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Seleção de textos I
Santiago do Chile 26.09.2011
1
"Dizem que o servo
com menor conhecimento de seu Senhor
é aquele que crê que seus atos,
sua obediência e a prática de suas virtudes
lhe proporcionarão uma recompensa.
Eles consideram que o servo
nada pode adquirir
no âmbito do conhecimento espiritual
até que compreenda
que o que chega de seu Senhor
é, em todos os casos,
resultado de Sua graça,
e não de seus méritos".
Abd ar Rahman as Sulami
2
WZͲZYh/^/dK^
4
Como ser humano, você sempre tem o dever
social e humanitário, mas não
necessariamente o dever terapêutico; na
verdade, talvez você seja bem menos
qualificado para isso do que qualquer
terapeuta profissional convencional.
É impossível passar um tempo com,
praticamente, qualquer grupo religioso,
filosófico ou esotérico, ou até mesmo ler sua
literatura, sem ver que grande parte das
pessoas envolvidas ʹ talvez não por sua
própria culpa, mas por ignorarem os
problemas ʹ está adotando esses formatos
para propósitos sociológicos ou psicológicos
de caráter limitado.
Não é que a sua vida espiritual esteja correta
nesses grupos.
É que a sua vida social é inadequada.
͞K ƋƵĞ ĞƐƚĄ ĂĐŝŵĂ Ġ ĐŽŵŽ Ž ƋƵĞ ĞƐƚĄ
ĂďĂŝdžŽ͘͟
Da mesma forma que em considerações
mundanas comuns, na abordagem do
5
conhecimento superior também pode haver
ineficiência ou confusão quanto às metas.
Inicialmente, você pode ser capaz de
perseguir objetivos mais elevados por meio
de mecanismos e teorias inferiores, mas não
ƉŽĚĞ ƉĞƌƐĞŐƵŝͲůŽƐ ƐĂƚŝƐĨĂnjĞŶĚŽ ŝŶƚĞƌĞƐƐĞƐ
pessoais de curto prazo.
Você deve ir atrás dos interesses da sua
personalidade em outro lugar.
Em uma sociedade avançada, há mais
instituições atendendo a esses escoadouros
do que qualquer um poderia necessitar.
ĞƌƚŝĨŝƋƵĞͲƐĞ ĚĞ ƋƵĞ ĂƐ ƐƵĂƐ ŶĞĐĞƐƐŝĚĂĚĞƐ
profissionais, comerciais, sociais, psicológicas
e familiares são satisfeitas na sociedade a
que você pertence.
O resto de você é a parte com a qual é
possível estabelecer uma comunicação
mediante as técnicas especializadas,
acessíveis àqueles que têm um saber
tradicional completo e legítimo e os meios de
proteger esse saber.
6
Isso é o que você precisa estudar antes de
tudo.
A maioria das pessoas está tentando fazer
outra coisa, não importa o que pensam que
estão fazendo. Felizmente, não é difícil
reconhecer isso se esforço sincero suficiente
é despendido.
Na vida cotidiana, se você acha que a sua
família é, sobretudo, uma proposta
comercial, as pessoas lhe mostrarão que
você está enganado.
Se você pensou que a sua profissão tinha,
principalmente, propósitos sociais, as
pessoas logo o corrigirão.
É hora de você estar bem informado nesse
campo também.
Você deve saber ou descobrir a diferença
entre se reunir para aprender e experienciar
algo e se reunir a fim de ser emocionalmente
estimulado ou intelectualmente testado ou
socialmente assegurado.
7
Não há mal algum em existir um ingrediente
social em um relacionamento humano, longe
disso.
Mas quando há um desequilíbrio e um
contato humano se torna um pretexto para
um contato social, você não aprenderá,
sejam quais forem os materiais com os quais
está trabalhando.
͞ĚĞǀŝĚĂ ƉƌŽƉŽƌĕĆŽ͟ Ġ ƵŵĂ ŚĂďŝůŝĚĂĚĞ
secreta do mestre.
A emergência cíclica de escolas de estudo
superior aparentemente diferentes e
diversas épocas e culturas se deve, em
grande parte, à necessidade de resgatar
ensinamentos tradicionais genuínos do
automatismo e das funções
sociais,psicológicas e de entretenimento que,
regular e profundamente, invadem esses
ensinamentos e, na maioria das vezes,
acabam se apropriando deles.
Certos exercícios físicos e mentais, por
exemplo, são extremamente importantes
8
para o desenvolvimento das funções
humanas superiores.
Se esses exercícios são praticados por
pessoas que usam as coisas com propósitos
emocionais, sociais ou calistênicos, eles não
vão operar em um nível superior com essas
pessoas.
Eles se tornam, simplesmente, um meio de
se livrar da energia excedente, ou de aliviar
um sentimento de frustração.
Os praticantes, entretanto, regularmente e
quase invariavelmente, confundem as
experiências subjetivas que têm com esses
ĞdžĞƌĐşĐŝŽƐĐŽŵ͞ĂůŐŽƐƵƉĞƌŝŽƌ͘͟
É por essa razão que os ensinamentos
superiores tradicionais legítimos são
parcimoniosos com seus materiais e
exercícios. Ninguém com uma tarefa a
desempenhar pode, de modo algum ʹ se
conhece a tarefa ʹ͕ ĨĂnjĞͲůŽ ĚĞ ƵŵĂ ŵĂŶĞŝƌĂ
que não beneficie as pessoas no nível
requerido.
9
A informação acima deveria ser lida,
estudada e compreendida da forma mais
ampla possível. Sem ela, há poucas chances
de se servir a qualquer grupo de pessoas, em
qualquer lugar, de outra forma que não
socialmente ou adotandouma psicologia
rasa, sejam quais forem as teorias, os
sistemas ou os exercícios empregados.
Onde há ideologia, condicionamento e
doutrinação, é introduzido um elemento
mecânico que expulsa o fator de percepção
da realidade extradimensional que conecta
as funções superiores da mente com a
realidade superior.
As experiências sufis são concebidas para
manter uma harmonia e uma proximidade
com essa Realidade, ao passo que os
sistemas mecânicos, efetivamente,
distanciam as pessoas dela.
Aprender a Aprender ;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚ͕ϭϵϳϴͿͲZŽĕĂEŽǀĂ
ĚŝƚŽƌĂ͕ϮϬϭϭ͕Ɖ͘ϯϭϴͲϯϮϭ
10
ENSINAMENTO SUFI PARA ADULTOS
15
ser as duas únicas alternativas possíveis:
aceitação ou rejeição.
Não podemos falar de avaliações maduras e
exatas do material oferecido aos alunos,
quando estamos lidando com pessoas que
não possuem um alto nível objetividade.
WĞĐŽͲůŚĞƐƋƵĞƐĞĨĂŵŝůŝĂƌŝnjĞŵĐŽŵŽŵĂƚĞƌŝĂů
contido neste livro e que aprendam, nesta
etapa, como ocorre a regressão ao
infantilismo.
Qualquer forma de atividade humana tende
Ă ĐĞŶƚƌĂůŝnjĂƌͲƐĞ Ğŵ ƚŽƌŶŽ ĚĞ ĐĞƌƚŽƐ ĨĂƚŽƌĞƐ
comuns, seja uma religião, um sistema
filosófico, uma nacionalidade ou um clube.
Haverá um dirigente, um grupo de pessoas,
provavelmente certa informação ou seu
equivalente, certos lemas, e a ideia de
pertencerem todos ao mesmo grupo.
Todos, ou quase todos, estes elementos são
valiosos e legítimos nos campos em que têm
aplicação.
16
Entretanto, em nosso ensinamento eles não
são aplicados, porque a intenção é produzir
outro tipo de comunidade.
É necessário que se estude nossa informação
com a intenção deliberada de não
ĚŽƵƚƌŝŶĂƌͲƐĞ͕ mas de ĨĂŵŝůŝĂƌŝnjĂƌͲƐĞ com
tudo o que se puder compreender por ora.
Enquanto não se compreende o verdadeiro
valor destes elementos, é inevitável que o
indivíduo, assim como o grupo, achem esse
processo difícil.
