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Texto de Apoio

DISCIPLINA: Necessidades Educativas Especiais

DOCENTE: Maria de Esperança Anastácio Gomes

INTRODUÇÃO

Atravessamos um momento em que a educação afirma-se um direito para todos: inclusão de todo
ser humana no processo da educação formal. O que significa que a escola deve estar preparada
para acolher a todos os alunos incluindo aqueles que, por uma série de motivos, não se
enquadram nos padrões de prestação que geralmente a escola promove e avalia.

Aos alunos que por várias razões enfrentam problemas de adaptação ao mundo escolar e por
causa disso, por vezes, não conseguem passar de classe e abandonam a escola chamaremos
alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE).

A educação de pessoas com NEE tem uma longa história. Em alguns períodos históricos, alunos
que hoje acreditamos reunirem condições mínimas para serem escolarizados eram considerados “
ineducáveis”. Quando recentemente essa questão foi superada colocou-se o difícil problema de
definir a tipologia da educação adequada a estes alunos: escola especial, integração, inclusão?

Necessidades Educativas Especiais faz alusão a um campo de estudo vasto, denso e complexo, é
uma categoria que encontra cruzamento de muitas disciplinas científicas: Pedagogia, Medicina,
Psicologia, Sociologia e a economia.

Como objecto de estudo encontra a sua razão de ser nas ciências de educação e mais
concretamente na Pedagogia Especial.

Enquanto disciplina de estudos, as NEE não são uma ciência (como seria a Pedagogia,
Psicologia, Historia, etc) nem mesmo um grupo de ciências. Constitui antes de mais objecto de
estudo multiforme e de certo modo “ interdisciplinar da Pedagogia Especial”.

Pedagogia Especial é a área da pedagogia (arte de educar/ensinar/ as crianças), é o produto do


encontro entre a reflexão pedagógica geral e a especial, que se ocupa justamente dos vários
elementos( sócio-culturais, interpessoais, psicofísicos, etc) que intervém negativamente na
realização do fim ultimo do processo educativo: fazer com que cada individuo realize no máximo
o seu potencial e desenvolva habilidades, atitudes, comportamentos, julgados socialmente úteis.
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O que torna esta área especial é justamente o facto de ocupar-se dos problemas que os sujeitos
enfrentam durante as suas aprendizagens e na tentativa de adaptação ao mundo circundante.

Enfrentando pela primeira vez o conceito de Pedagogia especial incorre-se o risco de pensar que
estamos a falar unicamente de educação para pessoas portadoras de deficiência( surdos, mudos,
cegos, sujeitos mentalmente débeis, etc) por consequência, passa-se a estudar esta problemática
de um ponto de vista mais ao menos médico. A nossa opção no presente curso é explorar a
dimensão pedagógica do fenómeno. Nesta perspectiva, todos os alunos, em algum momento da
vida podem apresentar NEE, mesmo que não estejam doentes ou sejam portadores de deficiência.

Esta categoria vai para além da simples presença de distúrbios físicos que possam ser motivos de
dificuldade de aprendizagem. Então podemos dizer que as NEE são um problema antropológico
que se manifesta na inaptidão do sujeito ao meio escolar.

Para além da Pedagogia especial, as principais disciplinas que estudam as NEE são a Psicologia,
a biologia/Medicina, Sociologia, antropologia, entre outras.

A pedagogia especial recebe contributos de todas essas áreas porque as NEE podem surgir de
factores biomédicos(biologia/medicina), sociais( sociologia), psicológicos(psicologia).

Embora as demais disciplinas sejam úteis, a medicina, a psicologia e a sociologia parecem ter
uma relação mais evidente com a Pedagogia especial.

A medicina dá explicação/cura daqueles problemas de saúde que interferem na


aprendizagem(problemas auditivos, visuais, etc)

A Psicologia explica as chamadas “ dificuldades específicas de aprendizagem”: dislexia,


disgrafia, discalculia, disortografia.

A sociologia explica a influência dos factores sociais como exclusão e marginalidade na


aprendizagem dos alunos.

Conceitos afins:

Deficiência – é termo usado para designar a ausência ou disfunção de uma estrutura psíquica,
fisiológica ou anatómica.

Pessoa com deficiência é aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial os quais em interacção com diversas barreiras, podem obstruir sua
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participação plena e efectiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas


(OMS, 2011). Constitui termo usado para designar qualquer pessoa que vivencia uma deficiência
continuamente.

Abordando a questão da deficiência e sua trajectória excludente, destaca-se que ao longo da


história o termo deficiência sempre esteve ligado a ideia de “incapacidade”, “falta” e/ou
“defeito”. Constata-se que na maioria das definições há uma carga pejorativa, negativa e limitada
onde o individuo identificado como “deficiente” é visto como alguém distante dos padrões de
“normalidade”

O termo deficiente para denominar pessoas com deficiência tem sido considerado por algumas
ONGs e cientistas sociais inadequado, pois o termo leva consigo uma carga negativa depreciativa
da pessoa, facto que foi ao longo dos anos se tornando cada vez mais rejeitado pelos especialistas
da área e em especial pelos próprios indivíduos a quem se refira. Assim em alguns contextos tem
sido proposto o termo “diversidade funcional”, enquanto todas as pessoas precisam de ajuda em
algum momento de suas vidas especialmente na infância e na velhice.

A pessoa com deficiência geralmente precisa de atendimento especializado, seja para fins
terapêuticos, como fisioterapia ou estimulação motora, seja para que possa aprender a lidar com
deficiência e a desenvolver as potencialidades.

A educação especial tem sido uma das áreas que tem desenvolvido estudos científicos para
melhor atender estas pessoas, no entanto, o que inclui pessoas com deficiência além das
necessidades comportamentais, emocionais, ocupacionais e sociais.

Desde o termo NEE, que veio a substituir o termo criança especial, anteriormente utilizado em
educação para designar a criança com deficiência. Porem, este novo termo não refere-se apenas a
pessoa com deficiência, pois engloba toda e qualquer necessidade considerada atípica que
demande algum tipo de abordagem específica por parte das instituições, seja social, ocupacional,
física, emocional ou familiar.

