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Província Borborema
Província Borborema
24-Y (Jaguaribe SW )
2
GEOLOGIA
2.1 Contexto Geológico Regional felizmente ainda insuficientes para solucionar os
diversos problemas inerentes à sua história evoluti-
2.1.1 Generalidades va.
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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
650 0
450
55
0
00 000
10 OC
EA
1
N
O
0
750 7
10
8
6
AT
2
LÂNTIC
3
0
35
150
4
O
Legenda 5
1 - Rio Branco;
2 - Tapajós; 9
3 - São Francisco;
250
4 - Tocantins; 10
5 - Mantiqueira;
6 - Borborema; Folha Jaguaribe SW
7 - Amazônica;
8 - Parnaíba;
9 - Paraná;
10 - Costeira e Margem Continental 1.000km
350
mono (Caby, 1985, 1989; Caby & Arthaud, 1986; estudos de Davison & Santos (1989), na Faixa
Arthaud & Hartmann, 1986; Archanjo & Salim, 1986; Sergipana, seguidos por trabalhos de Jardim de Sá
Archanjo & Bouchez, 1991; Caby et al., 1995) e poli- et al. (1992) e Jardim de Sá (1994), devendo-se, no
ciclismo (Jardim de Sá & Hackspacher, 1980; Jar- entanto, sua difusão ao longo de toda a província,
dim de Sá, 1984, 1988 e 1994) orogenético das fai- aos trabalhos de Van Schmus et al. (1994), Santos
xas de dobramentos. (1995), Santos et al. (1997) e Silva Filho (1995), cujo
A partir da década de 80, o conceito de terrenos modelo pode ser visualizado na figura 2.3. Dessa
suspeitos (Coney et al., 1980) passou a ganhar es- forma, atualmente, a Província Borborema constitui
paço nas Ciências Geológicas, a tal ponto que, di- o produto de intensa aglutinação de diversos terre-
versos compartimentos crustais do mundo, tais nos alóctones, cada um deles com características
como: Apallaches, Cordilheira Americana, Tasma- e evolução geológica específicas, representando
nides da Austrália, entre outros, vêm sendo consi- verdadeiras micro-placas continentais, onde estão
derados como mosaicos de terrenos suspeitos, le- registrados ciclos orogenéticos pretéritos. A agluti-
vando os estudiosos da Província Borborema a re- nação final acima referida, ocorreu no desenrolar
definir sua compartimentação, à luz desses novos da Orogênese Brasiliana, que teve seu ápice em
conhecimentos. O processo iniciou-se com os 580± 30Ma (Jardim de Sá, 1994).
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
a
E
no
DOS CRÁTONS E DOS MACIÇOS
ro
f
ví
nc
SISTEMAS DE DOBRAMENTOS
Parnaíba
D
ia
a - Sergipano; b - Pajeú-Paraíba; g Coste
ira
A
c - Riacho do Pontal; d - Piancó-Alto Brígida; f
t lâ
e - Seridó; f - Jaguaribeano; Natal
6º00’ e 6º00’
g - Rio Curú-Independência;
Província
ntico
f C e B
h - Médio Coreaú
MACIÇOS GNÁISSICO-MIGMATÍTICO- B
GRANÍTICOS
A - Pernambuco-Alagoas
B - Caldas Brandão d b
8º00’ 8º00’
C - Rio Piranhas Recife
c
D - Tróia A
E - Santa Quitéria A
F - Granja G
G - Marginal do Cráton São Francisco
10º00’ 10º00’
Cráton São a
Francisco
ZONAS DE CISALHAMENTO
E FALHAS
42º00’ 40º00’ 34º00’
FOLHA JAGUARIBE SW
– 9–
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
Oc
ea no
TMC
Fortaleza
LT
4º00’ At 4º00’
lân
t ico
Bacia do
Parnaíba TOJ
TCE
Bacias
Costeira
Bacia s
TAC
Potiguar
SP TOJ
ZC ? Natal
6º00’ ? 6º00’
TCC
TRP
LJT TSD TCB
TOJ TGJ
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João
Bacia do TAP Pessoa
Araripe TPB
TAM TRC
8º00’ TPB 8º00’
TGJ
TPA
FIC TAP Recife
LPE
TLC
TPA
TPO TPA
TCM
á b
Jato
TCM
TSE
10º00’ 10º00’
Bacia do Tucano –
CRÁTON DO
SÃO FRANCISCO TSE
TSE
0 50 100 km
CSF
12º00’ 12º00’
FIC - Fragmento Icaiçara; Terrenos: TAC - Acaraú; TAM - Alto Moxotó; TAP - Alto Pajeú;
TCB - Caldas Brandão; TCC - Ceará Central; TCE - Cearense; TMC - Médio Coreaú;
TGJ - Granjeiro;TMC - Canindé-Marancó; TOJ - Orós-Jaguaribe; TPA - Pernambuco-Alagoas;
TPB - Piancó-Alto Brígida; TPL - Paulistana; TPO - Riacho do Pontal; TRC - Rio Capibaribe;
TRP - Rio Piranhas; TSD - Seridó; TSE - Sergipano; CSP-Cráton São Francisco; ZCSP - Zona
de Cisalhamento Senador Pompeu; LP - Lineamento Patos; LPE - Lineamento Pernambuco;
LT - L i n e a m e n t o Tr a n s b r a s i l i a n o ; L J T - L i n e a m e n t o J a g u a r i b e - Ta t a j u b a .
Zona de cisalhamento transcorrente; Zona de cisalhamento contracional
Folha Jaguaribe SW
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
42º00’ 39º00’
6º00’ 6º00’
T
TCC
TAC
TCE SP
ZCT
ZC
BM
T Pp
T T
Eo TCC
BM
T ZCA
T T
FB
T TOJ TGJ
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T BM
BM BM
TOJ
T BM
TGJ
T TPB
J
Pp TO
T TPB
TGJ TPB
T
LPE BM T FIC
8º00’ TPB 8º00’
42º00’ ESCALA 39º00’
10 km 0 10 20 40 50km
Pp Bacia do Parnaíba Eo Bacias Molassóides Eoproterozóicas TPB Terreno Piancó - Alto Brígida
DOMÍNIO CEARENSE
Convenções
TCE Terreno Ceará TOJ Terreno Orós - Jaguaribe
Limites entre unidades litoestratigráficas
Zona de cisalhamento transcorrente
TCC Terreno Ceará Central TGJ Terreno Granjeiro
Zona de cisalhamento contracional
TAC Terreno Acaraú
Falha Normal
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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
Foram identificados conjuntos litotectônicos dis- constituem as bacias sedimentares, a descrição dos
tribuídos do Arqueano ao Proterozóico Superior, ten- corpos desta unidade foi efetivada neste ítem espe-
do sido evidenciado que os mais antigos foram re- cífico, e não nos seus respectivos terrenos de ocor-
trabalhados nos ciclos Transamazônico e Brasilia- rência, para não torná-la repetitiva, já que são muito
no. Citam-se os complexos arqueanos Cruzeta e comuns e observados em quase todos os domínios
Granjeiro; os paleoproterozóicos Barro, Parnamirim, da folha mapeada. Os termos discriminados, englo-
Acopiara, Parambu, Jaguaretama e São Nicolau; e bam quatro grupos: Diques Ácidos a Intermediários,
os conjuntos mesoproterozóicos Ceará, Orós e Ria- Granitóides Pós-Tectônicos, Tardi a Pós-Tectônicos
cho Gravatá. As seqüências neoproterozóicas são e Cedo a Sintectônicos (quadro 2.1).