É muito mais fácil condicionar, manipular ou
ĚŽƵƚƌŝŶĂƌ ĂƐ ƉĞƐƐŽĂƐ ĚŽ ƋƵĞ ĚĂƌͲůŚĞƐ
compreensão.
É muito mais fácil fabricar milhões de artigos
em série do que criar uma só obra de arte.
Um artigo em série pode ser tão necessário
como a obra de arte, mas devemos perceber
que existe uma diferença entre ambos.
O Sufismo no Ocidente Ě͘ĞƌǀŝƐŚ͕ϭϵϴϴ͕ϮĂĞĚ͘Ɖ͘ϭϰϳͲϭϱϬ
17
CRESCIMENTO, DETERIORAÇÃO E
RENOVAÇÃO
21
Um resultado desta condição é que de forma
não intencional os Guardiães recebem tanto
um apoio excessivamente entusiasmado
como uma oposição por parte de diferentes
setores de seu público. Ambas as reações são
sinais nada promissores, tão repreensíveis
quanto a apatia. Trabalhando juntos, os
membros devem superar essas tendências
para que se alcance o êxito em reavivar o
ensinamento.
Esta é a história de todas as épocas sobre a
terra. A única variante real é o lapso de tempo
durante o qual este comportamento se dá.
Aqueles que têm apenas um pouco de
conhecimento e pensam ter mais
conhecimento do que as pessoas comuns, não
são menos abertos à razão e ao ensinamento
do que os que não têm nenhum
conhecimento sobre a Tradição. Esta ironia é
uma complicação a mais. No entanto, estão
em melhores condições de avançar no
caminho uma vez que a casca externa do
envelhecimento tenha sido suavizada. Eles às
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vezes retêm potencialidades cuja presença
nos confere a possibilidade de oferecer
resgate. É no cumprimento deste dever,
baseado em nosso conhecimento da Tradição,
do ensinamento e das condições dos
membros (grupos), que podemos exercitar
habilidade, ação, amor e esforço.
Quando a casca das pessoas ou grupos está
demasiadamente endurecida, tais indivíduos e
comunidades permanecerão como nozes
duras que estão sendo rapidamente levadas
rio abaixo, sem perceber.
A água da compaixão e compreensão não será
ĐĂƉĂnjĚĞƐƵĂǀŝnjĂͲůŽƐƐƵĨŝĐŝĞŶƚĞŵĞŶƚĞ͕ĂƉŽŶƚŽ
ĚĞ ĂũƵĚĂͲůŽƐ Ă ďƌŽƚĂƌ ĂŶƚĞƐ ƋƵĞ ĐŚĞŐƵĞŵ Ă
uma represa, onde se amontoarão
abandonados e, desafortunadamente,
ignorantes.
Nawab Mohammed Ali Shah, EŝƐŚĂŶͲŝͲ'ŚĂŝď
El Caminodel Sufi ;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚ͕ϭϵϲϴͿĚŝƚŽƌĂWĂŝĚſƐ͕Ɖ͘ϯϯϰͲϯϯϳ
23
O DESAFIO DO TEMPO
25
;͙ͿŝŶƚĞƌĞƐƐĂŶƚĞĂƐƐŝŶĂůĂƌ͕ĚŽƉŽŶƚŽĚĞǀŝƐƚĂ
da psicologia contemporânea, como grupos de
estudo ʹ no sufismo e em toda parte ʹ sempre
enfrentam um desafio:
1. Se o grupo se estabilizará logo cedo
sobre apoios reconfortantes (como certas
disciplinas, exercícios, leituras, figuras de
autoridade), ou
2. Se o grupo tem em si estabilidade
suficiente para procurar alcançar uma
realidade que está além dos fatores
externos e sociais.
A composição do grupo é que decidirá isto. Se
seus membros já têm um sólido equilíbrio
social, não precisarão converter sua atmosfera
de estudo em fonte de estabilidade e
segurança. Se os membros já adquiriram
satisfações físicas e intelectuais, não precisarão
ƚĞŶƚĂƌĞdžƚƌĂŝͲůĂƐĚĞƐĞƵŐƌƵƉŽƐƵĨŝ͘
Os buscadores de estabilidade social,
intelectual e emocional são os candidatos que
fracassarão em ter acesso ao ensinamento sufi
nas escolas genuínas.
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As escolas imitadoras (quer o saibam ou não)
utilizam os elementos externos do sufismo ʹ
incluindo cartas e palestras como estas ʹ e
operam como grupos sociopsicológicos
disfarçados.
Esta atividade, por valiosa que seja, embora
suficamente estéril, não é a busca do
͚ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ƐƵƉĞƌŝŽƌ ƐŽďƌĞ Ž ŚŽŵĞŵ͛͘ /ƐƚŽ
não quer dizer que os grupos automiméticos,
que muita gente considera como sufis, possam
ser instantaneamente reconhecidos por um
candidato como meros grupos sociais.Pelo
contrário, se o aspirante a discípulo precisa de
segurança, aventura, catarse e equilíbrio social
e psicológico, se sentirá atraído cega e
agradecidamente a esse nível inferior de
atividade.
Isto se dá porque estará respondendo ao que o
grupo oferece na prática, não ao que o sufismo
pode oferecer.
Tradicionalmente, grupos de buscadores se
reuniam a fim de comemorar as práticas e
teorias do sufismo, na esperança de que seus
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desejos fossem consumados com o
aparecimento de um mestre genuíno.
Esta base para o estudo é mais arriscada do
que normalmente se supõe, porque quando
um grupo é composto em grande parte por
pessoas que o utilizam com propósitos
psicológicos inferiores, o grupo como um todo
tenderá a perder a capacidade e o desejo de
reconhecer os níveis superiores dos materiais.
Nesses casos, o desenvolvimento natural do
sentido social dentro do grupo atrofiará a
aspiração.
Somente a introdução de diferentes tipos de
pessoas no grupo, a fim de ao menos
ƌĞƐƚĂƵƌĂͲůŽ Ă ƵŵĂ ĚŝǀĞƌƐŝĚĂĚĞ ŶŽƌŵĂů ĚĞ
pessoas, terá probabilidade de reavivar as
possibilidades desse grupo.
Porém um grupo social deste tipo é, quase por
definição, hostil a tais introduções; pessoas
que parecem pensar de um modo diferente
são vistas como hostis ou inelegíveis.
El Camino del Sufi ;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚ͕ϭϵϲϴͿĚ͘WĂŝĚſƐ͕Ɖ͘ϯϬϵͲϯϭϭ
28
VERDADE SEM FORMA
29
chamados de bons ou ruins sem um
contexto;
8. as formas sobrevivem à sua utilidade e
aumentam ou diminuem em utilidade;
9. estas declarações são encontradas em
abundância nos escritos dos mestres sufis.
Foram redigidas para serem lidas e
lembradas (...)
(...) As formas externas das coisas do mundo,
sobre as quais os sufis tanto falam, incluem
as formas de ensino, que além de exercerem
uma função instrumental, devem ser
compreendidas no seu sentido interno.
Aprender a Aprender ;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚ͕ϭϵϳϴͿͲZŽĕĂEŽǀĂ
ĚŝƚŽƌĂ͕ϮϬϭϭ͕Ɖ͘ϭϳϮͲϭϳϯ
;ĨƌĂŐŵĞŶƚŽĚŽĐĂƉşƚƵůŽ͞hƐŽ͕ďƵƐŽĞĞƐƵƐŽĚĂƐ&ŽƌŵĂƐ
de Estudo)
30
EVOLUÇÃO CONSCIENTE
31
interna e também em harmonia com as
condições externas, tais como o clima.
No caso da comunidade humana, há duas
formas de se realizar este desenvolvimento.
A primeira é causal, a segunda é deliberada.
