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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE

LONDRINA/PR

Autos nº. (...)

Reclamante: FERNANDO

Reclamada: VIOLETA LTDA

VIOLETA LTDA, já qualificado nos autos, por seu representante legal, (...),
brasileiro, casado, empresário, portador do CPF nº. (...) e do RG (...), com
endereço na Rua (...), Londrina/PR, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, através de seu advogado que a esta subscreve, apresentar
CONTESTAÇÃO TRABALHISTA, com fundamento no art. 847 da CLT c/c art.
5º, LV, da CF/88, em face da reclamatória trabalhista ajuizada por
FERNANDO, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

1- DA DEFESA DE MÉRITO

Realmente, o reclamante foi admitido no dia 01/03/2010 para trabalhar


como zelador para trabalhar na filial localizada na cidade de Maringá, onde
residia. A data da demissão é, com verdade, no dia 05/03/2020, recebendo
suas verbas rescisórias. No entanto, com relação às demais informações
contidas na petição inicial, a reclamada não concorda, passando a contestá-las
a seguir.

1.1- DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA


O reclamante requer que a reclamada seja condenada a pagar o
adicional de transferência, à razão de 25 % (vinte e cinco por cento) sobre a
sua remuneração, com fundamento de que foi transferido de Maringá para
Londrina após 3 anos de serviços prestados. A reclamada impugna tal pedido,
pois a transferência foi definitiva, não ensejando o adicional pleiteado, de
acordo com o art. 469, § 3º, da CLT e OJ 113 do TST.

ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. ORIENTAÇÃO


JURISPRUDENCIAL Nº 113 DA SBDI-1 DO TST. EMPREGADO
TRANSFERIDO UMA ÚNICA VEZ. TRANSFERÊNCIA DEFINITIVA.
PAGAMENTO INDEVIDO. O entendimento predominante neste Tribunal é o
de que a provisoriedade constitui o pressuposto inafastável para o
reconhecimento do direito ao adicional de transferência, o qual é definido pelo
tempo de contratação, tempo de transferência e pelo número de mudanças de
domicílio a que o empregado foi submetido. Assim, para a concessão do
adicional de transferência, é imperioso o pressuposto de que a transferência
efetivada tenha sido realizada em caráter provisório. Na hipótese, conforme
consignado nos autos, a reclamante foi contratada para trabalhar em Porto
Alegre/RS e, em julho de 2005, foi transferida uma única vez para Curitiba/PR,
onde permaneceu até a ruptura do seu contrato de trabalho, ocorrida em
novembro de 2010. Assim, verificando-se que houve uma única transferência
do empregado durante a contratualidade , e por mais de cinco anos, é indevido
o adicional de transferência, pois, nesta hipótese, entende-se que a
transferência teve caráter definitivo, nos termos da Orientação Jurisprudencial
nº 113 da SBDI-1 do TST. Precedentes. Recurso de revista conhecido e
provido. (TST - RR: 8222920115090001, Relator: José Roberto Freire Pimenta,
Data de Julgamento: 04/05/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
13/05/2016)

Assim, requer a improcedência do pedido, nos termos do art. 487, I do


CPC.

1.2- DO PEDIDO DE EQUIPARAÇÃO SALARIAL


O reclamante, de acordo com a exordial, em dado momento de seu
tempo como porteiro percebeu que ganhava um salário inferior ao de Márcio
sendo o valor equivalente a 30% menos, ambos exerciam função idêntica com
a mesma perfeição técnica. A reclamante requer que seja feita a equiparação
salarial de acordo com esta dedução.

Quanto ao pedido de equiparação salarial, tendo em vista as diferenças


de responsabilidades existentes entre ambos, a CLT no art. 461, § 1º,
prescreve: “Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for
feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica (...)".
Entendemos que Márcio trabalha há anos na empresa e com horários
diferentes, com atendimento ao público, ao contrário de Fernando. Desta forma
não há dúvidas que os salários podem ser distintos, não é plausível que os dois
sejam comparados.

Nesse sentido, nosso Tribunal assim têm se posicionado:

EQUIPARAÇÃO SALARIAL - GERENTE BANCÁRIO - TRABALHO DE


IGUAL VALOR - NÃO CARACTERIZAÇÃO. Embora os gerentes bancários
tenham as atribuições básicas relacionadas à captação e administração de
clientes e venda de produtos e serviços oferecidos pelo Banco, o trabalho de
igual valor, nos termos do artigo 461 da CLT, não pode ser considerado
automaticamente por meio desta linha de entendimento para fins de
equiparação salarial. A existência de segmentações específicas para
determinados tipos de cliente em Bancos de grande porte, como no caso
vertente, implica atribuições que demandam responsabilidade e conhecimento
técnico distinto entre os gerentes. Assim sendo, retratado nos autos que os
paradigmas apontados trabalham em plataforma ou agências bancárias com
segmentação específica, que envolviam operações e atribuições de maior
alçada, risco, complexidade e responsabilidade, com diferença de
produtividade e perfeição técnica reforçada pela gestão e avaliação individual
da autora e dos modelos colacionadas aos autos, não há que se cogitar em
trabalho de igual valor nos termos do artigo 461 da CLT, impondo-se o
indeferimento do pedido de equiparação salarial. (TRT-3 - RO:
01381201401703003 0001381-95.2014.5.03.0017, Relator: Sebastiao Geraldo
de Oliveira, Segunda Turma, Data de Publicação: 01/04/2016).

