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LICITAÇÕES

1. CONCEITO E FINALIDADES
A licitação é um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato
administrativo prévio, que determina critérios objetivos de seleção de proposta da
contratação mais vantajosa, com observância do princípio da Isonomia, conduzido por
um órgão dotado de competência específica.
Preconiza o art. 37, XXI, CF/88 XXI:
Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras
e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.
Assim, ao contrário dos particulares, que dispõem de ampla liberdade quando
pretendem adquirir, alienar, locar bens, contratar a execução de obras e serviços, o
Poder Público, para fazê-lo, necessita adotar um procedimento preliminar
rigorosamente determinado e preestabelecido na conformidade da lei.
A licitação estriba-se na ideia de competição e visa atender ao princípio da
impessoalidade (art. 37, caput, da CF/88). O referido baluarte, avalizado pelo princípio
da igualdade, impõe a necessidade de licitação em qualquer circunstância que se
destine a investir terceiros no desfrute de situação jurídica especial a que mais de um
poderia aspirar.
Os termos do art. 3º da Lei 8.666/93 estabelecem os objetivos do procedimento:
A licitação destina-se a garantir a observância do (1) princípio constitucional
da isonomia, (2) a seleção da proposta mais vantajosa para a administração
e a (3) promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
São, pois, finalidades da licitação:
(1) concretizar o princípio constitucional da isonomia;
(2) concretizar o princípio da eficiência e economicidade, por meio da seleção da
proposta mais vantajosa à Administração;
(3) promover o desenvolvimento nacional sustentável.
Além da busca pela melhor proposta e isonomia, a Lei n. 12.349/10 acrescentou à
redação do art. 3º, da Lei n. 8.666/93, a busca pelo Desenvolvimento Nacional como
uma das finalidades do procedimento licitatório.
2. LEGISLAÇÃO E COMPETÊNCIA SOBRE LICITAÇÃO
De acordo com o art. 22, da Constituição Federal, compete privativamente à União
legislar sobre:(...) XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e
para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, §
1º, III;

UNIÃO Normas Gerais


Poderão expedir normas específicas para
ESTADOS, DF E MUNICÍPIO regulamentação de seus procedimentos
licitatórios, desde que observadas as
normas genéricas trazidas na legislação
federal.

A competência para legislar sobre licitações e contratos incumbe aos quatro entes
políticos: União, Estados, DF e Município.
No âmbito federal, existem, atualmente, duas leis gerais de licitações: Leis 8.666/93 e
10.520/02 (Lei do Pregão), bem como duas leis que tratam acerca de contratos
administrativos, quais sejam, as Leis 8.987/95 e 11.079/04.
Além destas também temos a lei que trata do RDC - regime diferenciado de
contratações da Copa do mundo de 2014, da copa das confederações, e dos Jogos
Olímpicos e Paralímpicos de 2016 - Lei 12.462/11.
ATENÇÃO! O STF entende haver disposições da Lei n. 8.666/93 que definem regras
específicas de licitação, sendo que, nesses casos, os dispositivos serão aplicáveis
somente às licitações realizadas no âmbito federal. Como exemplo, temos a norma
que trata acerca de permuta de bens imóveis (ADI n. 927). Sendo assim, as normas da
Lei 8.666/93 que estabelecem regras específicas são constitucionais para a União e
inconstitucionais para os demais entes federados que estão sujeitos, apenas às
normas gerais editadas no âmbito federal.
 O que seriam normas gerais de licitação?
Bandeira de Mello enumera três hipóteses em que as normas de licitação ostentam
cariz genérico. São elas:
a) Preceitos que estabelecem os princípios, os fundamentos, as diretrizes e
os critérios básicos para as ulteriores leis específicas;
b) Preceitos que podem ser aplicados uniformemente em todo o território
nacional, por se adscreverem a aspectos nacionalmente indiferenciados.
c) Preceitos de proteção ao interesse público, que somente poderiam ser, por
razões técnicas ou geográficas, editados pelo ente central.
Fora dessa seara, os entes locais estão autorizados a legislar sobre licitações e
contratos da melhor forma que atenda às suas peculiaridades. Nesse sentido, decidiu
o STF que “lei municipal pode proibir que os agentes políticos do município (e seus
parentes) mantenham contrato com o Poder Público municipal”. Afirmou a Corte
que a norma municipal objetada teria sido “editada com base no art. 30, II, da CF e
estaria de acordo com os princípios da impessoalidade e da moralidade
administrativa, bem como teria a função de prevenir eventuais lesões ao interesse
público e ao patrimônio do município, sem restringir a competição entre os
licitantes” (STF. 2ª Turma. RE 423560/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 29/05/2012).
3. PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO
Além dos princípios específicos, o procedimento licitatório deve observar os
princípios constitucionais aplicáveis à Administração Pública, sejam os princípios
expressos no art. 37, caput, e demais dispositivos da Constituição Federal, sejam
aqueles implícitos no ordenamento jurídico.

O instrumento de convocação é, em
regra, o edital, exceto no convite, em
que a lei prevê a convocação mediante
VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO carta-convite, que é de um instrumento
CONVOCATÓRIO: convocatório simplificado. O
edital/carta-convite estabelece normas
que obrigam os licitantes, bem como a
própria Administração Pública, inclusive
as normas no que tange ao critério de
escolha do vencedor a ser utilizado nas
licitações.
O ato convocatório tem de conter
critérios objetivos de julgamento que
JULGAMENTO OBJETIVO: não se subsumam às escolhas dos
julgadores. Portanto, o administrador
não se deve valer de critérios que não
estejam previamente definidos no edital
para definição do vencedor do certame.
As propostas apresentadas pelos
licitantes são sigilosas até a data da
abertura dos envelopes, a ser feita em
conjunto por todos os concorrentes, em
SIGILO DAS PROPOSTAS: sessão pública. Até este momento,
previamente determinado pelo edital,
um licitante não pode saber da proposta
do outro, pois a violação do sigilo da
proposta representa Improbidade
Administrativa e crime definido na
própria Lei de Licitações.
ATENÇÃO! Não contradiz o princípio da
publicidade que deve ser observado na
realização de licitações públicas.
O texto da lei estipula que o
administrador não pode criar uma nova
modalidade licitatória ou combinar
PROCEDIMENTO FORMAL: duas ou mais modalidades já existentes.
A Administração deve obedecer a todas
as fases da licitação, sendo vedado que
uma das fases não seja realizada, ou
seja, o procedimento deve seguir,
absolutamente, a previsão legal.
A atividade administrativa gera custos e,
como os recursos públicos são escassos,
é necessário que a sua utilização
produza os melhores resultados
EFICÁCIA ADMINISTRATIVA: econômicos possíveis à Administração
Pública, tanto quantitativa quanto
qualitativamente. O agente público tem
o dever de gerenciar os recursos
públicos onerando o menos possível à
Administração.
Em seu aspecto material, isto significa
tratar igualmente os iguais e oferecer
tratamento desigual aos desiguais na
medida de suas desigualdades. Neste
sentido, o princípio visa a igualar
juridicamente aqueles que são desiguais
ISONOMIA: faticamente, formando o que se
convencionou chamar de isonomia
material.
Está em conformidade com esse
princípio o tratamento diferenciado
dispensado a microempresas e
empresas de pequeno porte pela Lei
Complementar 123/06, bem como a
possibilidade de criação de preferências
para aquisição de produtos
manufaturados ou serviços nacionais
que obedeçam às normas técnicas
brasileiras, nos moldes da própria Lei
8.666/93, conforme disposto em seu art.
3º, §§ 6º a 12.
ATENÇÃO! É inconstitucional a lei
estadual que estabeleça como condição
de acesso à licitação pública, para
aquisição de bens ou serviços, que a
empresa licitante tenha a fábrica ou
sede no Estado-membro. ADI 3583 / PR-
PARANÁ/ 21/02/2008.
ATENÇÃO! APLICAÇÃO POSITIVA DO
PRINCÍPIO DA IGUALDADE. O princípio
da igualdade consagrado na Lei Geral de
Licitações, mas de matriz constitucional,
não apenas veda a adoção de práticas
desarrazoadamente discriminatórias,
como também impõe medidas
destinadas a recompor materialmente
um estado de desigualdade congênito.
Assim, não fere, mas, bem ao revés,
concretiza o princípio da igualdade as
regras da Lei n.º 8.666/93 que
estabelecem determinadas situações
jurídicas de vantagem a empresas
brasileiras ou de porte econômico
apequenado (ME e EPP).

4. QUEM ESTÁ OBRIGADO A LICITAR


O art. 1º, da Lei n. 8.666/93 estabelece a obrigatoriedade de licitação para as
contratações de todas as entidades que recebam dinheiro público.

ENTES DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA Abrangendo a União, os Estados, os


Municípios e o Distrito Federal.
Autarquias, Fundações, Empresas
ENTES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA públicas e Sociedades de Economia
Mista prestadoras de serviços públicos
ou exploradoras de atividades
econômicas.
O Fundo é objeto de direito e não
sujeito. Trata-se de um equívoco
legislativo, uma vez que tais fundos
representam normalmente mera
FUNDOS ESPECIAIS: destinação de verbas públicas.
Excepcionalmente, tais fundos podem
ser regulamentados por lei como órgãos
integrantes da Administração Direta ou
Fundações Públicas de direito público, o
que já os colocaria nas hipóteses
anteriores.

Isso inclui todas as entidades que


DEMAIS ENTIDADES CONTROLADAS recebem dinheiro público para custeio
DIRETA OU INDIRETAMENTE PELO ou para manutenção de pessoal, como
PODER PÚBLICO: as entidades do terceiro setor.
O art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93 traz a
hipótese de dispensa de licitação para a
celebração de contratos de prestação
de serviços com as Organizações Sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas
esferas de governo, para atividades
contempladas no contrato de gestão.
Obs.: Quanto às Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista exploradoras
de atividade econômica, o art. 173, § 12, inciso 111, da CF dispõe que é possível a
criação de uma lei específica para reger a licitação dessas empresas. Ocorre que, não
tendo havido a edição de regime específico, lhes é aplicada a Lei 8.666/93, em sua
integralidade, devendo ser respeitado o art. 37, XXI, da Constituição Federal,
independente da finalidade da empresa estatal. Contudo, deve-se ressaltar a
possibilidade da edição de regulamento para facilitar e tornar mais simples o
procedimento licitatório dessas empresas (art. 119 da Lei n. 8.666/93).

Obs.: O TCU entende que, de fato, as empresas estatais precisam licitar, mas deve-
se admitir exceção. Quando a empresa estatal exploradora de atividade econômica
licita para contratações referentes à sua atividade-fim, está sendo impedida de
concorrer com igualdade no mercado. Isso porque a rapidez do mercado não se
coaduna com a burocracia da licitação e a realização de procedimento licitatório.
Nestes casos, iria de encontro ao interesse público. Assim, o Tribunal entende que
não precisam realizar procedimento licitatório, por motivo de inexigibilidade, uma
vez que não há interesse público na licitação.

Obs.: Os Conselhos de Classe, por atuarem no exercício do Poder de Polícia,


ostentam qualidade de autarquias, compondo, desta forma, a Administração
Indireta da União e, por isso, devem licitar para contratar. Encontra-se ressalvada
deste entendimento a Ordem dos Advogados do Brasil que, por entendimento do
Supremo Tribunal Federal, estampado na ADI n. 3.026, configura-se um caso à parte
e não tem natureza jurídica de autarquia. Dessa forma, a OAB é uma entidade
privada, não sujeita ao controle da Administração Pública, configurando-se um
serviço independente.

Obs.: Convênios: interesses convergentes, sendo assim, a princípio, sua celebração


não precisa de licitação. É conceituado no inciso I, § 1°, art. lº, do Decreto
6.170/2007. Participes: órgão ou entidade da Administração Pública federal, direta
ou indireta, e órgão ou entidade da Administração Pública estadual, distrital ou
municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos.
Contratos: vontades divergentes. O particular busca o lucro e o Poder Público busca
o interesse público.

Por força do art. 37, caput e inciso XXI, da Constituição Federal, estão obrigadas à
licitação pública tanto as pessoas de Direito Público de capacidade política quanto às
entidades de suas Administrações indiretas, isto é: autarquias, empresas públicas,
sociedades de economia mista e fundações governamentais.
A EC n.º 19/98 alterou a redação do art. 22, XXVII, da CF/88, fazendo nele constar o
seguinte comando:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades,
para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e
para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do
art. 173, § 1°, III.
Por sua vez, a norma inserta no sobredito art. 173, §º, III, da CF/88 está expressa nos
seguintes termos:
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade
de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica
de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços,
dispondo sobre:
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações,
observados os princípios da administração pública.
O dispositivo constitucional sobredito foi regulamentado através da Lei n.
13.303/2016, que foi além, traçando um estatuto aplicável não só às empresas estatais
exploradoras de atividade econômica, como também aquelas que explorem atividade
econômica sob monopólio da União ou prestem serviço público.
Anteriormente à sua edição, entendia-se no âmbito doutrinário que, em razão do art.
173, § 1º, III, da CF/88 referir-se expressamente apenas às empresas públicas e
sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica em sentido
estrito, as estatais prestadoras de serviços públicos seriam regidas pela Lei n.º
8.666/93, ao passo que as exploradoras de atividade econômica seriam guiadas pela lei
referida no art. 22, XXVII, editada em conformidade com o art. 173, § 1º, III.
No entanto, conforme já abordado, a lei que trata sobre o estatuto jurídico das
empresas estatais, além de regular aquelas que exercem atividade econômica em
sentido estrito, estabelece a sua aplicação cogente também às estatais que prestam
serviços públicos. Ante tal previsão, a discussão doutrinária perde importância, ao
menos por ora.
Ainda antes da edição da referida lei, na visão do autor, as estatais devem licitar,
independentemente de serem prestadoras de serviço público ou exploradoras de
atividade econômica. Isso porque, a par da dicção do art. 173, §1º, II, cujo teor lhes
insere na seara privada de mercado, a CF/88, em vários outros dispositivos, determina
o dever de licitar a TODOS os integrantes da Administração (art. 5, LXXIII; art. 14, §9º;
art. 49, IX; art. 52; art. 53; art. 54; e art. 71). Todavia, importa pontuar que a licitação
não pode se erguer como óbice à própria atividade negocial desenvolvida pela
estatal, pois do contrário sua criação e finalidades restariam desafiadas. O dever de
licitar, portanto, deve ser abalizado no contexto concorrencial, a fim de que as
atividades empreendidas pelas empresas do Estado sejam efetivas e expeditas,
satisfazendo, assim, as exigências do mercado econômico.
Alguns autores, na linha de Celso Antônio Bandeira de Mello, advertem que o dever de
licitar das sociedades de economia mista e empresas públicas exploradoras de
atividade econômica se adstringiria aos bens e serviços vinculados às atividades-meio,
dispensando-as, pois, da sujeição ao procedimento licitatório apenas para aquisição de
bens e serviços relacionados às suas atividades-fim.
Como se vê da redação do art. 28, § 3º, da Lei n.º 13.303/2016, este entendimento
doutrinário foi encampado pelo legislador, que dispensou as empresas públicas e
sociedades de economia mista de realizar procedimento licitatório para a
comercialização, prestação ou execução, de forma direta, de produtos, serviços ou
obras especificamente relacionados com seus respectivos objetos sociais. Dessa
forma, o posicionamento firmado no âmbito da doutrina passa a ser amparado
legalmente.
Em relação aos Serviços Sociais Autônomos, impera consignar que o TCU, no Acórdão
n.º 1.337/2003, alterou o entendimento anterior, passando a compreender que esses
entes privados não se subordinam de forma estrita aos termos da Lei n.º 8.666/93,
podendo possuir regulamentos próprios, que, contudo, devem ser compatíveis com a
lei.
Da mesma forma, as OSCIP’s, em regra, não precisam se submeter ao regime licitatório
para a realização de suas contratações ordinárias. Contudo, quando firmam termo de
parceria, submetem-se ao regulamento próprio para contratação com empregos de
recursos públicos, devendo observar os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, economicidade e eficiência.
As Organizações Sociais (OS’s), na mesma toada, não estão sujeitas à rigidez da Lei
Geral de Licitações. O art. 17 da Lei Federal n.º 9.637/98, todavia, impõe o dever de a
organização publicar, em até noventa dias, contados da assinatura do contrato de
gestão, regulamento próprio, contendo os procedimentos que adotará para a
contratação de obras, serviços e compras, com recursos provenientes do Poder
Público.
5. INTERVALO MÍNIMO
É o prazo mínimo definido em lei que deve ser respeitado entre a publicação do
instrumento convocatório e a data da abertura dos envelopes de documentação e de
propostas. Se este prazo mínimo não for observado pelo ente público, a licitação
poderá ser considerada fraudulenta.
O prazo só começa a contar a partir da data da última publicação ou da data em que
for disponibilizado o edital.
Observe-se que o prazo previsto na lei é "mínimo". Dessa forma, pode ser concedido
um prazo maior aos licitantes, a critério do Administrador Público, que deve buscar,
sempre, fixar um prazo suficiente para participação dos interessados.
Qualquer alteração no edital que modifique as obrigações da licitação ou a formulação
das propostas exige a reabertura do prazo de intervalo mínimo, para que os licitantes
de adequem às novas regras (§ 4º, do art. 21, da Lei n. 8.666/93).

