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Artigo
Interfaces entre funções executivas, linguagem e intencionalidade1
Lauren Tonietto2
Gabriela Peretti Wagner
Clarissa Marceli Trentini
Tania Mara Sperb
Maria Alice de Mattos Pimenta Parente
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS, Brasil
Resumo: A relação entre linguagem e funções executivas, também conhecidas como funções cognitivas complexas, já foi
estabelecida no passado por Luria e Vygotsky. Este artigo tem por objetivo revisar o conceito de funções executivas sob as
perspectivas neuropsicológica e cognitiva. Alguns dos reconhecidos modelos sobre processamento das funções executivas
são apresentados, assim como estudos recentes sobre funções executivas em crianças. O desenvolvimento das funções exe-
cutivas é discutido sob o ponto de vista biológico, neuropsicológico e cognitivo, destacando-se a importância da linguagem
nesses processos, enquanto função reguladora da ação intencional. Essa discussão propõe que aspectos do desenvolvimento
sejam incluídos nos modelos futuros sobre funções executivas.
Palavras-chave: linguagem, intencionalidade, lobo frontal, desenvolvimento.
O termo Funções Executivas (FEs) representa um con- Este trabalho tem por objetivo aprofundar a análise da
junto de processos cognitivos que envolvem capacidades de relação entre FEs e linguagem, mostrando que, à luz de teo-
planejamento, execução de atividades complexas e outros rias recentes de linguagem, esta relação deve ser valorizada
processos que permitem que o indivíduo organize e estruture quando se considera o aspecto da intencionalidade tanto nas
seu ambiente (Foster, Black, Buck, & Bronskill, 1997), de FEs como na linguagem. Não há consenso entre as diversas
acordo com um objetivo. A linguagem foi apontada como acepções dos termos “intencionalidade” e “intenção”, nas
um componente relacionado a essas funções, primeiramen- diferentes abordagens teóricas, já que os termos são muito
te por Luria (1966) e, posteriormente, por Vygotsky (1998a, complexos e de difícil tratamento conceitual. Conforme de-
1998b), e esta atuação é mantida em alguns modelos atuais finição de Searle (1983), a “intencionalidade” é a capacidade
de FEs (Baddeley, 2007; Fuster, 1997, 2004). de referir, direcionar ou significar algo a alguém. O presente
artigo emprega uma visão sócio-histórica dos termos. “In-
tencionalidade” tem uma extensão mais ampla, ficando rela-
cionada ao que é voluntário, à pretensão e ao planejamento,
1
Este texto foi revisado seguindo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
ou seja, a processos que envolvem pensamento. Conforme
(1990), em vigor a partir de 1º de janeiro de 2009. A primeira e a segunda Tomasello (2005), a “intencionalidade” está relacionada às
autora agradecem à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal habilidades de intention-reading (leitura das intenções do
de Ensino Superior) pelo fomento à pesquisa (Bolsas de Doutorado).
2
Endereço para correspondência
interlocutor e reconhecimento das próprias intenções). O ter-
Lauren Tonietto. Rua Vasco da Gama, 283/603. CEP 92.310-340. Canoas- mo “intenção” está relacionado à ação ou ao comportamen-
RS, Brasil. E-mail: ltonietto@ig.com.br to, principalmente vinculado às primeiras ações intencionais
da criança (Luria, 1966; Vygotsky, 1998a, 1998b). O termo “in- nome. Em seu modelo neurofisiológico, o sistema nervoso
tencional” é utilizado em alguns trechos deste artigo como um é composto de unidades anatômicas e funcionais que apre-
qualificador ou adjetivo da ação, do comportamento ou, ainda, sentam uma atuação hierárquica. A Unidade III, composta
da comunicação (Tomasello, 2005; Vygotsky, 1998a, 1998b). pelos lobos frontais, controla as demais áreas, exercendo
Na primeira parte do trabalho, os modelos de FEs que funções de programação, regulação e verificação da ativida-
apontam para a participação da linguagem serão descritos, de mental. Ela é responsável pela organização das intenções
seguidos por um levantamento de pesquisas sobre o desen- e planos para as ações humanas, bem como a regulação do
volvimento das FEs. A seguir, serão apresentados os mo- comportamento e verificação da atividade consciente. Neste
delos sobre desenvolvimento de linguagem, enfatizando modelo, fica bastante evidente a importância do planejamen-
aqueles que valorizam a intencionalidade. Serão salientados to e do comportamento dirigido a objetivos para a execu-
os trabalhos de Carpenter, Nagell e Tomasello (1998) e To- ção de funções complexas. Apesar de não utilizar o termo
masello (2005) que relacionaram a intencionalidade como intencionalidade, esta está vinculada ao conceito de ações
um componente essencial para o surgimento da linguagem, dirigidas a objetivos.