Diversidade – do latim: “diversitate” significa diferente. Alude ao que nos faz diferentes as
pessoas e grupos, em função de características pessoais, físicas e culturais. Ao longo da história,
como anteriormente se referiu, a “diferença” foi vista como algo desviante, negativo, pejorativo
e/ou depreciativo. Muito da justificação da prática social do preconceito e da discriminação
encontra acento nessa visão distorcida em relação a pessoa “diferente”.
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Todavia, na contemporaneidade, o termo “diversidade” e/ou diferença assume um aspecto


positivo, como luta em favor dos direitos de pessoas e/ou sectores excluídos, marginalizados
socialmente. Em termos pedagógicos refere-se aos diferentes âmbitos em que se manifesta a
diversidade nos contextos escolar ante aprendizagem.

Desigualdade – é situação de desvantagem ante a educação de alguém, em relação a outras


pessoas ou grupos. A postura educativa democrática consiste em respeitar as diferenças e superar
as desigualdades. Trata-se de satisfazer as necessidades educativas de qualquer aluno de maneira
global, tendo em conta a unidade e individualidade da pessoa.

I CAPITULO: BREVE RESENHA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

A história da educação especial conheceu várias fases ao longo dos tempos. Antigamente pessoas
que nasciam com alguma deficiência eram separadas, afastadas de qualquer convívio social, pois
sua diferença era vista como, maldição, destino, marca do demónio e de todo tipo de crendice,
Mittler (2000) apud Santana (2003). Predominava filosofia da eugenia e as pessoas excepcionais,
consideradas degeneração da raça humana, deveriam ser eliminadas devido ao transtorno que
geravam à sociedade (Ribeiro, 2003, p. 42). Esta fase é chamada de exclusão. Praticam-se
aniquilação.

Fase da segregação

Com a influência da doutrina cristã, passou a existir uma certa tolerância e numa aceitação
caritativa, devendo essas pessoas ficarem segregadas.

Com as descobertas na área da medicina e biologia começou se a estudar os deficientes com a


finalidade de dar respostas aos seus problemas e assim as pessoas com deficiência passaram a ser
recebidas em instituições filantrópicas de cunho religioso ou asilos que para muitos era a sua
última morada.

Este movimento começou a partir da década 50 e mais intenso nos anos 60. Surgiram então as
escolas especiais e mais tarde, as classes especiais dentro de escolas comuns.

Neste período dois fenómenos acontecem:


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Associação de pais rejeita a especificação das escolas com apoio da Dinamarca( na década de
50 ), na legislação do conceito de “normalizaçao”. Este conceito parte do princípio da
possibilidade do deficiente poder ter vida Normal quanto possível.

Em seguida verifica-se a desistitucionalização ( nos anos 60 ) : este movimento defendia que as


instituições para indivíduos com deficiência deveriam ser fechadas, e que os utentes deveriam ser
colocados em instalações mais pequenas (Salend, 1998) ou em casa de familiares.

Fase da Integração

A década de 70 constitui fase de integração, onde houve uma mudança filosófica em direcção a
ideia de educação integrada. Nesta fase o aluno com a deficiência se adaptava ao regime da
escola, sem modificações ou adaptações do sistema.

De acordo com Sassaki (1997, p. 30-31)   "A ideia de integração surgiu para derrubar a prática de
exclusão social a que foram submetidas as pessoas deficientes por vários séculos. A exclusão
ocorria em seu sentido total, ou seja, as pessoas portadoras de deficiências eram excluídas da
sociedade para qualquer actividade porque antigamente elas eram consideradas inválidas,   sem
utilidade para a sociedade e incapazes para trabalhar, características estas atribuídas
indistintamente a todos que tivessem alguma deficiência."

Fase da Inclusão

No final dos anos 80 e princípio dos anos 90, surgiu a ideia de adaptar o sistema escolar, as
necessidades dos alunos, desde que a inclusão propicie uma educação de qualidade e igual para
todos, aceitando as diferenças individuais como atributo e não como obstáculo e valorizando a
diversidade para o esquecimento das pessoas.

A inclusão na década de 90, o aluno independentemente da gravidade da sua NEE é, sempre que
possível, educado na classe regular, em ambientes apropriados a sua idade e nível de ensino.

1. As mudanças na última década do século XX: A Integração educacional

Birch(1974) define a integração escolar como um processo que pretende unificar a educação
regular e a educação especial com o objectivo de oferecer um conjunto de serviços a todas as
crianças, com base nas suas necessidades de aprendizagem.
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Assim, nota-se actualmente que a educação tem um carácter mais ou menos integrador à medida
que procura oferecer as crianças e jovens com necessidades educativas especiais e não deficientes
uma educação e ensino de forma conjunta mediante as suas necessidades de aprendizagem.

A Integração é uma filosofia ou princípio de oferta de serviços educativos no qual se coloca em


prática com base na provisão de uma variedade de alternativas de ensino e de aulas adequadas ao
plano educativo de cada aluno. Tais serviços devem permitir uma integração temporal e social
entre os alunos deficientes e não deficientes durante o período escolar normal.

Como antecedente filosófico, significa valorização das diferenças humanas. Isto é, aceitar as
diferenças individuais dos alunos oferecendo a cada um dos alunos as melhores condições para o
seu desenvolvimento máximo das suas capacidades, e colocado a sua disposição os mesmos
benefícios e oportunidades de vida normal. (Beeny, 1975).

A integração escolar nesse contexto baseia-se no princípio de normalização. Tornar a vida dos
alunos deficientes num ritmo “igual” a vida dos alunos não deficientes. Tornar normal a vida do
deficiente significa aceita-lo tal como é, com suas deficiências, dando os mesmos direitos que os
outros e serviços pertinentes que o ajudam a desenvolver suas potencialidades e ter vida tão
normal quanto possível.

Assim sendo a integração supõe:

 Uma criança que frequenta a escola pela primeira vez e que, pelas suas características,
poderia ter sido colocada num centro de ensino especial, é acolhida na escola regular;
 Crianças que frequentam centros de ensino especial passam para escolas regulares numa
determinada modalidade de integração.
 Crianças que frequentam uma classe regular e que noutras circunstâncias passariam para
uma classe especial ou centro especializado, continuarão assim na classe regular.

A integração educacional baseia-se em princípios de normalização que, numa perspectiva


pedagógica pode ser visto como o princípio de individualização do ensino. Isto é, o atendimento
do ensino terá como base as particularidades individuais de cada aluno, conforme o tipo e o nível
de necessidades que precisar receber por parte do educador. Desse modo, a integração escolar
requer a sectorização dos serviços educativos. O ensino será dirigido de tal modo que o aluno
tenha toda atenção necessária para a sua aprendizagem e desenvolvimento.
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1.1 O que terá motivado para a mudança de atitude ao tratamento dado aos alunos com
deficiências na nossa actualidade?

