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CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES GERAIS DOS ELEMENTOS DE

TRANSIÇÃO

1. Introdução

Em geral os metais de transição têm subcamadas d parcialmente preenchidas ou


originam iões com subcamadas d parcialmente preenchidas. Este atributo é
responsável por propriedades notáveis, incluindo uma coloração distinta, a formação
de compostos paramagnéticos, a actividade catalítica e, em especial, uma grande
tendência para formas iões complexos. Os metais do Grupo 12 – Zn, Cd e Hg – não
têm esta configuração electrónica característica e, embora sejam por vezes chamados
de metais de transição, na realidade eles não pertencem a esta categoria (Figura 1).

Figura 1: Os metais de transição (quadrados mais claros). Embora os elementos do Grupo 12


(Zn, Cd e Hg) sejam descritos como metais de transição por alguns químicos, nem os metais
nem os seus iões possuem subcamadas d parcialmente preenchidas.

Tomando como exemplo os metais de transição mais comuns, isto é, os elementos da


primeira série, do escândio ao cobre, a Tabela 1 lista algumas de suas propriedades.

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Tabela 1: Configurações electrónicas e outras propriedades dos metais da primeira série de
transição

À medida que prosseguimos ao longo de um período da esquerda para a direita, os


números atómicos aumentam, electrões são adicionados à camada mais externa e a
carga nuclear aumenta pela adição de protões. Nos elementos do terceiro período – do
sódio ao árgon – os electrões mais externos blindam fracamente uns aos outros
fracamente uns aos outros da carga nuclear extra. Assim, os raios atómicos diminuem
rapidamente do sódio para o árgon e as electronegatividades e as energias de
ionização aumentam uniformemente.

Para os metais de transição, as tendências são diferentes. A partir da Tabela 1


vemos que a carga nuclear aumenta do escândio para o cobre, mas os electrões estão
sendo adicionados à subcamada 3d mais interna. Estes electrões 3d blindam os
electrões 4s da carga nuclear crescente com mais eficácia do que os electrões da
camada mais externa se blindam uns aos outros, assim, os raios atómicos não
diminuem de maneira acentuada. Pela mesma razão, as electronegatividades e as
energias de ionização aumentam apenas ligeiramente do escândio para o cobre
em comparação com os aumentos do sódio para o árgon.

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Embora os metais de transição sejam menos electropositivos (ou mais
electronegativos) do que os metais alcalinos ou alcalino-terrosos, os seus potenciais
padrão de redução sugerem que todos eles, com excepção do cobre, devem reagir
com os ácidos fortes, como o ácido clorídrico, para produzir hidrogénio. Contudo, a
maioria dos metais de transição são inertes em relação aos ácidos ou reagem
com eles lentamente devido a uma camada protectora de óxido. Um caso típico é o
crómio: apesar de o seu potencial padrão de redução ser bastante negativo, ele é
quimicamente inerte devido à formação do óxido de crómio (III) na sua superfície.
Consequentemente, o crómio é usado como uma camada protectora e não corrosiva
sobre outros metais. Nos pára-choques e acabamentos dos automóveis, a cromagem
tem um propósito funcional bem como decorativo.

2. Propriedades Físicas Gerais

A maior parte dos metais de transição tem uma estrutura de empacotamento compacto
na qual cada átomo tem um número de coordenação 12. Além disso, estes elementos
têm raios atómicos relativamente pequenos. O efeito combinado do empacotamento
compacto e das dimensões atómicas reduzidas resulta em ligações metálicas fortes.
Por isso, os metais de transição têm densidades mais elevadas, pontos de fusão e
de ebulição mais altos e maiores calores de fusão e de vaporização do que os
metais dos Grupos 1, 2 e 12 (Tabela 2).

Tabela 2: Propriedades físicas dos elementos desde o K até ao Zn

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3. Configurações Electrónicas

O cálcio tem a configuração electrónica [Ar] 4s2. Do escândio até o cobre, os electrões
são adicionados aos orbitais 3d. Assim, a configuração electrónica mais externa do
escândio é 4s23d1, a do titânio é 4s23d2 e assim por diante. As duas excepções são o
crómio e o cobre, cujas configurações electrónicas mais externa são 4s13d5 e 4s13d10,
respectivamente. Estas irregularidades são o resultado da estabilidade extra
associada a subcamadas 3d semipreenchidas e totalmente preenchidas.
Tal como o crómio, o gadolínio também adquire uma estabilidade extra tendo uma
subcamada semipreenchida (4f7), (Z = 64) tendo uma configuração electrónica
[Xe]6s24f75d1 em vez de [Xe]6s24f8.
Para o caso do lantânio (Z = 57), seria de esperar que, após o preenchimento do orbital
6s, os electrões adicionais seriam colocados nos orbitais 4f. Na realidade, as energias
dos orbitais 5d e 4f são muito próximas; de facto, para o lantânio, o orbital 4f tem uma
energia pouco maior do que o orbital 5d. Assim, a configuração electrónica do lantânio
é [Xe]6s25d1 e não [Xe]6s24f1.

Quando os metais da primeira série de transição formam catiões, os electrões


são removidos primeiro dos orbitais 4s e depois dos orbitais 3d. (Essa é a ordem
oposta em que os orbitais são preenchidos nos átomos). Por exemplo, a configuração
electrónica mais externa do Fe2+ é 3d6, não 4s23d4.

Exercício:
Localize os átomos e os iões de metais de transição na Tabela Periódica.
Átomos: (1) [Kr]5s24d5; (2) [Xe]6s24f145d4.
Iões: (3) [Ar]3d3 (carga +4). (4) [Xe]4f145d8 (carga +3)

4. Estados de Oxidação

Os metais de transição exibem estados de oxidação variáveis nos seus compostos. A


Figura 2 mostra os estados de oxidação desde o escândio até o cobre. Os estados de
oxidação comuns para cada elemento incluem +2, +3, ou ambos. Os estados de

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oxidação +3 são mais estáveis no princípio da série, enquanto para o fim da série
os estados de oxidação +2 são mais estáveis. A razão para esta tendência pode ser
compreendida examinando os gráficos de energia de ionização da Figura 3. Em geral,
as energias de ionização aumentam gradualmente da esquerda para a direita.
Contudo, a terceira energia de ionização (quando um electrão é removido de um orbital
3d) aumenta mais rapidamente do que a primeira ou a segunda energia de ionização.
Como mais energia é necessária para remover o terceiro electrão dos metais
próximos do fim da série do que dos do princípio, os metais próximos do fim
tendem a formar iões M2+ e não iões M3+.
O estado de oxidação mais alto de um metal de transição é +7 para o manganês
(4s23d5). Para os elementos à direita do Mn (Fe a Cu), os números de oxidação são
mais baixos. Os metais de transição geralmente exibem os seus estados de oxidação
mais altos em compostos com elementos muito electronegativos, como o oxigénio e o
flúor – por exemplo, V2O5, CrO3 e Mn2O7.

Figura 2: Os estados de oxidação dos metais da primeira série de transição. Os números de


oxidação mais estáveis estão em vermelho. O estado de oxidação zero aparece em alguns
compostos, como o Ni(CO)4 e o Fe(CO)5.

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Figura 3: Variação da primeira, segunda e terceira energia de ionização para os metais da
primeira série de transição.

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