já que a necessidade de comunicação implica, desde a fase Segundo Luria (1966), todos os processos mentais
pré-linguística, uma intenção comunicativa, e os trabalhos conscientes que governam as ações humanas envolvem a
de Luria (1966) sobre a relação entre linguagem e ações diri- participação do sistema de comunicação verbal e estão, de
gidas a objetivos. Como conclusão, esta análise proporá que fato, sob seu domínio. Portanto, os processos mentais (o que
a intencionalidade possa ser um eixo comum, responsável
inclui as funções executivas) são guiados pela linguagem.
pela interação entre o desenvolvimento da linguagem e o de-
No que se refere às relações entre linguagem e funções exe-
senvolvimento das funções executivas.
cutivas, a partir de observações de pacientes lesados frontais,
Luria (1973b) descreve as interfaces entre os sistemas verbal
Modelos de Funções Executivas
e executivo. Por exemplo, um paciente com lesão pré-frontal
pode facilmente repetir uma instrução verbal dada pelo ex-
Como já apresentado, as FEs incluem atividades de se-
perimentador. Esse paciente consegue memorizar a instru-
leção e estabelecimento de objetivos, planejamento, monito-
ção e repeti-la após vários dias. Contudo, o indivíduo tende
ramento e sequenciamento de ações (Foster e cols., 1997).
a apresentar problemas quando tiver de executar uma ação
As FEs articulam funções subordinadas, como raciocínio,
(uma sequência determinada de movimentos com os dedos,
memória de trabalho, planejamento, atenção e controle inibi-
tório, entre outras, direcionando o comportamento no senti- por exemplo) por si mesmo, outrora descrita verbalmente.
do de atingir seus objetivos (Stuss & Levine, 2002). Ele pode até obter sucesso na primeira tentativa, mas tende
As FEs dependem de um processamento complexo, a falhar nas subsequentes. Entretanto, ao reproduzir a ins-
envolvendo o lobo frontal, alguns núcleos da base (como o trução verbalmente, esse paciente tende a executar a ação
striatum), o tálamo, as estruturas límbicas e as vias que co- corretamente. Com base nessas observações, Luria (1966)
nectam essas regiões. Contudo, são as áreas pré-frontais que afirmou que existe uma importante interação entre os siste-
exercem um papel determinante sobre essas funções (Stuss mas funcionais linguístico e executivo. Pacientes com lesões
& Levine, 2002). Estas possuem regiões anatômicas e fun- pré-frontais, em geral, tendem a apresentar linguagem pre-
cionais distintas (Cummings, 1995; Fuster, 1997), as quais servada, mas podem apresentar uma inabilidade para execu-
refletem a complexidade dos processos envolvidos. tar ações na ausência de autoinstrução verbal.
Existem diversos modelos teóricos sobre o processa-
mento das funções executivas. Aliás, o conceito de funções Modelo de Memória de Trabalho
executivas ainda carece de uma definição formal (Jurado &
Rosselli, 2007). Contudo, o que é aceito na literatura é o fato Recentemente, a relação entre linguagem e FEs tem
de se tratar de um modelo multiconceitual e multicomponen- sido valorizada pelo modelo de Memória de Trabalho (MT),
cial (Stuss & Levine, 2002). Para este trabalho, foram sele- conceito criado por Baddeley e Hitch (1974). Essencialmen-
cionados apenas três modelos, por relacionarem os processos te, a função da MT é auxiliar a atenção seletiva e favorecer
executivos e linguísticos, para uma revisão mais ampla acer- a representação mental da informação a ser processada na
ca de funções executivas, consultar Grafman (1995), Stuss ausência de inputs perceptuais. O armazenamento da infor-
e Benson (1986). Cada um destes modelos se relaciona às mação na MT é temporário, porém dura o tempo suficiente
questões de linguagem e de intencionalidade de maneira dis- para que seja manipulada e para que ocorra o processamento
tinta, porém, todos os aqui citados apontam para o papel dos cognitivo durante a execução de tarefas (Baddeley, 2007).
processos executivos no gerenciamento do comportamento Apesar de ser um modelo de memória, envolve funções
e/ou na ação dirigida a metas. executivas por meio de um de seus principais componentes,
o executivo central. Este, responsável por gerenciar as intera-
Modelo dos Sistemas Funcionais ções entre os subsistemas da MT e a Memória de Longo Pra-
zo (MLP), tem uma função complexa que inclui análise das
Luria (1966, 1973a) foi um dos primeiros a pesquisar os informações oriundas de inputs sensoriais, seleção daquelas
processos executivos, embora não os tenha tratado com esse relevantes, filtragem, para que possam ser armazenadas na
248
Tonietto, L., Wagner, G. P., Trentini, C. M., Sperb, T. M., & Parente, M. A. M. P. (2011). Funções executivas, linguagem e intencionalidade.
