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São Paulo, 11 de outubro de 2021.

À Zurich Minas Brasil Seguros.


- A/C Alex Costa.

Ramo 51 – RC Geral
I - Informações Contratuais
Apólice 01.51.9196094
Exploração das atividades frigoríficas com abate
Área (s) de Atuação de bovinos e industrialização da carne in natura;
Importação e Exportação de produtos em geral
Sinistro 01.51.21.00324
Segurado Minerva S/A
Minerva Dawn Farms Industria e Comércio de
Cossegurado
Proteínas S/A
 
Segurado: Minerva S/A;
 Cossegurado: Minerva Dawn Farms Industria e Comércio de Proteínas S/A;
 Apólice: 01.51.9196094;
 Endosso: 167618 – Inclusão de Cossegurado; 167817 - Inclusão de
Cossegurado; 168073 - Inclusão de Cossegurado; 168179 - Inclusão de
Cossegurado; 168253 - Inclusão de Cossegurado; 168290 - Inclusão de
Cossegurado; 168319 - Inclusão de Cossegurado; 168381 - Inclusão de
Cossegurado; 168528 - Inclusão de Cossegurado;
 Área de Atuação: Exploração das atividades frigoríficas com abate de
bovinos e industrialização da carne in natura; Importação e Exportação de
produtos em geral;
 Vigência: 28/04/2020 a 28/04/2021;
 Importância Segurada (LMI): USD 650.000,000 (R$ 3.594.500 – consoante
valor do dólar em 08/10/2021, qual seja, R$ 5,53);
 Questionário: Proposta da apólice recepcionada, porém, sem observações a
serem feitas à presente regulação;
 Modalidade: Apólice à Base de Ocorrência;
 Cobertura Aplicável: RC Empregador;
 Coberturas Particulares: Cláusula Particular de Sanções e Embargos;
 Exclusões: Cláusula IV;
 POS/Franquia: POS de 25% sob os prejuízos indenizáveis com mínimo de
USD 10.000,00 (R$ 55.300,00– consoante valor do dólar em 08/10/2021, qual
seja, R$ 5,53) por ocorrência;
 Sinistro: 01.51.21.00324;
 Local do Risco: Todos os locais comprovadamente adquiridos, controlados,
alugados e/ou ocupados pelo Segurado no Território Brasileiro e nos demais
países mencionados acima, desde que não haja alteração na atividade
desenvolvida pelo mesmo, ou nas informações apresentadas para a cotação do
seguro.

II - Informações Fáticas / Documentais 1

 Fato Gerador: Acidente de Trabalho;


 Data do Fato Gerador: 14/01/2021;
 Processo: Reclamação Trabalhista n. 0011069-22.2021.5.15.0011 – Vara do
Trabalho de Barretos/SP;
 Status Atual do Processo: Inicial;
 Partes no Processo: Rogério da Silva Santos x Minerva Dawn Farms
Industria e Comercio de Preteinas S/A;
 Terceiro Prejudicado: Rogério da Silva Santos;
 Valor do Pedido: R$ 223.022,40 (valor da causa);
 Data da Citação: 08/09/2021 (Distribuição);
 Data do Aviso: 22/09/2021;
 Prescrição (lide principal): Não aplicável;

1 Com base na documentação encaminhada para análise.

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 Prescrição (lide secundária): Não aplicável, aviso realizado dentro do prazo
ânuo;
 Comunicação imediata do sinistro: Não;
 Cobertura: A apurar – a depender de laudo médico pericial;
 Reserva: R$ 34.843,53;
 Sugestão de Acordo: Não;
 Orientação: Constituição de reserva e monitoramento;
 Atualização Processual: Não.

III – Do Sinistro

Trata-se o presente sinistro de uma Reclamação Trabalhista, registrada


sob o número nº 0011069-22.2021.5.15.0011, em trâmite perante a Vara do Trabalho
de Barretos/SP, movida por Rogério da Silva Santos em face de Minerva Dawn
Farms Industria e Comercio de Preteinas S/A.

Em seu petitório vestibular, alega o reclamante ter sido admitido pelo


Segurado em 19/04/2010, para exercer a função auxiliar de higienização,
percebendo como remuneração o valor de R$ 1.500,00. Ainda, ressaltou que o
seu contrato de trabalho ainda se encontra vigente.

