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Análise de Dados em Segurança

Brasília-DF.
Elaboração

Dário Daniel Dantas

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE ÚNICA
ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA...................................................................... 9

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
COLETA E ORGANIZAÇÃO DE DADOS..................................................................................... 18

CAPÍTULO 3
ANÁLISE DE DADOS QUANTITATIVOS E AMOSTRAGEM............................................................... 27

CAPÍTULO 4
ANÁLISE DE DADOS QUALITATIVOS........................................................................................... 35

CAPÍTULO 5
VISUALIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE DADOS EM GRÁFICOS E TABELAS.................................... 43

CAPÍTULO 6
ANÁLISE DE DADOS APLICADA À SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA ......................................... 52

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 58
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

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Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A análise criminal é percebida como um grupo de procedimentos ordenados para o
abastecimento de conhecimento pertinente e competente acima das amostras do crime
e suas relações de disposições. Com a atitude de confirmar as extensões administrativas
e operacionais na idealização e repartição de soluções para destruição e precaução de
atividades criminais.

Para se realizar uma análise criminal adequada é fundamental que as informações


e dados estejam disponíveis e organizados, que poderá ser realizado por meio dos
sistemas corporativos.

Dados são informações de conhecimentos ou representações de acontecimentos que


servem de apoio para a formação de uma análise, cuja consequência será influenciada
por vários fatores.

O estudo do tema políticas públicas é tido como fator estratégico e de grande importância,
devido ao fato de propiciar uma melhor programação, implementação e se necessário
um redesenho dos atos necessários.

Objetivo
»» Disciplina voltada para o estudo da análise de dados em segurança, coleta
e organização de dados, análise de dados, visualização e apresentação
de dados em gráficos e tabelas e análise de dados aplicada à segurança
pública e privada.

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ANÁLISE DE DADOS E UNIDADE
SUA IMPORTÂNCIA EM
SEGURANÇA ÚNICA

CAPÍTULO 1
Introdução

Sistemas corporativos

Figura 1. Sistemas Corporativos.

Figura disponível em: <http://www.prodap.ap.gov.br/site/index.php>. Acesso em: 19 fev, 2015.

Para falar sobre a importância da análise de dados em segurança, precisamos


compreender como ocorre o desenvolvimento de Sistemas Corporativos.

Eles são mais complexos do que os Sistemas Locais de Unidades Policiais, sendo
necessário observar todas as regras do negócio. Mas, quando implementado e em
produção gera maior valor à instituição.

De acordo com Wood (1999), os Sistemas Corporativos são, teoricamente, capazes


de integrar a gestão da empresa, promovendo maior assertividade e velocidade na
tomada de decisão. Sistemas que podem ser aplicados, com adaptações, a qualquer
empresa, permitindo o monitoramento on-line. As expectativas sobre os impactos de
tais ferramentas são muito visíveis e os investimentos bastante elevados.

Os Sistemas Corporativos apresentaram na sua base a confluência de fatores como:


integração de empresas transnacionais exigindo tratamento único e instantâneo da
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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

informação; tendência de substituição de estruturas funcionais por estruturas ancoradas


em processos; e a integração de vários sistemas de informação em um único sistema.

Davenport (1998), em seu artigo – “Colocando a empresa dentro do sistema da


empresa”, revela que os Sistemas Corporativos permitem o acesso à informação
on-line e contribuem para a redução de estruturas gerenciais. Por outro lado,
centralizam o controle sobre a informação, padronizam processos e procuram unificar
a cultura e o comando sobre a empresa. Muitas empresas aproveitam esses sistemas
para introduzirem mais organização na Instituição. O Sistema Corporativo auxilia a
padronização de práticas administrativas para empresas distantes geograficamente.

Banco de dados e informações

Figura 2. Banco de dados.

Figura disponível em: <http://www.lsti.com.br/banco-de-dados/>. Acesso em: 19 fev, 2015.

O’BRIEN, 2004, em seu livro Sistemas de Informação e as Decisões Gerenciais na


Era da Internet, traz a preocupação de que tanto instituições particulares, quanto
públicas, não podem atuar de forma adequada se os seus funcionários não apresentam
as competências básicas para a realização das atribuições a eles delegadas. Quando se
trata das organizações que fazem parte do sistema de segurança pública vêm à tona
diversas discussões relacionadas às aptidões tidas como imprescindíveis ao agente
responsável pela segurança pública.

Por isso, uma política pública esforçada, efetiva e eficiente, é aquela que consegue
não somente restringir o crime, mas, principalmente, elevar a qualidade de vida da
população.

Entra em cena então a análise criminal em formato de informações quantitativas, em que


estes podem ter seu gênio e sua eficácia, percebida por meio de tecnologia e de análise
estatística. Porque a estatística criminal tem se declarado que é um dos fundamentais
utensílios na idealização e balanceamento das atuações de garantia pública.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

A análise criminal é percebida como um grupo de procedimentos ordenados para o


abastecimento de conhecimento pertinente e competente acima das amostras do crime
e suas relações de disposições. Com a atitude de confirmar as extensões administrativas
e operacionais na idealização e repartição de soluções para destruição e precaução de
atividades criminais.

Dessa forma, para se realizar uma análise criminal adequada é fundamental que as
informações e dados estejam disponíveis e organizados, que poderá ser realizado por
meio dos sistemas corporativos.

Construção do conhecimento

Figura 3. Conhecimento.

Figura disponível em: <http://www.sbgc.org.br/sbgc/blog/gestao-do-conhecimento-e-desenvolvimento-empresarial>. Acesso


em: 19 fev, 2015.

O termo construção do conhecimento é baseado na pesquisa epistemológica do


suíço Jean Piaget, sobre o desenvolvimento da inteligência na criança e trouxe
grandes contribuições para a teoria e prática educacional. Suas teorias de formação
do conhecimento baseiam-se em uma abordagem interacionista que considera o
conhecimento como o resultado das interações do sujeito com o objeto: o sujeito aprende
por meio de suas ações e, ele próprio, constrói continuamente seu conhecimento a partir
das interações com o ambiente.

O processo de construção do conhecimento é permanente e estará sempre em


desenvolvimento, ou seja: novos níveis de conhecimento vão sendo indefinidamente
construídos a partir das trocas entre o sujeito e o objeto.

O conhecimento é avaliado frequentemente como um conjunto de acontecimentos e


informações sobre algo, que estabeleceriam a ação de confirmar o percebido.

Quando se fala em conhecimento é fundamental saber o que vem a serem os dados, pois
são informações de conhecimentos ou representações de acontecimentos que servem de
apoio para a formação de uma análise, cuja consequência será influenciada por vários
fatores. O uso mais frequente dos “dados” está relacionado à estatística.

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Informações

Laudon e Laodon (1999, p. 4) falam sobre o conhecimento como um “grupo de elementos


interligados trabalhando unidos para uma boa coleta, armazenamento, verificação e
expansão de informações com a intenção de facilitar o domínio, o projeto, a organização,
a análise e o processo de tomada de decisão em companhias e outras coordenações”.

Podemos simplificar a definição acima, dividindo o processo da produção da informação


em três atividades:

»» Entrada (input): abrange a coleta de dados ou a atração de fontes de


elementos brutos.

»» Processamento: conversão desses dados brutos em um formato mais


favorável e adequado para análises.

»» Saída (output): resultado do processamento dos dados coletados, de


forma a produzir novos conhecimentos.

Organização do banco de dados

Iniciaremos nossas considerações sobre a organização do BD (Banco de Dados) falando


de DW (Data Warehouse).

O DW é um depósito de dados digitais que serve para armazenar informações detalhadas


de uma empresa, criando e organizando relatórios por meio de históricos que são
posteriormente utilizados para ajudar a tomar decisões importantes com base nos fatos
apresentados.

O DW serve para recolher informações de uma empresa para que essa possa controlar
melhor um determinado processo, disponibilizando uma maior flexibilidade nas
pesquisas e nas informações que necessitam.

Além de manter um histórico de informações, o DW cria padrões melhorando os dados


analisados de todos os sistemas, corrigindo os erros e reestruturando os dados sem
afetar o sistema de operação, apresentando somente um modelo final e organizado para
a análise.

O DW possibilita a análise de grandes volumes de dados coletados dos sistemas


transacionais (OLTP). São as chamadas séries históricas que possibilitam uma melhor
análise de eventos passados, oferecendo suporte às tomadas de decisões presentes e a
previsão de eventos futuros.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

Um Sistema de Banco de Dados (SBD) possui as seguintes características:

»» Integridade e consistência.

»» Restrições.

»» Segurança e privacidade.

»» Restauração.

»» Reorganização e eficiência.

Segundo O’Brien (2004, p. 76) tem-se como vantagens no uso de Sistema de Banco de
Dados (SBD):

1. Redundância reduzida: os dados são organizados por um SBD e


armazenados em apenas um local.

2. Maior integridade de dados: como os dados estão em apenas um local,


não existe o perigo de existirem cópias mantidas em locais separados.

3. Manutenção mais fácil: o SBD cumpre a tarefa de atualizar os dados


comandados de diversos programas, ficando transparente ao programador
e ao usuário final.

4. Independência entre dados e programas: o programa não é afetado pela


localização do dado, bem como novos dados podem ser agregados ao
banco a qualquer momento.

5. Padronização do acesso aos dados: para acessar os dados, diversos


programas utilizam os mesmos procedimentos.

6. Fontes de dados compartilhadas: é fácil localizar o fluxo que o dado faz,


desde sua origem até seu destino, dentro do banco de dados.

