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cronologicamente

70 ANOS DE ASSOLAÇÕES DE JERUSALÉ

No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual


foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, no primeiro ano do seu reinado,
eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o
Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de durar as assolações de
Jerusalém, era de 70 anos (Dn 9:1-2).

Jeremias 25:11-12 e 29:10 são as únicas passagens naquele livro que falam em 70 anos. E são
certamente estas que vieram à mente de Daniel, agora que o domínio babilónico acabara de ser
quebrado. Belsazar, último rei dos caldeus, fora morto e Dario, o medo, com cerca de sessenta e
dois anos, se apoderou do reino (Dn 5:30-31).

Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei de
Babilónia e a desta nação, diz o Senhor, como também a da terra dos caldeus; farei deles ruínas
perpétuas (Jr 25:12).

Logo que se cumprirem para Babilónia setenta anos atentarei para vós e cumprirei para convosco
a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar […] congregar-vos-ei de todas as
nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar
donde vos mandei para o exílio (Jr 29:10-14)

Nestas passagens, os 70 anos estão diretamente relacionados com a duração do reino da


Babilónia. Quando se cumprissem para Babilónia 70 anos, o povo seria liberto.

A palavra em Jeremias 25 veio no 4º ano de Jeoaquim (ano 3398), que é o 1º ano de


Nabucodonosor (Jr 25:1). Será este o ponto de partida dos 70 anos para Babilónia. Os 70
anosBabilónia cumpriram-se então no ano 3468 (3398+70), quando Babilónia foi tomada, Belsazar
rei dos caldeus, morto, e Dario o medo se apoderou do reino (Dn 5:30-31).
“Logo que se cumprirem para Babilónia setenta anos atentarei para vós” (Jr 29:10). No primeiro
ano de Dario, Daniel entendeu que os 70 anos tinham chegado ao fim e ora a Deus (Dn 9:3-9).

Nas passagens de Daniel 9 e também de 2Cr 36:20-22, observamos um paralelismo entre os 70


anos para Babilónia e os 70 anos das assolações de Jerusalém.

Algumas versões da Bíblia — nomeadamente a King James Version — traduzem Jr 29:10


“passados setenta anos em Babilónia” (after seventy years be accomplished at Babylon),
relacionando assim a duração de 70 anos com estadia dos judeus na Babilónia, embora a maior
parte das outras versões traduza for Babylon (= para Babilónia) (Jr 29:10).

E 2Cr 36:20-22 liga os 70 anos com a desolação da terra: Os que escaparam da espada a esses
levou ele [Nabucodonosor] para Babilónia, onde se tornaram seus servos e de seus filhos, até ao
tempo do reino da Pérsia; para que se cumprisse a palavra do Senhor por boca de Jeremias, até
que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou até que os
setenta anos se cumpriram. No primeiro ano de Ciro… (2 Cr 36:20-22).
De acordo com 2 Crónicas 36:20-23, a desolação da terra tem a duração dos 70 anos do
cativeiro, até ao tempo do reino da Pérsia, quando Ciro ordenou por escrito o regresso do povo
e a construção do templo em Jerusalém.

Até que a terra se agradasse dos seus sábados (2 Cr 36:21). Este versículo traz luz sobre a razão
pela qual se deu o exílio do povo de Israel e a duração do mesmo: está relacionado com a falta
de cumprimento do sábado, um dos mais antigos e importantes requerimentos da lei.

O conceito do sábado tem origem na obra da criação. Seis dias, Deus trabalhou, depois avaliou a
sua obra, viu que estava tudo muito bom, e descansou. Mas o sábado como instituição só
aparece depois que Deus libertou o povo de Israel do Egipto, servindo como sinal da aliança
entre Ele e Israel, para se lembrarem de que foram servos no Egipto e que o Senhor os tirou de
lá (Dt 5:15). Por isso, o sábado tornou-se símbolo de redenção e libertação do cativeiro, e
também de descanso do trabalho de escravo.

Ao mesmo tempo, o cumprimento do sábado era sinal de reconhecimento de que Deus era
Senhor. Isto, porque somos servos de quem nos liberta, ou de quem nos compra. Na lei, a
obrigação de guardar o sábado estava inscrita logo a seguir ao primeiro mandamento — Eu sou
o Senhor e não terás outros deuses — (Ex 20; Dt 5).

O significado do sábado foi primeiro ensinado a Israel através da provisão do maná. Guardar o
sábado era um teste para Israel, para provar que confiavam (descansavam) no Senhor para o
suprimento das suas necessidades. Deus deu-lhes o sábado como descanso, e eles tinham de o
guardar (Ex 31:12-18). Seis dias deviam colher o maná, no sétimo dia, dia de descanso, não
haveria. Mas no sexto dia estavam autorizados a colher uma porção dobrada para não terem de
trabalhar no sétimo dia (sábado).

O exílio de Israel na Babilónia estava relacionado com o não cumprimento do sábado, e muito
especificamente o sábado da terra.

Ao entrarem na terra que Deus lhes iria dar (Lv 25:1-7), teriam que guardar o sábado (descanso)
da terra. Seis anos semeavam, o sétimo era ano sabático; não se podia semear. No sétimo ano,
os frutos da terra em descanso lhes seriam para alimento. Ao guardarem o sábado da terra,
Deus abençoá-los-ia com uma colheita extraordinária no sexto ano (Lv 25:20-22) para poderem
alimentar-se no sétimo ano até haver nova colheita no oitavo ano (que é o primeiro ano de um
novo ciclo sabático).

Se 70 anos constituíam a penalização por não guardar o descanso, um ano por cada sábado, isto
quer dizer que Israel não guardara os sábados ao longo de 490 anos, o que representa a maior
parte da sua existência como nação, desde o tempo de Saul. A terra ficou a descansar até que se
agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se
cumpriram (2Cr 36:21). Aconteceu o que estava previsto na lei: Então a terra folgará nos seus
sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; nesse
tempo a terra descansará (Lv 26:34; 43). A terra repousou o tempo equivalente a todos os anos
sabáticos que Israel não cumpriu. Quando os 70 anos passassem, haveria libertação do cativeiro
e regresso à terra para cultivá-la.
Com o fim do domínio babilónico, o começo do reino da Pérsia e o decreto de Ciro a autorizar o
povo regressar à sua terra e reedificar o templo, começou um novo período na vida da nação de
Israel.

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