Segue sua narrativa alegando que em 14/01/2021, por volta das


05h50min, no trajeto ao trabalho, sendo transportado por empresa contratada
pelo Segurado, sofreu acidente, em razão da suposta imprudência do motorista
de ônibus, que passou bruscamente por uma valeta, fazendo com que o
reclamante sofresse uma queda, vindo a bater com a coluna no braço do banco e,
posteriormente, sendo arremessado ao assoalho do veículo.

Alega que em razão do acidente, sofreu diversas lesões na lombar, tais


como fratura da vertebra lombar, conforme se verifica no CAT.

Nesse sentido, aduz que fora socorrido pelo SAMU e levado para Santa
Casa de Misericórdia de Barretos, onde foi medicado e colocado colete de

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“putt”. Devido ao acidente, o reclamante permaneceu afastado pelo INSS, por 3
meses.

Por fim, alega que retornou a suas atividades, mesmo estando com sua
capacidade laborativa reduzida, além de dores crônicas.

Diante o exposto, pleiteou:

- Verbas Trabalhistas Diversas;

- Pensão Mensal Vitalícia (a ser paga de uma só vez) no valor de R$


160.000,00;

- Danos morais no valor de R$ 40.000,00;

- Custas Processuais e Honorários Advocatícios em 15%.

Deu-se à causa o valor de R$ 223.022,40.

Como último andamento processual verificamos que em 14/09/2021 o


Segurado solicitou sua habilitação nos autos.

É o estado atual do processo.

É o relatório.

IV – Da Prescrição

Em relação a lide primária, informamos que, conforme previsto no artigo 206,


parágrafo 3º, V, do Código Civil, o terceiro possui prazo trienal para pleitear, em face
do empregador, em virtude de danos havidos por acidente de trabalho, contados da
data do acidente.

Art. 206. Prescreve:

§ 3º  Em três anos:

V - a pretensão de reparação civil;

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Deste modo, como o acidente ocorreu em 14/01/2021 e a ação foi distribuída
em 08/09/2021, não há de se falar em prescrição referente a lide principal.

Neste mesmo sentido, considerando que o Segurado comunicou o sinistro à


seguradora (22/09/2021), quando da distribuição do processo (08/09/2021),
igualmente não há o que se falar em prescrição ânua, referente a lide secundária.

V – Do Dever de Comunicação Imediata do Sinistro

Nesse ponto, conforme as Condições Gerais da Apólice n° 01.51.9196094,


noticiamos a existência do dever imediato de comunicação do sinistro por parte do
segurado, nos termos da cláusula VIII – Obrigações do Segurado. Senão vejamos:

VIII - OBRIGAÇÕES DO SEGURADO COMO PRÉ-CONDIÇÃO PARA


EXIGIR O CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DA SEGURADORA
PREVISTAS NESTA APÓLICE, O SEGURADO DEVERÁ:

A) DAR IMEDIATO AVISO À SEGURADORA , POR ESCRITO, DA


OCORRÊNCIA DE QUALQUER FATO DE QUE POSSA ADVIR
RESPONSABILIDADE CIVIL , NOS TERMOS DESTE CONTRATO DE
SEGURO;

B) COMUNICAR À SEGURADORA, DE IMEDIATO, O


RECEBIMENTO DE QUALQUER CITAÇÃO , CARTA OU
DOCUMENTO QUE SE RELACIONE COM SINISTRO OU ALEGADO
SINISTRO INDENIZÁVEL POR ESTE CONTRATO DE SEGURO;

Ainda, cumpre esclarecer que, corroborando com o clausulado


mencionado, a mesma disposição é prevista no artigo 771 do Código Civil,
conforme abaixo:

Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização , o segurado


participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as
providências imediatas para minorar-lhe as consequências.

Parágrafo único. Correm à conta do segurador, até o limite fixado no


contrato, as despesas de salvamento consequente ao sinistro

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Assim, há possibilidade de aplicação da sanção de perda de direito, se
houver elementos para o reconhecimento da comunicação tardia, nos termos da
Cláusula de Perda do Direito. como se vê:

XV - PERDA DE DIREITO

ALÉM DOS CASOS PREVISTOS EM LEI, O SEGURADO PERDERÁ O


DIREITO A QUALQUER INDENIZAÇÃO DECORRENTE DESTE
CONTRATO DE SEGURO QUANDO:

(...)

2. Deixar de cumprir as obrigações convencionadas neste Contrato de


Seguro;

3. Deixar de participar o sinistro à sociedade seguradora, tão logo tome


conhecimento, e deixar de adotar as providências imediatas para minorar
suas consequências.