Lavras da Mangabeira e Caipu, e os grupos Salguei-
ro e Cachoeirinha. Ocorrem, ainda, rochas plutôni-
cas em variado grau de deformação e de idades 2.2.2.2 Granitóides Cedo a Sintectônicos
que vão do Arqueano ao Neoproterozóico. (Ng1a, b ,c, d)
As últimas manifestações relacionadas às fases
finais do Ciclo Brasiliano, são registradas através São os corpos de maior expressão existentes na
da unidade Diques Ácidos a Intermediários (da), folha. Têm forma alongada, limitam-se por extensas
que reúne aplitos, riolitos, andesitos, pegmatitos e zonas de cisalhamento e, por isso, dispõem-se pa-
veios de quartzo, e a sedimentação molássica do ralelamente aos trends estruturais regionais, po-
Grupo Rio Jucá, do Eocambriano, na Bacia trans- dendo exibir uma lineação de estiramento mineral
tensiva do Cococi. de baixo rake e foliação milonítica verticalizada e
Finalizando o desenho da Folha Jaguaribe SW, ci- contatos gradacionais. São heterogêneos, forte-
tam-se as rochas paleozóicas da Bacia do Parnaíba, mente foliados nas bordas, isotrópicos na parte
as bacias interiores de Iguatu, Lima Campos, Lavras central (foto 1) e, geralmente, apresentam mais de
da Mangabeira e Malhada Vermelha, as do Araripe, uma geração de magma. Retêm restos de rochas
compreendendo parte dos estados do Ceará, de Per- básicas e das encaixantes. Os dados geocronoló-
nambuco e do Piauí, e a Bacia Serra Vermelha, a sul, gicos disponíveis, os posicionam no final do Ciclo
no Estado de Pernambuco. As bacias sedimentares Brasiliano, por volta de 650Ma (Gomes et al., 1981).
encontram-se aleatoriamente dispersas nos vários Composicionalmente apresentam características
terrenos que compõem os setores da área trabalha- de magmatismo calcialcalino a alcalino, engloban-
da. Por isso, para melhor visualização e evitar repeti- do tipos essencialmente plutônicos. Ressalte-se
ções, elas foram descritas num ítem específico, e não que alguns corpos aqui posicionados, podem, na
no seu respectivo terreno de ocorrência. realidade, pertencer a outra classe mais nova, pois,
Ainda, há, em vários locais da Folha Jaguaribe como concluíram Macedo et al. (1997) para o grani-
SW, um Magmatismo Básico (diques e soleiras de tóide de Serrinha, por problemas de contaminação
diabásio) relacionado ao que Almeida (1967) deno- por magma diorítico, a idade do corpo pode ser
minou de fase de Reativação Wealdeniana da Pla- menor do que a obtida pela datação. Entretanto, é
taforma Sul-Americana. A figura 2.5 apresenta, su- mais ou menos consensual, que tais granitóides re-
cintamente, o arcabouço geológico global da folha. presentam um estágio de posicionamento sincolisi-
Considerando a subdivisão em terrenos tecto- onal em relação à grande colagem brasiliana (capí-
no-estratigráficos proposta para as regiões da folha tulo 3, item 3.2).
ocupadas por rochas pré-cambrianas, o presente Parente & Arthaud (1995) mapearam o batólito
capítulo iniciar-se-á pela descrição das unidades que granítico situado entre a Zona de Cisalhamento de
transcendem os limites dos citados terrenos, como: Tatajuba e a de Farias Brito, como do tipo Lima
Magmatitos Neoproterozóicos, Bacias Sedimenta- Campos, do Mesoproterozóico, pertencente ao
res, Magmatismo Básico, e Formações Superficiais. Grupo Orós. Neste trabalho de síntese da Folha Ja-
guaribe SW, este batólito foi considerado como de
idade neoproterozóica, pelas suas características
2.2.2 Magmatitos Neoproterozóicos litoestruturais. Estruturalmente apresentam-se com
fácies deformada bem pronunciada, notadamente
2.2.2.1 Generalidades nas bordas, e, litologicamente compreendem: or-
tognaisses granodioríticos (Ng 1a); granitos, grano-
Usando o mesmo procedimento adotado para a dioritos, monzonitos, tonalitos e sienitos (Ng 1b);
descrição da parte referente às unidades que granitos e granodioritos porfiríticos a hornblenda e
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
42º00` 39º00`
6º00` Pa N 2
6º00`
N 2
A 1 N
1 NN 2
2
N 1 Pa
Dl TQc Ssgj Pa
Ac N 1 Pa Atg
Cpo Dp N 2
Pgrmg
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I I I N 1 Atg
Ssgj N 1 Mor PJ
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TQc TQc N 1
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Nc N 2
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N 1 Sm
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N 1 TQc Nc Nc Sm BA
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Mi TQc Sm
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Dp TQc
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Ssgj N 3
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Ag N P 1
Nc
2
Pgr TQc N
1 N 3
Pgr Pp
8º00` BA N 2 Pba Mrg 8º00`
42º00` 39º00`
LEGENDA
Coberturas cenozóicas PALEOPROTEROZÓICO
Cobertura colúvio - eluviais (TQc)
Formação Moura (TQm)
Coberturas mesozóicas Seqüência Caipú (Ncp)
BA: Bacia do Araripe BI: Bacia do Iguatu; BL: Bacia Granitóides sintectônicos (Pg ) Complexo Barro ( Pba )
de Lima Campos; Blm: Bacia de Lavras da Mangabeira.
ARQUEANO
Seqüência Lavras da Mangabeira (Nl) Complexo Metaplutônico (Pgr)
Magmatismo básico Metatonalitos (Ag 1)
Suíte TTG (A )
Grupo Rio Jucá ( O) Grupo Salgueiro (Ns) Complexo Tonalítico - Granodiorítico (Atg)
Complexo Granítico-Migmatítico (Pgrmg)
NEOPROTEROZÓICO MESOPROTEROZÓICO
Granitóides pós-tectônicos: (Ng 3) CONVENÇÕES
Complexo Parambu (Ppa)
Grupo Orós: (Mor) Seqüência Ipueirinha (Mi)
Limite entre unidades litoestratigráficas
Granitóides tardi a pós-tectônicos: (Ng 2)
Complexo Parnamirim (Pp)
Zona de cisalhamento
Grupo Ceará (Mc) Complexo Riacho Gravatá (Mrg)
Granitóides cedo a sintectônicos: (Ng 1) 10 0 10 20km
Falha extensional
Complexo Acopiara ( Pa )
Escala
biotita (Ng 1c), enquanto o tipo Ng 1d engloba diori- traços estruturais, sendo por elas influenciados,
tos e quartzo dioritos porfiróides. Sua idade é esti- apresentando, como resposta, uma incipiente foli-
mada em cerca de 650Ma (quadro 2.1). ação desenvolvida notadamente nas bordas.
Apresentam raros restos das encaixantes e de bá-
sicas (foto 2), além de contatos bruscos a gradaci-
2.2.2.3 Granitóides Tardi a Pós-Tectônicos onais com as encaixantes. Geocronologicamente
(Ng2a, b) são datados entre 570 e 620Ma, e, petrografica-
mente, são representados por biotita granitos e
São corpos intrusivos, de dimensões alongadas monzodioritos (Ng 2a) e quartzo sienitos, granitos,
ou ovaladas, às vezes circulares, em forma de granodioritos e monzodioritos (Ng 2b) (quadro
stocks, alinhados paralelamente aos grandes 2.1).
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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
GRANITÓIDES
MESOPROTEROZÓICOS NEOPROTEROZÓICOS
CEDO A TARDI A
CARACTERÍSTICAS ANOROGÊNICOS PÓS-TECTÔNICOS (Ng3)
SIN-TECTÔNICOS (Ng1) PÓS-TECTÔNICOS (Ng2)
Stocks circulares a
FORMA DE OCORRÊNCIA Corpos estreitos alongados Batólitos alongados Stocks
alongados
NÍVEL CRUSTAL Epizona Mesozona Meso a epizona Epizona
ENCLAVES Supracrustais e autólitos
Supracrustais Supracrustais Supracrustais
quartzo-dioríticos
Foliação milonítica Foliação milonítica marginal Foliação milonítica marginal
DEFORMAÇÃO Isotrópico
acentuada medianamente acentuada incipiente a isotrópica
Fina a média, localmente
TEXTURA Porfirítica Grossa a porfirítica Média a grossa / porfirítica
porfirítica
Ortognaisse granítico a gra- Biotita granito; biotita grano-
nodiorítico (Ng1a); granito, Biotita granito, monzodiorito diorito; hornblenda monzo-
ESPECTRO Biotita-hornblenda granito e
monzonito e sienito (Ng1b); (Ng2a); granito; quartzo sie- diorito e monzonito (Ng3a);
COMPOSICIONAL biotita granito
hornblenda-biotita granito nito (Ng2b) granito, monzodiorito e sie-
(Ng1c) nito avermelhado (Ng3b)
K-feldspato, plagioclásio, K-feldspato, plagioclásio,
MINERAIS quartzo, biotita e/ou K-feldspato, plagioclásio, K-feldspato, plagioclásio,
quartzo, biotita e/ou horn-
CARACTERÍSTICOS quartzo e biotita quartzo e biotita
hornblenda blenda
MINERAIS ACESSÓRIOS Zircão, ilmenita e magnetita Apatita e zircão Zircão, apatita e magnetita Zircão, magnetita e epidoto
Calcialcalino de médio a Alcalino, localmente com
QUIMISMO Calcialcalino a alcalino Alcalino
alto potássio afinidade trondhjemítica
ORIGEM IM e IC IC IC IC
IDADE (Ma) 1.673 650 570 a 620 520 a 550
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
BACIAS DO
IDADE AMBIENTE BACIAS DO MÉDIO BACIA DO BACIA DO
ARARIPE E
(Ma) TECTÔNICO JAGUARIBE PARNAÍBA COCOCI
SERRA VERMELHA
65
Grupo Araripe
CRETÁCEO
Ke
Formação Exu
Ks
Formação Santana
135
Jkdb
Magmatismo fissural
MESOZÓICO
JURO-CRETÁCEO
Grupo Iguatu
Jkl
Formação Lima Campos
Rift Intracontinental
Jkm
Formação Malhada Vermelha
Jki
Formação Icó
Grupo Vale do Cariri
JURÁSSICO
Jm
Formação Missão Velha
Jb
Formação Brejo Santo
205
Grupo Canindé
CARBO-
NÍFERO
Cpo
Formação Poti
Dl
335 Formação Longá
SILURIANO DEVONIANO
Dc
PALEOZÓICO
Formação Cabeças
Dp
Formação Pimenteiras
Sinéclise
410
Om
Formação Melancia
Rift Intracontinental Oc
Formação Cococi
Oa
Formação Angico Torto
da em ambiente fluvial entrelaçado. É datada do Si- ção. Têm formas alongadas, bem delineadas e curvi-
luriano, por correlação com outras formações seme- líneas, e suas direções gerais apresentam um certo
lhantes, de outras bacias; por estar assentada dis- paralelismo com os trends lineagênicos estruturais
cordantemente sobre rochas pré-cambrianas, ou das rochas do embasamento, sugerindo que os seus
sobre molassas eocambrianas e com base em da- processos genéticos tenham sido de lá originados, a
dos obtidos em furos de sondagens (Góes & Feijó, partir de prováveis reativações de estruturas pretéritas
1994, quadro 2.4). registradas nas litologias pré-cambrianas, com reflexos
Em íntima e exclusiva associação com os arenitos nas litologias da Formação Jaicós. Na ausência de
da Formação Jaicós, no extremo-nordeste da Folha critérios geológico/geomorfológicos que permitissem
Valença do Piauí (SB.24-Y-C), foram identificados vá- uma datação mais segura, apresenta-se, aqui, uma
rios corpos lenticulares alinhados e referidos como primeira tentativa de enquadramento cronoestrati-
cristas silicificadas. Foram reportadas por Lima et al. gráfico desta unidade, entendendo-se como válido, o
(1978) com essa mesma denominação, entretanto seu posicionamento no Tércio-Quaternário, rela-
sem que haja sido apontada a idade de sua forma- cionando-as geneticamente aos processos cenozói-
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
Formação Melancia
(ÎOm) Conglomerados polimícticos com
Leques aluviais na base e planície
níveis de arenitos finos, siltitos e fo-
de inundação no topo.