Dessa forma, pode-se perceber que são inúmeros os benefícios proporcionados por
um Sistema de Banco de Dados, que poderão auxiliar sobremaneira as atividades
realizadas.

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Bases de dados

Figura 4. Base de dados.

Disponível em: <http://www.netavista.com.br/consultoria.html>. Acesso em: 19 fev, 2015.

Para se promover certa apreciação de determinada situação é imprescindível que se


tenha um conhecimento apurado das bases de dados. Quando se trata de criminalidade
e violência, podem-se apresentar duas bases de dados: pesquisas de vitimização, aquelas
que são armazenadas pela Polícia Civil e ainda dados provenientes do Ministério da
Saúde por meio do Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM.

No Distrito Federal, por exemplo, a fonte das estatísticas criminais é proveniente da


Polícia Civil, que desenvolvem os Registros de Ocorrência ─ RO, que são descritos por
meio de embasamento nas divisões criminais estabelecidas no Código Penal.

Nesse sentido, Beato (2002, p. 41) diz que: Instituto de Segurança Pública ─ O ISP divulga
estes dados mensalmente e que estes registros são divulgados segundo desagregação
de Área Integrada de Segurança Pública – AISP e segundo área de circunscrição de
delegacia de polícia. O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) tem sua
informação inicial gerada pela Declaração de Óbito ─ DO, que é preenchida com base
no atestado médico, ou, na ausência de médico, por duas pessoas qualificadas que
tenham presenciado ou constatado a morte.

O SIM classifica as mortes violentas como “Causas Externas”, segundo a Classificação


Internacional de Doenças (CID). Do período de 1979 a 1995, para a codificação da causa
de morte, foi utilizado a 9a Revisão do CID, e desde 1996 os óbitos passaram a ser
classificados por meio da 10a Revisão do CID (CID-10).

Para Borges et al (2008, p. 34): Indicadores são parâmetros qualificados e ou


quantificados que servem para detalhar em que medida os objetivos de um projeto foram
alcançados, dentro de um prazo delimitado de tempo e em uma localidade específica, e

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

permitem tirar conclusões sobre o desenvolvimento dos fenômenos sociais em questão.


São expressões numéricas de fenômenos quantificáveis, representando fenômenos
sociais politicamente relevantes, que não podem ser medidos diretamente. Como o
próprio nome sugere são uma espécie de “marca” ou sinalizador, que buscam expressar
algum aspecto da realidade sob uma forma que possamos observá-lo ou mensurá-lo.

A primeira decorrência desta afirmação é, justamente, que eles indicam, mas não é a
própria realidade. Baseiam-se na identificação de uma variável, ou seja, algum aspecto
que varia de estado ou situação, variação esta que consideramos capaz de expressar um
fenômeno que nos interessa.

É importante frisar que os indicadores são utilizados para revelar ou medir sua afinidade
a vários fatores sociais. Sendo assim, proporcionar a disponibilidade de propriedade,
conhecimentos e serviços ou capturar procedimentos em métodos de magnitude e
acepção de alterações. Assim sendo, os indicadores relacionados a fatores intangíveis
e tangíveis da realidade. Nesse sentido, os fatores tangíveis são aqueles que bem vistos
e aferíveis qualitativamente ou quantitativa, como: organização, habilidades, renda,
oferta, gestão, escolaridade, saúde, conhecimentos, divulgação, formas de participação,
legislação, direitos legais, entre outros.

Os fatores intangíveis são aqueles que podem captar indiretamente e parcialmente


determinadas mostras como: atitudes, capacidade empreendedora, poder, consciência
social, cidadania, autoestima, valores, estilos de comportamento, liderança, dentre
outros.

Segundo Januzzi (2001), outro sistema de classificação de especial interesse na


Formulação de Políticas é aquele que diferencia os indicadores segundo os três
aspectos relevantes da avaliação dos programas sociais: indicadores para avaliação da
eficiência dos meios e recursos empregados, indicadores para avaliação da eficácia no
cumprimento das metas e indicadores para avaliação da efetividade social do programa,
isto é, indicadores para avaliação dos efeitos do programa em termos de justiça social,
de contribuição para aumento da sociabilidade e engajamento político, enfim, dos
efeitos do programa em termos mais abrangentes de bem estar para a sociedade.

Um programa público de reurbanização de favelas, por exemplo, pode ter sua eficiência
avaliada em termos do volume de investimentos por unidade de área física, a eficácia,
por indicadores relacionados à melhoria das condições de moradia, infraestrutura e
acessibilidade do local e sua efetividade social por indicadores de mortalidade infantil,
nível de coesão social e participação na comunidade, nível de criminalidade etc.

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Resumindo:

»» Eficiência: “bom uso dos recursos”.

»» Eficácia: “se as ações do projeto permitiram alcançar os resultados


previstos”.

»» Efetividade: “em que medida os resultados do projeto estão incorporados


à realidade da população atingida”.

No entanto, uma boa referência para avaliação e verificação de efeitos tem por objeto
proporcionar os respectivos aspectos:

»» ser coerente com a visão e com a concepção que as organizações têm


sobre os objetivos;

»» considerar as particularidades do contexto, e ser desenvolvido a partir de


um bom conhecimento da realidade na qual se vai intervir;

»» ser bem definido, preciso e representativo no que se refere aos aspectos


centrais da estratégia do projeto, sem ter pretensão de dar conta da
totalidade;

»» ser simples, capaz de ser compreendido por todos, e não apenas por
especialistas, sem ser simplista;

»» ser viável do ponto de vista operacional e financeiro;

»» fornecer informações relevantes e em quantidade que permite a análise e


a tomada de decisão;

»» aproveitar as fontes confiáveis de informação existentes.

Bancos de dados distribuídos

Figura 5. BD Distribuídos.

Figura disponível em: Fonte:<http://www.scriptcase.com.br/blog/o-que-e-sgbd/>. Acesso em: 19 fev. 2015.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

Banco de Dados Distribuído (BDD) é uma coleção de várias Bases de Dados logicamente
inter-relacionadas, distribuídas por uma rede de computadores.

Existem dois tipos de banco de dados distribuídos, os homogêneos e os heterogêneos.


Os homogêneos são compostos pelos mesmos bancos de dados, já os heterogêneos são
aqueles que são compostos por mais de um tipo de banco de dados.

Em um banco de dados distribuídos os arquivos podem estar replicados ou


fragmentados, esses dois tipos podem ser encontrados ao longo dos nós do sistema de
BDD’s. Quando os dados se encontram replicados, existe uma cópia de cada um dos
dados em cada nó, tornando as bases iguais (ex.: tabela de produtos de uma grande
loja). Já na fragmentação, os dados se encontram divididos ao longo do sistema, ou seja,
a cada nó existe uma base de dados diferentes se olharmos de uma forma local, mas se
analisarmos de uma forma global os dados são vistos de uma forma única, pois cada
nó possui um catálogo que contém cada informação dos dados dos bancos adjacentes.

A replicação dos dados pode se dar de maneira síncrona ou assíncrona. No caso de


replicação síncrona, cada transação é dada como concluída quando todos os nós
confirmam que a transação local foi bem sucedida. Na replicação assíncrona, o nó
principal executa a transação enviando confirmação ao solicitante e então encaminha
a transação aos demais nós.

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CAPÍTULO 2
Coleta e organização de dados

Este capítulo tem o objetivo principal de tratar de forma simples e direta questões
complexas, como os métodos de coletar dados e informações. Três serão os métodos
sobre os quais trataremos: a entrevista, o questionário e a observação.

Entrevista

Figura 6. Entrevista.

Figura disponível em: <http://e3blog.vagasestacio.com.br/tag/entrevista/>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Este é um dos métodos mais utilizados quando se trata de coletar ou adquirir informações
e de interagir com o campo. Ela tem sido designada como procedimento, instrumento
e técnica.

Quando adequadamente planejada, executada e interpretada pelo pesquisador, a


entrevista, alimenta a investigação com informações coerentes e consistentes que tem
grandes chances de conduzir o pesquisador a conclusões adequadas. No entanto, nem
sempre isso acontece, por mais estranho que isso possa parecer.

Como defende Alvesson (2003), entrevistas são fenômenos sociais complexos, e essa
característica exige sensibilidade para percebê-los. Este fenômeno é uma interação
verbal, uma conversa, um diálogo, uma troca de significados, um recurso para se
produzir conhecimento sobre algo. Em geral, entrevistado e entrevistador não se
conhecem, logo, é no tempo da entrevista que estabelecem o relacionamento.

O ideal seria que todas as entrevistas fossem realizadas pessoalmente, porque


permite ao entrevistador obter informações não verbais, ou seja, aquelas expressas
pela postura corporal, tom e ritmo de voz, gestos e olhares do entrevistado, sinais
faciais, como a palidez, o rubor, a transpiração. Tais informações não verbais podem
sublinhar ou desdizer as informações verbais e, nesse sentido, podem ser bastante

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

úteis ao entrevistador que se dispõe a ouvir, ler e concluir sobre a concatenação ou,
ao contrário, sobre a disparidade dos dois tipos de informações. Entrevistas também
podem ser realizadas por telefone ou outro meio de telecomunicação que permita a
interação verbal.

A entrevista requer do pesquisador o domínio de referências, tanto das teorias que


dão suporte à sua investigação, quanto da metodologia. Esse domínio lhe facilitará, a
captação de sinais que nem sempre explícitos pelo entrevistado, de indícios acerca de
algo, assim como lhe facilitará a possibilidade de redirecionar perguntas e enriquecê-las,
sempre com o cuidado de excluir a tendenciosidade.