45 dias - concorrência do tipo melhor técnica ou do tipo técnica


CONCORRÊNCIA e preço.
30 dias - concorrência do tipo menor preço ou maior lance.

30 dias -tomada de preços do tipo melhor técnica ou do tipo


TOMADA DE
técnica e preço.
PREÇOS
15 dias -tomada de preços do tipo menor preço ou maior lance.

CONVITE 5 dias úteis - independentemente do tipo de licitação utilizado


CONCURSO 45 dias
LEILÃO 15 dias
PREGÃO 8 dias úteis

ATENÇÃO! Sempre que o prazo for contado em dias úteis, tal situação estará
expressamente definida na lei, caso contrário, serão considerados dias corridos,
excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do final, sendo sempre prorrogados o
início e o término para o dia útil subsequente, caso ocorra em dia não útil.
6. COMISSÃO
Esta é designada pela autoridade máxima do órgão, por meio de um ato jurídico
formalizado por decreto, portaria resolução ou ato da diretoria, para realizar
procedimento licitatório, ficando a autoridade responsável pela elaboração do edital e
exposição de motivos da contratação.
Em regra, a comissão licitante é composta por, pelo menos, 3 (três) membros, sendo
2 (dois) deles servidores públicos qualificados dos quadros permanentes do órgão
responsável pela licitação, consoante disposto no art. 51 da Lei 8.666/93.
COMISSÃO ESPECIAL

 É aquela designada para determinado certame licitatório.


COMISSÃO PERMANENTE:

 É a responsável por todas as licitações daquele órgão no período de sua


investidura, período esse que não pode ultrapassar um ano. Esta é mais
frequente.
 ATENÇÃO! A lei define que, após um ano, é vedada a recondução de todos os
membros da comissão licitante, para o período subsequente. Ou seja, depois
de um ano, a comissão deve ser alterada, ainda que com a modificação de um
único membro.
 A fiscalização dos seus atos pode ocorrer por qualquer cidadão e também pela
autoridade que a nomeou ou pelos órgãos de controle interno e externo.
 Os membros respondem solidariamente pelos atos da comissão, ressalvado o
caso daquele que houver manifestado, fundamentadamente, sua posição
divergente, registrada em ata de decisão.

EXCEÇÕES À COMISSÃO
Não há comissão, mas leiloeiro (Decreto
LEILÃO Leiloeiro oficial ou servidor público
designado. 21.981/32)
Não são executados por comissão, mas
sim pelo pregoeiro, acompanhado ou não
por uma comissão de apoio.

O pregoeiro deve ser servidor público


efetivo do órgão ou entidade
PREGÃO previamente qualificada para o exercício
da função.

A equipe de apoio deverá ser integrada,


em sua maioria, por servidores ocupantes
de cargo efetivo na administração
pública, preferencialmente, pertencentes
ao quadro permanente do órgão ou
entidade promotora do evento.
Por não ser composta necessariamente
por servidores públicos, a comissão é
especial.
CONCURSO
Os membros devem ser pessoas idôneas,
com reputação ilibada, que tenham
amplo conhecimento na área referente
ao objeto do certame.
Poderá sempre ser dispensada quando a
unidade for pequena e, justificadamente,
a designação de uma comissão composta
CONVITE por três membros possa causar prejuízos
ao andamento regular das atividades do
órgão.

Se dispensada a comissão, a licitação será


realizada por apenas um servidor, desde
que efetivo.

7. OS PRESSUPOSTOS DA LICITAÇÃO
A realização de qualquer licitação depende da ocorrência de certos pressupostos,
catalogados em três espécies:
a) Pressuposto lógico: a existência de pluralidade de objetos e de ofertantes. Se o
objeto for singular ou se o fornecedor for exclusivo, não será possível a competição. A
singularidade apresenta-se sob três formas: 1) singular em sentido absoluto: é o bem
de que só exista uma unidade; 2) singular em razão de evento externo: ainda que haja
várias unidades, uma apenas se destaca por conta de elementos a ela exteriores,
como, por exemplo, um prédio cuja localização lhe particulariza; 3) singular em razão
da natureza íntima do objeto: é o bem de natureza artística, técnica ou científica,
caracterizada pelo estilo ou cunho pessoal do autor, como, por exemplo, um projeto
de arquitetura.
b) Pressuposto jurídico: a utilidade da licitação como meio para se galgar determinado
resultado, concernente ao interesse público. Quando nem mesmo em tese a licitação
não possa cumprir tal função, seria descabido realizá-la. Embora fosse logicamente
possível, seria ilógico fazê-lo em face do interesse jurídico público a que se tem que
atender. Exemplifica tal hipótese a desnecessidade de licitar em casos de calamidade
pública e urgência.
c) Pressuposto fático: a existência de interessados em disputar o certame, sob pena de
restar deserta a licitação.
8. LICITAÇÃO DISPENSADA E DISPENSÁVEL

Art. 17: estabelece um rol de licitação Art. 24: estabelece um rol de licitação
DISPENSADA: DISPENSÁVEL:
Nesses casos, o administrador público Nessas hipóteses, a legislação permite a
não pode emitir qualquer juízo de valor, celebração dos contratos pelo Poder
sendo imperativa a contratação direta Público sem a necessidade de realização
por determinação legal. Trata-se de do procedimento licitatório, mas se
dispensa definida legalmente como ato trata de atuação discricionária do
vinculado. administrador, a quem compete, em
cada caso, definir se realizará ou não o
Alienação certame licitatório.
(Em regra entre entidades da
administração no interesse público)

Quando imóveis, dependerá de


autorização legislativa para órgãos da
administração direta, indireta e
entidades paraestatais dependerá de
avaliação prévia e de licitação na
modalidade concorrência, dispensada
nas hipóteses do inciso I do Art. 17.

Quando móveis, dependerá de avaliação


prévia e de licitação, dispensada nos
casos do inciso II do Art.17.

Nas situações de dispensa é plenamente possível competir, mas a lei diz que é
dispensada a licitação. Somente a lei pode trazer as hipóteses de dispensa, não
podendo haver definição de novas hipóteses por atos administrativos específicos
ou decretos.

ATENÇÃO! As hipóteses da Lei 8.666/93 são taxativas/exaustivas.

Embora a realização de contratos pela Administração Pública exija, em regra, a


obediência ao certame licitatório (princípio da obrigatoriedade), o legislador,
autorizado pela ressalva contida no art. 37, XXI, da CF/88, estabeleceu hipóteses de
adjudicação direta do objeto contratual pretendido.
No caso da dispensa, em regra, a competição é possível, sendo, contudo,
desnecessária por entender o legislador que o procedimento seria inconveniente.
Sendo assim, nos casos enumerados no art. 24 da Lei n.º 8.666/93, terá o gestor a
discricionariedade para realizar ou não a licitação.

LICITAÇÃO DISPENSÁVEL
1. Licitação dispensável pelo valor e restrição ao fracionamento do objeto
contratual
2. Emergência ou calamidade pública: o problema da emergência “fabricada”
3. Licitação Deserta
4. Contratação de órgão da Administração
5. Contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento

1. Licitação dispensável pelo valor e restrição ao fracionamento do objeto contratual


Segundo o art. 24, I e II, é dispensável para contratação de obras e serviços de
engenharia de valor limitado a 10% do teto da modalidade convite – art. 23, I, “a” (R$
33.000,001), bem como de outros serviços e compras cuja importância não exceda
10% do teto da modalidade convite – art. 23, II, “a” (R$ 17.600,00).
Na esteira de Lucas Rocha Furtado, alerta-se para IMPOSSIBILIDADE de se fracionar ou
desmembrar partes de obra, compra ou serviço, a fim de que o valor possa ser
enquadrado dentro dos limites de dispensa. Não que seja absolutamente vedado o
fracionamento, ex vi do art. 23, §1º, da Lei n.º 8.666/93. O que se proíbe é o
fracionamento com intuito de enquadrar possíveis partes do objeto do futuro
contrato dentro de valores que legitimassem a dispensa de licitação ou a adoção de
modalidade de licitação menos rigorosa.
Impõe-se consignar, ainda, que os percentuais acima deduzidos são dobrados,
passando a 20% dos valores da modalidade convite, caso os contratantes sejam
consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresas públicas ou fundações
e autarquias, qualificadas como Agências Executivas (art. 24, §1º).
2. Emergência ou calamidade pública: o problema da emergência “fabricada”
O art. 24, IV, da Lei n.º 8.666/93 estatui a possibilidade de dispensa de licitação nos
casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança
ou a saúde da coletividade. A autorização para dispensa, contudo, é condicionada à
contratação do que seja estritamente necessário ao atendimento da situação
emergencial, limitando-se o prazo para conclusão da parcela contratada a 180 dias
consecutivos, ininterruptos e improrrogáveis.
A emergência, de que trata o art. 24, IV, da Lei n.º 8.666/93, instaura, portanto, uma
situação grave, que obriga a Administração à adjudicação direta do objeto contratual
tendente a evitar ou mitigar os riscos provocados pelo dano iminente e suas eventuais
consequências.
Tal emergência associa-se, via de regra, a um evento inesperado, inusitado,
imprevisível, ou até mesmo previsível, mas de gravidade excepcional, para o qual a
Administração não se planejou, nem contribuiu por meio de uma conduta comissiva
ou omissiva. Nestes casos, está-se diante da chamada emergência real, cuja causa
remonta a fatores de ordem objetiva.
Contudo, a emergência também pode decorrer de um planejamento deficiente, de
falta de diligência, inércia, ou incúria ou má administração. São os casos da chamada
emergência ficta ou fabricada, cuja causa diz com fatores subjetivos.
A autorização para dispensa de licitação de que trata o art. 24, IV, entretanto, NÃO
leva em consideração a causa da emergência, mas sim a falta de tempo para seguir o
procedimento normal e rotineiro de solução da crise, a fim de afastar o risco de dano
iminente e efetivo ou amenizar suas consequências nocivas.