lhelhos avermelhados.
JUCÁ
Formação Cococi
Formação Angico
Torto (ÎOa)
cos de formação dos relevos atuais. Considera-se (1967) e Carozzi (1975), agrupando as formações
esse evento como tendo sido gerado da lixiviação Pimenteiras, Cabeças e Longá. Será adotado, nes-
e/ou outros processos físico/químicos, possivelmente te trabalho, a proposição de Góes & Feijó (1994)
atuantes conjunta ou isoladamente, em zonas de fra- que consideram como pertencentes a este grupo,
turas/falhas, processos esses correlacionados com a as formações Itaim, Pimenteiras, Cabeças, Longá e
mesma época da formação da Superfície de Aplaina- Poti (figura 2.5), estando, entretanto, a Formação
mento Velhas (King, 1956). Os corpos encontram-se Itaim englobada na Formação Pimenteiras.
destacados na topografia, por atuação de erosão di-
ferencial, a partir da elevação geral da bacia, notada- Formação Pimenteiras (Dp) – Small (1913) criou
mente nas bordas, conseqüência da atuação de mo- o termo Pimenteiras para designar um pacote de fo-
vimentos isostáticos. lhelhos vermelhos aflorantes na cidade do mesmo
nome, no Piauí. Esta formação será considerada
como englobando a Formação Itaim, de Góes & Fei-
2.2.4.2 Grupo Canindé jó (1994), de acordo com Kegel (1952) que a consi-
derou como membro inferior da Formação Pimentei-
Segundo Góes & Feijó (1994), o termo Grupo Ca- ras. Engloba arenitos cinzas e avermelhados, granu-
nindé foi originalmente utilizado por Rodrigues lação fina, bastante argilosos, com níveis ferrugino-
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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
Formação
Cabeças
médios, com raras intercalações de sil- Nerítico plataformal sob ação de correntes in-
titos e folhelhos cinzas e arroxeados. duzidas por marés.
Contêm estratificações cruzadas.
Pimenteiras
Formação
Jaicós (Ssgj)
sos. Contêm estratificação cruzada e pla- des, celenterados e peixes (Mesner & Wooldridge,
no-paralela, de pequeno porte. Alternam-se com 1964, in Angelim, no prelo) permitem atribuir a ida-
horizontes de siltitos argilosos creme-amarelados e de eo a neodevoniana à Formação Pimenteiras (fi-
folhelhos amarelados e micáceos. Reporta-se o gura 2.5).
ambiente de deposição da Formação Pimenteiras
como deltaico e plataformal dominado por marés e Formação Cabeças (Dc) – A denominação de
tempestades (Góes & Feijó, 1994), com tempesti- Formação Cabeças é devida a Plummer (1946),
tos abundantes na base, e nerítico de plataforma, para agrupar uma seqüência de arenitos existentes
dominada por tempestades no topo (Della Fávera, nos arredores da cidade de Cabeças, hoje Dom
1990, apud Góes & Feijó, 1994). O rico conteúdo Expedito Lopes, no Piauí. Compõe-se de arenitos
fossilífero, representado por trilobitas, braquiópo- esbranquiçados, finos a médios, com raras interca-
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
lações de siltitos e folhelhos cinza e arroxeados. com ligeira inclinação para o norte, proporcionan-
Contém estratificações cruzadas. Tais sedimentos do a existência dos inúmeros pontos d’água que
foram depositados em ambiente nerítico platafor- drenam os municípios da região do Cariri, no Esta-
mal, sob a ação predominante de correntes induzi- do do Ceará. Geologicamente compreende os gru-
das por processos de marés (Della Fávera, 1990, in pos Araripe (formações Exu e Santana), Vale do
Góes & Feijó, 1994). A idade desta formação é Cariri (formações Missão Velha e Brejo Santo), e a
meso a neodevoniana (figura 2.5) (Lima et al., 1978, Formação Mauriti. A Bacia de Serra Vermelha é
apud Ribeiro et al., 1998). uma pequena bacia situada a sul da do Araripe,
com aproximadamente 30km na direção les-
Formação Longá (Dl) – Albuquerque e De- te-oeste, e largura da ordem de 10km, tendo maior
quech (1946) foram os primeiros a referir como representatividade na Folha Aracaju NW (SC.24-V)
folhelhos do rio Longá, aos sedimentos do rio do a sul e exibe apenas as formações: Santana e Exu
mesmo nome, posicionando-os no Devoniano. (quadro 2.5).
Compreende folhelhos e siltitos cinza-escuros e
arroxeados, micromicáceos, aspecto mosquea-
do, com bioturbações. Contém intercalações es- 2.2.5.2 Formação Mauriti (Sm)
porádicas de arenitos finos. O ambiente de sedi-
mentação foi nerítico plataformal, dominado por Em obediência ao princípio de prioridade do Có-
tempestades (Góes & Feijó, 1994). Segundo Ri- digo de Nomenclatura Estratigráfica, Gomes et al.