MLP, e recuperação das informações da MLP, conforme a comportamento emocional e na estrutura de personalidade.
necessidade (Baddeley & Hitch, 1974; Baddeley, 2007). Alguns anos mais tarde, o autor publicou estudos re-
O executivo central relaciona-se com a linguagem por lativos a um avanço de seu modelo, o ciclo percepção-ação
meio da alça fonológica. Esta é ativada sempre que há de- (Fuster, 2004). Este é necessário para que o comportamento
manda auditiva (como na fala, por exemplo). Já o bloco dirigido a metas ocorra, ou seja, é por meio dele que ocorre
visuoespacial é necessário para o processamento de infor- a transferência da informação do passado para o futuro e da
mações visuais (figuras, localização de objetos) (Baddeley percepção para a ação. O ciclo percepção-ação é um circui-
& Hitch, 1974; Baddeley, 2007). to envolvendo a integração do indivíduo com o ambiente.
Esse modelo contempla aspectos linguísticos, uma As áreas anteriores e posteriores do encéfalo se comuni-
vez que inclui componentes de processamento de informa- cam para tal, mas também trocam informações dentro de si
ções fonológicas ou auditivas (alça fonológica) e também o mesmas. Portanto, o fluxo de informação é bidirecional em
componente gráfico/pictórico da linguagem (bloco visuoes- cada uma das sub-regiões, bem como há comunicação das
pacial). Em outras palavras, a alça fonológica permite um mesmas com as demais áreas corticais (Fuster, 2004). Em se
armazenamento temporário dos sons da linguagem enquanto tratando de processos executivos, o córtex pré-frontal recebe
uma tarefa cognitiva está sendo desenvolvida. Já o bloco vi- informações perceptuais oriundas de áreas posteriores do en-
suoespacial exerce um papel na manutenção temporária das céfalo e utiliza esses dados no planejamento e na execução
letras do alfabeto e de outros símbolos no sistema cognitivo. de uma determinada ação em resposta aos inputs sensoriais
Mesmo figuras, por exemplo, contêm aspectos linguísticos, – ação essa que pode assumir a forma de resposta motora ou
uma vez que representações semânticas estão associadas a linguagem (Fuster, 2004).
componentes gráficos. Portanto, durante uma dada tarefa, as Contudo, o modelo não explica como os processos lin-
informações fonológicas são conectadas às visuais, forne- guísticos se desenvolvem e em que medida estão relaciona-
cendo-lhes significado (Baddeley & Hitch, 1974; Baddeley, dos a intenções e planos. Ao contrário, a linguagem é vista
2007). Além disso, numa versão posterior à da década de como um output para o mundo exterior. Entretanto, as etapas
1970 (Baddeley & Hitch, 1974), uma alça episódica também de processamento nesse modelo (de áreas posteriores para
desempenha um papel em processos linguísticos, uma vez anteriores do encéfalo) são similares às citadas por Luria
que conecta os dados fonológicos e visuoespaciais (armaze- (1973a), quando o mesmo menciona as unidades e zonas
nados na MLP), especialmente, ao componente semântico da corticais, bem como as leis de processamento das funções
mesma (para uma revisão, consultar Baddeley, 2007). cognitivas. No que tange à intencionalidade, apesar de não
Entretanto, apesar de salientar a importância dos proces- utilizar esse conceito, o autor (Fuster, 1997, 2004) relacio-
sos linguísticos de origem fonológica para a MT, esse mode- na as regiões mesiais dos lobos frontais ao comportamento
lo não considera a característica comunicativa da linguagem dirigido a objetivos. Tal associação é possível em função de
nem sua intencionalidade. É curioso observar uma oposição estudos com pacientes lesados cerebrais – observou-se que
entre os dois modelos já descritos: para Luria, a linguagem pacientes com lesões mais mesiais no córtex pré-frontal, es-
reorganiza a ação, enquanto para Baddeley, a linguagem está pecialmente próximas ao cíngulo, tendem a mostrar sinto-
subjacente ao executivo central (com processos atencionais mas de apatia e abulia (Fuster, 1997).
não linguísticos), o qual assume o papel gerenciador do sis- Em suma, os três modelos teóricos sobre o processa-
tema linguístico, basicamente fonológico. mento das FEs descritos anteriormente propõem diferentes
relações entre as mesmas. O modelo dos Sistemas Funcionais
Modelo de Organização Temporal do de Luria (1966, 1973a) destaca a função da Unidade III no
Comportamento controle das intenções e no planejamento das ações, por sua
vez, controlada pela linguagem. É valorizada a função de au-
Fuster (1997) elaborou um modelo de FEs com base torregulação e de metacognição. Já para o modelo de Memó-
nitidamente anatomofisiológica. Para o autor, o lobo fron- ria de Trabalho (Baddeley & Hitch, 1974; Baddeley, 2007),
tal divide-se em áreas motoras e não motoras, as primeiras a linguagem é focalizada apenas em seu sistema fonológico e
efetoras (não cognitivas propriamente ditas), as últimas, é subordinada a um controle executivo de origem atencional.