A esta última, em sua forma mais elevada,
ĐŚĂŵŽƵͲƐĞ͞sK>hKKE^/Ed͘͟
KƋƵĞƐĞĂĐĂďĂĚĞĚŝnjĞƌƌĞƐƵŵĞͲƐĞĂƐƐŝŵ͗
͚ƌĂĕĂŚƵŵĂŶĂƚĞŵƵŵĂŽƌŝŐĞŵĞƵŵĚĞƐƚŝŶŽ͕
que deve ser conhecido antes que um ser
humano possa dizer que é livre, ou possa
ŝŶƚŝƚƵůĂƌͲƐĞƐĞŶŚŽƌĚŽƐĞƵĚĞƐƚŝŶŽ͛͘
O conhecimento do lugar do homem no
universo e da natureza desse universo é o
único conhecimento que pode fazer com que o
homem seja livre, e, também, capaz de realizar
um verdadeiro progresso rumo a uma forma
superior de vida.
Os dois domínios ʹ aquele que veio antes e
aquele que vem depois ʹ têm de ser
conhecidos antes que o ser humano possa
compreender a si mesmo, a sua vida, e a
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própria vida, mas não podem ser explicados
por meios mecânicos, tais como a lógica.
Nos ensinamentos tradicionais, parte dos quais
são familiares a você, sempre houve uma
proibição no sentido de o homem comum
ƚĞŶƚĂƌ ĂƉƌŽĨƵŶĚĂƌͲƐĞ ŶŽƐ ĐŚĂŵĂĚŽƐ ƐĞŐƌĞĚŽƐ
do passado e do futuro.
Tal proibição é absolutamente necessária
quando se trata do homem comum. A razão é
simples: é porque uma vez que o homem
começa a acreditar que pode resolver o
mistério da existência humana e de suas
relações com o universo, procurará investigar
esse mistério de tal forma que se prejudicará.
Quando é suficientemente maduro para
perceber a natureza desse mistério, a
proibição não se aplica a ele. Tudo é questão
ĚĞĐĂƉĂĐŝĚĂĚĞ͘;͙Ϳ
;͙Ϳ ƐƚĞ ĚĞƐĞŶǀŽůǀŝŵĞŶƚŽ͕ ƉĂƌĂ ƐĞƌ ƌĞĂůŝnjĂĚŽ
eficientemente, deve ser dirigido.
Ou seja, não somente deve haver uma fonte
dessa direção, como também um canal para
ela. Esse canal é o que se conhece geralmente
33
como um mestre, embora o termo tenha um
sentido apenas aproximado.
Outro requisito é que deve haver uma
comunidade selecionada, que possa
ďĞŶĞĨŝĐŝĂƌͲƐĞĐŽŵĞƐƐĞĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ͘
E, em terceiro lugar, devem existir condições
ambientais corretas para tal desenvolvimento.
Isto é o que denominamos a condução correta,
o lugar correto, o tempo correto e as pessoas
corretas.
A tarefa do mestre é reunir todos estes
elementos.
Todas as religiões genuínas, grupos
psicológicos e metafísicos que existiram no
ƉĂƐƐĂĚŽ͕ ŽƌŝŐŝŶĂƌĂŵͲƐĞ ĚĞƐƚĂ ĚŽƵƚƌŝŶĂ͕ĞƐƚĞ
ĞŶƐŝŶĂŵĞŶƚŽ Ğ ĚĞ ŶĞŶŚƵŵ ŽƵƚƌŽ ŵĂŝƐ͘ ;͙Ϳ
inevitável que todos os ensinamentos se
͞ĚĞƚĞƌŝŽƌĞŵ͘͟
As pessoas apreciam os instrumentos e não os
objetivos. Começam não compreendendo o
significado dos materiais de estudo.
Confundem uma coisa com outra.
34
É tarefa de todo esforço regenerativo voltar ao
significado e à real importância dos estudos
tradicionais, de suas instituições e de seus
exercícios.
Nosso trabalho atual é exatamente este.
O Sufismo no Ocidente Ě͘ĞƌǀŝƐŚ͕ϭϵϴϴ͕ϮĂĞĚ͘Ɖ͘ϭϯϯͲϭϯϱ
QUESTIONANDO PREMISSAS
36
O fato é que harmonia social e equilíbrio
mental são tão essenciais como o alimento ou
outras nutrições.
Entretanto, exaltar essas coisas e distorcer
suas funções é mostrar falta de
conhecimento.
Estamos vivendo em um mundo onde
honestidade e avaliação correta de situações
frequentemente se parecem mais com
insanidade ou, no melhor dos casos, com
humor.
Esta é a área na qual nossos dados básicos
[basic data], nossas premissas têm de ser
questionadas: é a consciência com que
estamos familiarizados a mesma que aquela
que poderia ser elevada a um nível mais alto?
É a estabilidade mental ou o bem estar social
uma outra palavra para estar a caminho do
Céu ou é uma forma inferior, ainda que
essencial, da necessidade de fazer parte do
rebanho?
Quais são os elementos, se é que existem,
com os quais se deve trabalhar para se
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entender mais das capacidades humanas no
reino da mente?
Será que realmente podemos, em uma
sociedade baseada nĂ ĂŶĄůŝƐĞ͕ ĂƚƌĞǀĞƌͲŶŽƐ Ă
analisar as coisas que nós, como a maior parte
das comunidades propensas ao instinto de
rebanho, tomamos por constantes, inclusive
se aqueles que querem ensinar ou fazer
pesquisa estão aptos para isso com respeito a
serem capazes defazer a pergunta certa e se
beneficiarem das respostas?
Estão as pessoas do mundo moderno tão
obcecadas pela modernidade que acreditam
poder desmontar sistemas tradicionais e
ƌĞĐƌŝĂͲůŽƐĚĞƵŵĂĨŽƌŵĂŵĂŝƐǀŝĄǀĞůĚŽƋƵĞũĄ
são?
E ainda nem mesmo comecei a fazer as
perguntas que um Sufi faria se fosse
confrontado com alguém que quisesse
conhecer o seu ensinamento...
As aplicações sufis são a aplicação do
conhecimento já adquirido pelas pessoas que
o adquiriram. Não se trata da manutenção de
38
velhos costumes ou mesmo de passar de um
fragmento de informação descoberto para o
seguinte.
A afirmação feita pelo Sufi de que ele não
apenas percorreu esse caminho
anteriormente, mas que por isso mesmo é
quem melhor conhece o único modo de
percorrer novamente seus passos com seus
estudantes, não é negociável.
Pois os estudantes, quase que por definição,
apresentam as tendências, mesmo em suas
tentativas de análise, que o Sufi sabe que
acarretam ignorância (obsessão,
entretenimento de um nível inferior, etc.) e
não conhecimento.
Assim, embora o atual interesse no trabalho
^ƵĨŝĚŽƉĂƐƐĂĚŽƐĞũĂďĞŵͲǀŝŶĚŽ͕ĂƷŶŝĐĂĐŽŝƐĂ
que se pode dizer em resposta à tentativa de
ƌĞůĂĐŝŽŶĂͲůŽ ĐŽŵ Ž ƉƌĞƐĞŶƚĞ Ġ ĚĞĐůĂƌĂƌ͕ ĚĂ
forma mais gentil permitida pelas condições
reinantes, que a tradição e metodologia está,
como sempre, intacta, viva e com boa saúde.
39
ƋƵĞ ŽƐ ^ƵĨŝƐ ƐĞŵƉƌĞ ŝƌĆŽ ĐŽŵƉĂƌƚŝůŚĂͲůĂ͕
sem nenhuma reserva, com quem quer que
ĚĞƐĞũĞ ĂƉƌŽdžŝŵĂƌͲƐĞ ĚĞůĂ ĚĂ ƷŶŝĐĂ ŵĂŶĞŝƌĂ
que a experiência mais antiga e ainda válida
mostrou ser acessível: por meio dos métodos
que o próprioconhecimento superior indica
serem efetivos.
UnEscorpión Perfumado ;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚ͕ϭϵϳϴͿĚ͘<ĂŝƌſƐƉ͘ϮϮϳͲϮϮϵ
O DESENVOLVIMENTO POTENCIAL DA
ESSÊNCIA HUMANA
40
Mas cumpre que a sua irrigação proceda de
um manancial mais elevado.
Depois de nove anos de cultivo,
A raiz e o galho podem ser transplantados
WĂƌĂŽĐĠƵĚŽƐŐġŶŝŽƐŵĂŝƐĂůƚŽƐ͘͟
Lu Tsu, Alquimista Chinês
Traduzido em termos sufis, isso quer dizer:
͞K ŚŽŵĞŵ ƉƌĞĐŝƐĂ ĚĞƐĞŶǀŽůǀĞƌͲƐĞ ƉĞůŽƐ
próprios esforços,
crescer de modo evolutivo, estabilizando a
consciência.