beiro et al. (1998), Kegel (1953), registrou uma (1981) utilizaram o termo Formação Cariri, cuja cria-
fauna de lamelibrânquios na borda leste da serra ção é creditada a Barbosa (1970). Este termo foi
de Campo Maior, no Piauí, característica da par- adotado em alguns estudos subseqüentes, realiza-
te superior do Devoniano Superior. Ainda estes dos na Bacia do Araripe, da qual integra a parte ba-
autores registram análises paleontológicas efe- sal da sua estratigrafia. Entretanto, como frisaram
tuadas pela CPRM que inferem, para esta forma- Ponte & Appi (1990) a denominação de Formação
ção, idade neodevoniana/eocarbonífera (figura Cariri, embora tenha a prioridade de utilização, re-
2.5). vela-se inadequada pois: o termo Cariri correspon-
de a uma região onde afloram outras formações; os
Formação Poti (Cpo) – Paiva (1937) foi o criador termos Tacaratu e Serra Grande também são ina-
deste termo para representar uma sucessão de dequados, pois são exclusivos de outras bacias e
arenitos cinza-esbranquiçados, finos a médios, não há evidências geológicas conclusivas de que
com intercalações de folhelhos carbonosos e res- as formações Mauriti, Serra Grande e Tacaratu pos-
tos de plantas carbonizadas, além de horizontes de sam ter correspondido a uma única sedimentação
siltitos avermelhados. Segundo Ribeiro et al. (1998) pretérita e, finalmente, não há utilização exclusiva
é datada do Carbonífero Inferior (Mississipiano) de um ou outro termo, e sim o uso, em trabalhos es-
(Aguiar, 1971) tendo, como ambiente de sedimen- pecíficos e mesmo regionais, dos nomes, Mauriti,
tação (Góes & Feijó, 1994), deltas e planícies de Cariri e Tacaratu. Por isso, será aqui utilizada a de-
maré, sob influência ocasional de tempestades (fi- nominação de Formação Mauriti, substituindo, na
gura 2.5). Bacia do Araripe, o termo Formação Cariri, concor-
dando com Ponte & Appi (1990), para representar
uma seqüência de conglomerados, arenitos gros-
2.2.5 Bacias do Araripe e Serra Vermelha sos, em parte silicificados, de coloração cinza a es-
branquiçada e tons avermelhados, com estratifica-
2.2.5.1 Generalidades ção plano-paralela e cruzada. Podem conter hori-
zontes de siltitos e folhelhos. Ocorre na porção les-
A Bacia do Araripe, situada numa região limítrofe te da Bacia do Araripe, em exposições geralmente
entre os estados, do Ceará, de Pernambuco e do limitadas por falhas normais, repousando direta-
Piauí, corresponde a uma faixa com cerca de mente sobre rochas pré-cambrianas e recoberta,
180km de comprimento na direção leste-oeste, e discordantemente, pela Formação Brejo Santo. A
largura variando de 30 a 70km no eixo norte-sul. espessura aflorante varia de 10 a 50m. É datada do
Forma um platô com bordos irregulares, bastante Siluriano, por correlação com outras formações se-
entalhados pela erosão, e altitude máxima ca. melhantes, existentes nas bacias do Parnaíba e do
900m. Os sedimentos presentes são horizontais, Tacaratu (quadro 2.5).
– 19 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
2.2.5.3 Grupo Vale do Cariri siderada neste trabalho como fácies superior desta
(quadro 2.5).
A denominação de Grupo Vale do Cariri é credita-
da a Ponte & Appi (1990), para designar um conjun- Formação Brejo Santo (Jb) – Segundo Ponte &
to de formações aflorantes no vale homônimo, corre- Appi (1990) o uso inicial do termo Brejo Santo é devi-
lacionáveis às seqüências pré-rifte e rifte das bacias do a Gaspary & Anjos (1964), para designar a parte
pericratônicas do nordeste, e datado do Neojurássi- basal da Formação Missão Velha, de Beurlen
co ao Neocretáceo. Engloba as formações Brejo (1963), reunindo arenitos finos e argilosos, bem es-
Santo e Missão Velha, que recobre a primeira atra- tratificados. O nome deriva-se da localidade homô-
vés de contato gradacional. A Formação Abaiara, nima, no Estado do Ceará e, a despeito de terem
por possuir pequena área de exposição e contato sido utilizadas as denominações Aliança e Sergi da
gradacional com a Formação Missão Velha, foi con- Bacia do Recôncavo (Braun, 1966), em substituição
Quadro 2.5 – Litoestratigrafia da Bacia do Araripe.
Marinho oscilante
tercalações de calcários laminados cremes,
estuarino
margas, siltitos, calcarenitos, arenitos finos
e gipsita no topo.
Missão Velha
madeira silicificada.
Brejo Santo
Fluvial meandrante
loração variegada e arenitos casta-
(Jb)
e lacustrino raso,
nho-avermelhados, finos, com intercalações
com alguma influên-
de lâminas de aragonita e calcários ostracoi-
cia eólica
dal.
Mauriti (Sm)
– 20 –
SB.24-Y (Jaguaribe SW )
aos termos Missão Velha e Brejo Santo, não houve berta por uma outra, regressiva continental, a For-
aceitação desta concepção, e, logo em seguida, tais mação Exu (quadro 2.5).
termos tiveram suas terminologias restritas às suas
bacias de origem, por sugestão de vários autores que Formação Santana (Ks) – Beurlen (1963) subdi-
se seguiram, consagrando assim a utilização dos ter- vidiu esta formação nos membros Crato, Ipubi e Ro-
mos Brejo Santo e Missão Velha, à Bacia do Araripe. mualdo, divisão esta adotada em trabalhos subse-
A Formação Brejo Santo é formada por folhelhos, ar- qüentes, mormente aqueles mais detalhados. Sen-
gilas calcíferas, margas de coloração variegada e are- do esta síntese de caráter regional, aquela divisão
nitos castanho-avermelhados, finos, com intercala- não será aqui adotada, já que tais membros têm es-
ções de lâminas de aragonita e calcário ostracoidal. pessura de algumas dezenas de metros, sendo in-
Foi depositada em ambiente fluvial meandrante e la- viável sua representação na escala do mapa. Esta
custrino raso, com alguma influência eólica (Lima et formação encerra um dos maiores conteúdos fossi-
al., 1998) e repousa discordantemente sobre a Forma- líferos cretáceos conhecidos, sendo, por isso, de
ção Mauriti. Ponte & Appi (1990), consideram-na como extrema importância, como importante supridora
do Jurássico Superior, Kimeridgeano (quadro.2.5). de material fóssil imprescindível ao estudo desse
período da história do planeta. A sua espessura é
Formação Missão Velha (Jm) – Foi pioneira- da ordem de 50 a 180m e foi depositada em ambien-
mente descrita por Small (1913) com o nome de te referido como o ápice da transgressão marinha,
Arenito Inferior do Araripe. A denominação Forma- com recuo e avanço do mar, em ambiente estuarino
ção Missão Velha é creditada a Beurlen (1963), po- restritivo à circulação de água do mar, sugerido pela
rém com abrangência muito ampla, pois incluía, presença das lentes de gipsita. É datada, segundo
também, áreas posteriormente definidas como per- Ponte & Appi (1990) como do Cretáceo Médio, Aptia-
tencentes a outras formações, inclusive da Forma- no/Albiano (quadro 2.5).
ção Brejo Santo (Medeiros, 1990). O termo foi pos-
teriormente reutilizado e aplicado em áreas com Formação Exu (Ke) – A denominação de Forma-
arenitos grossos, mal selecionados, com estratifi- ção Exu é devida a Beurlen (1963). Embora tenha
cações cruzadas e leitos conglomeráticos (Ponte & sido questionada por alguns estudiosos, a sua utili-
Appi, 1990) que gradam, superiormente, para are- zação para designar um conjunto de rochas sedi-
nitos finos, siltitos e folhelhos (Formação Abaiara, mentares, por ser Exu uma pequena cidade situada
segundo vários autores), depositada em ambiente em terrenos pré-cambrianos, tal designação foi
lacustre. Neste trabalho serão adotados estes mes- mantida, devido à consagração do uso na literatura
mos conceitos, todavia abarcando, na Formação geológica nordestina. Esta litologia capeia a Chapa-
Missão Velha, a Formação Abaiara. É, pois, forma- da do Araripe e tem espessura máxima de 280m.
da por arenitos avermelhados, finos a grossos, com Eventualmente pode estar assentada diretamente
intercalações de níveis calcíferos, sílticos e conglo- sobre rochas pré-cambrianas, preenchendo peque-
meráticos. Exibem estratificação plano-paralela e nas bacias. Predominam arenitos amarelados a
cruzada do tipo acanalada de médio porte, espar- avermelhados, grossos a médios, com níveis con-
sos corpos arenosos lenticulares e sigmoidais glomeráticos, estratificação plano-paralela e cruza-
amalgamados, além de troncos de madeira silicifi- da e intercalações caulínicas e sílticas, formando, às
cada. É recoberta discordantemente pela For- vezes, acamadamento rítmico. Predomina um ambi-
mação Santana e recobre, através de contato grada- ente de sedimentação continental fluvial entrelaça-
cional, a Formação Brejo Santo. A sua localidade-tipo do a fluvial meandrante. Embora afossilífera, foi da-
situa-se nos arredores da cidade de Missão Velha, no tada por Ponte & Appi (1990) como do Cretáceo Mé-
Ceará, e, de acordo com Pontes & Appi (1990) é da- dio, Albiano/Cenomaniano (quadro 2.5).
tada do Jurássico Superior, Tithoniano (quadro.2.5).
– 21 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
– 22 –
SB.24-Y (Jaguaribe SW )
Formação Lima Campos (JKl) – Ocorre nas A figura 2.6 mostra a correlação estratigráfica
bacias de Lima Campos (com espessura máxima proposta para as bacias preenchidas por sedimen-
da ordem de 300m), Iguatu, e na borda norte da tos do Grupo Iguatu.