Nesse sentido, informamos que o presente sinistro está consubstanciado


em um acidente do trabalho ocorrido em 14/01/2021, sendo a comunicação
realizada em 22/09/2021.

Assim, considerando que a comunicação fora realizada no prazo ânuo, ou


seja, em menos de um ano após o acidente, não há de se falar em inobservância
do dever imediato de comunicação.

VI – Da Análise de Cobertura

Com efeito, analisando os documentos encaminhados, verificamos que


estamos diante de uma Reclamação Trabalhista, em que o reclamante alega ter
sofrido acidente de trabalho, consubstanciado em lesões na lombar, pelo que
pleiteou indenização por danos morais, corporais (no tocante ao pensionamento) e
verbas trabalhistas.

Inicialmente, ressaltamos que a apólice contratada, de n. 01.51.9196094, é de


Responsabilidade Civil Geral, com condições especiais, e à base de ocorrência;
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assim, considerando que o sinistro (Fato Gerador), como já mencionado, ocorreu
em 14/01/2021, ou seja, dentro da vigência da apólice (28/04/2020 a
28/04/2021), esta terá a função de definir o particular clausulado para efeitos de
regulação de sinistro.

Ademais, destaca-se que resta comprovado a existência do alegado acidente,


tendo em vista a emissão do CAT. Vejamos:

Superados esses pontos, passa-se a analisar, então, a cobertura contratual.

Neste sentido, esclarecemos que a apólice contratada possui a garantia


especial de Responsabilidade Civil do Empregador, que prevê o pagamento das
indenizações provenientes de danos que resultem em morte ou invalidez
permanente de Empregado diante de um acidente de trabalho súbito e
inesperado, senão vejamos:
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RC EMPREGADOR

1 - Riscos Cobertos

1.1. A responsabilidade civil do Segurado coberta na forma da Clausula I – Objeto


do Seguro das Condições Gerais desta Apólice e decorrente dos Danos Corporais
sofridos por seus Empregados quando a serviço dele ou durante o percurso de ida e
volta ao trabalho, sempre que a viagem for realizada por veículo contratado pelo
Segurado.

1.2. A cobertura abrange apenas os Danos Corporais e Danos Morais diretamente


consequentes dos Danos Corporais que resultarem em morte ou invalidez
permanente do Empregado, resultantes de acidente súbito e inesperado.

1.2.1. Para os efeitos deste seguro, entende-se por invalidez permanente a doença
ou acidente considerado pela perícia médica da Previdência Social como fator
incapacitante do Empregado, para exercer as atividades que exercia na época do
acidente ou doença.

Como demonstrado acima, a Cobertura de RC Empregador prevê o


pagamento de indenizações quanto a danos corporais que resultem em invalidez
permanente de empregados quando a serviço do segurado, decorrentes de acidente
súbito e inesperado, como fator incapacitante do Empregado para exercer as
atividades que exercia na época do acidente.

Considerando o clausulado ora mencionado, é necessário que se comprove a


invalidez permanente do terceiro, de modo a ficar incapacitado para exercer as
atividades que exercia à época do acidente, para que se possa, então, confirmar a
cobertura securitária relativa ao sinistro.

Nesta senda, tendo em vista que o processo se encontra na fase inicial, sem a
emissão, até então, de laudo médico judicial, não é possível apontar a conclusão de
cobertura ao sinistro, razão pela qual devemos monitorá-lo.

Aqui, vale destacar que, consoante narrativa dos fatos, o evento ocorreu
quando a vítima estava a caminho do trabalho, em veículo contratado pelo Segurado
para esta finalidade, como se vê:

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Contudo, não fora juntando aos autos o contrato de prestação de serviços entre
o Segurado e a empresa contratada, bem como não restou comprovado que a empresa
terceira prestava o serviço de transporte dos colaboradores do Segurado ao trabalho.

Deste modo, com vistas a continuidade da regulação, consideraremos a


existência do vínculo obrigacional entre Segurado e a empresa terceira, a ser
devidamente comprovada com a documentação solicitada.

Vale ressaltar, caso comprovado a inexistência de vínculo obrigacional entre


Segurado e a empresa terceira, de modo que aquele não tenha contratado o serviço de
transporte de empregados, estaremos diante de hipótese de um risco excluído da
apólice.