Possui dentro de si uma essência,
Inicialmente minúscula, brilhante, preciosa.
O desenvolvimento depende do homem,
Mas precisa começar por um mestre.
Quando se cultiva a mente correta e
adequadamente,
A consciência é trasladada para um plano
sublime.͟
Os Sufis ;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚͿ͕Ě͘şƌĐƵůŽĚŽ>ŝǀƌŽ͕Ɖ͘ϮϮϳͲϴ
41
INÉRCIA vsEVOLUÇÃO
42
Se ele triunfa, ele aprende mais, compreende
mais,
ĂƉƌŽdžŝŵĂͲƐĞĐĂĚĂǀĞnjŵĂŝƐĚa participação.
Pode ser que agora lhe seja requisitado
confrontar ʹ e aceitar ʹ
o mecanismo de sua própria evolução.
El Pueblo Del Secreto(Ernest Scott) Ed. ^şƌŝŽ͕Ɖ͘ϲϱͲϲ
NOVO ÓRGÃO DE PERCEPÇÃO
44
O acontecimento é uma mutação na
natureza evolutiva do homem que implica
uma nova modalidade de experiência, um
novo ÓRGÃO DE PERCEPÇÃO.
Ainda que latente, talvez, desde que o
homem emergiu de seus ancestrais, trata-‐se
de um órgão de experiência que apenas
esteve ativo de forma intermitente em certos
indivíduos excepcionais.
K ŚŽŵĞŵ ĞƐƚĄ ĚĞƐƚŝŶĂĚŽ Ă ŚĞƌĚĂͲůŽ Ƶŵ ĚŝĂ
como parte de sua experiência total.
Para este acontecimento o homem teve que
ser preparado.
ĞƌƚĂƐ ƌĂĕĂƐ ƉƌŽŵŝƐƐŽƌĂƐ ĚĞ ƉƌĞͲŚŽŵĞŶƐ
ĞdžƚŝŶŐƵŝƌĂŵͲƐĞ ŝŶĞdžƉůŝĐĂǀĞůŵĞŶƚĞ Ğ
ĐŽŶũĞĐƚƵƌĂͲƐĞƋƵĞŝƐƚŽƚĞŶŚĂŽĐŽƌƌŝĚŽƉŽƌƋƵĞ
ĨŽƌĂŵŝŶĐĂƉĂnjĞƐĚĞĂĚĂƉƚĂƌͲƐĞĂŽŝŶƚĞůĞĐƚŽʹ
para eles uma experiência incompreensível e
ingovernável.
Por analogia, uma função que dá acesso a um
mundo quadridimensional pode ser
45
igualmente desastrosa para um Homem
Moderno baseado no intelecto.
Certos mínimos requisitos anímicos, uma
mínima gravidade psíquica específica são
necessários antes que se possa arriscar uma
nova modalidade tão radical.
A preparação para isto ʹ do nosso ponto de
vista ʹ foi iniciada como uma operação
deliberada da Inteligência Superior há 1000
anos.
Os primeiros passos implicaram certa
tolerância social, certa expansão do
intelecto, certo humanitarismo instintivo.
Estes precisavam ser estabelecidos antes que
a primeira tentativa de pôr em
funcionamento o novo órgão
ĨŽƐƐĞĐŽŶƐŝĚĞƌĂĚĂǀŝĄǀĞů;͘͘͘Ϳ͟
El Pueblo delSecreto(Ernest Scott), Ed. ^şƌŝŽ͕Ɖ͘ϴϲͲϴϳ
46
PRIMEIRO RENASCIMENTO EUROPEU
;͞ĨŽŝŝŶŝĐŝĂĚĂĐŽŵŽƵŵĂŽƉĞƌĂĕĆŽĚĞůŝďĞƌĂĚĂ
ĚĂ/ŶƚĞůŝŐġŶĐŝĂ^ƵƉĞƌŝŽƌŚĄϭϬϬϬĂŶŽƐ͟Ϳ
1. Pareceria que o primeiro objetivo da
Operação Ibérica foi a introdução de um
COMPONENTE INTELECTUAL na matéria
anímica da Europa ʹ uma ação que está
reverberando em ondas de amplitude cada
vez maior até os dias de hoje (...)
47
(...) Para aumentar a especulação intelectual
e filosófica, o principal instrumento foi
provavelmente a matemática.
Outro foi a publicação aberta da Cabala.
2. O segundo foi a introdução de uma
modalidade para a qual não há nenhum
ƚĞƌŵŽ ŐĞŶĠƌŝĐŽ Ğŵ ŝŶŐůġƐ͘ ͞Z>/'/K
^h>Z͟ ƚĂůǀĞnj ƐĞũĂ Ă ĚĞƐĐƌŝĕĆŽ ŝŶĚŝĐĂƚŝǀĂ
mais aproximada.
Os veículos gêmeos disto foram o que hoje
ƐĞ ĐŚĂŵĂƌŝĂ ĚĞ ͞&ƌĂŶĐŽŵĂĕŽŶĂƌŝĂ͟ Ğ
͞/ůƵŵŝŶŝƐŵŽ͟ ʹ impulso que em sua sétima
harmônica levaria à Revolução Francesa. (...)
;͘͘͘Ϳ K ͞/ůƵŵŝŶŝƐŵŽ͟ ĨŽŝ ŝŶƚƌŽĚƵnjŝĚŽ ŶĂ
consciência europeia a partir da escola de
/ďŶDĂƐĂƌƌĂ ;ϴϴϯͲϵϯϭͿ Ğŵ ſƌdoba,
investigada pelo professor Asin Palácios.
A partir das experiências a que tiveram
acesso, os discípulos de Masarra foram
capazes de vislumbrar as alturas às quais a
consciência humana poderia aspirar.
48
Reverberações dessa escola iriam
ŝŶĐŽƌƉŽƌĂƌͲƐĞ ăƐ alegorias de Dante, ao
trabalho dos escolásticos Agostinianos, à
teologia de Duns Scotus, à ciência de Roger
Bacon e ao reconhecimento eclesiástico
relutante do venerado Raimundo Lúlio.
3. O terceiro objetivo foi introduzir um matiz
novo e mais sutil ao conceito de AMOR (...)
(...) O tema do amor, que iria suavizar e
melhorar a dureza da vida europeia pelos
séculos vindouros, foi introduzido pelo
movimento dos Trovadores.
Embora a primeira intenção aqui tenha sido
provavelmente a de restaurar um elemento
feminino imperfeito que se perdera na
Cristandade Paulina, produziusse um curioso
efeito tangencial de criar o Culto da Virgem
Maria, que hoje se supõe ser cristão desde
suas origens.
Mas as memórias são curtas; o dogma da
Imaculada Concepção de Maria, por
49
exemplo, só foi proclamado um artigo de fé
(pelo Papa Pio IX) em 1854.
4. O quarto foi proporcionar uma técnica
psicocinética pela qual certos indivíduos,
trabalhando talvez em pares, pudessem
aumentar seu nível de ENERGIA CONSCIENTE
(...)
(...) A fim de proporcionar uma técnica que
capacitaria homens comuns (ou quase
comuns) a trabalhar para conseguir um
aumento decisivo no nível de sua própria
energia consciente, a alquimia foi
transmitida.
5. O quinto foi uma ação para obter um
desenvolvimento imediato com relação a
alguns indivíduos excepcionais que serviriam
como TRANSMISSORES (...)
(...) alguns indivíduos foram rapidamente
desenvolvidos nas escolas de Córdoba e
Toledo e introduzidos nas correntes sociais,
políticas e religiosas da Europa.
50
El Pueblo delSecreto(Ernest Scott), Ed. Sírio, Cap. 3: La
ůŝĂŶnjĂ/ŶƚĞƌŝŽƌ͗ZŽŵĂ͕ƌŝƐƚŝĂŶĚĂĚĞ/ƐůĂŵ͕Ɖ͘ϵϵͲϭϬϬ
CONFRONTO E APOIO
54
desenvolvimento da compreensão das coisas
em termos de qualidade e refinamento.