Bacia de Malhada Vermelha. É formada por areni-
tos finos na base, evoluindo para fácies mais gros-
sa a conglomerática, com níveis intercalados de 2.2.7 Magmatismo Básico (JKl e JKdb)
siltitos e folhelhos. É datada do Juro-Cretáceo e,
de acordo com Vasconcelos et al. (1998), Srivas- Almeida (1967) caracterizou, dentro do Estágio
tava (1990) reconheceu, baseado na textura, es- de Reativação da Plataforma Sul-Americana, duas
truturas sedimentares e composição mineralógi- atividades ígneas: uma mesozóica e outra terciária.
ca, três ambientes deposicionais predominantes: Para os dois sets de rochas magmáticas continen-
leque aluvial, fluvial braided e planície de inunda- tais, várias datações existem, registrando dois in-
ção (quadro 2.6). tervalos específicos, um de 160 a 175Ma, e outro
IGUATU
UC UL E
FORM. LIMA
CAMPOS
LIMA CAMPOS
>100m
F
BR LUV
M. VERMELHA
FORMAÇÃO MALHADA VERMELHA
AI IA
JURO - CRETÁCEO
DE L
> 100m
IGUATU
D
Arenitos médios a mal
selecionados com ho-
rizontes pelíticos inter-
> 100m
calados.
> 300m
GRUPO
G
G G G
FLÚVIO-
L. da MANGABEIRA
> 250m
feros.
FORM. ICÓ
> 70m
> 100m
conglomeráticos
BRAIDED
.
Fonte: Vasconcelos & Gomes (1998). UC - Unidade cronológica; UL - Unidade litoestratigráfica; E - Espessura.
– 23 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
entre 125 e 145Ma (Gomes et al., 1981), logo, do fi- dos alinhamentos dos diques de diabásio, sua for-
nal do Jurássico e início do Cretáceo. Vasconcelos ma típica de ocorrência.
et al. (1998) assinalam uma idade jurássica para o
início do rifteamento da Bacia Lavras da Mangabei-
ra, pelas idades de 176Ma (K/Ar) obtidas por Priem 2.2.8 Formações Superficiais
et al. (1978) em uma amostra de uma soleira de dia-
básio dessa mesma bacia, associado aos arenitos Ocorrem capeando indistinta e discordantemen-
basais da Formação Icó, base do Grupo Iguatu. te diferentes litologias ao longo de toda a área ma-
Esse fenômeno magmático é responsável pela co- peada, muitas vezes ocupando superfícies de di-
locação de corpos filonianos preenchendo siste- mensões bastante consideráveis, como na porção
mas de fraturas, cujos alinhamentos principais são oeste da folha, onde superpõem sedimentos paleo-
NE-SW e E-W, como os corpos situados na Folha zóicos da Bacia do Parnaíba. Localmente chegam
Valença do Piauí (SB.24-Y-A) a sudoeste de Pio IX e a formar tipos de relevos característicos, sob a for-
Quixaba, e na Folha SB.24-Y-C a sudoeste de Pa- ma de mesetas dissecadas nas bordas, como na
tos, todas no Estado do Piauí. Ocorre também sob a serra do Ermo e adjacências, no Estado do Ceará.
forma de derrames e soleiras, como nas bacias do Esses depósitos acham-se caracterizados no qua-
Parnaíba (extremo-ocidental das folhas Valença do dro 2.7.
Piauí e Picos, respectivamente, SB.24-Y-A e Y-C),
Iguatu e Lavras da Mangabeira. Inclui basaltos,
gabros, microgabros e diabásios, coloração cin- 2.2.9 Domínio da Zona Transversal
za-escura, granulação fina a média, homogêneos,
faneríticos, com uma constituição mineralógica à A área deste domínio corresponde ao território
base de anfibólio, piroxênio e plagioclásio, con- geográfico compreendido entre as zonas de cisa-
tendo, localmente, cristais de sulfetos metálicos. lhamento dextrais, Patos, a norte, e Pernambuco, a
Ocorre indistintamente em vários terrenos estuda- sul. Geologicamente compreende os complexos
dos e, tendo em vista suas características geológi- meso e neoproterozóicos: Alto Moxotó (Complexo
co-estrutural-temporais, foi correlacionado ao de- Lagoa das Contendas); Alto Pajeú (complexos Ria-
nominado vulcanismo Rio Ceará Mirim, de Gomes cho da Barreira e São Caetano), ausentes na Folha
et al. (1981). Foi identificado também, por outros Jaguaribe SW, e as unidades que se encontram pre-
autores, em outras áreas da Província Borborema, sentes: Complexo Riacho Gravatá, grupos Salgueiro
com a mesma idade (Almeida et al., 1988), deno- e Cachoeirinha, além da porção terminal nordeste
tando, inclusive, um significativo realce nos ma- do Fragmento Icaiçara (complexos Barro, Parnami-
pas aeromagnéticos estudados, pelos destaca- rim e Rochas Intrusivas, todos paleoproterozóicos).
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
É observada uma extensa atividade granítica bra- Rochas Intrusivas (Pg1a e Pg1b)
siliana, cortando as unidades precedentes, com
grande variabilidade composicional (figura 2.4). Ocorrem na parte central do Fragmento Icaiça-
ra e são integradas predominantemente por ortog-
naisses porfiríticos calcialcalinos. Têm como ca-
2.2.9.1 Fragmento Icaiçara racterística marcante a presença de fenocristais
de feldspato alcalino de tamanho centimétrico e
Forma uma estrutura antiformal paleoproterozói- forma sigmóide, com indicação de cinemática
ca, que inclui rochas ortoderivadas, porfiríticas ou transcorrente dextral e regime dúctil (foto 14).
não, tendo, no núcleo, resquícios de uma seqüên- Apresentam contatos tectônicos ou intrusivos com
cia paraderivada, denominada Complexo Barro. as outras unidades citadas acima. O grau de strain
Tem a forma de um “U”, com concavidade voltada a que foram submetidas foi variado, pois exibem
para sul, e é orlado pelos metapelitos da Faixa Pian- estruturas magmáticas com diferentes níveis de
có-Alto Brígida. Normalmente apresenta contatos preservação. Foram marcadas por um metamorfis-
tectônicos com as outras unidades, dentre os quais mo de grau médio a baixo, fácies de transição xis-
cita-se os de empurrão com os grupos Cachoeiri- to-verde a anfibolito. Legrand et al. (1991) e Mace-
nha e Salgueiro. Litologicamente constitui-se pelo do et al. (1991) obtiveram na região do Seridó, res-
Complexo Parnamirim, supostamente a base, re- pectivamente, idades de 1.934 ± 12Ma e 2.078 ±
presentado por rochas gnáissico-migmatíticas e o 242Ma. Destaca-se a importância desses corpos
Complexo Barro, uma unidade metassedimentar, como marcadores estruturais e cronológicos da Oro-
superior. Todo o conjunto é intrudido por augen gênese Transamazônica nas faixas de dobramentos
gnaisses porfiríticos estratóides, datados em 1.969 da Província Borborema, cuja colocação encontra-se
± 9Ma (Medeiros et al., 1993), cuja área de exposi- intimamente relacionada a uma deformação tangen-
ção na folha pode ser visualizada na figura 2.5. cial (Vasconcelos et al., 1997b). À luz do atual nível de
conhecimento, adotou-se que estas rochas são intru-
Complexo Parnamirim (Pp) sivas nos complexos Parnamirim e Barro, pois con-
têm xenólitos de rochas xistosas, muito provavelmen-
Apresenta-se na parte mais externa da estrutura te deste último complexo. Litologicamente compre-
antiformal, com limites tectônicos com os grupos endem dois tipos distintos, ambos com inclusão de
Cachoeirinha e Salgueiro, tendo, a sua porção nor- restos de supracrustais: augen gnaisse granítico a
te/nordeste, empurrada sobre ele. É representado quartzo sienito alcalino (Pg 1a) e biotita augen gnaisse
por gnaisses bandados, orto e paraderivados (al- granítico, cinzentos com ou sem anfibólio, composi-
guns com granada) tendo, aqueles, protólitos gra- ção granítica a granodiorítica, localmente tonalítica
níticos, granodioríticos e sieníticos. O metamorfis- (Pg 1b). Suas áreas de exposição estão melhor repre-
mo atingiu a fácies anfibolito médio e retrabalha- sentadas na folha contígua a sul, Aracaju NW
mento para xisto-verde, durante ou após o evento (SC-24-V) (quadro 2.8 e figura 2.5).
