMENTÁRIOS: Com relação à punibilidade de cada um dos participantes
do evento criminoso, o CP prevê que cada um seja punido de acordo com
sua culpabilidade, não estabelecendo, em abstrato, penas mais graves para
um ou para outro. Nos termos do art. 29 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Na participação de menor importância, a pena é diminuída de um sexto a
um terço, não de metade (art. 29, § 1° do CP). Além disso, quando o agente
quis participar de crime menos grave (tendo outro agente cometido um
crime mais grave), aplica-se ao primeiro a pena do crime previsto (NÃO A
DO CRIME COMETIDO!), aumentada até a metade, CASO FOSSE
PREVISÍVEL A PRÁTICA DO CRIME MAIS GRAVE (art. 29, § 2° do CP).
A cooperação dolosamente distinta, também chamada de “participação em
crime menos grave”, ocorre quando ambos os agentes decidem praticar
determinado crime, mas durante a execução, um deles decide praticar
outro crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, § 2° do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
(...)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Quanto à comunicabilidade das circunstâncias pessoais, nos termos do art.
30 do CP, elas só se comunicam quando elementares do crime.
A instigação e o auxílio só são puníveis se o crime chegar, pelo menos, a
ser tentado (art. 31 do CP).
ASSIM, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 30482603828

13.! (FCC – 2006 – BCB – ANALISTA)


Aquele que, sem praticar ato executório, concorre, de qualquer
modo, para a realização do crime, por ele responderá na condição
de
a) coautor.
b) partícipe.
c) autor mediato.
d) coautor moral.
e) autor.

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30482603828 - Michel Souza Araujo da Silva


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! (=<ΗΙ∋#;Ε?Ε∋∗=?ϑΚ<∋,∋∗ϑΛ?∋1Μ!
COMENTÁRIOS: O Brasil adotou a teoria diferenciadora (num conceito !
RESTRITIVO de autor), de viés objetivo-formal, distinguindo-se autor e
partícipe segundo a conduta realizada: autor é aquele que pratica a conduta
prevista no núcleo do tipo penal e partícipe é todo aquele que, sem realizar
a conduta descrita no núcleo do tipo, participa do evento criminoso. Assim,
podemos definir a participação como a modalidade de concurso de pessoas
na qual o agente colabora para a prática delituosa, mas não pratica a
conduta descrita no núcleo do tipo penal.
A participação pode ser:
•! Moral – É aquela na qual o agente não ajuda materialmente na
prática do crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o crime. A
instigação ocorre quando o partícipe age no psicológico do autor do
crime, reforçando a ideia criminosa, que já existe na mente deste. O
induzimento, por sua vez, ocorre quando o partícipe faz surgir a
vontade criminosa na mente do autor, que não tinha pensado no
delito;
•! Material – A participação material é aquela na qual o partícipe presta
auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prática do crime, seja
fornecendo auxílio para a fuga, etc. Este auxílio não pode ser
prestado após a consumação, salvo se o auxílio foi previamente
ajustado.
DESTA FORMA, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

14.! (FCC – 2010 – SEFIN/RO – AUDITOR-FISCAL)


José, sabendo que seu desafeto Paulo estava andando de bicicleta
numa estrada estreita, instiga João, motorista do veículo em que se
encontrava, a imprimir ao veículo velocidade elevada, na esperança
de que Paulo venha a ser atropelado. João passa a correr em alta
velocidade e atropela Paulo, mais adiante, ocasionado-lhe a morte.
Nesse caso, ambos responderão pelo crime, sendo que
a) ambos responderão por culpa. 30482603828

b) José responderá por culpa e João por dolo eventual.