Uma ideia muito interessante sobre entrevistas diz respeito à sua relevância. Elas são
úteis quando se quer obter informações que estão “dentro do indivíduo”, conhecimento
tácito. Elas podem ser individuais ou coletivas.

A estrutura de uma entrevista individual poderá ser:

a. Fechada: um roteiro cuja estrutura seja fechada apresenta perguntas


ou tópicos ordenados e, basicamente não permite alteração, seja para
inclusão, exclusão ou troca de ordem de perguntas ou de tópicos.

b. Semiaberta: um roteiro cuja estrutura seja semiaberta, tal como o roteiro


de estrutura fechada, é focalizado. Porém, ao contrário da estrutura
fechada, permite inclusões, exclusões, mudanças em geral nas perguntas,
explicações ao entrevistado quanto a alguma pergunta ou alguma palavra,
o que lhe dá um caráter de abertura.

c. Aberta: Um roteiro cuja estrutura seja aberta tem o objetivo de buscar


explorar de maneira mais ampla uma situação, quer fazendo perguntas
diretas ou inserindo-as no meio de uma conversa que inclua outros
pontos. Por exemplo, para levantar o que gerentes de uma determinada
empresa pensam acerca da inclusão de pessoas com deficiência física
nos quadros da empresa, é possível conversar com eles sobre assuntos
organizacionais e, na conversa, incluir perguntas para o caso específico
dos deficientes físicos.

Assim, como a entrevista individual, a coletiva ou grupal, deve seguir um roteiro, em


geral ela é semiaberta e focada em um tópico específico, porém, com o propósito de
provocar a interação entre os entrevistados. Na entrevista grupal, o entrevistador
funciona como um moderador do grupo.

Esse tipo de entrevista permite perceber como o grupo interage, quem lidera, quem
muda de opinião e de percepção e como isso acontece, como afloram as emoções etc.
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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

O que emerge neste tipo de entrevista é mais influenciado pela natureza social do
encontro, do que pela perspectiva individual.

Um tipo de entrevista coletiva possível, permitida pelos avanços da tecnologia


da informação, é a videoconferência. Embora em locais diferentes, pesquisador e
participantes podem ver e ouvir uns aos outros. A videoconferência como grupo
focal ainda não está completamente refletida e aceita por pesquisadores. Mas é uma
modalidade a se pensar nesta era digital.

De todo modo, o que é mais vantajoso: a entrevista individual ou a grupal? Tudo


depende do problema que suscitou a investigação. O pesquisador escolhe o método que
mais adequadamente possa oferecer resposta ao seu questionamento. Pode, também,
utilizar um e outro, quando pretende que os resultados de um possam alimentar a
formulação do roteiro do outro.

Como tratar os dados coletados


As informações coletadas, isto é, o que se obteve na interação das pessoas em campo,
devem ser submetidas a algum método de sistematização que facilite a interpretação do
pesquisador. As sistematizações tanto podem ser manuais quanto realizadas por algum
software, como o Atlas TI, o NUD*IST, o CAQDAS, o EVOC, ou outro que o mundo
tecnológico já tenha criado e o pesquisador considere apropriado. A sua utilização
requer domínio do pesquisador.

A definição de como tratar os dados coletados é feita previamente, antes da realização


da entrevista e de forma que os resultados obtidos com esse tratamento conduzam a
resposta ao problema que suscitou a investigação.

Questionário

Figura 7. Questionário.

Figura disponível em: <http://dacafamema.blogspot.com.br/2011/08/questionario-da-graduacao.html>. Acesso em: 19 fev. 2015.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

Este método de coleta de dados, assim como o questionário, é realizado junto às pessoas,
em campo. Ele é composto por uma série ordenada de questões a respeito de variáveis
e situações que o pesquisador deseja investigar. Tais questões são apresentadas a um
respondente, por escrito, para que ele responda da mesma forma, que pode ser em
papel ou em meio digital. A escolha do meio é sempre do pesquisador.

Se optar pelo uso do correio, o pesquisador deve incluir envelope selado com o nome
e endereço do pesquisador escrito (destinatário), de maneira a facilitar o retorno do
questionário e não causar ônus financeiro ao respondente. Para garantir o anonimato,
é prudente não colocar o nome do remetente.

Junto com o questionário, deve-se enviar uma nota ou carta explicativa, com a natureza
da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, em uma tentativa
de despertar o interesse do recebedor, para que ele preencha e devolva o questionário
dentro de um prazo razoável.

Se optar por meio eletrônico, o pesquisador pode enviar o questionário por e-mail,
ou disponibilizá-lo em páginas próprias na Web, usando hypertext markup language
(HTML), a linguagem da Web, e hospedá-lo em um dos diversos sites especializados
como, por exemplo, o site disponível: <www.vista-survey.com>.

Uma variação dos questionários são chamados de formulários. Os questionários são


autoadministrados, isto é, o próprio respondente faz as marcações, enquanto nos
formulários o respondente dá a resposta oralmente e o pesquisador faz a marcação no
papel ou no computador.

Quando faz o Censo, por exemplo, o IBGE utiliza formulários. Entre questionários e
formulários como métodos de interação com o campo, de coleta de dados e informações,
os mais comuns são os questionários.

Questionários são úteis quando se quer fazer levantamentos (survey) e quando o


pesquisador tem clareza sobre a adequação desse método de coleta para obter os dados
de que necessita. É de fundamental importância, portanto, que conheça os outros
métodos para avaliar qual o mais adequado à investigação que pretende levar a efeito.

Questionários são em geral, usados em pesquisas cuja abordagem seja quantitativa,


embora possam ser utilizados em abordagens qualitativas. Questionários podem,
por exemplo, proceder ou suceder a uma entrevista, alimentar uma observação ou
complementar uma pesquisa documental.

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Os questionários podem ser classificados em três grandes grupos:

a. Abertos: são apresentados ao respondente questões abertas, sem a


apresentação de possíveis respostas.

b. Fechados (survey): são apresentadas questões fechadas nas quais o


respondente faz marcações com um símbolo, por exemplo um X, ou com
algarismos. São adequados a um contingente maior de respondentes e à
investigação cuja abordagem seja quantitativa.

c. Mistos: como o nome está dizendo, apresentam questões abertas e


fechadas.

Do ponto de vista da formulação, é fundamental que o questionário seja baseado


em um referencial teórico que confira relevância e seja o tipo adequado ao problema
investigativo suscitado. Esse referencial permitirá ao pesquisador, após a aplicação do
questionário e tratamento dos dados, refletir sobre as respostas e propor uma solução
ao problema.

Do ponto de vista da aplicação, cuidados na forma de sua apresentação e na escolha da


população amostral que a ele responderá é de fundamental relevância.

Quando adequadamente construído o questionário, seja com questões abertas,


fechadas ou mistas, existe uma grande possibilidade de facilitar a interpretação de seus
resultados pelo pesquisador.

Observação

Figura 8. Observação.

Figura disponível em: < http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/mochileiro-corporativo/files/2012/03/foto622.jpg>. Acesso


em: 19 fev. 2015.

A observação, seja ela simples ou participante, é um método de coleta de dados em


campo muito interessante. Ela exige do observador uma acurada atenção e reflexão

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

no momento da coleta dos dados por meio da observação e posteriormente quando


avaliará suas notas de campo e suas gravações.

Havendo certo descuido, seja na escolha do referencial teórico que norteia a investigação,
no planejamento da observação e na interpretação daquilo que observou, a pesquisa
pode fadar-se à irrelevância.

Selltiz, Wrightsman e Cook (1987) definem observação científica como uma busca
deliberada e premeditada de algo, realizada com cuidado e que contrasta com as
percepções passivas e informais do dia a dia.

A definição já remete à compreensão de que a observação implica notar e metodicamente


registrar:

»» eventos;

»» condições físicas;

»» comportamentos não verbais;

»» comportamento linguístico.

Observar significa mais do que simplesmente olhar as coisas. Sua intenção é contribuir
para responder ao problema que suscitou a investigação.

A observação implica descrição, explicação, compreensão de eventos e comportamentos.


Alguns estudiosos veem a descrição de forma pejorativa. No entanto, ela é alimento
das explicações e da compreensão. Como se pode explicar o que não se descreve? A
observação permite essa descrição. No entanto, a descrição é, em si, interpretativa.
O real é decodificado pela mente. Duas pessoas observando o mesmo fato podem
sobre ele ter leituras diferentes. Deste modo, o observador tem a possibilidade de dar
grande contribuição ao processo científico se sua observação for descrita, explicada,
compreendida com consistência e coerência, iluminada pelo referencial teórico que
privilegiou.

Curiosidades interessantes podem ser observadas, mas elas não devem estar presas
aos fatos aleatórios, mas sim, a planos bem definidos. Tais curiosidades podem, por
exemplo, oferecer provas a respeito de objetivos sobre os quais indivíduos e grupos
observados não tem consciência, mas que orientam seu comportamento. A observação
tem, portanto, grande utilidade.

23
UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Tipos de observação

Os vários tipos de observação podem ser definidos quanto:

»» aos critérios de estruturação: pode ser estruturada ou não estruturada;

»» à participação do observador: participante ou não participante;

»» ao número de observadores: individual ou em equipe;

»» à fonte: direta ou indireta;

»» ao ambiente: vida real ou em laboratório.

São várias as possibilidades de adequação da observação na coleta de dados em campo.


O observador humano tem vantagens que nem mesmo máquinas possuem.

Isto porque o observador humano pode relacionar o comportamento que estiver


observando às variáveis de um estudo, bem como ignorar outros que não fazem parte
do escopo do estudo.

