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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA

VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ARARUANA/RJ.

PATRICK, já qualificado nos autos, vem, respeitosamente, por sua advogada


constituída, apresentar

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

Com fulcro no art. 396-A, do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir
expostas:

BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Patrick, tio de Natália, jovem de 18 anos, estava na varanda de sua casa em


Araruana, no interior do Estado do Rio de Janeiro, quando viu o namorado de sua
sobrinha, Lauro, agredindo-a de maneira violenta, em razão de ciúmes.

Verificando que sua sobrinha corria riscos por conta da agressão, Patrick gritou com
Lauro, que não cessou as agressões à Natália. Desta forma, Patrick não tinha outra
forma de intervir, pois estava com uma perna enfaixada devido a um acidente de
trânsito.

Ao verificar a permanência das agressões à sobrinha, foi até o interior de sua


residência e pegou sua arma de fogo, de uso permitido e devidamente registrada, que
mantinha no imóvel e possuia autorização para tal. Com a intenção de causar lesão
corporal que garantisse a debilidade permanente de membro de Lauro, apertou o
gatilho para efetuar disparo na direção de sua perna. Por circunstâncias alheias à sua
vontade, a arma não funcionou, mas o barulho da arma de fogo causou tremor em
Lauro, que empreendeu fuga e compareceu à Delegacia para narrar a conduta de
Patrick.

Após meses de investigações, com oitiva dos envolvidos e das testemunhas


presenciais do fato, que eram Natalia, Maria e José, estes dois últimos sendo vizinhos
que conversavam no portão da residência, o inquérito foi concluído, e o Ministério
Publico ofereceu denúncia, perante o juízo competente, em face de Patrick, como
incurso nas sanções penais do art. 129, §1º, III, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal.
Juntamente com a denuncia, vieram as principais peças que constavam no inquérito,
inclusive a folha de antecedentes criminais, na qual constava outra anotação por ação
penal em curso pela suposta prática do crime do art. 168, do CP, bem como laudo de
exame pericial na arma apreendida de Patrick, o qual concluiu pela total incapacidade
de efetuar disparos.

Em cumprimento ao mandado de citação, o oficial de justiça compareceu à residência


de Patrick e verificou que o imóvel estava fechado. Em razão deste único
comparecimento no dia 26/02/2018, certifica que o réu estava se ocultando para não
ser citado e realiza, no dia seguinte, citação por hora certa, juntando o resultado do
mandado de citação e intimação para defesa dos autos no mesmo dia. A vizinha
Maria, que presenciou a conduta do oficial de justiça, se assusta e entra em contato
com este advogado, informando o ocorrido e esclarecendo que ele se encontra
trabalhando e ficará embarcado por aproximadamente 15 (quine) dias.

DO DIREITO

I. Preliminar de nulidade de citação:

Conforme relatado, o réu foi citado por hora certa. Entretanto, foi evidente a
violação ao art. 362 do CPP, pois não houve ocultação. Além disso, o Oficial de
Justiça fez uma única diligência, porém, o art. 252 do CPP exige que o citado
seja procurado por duas vezes em seu domicílio.

Portanto, deve ser reconhecida a nulidade da citação.

II. Mérito: atipicidade da conduta e exclusão da ilicitude:

Uma vez que os fatos narrados na exordial não constituem crime, a absolvição
sumária do acusado é medida que se impõe. Uma vez que não se pune a
tentativa, quando, por ineficácia absoluta do meio, é impossível consumar-se o
crime, ou seja, crime impossível, com fundamento no art. 17, do CP. Através
do exame pericial realizado na arma de fogo, ficou constatada sua completa
incapacidade de efetuar disparos.

Desta forma, Lauro jamais teria sido atingido por qualquer disparo, já que a
arma não funcionava.

Finalmente, o acusado agiu em legítima defesa de direito de terceiro, uma


legítima causa de exclusão de ilicitude, pois apenas utilizou dos meios
necessários para repelir injusta agressão a sua sobrinha, devendo ser
absolvido sumariamente, com fundamento nos arts. 23, II e 25 do CP, bem
como no art. 397, I e III do CPP.

DOS PEDIDO E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

a) Seja reconhecida a nulidade da citação por hora certa, com fundamento no art.
564, IV, e, do Código de Processo Penal;

b) A absolvição sumária do réu, pois o fato narrado evidentemente não constitui


crime, conforme art. 397, III, do Código de Processo Penal;

c) A absolvição sumária do réu, em razão da existência de manifesta causa


excludente da ilicitude, com fulcro no art. 397, I, do Código de Processo Penal;

d) A intimação e oitiva das testemunhas ao final arroladas;

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Araruana, 6 de março de 2018.

Advogada

OAB/RS XX.XXX

Rol de testemunhas:

a) José

b) Natália

c) Maria

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