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____________________________________________________________ Cristina Carapeto

A Estrutura dos Ecossistemas

Estrutura refere-se às partes e à forma como elas se juntam para formar um todo.
Existem dois componentes fundamentais em todos os ecossistemas: o biota, ou
comunidade biótica, e os factores ambientais abióticos. A maneira como as
diferentes categorias de organismos se organizam denomina-se estrutura biótica.

Apesar da diversidade de ecossistemas que existem, todos eles têm uma estrutura
biótica similar baseada nas relações alimentares. Isto é, todos os ecossistemas têm
as mesmas três categorias básicas de organismos que interagem de forma idêntica.

Categorias de organismos
As principais categorias de organismos são (1) os produtores, (2) os consumidores e
(3) os consumidores de detritos e decompositores. Juntos, estes grupos produzem
alimentos, passam-nos ao longo das cadeias alimentares e devolvem os materiais
primários à partes abióticas do ambiente.

Produtores: são principalmente as plantas verdes, que utilizam a energia solar para
converter o dióxido de carbono (absorvido do ar ou da água) e água num açúcar
chamado glicose e libertam oxigénio como produto secundário. A esta conversão
química, que é conduzida pela energia luminosa, chama-se fotossíntese. As plantas
são capazes de manufacturar todas as complexas moléculas que constituem os
seus corpos a partir da glicose produzida durante a fotossíntese e de alguns
nutrientes minerais adicionais como o nitrogénio, o fósforo, o potássio e o enxofre
que absorvem do solo ou da água. A molécula que as plantas usam para captar a
energia luminosa para a fotossíntese é a clorofila, um pigmento verde. Portanto,
plantas que realizam a fotossíntese são facilmente identificadas pela sua cor verde.
(Nalguns casos, o verde pode estar escondido por pigmentos adicionais vermelhos
ou castanhos. Assim, as algas vermelhas e as algas castanhas também realizam a
fotossíntese.) Os produtores variam muito na sua diversidade, podendo ser algas de
células simples microscópicas ou plantas de tamanho médio tais como as ervas,
diversas plantas com flor e cactos e até mesmo árvores gigantescas.

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O termo orgânico usa-se para referir todos os materiais que constituem os corpos
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dos organismos vivos moléculas como as proteínas, lípidos e hidratos de
carbono. Da mesma forma, materiais que são produtos específicos dos organismos
vivos, tais como folhas mortas, cabedal, açúcar e madeira, são considerados
orgânicos. Para além destes há outros materiais e compostos químicos do ar, água,
rochas e minerais, que por existirem à parte da actividade dos organismos vivos, são
considerados inorgânicos. O aspecto fundamental das moléculas e materiais
orgânicos é o facto de eles serem, em grande parte, constituídos por ligações de
carbono e átomos de hidrogénio (ligações carbono-carbono e carbono-hidrogénio),
uma estrutura que não é encontrada nos materiais inorgânicos. Esta estrutura
carbono-hidrogénio tem a sua origem no processo da fotossíntese. Os átomos de
hidrogénio retirados das moléculas de água e os átomos de carbono do dióxido de
carbono juntam-se para formar compostos orgânicos no processo da fotossíntese.
As plantas verdes utilizam a luz como fonte de energia para produzir todas as
moléculas complexas que os seus organismos necessitam a partir de compostos
químicos inorgânicos simples (dióxido de carbono, água, nutrientes minerais)
presentes no ambiente. À medida que esta conversão de inorgânico para orgânico
ocorre, alguma da energia da luz é armazenada nos compostos orgânicos.

Todos os organismos nos ecossistemas, excepto as plantas verdes, se alimentam


de matéria orgânica e utilizam-na como fonte de energia e de nutrientes. Portanto,
as plantas verdes, que realizam a fotossíntese, são absolutamente essenciais em
todos os ecossistemas. A sua fotossíntese e o seu crescimento constituem a
produção de matéria orgânica que sustem todos os outros organismos nesse
ecossistema. Na verdade, todos os organismos da biosfera podem ser divididos em
duas grandes categorias, autotróficos e heterotróficos, com base no facto de eles
produzirem ou não os compostos orgânicos de que necessitam para sobreviver e
crescer. Os organismos, como as plantas verdes, que produzem o seu próprio
material orgânico a partir de constituintes inorgânicos presentes no ambiente,
utilizando uma fonte de energia externa, são autotróficos. Como foi referido
anteriormente, os organismos autotróficos mais importantes e também os mais
comuns são as plantas verdes que utilizam a clorofila para captar a energia luminosa
para a fotossíntese. Contudo, algumas bactérias utilizam um pigmento roxo para a
fotossíntese enquanto outras adquirem a sua energia a partir de compostos
químicos inorgânicos. Estes últimos organismos são designados quimiotróficos por
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oposição aos fototróficos (realizam a quimiossíntese em vez de fotossíntese).
Todos os outros organismos, que precisam de consumir material orgânico para obter
energia e nutrientes, são heterotróficos. Estes podem ser divididos em numerosas
subcategorias sendo que as duas principais são a dos consumidores (alimentam-
se de presas vivas) e a dos consumidores de detritos e decompositores
alimentando-se ambas de organismos mortos ou dos seus produtos.