O método de observação possibilita o uso de meios diretos para estudar uma


ampla variedade de fenômenos, permite a coleta de dados sobre um conjunto de
comportamentos e a evidência de dados que não constem, por exemplo, em um roteiro
de entrevistas ou questionários.

Particularmente, o método de observação participante tem algumas possibilidades de


adequação relevantes. Considerando-se que o pesquisador observa os membros da
organização em plena ação, ele tem acesso direto às informações. Essa acessibilidade dá
ao pesquisador uma vantagem não proporcionada por outros métodos de coleta de dados
e informações, mesmo que se considerem possíveis mudanças nos comportamentos
das pessoas, provocadas pela presença do observador.

Embora esta abordagem apresente limitações, ela fornece certas oportunidades


incomuns para coleta de dados em um estudo de caso. A oportunidade mais interessante
relaciona-se com a habilidade do pesquisador em conseguir permissão para participar
de eventos ou de grupos que são, de outro modo, inacessíveis à investigação científica.
Mais ainda, para alguns tópicos de pesquisa, pode não haver outro modo de coletar
evidências a não ser por meio da observação participante.

É claro que assim como todos os métodos, existem limitações relevantes para o método
de observação participante. De acordo com Kerlinger (1979), uma grande dificuldade na
observação de comportamento é a questão de inferências muito diferentes que podem
ser feitas observando-se o mesmo comportamento.

24
ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

Não há dúvida de que a observação de um evento ou de um comportamento, sofre a


interpretação do observador, podendo essa interpretação trazer certa fragilidade aos
achados da pesquisa. Todavia, a reflexão permanente do pesquisador e sua busca por
evidências, de condições que emprestem validade e confiabilidade às suas interpretações
podem minimizar tal fragilidade.

Estar atento às limitações do método é tarefa permanente do observador. Lakatos


(1985) destaca cinco limitações. São elas:

a. a criação, por parte do observado, de impressões favoráveis ou


desfavoráveis no observador;

b. ocorrências espontâneas podem ocorrer sem que o observador as possa


presenciar, uma vez que elas não podem ser previstas;

c. fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador;

d. a duração dos acontecimentos pode ser rápida ou demorada e os fatos


podem ocorrer simultaneamente. Em ambos os casos, torna-se difícil a
coleta de dados;

e. vários aspectos da vida cotidiana, particular, podem não ser acessíveis ao


pesquisador.

Do ponto de vista da possível necessidade de autorização de gestores da organização


cujos eventos e comportamentos se quer estudar, para obtê-la é necessário força
argumentativa e humildade intelectual na tarefa de negociação.

Em termos de organização dos dados que se vai obtendo durante o processo de


observação, é muito importante que se faça uma categorização preliminar diariamente.
Embora seja difícil a organização das observações, visto que novas categorias e novos
problemas sempre podem emergir, tal organização pode evitar inconsistências,
incongruências, confusões que tornem o relatório final uma “colcha de retalhos”. Além
das anotações, sempre que possível, deve-se registrar os fatos com fotos.

Por fim, destacamos algumas características necessárias ao bom observador participante:

a. humildade em saber ouvir, pois na aplicação deste método há uma


inversão de status entre o cientista e o observado;

b. ter um olhar perspicaz e atento;

c. possuir sólida formação no campo escolhido;

25
UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

d. pautar-se por princípios éticos como transparência, sinceridade e


autenticidade;

e. saber entender e respeitar o ritmo de ação e de interação do grupo


pesquisado, passo decisivo para se viver a vida daquela unidade social, e
se sentir na pele daquelas pessoas.

Como qualquer método de interação com o campo, de coleta de dados, a observação


requer forte embasamento teórico do pesquisador, cuidadoso planejamento de ações
observacionais e muitas anotações durante o processo. Tais anotações não só registram
o que foi observado, plotando-o em categoria prévia definida pelo observador, como
também registram o contexto no qual as observações se deram, as conclusões, mesmo
parciais, a que o observador vai chegando, as dúvidas que determinada observação
levanta e os sentimentos do pesquisador no processo.

É possível e até desejável realizar observação com outros métodos de coleta de dados
no campo, como a entrevista, a técnica de construção, o questionário e a técnica de
complemento, de modo a aproximar o pesquisador da resposta ao problema que lhe
motivou a pesquisa. Triangulações são bem-vindas.

26
CAPÍTULO 3
Análise de dados quantitativos e
amostragem

Figura 9. Análise de dados.

Figura disponível em: <http://obloghumanista.blogspot.com.br/2011/10/iad-introducao-analise-de-dados-1.html>. Acesso em:


19 fev. 2015.

Desde o momento em que o homem começou a utilizar a matemática para a solução


dos mais diversos problemas, as fórmulas e os algoritmos se tornaram cada vez mais
importantes. No entanto, a metodologia chamada de Análise Quantitativa, utilizada
para a tomada de decisões, é em grande parte, produto do século XX.

Segundo Render e Barry, (2010), a análise quantitativa é a abordagem científica para


a tomada de decisão gerencial. Capricho, emoções e adivinhações não fazem parte da
abordagem da análise quantitativa. A abordagem começa com dados. Assim como
a matéria prima para uma fábrica, esses dados são manipulados ou processados
em informação valiosa para aqueles que tomam decisões. Esse processamento e a
transformação dos dados brutos em informação significativa é o coração da análise
quantitativa.

Como já afirmamos, a Análise Quantitativa é um método e como tal exige-se que a sua
utilização siga alguns passos bastante definidos, são eles:

»» definir o problema;

»» desenvolver um modelo;

»» obter dados de entrada;

»» determinar uma solução;

»» testar a solução;

27
UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

»» analisar os resultados; e

»» implementar os resultados.

É certo que uma etapa não precisa estar completamente finalizada para que outra inicie-se;
na maioria dos casos, uma ou mais dessas etapas serão de alguma forma modificadas
antes dos resultados finais serem implementados. Isso causaria a mudança de todas as
etapas subsequentes. Em alguns casos, testar a solução pode revelar que o modelo ou
os dados de entrada estão incorretos. Isso significaria que todas as etapas que seguem
a definição do problema precisariam ser modificadas.

Definir o problema

De acordo com o Dicionário Michaelis – on-line, temos algumas definições do termo:

1. Questão levantada para inquirição, consideração, discussão, decisão ou


solução.

2. Toda questão em que se procura calcular uma ou várias quantidades


desconhecidas, denominadas incógnitas, ligadas mediante relações a
outras conhecidas e chamadas dados.

3. Proposição que afirma qualquer coisa que deve ser executada ou


demonstrada.

4. Tema cuja solução ou decisão requer considerável meditação ou


habilidade.

5. Qualquer assunto ou questão que envolve dúvida, incerteza ou dificuldade.


Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/
index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=problema>.

Há quem diga que definir o problema é a etapa mais importante e ao mesmo tempo
mais difícil. Pois, é a partir daí que todo o trabalho é estruturado.

Precisamos considerar em nossos estudos que um problema pode ser o resultado de


diversos outros problemas e solucionar apenas um deles sem considerar os outros
problemas relacionados pode tornar a situação ainda pior.

Agora, é muito provável que uma empresa tenha vários problemas e um grupo de
análise quantitativa não pode tratar de todos eles de uma só vez. Assim, geralmente é
necessário concentrar-se em somente alguns problemas. Para a maioria das empresas,

28
ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

isso significa selecionar aqueles problemas cujas soluções resultarão em aumento de


lucros ou redução de custos.

Desenvolver um modelo

Figura. 10. Desenvolver um modelo.

Figura disponível em: <http://vitrinedefranquias.com.br/2014/05/23/como-desenvolver-a-inovacao-no-modelo-de-negocio/>.


Acesso em: 19 fev. 2015.

De forma simples, podemos afirmar que um modelo é uma representação matemática


de uma situação real e o que diferencia a análise quantitativa das demais técnicas são
os modelos utilizados, neste caso, matemáticos.

Um modelo matemático é um conjunto de relacionamentos matemáticos. Na maioria


dos casos, estes relacionamentos são expressos em equações e inequações, apresentados
em planilhas que calculam somas, médias, multiplicações ou desvios padrão.

Na grande maioria dos modelos utilizados eles trabalham com uma ou mais variáveis
e parâmetros. Uma variável, como o nome sugere, é uma quantidade mensurável que
pode variar ou está sujeita a mudanças.

Variáveis podem ser controladas ou não controladas. Uma variável controlada é


também chamada de variável de decisão. Um exemplo seria a definição de quantos
itens de estoque pedir. Um parâmetro é uma quantidade mensurável inerente ao
problema. O custo para fazer um pedido de mais itens de estoque é um exemplo. Na
maioria dos casos, as variáveis são quantidades desconhecidas, enquanto parâmetros
são quantidades conhecidas.

Todos os modelos devem ser desenvolvidos cuidadosamente. Eles devem ser


solucionáveis, realistas e fáceis de entender e modificar, e os dados de entrada
exigidos devem estar disponíveis. A pessoa que desenvolver um modelo deve ser
cuidadosa na inclusão da quantidade apropriada de detalhes para que ele seja
solucionável e realista.

29
UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Obter dados de entrada

Após o desenvolvimento do modelo, precisamos atentar para o fato de que os dados


fornecidos ao nosso método de análise de dados sejam coerente e de boa qualidade.

Obter dados precisos para o modelo é essencial; mesmo que o modelo seja uma
representação da realidade perfeita, dados equivocados fornecerão resultados
enganosos. Esta situação é chamada de GIGO, que significa “entra lixo, sai lixo” (garbage
in, garbage out). Para um problema maior, a coleta de dados precisos pode ser uma das
etapas mais difíceis da análise quantitativa.

