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Kuhn em “Ideias de canário”

1.INTRODUÇÃO
Kuhn, em busca de uma nova abordagem de ciência, criou conceitos como
paradigma, anomalia, ciência normal, revolução científica e incomensurabilidade. Esses
conceitos podem ser muito bem exemplificados ao analisamos o canário machadiano em
“Ideias de canário”. Portanto, o objetivo dessa dissertação é estabelecer em quais
momentos do conto os respectivos conceitos de Kuhn podem ser observados.

2.DESENVOLVIMENTO
Em “A estrutura das revoluções científicas” Kuhn cria novos conceitos a fim de
promover uma nova visão sobre acontece a ciência. Esses conceitos são: paradigma,
anomalia, ciência normal, revolução científica e incomensurabilidade, e para que
prossigamos é imprescindível uma breve introdução à lógica kuhniana.
Segundo o físico, a ciência não deve desenvolver-se a partir do acúmulo de
teorias(incomensurabilidade), mas a partir da alternância entre ciência normal e ciência
extraordinária. A ciência normal acontece quando enquanto um paradigma (modelos
consensuais adotados pela comunidade científica de uma época) está respondendo aos
questionamentos que estão sendo feitos, é um período de amadurecimento da ciência.
Mas então ocorre alguma anomalia (algo a mais que um quebra-cabeça da ciência normal)
o que gera um período de crise, o paradigma anterior não se encaixa e busca-se novo
paradigma que possa fornecer respostas, acontecendo então a revolução científica.
Todos esses conceitos citados acima podem ser muito bem observados no conto
“Ideias de canário” de Machado de Assis, a história contada é a de um estudioso de
ornitologia que encontra um canário falante em uma loja de Belchior, durante sua
conversa o estudante pergunta ao pássaro qual era sua definição de mundo, que de pronto
o responde descrevendo a loja de Belchior, não lembrava de uma realidade diferente. O
personagem então resolve comprar a ave e leva-la para casa a fim de fazer experimentos,
lá a mesma pergunta é feita “O que é o mundo?” e dessa vez a resposta é o jardim no qual
sua gaiola ficava, sem memória alguma da antiga loja de Belchior. O tempo passou e
certo dia o canário acabou por escapar de sua gaiola, o estudioso ficou desolado mas após
certo tempo o reencontrou e fez a conhecida pergunta pela terceira e última vez, a resposta
final foi a de que o mundo era um céu azul.
Cada resposta diferente dada corresponde a um diferente paradigma, novos
paradigmas foram formulados a partir de anomalias, sendo essas a mudança do espaço
físico ao qual a ave estava limitada. Em cada nova resposta não há resquícios da anterior,
correspondendo à incomensurabilidade. E por fim, os períodos em que determinado
paradigma, uma ideia específica de mundo, é aceito encaixa-se no conceito de ciência
normal e quando esse paradigma muda há uma revolução científica.

3.CONCLUSÃO
Por fim, pode-se concluir que a partir das definições de mundo dadas pelo canário
pode-se facilmente exemplificar a lógica kuhniana de como deve ser o funcionamento da
ciência, “esquecida” e sempre disposta a formular novas respostas quando necessário.

4.REFERÊNCIAS

KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. Tradução de


Beatriz e Nelson Boeira. SP: Perspectiva, 1996.

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Ideias do canário. In: ___. Páginas


recolhidas. SP: W. M. Jackson Inc. Editores, 1957.

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