 A declaração dos Direitos Humanos: pessoas diferentes compartilham uma experiência de


vida em comum, não segregada e descriminada.

 A educação como acto de justiça, um direito para todos.

 A cultura e a educação são produtos de ambientes não apenas formais e tornam-se mais
eficazes (benefício mútuo) quando se desenvolvem entre indivíduos com capacidades
diferentes.

 Os meios de diagnóstico anteriormente utilizados para a identificação das crianças


diferentes eram tendenciosos: resultava por vezes em diagnósticos inadequados e crianças
em número elevado eram classificadas como deficientes e conduzidas para escolas
especiais.

1.2. Modalidades de Integração

 Integração Física: Diz respeito a localização física onde se realiza a educação


especial, podendo existir uma escola especial no mesmo local como uma escola
normal, unidades especiais ou turmas normais em escolas regulares.

 Integração social: diz respeito a partilha de espaços comuns como refeitório e espaço
de recreio, no sentido de favorecer valores de amizade estimulando o
desenvolvimento pessoal de todos.

 Integração funcional: considerada a mais completa e desejável, onde as crianças com


NEE partilham com os seus pares o mesmo espaço de aprendizagem a tempo parcial
ou inteiro.

Contudo, a integração escolar existe quando a criança com necessidades educativas especiais
participa de um modelo educativo único e geral que contempla as diferenças e se adapta às
características de cada aluno.
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Para Bautista(1997), porem faz notar que um aluno apesar de estar colocado a tempo inteiro
numa turma regular, pode não estar integrado. Para este autor, é imprescindível a participação em
actividades conjuntas para que haja uma integração efectiva.

1.3 Da educação especial à educação inclusiva

Educação Especial

Tem sido tradicionalmente utilizado para designar um tipo de educação diferente da praticada no
ensino regular e que se desenrola paralelamente a esta sendo a criança a quem era diagnosticada
uma deficiência, incapacidade ou diminuição, segregada para unidade ou centro especifico
(Jimenez, 1997).

Por outro lado, Alencar (1994:30) afirmou que educação especial era um “processo de
desenvolvimento global das potencialidades de pessoas portadoras de necessidades e que abrange
os diferentes níveis e graus do sistema de ensino”. A educação especial fundamenta-se em
referências teóricas e praticas que sejam compatíveis com as necessidades educativas especiais
dos alunos, considerando em que circunstâncias deve decorrer.

Escola Especial

É uma instituição que oferece atendimento especializado para alunos que apresentam NEE e que
queiram atenção individualizada, bem como ajuda e apoio intenso na aquisição de habilidades
básicas, beneficiando de apoio de especialistas.

De salientar que as escolas especiais são consideradas em última instância como um perigo para
as crianças deficientes pelo seu carácter restrito e empobrecedor e acarreta elevados custos para
atingir a eficácia e cria condições de segregação (Brown e Col. apud Mayor 1989).

Educação inclusiva
Inclusão
É inserção do aluno com NEE na classe regular onde, sempre que possível, deve receber todos os
serviços educativos adequados, contando-se para esse fim com o apoio apropriado (de docentes
especializados, de outros profissionais, de pais…) as suas características e necessidades (Correia,
1997). A educação inclusiva se assenta na formulação de respostas educativas eficazes para
alunos com NEE nas escolas regulares.
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As escolas inclusivas resultam da reflexão e criticas que foram sendo feitas a integração escolar,
que excluía uma parte considerável dos alunos por estes não terem resposta adequada por parte
das escolas regulares (Madureira e Leite, 2003), começa a vislumbrar-se uma perspectiva
inclusiva.
O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos,
sempre que possível, independentemente das dificuldades e diferenças que apresentem. Estas
escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se a
vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos
através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de
utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades. É preciso portanto,
um conjunto de apoios e serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da
escola (Declaração de Salamanca, 1994:11)
A educação especial e a educação inclusiva são como faces da mesma moeda cujo objectivo é
assegurar os direitos fundamentais dos alunos com NEE e facilitando suas aprendizagens tendo
em vista uma inserção social harmoniosa, produtiva e independente.
A educação inclusiva ao contrário da educação integradora não posiciona o aluno com NEE na
“curva normal”, mas sim levar o aluno com NEE às escolas regulares incluindo àqueles com
NEE significativas independentemente dos seus níveis académicos e sociais. O propósito central
é oferecer uma educação adequada atendendo os níveis de desenvolvimento essenciais -
académicos, sócio emocional e pessoal mediante as suas características e necessidades.
A educação inclusiva implica uma reestruturação da escola e do currículo de forma a permitir aos
alunos com NEE uma aprendizagem em conjunto

Alunos com Necessidades Especiais

Segundo Correia(2008), podemos distribuir alunos com necessidades especiais em 3 grupos:

 Risco educacional
 Super dotação
 Necessidades educativas especiais(NEE)

Risco educacional – são aqueles que, devendo a um conjunto de factores tais como o álcool,
drogas, gravidez na adolescência, negligencia, abusos, ambientes socioecónomicos e
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socioemocionais mais desfavoráveis, entre outros, podem vir a experimentar insucesso escolar.
Estes factores que de uma maneira geral não resultam de imediato numa “discapacidade” ou
problemas de aprendizagem, caso não mudem ou sejam atendidos através de uma intervenção
adequada, podem constituir um serio risco para o aluno, em termos académicos e sociais
(Correia, 2008).

Super dotação – são aqueles identificados por pessoas qualificadas profissionalmente que,
devido a um conjunto de aptidões excepcionais, são capazes de atingir um alto rendimento. Essas
crianças e adolescentes requerem programas e/ou serviços específicos, dentro da designada “
educação para super dotação”, diferentes daqueles que os programas escolares normais
proporcionam, para que lhes seja possível maximizar o seu potencial no sentido de virem a
prestar uma contribuição significativa, quer em relação a si mesmos, em relação a sociedade em
que se inserem (Correia, 2008)

CAPITULO II: Necessidades Educativas Especiais

Conceituação

O conceito de necessidades educativas especiais (NEE), de acordo com Correia (1993,1997,


2003, 2008) se aplica a crianças e adolescentes com problemas sensoriais, físicos e de saúde,
intelectuais e económicos e, também, com dificuldades de aprendizagem específicas de origem
orgânica ou ambiental.