de deformação principal. Santos et al. (1997) suge-
rem também um evento de subducção (metamor-
fismo de alta pressão/baixa temperatura), indicado 2.2.9.2 Terreno Piancó-Alto Brígida
pela presença de resquícios de uma fácies eclogíti-
ca nas suítes metamáfico-ultramáficas (quadro 2.8 Barbosa et al. (1964, apud Gomes et al., 1981)
e figura 2.5). denominaram de Salgueiro-Cachoeirinha uma se-
qüência de xistos e filitos aflorantes na área do Proje-
Complexo Barro (Pba) to do Cobre. Vários trabalhos se seguiram a partir de
então, separando os xistos de acordo com o grau
Aflora na parte central do Fragmento Icaiçara, na metamórfico, presença de vulcânicas, níveis de me-
estrutura anticlinal de Barro. É representado por gra- taconglomerados e outros critérios que, de certa for-
nada-biotita xistos com estaurolita e cianita, interca- ma caíram em desuso, ou pela dificuldade de apli-
lados com paragnaisses, mármores, calcissilicáti- cação, ou falta de comprovação subseqüente (ver
cas, formações ferríferas, quartzitos e anfibolitos. Campos Neto et al., 1994). A litoestratigrafia da Fai-
Maiores detalhes sobre esta unidade podem ser ob- xa de Dobramentos Piancó-Alto Brígida (Brito Ne-
tidos em Medeiros (1992). O metamorfismo atingiu a ves, 1975) é basicamente constituída pelos grupos
fácies anfibolito médio (quadro 2.8 e figura 2.5). Cachoeirinha e Salgueiro, englobando as seguintes
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
Unidade
Símbolo Litologia
Litoestratigráfica
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
formação tangencial paleoproterozóica, observan- 1999, dentre outros). O Grupo Orós e a Faixa Jagua-
do-se que, na maioria das vezes, seus corpos re- ribe, juntamente com os complexos Jaguaretama e
presentativos se alojam ao longo de planos axiais São Nicolau, constituem o que Parente & Arthaud
de dobras isoclinais ligadas à tectônica tangencial (1995) definiram como uma unidade geotectônica
imposta às rochas mais antigas presentes na área. especial, o Sistema Orós-Jaguaribe. Este terreno
No que se relaciona à geocronologia, os dados dis- encontra-se intrudido por inúmeros corpos granitói-
poníveis referem-se a estudos de Vasconcelos et des, reportados ao final do Ciclo Brasiliano (quadro
al. (1997a), efetuados em amostras das proximida- 2.11).
des da cidade de Várzea Alegre-CE. O método
adotado foi o Pb/Pb por evaporação em zircão, for- Complexo Jaguaretama (Pj)
necendo uma idade de 2.080 ± 16Ma, considerada
como idade mínima de cristalização. Forma uma faixa orientada estruturalmente se-
gundo a direção E-W, limitada por zonas de cisalha-
Seqüências Lavras da Mangabeira e Caipu mento dextrais, tendo continuidade mais expressiva
para leste, adentrando na Folha Jaguaribe SE.
Como supracrustais neoproterozóicas identifica- Predominam litologias ortoderivadas: ortog-
das no âmbito desse terreno, ocorrem as se- naisses granodioríticos, tonalíticos e graníticos,
qüências: Caipu, formada por uma associação vul- com leucotonalitos, trondhjemitos e lentes de
cano-sedimentar com predominância de metapeli- anfibolitos. Inclui restos de paraderivadas fre-
tos/metapsamitos de médio a baixo grau metamór- qüentemente migmatizadas, como biotita gnais-
fico, à qual se intercalam horizontes de metavulcâ- ses com ou sem sillimanita e granada, quartzi-
nicas básicas a intermediárias; e Lavras da Manga- tos, quartzitos ferríferos, xistos, mármores, ro-
beira, constituída por xistos, quartzitos, metacon- chas calcissilicáticas e metavulcânicas miloniti-
glomerados e, subordinadamente, calcissilicáticas zadas. Foram afetadas por um metamorfismo da
e metavulcânicas. fácies anfibolito, localmente atingindo a fácies
granulito. É correlacionado às rochas pertencen-
tes ao Complexo São Nicolau, aflorante mais a su-
2.2.10.2 Terreno Orós-Jaguaribe doeste, porém com maior abundância de paraderi-
vadas (figura 2.5 e quadro 2.11).
Este terreno forma uma vasta área de afloramen-
tos com trend NE-SW, recoberta por sedimentos da Complexo São Nicolau (Psn)
Bacia do Parnaíba em sua extremidade sudoeste.
Os limites são feitos por zonas de cisalhamento Constitui uma faixa com trend NE-SW, limitada
dúcteis transcorrentes, sendo a de Aiuaba a que a sul pela Zona de Cisalhamento dúctil dextral de
define o seu limite norte, com o Terreno Ceará Cen- Aiuaba. Aqui predominam magmatitos de caráter
tral, e a de Farias Brito, o limite sul. O prolongamen- eminentemente plutônico (foto 15), representa-
to desses lineamentos, passando por baixo da Ba- dos por ortognaisses a hornblenda e biotita, cin-
cia do Araripe, permite correlacionar as litologias zentos, de composição tonalítica a granodioríti-
metapelíticas existentes a nordeste e sudoeste ca, com intercalações anfibolíticas e localmente
destes terrenos, respectivamente denominadas de associados a raros remanescentes de paraderi-
Grupo Orós e Seqüência Ipueirinha (figura 2.4). vadas, às vezes migmatizadas, constituídas por
Seu embasamento é constituído por dois comple- xistos, quartzitos, gnaisses e mármores (foto 13).
xos paleoproterozóicos: Jaguaretama e São Nico- Ocorrem variações litológicas, desde gnaisses ban-
lau, formados predominantemente de metatonalitos dados até tipos homogêneos e de aspecto migmatí-
milonitizados e, localmente, associados a restos de tico. Estudos petrográficos em lâminas delgadas re-
paraderivadas migmatizadas em diferentes graus. A velaram protólitos ígneos, como biotita granito pórfi-
seqüência supracrustal é formada pelo Grupo Orós, ro, biotita granodiorito, metadiorito fino foliado e ou-
do Mesoproterozóico, que geologicamente é a uni- tros, inclusive de paraderivadas, não individualiza-
dade mais bem conhecida, seja ao nível de carto- dos em mapa. Formam cinturões alongados, ocu-
grafia básica, seja em termos geocronológicos ou pando relevo acidentado e contatos tectônicos re-
petrográficos, com razoável acervo de dados (ver presentados por zonas de cisalhamento dúcteis,
Macedo, Sá e colaboradores, 1988, 1991, 1992, transcorrentes e dextrais. É correlacionado ao Com-
1995; Parente & Arthaud,1995; Nogueira Neto et al., plexo Jaguaretama, que ocorre a nordeste, com
– 30 –
SB.24-Y (Jaguaribe SW )
quem tem continuidade geográfico/estrutural atra- autor a caracterizá-la como Grupo Orós, o que foi
vés das zonas de cisalhamento transcorrente, como adotado por outros, subseqüentes, como Sá (1991),
a de Tatajuba, seu limite sul. Estruturalmente corres- Parente (1995), Oliveira & Cavalcante (1993),
pondem a terrenos polideformados, submetidos a Medeiros et al. (1993) e Vasconcelos et al. (1998).
um metamorfismo de fácies anfibolito (figura 2.5 e Existe um razoável número de informações geo-
quadro 2.11). cronológicas, obtidas através dos métodos Rb/Sr,
A idade paleoproterozóica assumida, deve-se a U/Pb e Sm/Nd (Macedo et al., 1988; Sá, 1991) para
dados de campo que permitiram uma correlação os metamorfitos deste grupo e seu embasamento,
com outras áreas geologicamente semelhantes e tendo sido obtidos dados indicando, o Ciclo Meso-
melhor estudadas, a exemplo de Vasconcelos et al. proterozóico e o Paleoproterozóico, respectiva-
(1998), que compararam, geologicamente, re- mente, para os metamorfitos e para o seu embasa-
giões da Folha Iguatu com outras áreas no Rio mento. Sá (1991) caracterizou este grupo como do
Grande do Norte (região do Seridó) e Ceará (Hack- Mesoproterozóico. Parente & Arthaud (1995) dis-
spacher et al., 1990; Pessoa et al., 1986; Brito Ne- cordam de Sá (1991) com relação ao rifteamento e
ves, 1975). Adicionando argumentos favoráveis a magmatismo, tendo este ocorrido, segundo aque-
essa interpretação, Gomes et al. (1981) obtiveram, les autores, após a deposição da seqüência sedi-
pelo método Pb/Pb, idade de 1.985 ± 23Ma em um mentar, em ambiente de plataforma ou de parapla-
hornblenda-biotita metaquartzo diorito (foto 16, taforma, e não durante a deposição. Isto implica em
amostra JG-445), conforme ilustrado na figura 2.7. interpretar que a sedimentação deve ter tido início
no final do Paleoproterozóico a início do Mesopro-
Grupo Orós (Mor) terozóico. Vasconcelos et al. (1998), concordando
com Sá (1991), assinalaram que a sedimentação
Gomes et al. (1981) consideraram esta unidade desse grupo teria se efetuado em ambiente de rifte
como Grupo Ceará. Cavalcante (1987) redefiniu a intracontinental, no Proterozóico Médio, e identifi-
utilização desta concepção, tendo sido o primeiro caram três fases de deformação, relacionadas ao
– 31 –
Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
2.000
x
1.500
1.000
Etapas de aquecimento
Figura 2.7 – Idade 207Pb/ 206Pb em monocristais de zircão do metatonalito de Várzea Nova (CE).