Determinar uma solução

Este passo tem o objetivo de manipular o modelo de forma a encontrar a melhor solução
para o problema. Nessa procura, em alguns casos, a equação é resolvida e obtemos a
melhor solução. Em outros, podemos utilizar o método de tentativa e erro, testando
várias abordagens e escolhendo a que resultar na melhor solução.

Em alguns casos em que a melhor solução não é trivial, pode ser necessário o teste de
todos os valores possíveis, para as variáveis do modelo. Isso é chamado de enumeração
completa. Uma série de etapas ou procedimentos que são repetidos é chamada de
algoritmo.

Testar a solução

Antes que uma solução possa ser analisada e implementada, ela precisa ser testada
completamente, isso inclui os dados de entrada e o modelo.

Existem várias maneiras de testar os dados de entrada. Um método para testar os


dados é coletar dados adicionais de uma fonte diferente. Se os dados originais foram
coletados utilizando entrevistas, talvez alguns dados adicionais possam ser coletados
pela mensuração direta ou amostragem. Esses dados adicionais podem ser comparados
com os dados originais, e testes estatísticos podem ser empregados para determinar se
há diferenças entre os dados originais e os dados adicionais. Se existirem diferenças
significativas, maior esforço é exigido para obter dados de entrada precisos. Se os dados
forem precisos, mas os resultados forem inconsistentes com o problema, o modelo
pode não ser apropriado. O modelo deve ser checado para assegurar que ele é lógico e
representa a situação real.

Para ajudar a detectar problemas tanto lógicos quanto computacionais, confira os


resultados para ter certeza de que eles são consistentes com a estrutura do problema.

30
ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

Analisar os resultados
A análise dos resultados começa com a determinação das implicações da solução. Na
maioria dos casos, a solução para um problema irá resultar em algum tipo de ação ou
mudança na forma que uma empresa opera. As implicações dessas ações ou mudanças
devem ser determinadas e analisadas antes de implementar os resultados.

Como o modelo é apenas uma aproximação da realidade, a sensibilidade da solução a


mudanças no modelo e nos dados de entrada é uma parte importante na análise dos
resultados. Esse tipo de análise é denominado análise de sensibilidade ou análise de
pós-otimização. Ela determina o quanto a solução irá mudar se houver mudanças no
modelo ou nos dados de entrada. Quando a solução é sensível às mudanças nos dados
de entrada e na especificação do modelo, testes adicionais devem ser realizados para
assegurar que o modelo e os dados de entrada são precisos e válidos.

A análise de sensibilidade não pode ser desprezada. Como os dados de entrada


nem sempre são precisos ou as hipóteses do modelo podem não ser completamente
apropriadas, a análise de sensibilidade pode se tornar parte importante na abordagem
quantitativa.

Implementar os resultados
Chegamos ao último passo da análise quantitativa. Esse é o processo da incorporação
da solução. Isso pode ser muito mais difícil do que você imagina.

A experiência mostra que muitas equipes de análise quantitativa falham nos seus
esforços porque erram na implementação adequada de uma solução boa e viável.

Após a implementação da solução, ela dever ser monitorada de perto. Com o tempo,
pode haver inúmeras mudanças que pedem modificações da solução original.

Amostragem

Figura 11. Amostragem.

Figura disponível em: <http://www.institutophd.com.br/blog/como-sao-feitas-as-pesquisas-para-prefeito/>. Acesso em: 19 fev.


2015.

31
UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Nesta seção, apresentaremos os argumentos estatísticos para fazer afirmações sobre as


características de uma população, com base em informações dadas por amostras.

O uso de informações de uma amostra para concluir sobre o todo, faz parte da atividade
diária da maioria das pessoas. Basta observar como uma cozinheira verifica se o prato
que ela está preparando tem ou não a quantidade adequada de sal. Ou, ainda, quando um
comprador, após experimentar um pedaço de laranja numa banca de feira, decide se vai
comprar ou não uma dúzia de laranjas. Essas são decisões baseadas em procedimentos
amostrais.

Nosso objetivo será conceituar esses princípios intuitivos do dia a dia para que possam
ser utilizados cientificamente em situações mais complexas.

Vamos utilizar como exemplo as alturas dos brasileiros. Se pudéssemos medir as alturas
de todos os brasileiros adultos, teríamos meios de obter sua distribuição exata e, daí,
produzir os correspondentes parâmetros. Mas nessa situação não teríamos necessidade
de usar a inferência estatística!

Raramente se consegue obter a distribuição exata de alguma variável, ou porque


isso é muito dispendioso, ou muito demorado ou ainda porque às vezes consiste em
um processo destrutivo. Por exemplo, se estivéssemos observando a durabilidade de
lâmpadas e testássemos todas até queimarem, não restaria nenhuma para ser vendida.
Assim, a solução é selecionar parte dos elementos, ou seja, uma amostra, analisá-la e
inferir propriedades para a população.

Outras vezes estamos interessados em explorar relações entre variáveis envolvidas em


experimentos mais complexos, para a obtenção dos dados. Por exemplo, gostaríamos
de obter resposta para a seguinte indagação: a altura que um produto é colocado na
gôndola de um supermercado afeta a sua venda? Observe que para responder a questão
precisamos obter dados de vendas com o produto oferecido em diferentes alturas, e que
essas vendas sejam controladas para evitar interferências de outros fatores que não seja
a altura.

Nesse caso, não existe claramente um conjunto de todos os elementos para os quais
pudéssemos encontrar os parâmetros populacionais. Recorrer a modelos para descrever
o todo facilita a identificação e solução do problema.

Soluções de questões, como as apresentadas acima são o objeto da inferência estatística.


Dois conceitos básicos são necessários para o desenvolvimento da Inferência Estatística:
população e amostra.

32
ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

O objetivo da Inferência Estatística é produzir afirmações sobre dada característica


da população, na qual estamos interessados, a partir de informações colhidas de uma
parte dessa população. Essa característica na população pode ser representada por uma
variável aleatória. Mas isso raramente acontece ou não temos qualquer informação a
respeito da variável, ou ela é apenas parcial.

Podemos admitir, como no exemplo das alturas de brasileiros adultos, que ela siga uma
distribuição normal, mas desconhecemos os parâmetros que a caracterizam.

Em outros casos, podemos ter uma ideia desses parâmetros, mas desconhecemos a
forma da curva. Ou ainda, o que é muito frequente, não possuímos informações nem
sobre os parâmetros, nem sobre a forma da curva. Em todos os casos, o uso de uma
amostra nos ajudaria a formar uma opinião sobre o comportamento da variável.

Como selecionar uma amostra

Figura 12. Escolha de amostra.

Figura disponível em: <http://www.institutophd.com.br/blog/diferencas-entre-pesquisas-por-amostragem-e-populacao/>.


Acesso em: 19 fev. 2015.

As observações contidas em uma amostra são tanto mais informativas sobre a população
quanto mais conhecimento explícito ou implícito tivermos dessa mesma população.
Por exemplo, a análise da quantidade de glóbulos brancos obtida de algumas gotas
de sangue da ponta do dedo de um paciente nos dará uma ideia geral da quantidade
dos glóbulos brancos de todo o corpo, pois sabe-se que a distribuição dos glóbulos
brancos é homogênea, e de qualquer lugar que se tenha retirado a amostra ela seria
“representativa”. Mas nem sempre a escolha de uma amostra adequada é imediata.

A maneira de se obter a amostra é tão importante, e existem tantos modos de fazê-


lo, que esses procedimentos constituem especialidades dentro da Estatística, sendo
Amostragem e Planejamento de Experimentos as duas mais conhecidas.

Poderíamos dividir os procedimentos científicos de obtenção de dados amostrais em


três grandes grupos:

33
UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

I. Levantamentos amostrais, nos quais a amostra é obtida de uma


população bem definida, por meio de processos bem protocolados e
controlados pelo pesquisador. Podemos, ainda, subdividi-los em dois
subgrupos: levantamentos probabilísticos e não probabilísticos. O
primeiro reúne todas aquelas técnicas que usam mecanismos aleatórios
de seleção dos elementos de uma amostra, atribuindo a cada um deles uma
probabilidade, conhecida a priori, de pertencer à amostra. No segundo
grupo estão os demais procedimentos, tais como: amostras intencionais,
nas quais os elementos são selecionados com o auxílio de especialistas,
e amostras de voluntários, como ocorre em alguns testes sobre novos
medicamentos e vacinas. Ambos os procedimentos tem suas vantagens e
desvantagens. A grande vantagem das amostras probabilísticas é medir a
precisão da amostra obtida, baseando-se no resultado contido na própria
amostra. Tais medidas já são bem mais difíceis para os procedimentos do
segundo grupo.

II. Planejamento de experimentos, cujo principal objetivo é o de analisar


o efeito de uma variável sobre outra. Requer, portanto, interferências do
pesquisador sobre o ambiente em estudo, bem como o controle de fatores
externos, com o intuito de medir o efeito desejado. Podemos citar como
exemplos aquele já citado sobre a altura de um produto na gôndola de um
supermercado afetar as vendas. Em ensaios clínicos em medicina, esse
tipo de estudo é bastante usado, como por exemplo, para testar se um
novo medicamento é eficaz ou não para curar certa doença.

III. Levantamentos observacionais: aqui, os dados são coletados sem


que o pesquisador tenha controle sobre as informações obtidas, exceto
eventualmente sobre possíveis erros grosseiros. As séries de dados
temporais são exemplos típicos desses levantamentos. Por exemplo,
queremos prever as vendas de uma empresa em função de vendas
passadas. O pesquisador não pode selecionar dados, esses são as vendas
efetivamente ocorridas. Nesses casos, a especificação de um modelo
desempenha um papel crucial na ligação entre dados e população.