c) Jose responderá por dolo eventual e João por culpa.
d) ambos responderão por dolo eventual.
e) José responderá por dolo direito e João por dolo eventual.
COMENTÁRIOS: A questão é bem difícil, pois exige atenção do candidato.
Senão vejamos:
Todo fato típico necessariamente engloba um elemento subjetivo, que pode
ser o dolo ou a culpa. Vejamos o que o CP nos diz a respeito do elemento
subjetivo:
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Crime doloso(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi- !
lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Crime culposo(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido
por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
O crime será doloso quando o agente quiser o resultado ou aceitá-lo como
CONSEQUÊNCIA NECESSÁRIA (dolo direto de primeiro e segundo grau,
respectivamente) ou, ainda, quando o agente aceitar o resultado como
provável e, mesmo não o querendo, assuma o risco de sua ocorrência, sem
se importar com a eventual ocorrência do mesmo (dolo indireto, na
modalidade de dolo eventual). Há, ainda, o dolo alternativo, que é a
modalidade de dolo indireto na qual o agente pratica a conduta visando
dois resultados alternativos, ou seja, qualquer um deles é querido pelo
autor.
O crime pode ser, ainda, culposo, quando o agente não quer o resultado
nem aceita, de forma alguma, sua ocorrência, no entanto, por violação de
um dever de cuidado, o resultado acaba por ocorrer.
A culpa pode ser consciente, quando o agente prevê a possibilidade de
ocorrência do resultado (mas acredita que poderá evitá-lo) ou inconsciente,
quando o agente sequer chega a prever a possibilidade de ocorrência do
resultado.
CUIDADO: A previsão do resultado não é necessária (pois há a culpa
inconsciente), mas a possibilidade de que o resultado fosse previsto
(também chamada de PREVISIBILIDADE) é necessária, eis que se não
havia qualquer possibilidade de prever aquele resultado, não há culpa.
No caso da questão, o enunciado expressamente diz que a estrada era
estreita, de forma que imprimir alta velocidade em um veículo, numa
estrada estreita, havendo um ciclista na mesma, é assumir o risco da
ocorrência do resultado. Desta maneira, João responderia por homicídio
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doloso por dolo eventual. Porém, a Banca entendeu que ele


responderia apenas por culpa (imprudência).
A conduta de José é induzir alguém a praticar um ato de imprudência, mas
com uma finalidade dolosa (provocar eventuais danos ao ciclista Paulo).
Assim, entendo que o induzimento (portanto, participação) à
prática de um crime doloso deve gerar a responsabilização de quem
induziu pelo mesmo crime daquele que realizou a conduta, nos
termos do art. 29 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

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A Banca adotou o entendimento de que José responde por dolo eventual !e
João por culpa, pela imprudência. Em minha visão, João agiu como dolo
eventual também.
Entendo que ambos devam responder por dolo eventual (letra D).
Portanto, a AFIRMATIVA CORRETA É A LETRA C (RESULTADO DA
BANCA)

15.! (FCC – 2012 – ISS/SP – AFTM)


A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que
a) a importância da participação não influi na pena a ser imposta.
b) não é possível participação por omissão em crime comissivo.
c) é possível a participação em crime omissivo puro.
d) não pode haver participação em contravenção.
e) é possível participação dolosa em crime culposo.
COMENTÁRIOS:
A) ERRADA - A alternativa está errada, pois a participação de cada agente
determina na quantidade da pena a ser aplicada. Vejamos:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
B) ERRADA - É possível a participação omissiva no crime comissivo,
através da omissão de quem tenha o dever legal de evitar o resultado. Não
agindo, será considerado partícipe, nos termos do art. 13, §2º do CP.

C) CORRETA - De fato, é possível a participação em crime omissivo puro,


na modalidade de participação moral à prática da omissão. EXEMPLO:
Alguém que instiga um funcionário público a deixar de praticar um ato de
ofício por sentimento pessoal. Nesse caso estará participando do crime de
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prevaricação (art. 319), na modalidade de participação moral;


D) ERRADA - Não há qualquer vedação ao concurso de agentes para a
prática de contravenções.
E) ERRADA - A Doutrina majoritária não admite a participação dolosa em
crime culposo, por entender que como o crime culposo não é direcionado à
prática de um delito, impossível o liame subjetivo entre autor e partícipe,
indispensável à ação mediante concurso de agentes.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

16.! (FCC – 2009 – DPE/MA – DEFENSOR PÚBLICO)