Abrange todas as crianças e jovens que requerem educação especial e serviços específicos de
apoio para a realização total do seu potencial humano. Eles podem ser muito diferentes dos
outros por terem atraso mental, dificuldades de aprendizagem, desordens emocionais ou
comportamentais, incapacidades físicas, problemas de comunicação, autismo, lesões cerebrais,
deficiência auditiva, deficiência visual, ou mesmo dotes e talentos especiais, no caso de super
dotados.

2.Tipos de NEE

a) Físico motora
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Pode ser definida como uma desvantagem, resultante de um comprometimento ou de uma


incapacidade, que limita ou impede o desempenho motor de uma determinada pessoa,
ocasionando alterações ortopédicas ou neurológicas.

b) Visual

alteração da capacidade funcional decorrente de factores com rebaixamento significativo da


acuidade visual, redução importante do campo visual e da sensibilidade aos contrastes e
limitações de outras capacidades visuais.

c) Auditiva

Perda total ou parcial congénita ou adquirida de capacidade de compreensão através do ouvido.

d) Mental

E um funcionamento intelectual significativamente abaixo da media, coexistindo com limitações


relativas a duas ou mais das seguintes áreas de habilidades adaptativas: comunicação, auto
cuidado, habilidades sociais, participação familiar e comunitária, autonomia, saúde e segurança,
funcionalidade académica, de lazer e de trabalho.

e) Transtornos de comportamento

São denominados transtornos cognitivos. Os transtornos de comportamento aumentam e


diminuem de intensidade e variam tremendamente de uma pessoa para outra.

Alterações do Comportamento Observados

 Alterações de humor depressão, apatia, choro e baixa auto-estima


 Alterações de personalidade: irritabilidade, inadequação social e reclusão
 Agitação: agressão verbal ou física, deambulação e inquietação
 Alterações de percepção: paranóia, delírios e alucinações
 Alterações de sono: diminuição ou aumento de sono
 Alterações de apetite: diminuição ou aumento do apetite e desejo aumentado para doces

f) Distúrbios de linguagem

Falha em desenvolver uma linguagem para comunicar-se, ou por distúrbios adquiridos, como
perda parcial ou total da linguagem previamente adquirida por comprometimento do cérebro, em
uma queda ou acidente de trânsito por exemplo.
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g﴿ Dificuldades de aprendizagem

As dificuldades de aprendizagem são decorrentes de aspectos naturais ou secundários são


passíveis de mudanças através de recursos de adequação ambiental. As dificuldades de
aprendizagem decorrentes de aspectos secundários são decorrentes de alterações estruturais,
mentais, emocionais ou neurológicas, que repercutem nos processos de aquisição, construção o
desenvolvimento das funções cognitivas.

As dificuldades de aprendizagem mais comuns são: Dislexia, Disortografia e Discalculia

Dislexia é um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a


dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países
mostram que cerca de 10 a 15% da população mundial é dislexia.

Disortografia é a dificuldade do aprendizado e do desenvolvimento da habilidade da linguagem


escrita expressiva.

Discalculia é um impedimento da matemática que vá adiante junto com um número de outras


limitações, tais como na introspecção espacial, o tempo, a memória pobre, e os problemas da
ortografia. Há indicações de que é um impedimento congénito ou hereditário, com um contexto
neurológico. Discalculia atinge crianças e adultos.

h﴿ Superdotação

Caracterizam por um notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes


aspectos isolados ou combinados:

 Alta capacidade intelectual geral


 Aptidão académica específica
 Pensamento criativo ou produtivo
 Capacidade de liderança
 Talento especial para arte
 Capacidade psicomotora

3.Identificacao (Diagnostico) das crianças com NEE

O diagnóstico das NEE fornece informações substanciais que permitem conhecer o


aluno/indivíduo com impedimentos, explicar o problema/sintomas e propor mecanismos de
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intervenção mais adequados para cada caso. Daqui, a necessidade do diagnóstico ser o mais
assertivo possível de modo a propor uma intervenção à altura do problema em causa, uma vez
que, um diagnostico mal feito pode contribuir para o fracasso de todo o programa de intervenção.
Por outro lado, é necessário que haja um entrosamento entre quem diagnostica e quem
trata/intervem.

Todavia, criança que apresenta um comportamento diferente do de outras crianças como:

 Dificuldades em estabelecer relações de aprendizagem no seu quotidiano (sala de aula em


outros espaços como no pátio, na aula de educação física, nos passeios).
 Não responde ao ser chamada em voz normal.
 Excesso de comunicação gestual e pouca emissão de palavra
 Ausência da fala
 Tendência ao isolamento pela falta de comunicação
 Dificuldade para realizar encaixe e actividades que exijam coordenação motora
 Dificuldade em controlar os movimentos, desequilíbrios e quedas constantes.
 Tropeços frequentes por não enxergar pequenos obstáculos no chão
 Dificuldade em enxergar em ambientes muito claros.

Depois de identificados os sinais de alerta que nos informam que algo não vá aconselha-se a
comunicar uma equipe de profissionais especializados (medico, psicólogo, pedagogo) que irão
diagnosticar.

Diagnostico Educacional

Consiste em utilização de recursos, meios e técnicas para analisar e avaliar as situações que
acontecem o ensino.

Tem como finalidade:

Tomar conhecimento das causas dos problemas e dificuldades dos alunos

Prevenir e corrigir quando possível os problemas e dificuldades dos alunos.

Função Básica

 Localizar e analisar as causas das dificuldades dos alunos em todas as áreas de


actividades.
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 Identificar e avaliar as áreas de aprendizagem e ajustamento tanto as positivas quanto as


negativas.

4. Modalidades de atendimento a crianças com NEE ̵ Estratégias para a inclusão

Sugere ̵se estratégias que estão sendo utilizadas para a integração de crianças e jovens com NEE
na escola regular, em outros países. Algumas ainda estão em fase de experimentação.

a)Equipe de pré ̵classificação

Trata-se de equipes compostas por uma variedade de profissionais, especialmente professores de


ensino regular e professores de ensino especial, que trabalham em conjunto com o professor da
classe no sentido de elaborar, recomendar e desenvolver estratégias para ensinar as crianças ou
jovens com NEE dessa classe

O principal objectivo destas equipes é o de influenciar o professor da classe regular, para que ele
assuma a responsabilidade pela educação de todos os seus alunos, tentando todas as estratégias de
ensino necessárias e possíveis.

b)Apoio consultivo

Trata-se de um professor especializado ou com experiencia no ensino especial que colabora com
o professor da classe regular, no sentido de descobrir e implementar estratégias de ensino eficazes
para os casos de alunos com NEE.