34
CAPÍTULO 4
Análise de dados qualitativos

A abordagem mais conhecida e normalmente aplicada nos estudos dos diversos


fenômenos é a quantitativa, descrita no capítulo anterior. Porém, podemos identificar
outra forma de abordagem que se tem mostrado muito promissora na possibilidade de
investigação: trata-se da pesquisa identificada como “qualitativa”.

De acordo com o Dicionário Aurélio – on-line, qualitativa é relativo à qualidade, à


natureza dos objetos, mas não à sua quantidade.

Esta expressão é utilizada na sua essência nas Ciências Sociais, particularmente entre
a Antropologia e a Sociologia, e refere-se a um conjunto de técnicas de investigação
como a observação participante e as entrevistas não estruturadas, isto é, livres, em
que o entrevistador vai desenvolvendo as conversações com os seus informantes sobre
determinada temática de uma forma espontânea, sem a fixação prévia de quaisquer
questões ou questões semiestruturadas, aquelas que obedecem uma estrutura
estabelecida com antecedência em torno do qual todos os informantes são inquiridos.

O objetivo principal da análise qualitativa é fundamentar a investigação. Este


fundamento, por sua vez, divide-se nas seguintes premissas: ajustar as expectativas
que os investigadores têm sobre determinado problema social à sua realidade, o que
vulgarmente se designa por corte com o senso comum, e apreender mais de perto
determinadas realidades sociais que outras técnicas de investigação não permitem,
como as que derivam da análise quantitativa.

Os estudos quantitativos geralmente procuram seguir com rigor um plano previamente


estabelecido, baseado em hipóteses claramente indicadas e variáveis que são objeto de
definição operacional, já a pesquisa qualitativa costuma ser direcionada, ao longo de
seu desenvolvimento; além disso, não busca enumerar ou medir eventos e geralmente
não emprega modelos estatísticos para análise dos dados; seu foco de interesse é amplo
e parte de uma perspectiva diferenciada da adotada pelos métodos quantitativos.

Da análise qualitativa, faz parte a obtenção de dados descritivos mediante contato


direto e interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo, sendo frequente o
pesquisador procurar entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes
da situação estudada e então situar a sua interpretação aos fenômenos estudados.

A literatura mostra que as pesquisas qualitativas diferem entre si quanto ao método, à


forma e aos objetivos. GODOY(1995a, p. 62), ressalta a diversidade existente entre os
35
UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

trabalhos qualitativos e enumera um conjunto de características essenciais capazes de


identificar uma pesquisa desse tipo, a saber:

»» o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como


instrumento fundamental;

»» o caráter descritivo;

»» o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação


do investigador;

»» enfoque indutivo.

Como observamos acima, a pesquisa qualitativa é amplamente utilizada no campo


das ciências sociais e assume diferentes significados. Ela compreende um conjunto de
diferentes técnicas interpretativas que visam descrever e decodificar os componentes
de um sistema complexo de significados.

Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-
se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto
e ação (MAANEN, 1979a, p.520).

Em sua maioria, os estudos qualitativos são feitos no local de origem dos dados; não
impedem o pesquisador de empregar a lógica do empirismo científico, mas partem
do pressuposto de que seja mais apropriado empregar a perspectiva da análise
fenomenológica, quando se trata de fenômenos singulares e dotados de certo grau de
ambiguidade.

Quando se desenvolve um estudo de pesquisa qualitativa, supõe-se um corte temporal-


espacial de determinado fenômeno por parte do pesquisador. Esse corte define o campo
e a dimensão em que o trabalho será desenvolvido, isto é, o território a ser mapeado.
O trabalho de descrição tem caráter fundamental em um estudo qualitativo, pois é por
meio dele que os dados são coletados (MANNING, 1979, p.668).

Os métodos qualitativos, de certa forma, assemelham-se aos procedimentos de


interpretação utilizados em nosso dia a dia, têm a mesma natureza dos dados que o
pesquisador qualitativo emprega em sua pesquisa. Trata-se de dados simbólicos,
situados em determinado contexto; revelam parte da realidade ao mesmo tempo em
que escondem outra.

Maanen (1979a, p.521) comenta que, para não atravessar uma rua, basta que vejamos se
aproximar um caminhão; não é necessário saber seu peso exato, a velocidade a que corre,
de onde está vindo, pra onde vai etc. Nessa situação, o caminhão pode ser entendido
36
ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

como um símbolo de velocidade e força, e, para a finalidade de atravessar a rua, outras


informações seriam prescindíveis. Há problemas e situações cuja análise pode ser feita
sem quantificação de certos detalhes, delimitação precisa do tempo em que ocorreram,
lugar, causas, procedência dos agentes etc.; tais detalhes, embora possíveis de obter,
seriam de pouca utilidade, ou quase nenhuma.

O vínculo entre signo e significado, conhecimento e fenômeno, sempre depende


do arcabouço de interpretação empregado pelo pesquisador, que lhe serve de visão
de mundo e de referencial. Esse arcabouço pode servir como base para estabelecer
caminhos de pesquisa quantitativa e delimitação do tema, de forma tal que os esforços
de cunho qualitativo e quantitativo podem se complementar. Embora possam estar
presentes, tais vínculos nem sempre são explicitados de forma clara nos relatórios de
pesquisa.

Dificuldades

Uma das dificuldades na utilização deste método está na inexistência de procedimentos


apropriados devidamente descritos na literatura (LUDKE; ANDRÉ, 1986), tornando o
pesquisador inseguro na delimitação de critérios e passos metodológicos.

Esta dificuldade leva a uma preocupação crescente entre cientistas brasileiros, sua
característica de não sistematização mostra um caminho alternativo à rigidez positivista ─
para os pesquisadores em Educação, Ciências Sociais e Humanas, mas por outro lado,
pode correr o risco de apresentar um resultado impregnado pelo viés do pesquisador.

É importante salientar que, ainda que os passos metodológicos em uma abordagem


qualitativa não estejam prescritos, o pesquisador não deve considerar-se um sujeito
isolado que se norteia apenas pela sua intuição: há que levar em conta o contato com a
realidade pesquisada, associado aos pressupostos teóricos que sustentam seu projeto.

De acordo com Gomes (1990), ao fugir da rigidez, o pesquisador não deverá perder o
rigor em seu trabalho ─ regra primeira para a concretização de um projeto científico
que possa vir a contribuir para um conhecimento na área.

Assim, vários pesquisadores apresentam sugestões de métodos. Forghieri (1990)


traz à discussão a problemática de se levar a efeito uma pesquisa qualitativa, dentro
da abordagem fenomenológica e apresenta os procedimentos de pesquisa que vem
utilizando e que compreendem uma sequência de etapas.

37
UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Podemos apresentar três ideias centrais como uma sequência das etapas fundamentais,
propostas por Alves, M. M. B. Zélia e Silva, H. G. F. D. Maria (1992). As quais serão
discutidas individualmente em seguida, são elas:

»» A necessidade de obter dados dentro de um contexto.

»» Da dimensão à Sistematização dos Dados.

»» Composição dos Dados pela Redação.

A necessidade de obter dados dentro de um


contexto
Quando falamos de dados qualitativos, estamos dizendo que os dados analisados são
fruto de uma interação entre entrevistado e entrevistador. Portanto, ao pretender
realizar uma análise qualitativa seria fundamental verificar como deveria ocorrer a coleta
de dados, mais especificamente, que formato de entrevista seria o mais pertinente. E,
os estudos encaminham preferentemente para propostas de entrevistas definidas por
Cannel e Kahn (1974) como semiestruturadas, que pedem uma composição de roteiro
com tópicos gerais selecionados e elaborados de tal forma a serem abordados com todos
os entrevistados.

Trata-se de definir núcleos de interesse do pesquisador, que têm vinculação direta aos
seus pressupostos teóricos (abordagem conceitual) e contatos prévios com a realidade
sob estudo; ou seja, existe uma direção, ainda que não de forma totalmente declarada,
para o conteúdo que vai ser obtido nas entrevistas, ao mesmo tempo em que a garantia
de adequação do roteiro ao universo de vida dos pesquisados.

Esse formato pede também uma formulação flexível das questões, cuja sequência
e ficará por conta do discurso dos sujeitos e da dinâmica que flui naturalmente no
momento em que entrevistador e entrevistado se defrontam e partilham uma conversa
permeada de perguntas abertas, destinadas a “evocar ou suscitar” uma verbalização
que expresse o modo de pensar ou de agir das pessoas face aos temas focalizados,
surgindo então a oportunidade de investigar crenças, sentimentos, valores, razões e
motivos que acompanham os fatos e comportamentos, numa captação, na íntegra, da
fala dos sujeitos.

Dessa forma as atitudes de aproximação, respeito e empatia trazidas pelo pesquisador,


trarão a disponibilidade dos sujeitos e o seu envolvimento com a tarefa de informantes
(o que amplia a possibilidade da validade dos dados obtidos), fazendo dela um momento
de reflexão, retomada de fatos, valores e ideias do passado e a gratificação com sua
transmissão ao entrevistador.

38
ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

Esse tipo de coleta de dados sugere a necessidade de o pesquisador lançar mão do recurso
da «gravação», para poder ao mesmo tempo auferir a vantagem da maior preservação
possível do discurso dos entrevistados, e evitar o seu comprometimento, bem como da
própria interação, pela tarefa de tomar nota das respostas.