Consumidores: englobam uma grande variedade de organismos desde bactérias


microscópicas até aos grandes mamíferos. Neles se incluem vários grupos como os
protozoários, vermes, peixes, insectos, répteis, anfíbios, aves e mamíferos aquáticos
e terrestres (incluindo o próprio Homem).
A fim de se compreender melhor a estrutura dos ecossistemas, os consumidores
são também divididos em subgrupos, de acordo com a sua fonte de alimento.
Animais, grandes ou pequenos, que se alimentam directamente dos produtores são
denominados consumidores primários ou também herbívoros.
Animais que se alimentam dos consumidores primários são denominados
consumidores secundários. Pode haver ainda um terceiro, quarto ou mais níveis
de consumidores havendo até animais que ocupam mais do que uma posição na
escala de consumidores. O ser humano, por exemplo, é considerado um consumidor
primário quando se alimenta de vegetais, um consumidor secundário quando se
alimenta da carne dos herbívoros e um consumidor terciário quando se alimenta de
peixes carnívoros (alimentam-se de outros peixes). Os consumidores secundários
ou de ordens mais elevadas são também denominados carnívoros. Consumidores
que se alimentam tanto de plantas como de outros animais são denominados
omnívoros.

Os parasitas são outra categoria importante de consumidores. Parasitas são


organismos que se associam intimamente com a sua “presa” e dela se alimentam
durante um longo período de tempo sem, contudo, a matarem (pelo menos não
imediatamente) mas tornando-a cada vez mais débil e por isso mais susceptível à
morte por outros predadores ou por condições adversas. Uma enorme variedade de
organismos pode formar a categoria dos parasitas: diversos vermes suficientemente
conhecidos de todos nós, alguns protozoários, insectos, certos mamíferos (os

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morcegos vampiros) e até mesmo algumas plantas (linho-de-cuco)1. Muitas doenças
que aparecem nas plantas e muitas outras que afligem animais são causadas por
fungos parasitas (por exemplo, o pé de atleta). Os parasitas podem viver dentro ou
fora do corpo do seu hospedeiro, consoante o tipo de parasita em causa (endo- e
ectoparasitas). Em medicina é geralmente feita uma distinção entre as bactérias e
vírus e os parasitas, que geralmente são organismos maiores. Ecologicamente,
contudo, não existe uma distinção real. Bactérias são organismos estranhos ao seu
hospedeiro e os vírus são entidades também estranhas, ambos alimentando-se e
multiplicando-se no seu hospedeiro durante um período de tempo e provocando o
mesmo tipo de danos que os outros parasitas provocam. Portanto, bactérias e vírus
causadores de doenças podem ser considerados parasitas altamente
especializados.

Consumidores de detritos e decompositores: Material morto de plantas, tal como


folhas caídas, ramos e troncos de árvores mortas, ervas mortas, dejectos fecais e
corpos mortos de animais, são denominados detritos. Muitos organismos
especializaram-se em alimentarem-se de detritos e por isso mesmo são
denominados consumidores de detritos ou detritívoros. Como exemplos podem-
se mencionar as minhocas, as centopeias, os caranguejos, as térmitas2 ou as
formigas. Um grupo muito importante de consumidores de detritos são os
decompositores, nomeadamente fungos e bactérias. Muitos dos detritos existentes
nos ecossistemas, particularmente folhas mortas, troncos e ramos de árvores
mortas, não parecem ser comidos por ninguém. Fica-se, sim, com a impressão de
que eles apodrecem. De facto, o apodrecimento é o resultado da actividade
metabólica de fungos e bactérias. Estes organismos segregam enzimas digestivas
que provocam o decomposição da madeira, por exemplo, em açúcares simples que
os fungos e as bactérias então absorvem como alimento. Portanto, o apodrecimento
que nós observamos é na verdade o resultado desse material morto a ser
consumido pelos fungos e pelas bactérias. Muito embora os fungos e as bactérias
sejam denominados decompositores, por causa do seu comportamento que é único,

1
planta desprovida de clorofila, de caules avermelhados, da família das Convolvuláceas, parasita de muitas plantas,
frequente em Portugal, e também conhecida por cuscuta, linho-de-raposa, etc.