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Os requisitos para a ocorrência do concurso de pessoas no !
cometimento de crime são:
a) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o
comportamento do partícipe e o resultado do crime e vínculo
objetivo-subjetivo entre autor e partícipe.
b) presença física de autor e partícipe, nexo de causalidade entre o
comportamento do coautor e o resultado do crime; vínculo
subjetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
c) presença física de autor e partícipe, pluralidade de
comportamentos, nexo de causalidade entre o comportamento do
partícipe e o resultado do crime; vínculo subjetivo entre autor e
partícipe e identidade do crime.
d) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o
comportamento do partícipe e o resultado do crime; vínculo
objetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
e) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o
comportamento do partícipe e o resultado do crime; vínculo
subjetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
COMENTÁRIOS: O concurso de pessoas pode ser conceituado como a
colaboração de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou
contravenção penal.
O concurso de pessoas é regulado pelos arts. 29 a 31 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis 30482603828

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter


pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a
ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Cinco são os requisitos para que seja caracterizado o concurso de pessoas:


•! Pluralidade de agentes culpáveis (e, obviamente, de
condutas)
•! Relevância da colaboração (nexo de causalidade)

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•! Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) !
•! Unidade de crime (ou contravenção) para todos os agentes
•! Existência de fato punível
Vejam que a questão trata de apenas quatro, esquecendo da "existência
de fato punível", que para alguns autores não é um requisito, por ser
inerente à própria noção de delito.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

17.! (FCC – 2012 – TJ/GO – JUIZ ESTADUAL)


Em matéria de concurso de pessoas, é correto afirmar que
a) nos crimes plurissubjetivos o concurso é eventual.
b) a autoria mediata configura coautoria.
c) nos crimes funcionais a condição de servidor público do autor
não se comunica ao partícipe não funcionário, se este desconhecia
a condição daquele.
d) a participação de menor importância constitui circunstância
atenuante, a ser considerada na segunda etapa do cálculo da pena.
e) as mesmas penas deverão ser aplicadas a todos os coautores e
partícipes.
COMENTÁRIOS:
A) ERRADA: Nos crimes plurissubjetivos o concurso é NECESSÁRIO, pois
o crime depende da presença de mais de um sujeito ativo ou passivo para
sua caracterização.
B) ERRADA: A autoria mediata não configura coautoria pois na autoria
mediata não há vínculo, liame subjetivo entre o autor mediato e a pessoa
que é "usada" como mero instrumento para a prática do delito.
C) CORRETA: A condição de funcionário público nos crimes
funcionais é uma ELEMENTAR do delito, que se comunica aos
demais agentes, DESDE que estes conheçam a condição de
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funcionário público do comparsa, nos termos do art. 30 do CP, pois


não se pode punir alguém por algo que não conhecia
(responsabilidade objetiva).
D) ERRADA: A participação de menor importância é CAUSA DE
DIMINUIÇÃO DE PENA, a ser aplicada na TERCEIRA fase da dosimetria da
pena, nos termos do art. 29, §1º do CP.
E) ERRADA: As penas devem ser aplicadas na medida da culpabilidade de
cada um dos agentes, nos termos do art. 29 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

18.! (FCC – 2012 – TCE/AP – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO)

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A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar: !
a) Para fins de aplicação da pena no concurso de pessoas é
irrelevante que a participação tenha sido de menor importância.
b) Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,
ser-lhe-á aplicada a pena do crime mais grave.
c) É possível a participação em crime comissivo puro.
d) As condições e circunstâncias pessoais comunicam-se entre os
coautores e partícipes quando não forem elementares do crime.
e) Pode ocorrer participação culposa em crime doloso ou
participação dolosa em crime culposo.
COMENTÁRIOS:
A) ERRADA: Nos termos do art. 29, §1º, a pena poderá ser diminuída de
um sexto a um terço caso a participação seja de menor importância.
B) ERRADA: A pena a ser aplicada, neste caso, é a do crime MENOS grave,
podendo haver uma majoração caso fosse previsível a ocorrência do crime
mais grave, nos termos do art. 29, §2º do CP.
C) CORRETA: Cuidado! A Banca induz o candidato a achar que se
está a tratar de crime OMISSIVO puro, mas na verdade fala em
crime COMISSIVO puro, que admite plenamente a participação. A
participação em crime OMISSIVO puro é controvertida na Doutrina.
D) ERRADA: As circunstâncias pessoais não se comunicam, e regra, salvo
se ELEMENTARES do crime, nos termos do art. 30 do CP.
E) ERRADA: A Doutrina não admite a participação dolosa em crime culposo
(e o STJ também não), nem a participação culposa em crime doloso.
Para que haja participação, a homogeneidade subjetiva é requisito
indispensável. Assim, só há participação dolosa em crime doloso, não sendo
possível cogitar da ocorrência de participação culposa em crime doloso, ou,
da participação dolosa em crime culposo.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
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19.! (FCC - 2013 - TJ-PE - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE


REGISTROS - PROVIMENTO)
Necessariamente, autores e partícipes recebem
a) penas idênticas.
b) penas, respectivamente, mais e menos graves.
c) penas, respectivamente, menos e mais graves.
d) penas igualmente graves, mas de espécies distintas.
e) penas igualmente graves, salvo se diversa for sua culpabilidade.
COMENTÁRIOS: Nos termos do art. 29 do CP, cada um será punido na
medida de sua culpabilidade:

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Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas !a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Assim, não há como definir, a princípio, quem receberia pena mais grave e
quem receberia pena menos grave. Também não podemos afirmar,
categoricamente, que receberiam penas idênticas.
Assim, a alternativa que melhor resolve a questão é a letra E, eis que, de
fato, havendo culpabilidade igual, receberão penas igualmente graves. Se
a culpabilidade for distinta, receberão penas distintas.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

20.! (FCC - 2013 - DPE-AM - DEFENSOR PÚBLICO)


Se alguém instiga outrem a surrar inimigo comum, mas o instigado
se excede e mata a vítima, é correto afirmar que
a) a conduta do partícipe é atípica.
b) o partícipe poderá responder por lesão corporal, sem qualquer
aumento de pena, se não podia prever o resultado morte.
c) o partícipe poderá responder por homicídio doloso, mas fará jus,
necessariamente, ao reconhecimento da participação de menor
importância.
d) o partícipe poderá responder por lesão corporal, com a pena
aumentada até um terço, se previsível o resultado letal.
e) o partícipe não poderá responder por homicídio doloso, mesmo
que tenha assumido o risco do resultado morte.
COMENTÁRIOS: Aqui temos o que se chama de cooperação dolosamente
distinta, que ocorre quando um dos agentes quis participar de CRIME
MENOS GRAVE, mas outro dos comparsas acabou praticando CRIME MAIS
GRAVE. Vejamos:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
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(...)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
Vejam que, em qualquer caso, o agente que quis praticar o crime menos
grave receberá a pena DESTE. Entretanto, se o crime mais grave (e que
efetivamente ocorreu) era previsível, a pena será aumentada até a metade.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.

21.! (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO)

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Indivíduos que são alcançados pela lei penal, não porque tenham !
praticado uma conduta ajustável a uma figura delitiva, mas porque,
executando atos sem conotação típica, contribuíram,
objetivamente e subjetivamente, para a ação criminosa de outrem
a) não são punidos por atipicidade da conduta.
b) são coautores e incidem na mesma pena cabível ao autor do
crime.
c) são concorrentes de menor importância e têm a pena diminuída
de um sexto a um terço.
d) são considerados partícipes e incidem nas penas cominadas ao
crime, na medida de sua culpabilidade.
e) podem ser coautores ou partícipes e a pena, em qualquer caso,
é diminuída de um terço.
COMENTÁRIOS: Como o CP adotou a teoria objetivo-formal para distinguir
autor e partícipe (sendo autor aquele que pratica a conduta descrita no
núcleo do tipo e partícipe aquele que colabora, de alguma forma, com a
conduta do autor), temos que a alternativa correta é a letra D, pois tais
pessoas são consideradas partícipes e incidem nas penas cominadas ao
crime, na medida de sua culpabilidade. Vejamos:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.

5.! GABARITO

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1.! ALTERNATIVA A
2.! ALTERNATIVA E
3.! ALTERNATIVA C
4.! ALTERNATIVA B
5.! ALTERNATIVA C
6.! ALTERNATIVA D
7.! ALTERNATIVA A
8.! ALTERNATIVA C
9.! ALTERNATIVA A
10.!ALTERNATIVA B
11.!ALTERNATIVA C

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12.!ALTERNATIVA B !
13.!ALTERNATIVA B
14.!ALTERNATIVA C
15.!ALTERNATIVA C
16.!ALTERNATIVA E
17.!ALTERNATIVA C
18.!ALTERNATIVA C
19.!ALTERNATIVA E
20.!ALTERNATIVA B
21.!ALTERNATIVA D

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