Queiroz (1987) discute, pormenorizadamente, os problemas e cuidados que apesar da


gravação, precisam ser levados em conta, e que vão implicar no trabalho custoso e lento
de uma transcrição literal, de preferência pelo próprio pesquisador; tudo isso exige
ainda uma complementação na forma de registros a posteriori, de atitudes do sujeito
ou detalhes importantes da situação não captados pelo gravador.

Um aspecto muito importante a ser observado é a necessidade de esclarecer sobre a


necessidade da pessoa que entra em contato com as famílias fazer as coletas de dados, e
anotações das observações, porque indivíduos diferentes podem gerar atitudes diversas
nos sujeitos, principalmente na disponibilidade para responder às questões sobre sí
mesmos e sua visão de mundo.

Da imensidão à sistematização dos dados

A análise qualitativa se caracteriza por buscar uma apreensão de significados na fala dos
sujeitos, interligada ao contexto em que eles se inserem e delimitada pela abordagem
conceitual (teoria) do pesquisador, trazendo à tona, na redação, uma sistematização
baseada na qualidade, mesmo porque um trabalho desta natureza não tem a pretensão
de atingir o limiar da representatividade (FERNANDES, 1991).

Aqueles que encontrarem no método qualitativo a melhor ferramenta para obtenção de


informações para suas pesquisas precisam levar em consideração a grande quantidade
de material produzido nas entrevistas semiestruturadas, pois os discursos dos sujeitos
gravados e transcritos na íntegra produzem um volume imenso de dados que se acham
extremamente diversificado pelas peculiaridades da verbalização de cada indivíduo.

Nesse momento do trabalho, o pesquisador deve se voltar aos seus pressupostos e três
são suas guias mestras que podem ajudá-lo:

1. Qual o problema levantado?

2. Existe hipótese? E qual a abordagem conceitual?

3. Relevância do estudo para a realidade.

O momento de sistematização é, portanto um movimento constante, em várias direções:


das questões para a realidade, desta para a abordagem conceitual, da literatura para

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

os dados, se repetindo e entrecruzando até que a análise atinja pontos de “desenho


significativo de um quadro”, multifacetado sim, mas passível de visões compreensíveis.

Depois de trabalhar com um modelo qualitativo de análise é possível identificar alguns


passos - como se fora um esquema - e cuidados contidos dentro desse momento de
sistematização.

a. Há que se falar primeiro da necessidade que o pesquisador assume de se


deixar “impregnar” pelos dados, o que vai acontecendo à medida em que
ele faz “leituras” da fala dos sujeitos ao longo da entrevista, detendo-se
ora em uma análise mais imediata do conteúdo expresso, ora nas teias de
relações que se evidenciam.

b. Cuidadosamente toda essa leitura e o que dela advém pede anotações,


incluindo as relações feitas, as interpretações levantadas, os pontos
críticos identificados e seu significado naquele tópico e na pesquisa como
um todo.

c. Paralelamente existe também uma necessidade de “partilha dos dados”


com outros pesquisadores, o que se constitui ao mesmo tempo um
enriquecimento e uma “checagem” das formas de compreender, explicar
e interpretar a massa de informações trazida pela verbalização dos
sujeitos. Este procedimento conduz a maior objetividade e precisão na
análise.

d. A literatura sobre o tema é a outra âncora do pesquisador nesse momento,


que dela pode extrair comentários e observações que aperfeiçoem os
tópicos que investiga. É exatamente porque pesquisar por meio de uma
análise qualitativa quer dizer estar “apreendendo” o fenômeno dentro
de todo o seu contexto e interpretando seu significado, que esses dois
contatos ─ literatura e outros pesquisadores ─ são tão importantes e
procurados com frequência porque através deles o estudo se insere, de
fato, na área, e se atualiza com as ideias e o pensamento do passado e do
presente.

e. Muitas vezes a “impregnação pelos dados” traz como consequência uma


quantificação implícita que pode se traduzir na busca de regularidades
e diferenças nas respostas que terão nuances de muito interesse: há
respostas distintas com um mesmo fundamento, respostas iguais com
fundamentos diferentes e mesmo algumas contraditórias em um único
sujeito, e por fim as exceções.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

f. Gradativamente a análise vai acontecendo e o pesquisador passa a


trabalhar em um aprofundamento dos dados que ficarão contidos em
uma estrutura, guiada pelo tema e questões centrais. Há quem chame a
esse processo de afunilamento tendo em vista a seleção entre tópicos pela
sua maior ou menor abrangência e importância para a pesquisa.

A composição dos resultados pela redação


Redigir significa, na análise qualitativa, a sua concretização: há a eleição de tópicos e
temas, uma sequência de narrativa ancorada na literatura e nas próprias verbalizações
dos sujeitos em que o cuidado com a linguagem fica por conta de elaborar uma redação
coerente e fluida que encaminhe o leitor para a compreensão, análise e crítica do texto
(ARIES, 1973).

Existem certos recursos à disposição do pesquisador, mas eles vêm mesclados a certas
normas implícitas.

1. Pode-se e deve-se usar da literatura e, em especial, da fala dos sujeitos


como parte da redação, das explicitações e interpretações, mas o dado
precisa estar acima de tudo e muito saliente.

2. O pesquisador trança informações diversas, recorre ao conhecimento em


áreas afins, e busca um significado para elas, mas não lhe é permitido
compactuar com o “achismo”.

3. Ele trabalha artesanalmente pintando um quadro, mas que deverá ser


fiel e vinculado ao problema de pesquisa que investiga, ou seja, a sua
criação está contida e delimitada pela realidade expressa pelos sujeitos
(BIASOLI-ALVES; DIAS DA SILVA, 1987).

Concluindo as considerações sobre a análise dos dados qualitativos, cumpre apenas


enfatizar que se a preocupação metodológica do pesquisador ao trabalhar com análise
qualitativa reside em uma apreensão abrangente do fenômeno estudado, aliada à
garantia de estar passando um conhecimento crítico da realidade, ele necessita, para
cumprir seus objetivos, de muito tempo, disponibilidade, conhecimento e experiência
na área, além de muita seriedade no seu trabalho.

A escolha entre a pesquisa qualitativa e a pesquisa


quantitativa
Para o processo de investigação científica, tal perspectiva implica que o pesquisador,
enquanto consumidor de pesquisa, na fase da revisão de literatura, não se deve restringir

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

a resultados frutos de uma determinada abordagem, ignorando as demais, muitas vezes


por falta de conhecimento.

Enquanto participante do processo de construção do conhecimento, idealmente, o


pesquisador não deveria escolher entre um método ou outro, mas utilizar as várias
abordagens, qualitativas e quantitativas que se adequam à sua questão de pesquisa.

Do ponto de vista prático existem razões de ordens diversas que podem induzir um
pesquisador a escolher uma abordagem, ou outra. Assim como é difícil ser fluente em
mais de uma cultura e língua, é igualmente difícil aproximar-se de um tema de pesquisa
a partir de paradigmas distintos.

Uma abordagem mista, não necessariamente implica em uma confusão metodológica.


Um argumento em favor de um determinado método está implícito no princípio da
abertura, na escolha de um método adequado para a pergunta que está sendo estudada.
À medida que as perguntas de pesquisa frequentemente são multifacetadas, comportam
mais de um método.

Assim, uma segunda consideração, obviamente, é a da competência específica do


pesquisador. Cabe ressaltar que tal competência deve incluir a sabedoria quando for
apropriado, de não realizar uma pesquisa por extrapolar determinadas habilidades, ao
invés de modificar a pergunta em função da sua competência.

Considerações mais objetivas incluem recursos disponíveis: quanto tempo existe para
realizar a pesquisa e preparar o relatório com os resultados? Que incentivos estão
disponíveis para contratar colaboradores e assistentes de pesquisa?

Quais os recursos materiais (gravadores, máquinas fotográficas, filmadoras,


computadores) existentes? Qual o acesso à população a ser estudada?

Em suma, a questão não é colocar a pesquisa qualitativa versus a pesquisa quantitativa,


não é decidir-se pela pesquisa qualitativa ou pela pesquisa quantitativa. A questão tem
implicações de natureza prática, empírica e técnica. Considerando os recursos materiais,
temporais e pessoais disponíveis para lidar com uma determinada pergunta científica.

42
CAPÍTULO 5
Visualização e apresentação de dados
em gráficos e tabelas

Figura 13. Visualização dos dados.

Disponível em: <http://www.megacurioso.com.br/matematica-e-estatistica/37511-5-dados-estatisticos-furados-nos-quais-todo-


mundo-acredita.htm>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Uma pesquisa não faria sentido se após todo o trabalho de aquisição ou coleta,
transformação e tratamento de dados, não tivesse na sua conclusão uma forma clara,
inteligível e simples dos resultados encontrados.

Ocorre que ao apresentar um estudo de caso, há que se fazer entender os métodos


utilizados que levaram até o resultado apresentado. Torna-se então fator relevante a
forma de visualização e apresentação dos dados, dos gráficos e das tabelas envolvidos
no estudo.

Tratando-se de dados quantitativos e qualitativos, podemos elencar uma série de


maneiras de apresentar os dados:

»» Tabelas de Frequências.

»» Gráficos de Setores.

»» Gráficos de barras.

»» Gráfico de Pareto.

»» Histogramas.

»» Ogiva (frequência cumulativa).

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

»» Ramos e folhas.

»» Gráficos de pontos.

»» Gráfico de Quantis.

»» Gráficos de caixa (box-plots).

»» Diagramas de dispersão.

»» Gráfico temporal.

»» Tabelas de Contingência.