Neste modelo, as relações entre o professor do ensino especial e o professor da classe regular
baseiam ̵ se nos princípios da mutualidade da partilha de responsabilidades entre os dois
profissionais pela escolha e implementação das estratégias adoptadas ̵ e da reciprocidade ̵ o que
significa que qualquer um dos dois profissionais tem idêntica autoridade, igualdade no acesso à
informação e as mesmas oportunidades para participarem na identificação, discussão, tomada, de
decisão e implementação das medidas adoptadas.

c)Ensino cooperativo

Trata ̵ se de uma estratégia em que o professor da classe regular e o professor do ensino especial
trabalham em conjunto, dentro da sala de aula regular composta por alunos com NEE e por
alunos ditos normais. Neste modelo existem, pelo menos, três formas diferentes de organização:
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1. Actividades complementares̵ enquanto o professor do ensino regular assume, por


exemplo, as actividades da área académica (conteúdos académicos), o professor do ensino
especial ensina alguns alunos a identificar as ideias principal de um texto, a fazer resumo ̵
enfim, a dominar técnicas de estudos
2. Actividades de apoio à aprendizagem ̵ os dois professores ensinam os conteúdos
académicos, mas enquanto o professor do ensino regular é responsável pelo núcleo central
do conteúdo, pela matéria essencial, o professor do ensino especial encarrega ̵ se de dar
apoio suplementar a qualquer aluno que dele necessite, individualmente ou em pequenos
grupos
3. Ensino em equipe ̵ o professor da classe regular e o professor do ensino especial
planificam e ensinam em conjunto todos os conteúdos a todos os alunos,
responsabilizando ̵ se cada um deles por uma determinada parte do currículo ou por
diferentes aspectos das matérias de ensino.

d)Aprendizagem Cooperativa

Trata ̵ se de uma estratégia em que o professor da classe regular coloca os alunos em grupos de
trabalho, organizando ̵ os na base da heterogeneidade das suas habilidades (por exemplo,
juntando alunos com dificuldades especiais numa determinada área com alunos mais habilidosos
no assunto em estudos).

e)Ensino por colegas

Trata ̵ se de um método baseado na noção de que os alunos podem efectivamente ensinar os seus
colegas. Neste método, o papel de aluno ou de professor pode ser atribuído a qualquer aluno, com
deficiência ou não, e alternadamente, conforme as matérias em estudo ou as act seividades a
desenvolver. No entanto, quando um aluno com NEE assume o papel de mestre (professor), o
aprendiz (aluno) é geralmente um aluno mais novo e menos desenvolvido, ainda que sem
dificuldades especiais em relação ao seu nível de desenvolvimento.

f)Participação parcial

Trata ̵ se de uma estratégia em que os alunos com dificuldades especiais, quando frequentam uma
sala de aula regular, se envolvem em algumas actividades com os seus colegas sem deficiência,
embora numa reduzida dimensão. Neste tipo de estratégia, o professor faz algumas adaptações
nas actividades e desenvolver, no sentido de facilitar o mais possível a participação dos alunos
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com mais dificuldades, alterando as regras do “jogo”, modificado a forma de apresentação ou de


organização da tarefa a fazer ou, mesmo, dando alguma ajuda individual aos alunos com
dificuldades nas partes mais difíceis da actividade em causa.

g)Materiais curriculares específicos para a mudança de atitudes

Trata ̵ se de uma estratégia em que o professor organiza alguns materiais ou desenvolve


actividades de simulação em que os alunos ditos normais representam o papel de alunos com
deficiência, para levar os alunos sem deficiência a modificar as suas atitudes face aos seus
colegas com dificuldades especiais.

5.O processo de inclusão escolar (educação inclusiva)

A Educação inclusiva - é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes


nos estabelecimentos de ensino regular. Trata ̵ se de uma reestruturação da cultura, da prática e
das politicas vividas nas escolas de modo que estas respondam á diversidade de alunos. É uma
abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como
objectivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.

Implica um processo contínuo de melhoria da escola, com o fim de utilizar todos os recursos
disponíveis, especialmente os recursos humanos, para promover a participação e a aprendizagem
de todos os alunos, no seio de uma comunidade local.

Abrange a diversidade da espécie humana, busca perceber e atender as necessidades educativas


especiais de todos os sujeitos ̵ alunos, em salas de aulas comuns, em sistema regular de ensino, de
forma a promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos.

Se identifica com uma prática pedagógica colectiva, multifacetada, dinâmica e flexível requer
mudanças significativas na estrutura e no funcionamento das escolas, na formação humana dos
professores e nas relações família ̵ escola.

Os benefícios da inclusão de alunos com necessidades educativas especiais na escola regular são
evidentes (apesar das dificuldades) e todos os autores desta integração “lucram” com ela.
Benefícios para os alunos com NEE

 Eles encontram modelos positivos nos colegas,


 Contam com assistência por parte dos colegas,
 A criança cresce e aprende a viver em ambientes integrados,
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Benefícios para os alunos normais

 A melhor forma de aprenderem a lidar com as diferenças individuais,


 Oportunidade para praticar e partilhar as aprendizagem,
 Diminuição da ansiedade face aos fracassos ou insucessos.

Benefícios para todos os alunos

 Compreensão e aceitação dos outros,


 Reconhecimento das necessidades e competências dos colegas,
 Respeito por todas as pessoas,
 Construção de uma sociedade solidária,
 Desenvolvimento de apoio e assistência mutua,
 Desenvolvimento de projectos de amizade,
 Preparação para uma comunidade de suporte e apoio.