Em algumas comunidades primitivas, por
exemplo, a mesma palavra é utilizada para
"azul" e "verde", uma vez que a cultura não
tem nenhum uso prático para essas cores em
separado. Quanto mais nova é uma criança,
menor é o seu campo de diferenciação entre,
digamos, diversas formas, tamanhos e pesos.
O homemrealmente primitivo vaga de um
lugar para outro em busca de frutos e raízes
para comer. Como ainda não organizou de
maneira eficiente a sua atividade para
conseguir alimentos, a maior parte do seu
tempo é tomada por esta busca. Assim que
ele aprende que pode localizar uma fonte de
alimentos e viver aí, ou que pode cultivar
alimentos, que não precisa comer
compulsivamente, que necessita apenas do
suficiente para sobreviver ʹ quando ele
descobre essas coisas, ele se torna
comparativamente livre.
55
Sua vida foi de fato expandida. Em vez de
utilizar sessenta e nove anos em busca de
alimentos e o equivalente a um ano em todas
as outras atividades, ele agora investe,
digamos, seis anos na busca de alimentos e
tem disponíveis sessenta e três anos a mais
para outras atividades.
KŚŽŵĞŵΗŵŽĚĞƌŶŽΗĞŶĐŽŶƚƌĂͲƐĞŶĂŵĞƐŵĂ
condição no que diz respeito à emoção.
Ainda não aprendeu que tem certas
necessidades emocionais, que precisa de
uma ingestão [intake] emocional mínima. Se
esta necessidade for satisfeita, ele ficará livre
para fazer outras coisas. No caso da emoção,
ele tem "sessenta e três anoƐ Ă ŵĂŝƐ͟ ĚĞ
emoção que pode empregar para ampliar e
enriquecer suas percepções.
DĞůŚŽƌĂƌƐƵĂƐƉĞƌĐĞƉĕƁĞƐƉĞƌŵŝƚĞͲůŚĞŽďƚĞƌ
o conhecimento, a única coisa que lhe
possibilitará resolver os mistérios acerca de si
mesmo e de sua situação.
Mas o aprendizado sobre a utilidade de
organizar a busca por alimentos foi
56
relativamente fácil, mesmo para o homem
realmente primitivo, uma vez que existe todo
um aparato bastante visível, em constante
funcionamento, que gera a fome, o consumo,
o processamento e a eliminação do alimento.
O homem "moderno", no entanto, possui
tanto uma maior capacidade que lhe permite
resolver o problema emocional, como
também conserva do homem primitivo a
atitude de "converter em arte ritual o que
imagina ser uma necessidade". Ele sacralizou
e glamorizou a emoção, de modo que se
ƚŽƌŶŽƵ Ƶŵ ƚĂďƵ ŵŽĚĞƌŶŽ͘ ŽƐƚƵŵĂͲƐĞ ĨĂůĂƌ
da emoção como algo belo, uma fonte de
inspiração e sentimentos elevados, e outras
coisas do gênero.
Os artistas, estetas, idealistas e pessoas
interessadas em manipular os outros são
aliados inconscientes da ilusão mútua
segundo a qual esse "talismã sagrado" não
deve ser rompido e a "vaca sagrada" não
deve ser sacrificada.
57
A única resposta que podemos lhes dar é
aquela que o homem sensato daria ao
selvagem:
"Se o seu talismã pode perder o poder ao se
romper, ele pouco tem de talismã; se a sua fé
é abalada quando sua vaca se converte em
bifes, isso não depõe muito a seu favor.
Demonstra, no entanto, que você não é um
homem ou uma mulher, mas um pobre
primitivo não civilizado com a pretensão de
ƐĞͲůŽΗ͘
Aprender a Saber;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚͿ͕Ě͘WĂŝĚſƐ͕Ɖ͘ϭϬϭͲϭϬϯ
HIPÓTESE DE TRABALHO vsÍDOLOS
59
ao longo dos últimos, digamos, cinquenta
anos.
É por isso que somos capazes de indicar
princípios que são ainda mais valiosos como
hipóteses de trabalho do que como artigos
de fé total ʹ ͚şĚŽůŽƐ͕͛ĐŽŵŽŽƐĚĞŶŽŵŝŶĂŵŽƐ
ʹ e podemos enfim falar com as pessoas a
respeito de estruturas que elas podem estar
preparadas para ver como meios para fins,
ao invés de simplesmente como fins em si
mesmas.
Unescorpión perfumado ;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚͿ͕Ě͘<ĂŝƌſƐ͕Ɖ͘ϮϬϴͲϮϬϵ
O PROPÓSITO DOS ENCONTROS
FREQUENTES
63
භCom o objetivo de se prepararem para uma
seleção a fim de levar a cabo estudos mais
avançados.
භ Com o objetivo de manter o seu contato
com o Ensinamento e sua habilidade de
beneĨŝĐŝĂƌͲƐĞ ĚĞůĞ͕ ĚĞ ĨŽƌŵĂ ƋƵĞ Ž
ŶƐŝŶĂŵĞŶƚŽ ƉŽƐƐĂ ƐĞůĞĐŝŽŶĂͲůŽƐ ƉĂƌĂ
atividades especiais e compreensão superior
no devido tempo.
භ Žŵ Ž ŽďũĞƚŝǀŽ ĚĞ ĚĞƐƉƌĞŶĚĞƌͲƐĞ ĚĞ
abordagens emocionais e intelectuais que
constantemente invadem todos os estudos,
inclusive o nosso, quando empreendidos sem
a devida consideração pelo tempo, lugar e
pessoas, como também da afirmação de que
ĞdžŝƐƚĞƵŵΗŽƵƚƌŽŵŽĚŽ͘͟
භ Com o objetivo de ver e sentir o sabor
especial do nosso tipo de relacionamento e
trabalho, com o propósito de rĞĐŽŶŚĞĐĞͲůŽ
instantaneamente, do mesmo modo como
alguém é capaz de reconhecer atmosferas
mais habituais.
64
Aprender a Saber;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚͿ͕Ě͘WĂŝĚſƐ͕Ɖ͘ϮϭϱͲϮϭϳ
ESTUDANTES DO TERCEIRO ANO
68
A maioria das pessoas não entende que,
digamos, o efeito da luz do sol sobre as
árvores é algo constante. A fim de conhecer a
natureza do ensinamento, teríamos que
conhecer a natureza da pessoa sobre a qual
ele atuou. A pessoa comum não tem como
saber isso. Tudo o que ela pode saber é o que
supõe ser um efeito sobre si mesma ʹ e ela
não tem nenhuma imagem coerente do que
seja 'si mesma'.
Como o observador externo sabe ainda
menos do que a pessoa que está
descrevendo a si mesma, ficamos com uma
evidência inútil. Não temos uma testemunha
confiável.
>ĞŵďƌĞͲƐĞ ƋƵĞ ĞŶƋƵĂŶƚŽ ĞƐƚĂ ƐŝƚƵĂĕĆŽ
prevalecer, em geral haverá um número igual
ĚĞ ƉĞƐƐŽĂƐ ĚŝnjĞŶĚŽ ͞/ƐƚŽ Ġ ŵĂƌĂǀŝůŚŽƐŽ͟
ĐŽŵŽ ĂƐ ƋƵĞ ĚŝnjĞŵ ͞/ƐƚŽ Ġ ƌŝĚşĐƵůŽ͘͟ ͞/ƐƚŽ Ġ
ƌŝĚşĐƵůŽ͟ƐŝŐŶŝĨŝĐĂƌĞĂůŵĞŶƚĞ͗͞/ƐƚŽŵĞƉĂƌĞĐĞ
ƌŝĚşĐƵůŽ͕͟ Ğ ͞/ƐƚŽ Ġ ŵĂƌĂǀŝůŚŽƐŽ͟ ƐŝŐŶŝĨŝĐĂ͗
͞/ƐƚŽŵĞƉĂƌĞĐĞŵĂƌĂǀŝůŚŽƐŽ͘͟
Você realmente gosta de ser assim?