Ante a improcedência do pedido de equiparação salarial, não procedem


quaisquer reflexos pretendidos pelo Reclamante. Desta forma, com base na
fundamentação, fica contrariado o pedido de pagamento de diferença de
salário decorrente de equiparação salarial.

1.3- ASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA

Fernando em sua inicial fez a solicitação para devolução de todos os


descontos relativos ao plano de saúde e odontológico, contudo, analisando seu
contrato de trabalho observa-se que a reclamante acordou em receber o plano.

Incabíveis as pretendidas devoluções de descontos, uma vez que


autorizados expressamente pelo reclamante, sem qualquer vício de
consentimento, tratando-se de mera opção conforme fazem prova os
documentos anexos, não ocorrendo assim violação aos dispositivos do artigo
462, da CLT.

A súmula 342 do TST aborda esta violação, salvando quando o


empregado for coagido, o que não é o caso exposto, a reclamante assinou de
livre arbítrio, atentemos:

“Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e


por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência
odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de
entidade cooperativa, cultural ou recreativa associativa dos seus trabalhadores,
em seu benefício e dos seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462
da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito
que vicie o ato jurídico.”

A OJ n.º 160 da SDI-I do TST apontou que a prova da demonstração do


vício de vontade deve ser concreta e não presumida, afastando assim a coação
pela subordinação:
“160. DESCONTOS SALARIAIS. AUTORIZAÇÃO NO ATO DA ADMISSÃO.
VALIDADE (inserida em 26.03.1999)

É inválida a presunção de vício de consentimento resultante do fato de ter o


empregado anuído expressamente com descontos salariais na oportunidade
da admissão. É de se exigir demonstração concreta do vício de vontade.”

Porém, como dito linhas acima a garantia não é declinável ou


derrogável, estando sempre presente, assim a doutrina. Na lição de Sérgio
Pinto Martins se observa o princípio da intangibilidade salarial, outro princípio
na proteção do salário do empregado, usado para garantir a dignidade da
pessoa e da família, a doutrina menciona os descontos abusivos, visto que a
empresa não efetuava o citado, descontava apenas o que foi acordado em
contrato.

“O Direito do Trabalho tem como um de seus postulados fundamentais o


princípio da intangibilidade salarial. O mencionado princípio mostra a natureza
alimentar do salário, ao evidenciar a proteção jurídica dispensada àquele, de
modo a limitar a impossibilidade de descontos abusivos feitos pelo
empregador.” (MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 22. ed. São Paulo:
Atlas, 2006. pg. 284).

Durante todo seu contrato de trabalho o reclamante estava consciente


das vantagens de seu plano saúde e odontológico, vez que poderia usufruí-los
sem qualquer ônus, em momento algum houve qualquer manifestação
contrária, ou sequer pedindo cancelamento do plano, o reclamante poderia ter
cancelado o convênio de Seguro Saúde, no entanto comodamente não o fez.

1.4- DAS HORAS IN ITINERE

O reclamante alega que, em razão da insuficiência de transporte público


regular no trajeto de sua residência para o local de trabalho e vice-versa, a
reclamada lhe fornecia condução, não lhe pagando as horas in itinere.

Ocorre que, de acordo com o art. 58, § 2º, da CLT, o tempo despendido
pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de
trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte,
inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de
trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.

Portanto, este pedido também deve ser julgado improcedente.

3- DOS PEDIDOS

Com relação aos pedidos formulados na petição inicial, assim se


manifesta a reclamada:

a) Acolhimento da preliminar de mérito, bem como extinção do processo sem


resolução do mérito, nos termos do art. 485, I, do CPC, quanto ao pedido de
indenização por danos morais;

d) A improcedência de todos os pedidos formulados pelo Reclamante,


condenando-o ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios,
nos termos do art. 791-A, da CLT.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, em especial o depoimento pessoal do Reclamante, prova
testemunhal e documental.

Nesses termos, pede deferimento.

Londrina, 28 de Setembro de 2021.

MARCUS VINICIUS GAIEVSKI BOM

OAB/PR(...)

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