1
Este e os demais valores nominais constantes deste material encontram-se atualizados com o Decreto
n.º 9.412/18. Para compreender melhor o referido decreto, clique no link a seguir:
https://www.dizerodireito.com.br/2018/06/breves-comentarios-ao-decreto-94122018.html
É sabido que o entendimento tradicional do TCU não admitia a contratação
emergencial em casos de emergência ficta ou fabricada, verbis (Decisão 247/94):
a.1) que a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade
pública, não se tenha originado, total ou parcialmente, da falta de
planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos
disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida, ser atribuída à
culpa ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a
ocorrência de tal situação;
Contudo, atualmente predomina, tanto no âmbito do TCU como do STJ, a posição da
doutrina majoritária. Marçal Justen Filho se pronuncia neste sentido:
“Isso não significa afirmar a possibilidade de sacrifício de interesses curados
pelo Estado em consequência da desídia do administrador. Havendo risco de
lesão a interesses, a contratação deve ser realizada, punindo-se o agente que
não adotou as cautelas necessárias. A questão apresenta relevância
especialmente no tocante à comumente denominada ‘emergência fabricada’,
em que a Administração deixa de tomar tempestivamente as providências
necessárias à realização da licitação previsível. Assim, atinge-se o termo final
de um contrato sem que a licitação necessária à nova contratação tivesse sido
realizada.
Isso coloca a Administração diante do dilema de fazer licitação (e cessar o
atendimento a necessidade impostergáveis) ou realizar a contratação direta
(sob a invocação da emergência). O que é necessário é verificar se a urgência
existe efetivamente e, ademais, se a contratação é a melhor possível nas
circunstâncias. Deverá fazer-se a contratação pelo menor prazo e com o
objetivo mais limitado possível, visando a afastar o risco de dano irreparável.
Simultaneamente, deverá desencadear-se a licitação indispensável. Ou seja, a
desídia administrativa não poderá redundar na concretização de danos
irreparáveis aos valores buscados pelo Estado, mas se resolverá por outra via.
Comprovando-se que, mediante licitação formal e comum, a Administração
teria obtido melhor resultado, o prejuízo sofrido deverá ser indenizado pelo
agente que omitiu as providências necessárias. Ademais disso, deverá punir-
se exemplarmente o agente público que omitiu o desencadeamento da
licitação.”
O referido ponto de vista doutrinário, segundo o qual o artigo 24, inciso IV, da Lei nº
8.666/1993 comporta também as situações de emergência ficta ou fabricada, acabou
sendo acolhido pelo TCU. No voto que fundamenta a Decisão nº 138/1998 do
Plenário, afirmou o relator:
“(...) 7. Os textos da lei e da doutrina acima transcritos não deixam dúvida de
que o planejamento não é fator impeditivo ou autorizativo para que os
administradores públicos procedam à dispensa de licitação por questões
emergenciais, fundamentada no dispositivo legal acima referido [art. 24, IV,
da Lei n.º 8.666/93].
8. Sobre o tema, Lúcia Valle de Figueiredo e Sérgio Ferraz, citando Antonio
Carlos Cintra do Amaral, afirmam ("in" Dispensa e Inexigibilidade de Licitação,
2ª edição, Editora Revista dos Tribunais, 1992, São Paulo - SP): “Mais adiante,
vai distinguir a emergência real, resultante do imprevisível, daquela resultante
da incúria ou inércia administrativa. A ambas se dá idêntico tratamento, no
que atina à possibilidade de contratação direta. Porém, não exime o
responsável pela falha administrativa de sofrer sanções disciplinares
compatíveis”.
9. Obviamente, como se depreende do acima transcrito, não pode o
administrador incorrer em DUPLO ERRO: além de não planejar as suas
atividades, permitir que a sua desídia cause maiores prejuízos à
Administração e/ou a terceiros.
10. Enfatizo, dessa forma, que a dispensa de licitação, com fundamento no
art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/93, se caracteriza como uma inadequação
aos procedimentos normais de licitação, constituindo-se, sob esse prisma,
num poder-dever e não numa faculdade para o administrador, sob pena de
ser responsabilizado pelos prejuízos que a sua inércia venha a causar,
independentemente de qualquer planejamento. (...)
13. Diante do exposto, forçoso é reconhecer que a ausência de planejamento
e a dispensa de licitação devem ser tratadas como irregularidades
independentes e distintas. Sob essa ótica, é aconselhável examinar se a
dispensa da licitação se deu em observância aos requisitos exigidos pelo inciso
IV do art. 24 da Lei 8.666/93 e em seguida analisar o contexto em que a
mesma ocorreu, ou seja, se aconteceu em razão de fatos supervenientes
causados ou não por incúria do administrador. ”
Portanto, em suma, para que seja dispensável a licitação com fundamento no artigo
24, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993, NÃO se afigura necessária a demonstração de que a
emergência não decorreu de fatores de ordem subjetiva, relacionados à falta de
planejamento adequado, de desídia, de incúria ou de má gestão por parte do gestor
público.
Basta, pois, que seja atestada a existência de uma situação de crise emergencial,
tendente a colocar em risco a saúde e a segurança coletividade, demandando, assim,
uma reação expedita da Administração no sentido de dissipar o perigo real ou de
minorar as suas consequências.
Em ambos os casos – emergência real ou “fabricada” -, contudo, é de rigor que a
contratação direta cumpra os seguintes requisitos, enumerados pelo TCU:
a) existência de fundado risco de dano iminente, efetivo e gravoso;
b) demonstração de que a contratação é o meio adequado para afastar este perigo
concreto;
c) insuficiência de tempo para observar o procedimento normal e rotineiro de solução
da crise (por exemplo, abertura de licitação) e consequente necessidade de atuação
imediata e urgente da Administração;
d) limitação do objeto do contrato às obras, aos bens e aos serviços estritamente
necessários à eliminação do perigo concreto; e
e) limitação da duração do contrato ao período suficiente para a observância do
procedimento normal e rotineiro de solução da crise (por exemplo, até o
encerramento da licitação), não podendo ultrapassar cento e oitenta dias a contar do
surgimento da situação emergencial.
3. Licitação Deserta
Verifica-se a hipótese de licitação deserta (art. 24, V, da Lei n.º 8.666/93) quando não
acudirem interessados ao certame, sendo a repetição do procedimento desvantajosa
em relação à contratação direta, que deverá, caso seja levada a cabo, obedecer todas
as condições preestabelecidas no instrumento convocatório anterior.
Impõe-se mencionar que, no âmbito da advocacia pública federal, há Orientação
Normativa da AGU no sentido de que essa situação de dispensa de licitação não pode
ser utilizada nas situações em que o certame deserto tenha sido instaurado na
modalidade convite.
Entretanto, o ponto que merece, de fato, destaque refere-se à possibilidade ou
impossibilidade de se adjudicar diretamente o objeto contratado, com base no art. 24,
V, em casos de serviços contínuos.
 Seria possível prorrogar, com esteio no art. 57, II, a prestação de um serviço
contínuo, contratado inicialmente em razão de a licitação primitiva ter restado
deserta?
Não há dispositivo legal que vede tal expediente. Uma vez firmado um contrato de
serviço contínuo, mesmo que através de dispensa de licitação, o regramento de seus
prazos deve respeitar as normas que lhes são próprias, admitindo-se prorrogações
para tais contratos, com fulcro no art. 57, II.
Importa pontuar, todavia, que a prorrogação de um serviço contínuo sempre envolve
um juízo de “vantajosidade” para Administração Pública. Dessa forma, embora não
haja impedimento legal para a prorrogação de contrato inicialmente formalizado com
base no art. 24, V, deve ela ser precedida de justificativa formal que destaque o custo-
benefício positivo da continuação da avença, bem como a impossibilidade de novo
certame ser realizado, sem que dele decorra prejuízos à Administração.
4. Contratação de órgão da Administração
Dispõe o art. 24, VIII, que é dispensável a licitação para aquisição, por pessoa jurídica
de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou
entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim
específico em data anterior à vigência da Lei n.º 8.666/93, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado.
Portanto, respeitados os requisitos e limites do dispositivo acima mencionados,
quando o Estado pretende bem ou serviço disponível em seu seio organizacional, é
difícil compreender que os busque externamente àquilo que está a seu alcance e que
pode obter sem o necessário e dispendioso certame licitatório.
ATENÇÃO! A pessoa jurídica de público interno, contudo, NÃO pode valer-se da
autorização legal encartada no inciso VIII do art. 24 para contratar estatais
exploradoras de atividade econômica. É que esses entes da Administração indireta
estão inseridos em um meio concorrencial privado, não podendo ser a eles
disponibilizados benefícios não extensíveis às demais empresas integrantes do
mercado.
5. Contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento
Conforme disciplina o art. 24, XI, é dispensável a licitação para contratação de
remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão
contratual, atendendo-se, para tanto, à ordem de classificação da licitação anterior e
às condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
devidamente corrigido.
É certo que os demais licitantes imediatamente classificados abaixo do licitante
vencedor não são obrigados a aceitar dar continuidade à execução do contrato. Mas se
aceitarem, não lhes é dado barganhar alterações nas condições já fixadas na avença
anteriormente encetada com o primeiro classificado do certame.
ATENÇÃO! É muito importante asseverar que essa hipótese de contratação direta se
refere à situação em que já tenha ocorrido o início da execução do objeto. Na
circunstância em que houve vencedor no procedimento licitatório, porém este não
assinou o contrato, não aceitou ou retirou o termo equivalente, NÃO é possível a
adjudicação direta, sob o fundamento da contratação de remanescente. Nesse caso, a
Administração poderá convocar os licitantes remanescentes, na forma do art. 64, §2º,
para fazê-lo no lugar do vencedor.
ATENÇÃO! Ainda que tenha sido iniciada a execução do objeto sem cobertura
contratual, NÃO pode o gestor público utilizar-se do comando encartado no art. 24,
XI, pois a incidência desse dispositivo exige o início da execução FORMAL do contrato
pelo licitante vencedor (FCC, PGE/RN, 3ª fase, 2015).
9. LICITAÇÃO INEXIGÍVEL (Art. 25)
Sempre que a competição for impossível, a licitação será inexigível.

LICITAÇÃO INEXIGÍVEL
1. Aquisição com fornecedor exclusivo
2. Serviços técnicos, de natureza singular a serem prestados por empresas ou
profissionais especializados
3. Profissional do setor artístico
4. Credenciamento

Diferentemente da dispensa, em que a competição é possível, na inexigibilidade, a


competição é inviável, tornando inócuo o procedimento licitatório, cuja razão de ser é,
justamente, fomentar a disputa entre os interessados, a fim de angariar a melhor
proposta.
Em outras palavras, a utilização da licitação, nesses casos, não cumpriria com o
interesse público, sendo, bem ao revés, mero formalismo prejudicial à economicidade
administrativa e à celeridade na satisfação de necessidades públicas.
A doutrina majoritária costuma apontar pressupostos da licitação e estabelece que a
ausência de qualquer dos pressupostos, torna o procedimento licitatório inexigível.

Pressuposto lógico: Pluralidade de bens e de fornecedores do bem ou do serviço.


Pressuposto jurídico: Se a licitação for de encontro ao interesse público, não será
exigível licitar.
Pressuposto fático: Nos casos em que há necessidade de contratação específica, a
licitação será inexigível.
Ex.: o Estado precisa contratar o melhor tributarista do Brasil para defendê-lo em
uma demanda que envolve milhões de reais.

Cumpre salientar que a relação dos casos de inexigibilidade, ao contrário dos casos de
dispensa, não é exaustiva. O que os incisos I a III do art. 25 estabelecem é,
simplesmente, uma prévia e já resoluta indicação de hipóteses nas quais a competição
seria inviável, sem, contudo, excluir outras situações não catalogadas, mas igualmente
possíveis.
1. Aquisição com fornecedor exclusivo
Dispõe o art. 25, I, da Lei n.º 8.666/93 que é inexigível a licitação para aquisição de
materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por fornecedor
exclusivo. O dispositivo disciplina, ainda, a vedação à preferência por marcas e a
necessidade de comprovação da exclusividade, por meio de certidão fornecidas pelas
autoridades competentes.
José dos Santos Carvalho Filho aduz que a exclusividade pode ser absoluta ou relativa,
sendo certo que ambas autorizam a contratação direta. A primeira refere-se à
existência de um único fornecedor no país, ao passo que a segunda diz com a
exclusividade na praça onde deva ocorrer a aquisição do bem. Seria viável, por
exemplo, que um Município pequeno, onde exista apenas um posto de combustível,
adquirisse gasolina para os carros oficiais em outras cidades, a pretexto de satisfazer o
princípio da obrigatoriedade da licitação? Óbvio que não.
Por sua vez, com relação à noção de “praça”, Diógenes Gasparini esclarece: É
mister distinguir a noção de praça quando se trata de produção de bem da
praça comercial. Esta é aferível em função do vulto do contrato. Se a licitação
for do tipo convite, considerar-se-á a exclusividade da localidade da futura
contratação; se for tomada de preços, levar-se-á em consideração a
exclusividade no registro cadastral; se for concorrência, exclusivo é o que for
único no país.
No que tange à escolha de marcas, conforme já assentado, ela deve ser evitada, em
razão de tolher o caráter competitivo da licitação e, consequentemente, a consecução
da melhor proposta para Administração. Tal assertiva, no entanto, não pode ser
interpretada de forma incondicional ou absoluta, pois, em situações excepcionais, o
objeto pretendido pela Administração depende impreterivelmente da escolha de
uma marca. Portanto, em situações específicas, a vedação contida no inciso I do art.
25 não constitui óbice a escolha de marcas, mediante adjudicação direta por
exclusividade do fornecedor.
2. Serviços técnicos, de natureza singular a serem prestados por empresas ou
profissionais especializados
Assevera o art. 25, II, da Lei n.º 8.666/93 que a licitação é inexigível para contratação
dos serviços técnicos enumerados no art. 13 da mesma lei, desde que possuam
natureza singular e devam ser executados por profissionais de notória
especialização.
ATENÇÃO! A norma estabelece, contudo, a impossibilidade de contratação, com base
nesse inciso, de serviços de publicidade e divulgação.
Assim, a inexigibilidade ora descrita pressupõe a presença CUMULATIVA dos seguintes
requisitos:
a) Tratar-se de serviço técnico, constante do art. 13 da Lei n.º 8.666/93;
b) Referir-se a profissional ou empresa de notória especialização;
c) Restar caracterizada a natureza singular do serviço a ser prestado.
É importante anotar que a “notória especialização” exigida é conceito relativo, pois
pode variar de acordo com a localidade da prestação contratual. Assim, determinado
profissional pode deter atributos ou específica formação que lhe franqueie status de
notório especialista em uma pequena cidade ou região, embora seu trabalho e
reputação sejam inteiramente desconhecidos na capital ou no país. Essa relatividade
deve ser respeitada e apurada no caso concreto.
O objeto singular, por sua vez, caracteriza-se por guardar certo grau de complexidade
maior do que o normal. Celso Antônio Bandeira de Mello aduz que um serviço deve
ser havido como singular quando nele tem de interferir, como requisito de satisfatório
atendimento da necessidade administrativa, um componente criativo de seu autor,
envolvendo o estilo, o traço, a engenhosidade, a especial habilidade, a contribuição
intelectual ou a argúcia de quem o executa.
O referido inciso não justifica, portanto, a contratação de serviços rotineiros, como o
patrocínio de causas jurídicas de massa ou multitudinárias, cujo grau de dificuldade
não extrapole os esforços cotidianos de um causídico de capacidade intelectual
mediana. A singularidade imposta pelo art. 25 restringe a hipótese a serviços
específicos, delimitados e extraordinários, que requeiram expertise não verificada nos
quadros da Administração.
Nesse ponto, impera mencionar que os assessoramentos jurídicos, naturais à
advocacia pública, e o patrocínio ou defesa habitual das diversas causas jurídicas
propostas em favor ou contra os entes administrativos caracterizam-se como
atividades próprias da carreira funcional, para cujo o ingresso é necessária a prévia
aprovação em concurso público, na forma do art. 37, II, da CF/88.
Questão FCC, TCE/PI, 2014:
O Governo do Estado do Piauí, em face de centenas de ações visando a
obrigá-lo à entrega de medicamentos e próteses, o que extrapolaria sua
previsão orçamentária, contrata sem licitação o escritório de advocacia
paulista Muricy & Menezes, de atuação geral, mas com experiência provada
em inúmeras demandas na área da saúde e, especificamente, em relação à
hipótese que originou sua contratação pelo governo piauiense. Como
Assessor Jurídico do Tribunal de Contas do Piauí, examine a legalidade ou não
dessa contratação, propondo em parecer as medidas extrajudiciais e judiciais
cabíveis.
Padrão de resposta (FCC):
I. Analisar a questão sob o ângulo da presunção de que prévia licitação produz
a melhor contratação, com obediência à isonomia, à impessoalidade e à
moralidade. Complementarmente, argumentar que a ausência de licitação
deve ser, sempre, precedida de procedimento administrativo prévio, não se
tratando de contratação informal, só possível em situações-limite, o que
ocorre nos autos. Apontar ainda que a representação judicial dos Estados é
de responsabilidade de seus Procuradores (art. 132 da CF/88; art. 12, I, do
CPC), pelo que só em situações excepcionais, diante de singularidades,
justificar-se-ia a contratação de advogados externos aos quadros públicos.
II. O não enquadramento dos fatos na inexigibilidade prevista no art. 25, II e
parágrafo 1º, da Lei n.º 8.666/93, porque: (i) não haveria notória
especialização, já que se trata de escritório de advocacia com atuação geral;
(ii) a inexigibilidade de licitação decorre legalmente da inviabilidade de
competição, o que, em regra, não ocorre no segmento da prestação de
serviços advocatícios; (iii) não se caracteriza o requisito, ínsito à
inexigibilidade pela notória especialização, de que o escritório contratado
mostrar-se-ia “essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena
satisfação do objeto do contrato” – art. 25, §1º, da Lei n.º8.666/93; (iv) não há
situação jurídica singular, mas mera advocacia de massa, relativa a inúmeros
casos repetitivos, com provimentos jurisdicionais similares, sem justificativa
para que essa advocacia não seja prestada pelos próprios Procuradores
Judiciais do Estado.
III. O parecer, ao próprio Tribunal de Contas do Piauí, subsidiará o julgamento
administrativo da contratação, propondo-se à Assembleia Legislativa do
Estado o reconhecimento de sua nulidade, pelo não preenchimento dos
requisitos legais à inexigibilidade de licitação. Deverá ser proposto, também, o
encaminhamento oportuno ao Ministério Público, pelo TC do Piauí, para
ajuizamento da ação civil pública cabível, bem como para o exame de
eventuais sanções criminais aplicáveis (art. 89 da Lei n.º 8.666/93).
3. Profissional do setor artístico
A seu turno, o inciso III do art. 25 preconiza ser inexigível a licitação para contratação
de profissional do setor artístico, desde que seja consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública. A inviabilidade de competição, nessa hipótese,
decorre da impossibilidade de se realizar uma aferição minimamente objetiva do
conteúdo a ser contratado, dada a subjetividade natural ao gosto pelas artes.
4. Credenciamento
Atenção: o CEBRASPE/CESPE cobrou o tema na 2ª fase (parecer) da PGE/BA em 2014.
Conforme já registrado, a licitação é inexigível quando houver inviabilidade de
competição, sendo as três hipóteses referidas no art. 25 da Lei n.º 8.666/93
meramente exemplificativas, pois o legislador não teria como prever todas as
situações em que a competição seria impossível.
Nesse contexto, o instituto jurídico denominado “credenciamento” é uma hipótese
de inexigibilidade de licitação, em razão da inviabilidade de competição pela
necessidade da contratação de todos (leia-se, o maior número possível de
interessados). Ou seja, se a Administração pretende mediante chamamento público
contratar todos, entre eles não haverá competição, bastando que cumpram as
exigências legais e contratuais. É o que demonstra Jorge Ulisses Jacoby Fernandes:
“Se a Administração convoca todos os profissionais de determinado setor,
dispondo-se a contratar todos os que tiverem interesse e que satisfaçam os
requisitos estabelecidos, fixando ela própria o valor que se dispõe a pagar, os
possíveis licitantes não competirão, no estrito sentido da palavra,
inviabilizando a competição, uma vez que a todos foi assegurada a
contratação. É a figura do ‘credenciamento’, que o Tribunal de Contas da
União vem recomendando para a contratação de serviços médicos, jurídicos
e de treinamento.”
O sistema de credenciamento traz muitas vantagens para a Administração,
desburocratizando suas ações pela diminuição do número de processos licitatórios e
pelo melhor uso dos recursos disponíveis. Nesse sentido, as lições de Sônia Y. K.
Tanaka:
“A vantagem do referido sistema é justamente essa: após a avaliação de toda
a documentação encaminhada pelos interessados, estes restarão
credenciados junto à Administração Pública, que poderá, a qualquer
momento e independentemente de qualquer outro procedimento, contratá-
los para a prestação dos serviços que se fizerem necessários, observadas as
condições estabelecidas no instrumento convocatório, inclusive o preço.”
O exemplo mais comum de “credenciamento” é a contratação de hospitais privados
para prestação de serviços ao SUS. A Administração torna público o instrumento
convocatório, pretendendo contratar o maior número de hospitais interessados que
aceitem as condições contratuais e cumpram as exigências legais.
Uma analogia didática seria a relação LICITAÇÃO X CONCURSO PÚBLICO –
CREDENCIAMENTO X EXAME DA OAB. Na primeira, há viabilidade e necessidade de
competição, em razão de o número de vagas ser limitado; na segunda, não há
competição, bastando que os candidatos cumpram os requisitos exigidos no edital.
9. JUSTIFICAÇÃO DE DISPENSAS E INEXIGIBILIDADES
Mesmo nas hipóteses de adjudicação direta do objeto contratual, a Administração
Pública deve obediência aos princípios do Direito Administrativo, notadamente o da
moralidade e o da publicidade. Nesse contexto, o art. 26 da Lei n.º 8.666/93 exige
expressamente a obediência “condicionantes de eficácia” e a certos “elementos de
instrução”.
a) Condicionantes de eficácia: as dispensas (excluindo as de pequeno valor) e as
inexigibilidades devem ser justificadas e comunicadas , dentro do prazo de 3 (três)
dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial no prazo
de 5 (cinco) dias.
b) Elementos de instrução: o parágrafo único do art. 26 reclama, em processos de
contratação direta, os seguintes requisitos: (i) caracterização da situação emergencial
ou calamitosa (quando for o caso); (ii) razão da escolha do fornecedor ou executante;
(iii) justificativa do preço; (iv) documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos
quais os bens serão alocados (quando for o caso).
Destacam-se as exigências de apresentação da razão da escolha do fornecedor ou
executante e a justificativa de preços, cabíveis em todas as hipóteses de dispensa e
inexigibilidade. A caracterização da situação emergencial e a aprovação dos projetos
de pesquisa serão necessárias apenas nas respectivas hipóteses. Reitere-se, ainda, que
o comando encartado no caput do art. 26 exclui as hipóteses dos incisos I e II do art.
24, que tratam da dispensa para contratação de objeto de “pequeno valor”, da
obediência aos condicionantes de eficácia.
9. MODALIDADES DE LICITAÇÃO
Nos termos do art. 22 da Lei n.º 8.666/93, são modalidades de licitação: (i) a
concorrência; (ii) a tomada de preços; (iii) o convite; (iv) o concurso; (v) e o leilão.
Celso Antônio Bandeira de Mello adverte, ainda, que a Lei n.º 10.520/2002
estabeleceu uma sexta modalidade de licitação (o “pregão”).