69
Muitas pessoas gostam, ainda que
energicamente pretendam o contrário.
Você gostaria de ser capaz de experimentar o
que realmente é ridículo ou maravilhoso, ou
qualquer coisa entre esses dois extremos?
sŽĐġ ƉŽĚĞ ĨĂnjĞͲůŽ͕ ŵĂƐ ŶĆŽ ĞŶƋƵĂŶƚŽ
ƐƵƉƵƐĞƌ ƋƵĞ ƉŽĚĞ ĨĂnjĞͲůŽ ƐĞŵ ŶĞŶŚƵŵĂ
prática, sem nenhum treinamento, em meio
a tanta incerteza quanto ao que você é e por
que gosta ou não gosta de alguma coisa.
Quando tiver encontrado a si mesmo, você
pode ter o conhecimento.
Até lá você só tem opiniões.
As opiniões são baseadas no hábito e no que
você imagina que lhe é conveniente.
O estudo do Caminho requer o autoencontro
ao longo do caminho.
Você ainda não encontrou a si mesmo.
A única vantagem de encontrar outras
pessoas nesse meio tempo é que uma delas
pode apresentar você a si mesmo.
70
Antes de chegar a isto, possivelmente você
imaginará que já encontrou a si mesmo
muitas vezes. Mas a verdade é que quando
de fato encontra a si mesmo, você recebe
uma dádiva e um legado de conhecimento
que não se assemelha a nenhuma outra
experiência na terra.(Tariqavi)
La Sabiduría de los Idiotas ;/ĚƌŝĞƐ^ŚĂŚͿ͕Ɖ͘ϭϮϯͲϭϮϱ
O SERVIÇO HUMANO (Fragmentos)
71
que nenhum indivíduo pode criar um
processo real e duradouro
sem compartilhar o fardo com outro.
Esta é uma das razões pelas quais em
algumas formulações
se insiste no serviço humano ou esforço
comunitário.
Por este motivo, trabalhar com, ou para uma
comunidade, é
de fato, sob circunstâncias adequadas,
o mesmo que trabalhar para si mesmo."
Sufismo enOccidente͕Ɖ͘ϱϲͲϲϬ
͞KĂŵŝŶŚŽĐŽŶƐŝƐƚĞƵŶŝĐĂŵĞŶƚĞ
no serviço das pessoas;
Não encontra seu lugar no rosário,
no tapete de oração ou no manto de
ƌĞŵĞŶĚŽƐ͘͟
El Bustan"El huerto", (Saadi), p. 28
72
"A essência do êxito da atuação Sufi
é dar, em vez de desejar receber;
servir em vez de ser servido.
Embora quase todas as culturas exaltem isto
como um ideal,
ŽĨƌĂĐĂƐƐŽĞŵƌĞĂůŵĞŶƚĞĨĂnjĞͲůŽ
significa que a atitude mental, psicológica,
que abre a mais ampla capacidade da
consciência,
não é alcançada onde falta este elemento,
e, portanto, as pessoas não aprendem.
Não se pode trapacear neste jogo. "
UnEscorpión Perfumado (IdriesShah), Ed. Kairós, p. 214
"... temos de garantir que ele olhe para si
mesmo
bem como para outros,
e veja alguns dos seus valores tradicionais
sob uma luz nova e extra:
sob uma luz técnica.
Você pode sentimentalizar, digamos, a
paciência, a modéstia ou o serviço.
73
Se, por outro lado, também ƉƵĚĞƌǀĞͲůŽƐ
como elementos que o capacitam a
aprender,
você pode começar a ter uma ideia
das suas funções dinâmicas adicionais
ʹ distintas de suas funções
supostamente mágicas ou
demonstravelmente sentimentais."
Un EscorpiónPerfumado, (Idries Shah), Ed. <ĂŝƌſƐ͕Ɖ͘ϭϵϳͲϭϵϴ
ΗĞǀĞƐƉƌĞƉĂƌĂƌͲƚĞƉĂƌĂĂƚƌĂŶƐŝĕĆŽ
na qual não haverá nenhuma
das coisas a que te acostumaste.
Depois da morte, tua identidade deverá
responder a estímulos dos quais tens a
chance de ter aqui um gosto antecipado.
74
Se permaneceres apegado às poucas coisas
que te são familiares, apenas te
tornarásinfeliz."
GHAZALI
Histórias dos Dervixes (IdriesShah, 1978), Roça Nova
Editora, 2010, p. 143
ESPÍRITO E SUBSTÂNCIA
75
Esta substância, tal e qual se concebe, não é
considerada eterna.
Já existia antes da corporeidade do homem
;,h:t/Z/͕͚ZĞǀĞůĂĕĆŽĚŽKĐƵůƚŽ͛Ϳ͘
Depois da morte física,
o espírito substancial continua a existir
em uma de dez formas,
cada uma correspondendo à formação que
alcançou durante a vida comum.
Existem dez etapas neste sentido,
a primeira das quais é a do SINCERO,
e a décima a do SUFI que transformou sua
natureza com sua evolução terrena.
K͚ƌƵŚ͛ăƐǀĞnjĞƐĠǀŝƐşǀĞů͘͟
Los Sufíes(IdriesShah), p. 457
"E entre as coisas maravilhosas, há uma
gazela velada.
Uma Sutileza Divina, velada por um estado
do Self,
que se refere aos Estados daqueles dotados
de conhecimento.
Incapazes de explicar suas percepções aos
demais,
76
ƐſƉŽĚĞŵŝŶĚŝĐĂͲůĂƐăƋƵĞůĞƐƋƵĞĐŽŵĞĕĂƌĂŵ
a sentir algo semelhante."
/EZ/ͲΗůŝŶƚĠƌƉƌĞƚĞĚĞůŽƐĚĞƐĞŽƐΗ
Ɛ ΖŐĂnjĞůĂƐ ǀĞůĂĚĂƐΖ ŽƵ ͚ĐĞƌǀŽƐ ŽĐƵůƚŽƐΖ
(Dhabiyunmubarqa'un) a que se refere Ibn
Arabi são as percepções e experiências
indicadas por aqueles que as possuem
para aqueles que têm algum indício delas.
"Velar", em terminologia Sufi, indica a ação
do Self ͚ĚŽŵŝŶĂŶƚĞ͕͛ŽƵƐƵďũĞƚŝǀŽ͕Ž
qual, devido em parte à doutrinação e em
parte a suas aspirações
inferiores, impede uma visão superior.
A poesia, a literatura, os contos e atividades
sufis são os instrumentos que,
utilizados com conhecimento e sob
prescrição, e não de um modo automático ou
obsessivo, ajudam na relação entre sufi e
discípulo para a remoção dos véus.
77
Una Gacela Velada, (IdriesShah), Ed. Herder, p. 13
FIOS
78
multiplicada para a área da
belezaperceptível.
O fio não perde seu caráter ou personalidade
próprios; ele se entrega de bomgrado para a
produção de uma coisa útil e bela.
Uma pessoa individual também tem uma
integridade, uma qualidade de ser euma
existência.
Duas pessoas atuando de maneira harmônica
e complementar produzem umfator extra.
Um conjunto de pessoas trabalhando,
ƉĞŶƐĂŶĚŽ͕ ƐĞŶƚŝŶĚŽ Ğ ŽĨĞƌĞĐĞŶĚŽͲƐĞũƵŶƚĂƐ͕
cada uma envolvendo conscientemente o
seu ser essencial, é capaz deproduzir algo de
extraordinária beleza.
Esta é a sua função e a sua responsabilidade.
Vocês devem assumir livrementeesta
responsabilidade e atividade com toda a
alegria, humildade e trabalho árduoque
acompanham tal compromisso, com a
confiança, o entusiasmo sereno e asegurança
de que o seu ser essencial, desperto e em
79
funcionamento, podeaumentar a sua
percepção e a aumentará.
Mediante o uso dessa percepção,
encontrarão um elemento que se
chama"inspiração".
A inspiração não é um fator que irrompa ou
que entre em erupção em suaconsciência
constantemente; ela chega a vocês quando
ƉƌĞĐŝƐĂŵ ĚĞůĂ Ğ ƋƵĂŶĚŽƉŽĚĞŵ ƵƐĂͲůĂ͕ ĐŽŵŽ
resultado da barakada Tradição, e ela chega
com umsuprimento de energia dessa
barakapara lhes permitir aproveitar essa
inspiração.