6.Principios: A resposta a diversidade do currículo

Lopes Molero (1988) argumenta que, para que o currículo tenha em conta as crianças
cognitivamente diferentes, deve contemplar, pelo menos, três princípios:

 Um princípio de flexibilidade, ou seja, não é obrigatório que todas as crianças atinjam o


mesmo grau de abstracção ou de conhecimentos num tempo determinado. Cada um
aprenderá ao seu ritmo a ultrapassar as suas necessidades.
 Um princípio de trabalho simultâneo, cooperativo e participativo. Quer dizer não se
produzirão currículos paralelos numa mesma aula e num mesmo momento. Se se tiverem
programado actividades e exercícios sobre um tema concreto que está a ser desenvolvido
para a classe, as crianças com NEE podem participar perfeitamente nessas actividades,
embora não o façam com a mesma intensidade nem com o mesmo grau de abstracção.
 Um princípio de acomodação: ao estabelecer a planificação para uma classe, tem de ter
em conta, logo desde o início, quantas crianças com problemas há no grupo e contempla-
las nessa programação.

7. Legislação alusiva as NEE

A Declaração de Salamanca
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O presente Enquadramento da acção sobre Necessidades Educativas Especiais foi adoptado


pelo congresso Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, organizado pelo Governo de
Espanha em colaboração com a UNESCO e realizou ̵ se em Salamanca, de 7 a 10 de Junho de
1994. O seu objectivo consistiu em estabelecer uma política e orientar os governos, organizações
internacionais, organizações de apoio nacionais, organizações não governamentais e outros
organismo, através da implementação da Declaração de Salamanca sobre Princípios, Politica
na área das Necessidades Educativas Especiais. O Enquadramento da Acção inspira ̵ se na
experiencias a nível nacional dos países participantes, assim como nas resoluções,
recomendações e publicações das Nações Unidas e de outras organizações intergovernamentais,
especialmente nas Normas sobre Igualdade de Oportunidades para pessoa com Deficiência.
Baseia ̵ se, igualmente, nas propostas, directrizes e recomendações formuladas nos cinco
seminários regionais, preparatórios deste congresso. Estas declarações situa a questão dos direitos
das crianças e jovens com NEE no contexto mais vasto dos direitos do homem e, por isso, refere
a Declaração Universal dos Direitos do Homem, a conferência Mundial sobre Educação para
Todos e as Normas das Nações Unidas sobre a Igualdade de Oportunidades para pessoas com
Deficiência.

O documento acolhe as novas concepções sobre educação dos alunos com necessidades
educativas especiais, expressa a opção pela escola inclusiva e traça as orientações necessárias
para a acção, a nível nacional e a nível internacional, com vista á implementação de uma escola
para todos.

O texto apela todos os governos e incita ̵os adoptar, como matéria de lei ou como politica, o
princípio da educação inclusiva, admitindo todas as crianças nas escolas regulares, a não ser que
haja razões que obriguem a proceder de outro modo.

Acordou ̵ se em Salamanca que as escolas devem ajustar ̵ se “a todas as crianças,


independentemente das suas condições físicas, sócias, linguísticas ou outras. Neste conceito,
devem incluir ̵ se crianças com deficiência ou sobredotadas, crianças da rua ou crianças que
trabalham, crianças de população remotas ou nómadas, crianças de minorias linguísticas, étnicas
ou culturas e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos e marginais”. Estas condições colocam
uma série de diferentes desafios aos sistemas escolares.
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No contexto do Enquadramento da Acção, a expressão “necessidades especiais” refere ̵ se a todas


as crianças e jovens cujas necessidades se relacionam com deficiências ou dificuldades
escolares”.

Lê ̵ se ainda na Declaração: “E para que a possibilidade de sucesso nas escolas regulares se possa
concretizar estas devem adequar ̵ se ás crianças e jovens com NEE através duma pedagogia neles
centrada e capaz de ir ao encontro dessas necessidades. Cada criança tem características,
interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias. Os sistemas de
educação devem ser planeados e os programas devem ser implementados tendo em vista a vasta
diversidade destas características e necessidades.

CAPITULO III: NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS NA LINGUAGEM

Linguagem - é um sistema convencional de símbolos arbitrários e de Regras de combinação dos


mesmos, representando ideias que se pretende transmitir através do seu uso de e um código
socialmente partilhado, a língua.

3.1.Transtornos de Linguagem

Entende-se por Transtornos de Linguagem os quadros que apresentam desvios nos padrões
normais de aquisição da linguagem desde suas etapas iniciais. Entretanto, crianças normais
variam amplamente na idade na qual elas iniciam a aquisição da linguagem falada e no ritmo no
qual as habilidades de linguagem se tornam firmemente estabelecidas.

Existem diferentes tipos de Transtornos de Linguagem, embora seja freqüente a presença de


comorbidades, tanto entre si, como entre transtornos psicológicos. Sendo assim, muitas crianças
que apresentam atrasos na aquisição da linguagem, possuem dificuldades de leitura e escrita, e
também problemas nos relacionamentos interpessoais, que levam respectivamente, a um
rendimento escolar deficiente e a possíveis transtornos da esfera emocional e de comportamento.

causas

As etiologias das alterações da linguagem e da fala podem envolver aspectos genéticos,


degenerativos, lesionais, ambientais e/ou emocionais. Alguns autores classificam os transtornos
com base em dois tipos de factores que podem alterar e incidir desfavoravelmente na evolução da
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comunicação e da linguagem: factores orgânicos, sejam eles genéticos, neurológicos ou


anatómicos e factores emocionais.

3.2.Alteraçoes mais frequentes no desenvolvimento da linguagem

Os transtornos que interferem na comunicação do indivíduo, podem estar relacionados à fala,


articulação, voz e escrita.

3.2.1.Retardo oral
Segundo GIUALIANA, Castellano (2007) retardo oral é o “atraso do de linguagem caracteriza se
pela ausência ou retardo no surgimento da linguagem oral, na idade em que isso normalmente
ocorre”.

O retardo oral se deve a certas patologias que afectam um individuo, levando assim a varias
perturbações. O atraso de linguagem pode ser identificado nas crianças que apresentam ausência
de linguagem oral, articulação pobre, vocabulário deficiente para a idade, dificuldades na
estruturação de sentenças e dificuldades em organizar o pensamento.

Mutismo é uma perturbação (Ajurigueira, 1979), consiste no total desaparecimento da


linguagem, de forma repentina ou progressiva. É provocada por doenças laríngeas ou aparecer
apenas em “ certos dias”. Existe mutismo neurónico - trata se da maioria dos casos de
muitíssimo parcial associado frequentemente a várias manifestações que persistem para além dos
6 anos de idade e que provocam limitações importantes tanto a nível escolar e social e mutismo
psicótico - é o mais notório em crianças dos 3 a 6 anos de idade e é provocado por incidente
febril ou mudança da criança do meio que estava habituado.