regiões implicadas no processamento cognitivo. Estas áre- Por fim, apesar de o modelo de Organização Temporal do
as, conhecidas como pré-frontais, são subdivididas em três Comportamento (Fuster, 1997, 2002, 2004) valorizar a ação
porções anatomofuncionais distintas: dorsolateral, ventro- voltada para objetivos e ser dependente da subjetividade, a
medial e orbitofrontal. A região dorsolateral está envolvida linguagem é apenas uma das ações de seu output.
em processos “racionais”, responsável pela mediação de Embora as FEs tenham seu ápice na fase adulta, sua
funções de resolução de problemas, abstração, memória de emergência ocorre ainda na infância, momento em que a
trabalho e raciocínio, entre outras. As áreas ventromediais e linguagem também desempenha um papel fundamental. Por
orbitofrontais apresentam funções “límbicas” ou subjetivas: isso, o próximo tópico deste artigo discute alguns aspectos,
as porções ventromediais estão relacionadas à iniciativa e à inicialmente aspectos biológicos e maturacionais e, em se-
motivação, enquanto as orbitofrontais estão envolvidas no guida, estudos sobre FE ao longo do desenvolvimento.
249
Paidéia, 21(49), 247-255
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Tonietto, L., Wagner, G. P., Trentini, C. M., Sperb, T. M., & Parente, M. A. M. P. (2011). Funções executivas, linguagem e intencionalidade.
inibição ainda estão em desenvolvimento, uma variabilidade mostram o papel das regiões frontais dorsolaterais na me-
de tarefas e de funções é investigada sob o rótulo de FE, o diação das funções executivas nas crianças e do Wisconsin
que torna difícil a comparação e a obtenção de um modelo como medida da integridade frontal dorsolateral.
desenvolvimental. O estudo de Malloy-Diniz e cols. (2004) avaliou fun-
A seguir, são discutidos alguns estudos considerados ções executivas em crianças fenilcetonúricas em idade bas-
importantes para os objetivos do presente artigo pelo fato tante precoce, entre nove e 12 meses de idade. Os autores
de apresentarem dados sobre o desenvolvimento das fun- consideram que as funções executivas compreendem habi-
ções executivas no desenvolvimento típico, em situações de lidades necessárias para a solução de problemas como, por
adversidades biológicas (lesões cerebrais e fenilcetonúria) exemplo, o planejamento, a memória operacional e a inibi-
e comportamentais (Transtorno de Asperger, Transtorno de ção e autorregulação do comportamento. A pesquisa buscou
Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno de Escrita generalizar os resultados obtidos por Diamond (1998) para
e Leitura, desenvolvimento de teoria da mente e Autismo). crianças brasileiras. Participaram do estudo dois grupos de
É interessante destacar que não foram localizados estudos crianças, sendo um de 21 crianças fenilcetonúricas e outro
estabelecendo relações entre as FEs e a linguagem. de 18 crianças normais. Foram correlacionados os níveis de
Zelazo, Craik e Booth (2004) destacam que, ao longo phe (aminoácido fenilalanina) com o desempenho na tarefa
do desenvolvimento típico, as crianças gradualmente melho- AB, uma prova piagetiana que avalia a habilidade da criança
ram sua capacidade de representar múltiplos aspectos de um de inibir uma ação habitual ou preponderante, relacionada ao
problema, planejar o curso futuro da ação, manter o plano desenvolvimento das funções executivas. A criança obser-
em mente e agir sobre o mesmo, além de detectar e utilizar va um objeto ser escondido debaixo de um anteparo A, por
informações sobre erros. Segundo os autores, a crescente exemplo. Retira o anteparo A e alcança o objeto. Em seguida,
habilidade de se engajar em pensamentos e ações delibera- o mesmo objeto é escondido debaixo de um anteparo B, co-
das dirigidas a um objetivo é frequentemente estudada sob locado ao lado do anteparo A. Crianças entre oito e 12 meses
a rubrica de funções executivas. Essas dependem de uma de idade frequentemente cometem o erro AB, ou seja, con-
crescente efetividade de processos como atenção seletiva, tinuam buscando o objeto em A, apesar de terem observado
memória de trabalho e controle inibitório. Esse estudo ava- o objeto ser escondido em B, sobretudo quando não podem
liou mudanças nas funções executivas durante o curso da buscar o objeto imediatamente após ele ter sido escondido. Os
vida, em crianças com média de idade de 8,8 anos, adultos e resultados confirmaram a hipótese de estudo, demonstrando
idosos, utilizando três tarefas: uma tarefa de completar pala- que as crianças com níveis altos de phe apresentam dificul-
vras, a tarefa Visually Cued Color-Shape e a Auditorily Cued dades no desempenho de tarefas que dependem de funções
Number-Numeral. Os resultados mostraram que as crianças, executivas. Destaca-se que os déficits encontrados não são
assim como os idosos, tiveram mais erros perseverativos, explicados pelo nível de desenvolvimento geral, já que os
um indício de disfunção executiva, quando comparados aos resultados da escala mental da Escala Bayley não revelaram
adultos jovens. Tais resultados geraram, conforme esperado, diferença significativa entre os três grupos de crianças.