ŽŶŐƌĞƐƐŽd,dͲϮϬͬϭϬͬϭϵϴϴ
Agaete (Ilhas Canárias, Espanha)
KDZ>/Ͳ^,,
SAGRADO, BOM, DEVOTO
81
estava cego e jazia no chão sem ninguém por
perto.
Bishr foi até ele, pousou sua cabeça sobre
ƐĞƵƐ ƉƌſƉƌŝŽƐ ũŽĞůŚŽƐ Ğ ĚŝƐƐĞͲůŚĞĂůŐƵŵĂƐ
palavras reconfortantes e consoladoras, pois
sentia pena e compaixão.
O leproso então falou:
ʹ Quem é o estranho que vem aqui para se
colocar entre mim e meu Senhor?Com ou
sem meu corpo, tenho o meu amor por Ele.
Bishr relata que esta lição permaneceu com
ele pelo resto dos seus dias.
Mashgul explica:
͞ƐƚĂ ŚŝƐƚſƌŝĂ Ɛſ ƉŽĚĞ ƐĞƌ ĞŶƚĞŶĚŝĚĂ ƉŽƌ
aqueles que percebem que o leprosotratava
de impedir que Bishr se entregasse ao seu
próprio sentimentalismo e searruinasse, ao
ĐŽŶǀĞƌƚĞƌͲƐĞŶŽƋƵĞĂŚƵŵĂŶŝĚĂĚĞĐŚĂŵĂĚĞ
Ƶŵ͚ŚŽŵĞŵďŽŵ͛͘
͚Žŵ͛ĠĂƋƵŝůŽƋƵĞǀŽĐġĨĂnjǀŽůƵŶƚĂƌŝĂŵĞŶƚĞ͕
e não para servir a um apetite
82
porindulgência, como lhe ensinaram os
outros em ŶŽŵĞĚĂŚƵŵĂŶŝĚĂĚĞ͘͟
ŝƐŚƌ/ďŶĞůͲ,ĂƌŝƚŚ
El Camino del Sufi (Idries Shah), Ed. Paidós, p. 229
O CONHECIMENTO DE SI MESMO
85
Antes do período que se convencionou chamar
de tempo histórico, esteve emfuncionamento
uma forma de cognição vinculada ao
desenvolvimento humanoque não pertence
aos métodos atuais de aquisição e utilização de
informação.Oresultado desse esforço foi,
muitas vezes, chamado de "sabedoria".
Pergunta:
A minha dificuldade é compreender o que
estou fazendo.
Percebo que não posso realmente fazer nada
a menos que o compreenda.
Posso ser ajudado a compreender mais sobre
o Trabalho, para poder progredirnele?
Resposta:
Você não está tão sozinho quanto supõe.
As coisas que você faz têm um efeito.
O efeito não é o simples efeito que você
pode pensar que têm.
Em cada ação há um conteúdo de "trabalho"
que irá contribuir em direção ao
seuprogresso, quer você saiba ou não.
Este fator foi esquecido, ou pode ser
ocultado por alguém que queira que
você,por períodos específicos e limitados, se
considere abandonado aos seus
própriosrecursos, ou algo do gênero.
Isso a que você se refere é algo que surge de
uma situação individual; nunca podeser uma
87
regra. Depende do "tempo e lugar", da
͞ŽĐĂƐŝĆŽĞŶĞĐĞƐƐŝĚĂĚĞΗ͘
Quando, porém, você compreende as áreas e
dimensões mais profundas do queestá
fazendo, então se beneficiará desta mesma
ação de múltiplas maneiras.
Você aporta esforço, trabalho. Você ganha
músculos.
Talvez você não tenha notado que ao mesmo
tempo estava ganhando dinheiro.
Quando você aprender sobre o dinheiro,
ĞŶƚĆŽ ƉŽĚĞƌĄ ƉĂƐƐĂƌ Ă ƵƐĂͲůŽ Ğ ƉĂŐĂƌ
porcoisas com ele.
Você não pode aprender mais até que possa
aprender mais.
Esta palavra, "Trabalho" ʹ não está sendo
usada no seu sentido real.
Em árabe, "trabalho" é outra palavra para
religião.
Na alquimia, o "Opus" é o Grande Trabalho, a
transmutação.
88
Para os Sufis, "Wazifa" ou "dever" é outra
palavra para um dever que se leva acabo sob
instruções. Há outros inúmeros exemplos
possíveis.
O tipo de trabalho no qual estamos
interessados é o trabalho que contém
muitasdimensões.
Cada uma dessas funções do Trabalho está
presente, quer seja
compreendidaconscientemente ou não.
No entanto, seu valor, seu produto, só se
torna operante quando a situação
estámadura para isso.
E o Trabalho só pode ser levado a cabo com a
possibilidade deste PRODUTO surgirquando
for planejado e implementado
deliberadamente como parte de
umprograma requerido pela origem do
ensinamento; o que denominamos
dechamado permanente e atemporal.
89
O homem é um símbolo.
Como também o são um objeto ou um
desenho.
Penetra para além da mensagem exterior do
símbolo,
Ou adormecerás.
Dentro do símbolo há um desenho em
movimento.
Aprende este desenho.
Para isso necessitas de um Guia.
DĂƐĂŶƚĞƐƋƵĞĞůĞƉŽƐƐĂĂũƵĚĂƌͲƚĞ͕
deves te preparar, exercitando a honestidade
em direção ao objeto de tua busca.
Se buscas verdade e conhecimento,
tu os obterás.
Se buscas algo para ti mesmo apenas,
dĂůǀĞnjƉŽƐƐĂƐŽďƚĞͲůŽ
e percas todas as possibilidades mais elevadas
para ti mesmo.
KhwajaPulad de Erivan
90
Muitas pessoas praticam virtudes ou se
associam a gente sábia e
admirável,acreditando que esta é a busca do
autoaperfeiçoamento. Estão enganadas.
ŵ ŶŽŵĞ ĚĂ ƌĞůŝŐŝĆŽ ĐŽŵĞƚĞƌĂŵͲƐĞ ĂůŐƵŵĂƐ
das piores barbaridades.
Tentando fazer o bem, o homem cometeu
alguns de seus piores atos.
K ĞƌƌŽ ĚĞǀĞͲƐĞ ă ƐƵƉŽƐŝĕĆŽ ĂďƐƵƌĚa de que a
mera ligação com algo valiosotransmitirá uma
vantagem correspondente a um indivíduo
inalterado.
Mas é necessário muito mais.
O homem não deve apenas estar em contato
com o bem, mas com uma de suasformas que
seja capaz de transformar sua função e
ŵĞůŚŽƌĂͲůŽ͘ hŵ ĂƐŶŽ ƋƵĞ ƵƐĂƵŵĂ ďŝďůŝŽƚĞĐĂ
como estábulo não aprende a ler e escrever.
Este argumento é uma das diferenças entre o
ensinamento sufi e a tentativa de praticar a
ética e a automelhoria em outros âmbitos.
Este ponto costuma ser negligenciado pelo
leitor ou estudante.
91
dĂůŝď<ĂŵĂů ĚŝƐƐĞ͗ ͞K ĨŝŽ ŶĆŽ ƐĞ ĞŶŽďƌĞĐĞ ƉŽƌ
passĂƌ ĂƚƌĂǀĠƐ ĚĂƐ ũŽŝĂƐ͟ Ğ ͞ŵŝŶŚĂƐ virtudes
não me fizeram melhor, assim como um local
ermo não se torna fértilpela presença de um
ƚĞƐŽƵƌŽ͘͟
Um tesouro é um tesouro. Mas se for acionado
para reconstruir uma ruína, o tesouro deve ser
utilizado de uma certa maneira.
A moralização pode ser uma parte do
processo.
Mas ainda são necessários os meios de
transformar o homem. Estes meiosconstituem
o segredo sufi.
