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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA -UEFS

Prof. Dr. Evandro do Profª Drª Norma Lúcia


Nascimento Silva de Almeida
REITOR VICE REITORA

Prof. Dr. Aristeu Vieira Profª Drª Silvia da Silva


da Silva Santos Passos
PRÓ-REITOR DE PESQUISA E DIRETORA DO DEPERTA-
PÓS-GRADUAÇÃO MENTO DE SAÚDE

Profª Drª Sinara de Lima Profª Drª Rosely Cabral


Souza Nascimento
COORDENADORA VICE - COORDENADORA
MESTRADO PROFISSIONAL MESTRADO PROFISSIONAL
EM ENFERMAGEM EM ENFERMAGEM

Profª Drª Rita de Cássia Rocha Moreira


ORIENTADORA

Enfª Ramaiana de Jesus Gonzaga Cavalcante


AUTORA

Luana Gabriella Pinheiro Barrêto


COAUTORA

Feira de Santana
2017
Apresentação
O Mestrado Profissional em Enferma- Aspectos históricos do parto
gem da UEFS capacita enfermeiras (os) para o
exercício da sua prática profissional Historicamente os partos eram realizados em domicílio,
(hospitalar e Atenção Básica), com base teóri- com a presença feminina exclusiva. Apenas as parteiras viven-
ca na produção do cuidado, avaliação de ser- ciavam essa prática (CARVALHO et al., 2012). A autonomia do
viços e programas de saúde em Enfermagem parto era da parturiente. No entanto, a partir do século XX, a
para o atendimento às populações em risco e mulher deixa de ser protagonista do seu parto, entram em cena
vulnerabilidade. Aborda processos sociais, novos atores, principalmente a figura masculina do médico,
econômicos e culturais, bem como os saberes vinculando a hospitalização. O parto então, deixa de ser um
associados (clínicos, humanísticos, existen- momento fisiológico, íntimo e singular, e passa a ser uma vi-
ciais, epidemiológicos e sanitários), para pos-
vência marcada pela medicalização do corpo feminino, valori-
sibilitar intervenções em saúde, nos diversos
zando-se ações tecnocratas, intervenções cirúrgicas em larga
cenários.
escala, manejo ativo do parto e produtividade baseada no ca-
Esta cartilha foi elaborada com o apoio
pitalismo (MALHEIROS, 2012). Comporta ainda, técnicas e

Fonte: https://br.pinterest.com/janabrasilf/fotografia-denascimento/
do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Saúde
da Mulher (NEPEM/UEFS), com o objetivo práticas que atualmente não são recomendadas pelo Ministé-
de compartilhar com os profissionais de saú- rio da Saúde (MS).
de, em especial os que assistem as mulheres Nesse contexto tecnocrata, o parto passa a ser visto como
no transcurso parturitivo, práticas recomenda- um ato cirúrgico e a parturiente, a ser apenas a paciente, ou
das pelo Ministério da Saúde (MS), e pelo em outras palavras, “objeto” e não
programa Rede Cegonha, que assegurem às participa do processo (RATTNER,
mulheres autonomia no transcurso parturitivo. 2009).
Representa uma contribuição para pro- Portanto há que se resgatar as
fissionais que atendem a mulher em transcur- boas práticas, pois humanizar, re-
so parturitivo. presenta um modo de assistir a mu-
O DESAFIO É FAZER DIFERENTE! lher, a criança e a família.
É DEFENDER BOAS PRÁTICAS! Fonte: http://2.bp.blogspot.com/
Humanizar é estar sempre ao lado, prestando-lhes o su- O Ministério da Saúde vem incentivando práticas huma-
porte necessário de forma individualizada à garantir a integrali- nizadas, em defesa à promoção do parto e nascimento saudá-
dade da assistência, baseando-se na fisiologia do parto, consi- veis, a fim de resgatar a sublimidade do nascimento, além de
derando o momento como não patológico, não sendo necessá- assistência com segurança e dignidade às mulheres no parto e
ria a medicalização e com o mínimo de intervenções. É possi- nascimento (BRASIL, 2011a).
bilitar à mulher, o protagonismo, segurança e conforto no parto
(AGUIAR, 2011).
Figura 1. Práticas obstétricas não recomendadas

Fonte: https://br.pinterest.com/janabrasilf/
(BRASIL, 2011a)

fotografia-denascimento/

Fonte: https://br.pinterest.com/janabrasilf/
fotografia-denascimento/

Fonte: https://br.pinterest.com/janabrasilf/
Em defesa do protagonismo feminino, em 1995, foi lançado o
Projeto Maternidade Segura, que definiu práticas recomenda-
das pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como úteis e
que devem ser estimuladas.