3.2.2.Alterações da voz
As alterações da voz são relativamente frequente na idade escolar, afectado na metade das
crianças dos 4/6 anos até a puberdade (DINVILLE, 1983:86), muitas vezes as alterações da voz
são divididas ao seu uso inadequado que por excesso ou por defeitos da sua emissão
(hipotonia/hipertonia)1.
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Entre as causa que podem gerar alterações põe nos assinalar as bronquites crónicas, asmas,
adenóides, laringites e por vezes tem por ideologias traumáticas (acidentes, sustos) ou ambientais
(elevação da voz em situação de muitos ruídos e barulho …). Podemos dividi – lás em disfonia e
afonia:

a)Disfonia
É nome dado aos problemas de voz ou, seja dificuldades na emissão de voz tais como rouquidão,
esforço à omissão, dificuldades em manter a voz, cansaço ao falar. (CANTON, A. Luiz. 2009).

É uma alteração da voz que pode afectar qualquer das suas características (intensidade, altura e
timbre) devido a uma perturbação orgânica ou uma incorrecta utilização da voz e podem ser:

 Disfonias orgânicas – funcionais


São em geral, iniciadas com uma disfonia funcional que tem seu diagnostico tardio com
disfonia funcional não foi tratada, ela evolui para uma lesão secundária nas pregas vocais.

 Disfonias orgânicas
 São aqueles que apresentam uma alteração anatómica nas pregas vocais.

 Causas disfonias
Fenda glótica: onde as pregas vocais não encostam uma na outra durante a fonação
A maior parte dos problemas na voz é decorrente do mau uso ou abuso vocal, e isto acontece pelo
desconhecimento de como se produz a voz e os cuidados básicos que se devem ter para manter
uma boa saúde vocal. Um exemplo disto são nódulos vocais (também conhecidos como calos)
que geralmente acometem as mulheres e são causados pelo mau uso da voz. Esta patologia esta
muito presente nas pessoas que usam a voz profissionalmente os professores

b)Afonia
É ausência total de voz, embora temporariamente, pela sua frequência. Trata – se de uma
situação provocada por alterações da mucosa de qualquer das partes da laringe, sendo as cordas
vocais a zona que mais sintomatologia apresentam. (Clínica Lucano RJ 2003).
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 Causas da afonia
As origem de afonia podem ser variadas e podem surgir como consequência de:
 Uma constipação;
 Uma inflamação da garganta;
 Ou ate mesmo de uma alegria;
 Também a inalação de fumo como tabaco.

A afonia assume níveis de intensidade dirigentes. A disfonia pode ir de um grau ligeiro até a uma
rouquidão aguda, que tem a duração de alguns dias ou semanas.

Cuidados a ter com a voz


Todos precisam de ter cuidados com a voz mas para quem utiliza a voz profissional é preciso ter
alguns cuidados vocais essências com isso é possível manter a integridade vocal.

Vejamos alguns destes cuidados:


 Beber muita agua, em média 2 litros de água por dia, de preferência em temperatura
eambiente;
 Durante actividade vocal deve se beber alguns coles de água para humidificar a garganta.
 Evitar gritar pois provoca um intenso atrito nas percas vocais, podendo lesiona lás;
 Não fumar, a fumaça irrita a mucosa da laringe, acumulando secreção nas pregas vocais, e o
ressecamente das mucosas
 ingerir sumos e frutas cíclicas;
 Vestir roupa confortável , para que não atrapalhe o fluxo respiratório nem mau postura;
 Evitar beber bebidas alcoólicas, pois o álcool tem um efeito anestésico, provoca diminuição
da sensibilidade, é onde na maioria das vezes ocorre um abuso vocal, lesando as pregas
vocais.

3.2.3.Alteração de articulação
Segundo AKIMAJIAN e COLS, (1984) articulação da fala humana é um processo que põe em
funcionamento cerca de uma centena de músculos e um sistema nervoso complexo que deve
controlar a si.

As alterações na articulação dividem-se em:


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 disglosias que são perturbações na articulação de fonemas (substituição, omissão,


distorção e acrescimento) devido a lesões físicas ou mã formação dos órgãos periféricos
da fala;
 disartrias são perturbações do sistema nervoso central que afecta a articulação de
sincronizar esses músculos.

3.2.4. Alteração da fala (dislalia, e disfemia)

a)Dislalia
Dislalia é uma desordem na pronúncia (articulação) causada por deficiências ou orgânicas ou
funcionais dos órgãos periféricos da fala, que consiste na impossibilidades pronunciar
correctamente um ou vários sons (combinações sons). Portal São Francisco SP 2003

A dislalia é um distúrbio que acomete a fala, caracterizado pela dificuldade em articular as


palavras. A pessoa portadora de dislalia, troca as palavras por outras similares na pronúncia, fala
erroneamente as palavras, omitindo ou trocando as letras.
A dislalia em crianças é um fenómeno transitório que passa com a idade.

Manifestações
Omissão, substituição ou deformação dos fonemas.

Causas
- Crianças que chupam chupeta e mamam mamadeira por um tempo prolongado, bem como as
que chupam o dedo, podem apresentar um quadro de dislalia.
- Línguas hipotonicas (flacidez) podendo ainda apresentar alterações na arcada dentária, ou então,
falhas na pronúncia de determinados fonemas em consequência da postura e respiração
dificuldade

 Numa abordagem ideológica exigem diferentes classificações da dislalia, PASCOAL


(1988:87).
 Dislalia evolutiva é uma alteração causada pela insuficiência, pela maturação motora
dos órgãos que intervêm na articulação e destaca se mais os primeiros anos de vida
aproximadamente 4 anos de idade.
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 Dislalia auditiva é uma alteração causada por uma audição;


 Dislalia orgânica é uma perturbação causada por má formação dos órgãos de fala
(lábios e língua).
 Dislalia funcional é uma alteração causada por maus funcionamentos dos órgãos
articulares sem existir qualquer coisa orgânica.

b)Disfemia

Segundo DINVILLE (1980) a disfemia também denominada taumudez ou disfluência é


popularmente conhecida como gagueira ou gaguez, é a mais comum desordem da fala”

Causas da disfemia

A disfemia ocorre, nas crianças em conseqüência de uma combinação de diversos factores


durante o desenvolvimento da fala e destaca se os seguintes factores como geradores (Zebrowski,
1987).