IV - RISCOS EXCLUÍDOS

1.10. A circulação de veículos terrestres fora dos locais de propriedade, alugados


ou controlados pelo segurado;

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Desse modo, por ora, temos o enquadramento do sinistro na Cobertura de RC
Empregador, considerando que o acidente do reclamante ocorreu durante o percurso
de ida ao trabalho, bem como decorreu de acidente em veículo de empresa contratada
pelo Segurado.

Assim, tem-se que o ocorrido possui amparo segundo os termos das


condições especiais da apólice contratada.

Inobstante, para fins de continuidade da regulação, tomaremos por base o pior


cenário, quer seja, apuração pericial/reconhecimento judicial de existência de
invalidez permanente e incapacidade laborativa do reclamante; nesse passo, os danos
morais e corporais (no tocante ao pensionamento) pleiteados possuirão cobertura,
como se pode observar nos termos expostos no Objetivo do Seguro:

CONDIÇÕES GERAIS - APÓLICE À BASE DE OCORRÊNCIA

I - OBJETO DO SEGURO

O Seguro de Responsabilidade Civil é aquele que garante ao Segurado, quando


responsabilizado por Danos Corporais, Danos Materiais e/ou Danos Morais
causados a Terceiros, ocorridos durante a Vigência deste Contrato de Seguro,
as indenizações que for obrigado a pagar, a título de reparação, em sentença
judicial transitada em julgado, ou por acordo com os terceiros prejudicados,
com a anuência da Sociedade Seguradora, desde que atendidas as disposições
do Contrato de Seguro.

Dessa forma, tem-se que os pleitos por danos morais e corporais (no tocante
ao pensionamento) são passíveis de cobertura securitária.

Ainda no tocante aos danos morais, observando-se o sinistro ocorrido


(acidente de trabalho), tem-se que os mesmos são diretamente decorrentes dos danos
corporais sofridos pelo terceiro.

Para tanto, vejamos as definições da apólice para Dano Moral e Dano


Corporal, respectivamente:

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DANO MORAL – danos extrapatrimoniais causados a terceiros e consequentes
de Acidentes ou Sinistros que ofendam a personalidade, a honra, a moral, as
crenças, o afeto, a etnia, a nacionalidade, a naturalidade, a liberdade, a
profissão, o bem-estar, a psique, o crédito ou o bom nome deles. E desde que,
diretamente consequentes de Danos Materiais ou Danos Corporais cobertos
por esta apólice.

DANO CORPORAL – lesão física causada ao corpo da pessoa, inclusive morte


e invalidez.

Dessa forma, não havendo conflito entre a cobertura básica e as condições


gerais e, considerando que os danos morais no caso em tela são diretamente
decorrentes de danos corporais sofridos pelo terceiro, é de rigor seu amparo
securitário.

Ademais, apontamos que, referente aos pedidos de verbas trabalhistas, não há


de se falar em amparo securitário segundo as exclusões presentes nas Condições
de RC Empregador, visto tratar-se de descumprimento de obrigações
trabalhistas, como se vê:

RC EMPREGADOR

2- RISCOS EXCLUÍDOS

2.1. Além das exclusões constantes nas Condições Gerais, este contrato de
seguro não cobre :

A) Reclamações resultantes do descumprimento de obrigações


trabalhistas relativas à seguridade social, seguros de acidentes de
trabalho, pagamento de salários e similares ;

Dessa forma, toda e qualquer verba trabalhista carece de amparo securitário,


razão pela qual os referidos pleitos não serão incluídos para efeitos de cálculo e
estimativa de reserva.

Por fim, desde que; (i) seja apurada por laudo médico pericial a invalidez
do reclamante, decorrente de acidente de trabalho súbito e inesperado, que o
incapacite para consecução de suas atividades laborais pretéritas e; (ii) ficar
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devidamente comprovado que o acidente ocorreu com veículo contratado pelo
Segurado para transporte de seus funcionários, concluir-se-á pela existência de
cobertura securitária quanto aos pedidos de danos morais e danos corporais (no
tocante ao pensionamento) pretendidos, excluindo-se, desde já, o pedido por
pagamento de verbas trabalhistas, pelo que se passa a seguir à estimativa de
reserva.

VII – Da Estimativa de Reserva

Superada a análise referente à Cobertura Securitária, passemos a


quantificar o valor de reserva.