uma curva em “U” invertida, já observada em outros pro- O estudo de Nydén, Gillberg, Hyelmquist e Heiman
cessos cognitivos básicos, tais como velocidade de proces- (1999) investigou déficits de atenção e função executiva
samento e memória de curto prazo. Os autores concluem em dez crianças com transtorno de Asperger, dez crianças
que as funções executivas crescem e declinam no curso do com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
desenvolvimento, principalmente a função do controle cons- (TDAH), dez crianças com transtorno de escrita e leitura e
ciente neste processo, e, portanto, da linguagem. Supõe-se, dez crianças com desenvolvimento típico de oito a 11 anos
entretanto, que as crianças têm mais dificuldade de utilizar de idade, utilizando tarefas neuropsicológicas e cognitivas.
a informação consciente para controlar seu comportamento, O grupo com TDAH apresentou maiores dificuldades nas
agindo, portanto, de forma mais automática. tarefas propostas, mostrando uma correlação entre esse
A forma clássica de estudo de qualquer disfunção transtorno e as FEs.
provavelmente seja a lesão cerebral, tal como realizado no Os pesquisadores têm buscado estabelecer relações en-
estudo de Filley, Young, Reardon e Wilkening (1999). Par- tre as FEs e a “teoria da mente”, já que parece existir alguma
ticiparam desse estudo 63 pacientes com lesões cerebrais semelhança entre o comportamento de sujeitos com disfun-
de etiologias variadas e 48 pacientes com transtornos psi- ção executiva e com autismo. A “teoria da mente” implicaria
quiátricos diversos com idades entre oito e 17 anos. Todos uma habilidade bastante complexa de compreender o que
foram detalhadamente testados com a Wechsler Intelligence pensam e sentem as outras pessoas. No autismo, existiria
Scale for Children (WISC-III) e o Wisconsin Card Sorting uma dificuldade no desenvolvimento desta habilidade. Essa
Test (WCST), além dos testes neuropsicológicos e de neu- dificuldade contribuiria para um comportamento social dis-
roimagem. Os resultados mostraram que as crianças com le- funcional. Uma revisão sobre o tema pode ser encontrada em
sões nas regiões frontais dorsolaterais apresentaram maiores Bosa (2001).
prejuízos no WCST, enquanto desempenhos comparáveis No estudo de Perner, Lang e Kloo (2002) com 82 crian-
aos demais grupos foram obtidos no WISC-III. Os dados ças entre três e seis anos de idade, utilizaram-se a Tarefa de
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Paidéia, 21(49), 247-255
Crença Falsa, prova amplamente reconhecida para testar a sido recentemente compartilhada por Pinker (1997) que pro-
aquisição da teoria da mente, e uma versão simplificada do põe a existência de regras sintáticas inatas que permitem o
WCST, classicamente utilizada para avaliar funções execu- reconhecimento e o aprendizado da língua.
tivas. Os resultados mostraram uma forte correlação entre Atualmente, a ideia que parece mais plausível é que a
crença falsa e controle executivo, ou seja, crianças que obti- criança possui capacidades inatas que possibilitam o apren-
veram mais acertos em tarefas que indicam a capacidade de dizado da linguagem (Chomsky, Belletti, & Rizzi, 2002),
compreender o pensamento dos outros apresentaram melhor mas o conjunto de experiências modula a aquisição. Essa
controle executivo. Entretanto, embora existam algumas hi- abordagem é conhecida como interacionista ou sociointe-
póteses explicativas para a correlação encontrada, os autores racionista, no sentido de que o desenvolvimento da lingua-
destacam a dificuldade em estabelecer uma relação de causa gem ocorre a partir das interações propiciadas pelas relações
e efeito para os dados, sugerindo que outros estudos relacio- sociais. Dentro dessa perspectiva, destaca-se a teoria de
nados ao desenvolvimento de tais habilidades devem buscar Piaget (1964/2003), segundo a qual a linguagem seria uma
esclarecer a questão. Fica claro, contudo, que o controle ini- expressão da função simbólica subjacente, estreitamente re-
bitório não é o único ou o mais importante fator envolvido lacionada ao pensamento. A linguagem e a função simbólica
nas tarefas de teoria da mente. Por outro lado, o estudo de seriam, portanto, condições necessárias, mas não suficientes,
Baron-Cohen, Leslie e Frith (1985) demonstrou que um dé- para que o pensamento se torne possível (Piaget & Inhelder,
ficit cognitivo explicaria a dificuldade existente no autismo 1959/1975).