Boas Práticas de Humanização ao Parto


(OMS,1996)

Plano de Parto
O Plano de Parto é um documento, escrito pela gestante,

Fonte: https://br.pinterest.com/janabrasilf/fotografia-denascimento/
indicando onde, por quem, e quais práticas ela deseja que se-
jam realizadas para seu cuidado e cuidado do Recém Nascido
(RN).

Escolha do acompanhante - Direito da gestante!


É direito da gestante/parturiente à presença de um acom-
panhante durante o trabalho de parto, parto e pós–parto, asse-
gurado pela Lei nº 11.108 de 07 de abril de 2005.
A presença de alguém da confiança da parturiente, ofere-
ce segurança e tranquilidade, otimizando o transcurso parturi-
tivo.
Esclarecimento das dúvidas, informa- Métodos para o alívio da dor
ções que as mulheres desejarem du-
rante o trabalho de parto e parto
A escuta atentiva faz com que as mulheres
sintam-se mais acolhidas, tornando essa vivência
singular (CABRAL; HIRT; VAN DER SAND, 2013).

Uso de métodos não invasivos e não


farmacológicos no alívio da dor
São técnicas que respeitam a evolução do
transcurso parturitivo, preservando a integridade
Fonte: http://seligasaude.com/parto-humanizado-pelo-sus-como-funciona/
corporal e psíquica das mulheres (BARROS; SIL-
VA, 2004). Oferece conforto e autonomia, possibi-
litando a liberdade no uso de seus movimentos.
Destaca-se alguns métodos: banho morno,
massagem, deambulação, musicoterapia e aromo-
terapia. Práticas que não retiram a dor, mas alivi-
am-na e trazem conforto. O benefício é que estas
reduzem o número de intervenções obstétricas co-
mo episiotomia e cesarianas (GAYESKI; BRUGGE-
MANN, 2010).

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?
Métodos para o alívio da dor Monitoramento fetal
Deve ser garantida a ausculta intermitente, que é
a avaliação da Frequência Cárdio Fetal (FCF) de 15 a
30 minutos na primeira fase do trabalho de parto e a
cada 5 minutos na segunda fase dele, nas gestações
de risco habitual. Na de alto risco, está indicada a
monitorização pela cardiotocografia (CORDOBA et al.,
2011). O resultado da ausculta deve ser sempre infor-
mado para a mãe e acompanhante, bem como a
identificação de alterações. Traz segurança na evolu-
ção do transcurso parturitivo.

Fonte: http://www.partosemmedo.com.br/imagens/informacoes/parto-humanizado-sp-01.jpg

Fonte: https://i.ytimg.com/vi/rDArPxSiL4w/maxresdefault.jpg Fonte: http://cdn.skim.gs/image/upload/v1456337835/msi/second-trimester-ultrasound_horiz_zjcjvy.jpg