Quanto ao cálculo de pensionamento, tendo em vista que não há até o


presente momento laudo pericial médico, a fim de determinar o percentual da perda
de capacidade sofrida pelo reclamante em razão do acidente, considerando o pior
cenário de condenação, tomaremos por base as informações contidas na tabela
SUSEP, que reserva o percentual de 25% Imobilidade do segmento tóraco-lombo-
sacro da coluna vertebral, como se vê:

Aqui, cumpre esclarecer que a renda mensal do terceiro, conforme CAT,


perfaz a monta de R$ 1.504,20, dado que utilizaremos para fins de cálculo de
estimativa de reserva.

Nessa toada, cumpre salientar que será considerada para fins de cálculos
a expectativa de vida de acordo com índice do IBGE é 76,3 anos, posicionamento

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este adotado pelos nossos Tribunais de Justiça Nacionais e Tribunais Regionais do
Trabalho:

TRT-17 - RO: 00003728320165170132


RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. DANOS MORAIS E
ESTÉTICOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. (...) Isto posto, condena-se a
reclamada a pagar ao autor indenização por danos materiais: a) no importe de
20% da última remuneração percebida, a partir da data da dispensa até a data
em que completará 74 anos de idade, nos termos do pedido (a expectativa do
homem brasileiro de trinta e oito anos na data da prolação dessa decisão,
hoje, conforme tábua completa de mortalidade homens 2016 - site
ibge.gov.br, é de 76,3 anos); (...) Quanto à expectativa de vida, informa que,
na data da prolação da sentença, esta era de 76,3 anos, "(...) tendo o juiz
limitado a 74 anos em razão de um suposto requerimento formulado pelo
reclamante na exordial." (...) Requer, assim, reforma da r. sentença para que
seja deferido o pagamento de pensão mensal, em parcela única, levando-se em
consideração a expectativa de vida de 76,3 anos, ou, de forma subsidiária, o
pagamento de pensão vitalícia. (...) 2.3.2. EXPECTATIVA DE VIDA.
PENSÃO VITALÍCIA. PERCENTUAL DA CAPACIDADE LABORATIVA.
DANO EMERGENTE. PREJUÍZO ANTERIOR À RESILIÇÃO CONTRATUAL.
Quanto à expectativa de vida e pensão vitalícia, analisando a inicial, verifico
que o autor postulou a condenação da ré ao pagamento de pensão mensal,
"desde o dia do acidente até a estimativa de vida do reclamante, que
atualmente é de 74 (setenta e quatro anos)." E, nesse aspecto, ao contrário do
entendimento adotado pelo juízo de piso, considero que o autor não delimitou
seu pedido de pagamento de pensão até os 74 anos idade, e, sim de acordo
com a estimativa de vida à época do ajuizamento da ação. Conforme "Nota
técnica da Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil - 2017" extraída do
próprio site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
(ftp://ftp.ibge.gov.br/Tabuas_Completas_de_Mortalidade/Tabuas_Completas_
de_Mortalidade_2017/tabua_de_mortalidade_2017_analise.pdf), (acessado em
08/05/2019): "A tábua de mortalidade projetada para o ano de 2017 forneceu
uma expectativa de vida de 76,0 anos para o total da população, um acréscimo
de 3 meses e 11 dias em relação ao valor estimado para o ano de 2016 (75,8
anos). Para a população masculina o aumento foi de 3 meses e 14 dias
passando de 72,2 anos para 72,5 anos, em 2017. Já para as mulheres o ganho
foi um pouco menor, em 2016 a expectativa de vida ao nascer era de 79,4 anos
se elevando para 79,6 anos em 2017 (2 meses e 26 dias maior)." Feitas as
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considerações acima, defiro o pagamento de pensão mensal vitalícia, porém
limitada à expectativa de vida, que conforme tábua completa de mortalidade
2017, extraída do site do IBGE, é de 76 anos. (...) Isto posto, dou parcial
provimento ao recurso do reclamante para deferir o pagamento de pensão
mensal vitalícia, porém limitada à expectativa de vida, que conforme tábua
completa de mortalidade 2017, extraída do site do IBGE, é de 76 anos , bem
como o pagamento do dano emergente, durante a fruição do benefício
previdenciário, correspondente à diferença entre o salário do autor e o valor
recebido pela Previdência Social. (...) (TRT-17 - RO: 00003728320165170132,
Relator: CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA, Data de Julgamento: 23/05/2019,
Data de Publicação: 25/06/2019)