de compreender o pensamento e sentimento do outro e, a Outras teorias do desenvolvimento enfatizaram a im-
partir disso, predizer seu comportamento e regular o próprio portância da linguagem para o desenvolvimento cognitivo
comportamento. infantil (Luria, 1966; Vygotsky, 1998a, 1998b). Embora não
O estudo de Filley e cols. (1999) mostrou a correlação tenham tratado de certas funções cognitivas sob a rubrica
de lesões com dificuldades executivas. Os estudos de Dia- de “funções executivas”, a leitura dessas teorias relaciona
mond (1998) e Malloy-Diniz e cols. (2004) mostraram que elementos da linguagem a funções e processos atualmente
crianças com fenilcetonúria – com problemas em substân- definidos como tal.
cias ativas no córtex frontal – tiveram prejuízo no controle O primeiro pesquisador a destacar o papel da lingua-
inibitório da ação em comparação com crianças normais. Por gem no desenvolvimento de funções relacionadas ao córtex
outro lado, o estudo de Perner, Lang e Kloo (2002) e a revi- pré-frontal, região destacadamente envolvida nas funções
são de Bosa (2001) apontam para uma correlação importante executivas, foi o neuropsicólogo A. R. Luria. Fundamentado
entre a dificuldade em compreender as intenções do inter- principalmente nas ideias de L. S. Vygotsky, Luria (1966,
locutor e as funções executivas. Pode-se pensar, portanto, 1970) destacou que as funções mentais superiores são con-
que dificuldades no desenvolvimento da intencionalidade, sideradas como produtos complexos do desenvolvimento
que implica no reconhecimento das intenções do outro e das sociocultural. Este, por sua vez, exerce uma influência fun-
próprias (Carpenter e cols., 1998; Tomasello, 2005), podem damental para o desenvolvimento da linguagem. Conforme
estar subjacentes às disfunções executivas. Assim, esse le- ressaltaram Stuss e Benson (1984), Luria sugeriu que a fala
vantamento dos poucos estudos sobre o desenvolvimento das interna tem um importante papel na programação e regula-
FEs sugere que a interação com a linguagem esteja no plano ção do comportamento. A fala interna seria responsável pe-
dos aspectos linguísticos relacionados à intencionalidade. las formas mais complexas de comportamento voluntário,
selecionando as questões mais salientes, criando um plano
A intencionalidade nos modelos de aquisição da interior e, assim, monitorando o desempenho por meio da
linguagem comparação com a intenção original. Portanto, existiria uma
associação fundamental entre linguagem e ação, sendo a
Diferentemente dos estudos desenvolvimentais das FEs, ação voluntária controlada pelo pensamento verbal. Confor-
a aquisição da linguagem intriga pesquisadores há várias dé- me destacado também por Frawley (2000), a linguagem tem
cadas. A linguagem foi estudada sob diferentes perspectivas uma função de controle na ação da criança.
teóricas, que serão brevemente discutidas neste tópico, en- Vygotsky (1998a) buscou compreender o processo por
fatizando-se modelos recentes que valorizam a intenção na meio do qual a criança desenvolve as funções cognitivas,
aquisição linguística. passando de funções elementares para funções complexas.
Na perspectiva comportamentalista, a linguagem é Durante os primeiros estágios do desenvolvimento, as ações
considerada como um comportamento verbal. Assim, como infantis apoiam-se no uso de sinais evocativos exteriores,
qualquer outro comportamento, poderia ser aprendida por denominados signos externos. Posteriormente, no curso do
meio do contato social entre o organismo com seu ambien- desenvolvimento, a criança passa por um processo de in-
te (Skinner, 1957). Partindo de uma perspectiva oposta, ternalização, em que os signos externos são gradualmente
Chomsky (1957) propôs a ideia de um módulo inato da lin- substituídos por signos internos, gerando a base para a capa-
guagem que capacitaria o ser humano para o conhecimento cidade representacional. O processo de internalização ocorre
de estruturas sintáticas subjacentes à língua. Essa ideia tem somente quando a criança torna-se capaz de compreender
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Tonietto, L., Wagner, G. P., Trentini, C. M., Sperb, T. M., & Parente, M. A. M. P. (2011). Funções executivas, linguagem e intencionalidade.
que os signos externos são dotados de significado. Esta com- bebê passa a alternar o olhar entre o interlocutor e o objeto da
preensão representa o salto fundamental para o simbolismo. atenção de ambos, que pode ser um brinquedo, uma revista
Assim, a capacidade simbólica subjacente à linguagem ou ou qualquer objeto que passa a ser o foco da atenção mútua.
sistema simbólico representaria uma função organizadora Em torno dos nove meses, a criança já deve estar de-
específica, produzindo novas formas de comportamento. Ex- senvolvendo a habilidade de compartilhar a atenção voltada
perimentos com crianças, descritos por Vygotsky (1998a), a um objeto ou evento com outras pessoas, estabelecendo
evidenciam que a “fala egocêntrica” apresentada pela crian- uma relação triádica, que é a base da atenção compartilhada.