EM RAZÃO DO VALOR DO CONTRATO


Concorrência
Tomada de preço
Convite

Obs.: A Concorrência em determinadas situações, previamente estipuladas por lei,


será exigida em razão do objeto a ser contratado.

Obs.: Art. 23, § 8º, da Lei 8.666/93 dispõe que os valores serão duplicados para as
licitações contrato realizadas pelos consórcios formados por até três entes
federativos e triplicados para as licitações feitas por consórcios formados por mais
de três entes federativos.
DUPLICADO CONSÓRCIO DE ATÉ 3 ENTES
TRIPLICADOS CONSÓRCIOS DE MAIS DE 3 ENTES

Obs.: Quanto mais simples a modalidade, mais restrita a competição e menor o


valor das contratações que podem ser feitas por meio dela.

Obs.: "A modalidade que pode o mais, pode o menos".

EM RAZÃO DO OBJETO CONTRATADO


Concurso
Leilão
Pregão

Obs.: A Concorrência em determinadas situações, previamente estipuladas por lei,


será exigida em razão do objeto a ser contratado.

Obs.: O texto legal expressamente dispõe que é vedada a criação de novas


modalidades licitatórias ou a combinação das modalidades já existentes. Por
óbvio, tal dispositivo pode ser revogado pela edição de nova lei que disponha
acerca de normas gerais de licitação e crie modalidades não regulamentadas pela
Lei 8.666/93.

 FRACIONAMENTO DA LICITAÇÃO
Trata-se da divisão do objeto da licitação, com a intenção de se utilizar modalidade
licitatória mais simples em detrimento da mais rigorosa que seria obrigatória.
A lei veda a utilização da modalidade convite para aquisição de parcelas de uma
mesma obra ou serviço que possam ser realizados conjunta ou concomitantemente,
sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de tomada de preço ou,
até mesmo, de concorrência.
ATENÇÃO! Nas situações em que, por questões orçamentárias, a Administração
Pública, ao longo do exercício financeiro, opta pela realização de várias licitações
públicas para o mesmo objeto, esta é admitida, sendo somente necessária a
utilização da modalidade mais rigorosa para cada um destes procedimentos.
Excepcionalmente, o texto da lei define que é possível o parcelamento e a utilização
de modalidade mais simples, sempre que se tratar de parcelas de natureza específica
que devam ser executadas por pessoas diversas daquela que está executando a obra
ou prestando o serviço principal.
O fracionamento doloso, com a intenção de causar prejuízos ao erário configura
inclusive crime tipificado na Lei de Licitações, sem prejuízo das sanções
administrativas e cíveis cabíveis pelo mesmo fato.
9.1. CONCORRÊNCIA
Adequada a contratações de grande vulto, sendo garantidora da competição, sem
limite de ingresso, com amplo procedimento previsto em lei, abarcando todas as fases,
desde a análise de documentação, até a escolha das propostas
Critérios: valor e natureza do objeto.
Dispõe o art. 23 que será obrigatória a utilização da concorrência para obras e serviços
de engenharia cujo valor seja superior a R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil
reais), bem como para compras e outros serviços cuja importância esteja acima de R$
1.430.000,00 (um milhão quatrocentos e trinta mil reais).

OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA COMPRAS E OUTROS SERVIÇOS


Valor seja superior a R$ 3.300.000,00 Acima de R$ 1.430.000,00

Em razão da natureza do objeto, independente do valor do negócio, a concorrência se


faz obrigatória na celebração de determinados contratos, vejamos:
A) Alienação ou aquisição de imóveis:

 Não é relevante, nestes casos, o valor do contrato


 Se o imóvel a ser alienado tiver sido adquirido por dação em pagamento ou
decisão judicial, pode-se celebrar este contrato de alienação mediante licitação
na modalidade concorrência ou leilão.
B) Contrato de concessão de serviço público:

 Se exige a modalidade concorrência independentemente do valor do contrato a


ser celebrado;
 Será possível utilizar o leilão quando o serviço estiver previsto no Programa
Nacional de Desestatização;
 Celebração de contratos de concessão patrocinada ou de concessão
administrativa será exigida a licitação na modalidade concorrência.
C) Concessão de direito real de uso:

 Independentemente do valor, será realizado na modalidade concorrência. Por


se tratar de direito real, a concessão de direito real de uso é transmissível por
atos inter vivos ou causa mortis.
D) Contratos de obras celebrados por meio de empreitada integral:
A empreitada integral ocorre quando se contrata um empreendimento em sua
integralidade, compreendendo todas as etapas da obra, como serviços e instalação,
sob responsabilidade da contratada até a entrega ao contratante em condições de uso
e segurança.
E) Licitações Internacionais:

 São licitações em que se admite a participação de empresas estrangeiras que


não tenham sede no país, e só poderão ser realizadas na modalidade
concorrência;
 ATENÇÃO! É possível realizar a licitação na modalidade tomada de preços
quando a Administração Pública possuir cadastro internacional de licitantes e
também a modalidade convite quando não houver fornecedor do bem ou
serviço no País, desde que, em ambos os casos, a contratação não ultrapasse
os limites de valor das referidas modalidades.

 – Licitações de “alta complexidade técnica”, de “grande vulto” e de “imenso


vulto”
Nos termos do art. 30, §9º, da Lei Geral de Licitações, entende-se por “licitação de alta
complexidade técnica” aquela cujo objeto envolva “alta especialização, como fator de
extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser contratado”, ou para
garantir que não haja risco de comprometimento da “continuidade da prestação de
serviços públicos essenciais”.
Por sua vez, as licitações de “grande vulto” são aquelas em que, na forma do art. 6, V,
da Lei n.º 8.666/93, os valores estimados para o objeto contratual excedam em 25
vezes o limite a partir do qual é exigida a modalidade concorrência para obras e
serviços de engenharia (25 x 3,3mi = R$ 82,5 mi).
Em ambas as situações – licitações de “alta complexidade técnica” e de “grande vulto”
– a Administração poderá exigir dos licitantes a metodologia da execução, que será,
para fins de aceitação ou recusa, avaliada ANTES da análise dos preços (art. 30, §8º).
Por fim as licitações de “imenso vulto” são aquelas em que o valor estimado do objeto
da licitação ou de um conjunto de licitações “sucessivas ou simultâneas” exceda em
100 vezes o limite previsto para obrigatoriedade de concorrência para obras e serviços
de engenharia (100 x 3,3mi = R$ 330 mi). Nessa espécie de licitação, o procedimento
será iniciado, obrigatoriamente, por uma AUDIÊNCIA PÚBLICA concedida pela
autoridade responsável, com antecedência mínima de 15 dias úteis da data prevista
para publicação do edital e divulgada pelos mesmos meios previstos para licitação (art.
39).
9.2. TOMADA DE PREÇOS
A tomada de preços, por sua vez, destina-se a transações de vulto médio, da qual
participam pessoas previamente inscritas em cadastro administrativo, bem aqueles
que preencham as condições exigidas para o cadastramento até o terceiro dia
anterior à data fixada para o recebimento das propostas.
Dispõe o art. 23 que será utilizada a tomada de preços para obras e serviços de
engenharia cujo valor esteja compreendido entre R$ 330.000,00 (trezentos e trinta
mil reais) e R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais), bem como para
compras e outros serviços cuja importância esteja alocada entre R$ 176.000,00 (cento
e setenta mil reais) e R$ 1.430.000,00 (um milhão quatrocentos e trinta mil reais).
Ressalta-se, contudo, que nas hipóteses em que é possível a tomada de preços, é
facultada a utilização da concorrência.

OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA COMPRAS E OUTROS SERVIÇOS


Entre R$ 330.000,00 e R$ 3.300.000,00 Entre R$ 176.000,00 e R$ 1.430.000,00

Quanto aos não cadastrados que pretendam afluir ao certame, na esteira de Marçal
Justen Filho, importa pontuar que o prazo de três dias se refere à apresentação da
documentação necessária ao cadastramento, não podendo ser eles prejudicados pela
eventual demora da Administração no processamento do cadastro. Caso seja
indeferido o cadastro e, consequentemente, a participação no procedimento
licitatório, poderá o pretenso licitante interpor recurso administrativo, que terá efeito
suspensivo, eis que o referido indeferimento equivalerá a uma inabilitação (art. 109,
§2º).
Participam da competição apenas os licitantes que forem cadastrados no órgão ou
aqueles que se cadastrarem até 3 (três) dias antes da data marcada para a abertura
dos envelopes contendo as propostas dos licitantes.
ATENÇÃO! O cadastro, que tem função de habilitação prévia, tem duração de 1 (um)
ano, quando então deverá ser renovada a apresentação dos documentos.
Se indeferido o pedido de cadastramento, o art. 109, I, "d", da Lei 8.666/93 prevê a
possibilidade de interposição de recurso no prazo de cinco dias úteis, ressaltando
que, nesse caso, por não estar enumerado expressamente no art. 109, § 2º, da
respectiva lei, o recurso terá somente efeito devolutivo.
CADASTRO DE INTERESSADOS

 Um conjunto de documentos arquivados no órgão público que demonstram a


idoneidade financeira da empresa para celebrar contratos com a
Administração Pública, ensejando uma simplificação do procedimento de
licitação posterior.
 Obrigatório na tomada de preço e no convite, caso o interessado não tenha
sido convidado pela Administração Pública.
 O registro cadastral é público e aberto aos interessados, sendo a sua
publicação obrigação imposta à Administração Pública, bem como a
convocação para que os interessados façam a renovação do seu cadastro e
para que novos interessados compareçam ao órgão público e apresentem sua
documentação.
 Será cancelado o registro daquele que descumpra as condições de
habilitação, devendo ser respeitadas as garantias de contraditório e da ampla
defesa ao particular.
 Art. 109, § 2º, da Lei 8.666/93: recurso contra a suspensão ou cancelamento
do registro sem efeito suspensivo. Contudo, a doutrina majoritária entende que
o efeito suspensivo pode dar-se sempre que o cadastro funcionar como uma
verdadeira fase de habilitação prévia (tomada de preços).
9.3. CONVITE
O convite é a modalidade licitatória cabível perante relações que envolvam os valores
mais baixos, na qual Administração convoca pelo menos três pessoas que operam no
ramo pertinente ao objeto, cadastrados ou não, e afixa em local próprio cópia do
instrumento convocatório, estendendo o mesmo convite aos cadastrados na área de
atuação referente ao futuro ajuste, para que, caso queiram, manifestem interesse até
24 horas antes da apresentação das propostas.
Celso Antônio Bandeira de Mello entende que, mesmo os não cadastrados,
simetricamente ao disposto em relação à tomada de preços, terão direito a disputar o
convite se, tomando conhecimento dele, requerem o cadastramento no prazo de três
dias antes do recebimento das propostas.
Dispõe o art. 23 que será utilizado o convite para obras e serviços de engenharia cujo
valor não supere R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais), bem como para
compras e outros serviços cuja importância se limite a R$ 176.000,00 (cento e setenta
mil reais). Ressalta-se, contudo, que nas hipóteses em que é possível o convite, é
facultada a utilização de tomada de preços ou concorrência.

OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA COMPRAS E OUTROS SERVIÇOS


Até R$ 330.000,00 Até R$ 176.000,00

Mesmo que não se atinja o número mínimo de três licitantes , por limitações de
mercado ou desinteresse dos convidados, o certame poderá ser realizado, desde que
tais circunstâncias sejam justificadas no processo; caso contrário haveria invalidade e
o convite teria que ser repetido (art. 22, §7º)
Participam do certame apenas os convidados, cadastrados ou não, sendo, no mínimo,
de 3 (três).
ATENÇÃO! Comprovando-se a restrição de mercado, a licitação poderá ocorrer com
apenas 2 (dois) convidados (art. 22, § 3º, da Lei 8.666/93).
Por outro lado, se existirem na praça mais de três interessados, a cada novo convite
realizado para o objeto idêntico ou assemelhado deverá ser convidado pelo menos
mais um, enquanto não existirem convidados cadastrados não convocados nas últimas
licitações (art. 22, §6º).
É a mais restrita das modalidades previstas na Lei de Licitações, pois a Administração
pública pode escolher potenciais interessados em participar da licitação.
Caso não tenha sido convidado, o interessado pode manifestar seu interesse em
participar do convite com antecedência de 24 horas da apresentação das propostas e,
ainda assim, poderá participar da licitação desde que comprove estar regularmente
cadastrado no órgão.
CARTA CONVITE:

 É um instrumento convocatório mais simplificado do que o edital.


 A administração deve enviar a carta-convite aos convidados e afixar, no átrio da
repartição, em local visível ao público.
 O último ato de publicidade é que iniciará a contagem do prazo de intervalo
mínimo.
COMISSÃO DE LICITAÇÃO:

 Deve ser obedecida a regra geral definida na lei para designação de comissões.
Ocorre que, se ficar comprovada a escassez de pessoal, em pequenos órgãos,
a Comissão licitante pode ser dispensada e o procedimento licitatório
realizado por um único servidor público, desde que efetivo.
ATENÇÃO! Enquanto não se esgotar a lista de cadastrados não convidados, cada novo
convite para o objeto licitado dependerá do encaminhamento da carta-convite a
mais um licitante (art. 22, § 6°, da Lei 8.666/93).
9.4. CONCURSO
É a modalidade prevista na legislação para escolha de trabalho técnico, científico ou
artístico, mediante prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios
apresentados pelo edital, que deve ser publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 dias.
ATENÇÃO – Duas regras muito cobradas sobre a modalidade concurso:
(i) O julgamento do concurso é realizado por comissão especial integrada por
pessoas de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria, sejam
ou NÃO servidores públicos (art. 51, §5º)
(ii) Os tipos de licitação – “menor preço”, “melhor técnica”, “técnica e preço”
ou “maior lance ou oferta” – NÃO se aplicam ao concurso, na forma do art.
45, §1º, da Lei n.º 8.666/93.
O concurso é instrumento para selecionar trabalhos técnicos, científicos ou artísticos
com certas características personalíssimas para incentivar o desenvolvimento cultural.
ATENÇÃO! Também utilizada para contratação de serviços técnicos profissionais
especializados (art. 13 da Lei 8.666/93).
Diferencia-se do concurso público, porque não há qualquer preenchimento de cargos
ou contratação de empregado.
O procedimento desta modalidade será definido em regulamento próprio:
qualificação dos participantes, as diretrizes, a forma de apresentação do trabalho, bem
como os valores dos prêmios a serem pagos aos vencedores.
A chamada comissão especial de concurso é composta por três membros: pessoas
idôneas que tenham conhecimento na área do trabalho que será apresentado (art. 51,
§ 5º, da Lei 8.666/93). Não precisa ser servidor público.
9.5. LEILÃO
É a modalidade licitatória utilizável para venda de bens moveis inservíveis para a
Administração ou legalmente apreendidos ou adquiridos por força de execução
judicial.
O leilão serve ainda para venda de bens imóveis cuja aquisição haja derivado de
procedimento judicial ou dação em pagamento, a quem oferecer o maior lance, igual
ou superior ao da avaliação.
A utilização do leilão é restrita aos casos em que o valor isolado ou global de avaliação
deles NÃO exceder o limite fixado para compras por tomada de preços (art. 17, §6º).
Serve para alienação de bens pelo poder público àquele que ofertar o maior preço,
seja ele igual ou superior ao valor da avaliação.
Será sempre do tipo maior lance.
O leilão é realizado pelo leiloeiro, que pode ser o leiloeiro oficial ou um servidor
designado pela Administração Pública para cumprir a função de leiloeiro e, portanto,
não possui comissão de licitação.
Não tem procedimento definido na Lei de Licitações. Contudo, a realização do
certame deve obedecer a todos os princípios e regras definidos na Lei 8.666/93, sendo
a procedimentalização regulada pelo Direito Comercial.
ATENÇÃO! O leilão pode ser feito para alienar bens imóveis que tenham sido
adquiridos por decisão judicial ou dação em pagamento (todos os outros deverão ser
alienados mediante concorrência, obrigatoriamente).
Também, é modalidade licitatória para alienação de bens móveis inservíveis,
apreendidos e penhorados pelo poder público (penhor, não penhora).
Em venda de bens móveis componentes do acervo da Administração Pública,
previamente desafetados, desde que, analisados de forma isolada ou global, não
ultrapassem o montante de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais), quando
então será necessária a utilização de concorrência pública, em razão do valor.

BENS INSERVÍVEIS Bens desafetados, que não estão sendo


destinados à utilização pública.
BENS APREENDIDOS Bens confiscados pelo poder público em
decorrência de atos ilícitos praticados
por particulares.
BENS PENHORADOS O legislador quis dizer: penhor.
Ocorre um leilão administrativo, já que
se trata de alienação de bens
empenhados pelo particular ao ente
público.
ATENÇÃO! Bens imóveis cuja a aquisição Poderá ser utilizada a modalidade
haja derivado de: a) procedimento concorrência.
judicial; b) dação em pagamento

9.6. PREGÃO
Para aquisição de bens - por esta razão parte da doutrina o chama de "leilão reverso"
– e serviços comuns, cujos padrões mínimos de qualidade serão previamente
estipulados no instrumento convocatório.
Do tipo menor preço.
Não há designação de comissão licitante, sendo o pregoeiro o responsável pela
realização do pregão, que será um servidor efetivo designado a esta função.
ATENÇÃO! Serviços e bens comuns são aqueles que podem ser designados no edital
com expressão usual de mercado.
ATENÇÃO! Não pode ser utilizado para execução de obras públicas, mas tem sido
aceito, até mesmo, para contratação de serviços de engenharia.
O art. 3º do Decreto 3.555/2000 admite expressamente a utilização do pregão,
determinando a observância ao art. 3º da Lei 8.248/91 que, dispondo acerca da
contratação para aquisição de bens e serviços de informática, expressamente, admite
a utilização da modalidade licitatória do pregão.
A comissão de apoio ao pregoeiro não é comissão licitante e apenas auxilia o
pregoeiro na realização do certame. Assim, é o pregoeiro que responde pela
licitação, inclusive é responsável pelos atos praticados pela comissão de apoio.
ATENÇÃO! A Consulta continua a ser regulamentada pelas Leis das Agências
Reguladoras, porém, é pouco utilizada pelo fato de não estar regulamentada na Lei
Geral de Licitações e porque não tem o seu procedimento estabelecido (a lei somente
estipula que caberá a consulta nas hipóteses em que não for cabível o pregão). Ou
seja, atualmente, a única modalidade licitatória exclusiva das agências reguladoras é
a Consulta, uma vez que o pregão foi estendido a todos os entes da Administração
Pública, com a edição da Lei 10.520/02.
Pregão Eletrônico (Decreto 5.450/2005):

 O pregão, na forma eletrônica, é realizado pela Internet, com a utilização deste


mecanismo para comunicação entre os licitantes e entre estes e a
Administração Pública na realização da sessão.
 A participação do interessado depende de credenciamento, exigindo apenas o
cadastramento perante algum órgão público. Em âmbito federal existe o SICAF.
Este órgão remeterá, por via eletrônica, sua proposta e a documentação só
será entregue quando o interessado for o vencedor do pregão.
9.7. LICITAÇÃO PARA REGISTRO DE PREÇOS
É quando o poder público licita com a finalidade de registrar os preços, para o caso de
eventual contratação posterior.
Acontece quando a administração entende que um bem ou serviço é adquirido com
muita frequência e, por isso, tem interesse em deixar um registro, no órgão, com o
eventual fornecedor deste bem ou serviço.
A ata de registro de preço terá validade de 1 (um) ano, devendo ser realizado um novo
procedimento licitatório, após este período.
ATENÇÃO! Durante esse ano (período de vigência da ata), a proposta selecionada fica
à disposição da Administração Pública, que poderá adquirir o bem selecionado
quantas vezes ela precisar, desde que não ultrapasse o quantitativo licitado.
O instituto está previsto no art. 15 da Lei 8.666/93 e foi regulamentado pelo Decreto
7.892/13, alterado pelo Decreto n. 8.250/14.
Quadro comparativo:

Quesitos CONCORRÊNCIA TOMADA DE CONVITE


PREÇOS
Vulto econômico e Maiores; Médios; Menores;
complexidade
Universo de Quaisquer Cadastrados ou os Convidados ou os
participantes interessados; que requeiram que manifestarem
cadastramento até interesse até 24
três dias antes do horas antes do
recebimento das recebimento das
propostas; propostas.
Prazo mínimo Em regra, 30 dias Em regra, 15 dias 5 dias úteis.
entre a publicação corridos. corridos.
do instrumento Contudo, será de, Contudo, será de,
convocatório e a pelo menos, 45 pelo menos, 30
data fixada para dias corridos se se dias corridos se se
recebimento das tratar de tratar de
propostas concorrência a ser concorrência a ser
decidida pelo decidida pelo
critério “melhor critério “melhor
técnica” ou técnica” ou
“técnica e preço”, “técnica e preço;
ou, ainda, se
estiver
preordenada a
contrato de
empreitada
integral;
Forma de Publicação do Publicação do Afixação da carta
publicação do edital na imprensa; edital na imprensa; convite em local
instrumento próprio da
convocatório repartição.
Comissão Permanente ou Permanente ou A comissão pode
julgadora especial, composta especial, composta ser substituída por
de pelo menos três de pelo menos três um único servidor
membros, sendo membros, sendo nas unidades
que dois deverão que dois deverão administrativas
ser ser pequenas e que
obrigatoriamente obrigatoriamente contem com
servidores servidores pessoal escasso.
qualificados; qualificados;
Obs. 1: É possível substituir uma modalidade menos complexa por outra mais
complexa. Assim, nas hipóteses em que seja cabível o convite, também o serão a
tomada de preços e a concorrência; e nas hipóteses em que seja cabível a tomada
de preços, também o será a concorrência. O inverso não é permitido;

Obs. 2: Celso Antônio Bandeira de Mello aduz que foi proposital a omissão da lei em
não se referir ao prazo mínimo entre a publicação do edital e o recebimento das
propostas nos casos de tomada de preço preordenada a contrato de empreitada
integral. Assim, segundo o autor, quando a execução contratual deva se operar por
empreitada integral, a modalidade cabível é apenas a concorrência.

Obs. 3: Ainda em relação ao interregno entre a publicação do edital e a


apresentação de propostas, importa acentuar a forma de contagem dos dias, que
destoa no convite: dias ÚTEIS. Nas demais modalidades, os dias são contados de
forma corrida.

Obs. 4: É vedada a criação de outras modalidades ou a combinação das referidas


na Lei n.º 8.666/93 (art. 22, §8º).

10. PROCEDIMENTO
A doutrina majoritária aponta no sentido de que o início da licitação se dá com o ato
que instaura o procedimento administrativo, dando início ao que se convencionou
chamar de fase interna da licitação.
10.1. PROCEDIMENTO NA CONCORRÊNCIA
É o procedimento mais extenso e seu estudo serve de apoio para os demais.
10.1.1. FASE INTERNA

FASE INTERNA
Exposição de motivos da contratação Justificando a necessidade do órgão na
celebração do contrato e sua importância
às atividades do ente estatal e à
persecução do interesse público.
Declaração de adequação orçamentária Consonância com o disposto na Lei
Complementar 101/00 (Lei de
Responsabilidade Fiscal).

ATENÇÃO! A jurisprudência do Superior


Tribunal de Justiça vem se formando no
sentido de que a lei não exige a real
disponibilidade financeira antes do início
da licitação, mas tão somente a previsão
de recursos orçamentários.

Deve definir, no edital, o critério de


aceitabilidade das propostas, "permitida
a fixação de preços máximos e vedados a
fixação de preços mínimos" (art. 40, X, da
Lei 8.666/93).
Despesas de caráter continuado São hipóteses em que os gastos com o
contrato a ser celebrado devam
ultrapassar um exercício financeiro,
devendo haver contemplação do produto
ou serviço nas metas estipuladas na lei do
Plano Plurianual (no art. 165 da
Constituição Federal).
Designar a comissão Mesmo possuindo comissão permanente,
deve ser anexada a portaria de
designação desta aos autos.
Minuta do edital Este será encaminhado para o órgão de
consultoria jurídica para aprovação (deve
respeitar os critérios mínimos do art. 40,
da Lei 8.666/93).
Ele deve vir com a minuta do contrato
anexada dando aos participantes o
conhecimento acerca da avença a ser
celebrada pelo Poder Público.
Audiência pública Será imperativa sempre que o valor
estimado para uma licitação ou para um
conjunto de licitações for superior a 100
vezes o limite mínimo definido para a
concorrência, no art. 23, 1, "c", da Lei
8.666/93.
Parecer jurídico Não tem caráter vinculante, mas
meramente opinativo, orientando o
gestor público acerca de eventuais falhas
no procedimento e a possibilidade de
conserto destes vícios.
Execução de obras ou atividades Execução direta:
administrativas  Contrato executado pela própria
Administração;

Execução indireta:
 Contratação de um terceiro para
execução;
 Empreitada por preço global;
 Empreitada por preço unitário;
 Empreitada por tarefa;
 Empreitada integral;

Obs. 1: A previsão orçamentária de que trata o inciso III do § 2º do art. 7º da Lei de


Licitações NÃO significa disponibilidade financeira . Na linha de Joel de Menezes
Niebuhr, o dispositivo exige apenas que se disponha dos recursos no exercício
financeiro correspondente ao contrato, isto é, que haja previsão dos recursos na
respectiva lei orçamentária. Cumpre insistir — porque deveras frequente é a
confusão — que a Administração não precisa dispor, à época da licitação, do
montante necessário para arcar com o contrato; ela precisa apenas indicar que há
previsões no orçamento para realizar os pagamentos futuros (STJ. 2ª Turma. REsp
1.141.021-SP, rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 21/08/2012);

Obs. 2: Atentar para o fato de que a Lei n.º 8.666/93 não exige como requisito para
instauração do procedimento licitatório a prévia aprovação do PROJETO
EXECUTIVO, pois este pode ser desenvolvido concomitantemente com a execução
das obras e serviços (Art. 7º, §1º). A doutrina, inclusive, critica bastante essa previsão
legal, pois, segundo sustenta, a prévia aprovação também do projeto executivo,
como requisito para deflagração do certame, tornaria o procedimento mais seguro e
previsível.