2
nome vulgar extensivo a uns insectos sociáveis (uns alados, outros ápteros) da ordem dos isópteros, que vivem
em comunidades polimorfas, geralmente em ninhos (termiteiras), por vezes muito grandes, construídos por eles nas
regiões quentes, que atacam gravemente as madeiras, destruindo construções, e são também conhecidos pelas
designações de formiga-branca, térmita, terma, salalé, etc.
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eles pertencem ao grupo dos consumidores de detritos, já que a sua função no
ecossistema é a mesma. Por sua vez, quando um decompositor morre o seu corpo é
consumido por outros detritívoros. Tanto os consumidores de detritos como os
decompositores são muitas vezes chamados “microconsumidores” em oposição aos
macroconsumidores. Este tipo de consumidores ocupam um papel fundamental nos
ecossistemas pois é através deles que se completam os ciclos na Natureza: o
material orgânico complexo é decomposto em nutrientes minerais, em dióxido de
carbono e em água; a energia é libertada para a utilização dos próprios
microconsumidores.

Em resumo, apesar da grande diversidade de ecossistemas que existe, todos eles


apresentam uma estrutura biótica muito semelhante. Todos eles podem ser
descritos em termos de organismos autotróficos, ou produtores, os quais produzem
material orgânico que se torna fonte de energia e nutrientes para os heterotróficos,
que são organismos repartidos por diversas classes de consumidores, detritívoros e
decompositores (Fig. 9).

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Organismos autotróficos Organismos heterotróficos


Produzem a sua própria matéria orgânica Alimentam-se de matéria orgânica para obterem energia
a partir de nutrientes inorgânicos e de
uma fonte de energia ambiental

Consumidores Consumidores de detritos e


Produtores Decompositores
Alimentam-se de matéria
primários / herbívoros
orgânica morta
Plantas verdes fotossintéticas alimentam-se exclusivamente
usam a clorofila para absorver de plantas
Decompositores
a energia luminosa fungos e bactérias que
secundários /
carnívoros provocam o apodrecimento
Bactérias fotossintéticas
usam um pigmento roxo para absorver a alimentam-se dos
energia luminosa consumidores primários

Bactérias quimiossintéticas de outros níveis /


usam compostos químicos inorgânicos carnívoros
alimentam-se de outros
carnívoros

omnívoros
alimentam-se tanto de plantas
como de animais

parasitas
plantas ou animais que se
associam com outro
organismo e se alimentam
dele durante um período de
tempo extenso

Fig. 9 Resumo das diferentes categorias de organismos presentes nos ecossistemas

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Limites de Tolerância e Factores Limitantes

Voltando agora a nossa atenção para outra componente dos ecossistemas


recordemos que as interacções dos organismos se processam entre eles próprios
mas também entre eles e o meio que os rodeia, ou seja, a interacção da
componente biótica com os factores abióticos. De entre todos estes os mais
importantes são, para os ecossistemas terrestres, a precipitação (quantidade e
distribuição ao longo do ano e/ou quantidade de humidade no solo), as temperaturas
(temperaturas médias e temperaturas extremas seja de calor ou de frio), a luz, o
vento, os nutrientes químicos, o pH, a salinidade e o fogo. Nos ecossistemas
aquáticos os factores abióticos de maior importância são a salinidade, a
temperatura, os nutrientes químicos, a textura do fundo (rochoso vs. arenoso), a
profundidade, a turbidez da água (que determina a quantidade de luz que atinge o
fundo) e as correntes. O grau em que cada um destes factores está presente ou
ausente, afecta de forma acentuada a capacidade de sobrevivência dos organismos.
No entanto, cada espécie é afectada de uma maneira diferente por cada um dos
factores mencionados. Na verdade, é a diferente forma como cada espécie reage
aos factores ambientais que determina se ela pode ou não ocupar uma determinada
região ou uma área particular dentro de uma região. Por seu lado, o facto de os
organismos sobreviverem e se desenvolverem num determinado local também
determina as características de um dado ecossistema. Portanto, e como já nos foi
dado a todos observar, espécies diferentes desenvolvem-se sob condições
diferentes. Este princípio aplica-se a todos os organismos vivos, sejam eles plantas
ou animais.