Círculos preeenchidos: blocos considerados para o cálculo da idade. X: blocos rejeitados devido a
razão 206Pb/ 204Pb < 2.500. Quadrado: blocos rejeitados manualmente devido ao incremento dos
valores da razão 207Pb/ 206Pb. Círculos vazios: blocos rejeitados devido ao espalhamento > 2s.
Ciclo Brasiliano: uma mais antiga, representada dos), na base do Grupo Orós, e, sim, termos que
por micas orientadas; uma segunda gerou dobras refletem uma sedimentação marinha epicontinen-
recumbentes facilmente identificáveis, e a terceira, tal, como xistos aluminosos e quartzitos quase pu-
relacionada às grandes transcorrências dextrais. ros, ou aluminosos. Caso a argumentação desses
As fases, inicial e final estão relacionadas à fácies autores, de que o magmatismo, de idade 1.673Ma
xisto-verde, enquanto a intermediária atingiu a tenha se processado após a sedimentação, esta
fácies anfibolito, com a presença de estaurolita e tem que, obrigatoriamente, ser mais antiga que
andaluzita. 1.673Ma, o que não encontra suporte nos dados
Cavalcante (1999) mapeou a Seqüência Meta- de campo e geocronológicos existentes. Aqueles
vulcano-sedimentar de Peixe Gordo, também mesmos autores, ainda mapearam como Faixa Ja-
como Grupo Orós, apresentando características guaribe, pertencente ao Sistema Orós-Jaguaribe,
geológico-estruturais comuns a ambas as ocorrên- uma seqüência metassedimentar existente
cias, inclusive de cunho cronológico, tendo obtido imediatamente a noroeste da Zona de Cisalha-
idades de 1.796 ± 55Ma em metarriolito porfirítico, mento Farias Brito, o que não será aqui considera-
que representa a Formação Campo Alegre, soto- do, e, sim, como duas unidades distintas: o Grupo
posta à Formação Santarém, metassedimentar. Orós e a Seqüência Caipu.
Parente & Arthaud (1995) argumentam que a se- Neste trabalho indica-se, com os dados existen-
dimentação inicial não se processou em ambiente tes para o Grupo Orós, uma sedimentação e vulca-
tipo rifte, pois não são observados sedimentos típi- nismo no início do Mesoproterozóico e evolução
cos de ambiente rifte como clásticos imaturos (ar- tectonotermal no Brasiliano, com deformação e me-
cóseos, quartzitos feldspáticos e conglomera- tamorfismo monocíclicos, não tendo sido observa-
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
dos, ainda, eventuais registros de uma outra defor- micas. A segunda, caracterizando a principal folia-
mação mais antiga, obliterada por uma outra mais ção metamórfica, gerou dobras isoclinais a recum-
nova, como, por exemplo, uma tangencial, bastan- bentes muito bem identificáveis, sob condições de
te comum em outros litotipos da Província Borbore- fácies xisto-verde (com granada e biotita) até anfi-
ma. bolito, com estaurolita e andaluzita. As zonas de ci-
O Grupo Orós acha-se muito bem exposto na Fo- salhamento dúcteis e dextrais correspondem à ter-
lha Iguatu (SB.24-Y-B), compreendendo uma faixa ceira fase de deformação, na qual foi gerada uma
alongada, de direção norte-sul, que se inflete para intensa foliação milonítica, fácies xisto-verde, obli-
sudoeste na altura da cidade de Iguatu, prolongan- terando sobremaneira as evidências pretéritas das
do-se daí, em direção sudoeste, onde, no extre- duas primeiras fases. Dados mais específicos so-
mo-sudoeste da Folha Jaguaribe SW, é recoberto bre o Grupo Orós podem também ser obtidos em
pela Formação Jaicós. Inclui, na base, uma suces- Macedo, Sá e colaboradores (1988, 1991, 1992,
são de gnaisses, metavulcânicas de composição 1995).
ácida a básica (metarriolitos, metadacitos, metan-
desitos e anfibolitos) e quartzitos, interacamada- Seqüência Ipueirinha (Mi)
dos com ortognaisses porfiríticos grosseiros, intru-
didos por granitos porfiríticos sin a tardi-tectônicos Melo & Vasconcelos (1991) mapearam como
(figura 2.5 e quadro 2.11). Em direção ao topo, Grupo Cachoeirinha, uma seqüência metavulca-
compõem este grupo, micaxistos diversos, metas- no-sedimentar mesoproterozóica, metamorfizada
siltitos (foto 9, metaturbiditos?), quartzitos e meta- na fácies xisto-verde, que aflora no extre-
calcários (foto 8) associados, localmente, a exten- mo-sudoeste do Terreno Orós-Jaguaribe. Em dire-
sos depósitos de magnesita. ção nordeste, é recoberta pelos sedimentos da
Os granitóides tipo Lima Campos (Mg ), são or- Bacia do Araripe, e, a partir daí, voltam a aflorar, po-
tognaisses porfiríticos, grosseiros (foto 10), róseos, rém já com a denominação de Grupo Orós. Os con-
com fenocristais centimétricos de feldspato potás- dicionamentos geológico-estruturais e tipos litoló-
sico, de forma sigmóide, com indicação de cinemá- gicos existentes nesses dois setores são perfeita-
tica dextral. Apresentam normalmente uma foliação mente correlacionáveis entre si, a partir das proje-
milonítica penetrativa, subvertical. Vasconcelos et ções dos grandes traços das zonas de cisalhamen-
al. (1998), através da observação das relações de to existentes. Desta forma, pela inexistência de
contato entre esses granitóides e os metassedi- uma continuidade física entre essas duas associa-
mentos, aliado à presença de enclaves tanto des- ções metavulcano-sedimentares, propomos a de-
ses metassedimentos e de metavulcânicas, as- nominação de Seqüência Ipueirinha, de idade me-
sociaram uma simultaneidade da colocação des- soproterozóica, correlacionável ao Grupo Orós, an-
ses corpos com o inicio da sedimentação do Grupo teriormente denominada de Grupo Cachoeirinha,
Orós. por Melo & Vasconcelos (op. cit.).
Alguns outros corpos granitóides porfiríticos ma- É constituída de xistos variados, alguns de ori-
peados neste trabalho foram correlacionados aos gem vulcânica, incluindo lentes de quartzitos,
do tipo Lima Campos, considerando aspectos pe- quartzitos ferríferos, metachertes e metamáficas
trológicos e condicionamentos geológicos. Contu- (quadro 2.11). A seqüência é cortada por granitos,
do, sugere-se a realização de um programa com- granodioritos e gabros, de idade brasiliana. O me-
plementar de datações geocronológicas, para con- tamorfismo que atingiu o conjunto litológico é de
firmação dessa interpretação, pois há uma grande baixo grau, fácies xisto-verde. Em termos deforma-
semelhança textural das fábricas exibidas por cor- cionais, são referidas três fases, reportadas ao Ci-
pos granitóides porfiríticos brasilianos, deformados clo Brasiliano.
por zonas de cisalhamento, com aquelas exibidas
pelos granitóides Lima Campos, mesoproterozói-
cos. 2.2.10.3 Terreno Ceará Central
Em termos deformacionais, é mais ou menos
consensual, (Gomes et al., 1981; Macedo et al., Forma uma faixa de direção aproximada NE-SW,
1988; Parente, 1995; Vasconcelos et al., 1998) que limitada pelas zonas de cisalhamento dextrais, de
o Grupo Orós foi afetado por três fases de deforma- Senador Pompeu, a norte, e de Aiuaba, a sul. Os
ção brasilianas: a mais antiga, gerou, na fácies xis- seus afloramentos se iniciam, na parte oeste do Do-
to-verde, uma foliação definida por orientação de mínio Cearense, próximo aos sedimentos da Bacia
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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
do Parnaíba e se prolongam para nordeste em dire- reno Ceará Central foram denominados de Comple-
ção à Folha Iguatu (SB.24-Y-B) (figura 2.4). xo Tonalítico-Granodiorítico, correlacionável à uni-
É composto por um complexo arqueano (Com- dade Mombaça do Complexo Cruzeta, de Oliveira &
plexo Tonalítico-Granodiorítico) e dois paleoprote- Cavalcante (1993). Litologicamente compõe-se de
rozóicos: Complexo Acopiara, de natureza essen- uma complexa associação ortoderivada, gnáissi-
cialmente paraderivada, e Granitóides Sintectôni- co-migmatítica, associada a corpos de anfibolitos,
cos de composição granítica a granodiorítica. O metacalcários, charnoquito e metaultramáficas. Se-
Mesoproterozóico é formado pelo Grupo Ceará, de gundo aqueles autores, o metamorfismo atingiu fáci-
constituição paraderivada e de ambiente marinho es anfibolito até a fusão, gerando diferentes graus
plataformal. Todos os litotipos acima descritos de migmatização, com posterior retrometamorfismo
acham-se cortados por um extenso plutonismo gra- para xisto-verde. Os litotipos exibem um padrão de-
nítico calcialcalino predominante. formacional complexo, reconhecidamente polifási-
co, típico de terrenos arqueanos (figura 2.5 e quadro
Complexo Tonalítico-Granodiorítico (Atg) 2.12).
