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ATIVIDADE

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E METODOLOGIA JURÍDICA

Ana Caroline Souza - RA 18467266


Bianka Leonarde - RA 15686694
Beatriz Mascaro - RA 17043308
Gabriela Soares A. dos Santos - RA 17045550
Júlia Borges Rodrigues - RA 17068172

1. O documentário Indústria Americana mostra diversas tensões entre os funcionários


estadunidenses e o modo de produção e administração da empresa chinesa. Quais relações são
possíveis de serem estabelecidas entre essas tensões retratadas no filme e as relações
comerciais internacionais na atualidade?
R. O filme de forma assertiva retrata o momento paradigmático que vive o mundo, em termos
do poder advindo dos meios de produção estar em vias de transferência do que fora a maior
potência mundial do século XX, os EUA, para a prominente China. O documentário nos
mostra discrepantes visões de mundo; tanto no que tange à alienação da força de trabalho, no
prisma dos Estados Unidos, quanto sobre a forte relação que o trabalho possui com honra e
como este dá sentido à vida em si, no caso da China.
De um lado temos os EUA, que por meio do deslocamento da indústria e dos meios de
produção para países subdesenvolvidos, emergentes, comumente do sul global; durante muito
tempo ocuparam o lugar de maior potência imperialista da atualidade. Para nós, que vivemos
num país emergente (ou que fora emergente, e encontra-se num momento crítico de sua
própria narrativa) é clara esta terceirização da produção em massa pois há grande força de
trabalho, que se sujeita ao trabalho extenuante que pode significar o labor dentro de uma
fábrica. No entanto, vivemos um movimento autofágico das próprias indústrias que cada vez
mais terceirizam a relação de trabalho, suprimindo os direitos trabalhistas e impulsionando os
trabalhadores a buscarem trabalhos informais. Autofágico sob a égide das indústrias, pois,
cada vez mais países como os EUA, que tinham grande poder comercial devido às suas
grandes empresas, perdem espaço para o modus operandi chinês.
Importa ressaltar que tal modus operandi apenas se dá pois o trabalho é visto de forma
muito diferente do que no ocidente, sendo a cultura um fator determinante para ambos os
lados. Um fenômeno recorrente nas relações comerciais da atualidade que fica claro no filme
é a prática do dumping social, que é a oferta de um produto produzido num país, ofertado em
outro por um preço excessivamente baixo. Tal redução de preço se dá pois, naquele país
produtor, ocorre uma drástica supressão de direitos trabalhistas, combinada à jornadas
extenuantes de trabalho e cobrança constante de batimento de metas, que é o que ocorre com
os trabalhadores chineses.

2. O texto menciona a revolução tecnológica, em especial a digital, como um grande


fenômeno do século XXI. É possível estabelecer relação entre o avanço da tecnologia de
ponta com a crise da democracia? Justifique sua resposta.
R. Sim, é possível estabelecer relação entre o avanço da tecnologia com a crise da democracia
no século XXI. Para tanto, é preciso ponderar que atualmente estamos entrando em uma
quarta revolução industrial que integra o físico e o virtual, humano e mecânico, apresentando
novos desafios e riscos. E ao mesmo tempo estamos passando por algumas recessões no que
tange a democracia identificando uma fadiga e requerendo novos sistemas institucionais,
procurando novas políticas, uma vez que com os avanços tecnológicos apresentou-se novos
assuntos a serem abordados e regulamentados.
Assim, quando há revolução de um lado e outro não acompanha, pode-se dizer que
nasce uma crise pois geram-se dúvidas sobre o sistema de que ele não consiga acompanhar o
“novo”. Entretanto, não é apenas pela falta das mudanças democráticas que esta crise se
agrava, e pela falta de acompanhamento pelos próprios líderes escolhidos de forma
democrática que podem ter visões conservadoras e que decide não apoiar ou incentivar a
revolução, um breve exemplo disso é próprio presidente do Brasil, que por sua visão
conservadora faz regredir o país em diversos sentidos: divisão dos poderes desrespeitando a
competência de cada um; a baixa representatividade ao apoiar os novos movimentos que
advém das revoluções; a tentativa de aplicar uma política autoritária; a falta de apoiar a
ciência entre outros fatores que levam a democracia estagnar ou até mesmo retroceder e não
acompanhar a revolução que está presente no momento.
Dessa forma, é necessário citar que a atualidade que vivemos se tornou a própria
escravidão do homem pelas suas invenções e descobertas tecnológicas. Passamos a viver em
um mundo onde a tecnologia representa o modo de vida da sociedade num todo.
Talvez ainda seja muito cedo para concluirmos que a democracia esteja em decadência, mas a
transformação acelerada fez com que tivessem altos e baixos, como já dito anteriormente,
quando há revolução de um lado e outro não acompanha. Esse processo de mudança não ficou
estagnado no tempo e vem se acelerando a partir das últimas décadas do século XX e início
do século XXI, tornando real o chamado “ desemprego tecnológico” e gerando crises
democráticas.
Há um bom tempo atrás, o petróleo era o responsável pelo crescimento exponencial
das indústrias fazendo com que reguladores antitrustes interviessem para evitar a excessiva
concentração de poder econômico. Hoje em dia, o crescimento vem da tecnologia, dos dados
online.
Por isso, é necessário refletir sobre a natureza da tecnologia, sua necessidade e função
social.

3. Na visão do grupo, quais são as funções dos direitos fundamentais diante das
“transformações e aflições do século XXI”, sobretudo em uma sociedade “tribalizada” e que
produz discursos de ódio?
R. De início, cumpre observar que viver em sociedade é conviver e, para conviver, é de suma
importância a existência dos direitos fundamentais. Isso porque é a partir destes que direitos e
deveres são pré-estabelecidos para que os direitos individuais não se sobreponham aos
direitos coletivos. São, portanto, um conjunto de garantias e liberdades que alicerçam o
processo civilizatório.
No Brasil, essa temática é abordada pelo art. 5º da CF/88, segundo o qual “todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade”.
Ao definir que ninguém será submetido a tratamento desumano ou degradante, bem
como que a lei punirá qualquer discriminação que atente aos direitos e liberdades, o texto
constitucional relaciona diretamente a concretização dos direitos fundamentais a uma atuação
positiva do Estado, que proteja os indivíduos titulares desses direitos e regule as relações
civis.
Nessa linha, o cerne da questão é o discurso de ódio apoiado na liberdade de expressão
que, ao contrário do que ocorre, deve caminhar até o ponto em que não ultrapasse os demais
direitos fundamentais de outros indivíduos. Logo, se a liberdade de se expressar de um fere a
de outrem, então torna-se opressão.
A própria Convenção Americana de Direitos Humanos da qual o Brasil é signatário,
expressamente discrimina que dispositivos legais devem proibir a apologia ao ódio nacional,
racial ou religioso que promova discriminação, hostilidades, crimes e violências em geral.
Isto porque, a livre e irrestrita manifestação de discursos odiosos, opressivos e
preconceituosos corrompem a democracia, bem como perturbam a paz social, sobretudo
quando direcionados a grupos historicamente “sensíveis”.
E aqui está o papel de suma importância dos direitos fundamentais que, conforme
disposto na Constituição Federal, nunca poderá ser utilizado como escudo para infringir outro
direito. Em outras palavras, além de outorgar direitos e deveres, limita-os a fim de efetivar o
bem-estar social, a proteção da ordem e o convívio da comunidade como um todo.

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