Diversos estudos laboratoriais e observações de campo têm mostrado que para


cada factor existe um nível óptimo, um determinado nível perante o qual os
organismos reagem melhor. A níveis mais elevados ou mais baixos o mesmo
organismo não se desenvolve de igual modo e em condições extremas, em relação
a esse mesmo factor, o organismo pode até não sobreviver. Uma vez que os
organismos se desenvolvem consoante determinados limites referentes a cada
factor abiótico, é mais correcto falar em amplitude óptima. O alcance completo que
permite qualquer tipo de crescimento desse organismo denomina-se amplitude de
tolerância. Os pontos limites (superior e inferior) da amplitude de tolerância são os
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limites de tolerância. Entre a amplitude óptima e os limites superior e inferior de
tolerância existem as chamadas zonas de stress. Ou seja, à medida que o factor
em questão sobe ou desce em relação à sua amplitude óptima, os organismos ficam
sujeitos a um nível de stress mais elevado até que, em cada um dos limites de
tolerância, não conseguem sobreviver (Fig.10)
.
Nem todas as espécies porém foram sujeitas a observações em relação a cada um
dos factores determinantes do seu crescimento e desenvolvimento, mas a
consistência das observações feitas, leva-nos a concluir que existe um princípio
fundamental que pode ser enunciado como cada espécie (plantas e animais)
apresenta uma amplitude óptima, zonas de stress e limites de tolerância em relação
a cada um dos factores abióticos que influenciam a sua existência.

Da mesma forma, experiências e observações têm demonstrado que os níveis


óptimos e os limites de tolerância de cada espécie fazem parte das suas
características específicas. Por exemplo, o que pode ser um nível óptimo de
determinado factor abiótico para uma dada espécie, pode ser para outra, uma zona
de stress ou mesmo o seu limite de tolerância. Por outro lado, algumas espécies
apresentam amplitudes de tolerância muito amplas enquanto outras têm amplitudes
bastante estreitas. Embora os níveis óptimos e os limites de tolerância possam ser
muito diferentes de uma espécie para outra, é possível haver uma grande
sobreposição, relativamente às suas amplitudes de tolerância.

Uma vez que há um nível óptimo e limites de tolerância para cada factor abiótico e
sempre que um factor abiótico se encontra fora da sua amplitude óptima, ele
causará stress ao organismo e limitará o seu crescimento, desenvolvimento,
reprodução e mesmo a sobrevivência da respectiva população, esse factor será um
factor limitante. Este acontecimento é conhecido como lei dos factores limitantes.
Contudo, é necessário não esquecer que o factor limitante pode sê-lo pelo facto de
não existir ou por existir em demasia. Por exemplo, certas plantas morrem por falta
de água ou por terem água a mais no solo, o que causará o apodrecimento das suas
raízes. Importante também é saber que o factor limitante não será sempre o mesmo,
provavelmente surgirão outros ao longo do tempo. Durante o período vegetativo de
uma dada espécie a temperatura poderá ser o factor limitante no início da Primavera
mas se ocorrer uma seca, a água tornar-se-á no factor limitante. Por outro lado
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ainda, se um factor limitante for corrigido o crescimento da espécie aumentará,
apenas até que um outro factor assuma o papel de limitar o seu desenvolvimento.
Naturalmente que o potencial genético de cada organismo acaba por ser o factor
limitante a determinar o seu desenvolvimento quando todos os outros forem
optimizados.

A lei dos factores limitantes foi enunciada pela primeira vez por Justus von Liebig em
1840, após diversas observações relacionadas com os efeitos dos nutrientes
químicos sobre o crescimento das plantas. A partir daí outras observações têm sido
feitas e hoje sabe-se que o desenvolvimento das espécies não depende apenas dos
factores abióticos, mas também dos bióticos. Portanto, o factor limitante para uma
população pode ser a competição ou a predação por outras espécies.

Por fim, embora um factor possa ser reconhecido como limitante numa determinada
altura, vários outros factores, fora do nível óptimo, podem formar uma combinação
tal que provoquem um nível de stress adicional ou mesmo a morte do organismo. Os
poluentes, em particular, actuam de forma a tornar o organismo mais vulnerável a
doenças, por exemplo. Tais casos são exemplos de efeitos sinergéticos, ou de
sinergia, que são definidos como a interacção de dois ou mais factores, de forma a
causar um efeito muito maior do que se anteciparia a partir dos efeitos de cada um
desses factores actuando individualmente.

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Zona de Zona de Amplitude óptima Zona de Zona de


intolerância stress stress intolerância
fisiolog. fisiológ.

Abundância de espécies

Poucas
espécies Poucas
espécies
Espécies Espécies
ausentes ausentes

Limite mínimo Limite máximo


de tolerância Óptimo de tolerância

Gradiente ambiental

Fig. 10. O princípio da tolerância de limites diz que para cada factor ambiental, um
organismo tem tanto um nível máximo como um mínimo para além do qual não
pode sobreviver. A maior abundância de qualquer espécie ao longo de um
gradiente ambiental é em volta do nível óptimo do factor crítico mais importante
para essa espécie. Junto dos limites de tolerância a abundância diminui porque
menos indivíduos são capazes de sobreviver ao stress imposto por factores
limitantes.

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