Uso do Partograma Autonomia da mulher no transcurso parturitivo
O partograma é um instrumento de registro da avaliação do  Respeito a privacidade;
trabalho de parto. Uma representação gráfica da sua evolução.  Respeito a escolha do local do parto;
Seu uso facilita o acompanhamento mo transcurso parturitivo,  Liberdade de posição
indicando a evolução desse momento (ROCHA et al., 2009). O Guia de assistência ao parto normal recomenda que as mu-
lheres tenham liberdade de escolha da posição que desejam ado-
tar, tanto no primeiro como no segundo período do parto. O pro-
fissional que a acompanha deve apenas orientá-la a não perma-
necer por períodos longos em decúbito dorsal, informando-lhe
sobre as desvantagens destas posições e os benefícios das posi-
ções verticalizadas, estimulando-a a adotar a posição que lhe se-
ja mais confortável, apoiando suas escolhas. Poderá assim, asse-
gurar que a parturiente permaneça sendo a personagem principal
do seu parto, sendo respeitadas todas as suas escolhas registra-
das no plano de parto (BRASIL, 2011a).
Contato pele a pele precoce entre mãe e filho e a
estimulação da amamentação na primeira hora
Logo após o parto, colocar o RN ainda desnudo, quando
possível, sobre o tórax ou abdômen da mãe, deixando em con-
tato pele a pele. Prestar os cuidados imediatos junto a mãe, re-
presenta uma experiência singular, tanto para a puérpera quan-
to para o profissional.
O calor emanado da pele da mãe facilita a termorregula-
ção do bebê. O contato pele a pele logo após o parto, traz bene-
fícios adicionais a curto e longo prazo, incluindo o fortaleci-
mento do vínculo mãe-filho (GAÍVA; MEDEIROS, 2008).
Estimular a amamentação neste primeiro contato, na pri-
meira hora do pós-parto, promove a organização do padrão ali-
mentar, melhor tempo de sucção, sucesso na primeira pega
considerando que a produção de leite é determinada pela fre-
quência com a qual o bebê suga e esvazia o peito. A sucção ini-
ciada o mais cedo possível, possibilita melhor produção de lei-
te e previne perda excessiva de peso neonatal, além de evitar a
suplementação desnecessária e precoce, bem como facilita a
evolução da amamentação evitando in-
gurgitamentos e fissuras mamilares
(BRASIL, 2011b).

Fonte: arquivo pessoal


Oferta de líquidos e alimentos leves durante o

Fonte: http://www.hypeness.com.br/2016/04/ela-participou-do-parto-humanizado-do-irmaozinho-que-estava-chegando-e-as-imagens-sao-emocionantes/
trabalho de parto e parto
Não é necessário manter as parturientes de risco habitual
em jejum, a ingesta de líquidos claros e alimentos leves durante
o trabalho de parto previne o aparecimento de cetose (PORTO;
AMORIM; SOUZA, 2010a).

Clampeamento tardio do cordão umbilical


Retardar em pelo menos 2 minutos o corte do cordão pro-
move uma transferência adicional de 20 a 30 ml/kg de sangue
da placenta para o recém-nascido e associa-se com benefícios
neonatais que se estendem durante a infância: melhora do he-
matócrito, da concentração de ferritina e redução do risco de
anemia, além de estar associado com uma menor necessidade
de transfusão e menos hemorragia intraventricular (PORTO;
AMORIM; SOUZA, 2010b).
As práticas descritas nesta car-
tilha são baseadas em evidências
científicas e asseguradas pela Rede
Cegonha, uma rede de cuidados,
implantada no Sistema Único de
Saúde (SUS), por meio da Portaria
nº 1.459, de 24 de Junho de 2011,
que assegura à mulher, o direito re-
produtivo, à atenção humanizada à gravi-
dez, ao parto e puerpério, bem como a cr i-
ança o direito ao nascimento seguro, ao cresci-
mento e ao desenvolvimento saudáveis.
A terceira diretriz dessa rede, em seu Art.
4º é “a garantia das boas práticas e segurança
na atenção ao parto e nascimento”. Reafirma o
direito da parturiente a uma assistência de qua-
lidade e humanizada. A Portaria nº 1.820/09
do Ministério da Saúde, descreve: É direito da
pessoa, na rede de serviços de saúde, ter aten-
dimento humanizado, acolhedor. Livre de qual-
quer discriminação, restrição ou negação em
virtude de idade, raça, cor, etnia, religião, ori-
entação sexual, identidade de gênero, condi-
ções econômicas ou sociais, estado de saúde,
Fonte: https://www.diariodoamapa.com.br/wp-content/uploads/2016/12/CID4-PRINCIPAL-1.jpg
de anomalia, patologia ou deficiência (BRASIL,
2011a).
CARVALHO, Vanessa Franco de et al. Como os trabalhadores de um
Referências Centro Obstétrico justificam a utilização de práticas prejudiciais ao par-
to normal. Revista da escola de enfermagem USP, São Paulo , v. 46, n.
AGUIAR, Claudia Azevedo. As práticas obstétricas e a questão das ce- 1, p. 30-37, fev. 2012 . Disponível em:<http://www.scielo.br/
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