ça, enquanto busca solucionar um problema, adquire o cará- Nesse momento, surgem os gestos de apontar, por exemplo,
ter de planejamento, visando a atingir um objetivo específico, que servem também para direcionar a atenção do interlocu-
função essencialmente executiva. Assim, a fala coordena o tor, um comportamento intencional. Assim, o comportamen-
comportamento intencional da criança, ou seja, desempenha to intencionalmente comunicativo refere-se ao momento a
uma “função de planejadora”. Segundo o autor, partir do qual o bebê compreende que seus sinais são co-
municativos, dirigidos a outras pessoas com uma intenção,
a capacitação especificamente humana para a lingua- e essas pessoas são percebidas como agentes comunicativos
gem habilita as crianças a providenciarem instrumen- que percebem e respondem a esses sinais. A atenção compar-
tos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superar tilhada seria, assim, mais uma etapa do desenvolvimento que
a ação impulsiva, a planejar uma solução para um levará a criança a compreender o outro como um interlocutor
problema antes de sua execução e a controlar seu pró- com intenções, desejos e pontos de vista próprios. Essas se-
prio comportamento (Vygotsky, 1998a, p. 38). riam as bases da Teoria da Mente (Carpenter e cols., 1998;
Tomasello, 2005).
A linguagem possui, então, duas funções: uma comu-
nicativa e outra relacionada à organização do pensamento e Relações entre intencionalidade, linguagem e
das ações. Posteriormente, a “fala egocêntrica” transforma- funções executivas
se em fala interna, forma tipicamente adulta da linguagem.
A fala deixa de ser necessária à coordenação da ação, sendo Ao demonstrar a importância da linguagem para o de-
substituída pelo diálogo interno, sendo este responsável pela senvolvimento, Carpenter e cols. (1998) e Tomasello (2005)
organização do pensamento e planejamento e coordenação enfatizam que a intencionalidade está presente desde a fase
da ação. pré-linguística da linguagem, diferentemente de Vygotsky
Segundo Vygotsky (1998a), o desenvolvimento do sis- (1998a, 1998b) que destacou a importância da linguagem
tema simbólico ou da linguagem representa a construção enquanto sistema simbólico. Pensando em termos de desen-
sobre a qual todas as demais funções cognitivas estão ali- volvimento, discutiu-se que o surgimento do comportamento
cerçadas, tais como planejamento, raciocínio, memória, ca- intencional ocorre bastante precocemente, no final do primei-
pacidade de avaliar opções e realizar escolhas, entre outras. ro ano de vida (Carpenter e cols., 1998; Tomasello, 2005). A
As relações existentes entre as funções pensamento e lingua- partir desse momento, já é possível observar na criança, com
gem foram mais detalhadamente descritas em outros traba- desenvolvimento típico, o desejo de se comunicar e de ser
lhos (Vygotsky, 1998b). Segundo essa perspectiva, pode-se como os outros. Para isso, a criança passa a chamar a atenção
concluir que prejuízos na capacidade simbólica necessária do interlocutor e a dirigi-la a seus objetivos, além de come-
à linguagem gerariam dificuldades na coordenação da ação çar a guiar suas ações para o alcance de metas específicas.
intencional. Carpenter e cols. (1998) e Tomasello (2005) postulam
Recentemente, dentro de uma perspectiva sociointera- que a ação intencional e dirigida a um objetivo somente torna-
cionista da linguagem, Carpenter e cols. (1998) e Tomasello se possível com o desenvolvimento da habilidade de atenção
(2005) afirmam que a comunicação intencional está presente compartilhada. Esta habilidade é fundamental para o desen-
no desenvolvimento, antes do surgimento da linguagem fa- volvimento sociocultural e dependente da motivação para a
lada ou da fase linguística do desenvolvimento da lingua- interação e do desejo de imitar os outros. Evidencia-se no brin-
gem. Mesmo os comportamentos mais iniciais dos bebês são quedo infantil, quando a interação com um objeto ou evento
comunicativos no sentido de que os adultos são capazes de adquire sentido quando compartilhada com um interlocutor.
interpretá-los e de responder a esses apropriadamente. Por A atenção compartilhada permitiria, então, o planejamento e
exemplo, o choro de um recém-nascido pode indicar à mãe coordenação da ação, dirigindo e regulando o comportamen-
que ele está com fome ou dor, ou o inclinar-se do bebê para to infantil. Nesse contexto, a capacidade de compreender que
um objeto pode indicar ao pai que ele deseja obter o referido o interlocutor tem intenções próprias, relacionada à teoria da
objeto. mente, representa um componente essencial para a interação.