TJ-SP 10008155520168260604 SP
Acidente de veículo. Vínculo entre o proprietário do reboque e do veículo
rebocado. (...) Pensão arbitrada corretamente. Inexistência de limite de 65
anos para a pensão mensal, que deve ser fixada com base na expectativa
média de vida da vítima, segundo tabela do IBGE da data do óbito.
Necessidade de incluir 13º salário. Direito de acrescer que decorre
logicamente do pensionamento. Apelo parcialmente provido. (...) Também sem
razão o réu ao pretender ser devida pensão mensal aos autores somente até a
data em que vítima completaria 65 anos, uma vez que a idade indicada não é
mais utilizada como parâmetro: “Conforme entendimento pacífico do
Colendo Superior Tribunal de Justiça, o critério para se determinar o termo
final da pensão devida aos autores é a expectativa de vida do homem
brasileiro, à época da decisão, de modo que a idade de 65 anos não é
absoluta: REsp. n. 1.244.979, rel. Min. Herman Benjamin, j. 10.5.2011, e
EREsp. n. 885.126, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 21.2.2008. A mesma Corte
admite a utilização da Tabela do IBGE para se aferir a expectativa de vida do
falecido na época dos fatos : “É possível a utilização dos dados estatísticos
divulgados pela Previdência Social, com base nas informações do IBGE, no
tocante ao cálculo de sobrevida da população média brasileira” (REsp. n.
1.027.318, rel. Min. Herman Benjamin, j. 7.5.2009). No caso, o falecido
contava com 27 anos de idade (fs. 40) e considerando que a expectativa de
sobrevida da Tabela do IBGE (acesso à página do IBGE em 2.12.2013) para a
época dos fatos era de 48,9 anos, alcança-se a idade de 75,9 anos, limite para
a fixação do pensionamento concedido.” (Apelação nº 0003919-
65.2008.8.26.0309, Rel. Des. Hamid Bdine Jr. , 31ª Câmara de Direito
Privado). Ou seja, não há data estanque para arbitramento da pensão, pois a
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pensão deve ser fixada, nos termos do entendimento esposado pelo Superior
Tribunal de Justiça, “até a data correspondente à expectativa média de vida
da vítima, segundo tabela do IBGE da data do óbito ou até o falecimento dos
beneficiários ” (Recurso Especial nº 1.421.460/PR, Relator Ministro Marco
Aurélio Bellizze, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe
30/09/2014). Portanto, como o autor faleceu em 2013 com 43 anos, deve ser
consultada a tabela do IBGE para esse ano e para as pessoas que contavam
com 43 anos. Nesta conformidade, em consulta ao site do IBGE, verifica-se
que em 2013, uma pessoa com 43 anos de idade, teria sobrevida de 33,3 anos,
ou seja, viveria até alcançar 76,3 anos. Sendo assim, a sentença respeitou este
entendimento ao determinar que a pensão deve ser limitada até a data em que
a vítima completaria 72 anos, em estrita congruência com o pedido dos
autores, não havendo o que se alterar. O pedido de pensionamento, por certo,
deve incluir a prestação correspondente ao 13º salário, considerando o
entendimento há muito esposado nos Tribunais Superiores: "O décimo terceiro
salário deve ser computado no salário base para o efeito de se fixar o
'quantum' indenizatório por danos causados por conduta ilícita" (RE 83.768).
(...) (TJ-SP 10008155520168260604 SP 1000815-55.2016.8.26.0604, Relator:
Ruy Coppola, Data de Julgamento: 11/05/2018, 32ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 11/05/2018)

Portanto, considerando o referencial etário do reclamante (05/03/1974), bem


como a data do acidente (14/01/2021) temos, para fins de cálculos, o seguinte:

- Idade do reclamante à época dos fatos: 46 anos e 10 meses;


- Salário do reclamante: R$ 1.504,20 x 25% = R$ 376,05;
- Expectativa do reclamante: 383 meses (com 13º salário);
- Parcelas vencidas: 09 meses = R$ 3.384,45;
- Parcelas vincendas com índice de deflação de 0,5%: 374 meses = R$
63.564,22;

0,005916063
Taxa de Juros: 0,50% ax: 9
Valor Pensão 376,05
Prazo: 374
Capital Garantidor 63.564,22

15
- Total vencidas e vincendas: R$ 66.948,67.