Outras escolas, no mais das vezes, não estão
no ponto em que são capazes de veralém da
primeira etapa; estão intoxicadas com o
descobrimento da ética e davirtude e
concluem, portanto, que ambas são uma
panaceia.
AbdalAlíHaidar
92
Uma vez, quando a arte e a ciência da
jardinagem ainda não estavam
bemestabelecidas entre os homens, havia
um mestre jardineiro.
Além de conhecer as propriedades das
plantas, seu valor nutritivo, medicinal
ĞĞƐƚĠƚŝĐŽ͕ ĨŽƌĂͲůŚĞ ĐŽŶĐĞĚŝĚŽ Ž
conhecimento da erva da longevidade, e ele
viveumuitas centenas de anos.
Durante gerações, visitou jardins e cultivou
terras em todo o mundo. Num lugar,plantou
um jardim maravilhoso. Ensinou as pessoas a
cuidarem dele e ensinou-‐lhes também a
ciência da jardinagem. Porém, ao se
acostumarem a ver quealgumas plantas
cresciam e floresciam todos os anos, logo se
esqueceram de queas sementes de algumas
precisavam ser recolhidas, que outras se
multiplicavampor galhos, que outras
precisavam de mais água, etc.
O resultado foi que, com o tempo, aquele
jardim se tornou selvagem e as
pessoascomeçaram a achar que era o melhor
93
jardim que podia existir. Depois de
ĚĂƌͲůŚĞƐŵƵŝƚĂƐ ŽƉŽƌƚƵŶŝĚĂĚĞƐ ƉĂƌĂ
aprenderem jardinagem, o jardineiro
expulsou essaspessoas e recrutou outro
ŐƌƵƉŽ ĐŽŵƉůĞƚŽ͘ ĚǀĞƌƚŝƵͲŽƐ ĚĞ ƋƵĞ͕ ƐĞ
nãomantivessem o jardim em ordem e se
não estudassem seus métodos, sofreriampor
isso.
Estes, por sua vez, também esqueceram a
advertência e, como eram
preguiçosos,cuidaram só das plantas que
davam frutos e flores com facilidade e
deixaram asoutras morrer. De tempos em
tempos, alguns dos primeiros que tinham
ĂƉƌĞŶĚŝĚŽ ǀŽůƚĂǀĂŵ͕ ĚŝnjĞŶĚŽ͗ ͞ĞǀĞŵ ĨĂnjĞƌ
ŝƐƚŽ Ğ ĂƋƵŝůŽ͕͟ ŵĂƐ ĞůĞƐ ŽƐ
ĂĨĂƐƚĂǀĂŵŐƌŝƚĂŶĚŽ͗͞sŽĐġƐĠƋƵĞĞƐƚĆŽůŽŶŐĞ
ĚĂǀĞƌĚĂĚĞŶĞƐƚĞĂƐƐƵŶƚŽ͘͟
O mestre jardineiro persistiu. Onde pôde,
construiu outros jardins, mas nenhumera
perfeito, exceto o de que ele mesmo cuidava
com seus principais assistentes.Quando se
soube que havia muitos jardins e também
94
muitos métodos dejardinagem, as pessoas de
um jardim iam visitar as de outro para
ĂƉƌŽǀĂƌ͕ ĐƌŝƚŝĐĂƌŽƵ ĚŝƐĐƵƚŝƌ͘ ƐĐƌĞǀĞƌĂŵͲƐĞ
ůŝǀƌŽƐ͕ ƌĞĂůŝnjĂƌĂŵͲƐĞ ĂƐƐĞŵďůĞŝĂƐ ĚĞ
ũĂƌĚŝŶĞŝƌŽƐ͕ Ğ ĞƐƚĞƐŽƌŐĂŶŝnjĂƌĂŵͲƐĞ Ğŵ
categorias de acordo com o que pensavam
ser a ordemcorreta de prioridades.
Como é comum entre os homens, a
dificuldade dos jardineiros reside no fato de
serem atraídos com demasiada facilidade
ƉĞůĂ ƐƵƉĞƌĨŝĐŝĂůŝĚĂĚĞ͘ ŝnjĞŵ͗ ͞'ŽƐƚŽĚĞƐƚĂ
ĨůŽƌ͕͟ Ğ ƋƵĞƌĞŵ ƋƵĞ ƚŽĚŽƐ ŐŽƐƚĞŵ ĚĞůĂ
também, e, apesar de seu encantoou
abundância, pode ser uma erva que esteja
asfixiando outras plantas quepoderão
fornecer remédios ou alimento de que as
pessoas e o jardim necessitampara seu
sustento e sobrevivência.
Existem, entre esses jardineiros, os que
preferem plantas de uma única cor.
ƐƚĂƐ͕ĞůĞƐ ĂƐ ƋƵĂůŝĨŝĐĂŵ ĐŽŵŽ ͞ďŽĂƐ͘͟ ,Ą
outros que só cuidam das plantas e
95
ƐĞƌĞĐƵƐĂŵĂŽĐƵƉĂƌͲƐĞĚŽƐĐĂŵŝŶŚŽƐŽƵĚĂƐ
entradas, ou até mesmo das cercas.
Quando, finalmente, o velho jardineiro
morreu, deixou como herança
oconhecimento completo da jardinagem,
ĚŝƐƚƌŝďƵŝŶĚŽͲŽ ĞŶƚƌĞ ĂƐ ƉĞƐƐŽĂƐ
quecompreendiam, de acordo com suas
capacidades. Assim, tanto a ciência como
aarte da jardinagem ficaram como uma
herança dispersa em muitos jardins,
etambém em alguns relatórios que se
fizeram sobre eles.
As pessoas que foram iniciadas em um ou
outro jardim haviam sidoprofundamente
instruídas a respeito dos méritos ou defeitos
do mesmo, deacordo com o modo de ser dos
que habitam ali, embora esses habitantes,
apesar de fazerem um débil esforço, sejam
incapazes de perceber que devem voltar
aoconceito de jardim.
Na melhor das hipóteses, geralmente apenas
aceitam, rejeitam, ou evitam julgar,ou
96
buscam o que eles imaginam que são os
fatores comuns.
De tempos em tempos, aparecem
verdadeiros jardineiros. É tal a abundância de
semijardineiros que, quando as pessoas
ouvem falar de um jardim verdadeiro,dizem,
͞KŚ͕ Ɛŝŵ͊ sŽĐġ ĨĂůĂ ĚĞ Ƶŵ ũĂƌĚŝŵ ŝŐƵĂů ĂŽ
ƋƵĞŶſƐƚĞŵŽƐŽƵŝŵĂŐŝŶĂŵŽƐ͘͟
Tanto o que têm quanto o que imaginam é
imperfeito.Os verdadeiros conhecedores,
que não conseguem argumentar com
ospseudojardineiros, em sua maioria
ĂƐƐŽĐŝĂŵͲƐĞ Ă ĞůĞƐ͕ ƉŽŶĚŽ ŶĞƐte ou
naquelejardim uma parte da totalidade, o
que permitirá manter sua vitalidade até certo
ponto.
&ƌĞƋƵĞŶƚĞŵĞŶƚĞ͕ ǀĞĞŵͲƐĞ ĨŽƌĕĂĚŽƐ Ă
ĚŝƐĨĂƌĐĂƌͲƐĞ͕ ũĄ ƋƵĞ ĂƐ ƉĞƐƐŽĂƐ ƋƵĞ
queremaprender com eles raramente sabem
algo a respeito do fato de que a
jardinagem,como arte e como ciência, forma
a base fundamental de tudo o que
ouviramantes. Por isso formulam perguntas
97
ĐŽŵŽ ĞƐƚĂ͗ ͞YƵe posso fazer para obter
flores ŵĂŝƐďŽŶŝƚĂƐĚĞƐƚĞƐďƵůďŽƐ͍͘͟
Os verdadeiros jardineiros podem trabalhar
com essas pessoas porque às vezes épossível
fazer com que verdadeiros jardins surjam
para benefício de toda ahumanidade. Não
duram muito, mas é só através deles que o
conhecimento podeser realmente adquirido
e as pessoas podem chegar a ver o que um
jardimrealmente é.
O Sufismo no Ocidente Ed. Dervish, 1988, 2a ed. p. 37
98