Obs. 3: A violação das vedações importa nulidade do certame e responsabilização


de quem lhe tenha dado causa (art. 7º, §6º);

Obs. 4: A vedação à participação direta ou indireta do autor dos projetos básico e


executivo não obsta a que a licitação inclua em seu objeto a elaboração do projeto
EXECUTIVO como encargo do licitante.

OBS.: ATENÇÃO! Na contratação para execução de obras, a lei exige ainda a


realização de um projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível
para que os interessados em participar da licitação tenham amplo conhecimento (art.
6º, IX, da Lei 8.666/93).

OBS.: É vedada a participação, ainda que indiretamente: da pessoa, seja ela física ou
jurídica, que tenha realizado o projeto, básico ou o projeto executivo; empresa,
isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou
do projeto executivo ou, ainda, da qual o autor de um desses projetos seja
dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital
com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado; das
pessoas físicas ou jurídicas às quais tenha sido aplicada a penalidade de suspensão
de contratar com o poder público ou declaração de inidoneidade, enquanto
vigentes as penalidades; e do agente público que seja membro da comissão
licitante, ou servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável
pela realização do procedimento licitatório.

OBS.: Pessoa física ou jurídica responsável pela realização do projeto básico ou


executivo pode auxiliar a fiscalização e supervisão da obra (consultor técnico). É
proibida a inclusão, no objeto da licitação, de obtenção de recursos financeiros
para sua execução, qualquer que seja a sua origem, salvo nas hipóteses de
empreendimentos executados e explorados sob o regime de concessão (art. 7º, §§
3º e 5º, da Lei 8.666/93).

OBS.: É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, de fornecimento de


materiais e serviços sem previsão de quantidades ou cujos quantitativos não
correspondam às previsões reais do projeto básico ou executivo.

OBS.: Objeto não pode ser bem e serviço sem similaridade ou de marca,
características e especificações exclusivas, exceto nos casos em que for tecnicamente
justificável, ou quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o
regime de administração contratada, previsto e discriminado expressamente no
instrumento convocatório.

OBS.: O desrespeito ao art. 7° implica a nulidade de todos os atos praticados ou


contratos celebrados, sem prejuízo da responsabilidade de quem lhes tenha dado
causa.
REQUISITOS E VEDAÇÕES DA FASE INTERNA DA LICITAÇÃO
REQUISITOS VEDAÇÕES
Obras e serviços Compras Ao objeto Aos participantes
1. Projeto básico; 1. Caracterização do 1. Impossibilidade, 1. Impossibilidade
objeto; em regra, de incluir de participar
no objeto a membro da
obtenção de comissão de
recursos licitação ou servidor
financeiros; por ela responsável;
2. Orçamento do 2. Previsão de 2. Impossibilidade 2. Impossibilidade
objeto, com recursos de incluir no objeto de participarem os
detalhamento dos orçamentários; o fornecimento de impedidos;
valores unitários; materiais não
quantificados ou
cuja quantidade
não esteja
conforme os
projetos básico ou
executivo;
3. Previsão de 3. Impossibilidade, 3. Impossibilidade
recursos em regra, de incluir de participar o
orçamentários; no objeto bens sem autor dos projetos
similaridade, ou básico ou executivo;
indicar marcas e
especificações
exclusivas.
4. Inclusão no PPA, 4. Impossibilidade
se for o caso. de participar
empresa da qual o
autor dos projetos
básico ou executivo
tenha poder de
decisão gerencial
ou técnica.
Obs. 1: A previsão orçamentária de que trata o inciso III do § 2º do art. 7º da Lei de
Licitações NÃO significa disponibilidade financeira. Na linha de Joel de Menezes
Niebuhr, o dispositivo exige apenas que se disponha dos recursos no exercício
financeiro correspondente ao contrato, isto é, que haja previsão dos recursos na
respectiva lei orçamentária. Cumpre insistir — porque deveras frequente é a
confusão — que a Administração não precisa dispor, à época da licitação, do
montante necessário para arcar com o contrato; ela precisa apenas indicar que há
previsões no orçamento para realizar os pagamentos futuros (STJ. 2ª Turma. REsp
1.141.021-SP, rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 21/08/2012);

Obs. 2: Atentar para o fato de que a Lei n.º 8.666/93 não exige como requisito para
instauração do procedimento licitatório a prévia aprovação do PROJETO
EXECUTIVO, pois este pode ser desenvolvido concomitantemente com a execução
das obras e serviços (Art. 7º, §1º). A doutrina, inclusive, critica bastante essa
previsão legal, pois, segundo sustenta, a prévia aprovação também do projeto
executivo, como requisito para deflagração do certame, tornaria o procedimento
mais seguro e previsível.

Obs. 3: A violação das vedações importa nulidade do certame e responsabilização


de quem lhe tenha dado causa (art. 7º, §6º);

Obs. 4: A vedação à participação direta ou indireta do autor dos projetos básico e


executivo não obsta a que a licitação inclua em seu objeto a elaboração do projeto
EXECUTIVO como encargo do licitante.

10.1.2. FASE EXTERNA


Conforme acima anunciado, o procedimento licitatório divide-se em duas etapas: a
interna e a externa.
Na interna, importam dois temas: requisitos para instauração das licitações e
vedações nas licitações.
Na externa, por sua vez, estudam-se as fases propriamente ditas do certame. São
elas:

FASE EXTERNA
PUBLICAÇÃO DO EDITAL Ato pelo qual são convocados os
interessados e estabelecidas as
condições que irão reger a licitação;

Feita em diário oficial e em jornal de


grande circulação.

Inicia-se a contagem do prazo para a


impugnação administrativa do edital (art.
41, §§1º e 2º, da Lei 8.666/93).
As impugnações ao edital não são
consideradas recursos, na Lei de
Licitações e não gozam de efeito
suspensivo.

ATENÇÃO! De acordo com Súmula n. 473


do STF, a Administração pode alterar de
ofício o edital ou mesmo anulá-lo.

Somente não é necessário reabrir o prazo


de intervalo mínimo quando a alteração
não afetar a formulação das propostas.
Além disso, não há exceção à exigência de
nova publicação.
HABILITAÇÃO É a fase de análise da documentação dos
licitantes a fim de verificar se têm
idoneidade para contratar com o Poder
Público.

Ato pelo qual são admitidos os


proponentes aptos;

Após esta fase, a desistência de


participação pela empresa só ocorre
mediante ato devidamente justificado e
aceito pela comissão licitante.

ATENÇÃO! As microempresas e
empresas de pequeno porte, segundo a
LC 123/06, poderão participar da licitação
ainda que não tenham regularidade
fiscal e trabalhista.
Se forem declaradas vencedoras, terão o
prazo de 5 (cinco) dias úteis cujo termo
inicial corresponderá ao momento em
que o proponente for declarado o
vencedor do certame, prorrogável por
igual período, para a regularização da
documentação, pagamento ou
parcelamento do débito e emissão de
eventuais certidões negativas ou positivas
com efeito de certidão negativa.

 Habilitação jurídica
 Qualificação técnica
 Qualificação econômico-financeira
 Regularidade fiscal
 Cumprimento do disposto no
inciso XXXIII do art. 7º da
Constituição Federal
 Regularidade Trabalhista

ATENÇÃO! O recurso contra inabilitação


tem efeito suspensivo nesta fase (assim
como na fase de classificação).

O prazo para recurso não é para juntar


documento obrigatório.
A desqualificação da empresa deve
respeitar, sempre, o direito ao
contraditório e ampla defesa.
JULGAMENTO E CLASSIFICAÇÃO Ato pelo qual são ordenadas as
propostas admitidas;

Inicialmente, o julgamento consiste na


avaliação da regularidade formal e
material das propostas.

As propostas serão avaliadas segundo


critérios constantes do edital e
classificadas em ordem decrescente e
vantajosidade.

Se forem todos os licitantes


desclassificados, a administração poderá
conceder o prazo de 8 dias úteis para que
apresentem novas propostas.

Administração pode estabelecer no edital


preferência para aquisição de produtos
manufaturados e serviços nacionais que
obedeçam às normas técnicas brasileiras.
A preferência deve ser prevista em
Decreto expedido pelo chefe do Poder
Executivo Federal (art. 3º, § 2º, da Lei
8.666/93.
HOMOLOGAÇÃO Ato pelo qual se confirma a regularidade
do desenvolvimento do procedimento
anterior;

Se não for configurada nenhuma espécie


de nulidade nem for o caso de revogação,
a autoridade superior será obrigada a
promover a homologação da decisão.

ATENÇÃO! Em casos de revogação do


procedimento – baseada em critérios de
oportunidade e conveniência - ou de
anulação - com base em vício de
ilegalidade- é exigida a emissão de
parecer da autoridade competente,
justificando tais condutas, garantindo
aos licitantes a possibilidade de exercer
contraditório e ampla defesa.
ADJUDICAÇÃO Ato pelo qual é selecionado o
proponente que haja apresentado a
proposta havida como satisfatória.

É o ato por meio do qual se atribui ao


vencedor o objeto da licitação, dando fim
ao procedimento licitatório.

ATENÇÃO! Adjudicar não é contratar,


mas tão somente declarar oficialmente o
vencedor da licitação.

ATENÇÃO! A adjudicação tem força


vinculante. Apesar de a Administração
não ser obrigada a contratar, caso
necessite realizar a contratação, só pode
fazê-lo com o vencedor da licitação
(princípio da adjudicação compulsória).

O licitante fica vinculado à proposta


apresentada pelo prazo de 60 (sessenta)
dias, contados da apresentação da
proposta.

Caso o vencedor não possa contratar, o


Estado só poderá celebrar o contrato, nos
termos da proposta vencedora,
chamando os demais licitantes na ordem
de classificação.

Os demais licitantes não estão obrigados


a aceitar a celebração do contrato nos
moldes da proposta apresentada pelo
vencedor e, não havendo interessados, o
procedimento será revogado.
Obs. 1: Na modalidade convite inexiste a fase de habilitação, ante o pequeno vulto
do bem ou serviço do certame. Esta é presumida. A própria entidade licitadora
convoca, por escrito, três fornecedores que de antemão repute habilitados.

Obs. 2: Na modalidade concorrência a habilitação realiza-se no bojo de uma dada


licitação específica para ela. Na tomada de preços a habilitação decorre do registro
cadastral, sendo, por isso, inespecífica para uma ou outra licitação, mesmo que seja
solicitada por ocasião de determinado certame e em vista dele.

Obs. 3: É possível que o objeto pretendido pela Administração seja adjudicado por
mais de um licitante. Isso ocorrerá nos casos em que seja justificável a divisão da
execução de uma obra, de vulto notável, em diversos lotes licitados em uma só
concorrência. A referida possibilidade também poderá acontecer na compra de
bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o conjunto ou
complexo (art. 23, §7º). Tais práticas tendem a ampliar a competitividade e
potencializar a eficiência e rapidez porventura necessárias.

Obs. 4: É pressuposto da habilitação a regularidade fiscal. Todavia, segundo


Bandeira de Mello, a existência de débitos fiscais só pode ser causa de inabilitação se
o montante deles puder comprometer a “garantia do cumprimento das obrigações”
que possam resultar da eventual avença. Isso porque, nos termos do art. 37, XXI, da
CF/88, as exigências de qualificação dos pretensos licitantes devem se limitar à
garantia do cumprimento das obrigações a serem satisfeitas no futuro contrato.
Desse modo, a regularidade fiscal não pode irromper o limite do estritamente
necessário ao cumprimento dessas relações jurídicas. Ressalva-se desse raciocínio,
contudo, os débitos com a Seguridade Social, que, mesmo mínimos, justificam a
inabilitação do participante, eis que para eles há comando constitucional específico
(art. 195, §3º).

Obs. 5: A qualificação técnica é um dos elementos para habilitação do licitante.


Quanto a esse particular, embora o art. 30, II e §1º, I, da Lei n.º 8.666/93 refira-se
apenas à capacidade técnica-profissional, exigindo das pessoas que irão assumir a
execução contratual experiência em serviço similar, o STJ, na esteira de Marçal
Justen Filho, assentou que, além disso, o edital poderá exigir também que a própria
empresa já tenha atuado em serviço similar. Cuida-se da chamada qualificação
técnica operacional, que se soma à qualificação técnica profissional, para fins de
habilitação (informativo 533).

Obs. 6: Nos consórcios, para efeitos de qualificação técnica, é ADMITIDO o


somatório dos quantitativos de cada empresa, ao passo que, para fins de
qualificação econômico financeira, é ADMITIDO o somatório dos valores de cada
qual, porém na proporção da respectiva participação.

Obs. 7: Nos termos do art. 32, §1º, da Lei n.º 8.666/93, a exigência dos documentos
comprobatórios de habilitação pode ser dispensada, total ou parcialmente, no leilão,
concurso, convite e no fornecimento de bens para pronta entrega.

Obs. 8: Se à licitação comparecer apenas um interessado, deve-se apurar


normalmente sua habilitação. Se habilitado, sua proposta será examinada tal como
ocorreria se outros disputantes existissem. Não há óbice algum a que lhe seja
adjudicado o objeto da licitação, em sendo regular a sua proposta, pelo fato de
inexistirem outros interessados. O mesmo ocorrerá se vários comparecerem, mas
apenas um for habilitado.

Obs. 9: É possível que um licitante já habilitado sofra, em momento posterior,


mutações em sua capacitação. É dizer: fato superveniente à habilitação pode alterar
a capacidade do licitante, eliminando-a em quaisquer de seus aspectos ou reduzindo-
a a níveis inferiores ao exigido. É o que ocorre, por exemplo, com a decretação de
falência posterior à fase de habilitação.
Obs. 10: O instituto da LICITAÇÃO FRUSTRADA ocorre quando todas as propostas
colhidas no procedimento restem desclassificadas, em razão de estarem em
desconformidade com o edital. Nessa situação, nos termos do art. 48, §3º, poderá a
Administração fixar o prazo de oito dias, ou três dias no caso de convite, para que
os respectivos autores apresentem outras, escoimadas dos vícios anteriormente
verificados (CUIDADO! Não confundir com LICITAÇÃO DESERTA, sendo esta a que não
comparecem interessados).

Obs. 11: A jurisprudência tem perfilhado o entendimento segundo o qual a


adjudicação da licitação NÃO confere direito subjetivo do primeiro classificado à
assinatura do contrato. O instituto franqueia apenas o direito a que o primeiro
classificado seja contratado, caso a Administração leve a cabo seu intento em relação
ao objeto pretendido.

Obs. 12: Segundo o TCU, nos serviços de natureza divisível, a adjudicação deve se
operar por item, e não por preço global. Isso significa, por exemplo, que em licitações
para contratação de serviços terceirizados de “limpeza, vigilância e portaria”, ainda
que seja realizado apenas um procedimento licitatório, o julgamento deve ser feito
item por item. Esse entendimento parte da premissa segundo a qual a excelência em
determinado segmento a ser prestado não redunda, necessariamente, na qualidade
do outro serviço. Não seria vantajoso para Administração, por exemplo, contratar
uma empresa que melhor fornecesse limpeza, mas que tivesse desempenho
desastroso na segurança. Essa concepção potencializa, a um só tempo, a
competitividade da licitação e a eficiência no serviço público (FCC, PGE/RO, 2ª fase,
2011).