Para o cálculo de danos morais, após pesquisa de julgados no Tribunal


Superior do Trabalho, verificamos que as condenações em casos análogos, se
dão em R$ 15.000,00, conforme dispõe:

16
TST - RR: 195342013524000

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO APÓS A LEI Nº 13.015/2014. DANO


MORAL. LESÃO NA COLUNA LOMBAR. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
Para a fixação do valor da reparação por danos morais, deve ser observado o
princípio da proporcionalidade entre a gravidade da culpa e a extensão do dano,
tal como dispõem os arts. 5º, V e X, da Constituição Federal e 944 do CC, de
modo que as condenações impostas não impliquem mero enriquecimento ou
empobrecimento sem causa das partes. Cabe ao julgador, portanto, atento às
relevantes circunstâncias da causa, fixar o quantum indenizatório com
prudência, bom senso e razoabilidade. Devem ser observados, também, o caráter
punitivo, o pedagógico, o dissuasório e a capacidade econômica das partes. No
caso, tendo em vista a conclusão do laudo pericial, de que o reclamante possui
capacidade laboral total e irrestrita para as atividades habituais, verifica-se a
correta observância dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade,
tendo em vista que o Regional ao arbitrar o valor de danos morais, em R$
15.000,00 levou em consideração a gravidade do dano sofrido pela vítima, o
caráter punitivo e pedagógico da pena, além da capacidade econômica das
partes. Recurso de revista não conhecido . DANOS MATERIAIS. PENSÃO
VITALÍCIA. Nos termos do artigo 950 do Código Civil, a pensão é devida "se da
ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho". No caso, o laudo
pericial concluiu que "o reclamante possui capacidade laboral total e irrestrita
para as atividades habituais. Não há incapacidade laborativa e não há prejuízo
às atividades pessoais do reclamante". Assim, reconhecido que o trauma sofrido
não implicou em restrição alguma para o exercício de suas atividades, é
indevido o pagamento de pensão mensal. Recurso de revista não conhecido .
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT. A indicação do
trecho da decisão regional que consubstancia o prequestionamento da matéria
objeto do recurso é encargo da recorrente, exigência formal intransponível ao
conhecimento do recurso de revista. Precedentes. Recurso de revista não
conhecido. (TST - RR: 1953420135240002, Relator: Maria Helena Mallmann,
Data de Julgamento: 15/05/2019, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
17/05/2019)

No tocante aos honorários advocatícios, cumpre esclarecer que em que


pese a parte não esteja assistida por sindicato de classe, o caput do artigo 791-

17
A, da CLT, prevê o pagamento de
honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho, da seguinte:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos


honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e
o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.

Destarte, as cortes trabalhistas têm adotado posicionamento favorável ao


pagamento destes, como se vê:

TRT-11 - 00002867320165110005 (TRT-11)

Ementa: RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. DA MULTA DO ART.


477 DA CLT. Os fundamentos deduzidos nas razões recursais, são
absolutamente inovadores, visto não fizeram parte da resposta ofertada pela
reclamada, sendo afronta as regras do devido processo legal, do contraditório e
da ampla defesa, razão pela qual não conheço deste tópico por inovação a lide.
DA MULTA DO ART. 467 DA CLT . Todas as verbas pleiteadas na presente
ação se referem a matérias controversas, discutidas em juízo e somente
pacificadas após a manifestação jurisdicional, portanto, incabível a penalidade
da multa do artigo 467 da CLT . DO DANO MORAL DECORRENTE DO NÃO
PAGAMENTO "POR FORA". O mero inadimplemento de obrigações
trabalhistas, dentre as quais se inclui o pagamento de adicional de
periculosidade ao empregado, por si só, não é capaz de lesar a dignidade do
trabalhador e ensejar a reparação por dano moral, mas, tão somente, a
condenação do empregador à satisfação das parcelas inadimplidas.
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Apesar de já se encontrar em vigor a
Lei n.º 13.467 /2017, que acresceu à CLT o art. 791-A ,
prevendo honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho, esta Relatora
entende aplicável ao caso o entendimento já pacificado no Superior Tribunal
de Justiça no sentido de que a  sucumbência  é regida pela lei vigente na data da
sentença, aplicando-se o novo regramento da CLT quanto
aos  honorários  de  sucumbência  somente às sentenças proferidas a partir do dia
13/11/2017. Portanto, sendo incontroverso que o Reclamante está representado
por advogado particular, o deferimento dos honorários advocatícios não se
encontra em consonância com a jurisprudência deste E. Regional e do TST ao
tempo em que foi proferida a sentença. Recurso conhecido em parte e não

18
provido. Encontrado em: Gabinete da Desembargadora Ormy da Conceicao
Dias Bentes 00002867320165110005 (TRT-11) ORMY DA CONCEICAO DIAS
BENTES (Data de publicação: 28/05/2018).