Segundo Carpenter e cols. (1998), muito antes das pri- Essa capacidade permite que a criança coordene suas ações
meiras palavras, o bebê já se engaja em interações face a face baseada na compreensão das intenções dos outros.
com seu interlocutor, desenvolvendo sua capacidade aten- Essa ideia parece ir ao encontro das ideias de Luria
cional principalmente por meio da visão. Posteriormente, o (1966), quando propôs que a linguagem teria uma função
253
Paidéia, 21(49), 247-255
reguladora do comportamento dirigido a objetivos. O pla- relações anteriormente já apontadas por Luria (1966, 1970)
nejamento e as ações dirigidas a objetivos, uma das funções e Vygotsky (1998a, 1998b).
atribuídas ao conjunto das funções executivas, certamente Levantando-se a hipótese de que a intencionalidade é um
estão ligados à intencionalidade (Carpenter e cols., 1998; componente que interrelaciona as FEs com a linguagem, es-
Tomasello, 2005). Talvez seja plausível pensar que o con- tudos realizados cedo no ciclo vital podem vir a esclarecer se
junto de processos cognitivos envolvidos nas funções cog- e em que ponto, durante o desenvolvimento típico, esses pro-
nitivas seja dependente da intencionalidade tanto quanto a cessos se independentizam. Essa perspectiva pode diminuir a
linguagem. Ou seja, para atingir um objetivo por meio de dificuldade em se estabelecer a emergência das FEs, especial-
uma ação qualquer, é preciso que se saiba o que se quer. De mente do componente da ação dirigida a objetivos. Também
uma forma análoga, a comunicação por meio da linguagem poderá favorecer um novo paradigma de avaliação, e em casos
só parece possível quando se conhece que há uma intencio- de transtornos invasivos do desenvolvimento, especialmente
nalidade própria e, de forma mais aprimorada, a linguagem do espectro autista que tende a afetar habilidades comunicati-
torna-se mais eficaz quando se conhecem as intenções do vas, bem como o TDAH, em que uma das manifestações pos-
outro (Carpenter e cols., 1998; Tomasello, 2005). síveis é sabidamente a de disfunções executivas.
Certamente, avanços biológicos e cognitivos ocorrem,
antes que a criança possa alcançar plenamente o que se con- Referências
vencionou chamar Teoria da Mente, ou seja, o conjunto de
habilidades que permitem o reconhecimento de que o inter- Baddeley, A. D. (2007). Working memory, thought and action.
locutor é um agente comunicativo dotado de desejos, cren- Oxford, United Kingdom: Oxford University Press.
ças e intenções (Carpenter e cols., 1998; Tomasello, 2005). Baddeley, A. D., & Hitch, G. J. (1974). Working memory.
Durante esse desenvolvimento, a comunicação não verbal In G. Bower (Ed.), The psychology of learning and
anteriormente desenvolvida por meio de expressões faciais motivation (pp. 47-90). San Diego, CA: Academic
e corporais, gestos e sons dá lugar à comunicação verbal ou Press.
coexiste com ela. A criança aprende que os sons, as palavras Baron-Cohen, S., Leslie, A. M., & Frith, U. (1985). Does the
e os símbolos possuem significados próprios e passa a operar autistic child have a theory of mind? Cognition, 21(2),
com representações. Futuramente, a capacidade simbólica e 37-46.
representacional fundará as bases para uma ação cada vez Bechara, A., Damasio, A. R., Damasio, H., & Anderson, S.
mais reflexiva e mais consciente, chegando à capacidade me- W. (1994). Insensitivity to future consequences following
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sofisticado, apropriado ao meio, envolvendo atenção, memó- single patients studies. Cognitive Neuropsychology, 5(5),
ria, planejamento, raciocínio, tomada de decisão, controle e 517-528.
monitoramento de ações, entre outras. O processo por meio do Carpenter, M., Nagell, K., & Tomasello, M. (1998). Social
qual esse sistema emerge, desde os primórdios do desenvolvi- cognition, joint attention and communicative competence
mento, e se aprimora, ao longo do tempo, requer o reconheci- from 9 to 15 months of age. Monographs of the Society
mento dos diversos processos fisiológicos e cognitivos. for Research in Child Development, 63(4), 1-33.
Embora os vários modelos explicativos das FEs já te- Chomsky, N. (1957). Syntactic structures. Berlin: The
nham elucidado, em parte, as funções e sistemas envolvidos Hague.
nesse processamento, procurou-se mostrar que a relação da in- Chomsky, N., Belletti, A., & Rizzi, L. (2002). Nature and
tencionalidade com a linguagem e com as FEs ainda não está language, with and essay on The secular priesthood and
clara. Acredita-se que a intencionalidade seja um pré-requisi- the perils of democracy. Cambridge, United Kingdom:
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1998; Tomasello, 2005) e também para o desenvolvimento Cummings, J. L. (1995). Anatomic and behavioral aspects
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