 Diferencias no funcionamento de hemisfério cerebral


 Causas genéticas (pode ser hereditária)
 Lesões cerebrais
 Causas psicológicas e sociais

Formas de manifestação

A lenta mutação das redes neurais de processamento de linguagem, que gera uma habilidade
ainda pequena para articular palavras e ligá-las em frase nessa idade; O rápido fluxo de
pensamento juntamente com a relativa imaturidade do sistema fonoarticulatório, propicia a
apresentação de alguma dificuldade, por parte da criança, na produção de um ritmo regular e
suave na fala, especialmente quando a criança está ansiosa, cansada ou doente;

Algumas características podem estar associadas com a tendência de gagueira tornar-se um


problema persistente, como:
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 O surgimento de sintomas adicionais, dentre eles: fazer caretas, contrair os olhos ou bater
os pés.
 Alteração na fluidez verbal caracterizada por pausas anormalmente largas;
 Repetições involuntárias de sílabas;
 Provoca frustração para quem padece.

Em muitos casos, apenas a terapia fonoaudiológica é insuficiente para atender adequadamente


todas as necessidades de um paciente disfêmico, sendo necessária a adoção de medidas adicionais
de suporte, tais como assistência médica e farmacológica, especialmente em adultos.

Numa perspectiva sintomatologia pode se diferenciar três tipos de gaguez que são:
 Gaguez crónica - que é caracteriza por repetição silábica ligeira;
 Gaguez tónica - que se caracteriza por bloqueio de sílabas;
 Gaguez mista - apresenta sintomas de duas anteriores, nestas perturbações da fala a
intervenção;

Identificação e Intervenção no contexto escolar

A produção da fala e linguagem pode ser considerada adequada ou não de acordo com a idade
cronológica. Para avaliá-la, é necessário levar em conta os aspectos cognitivos e emocionais do
desenvolvimento, que poderão indicar ou não a severidade do caso, bem como a necessidade de
orientação especializada à família e/ou terapia fonaudiológica. Sabe-se que a estimulação precoce
da linguagem pode prevenir distúrbios de aprendizagem, dislexia e problemas de
desenvolvimento.
São princípios básicos da intervenção na criança a avaliação do desenvolvimento da linguagem
em todos os seus níveis, a orientação à família e escola e a terapia propriamente dita. Esta pode
ser dividida em:
 Terapia da fala (onde serão abordados objectivos como desvios fonéticos e fonológicos);
 Terapia de voz (disfonias);
 Terapia de motricidade oral (distúrbios de alimentação, respiração e mobilidade de órgãos
fonoarticulatórios);
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 Terapia de linguagem oral (onde o enfoque pode estar centrado na expressão e/ou
recepção de linguagem) e
 Terapia de linguagem escrita (dislexias, disortografias e disgrafias).
Todas as actividades de estimulação dentro da terapia fonoaudiológica infantil devem ser
realizadas de forma lúdica, através de jogos e brincadeiras, para que a criança sinta prazer nas
técnicas propostas.
A estimulação através de canto, conversa, brincadeiras e leitura propícia a aquisição de
habilidades que favorecem o desenvolvimento. Para que comece a ocorrer um processo de
comunicação, a criança deverá se sentir motivada.

3.2.5.Linguagem escrita. Dificuldades mais frequentes (dislexia e disgrafia)

 Dislexia
Etimologicamente, dislexia significa dificuldades da fala ou da dicção, dislexia: (do grego) dus –
Difícil, mau , lexis – palavra. Contudo na maioria dos autores considera que o termo dislexia
engloba uma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita.

“ A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem da leitura que resulta lenta, silábica ou com
erros, e que não pode ser explicada por ensino deficiente, défice cognitivo ou razões
socioculturais” simplifica. ANTUNES Nuno Lombo ( 2009, .p.48).

 Causas de dislexia
No entanto, o debate à volta das causas e factores da dislexia é vasto e aponta para várias origens.
TORRES Rosa e FERNANDEZ Pilar (2001) delimitam os factores da dislexia em factores de
origem neurológica, dificuldades instrumentais, cognitivas e linguísticas e factores pedagógicos.

 Tipos de dislexia
Segundo TORRES Rosa e FERNANDEZ Pilar (2001) descrevem várias teorias explicativas que
terão influência sobre a tipologia ou subgrupos da dislexia. Desta forma existem diferentes
versões de classificação da dislexia, dependendo das teorias explicativas sobre a etiologia, sobre a
gravidade e segundo o ponto de vista neurológico, psicológico e pedagógico.
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 A dislexia adquirida é quando a perturbação da leitura surge na sequência de uma lesão


cerebral que afecta uma pessoa depois de domínio do processo da leitura. A dislexia
adquirida subdivide-se em diversos tipos: auditiva, visual e mista.
 A dislexia visual caracteriza-se pela inabilidade para captar o significado dos símbolos da
linguagem impressa.
 A dislexia auditiva caracteriza-se pela inabilidade de perceber os sons separados da
linguagem oral. Nesta dislexia os alunos revelam muitas dificuldades no ditado e na
composição.
 Na dislexia mista, a criança tende a apresentar problemas associados a ambas as áreas:
visual e auditiva.
 Disgrafia
Disgrafia é a alteração da escrita normalmente ligada a problemas perceptivo - motores, isto é, a
disgrafia é uma perturbação do tipo funcional que têm como consequências a qualidade da escrita
do aluno, no que diz respeito ao traçado ou à grafia (TORRES & FERNÁNDEZ, 2001).

SERRA Helena (2004) define a disgrafia como uma escrita disfuncional relativamente aos seus
aspectos motores.

Dificuldades na escrita relacionada com aptidão mecânica. Os problemas estão relacionados com
a componente grafo motora (padrão motor) da escrita.

BIBLIOGRAFIA:

BAUTISTA, R, et all. Necessidades Educativas Especiais. 2ª ed. Colecção Saber Mais, 1997.

CORREIA, L, CABRAL.M. Alunos com Necessidades Especiais e Aprendizagem Escolar.


Vol.3,Porto. Porto editora, 1999.

FONSECA, Victor da. Educação Especial, Programa de Estimulação precoce, Uma introdução as
ideias de Feurstein. 2ed, Porto Alegre, Artmed Editora, 1995.

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