Dessa forma, logramos estimá-los em 10% sobre valor do risco apurado.

Assim, para fins de reserva temos os seguintes valores:

- Pensionamento: R$ 66.948,67;

- Danos Morais: R$ 15.000,00;

- Honorários Advocatícios arbitrados em 10%: R$ 8.194,86;

Total: R$ 90.143,53.

Sendo assim:

Risco Máximo Apurado: R$ 90.143,53 – R$ 55.300,00 (POS/Franquia


- consoante valor do dólar em 08/10/2021, qual seja, R$ 5,53 ) = R$ 34.843,53
(trinta e quatro mil oitocentos e quarenta e três mil e cinquenta e três
centavos).
VIII – Da Sugestão de Acordo

Diante do exposto, entendemos que, a princípio, não há sugestão de


acordo a ser feita, visto que até o presente momento não foi exarado laudo
judicial médico a fim de atestar a invalidez permanente do terceiro, o que, se
confirmado, ensejará na cobertura securitária.

IX- Conclusão

Inicialmente, cumpre destacar que se trata de uma Reclamação


Trabalhista, comunicada à Cia. em 22/09/2021, na qual o terceiro imputa
responsabilidade civil ao Segurado em virtude de acidente do trabalho,
resultando em lesão na lombar, razão pela qual pleiteou o pagamento de
indenização por danos morais e corporais (no tocante ao pensionamento), assim
como verbas trabalhistas diversas. (Ref. 01)
19
Destarte, tem-se que a apólice de nº 01.51.9196094 opera à base de
ocorrência e é a competente para regular o sinistro, haja vista a ocorrência do
Fato Gerador (14/01/2021) dentro do período de vigência da apólice (28/04/2020
a 28/04/2021), tendo esta apólice a função de definir o particular clausulado
para efeitos de regulação do sinistro. (Ref. 02)

Em continuidade, a ação foi distribuída (08/09/2021) dentro do prazo


trienal previsto no artigo 206, parágrafo 3º, V, do Código Civil, contados do
acidente (14/01/2021), assim, não há o que se falar em prescrição referente a lide
principal. (Ref. 03)

Neste mesmo sentido, considerando que o Segurado comunicou o sinistro


à seguradora (22/09/2021), quando do recebimento distribuição da demanda,
igualmente não há o que se falar em prescrição, no que se referente a lide
secundária. (Ref. 04)

Inobstante, desde que; (i) comprovado, através de laudo médico pericial,


a invalidez permanente do reclamante, resultante do mencionado acidente de
trabalho e que o impossibilite à consecução da atividade laboral anteriormente
desenvolvida e; (ii) ficar devidamente comprovado que o acidente ocorreu com
veículo contratado pelo Segurado para transporte de seus funcionários, haverá
o enquadramento do sinistro na garantia RC Empregador da apólice em
comento, possibilitando-se, assim, a cobertura securitária aos pedidos de danos
morais e corporais (no tocante ao pensionamento). (Ref. 04)

Ainda, no que toca a eventual pedido relacionado às verbas trabalhistas,


note-se que constitui risco expressamente excluído da apólice, de sorte que, nesse
ponto, não haverá que se falar em cobertura securitária. (Ref. 05)

Deste modo, neste momento, recomendamos a constituição de reserva


técnica no valor de R$ 34.843,53 (trinta e quatro mil oitocentos e quarenta e
três mil e cinquenta e três centavos), bem como o monitoramento do
sinistro, sem a sugestão de acordo no momento. (Ref. 06)

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Por fim, requeremos por gentileza que seja requisitado ao Segurado o
contrato de prestação de serviços com a empresa prestadora de serviços,
para verificarmos se há o enquadramento do sinistro na cláusula RC
Empregador.

X – Relação de Documentos

- Cópia Integral do Processo n. 0011069-22.2021.5.15.0011;


- Apólice n. 01.51.9196094;
- Aviso de Sinistro (e-mail).

Atenciosamente,

Gabriela Lobo / Bruno Gomes Bezerra


ACG Advogados

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