ATENÇÃO! Obs. 13: As leis de licitações editadas após a Lei n.º 8.666/93, em geral,
adotaram a inversão das fases de habilitação e julgamento, classificando-se
primeiro as propostas, para só então proceder-se à análise dos documentos de
capacitação. Tal inversão tem por escopo acelerar o procedimento, porquanto não
será necessária a análise dos documentos de todos os licitantes, mas apenas do
licitante vencedor, analisando-se, em ordem, os dos demais apenas se os melhores
colocados restarem inabilitados. A referida inversão de fases é uma tendência
legislativa que pretende não repetir o vício de morosidade da Lei n.º 8.666/93. São
exemplos de leis que adotam a inversão de fases (julgamento -> habilitação): Lei n.º
8.987/95 (Lei Geral de Concessões), Lei n.º 10.520/02 (Pregão), Lei n.º 11.079/04
(PPPs), Lei n.º 12.462/11 (RDC).
Contudo, CUIDADO: nas leis de serviços públicos – Lei n.º 8.987/95 e Lei n.º
11.079/04 – a inversão de fases é uma FACULDADE DO ADMINISTRADOR.

10.2. PROCEDIMENTO NA TOMADA DE PREÇOS

 NÃO HÁ FASE DE HABILITAÇÃO, uma vez que os licitantes já estão previamente


cadastrados.
10.3. PROCEDIMENTO NO CONVITE
 O instrumento convocatório é enviado aos convidados e, em seguida, afixado
no átrio da repartição, em local visível ao público.
 Os prazos para recursos são de 2 (dois) dias úteis (e não de 5 dias como nas
demais modalidades estudadas).
 Se forem todos os licitantes inabilitados ou desclassificadas todas as
propostas apresentadas, o prazo para diligências definido no art. 48, § 3º, da
Lei 8.666/93 poderá ser reduzido de 8 (oito) dias úteis para 3 (três) dias úteis
para que se adéquem ao edital, trazendo novos documentos de qualificação ou
apresentando nova proposta.
 Não há fase de habilitação, uma vez que os licitantes já estão previamente
cadastrados ou foram convidados (devendo, nesse caso, se cadastrarem antes
do início do certame).
10.4. PROCEDIMENTO NO CONCURSO

 Procedimento definido em regulamento específico, não tendo previsão na Lei


8.666/93.
10.5. PROCEDIMENTO NO LEILÃO

 O procedimento de Leilão será realizado pelo leiloeiro.


 Sendo que as demais regras são definidas em legislação específica.
 Na fase externa primeiro classifica para depois habilitar. Além de adjudicar e
só depois homologar (Lei n. 10.520/02)
 Na classificação as propostas escritas serão apresentadas e são selecionadas
as melhores propostas para que a disputa se dê em sessão pública. Com
efeito, a disputa se dará por meio da apresentação, pelos licitantes
selecionados, de lances verbais.
10.5. PROCEDIMENTO NO PREGÃO
Passam para a fase de lances verbais o licitante que apresentou a melhor proposta
(menor preço) e todas as outras propostas que não ultrapassarem 10% do valor da
primeira. Independentemente disso, deve passar para os lances verbais a melhor
proposta mais 2 (duas), para completar o mínimo de 3 (três) licitantes.
O prazo para recurso é imediato e ocorre após a declaração do vencedor. Se outro
licitante recorrer, a lei concede o prazo de 3 (três) dias para elaboração e apresentação
das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para
apresentar contrarrazões em igual número de dias, que começarão a correr do
término do prazo do recorrente.
Se o particular vencedor da licitação, convocado dentro do prazo de validade da sua
proposta, não celebrar o contrato, deixar de entregar ou apresentar documentação
falsa exigida para o certame, ensejar o retardamento da execução de seu objeto, não
mantiver a proposta, falhar ou fraudar na execução do contrato, comportar-se de
modo inidôneo ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios e, será descredenciado no SICAF
(Sistema de Cadastro Unificado de Fornecedores da Administração Federal), ou nos
sistemas de cadastramento de fornecedores, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem
prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das demais cominações legais.
No âmbito federal, foi expedido o Decreto 5.450/2005, que regulamenta o pregão
eletrônico realizado pela União. O procedimento é o mesmo do pregão presencial,
porque o decreto tão somente regulamentará a lei, haja vista se tratar de regulamento
executivo.
10.5.1. PROCEDIMENTO NO PREGÃO ELETRÔNICO

Até R$ 650.000,00: A publicação será realizada por meio de Diário Oficial da União e
por meio eletrônico, na internet.
Acima de R$ 650.000,00 até R$ 1.300.000,00: Além do descrito acima, deve publicar
o edital em jornal de grande circulação local.
Superior a R$ 1.300.000,00: A publicação ocorrerá em Diário Oficial da União, por
meio eletrônico, na internet, e mediante publicação em jornal de grande circulação
regional ou nacional.

ATENÇÃO! No sistema de registro de preços, será adotada a publicação em Diário


Oficial da União, internet e publicação em jornal de grande circulação regional ou
nacional, independentemente do valor.

CLASSIFICAÇÃO: Apresentadas as propostas, por meio


eletrônico, o pregoeiro fará,
primeiramente, a verificação,
desclassificando aquelas que não
estejam em conformidade com os
requisitos estabelecidos no edital.

Somente os licitantes classificados


poderão passar para as fases seguintes,
com a apresentação virtual de lances.

HABILITAÇÃO: O recurso aqui é imediato.

Na hipótese de recusa em assinar o


contrato ou ata de registro de preços, ou
se o licitante deixar de entregar
documentação exigida no edital,
apresentar documentação falsa, ensejar
o retardamento da execução de seu
objeto, não mantiver a proposta, falhar
ou fraudar na execução do contrato,
comportar-se de modo inidôneo, fizer
declaração falsa ou cometer fraude
fiscal, garantido o direito à ampla defesa,
ficará impedido de licitar e de contratar
com a União, e será descredenciado no
SICAF, pelo prazo de até cinco anos, sem
prejuízo das multas previstas em edital e
no contrato e das demais cominações
legais.

11. TIPOS DE LICITAÇÃO


Inicialmente, cumpre alertar que, vez por outra, cobram-se em concursos públicos
questões confundindo os TIPOS de licitação com as MODALIDADES de licitação.
Portanto, adverte-se, de logo, que concorrência, tomada de preço, convite, concurso e
leilão NÃO são tipos de licitação, mas sim modalidades.
Da mesma forma, “menor preço”, “melhor técnica”, “técnica e preço” e “melhor
lance” NÃO são modalidades de licitação, mas sim tipos.
O termo “tipos”, de fato, é confuso, razão pela qual Celso Antônio Bandeira de Mello,
tecendo críticas a ele, afirma ser mais adequado falar-se em “critérios de julgamento”
da licitação.

TIPOS DE LICITAÇÃO (CRÍTÉRIOS DE JULGAMENTO)


1. MENOR PREÇO: Proposta mais barata ou com melhores
condições de pagamento;
A Administração é orientada a selecionar
a proposta de melhor preço que não
pode ser confundido com o menor valor
monetário, pois, existem hipóteses em
que pagar o valor mais elevado propiciará
à Administração Pública vantagens
maiores.
ATENÇÃO! Este tipo é utilizado quando o
produto pretendido pela Administração
não tiver nenhuma característica
especial, ou quando as características
especiais são definidas como requisitos
mínimos para contratação.
2. MELHOR TÉCNICA: Trata-se de licitação que tem por critério
de escolha a qualidade do produto a ser
adquirida ou do serviço a ser prestado.
ATENÇÃO! Só poderá ser utilizado para
serviços de natureza intelectual ou para
serviços de informática.
3. TÉCNICA E PREÇO: Nas licitações deste tipo, a escolha do
vencedor será adequada, quando a
variação de qualidade da prestação
refletir na satisfação das necessidades do
Estado. Sendo assim, será feita uma
análise de preço bem como de qualidade
do bem ou serviço a ser prestado pelo
vencedor.
4. MAIOR LANCE OU OFERTA: Proposta ofertada em alienação de bens
ou concessão de direito real de uso,
sendo vencedora a mais volumosa.
A licitação do tipo maior lance se verifica
para alienação pela Administração
Pública de bens e direitos, é apropriada
para o leilão, que é modalidade licitatória
que utiliza sempre como critério de
escolha do vencedor o maior lance, igual
ou superior ao valor da avaliação feita
pelo ente público.
Obs. 1: Celso Antônio Bandeira de Mello adverte que nem sempre o preço
nominalmente mais baixo é o “menor preço”. Segundo o autor, devem ser
considerados rendimentos e condições de pagamento, por serem estes critérios
relevantes na definição objetiva da melhor aquisição;

Obs. 2: O critério “melhor técnica”, embora o nome indique o contrário, também


leva em conta o preço das ofertas, em um segundo momento de negociação. Assim,
por exemplo, se nenhum dos autores das propostas tecnicamente melhor alocadas
aquiescer em reduzir o preço, terminará por ser escolhida a de menor preço,
conquanto tecnicamente inferior a todas as demais.

Obs. 3: A regra geral é a do julgamento pelo “menor preço”, visto que tanto a
licitação de “melhor técnica” quanto a de “técnica e preço” só tem cabimento em
três hipóteses: (i) para serviços de natureza predominantemente intelectual (art. 46);
(ii) para contratação de bens e serviços de informática (art. 45, §4)º; (iii)
excepcionalmente, para fornecimento de bens e execução de obra ou prestação de
serviço de grande vulto majoritariamente dependentes de tecnologia sofisticada e
domínio restrito (art. 46, §3º).

Obs. 4: Nos tipos melhor técnica e técnica e preço a seleção da proposta vencedora
é feita por uma avaliação conjunta de atributos de qualidade e de preço. O Edital
deve prever a apresentação de 2 (duas) propostas (uma técnica e outra comercial).

Obs. 5: Definido o critério de escolha do vencedor a ser utilizado no procedimento


licitatório, que deve estar estipulado no instrumento convocatório do certame, a
Administração Pública não pode se valer de nenhum outro critério para selecionar a
proposta mais vantajosa.

12. DESEMPATE NA LICITAÇÃO


Os critérios de desempates estão definidos legalmente e são critérios sucessivos e
não alternativos, ou seja, a Administração deve analisá-los na ordem em que foram
estipulados na lei, não podendo escolher quais pretende utilizar.

Art. 3º, Lei 8.666/93: § 2º Em igualdade de condições, como CRITÉRIO DE


DESEMPATE, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:
II - produzidos no País;
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras; e
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no
desenvolvimento de tecnologia no País;
V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reserva
de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da
Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.

Obs.1: Seguiu a doutrina e jurisprudência ao revogar o inciso I do art. 3º da Lei


8.666/93, que trazia critério que estabelecia regras diferenciadas para empresas
brasileiras em virtude do seu capital ser nacional.

Obs.2: O art. 45, § 2º, da Lei 8.666/93 estipula que, se nenhum dos critérios de
desempate, anteriormente mencionados, alcançar o propósito, deve ser feito o
desempate por meio de sorteio.

Obs.3: A Lei Complementar 123/06, em seu art. 45, I, estabelece que "a
microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem classificada poderá
apresentar proposta de preço inferior àquela considerada vencedora do certame,
situação em que será adjudicado em seu favor o objeto licitado".

Obs.4: O art. 44, § 12, da LC 123/06 dispõe: "Entende-se por empate aquelas
situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de
pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais
bem classificada".

Obs.5: Dispõe o art. 44, § 2º, da LC 123/06, que "Na modalidade de pregão, o
intervalo percentual estabelecido no § 1º deste artigo será de até 5% (cinco por
cento) superior ao melhor preço".

13. TRATAMENTO DIFERENCIADO PARA MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO


PORTE
A Lei Complementar 123/06 define que a Administração Pública deverá realizar
processo licitatório destinado exclusivamente à participação de microempresas e
empresas de pequeno porte nos itens de contratação cujo valor seja de até R$
80.000,00.
Em casos de licitações para celebração de contratos para aquisição de bens de
natureza divisível acima de R$ 80.000,00, o ente público deverá estabelecer, cota de
até 25% do objeto para a contratação de microempresas e empresas de pequeno
porte.
ATENÇÃO! As Microempresas e Empresas de Pequeno Porte poderão participar de
ambos os itens da licitação, sendo classificadas dentro da ampla concorrência para a
contratação de 75% do objeto e se submetendo a outra classificação, somente com
empresas de mesmo porte, em relação aos 25% (vinte e cinco por cento) restantes.
A Administração Pública poderá, nas licitações destinadas à aquisição de obras e
serviços, exigir dos licitantes a subcontratação de microempresa ou empresa de
pequeno porte.
Na dispensa de licitação em razão do valor do contrato (conforme disposto no art. 24,
1 e II), a compra deverá ser feita preferencialmente de microempresas e empresas de
pequeno porte.
14. INSTITUTOS IMPORTANTES
1. Projeto básico
O projeto básico é o documento que inicialmente define o objeto e os objetivos da
licitação, bem como a sua necessidade e viabilidade orçamentária. Na esteira de
Jessé Torres Pereira Jr, o projeto básico é ato-condição para abertura da licitação, vale
dizer, é requisito de validade insubstituível para implementação das normas
constitucionais voltadas para o controle externo dos atos administrativos.
Questão polêmica é a de saber se o projeto básico é indispensável, mesmo que o
objeto da licitação não corresponda a obra ou serviço de engenharia, já que todos os
dispositivos que identificam o conteúdo necessário do instituto referem-se a obras.
Na linha do autor mencionado, Ronny Charles defende que a confecção do projeto
básico não deve ser imposta apenas por sua existência formal, mas sim valorizada
pelo seu conteúdo, pela função de descrever o objeto e as nuances relativas à
contratação, de forma a fomentar o planejamento e a permitir a fiscalização e o
controle do ato negocial administrativo.
Desse modo, não havendo compatibilidade entre o objeto a ser contratado e os
elementos do projeto básico (art. 6, IX), demonstrar-se-á excessivamente rigorosa a
sua exigência. Saliente-se, todavia, que, mesmo nesses casos de incompatibilidade, é
necessária a confecção de um documento de planejamento, tal como exemplifica o
“termo de referência” para contratação de bens e serviços comuns no âmbito do
pregão.
Por fim, impõe-se pontuar que, nas licitações instauradas com base na Lei n.º
8.666/93, o projeto básico é encargo da Administração, na forma do art. 7, §2º, I. A
seu turno, no caso de obras licitadas sob a regência do Regime Diferenciado de
Contratações – RDC, e assumidas na modalidade contratação integrada, os projetos
básico e executivo ficam a cargo do contratado, conforme dicção do art. 9, §1º, da Lei
n.º 12.462/2011 (FCC, PGE/RN, 2ª fase, 2015).
2. Projeto executivo
O conceito de projeto executivo deixa clara sua referência específica às contratações
de obras. É, portanto, o conjunto de elementos necessários e suficientes à execução
completa da obra.
Conforme já registrado acima, na Lei n.º 8.666/93, NÃO há obrigatoriedade de prévia
aprovação do projeto executivo para licitações de obras e serviços.
3. Registro de preços
O registro de preços é um procedimento auxiliar destinado a facilitar a atuação da
Administração em relação a futuras prestações de serviços e aquisição gradual de
bens. Em outras palavras, é um conjunto de procedimentos de registro formal de
preços, para contratações futuras.
Com esse procedimento, pode a Administração abrir um certame licitatório para o
futuro, no qual o vencedor terá seus preços registrados, para que posteriores
necessidades de contratação sejam dirigidas diretamente a ele, de acordo com os
preços aferidos.
Para fins de concurso público, o que importa, de fato, são as características que
marcam o instituto:
a) Desnecessidade de prévia dotação orçamentária: na licitação para registro de
preços, é dispensada prévia dotação orçamentária, pois o certame, nesse caso,
não objetiva especificamente uma contratação, mas sim a consignação formal
de preços, que poderá resultar ou não em futuras contratações. Assim, na
licitação para registro de preços, a indicação da dotação orçamentária apenas
será necessária por ocasião da formalização do contrato ou instrumento
equivalente;
b) Facultatividade da contratação: uma vez registrados os preços, o respectivo
fornecedor NÃO detém direito subjetivo à contratação (adjudicação
compulsória), pois a concretização do contrato é facultativa. Nos termos da Lei,
a existência de preços registrados NÃO obriga a Administração Pública a firmar
os contratos que deles poderão advir. Assim, poderão os órgãos envolvidos no
registro, mesmo durante a vigência da ata de preços (1 ano), instaurar licitação
específica, objetivando a contratação de bens ou serviços semelhantes aos que
foram registrados.
c) Preferência para o preço registrado: embora a contratação dos fornecedores
registrados na ata de preços seja facultativa, terão eles preferência, caso seus
valores sejam iguais ou menores que os identificados no novo certame. Em
síntese, embora a Administração não seja obrigada a adquirir os bens
selecionados no sistema de registro de preços, o direito de preferência obtido
pelo particular exige que, diante de igualdade de preços e condições, seja dada
a ele preferência no fornecimento de bens.
d) Adoção facultativa: embora seja inconteste a conveniência do sistema de
registros de preços, a Lei n.º 8.666/93 NÃO estabeleceu a sua obrigatoriedade.
Assim, os órgãos e entes o adotam conforme juízo de discricionariedade.
e) Realização mediante concorrência: a licitação para registro de preços deve
seguir, consoante preceitua o art. 15, §3º, I, da Lei n.º 8.666/93, a sistemática
da modalidade concorrência. No entanto, CUIDADO: o art. 11 da Lei 10.520/02
(Lei do Pregão) estabelece a possibilidade de, no âmbito de contratação de
bens e serviços comuns, ser adotada licitação na modalidade pregão para o
respectivo registro de preços.

