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2007/2008
PARTE II
DIREITO CONSTITUCIONAL VIGENTE
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CAPÍTULO 2
O Direito Constitucional dos Direitos Fundamentais
Sumário
II – Os regimes jurídicos
§§ 3º
Comecemos pelo regime geral dos direitos fundamentais. São três os princípios que
integram esse regime, a saber: princípio da universalidade, princípio da igualdade e
princípio do acesso ao direito e à tutela jurisdicional efectiva.
2. Princípio da igualdade
pressupõe, nos nossos dias, não apenas uma igualdade na aplicação do direito mas uma
igualdade na criação do direito.
2.2. Comecemos pela ideia da igualdade jurídica na sua concepção liberal – as
pessoas nascem livres e iguais em direitos. Aqui, a igualdade é o pressuposto da própria
liberdade individual. Trata-se, no entanto, de uma mera ideia de igualdade formal.
2.3. Um segundo nível de abordagem do princípio da igualdade leva-nos à ideia da
igualdade na aplicação do direito, o que basicamente significa que "as leis são iguais
para todos" e que "as leis devem ser executadas sem olhar às pessoas". Esta dimensão
traduz, pois, uma exigência de igualdade na aplicação do direito, sobretudo pelos órgãos
constitucionalmente encarregados da sua aplicação e execução (tribunais e
administração).
2.4. Num nível mais complexo diremos que se exige igualdade quanto à criação do
direito, isto é, "a lei, ela própria, deve tratar por igual todos os cidadãos". Uma criação
de direito igual exige a observância do princípio da igualdade no acto criador do direito,
mas também uma igualdade relacional material, ideia que numa expressão conhecida
se traduz por "deve tratar-se por igual o que é igual e desigualmente o que é desigual”.
2.5. A dimensão de igualdade material não estaria completa sem a referência à
noção de “igualdade justa”, isto é, a igualdade pressupõe um juízo e um critério de
valoração. Qual o critério de valoração para uma relação de igualdade? Para esta
pergunta de difícil resposta sugerimos dois tópicos de resposta. Em primeiro lugar, um
critério da proibição do arbítrio – existe observância de igualdade quando indivíduos
em situações iguais não são arbitrariamente tratados por desiguais ("arbítrio da
desigualdade" ou "princípio negativo"). Em segundo lugar, um critério da justiça que
aponta para a imprescindibilidade de critérios materiais justificativos de soluções
jurídicas iguais e de soluções diferenciadas.
2.6. Ao princípio da igualdade reconduz-se ainda a ideia de igualdade como
princípio de justiça social (comummente traduzida por "igual dignidade social" e
"igualdade de oportunidades"), igualdade perante os encargos públicos e direitos
especiais de igualdade.
2.7. O princípio da igualdade deve articular-se hoje com o princípio da diferença.
PALAVRAS-CHAVE
- princípio da universalidade;
- princípio da igualdade;
- princípio de acesso ao direito;
- garantia da tutela jurisdicional efectiva;
- direitos fundamentais colectivos;
- direitos fundamentais de exercício colectivo;
- igualdade quanto à criação do direito;
- igualdade relacional material;
- “igualdade-justa”;
- princípio da diferença
SUGESTÃO DE ESTUDO
J. C. VIEIRA DE ANDRADE, Os direitos fundamentais na Constituição da
República de 1976, 2ª ed., Coimbra, 2001, p. 173ss.