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SB.24-Y (Jaguaribe SW )
matização, podendo localmente atingir a anatexia e mármores), quanto rochas que eram assinaladas
(figura 2.5 e quadro 2.12). como mais antigas, apenas por exibirem grau me-
tamórfico mais elevado. Dados de campo deste tra-
Granitóides Sintectônicos (Pg) balho, permitiram identificar, em alguns locais, con-
tatos gradacionais entre tipos mais e menos meta-
São formados por ortognaisses de composição mórficos, o que sugere, em princípio, a mesma ida-
granodiorítica a granítica e ocorrem, geralmente, de para tais conjuntos rochosos. Mesmo sem se
sob a forma de corpos tabulares concordantes com dispor de um número de determinações geocrono-
a foliação regional. lógicas que indiquem as reais idades desses me-
Constituem rochas de coloração cinza, textura tassedimentos, considera-se que o atual empilha-
granular grossa a porfiróide, com foliação bem de- mento exibido, pode refletir, com uma certa segu-
senvolvida e penetrativa, em graus variáveis de rança, a pretérita ordem de sedimentação, permi-
strain. Sua intrusão, aparentemente, é controlada tindo a adoção da mesma idade para o conjunto,
pela deformação tangencial paleoproterozóica, já ressalvando, entretanto, a necessidade de dados
que muitos de seus corpos se alojam ao longo de adicionais imprescindíveis a uma interpretação
planos axiais de dobras isoclinais geradas durante mais conclusiva.
esse evento. Sua idade de intrusão é atribuída ao Litologicamente compreende uma associação
período compreendido entre 1.900 e 2.080Ma, com de micaxistos variados, quartzitos (foto 11) e gnais-
base em correlações com outros corpos melhor es- ses a duas micas (foto 12), com intercalações de
tudados (Vasconcelos et al., 1998). metacalcários e lentes subordinadas de calcissili-
cáticas, compondo, segundo Vasconcelos et al.
Grupo Ceará (Mc) (1998), uma típica seqüência depositada em ambi-
ente marinho plataformal.
Conforme assinalaram Vasconcelos et al. (1997),
ainda é problemática a individualização do Grupo
Ceará, no que se refere principalmente à litologia, 2.2.10.4 Terreno Acaraú
empilhamento cronoestratigráfico, idades e ambi-
entes de sedimentação. Como naquele estudo fo- Este terreno situa-se na porção centro-norte da fo-
ram incorporadas ao Grupo Ceará rochas que tra- lha, limitado, a leste, pela Zona de Cisalhamento de
dicionalmente eram pertencentes ao “embasamen- Tauá; a oeste, pelos sedimentos basais da Bacia do
to”, o arcabouço apresentado é conflitante em rela- Parnaíba e, a sul, pela Bacia do Cococi (figura 2.4).
ção aos modelos antigos. Isto posto, considera-se
este grupo como constituído por uma típica se- Metaplutônicas (Ag1)
qüência depositada em ambiente marinho platafor-
mal, tendo os estudos petrográficos revelado para- As litologias desta unidade ocorrem numa área
gêneses compatíveis com um metamorfismo regio- de forma arredondada, situada a oeste da Zona de
nal de fácies anfibolito (Winkler, 1977), podendo Cisalhamento de Tauá. Boas exposições podem
atingir a anatexia em alguns locais. ser observadas na BR-020, a sudoeste da cidade
É sugerida uma possível atuação de eventos po- de Tauá, no Ceará. Correspondem a afloramentos
lifásicos/policíclicos, pela existência de um ou mais de ortognaisses, muito alterados, composição to-
bandamentos gnáissicos, com distintas orienta- nalítica a granodiorítica, associados a lentes de
ções, provavelmente transamazônicos, sendo obli- metabásicas/metaultrabásicas e sheets de leuco-
terados por uma foliação milonítica resultante da metagranitóides e metapegmatóides (figura 2.5 e
atuação de zonas de cisalhamento transcorrentes. quadro 2.13). A idade arqueana é devida a correla-
Tais efeitos são mais ou menos observáveis, de- ções com a unidade Tróia do Complexo Cruzeta,
pendendo da área estudada, o que sempre dificul- descrita adiante.
ta o estabelecimento de um padrão uniforme, ou
seja, válido para toda a área de exposição deste Complexo Parambu (Ppa)
complexo, advindo daí, as dissensões naturais, tra-
tando-se de trabalhos em áreas pré-cambrianas. Ocorre no trecho situado entre a BR-020, a sudo-
O Grupo Ceará, como foi aqui empregado, agru- este de Tauá, e a cidade de Parambu, no Ceará.
pa, tanto as clássicas seqüências metassedimen- Compreende um conjunto de rochas predominan-
tares de baixo grau metamórfico (xistos, quartzitos temente paraderivadas (foto 17), subordinadamen-
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& Cavalcante (1993) consideraram o Complexo Proterozóico Inferior. Este complexo é constituído
Cruzeta como constituído apenas pelas unidades pelas unidades Tróia, Pedra Branca e Mombaça (fi-
Tróia e Pedra Branca, recoberto pela unidade gura 2.5 e quadro 2.14).
Mombaça. A idade arqueana para este complexo
baseia-se nas datações Rb/Sr de 2.540 ± 60Ma ob- Unidade Tróia (Act) – Ocorre na porção noroes-
tidas por Pessoa et al. (1986) em amostras relacio- te da Folha Iguatu (SB.24-Y-B), a leste da cidade de
nadas à unidade Pedra Branca, intrusivas na unida- Tauá, numa pequena faixa de trend aproximado
de Tróia. Vasconcelos et al. (1998) englobaram a NE-SW, limitado por zonas de cisalhamento. Litolo-
unidade Mombaça no Complexo Cruzeta, que pas- gicamente é composto por uma associação meta-
saria a se compor das unidades: Tróia, Pedra Bran- plutonovulcano-sedimentar de ortoanfibolitos (me-
ca e Mombaça, de idade arqueana e retrabalhadas tabasaltos e metagabros), metatufos básicos e res-
no Proterozóico. Ainda, aqueles autores considera- tos de rochas paraderivadas representadas por
ram parte das rochas ocorrentes a norte da Zona de quartzitos, micaxistos, metachertes e rochas cal-
Cisalhamento Senador Pompeu, na Folha Jaguari- cissilicáticas não individualizadas (figura 2.5 e qua-
be SW, como granitóides pré-colisionais; uma ter- dro 2.14).
minologia diretamente relacionada à tectônica glo-
bal (figura 2.5). Neste trabalho, estas rochas serão Unidade Pedra Branca (Acpb) – É aqui utilizada
consideradas como pertencentes à unidade Mom- no sentido de Oliveira & Cavalcante (1993) para re-
baça, do Complexo Cruzeta, conforme assinalado presentar uma seqüência de ortognaisses graníti-
por Vasconcelos et al. (1998), porém de idade ar- cos cinzentos, parcialmente migmatizados, de
queana (Oliveira & Cavalcante, op. cit.) e não do composição tonalítica (predominante), granodiorí-
Branca
Pedra
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Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil
tica e granítica, mais raramente. É cortada por di- nada, geralmente cinzentos, composição grano-
ques e sheets de leucogranitos pegmatóides e me- diorítica, granítica e quartzo-diorítica. Apresenta
tabasitos (figura 2.5 e quadro 2.14). lentes de anfibolitos, calcissilicáticas, metacalcá-
rios, quartzitos ferruginosos e metaultramáficas.
Unidade Mombaça (Acm) – Será aqui utilizada Forma uma faixa de direção estrutural NE-SW, limi-
para representar um conjunto de tectonotipos, tada por zonas de cisalhamento que se afunilam
como definido por Oliveira & Cavalcante (1993): para sudoeste. É diferenciada das outras unida-
biotita gnaisses diversos, ortoderivados, geral- des, pela maior abundância de rochas paraderi-
mente migmatizados, com ou sem anfibólio e gra- vadas (figura 2.5 e quadro 2.14).
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