CESPE, TRF5, 2015: O sistema de registro de preços é o procedimento administrativo


por meio do qual a administração pública seleciona as propostas mais vantajosas, que
ficarão registradas para futuras contratações de prestação de serviços e aquisição de
bens mediante concorrência ou pregão. (Certo).
 ATENÇÃO – Efeito “carona”
No procedimento licitatório para o registro de preços, a Administração participa em
duas vertentes: (i) “órgão gerenciador”, que é responsável pela condução do certame
e gerenciamento da ata de registros de preços decorrente; e (ii) “órgão participante”,
que atua nos procedimentos iniciais e integra a ata de registro de preços, incluindo sua
pretensão contratual no certame conduzido pelo órgão gerenciador.
Ocorre que, regulamentando a Lei n.º 8.666/93, o Decreto federal n.º 3.931/2001, em
seu art. 8º, franqueou a outros órgãos e entidades a possibilidade de aderirem ao
registro de preços, ainda que não tenham participado do procedimento.
Assim, nos termos do dispositivo referido, “a Ata de Registro de Preços, durante sua
vigência, poderá ser utilizada por qualquer órgão ou entidade da Administração que
NÃO tenha participado do certame licitatório, mediante prévia consulta ao órgão
gerenciador, desde que devidamente comprovada a vantagem”.
O novo regulamento federal do sistema de registro de preços (Decreto n.º 7.892/2013)
manteve a previsão do efeito “carona”. Tal possibilidade visa atender o princípio da
economicidade, pois evita que o mesmo procedimento de registro seja repetido, pelo
simples fato de o órgão interessado na contratação não ter dele participado.
15. REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO DE LICITAÇÃO: REPERCUSSÕES JURÍDICAS
Dispõe o art. 49 da Lei n.º 8.666/93: A autoridade competente para a aprovação do
procedimento somente poderá (1) REVOGAR a licitação por razões de interesse
público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e
suficiente para justificar tal conduta, devendo (2) ANULÁ-LA por ilegalidade, de ofício
ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente
fundamentado.
Portanto, se ocorrer motivo superveniente, em razão do qual a Administração tenha
justificativas de interesse público bastantes para não contratar, poderá, mediante ato
fundamentado, REVOGAR a licitação, assegurando prévio contraditório e ampla defesa
ao vencedor do certame, interessado em firmar solução contrária.
Celso Antônio Bandeira de Mello defende que, com ou sem previsão legal, o licitante
vencedor, cuja proposta haja sido satisfatória, terá, no caso de REVOGAÇÃO LÍCITA,
direito a ser indenizado pelas despesas em que incorreu para disputar o certame.
Por sua vez, na hipótese de REVOGAÇÃO ILÍCITA, na qual não existam mais meios para
assegurar a efetivação do contrato, aquele que teria direito a ele fará jus a uma
indenização que acoberte não apenas as despesas que efetuou para disputar o
certame, mas também o que perdeu e deixou de ganhar em decorrência do ato ilícito
que lhe frustrou os proveitos que auferiria com o contrato.

REVOGAÇÃO LÍCITA Direito a ser indenizado pelas despesas


em que incorreu para disputar o
certame.
REVOGAÇÃO ILÍCITA Direito a ser indenizado pelas despesas
em que incorreu para disputar o certame
+ o que perdeu e deixou de ganhar em
decorrência do ato ilícito que lhe
frustrou os proveitos que auferiria com o
contrato.

No que tange à anulação, esta terá cabimento em caso de ilegalidade, constatada de


ofício ou mediante provocação de terceiros. Consoante preconiza o art. 49, §1º c/c art.
59, a ANULAÇÃO do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade NÃO gera a
obrigação de indenizar, salvo no que respeita ao que já tenha sido executado pelo
contratado até a data da fulminação e por outros prejuízos regularmente
comprovados.

ANULAÇÃO NÃO gera a obrigação de indenizar

Saliente-se que o dever de indenizar os referidos danos depende de que o vício


invalidante não seja imputável ao licitante, devendo-se promover a responsabilização
de quem lhe tenha dado causa.
Bandeira de Mello, entretanto, aduz que o art. 37, §6º, da CF/88 enseja
responsabilização ainda com maior amplitude. Segundo o autor, se a Administração
ou o Judiciário invalidam um edital de licitação ou o próprio certame já em
andamento ANTES de conhecido quem deveria ser seu vencedor, todos os que
afluíram à disputa e, destarte, foram compelidos a despesas para dela participarem
fazem jus à indenização pelos dispêndios incorridos, desde que tenham atuado de
boa-fé e em nada tenha concorrido para a ilegalidade verificada.
Por outro lado, destaca o autor que, se a ilegalidade do procedimento licitatório for
decretada DEPOIS de identificado quem seria o seu vencedor, a indenização deverá
acobertar tão somente este e, se for o caso, também aquele que teria óbito vitória
não fosse pelo vício reconhecido. Isso porque, tendo o participante sucumbido na
competição, de qualquer sorte, as despesas de sua participação restariam
desacobertadas, ainda que não houvesse ilegalidade alguma no procedimento.
Por fim, impõe-se mencionar que, nos termos do art. 49, §2º, a nulidade do
procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvando-se o dever de indenizar na
forma do art. 59.
Em resumo:

REVOGAÇÃO ANULAÇÃO
CAUSAS Razões de interesse Ilegalidade.
público decorrente de fato
superveniente, pertinente
e suficiente para justificar
a revogação.
EFEITOS Revogação lícita: dever de Lei n.º 8.666: não gera
indenizar o licitante obrigação de indenizar,
vencedor pelas despesas ressalvado o que o
em que incorreu para licitante vencedor já
disputar o certame houver executado e
(CABM); outros prejuízos
regularmente
comprovados (art. 49, §1º
c/c art. 59);

Revogação ilícita: dever CABM: o dever de


de indenizar o licitante indenizar tem fundamento
vencedor pelas despesas do art. 37, §6º, da CF/88.
em que incorreu para Se a anulação ocorrer
disputar o certame, mais ANTES de se conhecer o
as perdas e o que deixou vencedor, todos devem
de ganhar com o contrato ser indenizados pelas
(CABM). despesas de participação.

Se a anulação ocorrer
DEPOIS de conhecido o
vencedor, apenas este
deverá ser indenizado,
pelas parcelas constantes
do art. 59 da Lei n.º
8.666/93.

16. APROFUNDAMENTO PAR A PROVA SUBJETIVA


Em algumas situações, um órgão ou entidade pública que não participou da licitação
que deu ensejo à ata pretende contratar com o licitante vencedor, por meio de adesão
à ata de registro de preços feita por outro órgão. É o que a doutrina convencionou
chamar de licitação "carona".
Só ocorrerá após a anuência do órgão gerenciador e desde que não prejudique as
obrigações presentes e futuras decorrentes da ata, assim o licitante vencedor da ata
de registro de preços não está obrigado a celebrar o contrato com o "carona".
ATENÇÃO! O Tribunal de Contas da União entende modernamente que o quantitativo
adquirido pelo licitante "carona" será abatido do valor total da ata. Sendo assim, se a
ata previa a compra de 20 itens e 10 itens foram adquiridos pelo órgão que aderiu à
ata, o órgão licitante somente poderá fazer a aquisição de 10 itens, com base naquela
ata.
O art. 22, § 4º, do Decreto 7.892/13 dispõe que "O instrumento convocatório deverá
prever que o quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de preços não
poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do quantitativo de cada item registrado na
ata de registro de preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes,
independente do número de órgãos não participantes que aderirem". Assim, a soma
das aquisições efetivadas pelos licitantes que estão aderindo à ata de registro de
preços poderá ultrapassar o quantitativo da ata, mas fica limitada ao montante de 5
vezes este valor.
ATENÇÃO! É vedada aos órgãos e entidades da Administração Pública federal a
adesão a ata de registro de preços gerenciada por órgão ou entidade municipal,
distrital ou estadual, não obstante seja facultada aos órgãos ou entidades municipais,
distritais ou estaduais a adesão a ata de registro de preços da Administração Pública
Federal.
17. OBSERVAÇÕES

 Súmula 635-STJ: Os prazos prescricionais previstos no artigo 142 da Lei


8.112/90 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura
do procedimento administrativo tomar conhecimento do fato, interrompendo-
se com o primeiro ato de instauração válido, sindicância de caráter punitivo ou
processo disciplinar, e volta a fluir por inteiro após decorridos 140 dias desde a
interrupção.
 STJ - Súmula n. 333: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em
licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

 Para obras e serviços de engenharia


1- modalidade convite: até R$ 330 mil;
2- modalidade tomada de preços: até R$ 3,3 milhões;
3- modalidade concorrência: acima de R$ 3,3 milhões.
 Para compras e serviços que não sejam de obras ou de engenharia:
1- modalidade convite: até R$ 176 mil;
2-modalidade tomada de preços: até R$ 1.430.000,00; e
3-modalidade concorrência: acima de R$ 1.430.000,00.

 Obervação:
10% dos valores máximos previstos para a modalidade convite (33mil x 17,6 mil)=
licitação dispensável
5% dos valores máximos previstos para a modalidade convite (compras e serviços que
não sejam de obras ou de engenharia) (8,8mil) = contrato verbal

 Será DISPENSÁVEL a licitação quando não acudirem interessados à licitação


anterior (DESERTA) e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições
preestabelecidas.

 Art. 30. § 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins de


comprovação da capacitação técnico-operacional de que trata o inciso I do § 1º
deste artigo deverão participar da obra ou serviço objeto da licitação,
admitindo-se a substituição por profissionais de experiência equivalente ou
superior, desde que aprovada pela administração.

 Nas hipóteses em que for adotada a contratação integrada, é vedada a


celebração de termos aditivos aos contratos firmados, EXCETO para a
recomposição do equilíbrio econômico-financeiro decorrente de caso fortuito
ou força maior ou por necessidade de alteração do pedido da Administração,
nos limites percentuais da Lei 8.666 (25% de acréscimos ou supressões, ou 50%
para acréscimos no caso de reforma de edifício ou equipamento). Termo
aditivo só é aceito quando as necessidades de alteração partirem da
administração pública (observados os limites da 8666/93); caso fortuito e força
maior.

 As compras públicas, sempre que possível, serão processadas por meio de SRP
(Sistema de registro de preços).

 O sistema de registro não configura uma modalidade de licitação. Na verdade,


o registro de preços é um sistema usado para compras, obras ou serviços
rotineiros no qual, ao invés de realizar várias licitações, o Poder Público realiza
uma concorrência e a proposta vencedora será registrada, ficando disponível
para quando houver necessidade de contratação.
 Não se concederá mandado de segurança quando se tratar de ato do qual caiba
recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução.
FCC: pode-se impetrar mandado de segurança contra ato do presidente da
comissão de licitação, em razão da proposta inexequível, não sendo obrigatória
prévia apresentação de recurso administrativo. (Certa). (Polêmico pois
contraria o texto da lei, como exposto acima, mas por outro lado, preconiza o
princípio da inafastabilidade da jurisdição)

 Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que se deu
o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto
quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das
propostas.

 A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da conclusão e


aprovação, pela autoridade competente, dos trabalhos relativos às etapas
anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido
concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também
autorizado pela Administração.

 No PREGÃO, para julgamento e classificação das propostas, será adotado o


critério de menor preço.

 Prazo para recebimento das propostas para Licitação


 45 dias-CONCURSO E CONCORRÊNCIA (empreitada integral ,
melhor técnica ,melhor técnica e preço);
 30 dias- CONCORRÊNCIA E TOMADA (melhor técnica e melhor
técnica e preço);
 15 dias- TOMADA DE PREÇO E LEILÃO;
 5 dias ÚTEIS- CONVITE;
 8 dias ÚTEIS- PREGÃO;

 Lei 12.462/11, que instituiu o Regime Diferenciado de Contratações:


Art. 47-A. A administração pública poderá firmar contratos de locação
de bens móveis e imóveis, nos quais o locador realiza prévia aquisição,
construção ou reforma substancial, com ou sem aparelhamento de
bens, por si mesmo ou por terceiros, do bem especificado pela
administração.

 O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido que a


contratação direta, quando não caracteriza situação de dispensa ou
inexigibilidade de licitação, gera lesão ao erário (dano in re epsa), na
medida em que o Poder Público perde a oportunidade de contratar a
melhor proposta.
 EXECUÇÃO INDIRETA ABRANGE:
 EMPREITADA POR PREÇO GLOBAL -----------> PREÇO CERTO E
TOTAL

 EMPREITADA PREÇO UNITÁRIO -------------> PREÇO CERTO DE


UNIDADES DETERMINADAS

 EMPREITADA INTEGRAL ------------------------> EMPREENDIMENTO


EM SUA INTEGRALIDADE

 TAREFA ------------------------------------------------> AJUSTA MÃO DE


OBRA.

De acordo com a Lei n° 8.666/1993, são crimes e estão sujeitos a pena de detenção
e multa:
Dispensar ou inexigir licitação fora das Pena - detenção, de 3 a 5 anos, e multa.
hipóteses previstas em lei, ou deixar de
observar as formalidades pertinentes à
dispensa ou inexigibilidade.
Impedir, perturbar ou fraudar a Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e
realização de qualquer ato de multa.
procedimento licitatório.
Afastar ou procura afastar licitante, por Pena - detenção, de 2 a 4 anos, e multa,
meio de violência, grave ameaça, fraude além da pena correspondente à violência.
ou oferecimento de vantagem de
qualquer tipo.
Admitir à licitação ou celebrar contrato Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e
com empresa ou profissional declarado multa.
inidôneo.

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