»» Gráfico qxq (quantil x quantil) e outros.

Estatística

Transcrevemos a definição e comentários sobre estatística, publicado na Wikipédia no


seguinte endereço: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Estat%C3%ADstica>.

Estatística é a ciência que se utiliza das teorias probabilísticas para


explicar a frequência da ocorrência de eventos, tanto em estudos
observacionais quanto em experimento modelar a aleatoriedade e a
incerteza de forma a estimar ou possibilitar a previsão de fenômenos
futuros, conforme o caso.

Algumas práticas estatísticas incluem, por exemplo, o planejamento,


a sumarização e a interpretação de observações. Dado que o objetivo
da estatística é a produção da melhor informação possível a partir dos
dados disponíveis, alguns autores sugerem que a estatística é um ramo
da teoria da decisão.

Devido às suas raízes empíricas e seu foco em aplicações, a estatística


geralmente é considerada uma disciplina distinta da matemática e não
um ramo dela.

A estatística é uma ciência que se dedica à coleta, análise e interpretação


de dados. Preocupa-se com os métodos de recolha, organização, resumo,
apresentação e interpretação dos dados, assim como tirar conclusões
sobre as características das fontes de onde estes foram retirados, para
melhor compreender as situações.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

A estatística também nos ajuda a compreender e analisar os dados disponibilizando


diversas ferramentas ou funções, algumas delas estão abaixo:

Média, Mediana, Moda, Quantis, Desvio Padrão, Variância, Intervalo Interquartil,


Coeficiente de Variação, Coeficiente de Assimetria, Curtose, Coeficiente de Correlação
Linear, Covariância, Coeficientes de Associação e muitas outras.

Como já comentamos anteriormente, as pesquisas podem ser realizadas utilizando-se


o método quantitativo e qualitativo. Dependendo do método utilizado nós podemos
obter variáveis:

»» qualitativas; ou

»» quantitativas.

As variáveis qualitativas medem uma qualidade, podendo ser:

»» ordinais (possuem uma ordem natural), como, por exemplo, o índice de


aprovação de um político: péssimo, ruim, regular, bom ou ótimo).

»» nominais (não há uma ordem natural), como, por exemplo, o sexo de


uma pessoa.

Observação importante: Variáveis qualitativas possuem uma série de medidas


associadas a elas, mas, por não serem quantidades de algo, existem várias operações que
não fariam sentido se aplicadas (como somar), mesmo se as variáveis se apresentarem
na forma de um número (o número do RG de uma pessoa, por exemplo).

Para finalizar, em algumas situações podem-se atribuir valores numéricos às várias
qualidades ou atributos de uma variável qualitativa e depois proceder-se à análise como
se esta fosse quantitativa, desde que o procedimento seja passível de interpretação.

Existe um tipo de variável qualitativa para a qual essa quantificação é muito útil: a
chamada variável dicotômica. Para essa variável só podem ocorrer duas realizações,
usualmente chamadas sucesso e fracasso.

As variáveis quantitativas medem uma quantidade, podendo ser:

»» Discretas (os possíveis valores são contáveis), como o número de alunos


em uma sala ou o número de partículas no universo.

»» Contínuas (podem ser observados quaisquer valores dentro de um


intervalo), como a altura de uma pessoa.

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Figura 14. Classificação de uma variável.

Fonte: (MORETTIN, Pedro A. Estatística básica. 7. São Paulo Saraiva, página 10).

Distribuição de frequências

Sempre que analisamos uma variável, nosso maior interesse é saber como ela está
se comportando, ou seja, qual o seu comportamento e ocorrência nas suas possíveis
realizações.

Para compreender esse assunto, utilizaremos a tabela abaixo:

Quadro 1. Frequências e porcentagens de 36 empregados.

Fonte disponível: <http://www.brasilescola.com/matematica/graficos.htm>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Observando os resultados da segunda coluna da tabela 5.1 (frequência), vê-se que dos
36 empregados da companhia, 12 tem o ensino fundamental, 18 o ensino médio e 6
possuem curso superior.

Uma medida bastante útil na interpretação de tabelas de frequências é a proporção de


cada realização em relação ao total. Assim, 6/36 = 0,1667 (16,67%) dos empregados da
companhia analisada, têm instrução superior. Na última coluna são apresentadas as
porcentagens para cada realização da variável grau de instrução.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

Gráficos

Os gráficos são ferramentas estatísticas que facilitam a análise e interpretação de um


conjunto de dados. Existem diversas opções de representações gráficas.

Os gráficos estão presentes nos diversos meios de comunicação, seja nos jornais,
revistas, internet, eles estão ligados aos mais variados assuntos do nosso cotidiano.
Sua importância está ligada à facilidade e rapidez com que podemos interpretar as
informações. Os dados coletados e distribuídos em planilhas podem ser organizados
em gráficos e apresentados de uma forma mais clara e objetiva.

Eles são as formas mais utilizadas para demonstrar os resultados das diversas
instituições financeiras espalhadas pelo mundo. Elas fazem uso dos gráficos para
mostrar a seus investidores os lucros, os prejuízos, as melhores aplicações, os índices de
mercado, variação do Dólar e do Euro (moedas de trocas internacionais), valorização e
desvalorização de ações, dividendos, variação das taxas de inflação de países etc.

O recurso gráfico possibilita aos meios de comunicação à elaboração de inúmeras


ilustrações, tornando a leitura mais agradável.

Gráficos para variáveis qualitativas

Existem vários tipos de gráficos para representar variáveis qualitativas. Mas, podemos
dizer que são versões diferentes do mesmo princípio.

Apresentaremos, a seguir, dois destes tipos de gráficos utilizado a tabela 2:

»» barras; e

»» composição em setores.

Quadro 2. Tabela utilizada para construção dos gráficos.

Fonte disponível em: <http://www.brasilescola.com/matematica/graficos.htm>. Acesso em: 19 fev. 2015.

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Gráfico de barras

O gráfico em barras consiste em construir retângulos ou barras, em que uma das


dimensões é proporcional à magnitude a ser representada, sendo a outra arbitrária,
porém igual para todas as barras. Essas barras são dispostas paralelamente umas às
outras, horizontal ou verticalmente.

Figura 15. Exemplo de Gráficos de barras.

Fonte disponível em: <http://www.brasilescola.com/matematica/graficos.htm>.

Gráfico de composição de setores

O gráfico de composição em setores, sendo em forma de “pizza” o mais conhecido,


destina-se a representar a composição, usualmente em porcentagem, de partes de
um todo. Consiste num círculo de raio arbitrário, representando o todo, dividido em
setores, que correspondem às partes de maneira proporcional.

Figura 16. Exemplo de Gráfico de composição se setores.

Fonte disponível em:<http://www.brasilescola.com/matematica/graficos.htm>; Acesso em: 19 fev. 2015.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

Gráficos para variáveis quantitativas

Os gráficos apresentados anteriormente, para variáveis qualitativas, também podem


ser utilizadas para as variáveis quantitativas. Portanto, descreveremos outros gráficos
abaixo.

Histograma

É um gráfico de barras no qual a escala horizontal representa classes de valores de


dados e a escala vertical representa frequências. As alturas das barras correspondem
aos valores das frequências, e as barras são desenhadas adjacentes umas às outras (sem
separação).

Figura 17. Exemplo de Histograma.

Fonte disponível em: <http://www.ifi.unicamp.br/~sjfsato/histograma/histograma.html>.

Ogiva

Este é o gráfico adequado para representar as frequências acumuladas. No eixo horizontal


são colocados os intervalos de classe. No limite inferior de cada classe levanta-se uma
perpendicular e marca-se um ponto na altura correspondente à frequência acumulada
na classe. A seguir, os pontos são unidos por segmentos de reta. É importante notar que
o gráfico sempre começa com o limite inferior mínimo e termina com o limite superior
máximo.

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Figura 18. Exemplo de gráfico – Ogiva.

Fonte disponível em: <http://www.professores.uff.br/luciane/images/stories/>. Acesso em: 19 fev. 2015.

Tabelas

Reservamos este espaço para falarmos sobre a construção de tabelas, pois a assimilação
das informações geradas pelos dados de experimentos é mais fácil quando as mesmas
estão dispostas em tabelas.

Uma tabela é um arranjo sistemático de dados numéricos dispostos de forma simples


em colunas e linhas para fins de comparação. A apresentação em formas de tabela deve
expor os dados de modo fácil e que deixe a leitura mais rápida.

Principais normas para elaboração de tabelas (ABNT e IBGE):

»» Devem conter todas as informações para uma completa compreensão do


texto, dispensando outras consultas, apresentados de maneira simples e
objetiva e de preferência em uma página.

»» Quando são apresentadas intercaladas no texto, devem estar próximas e


logo após o trecho em que são citadas.

»» Podem ser apresentadas em anexo ao texto quando o volume de tabelas


for grande.

»» Devem ser alinhadas preferencialmente às margens laterais do texto e,


quando pequenas, devem ser centralizadas.

»» Devem ser dispostas de maneira a evitar que sua leitura tenha sentindo
diferente do normal.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

»» Não Devem apresentar a maior parte das células sem informação de qual
dado se trata.

Uma tabela estatística possui os seguintes elementos essenciais:

»» Título: informa o conteúdo do corpo da tabela, maneira completa, concisa


e indicando a natureza do fato estudado.

»» Corpo: é o conjunto de linhas e colunas que contêm as séries verticais e


horizontais de informação.

»» Fonte: é o indicativo, no rodapé da tabela, da entidade responsável pela


informação.

51
CAPÍTULO 6
Análise de dados aplicada à
segurança pública e privada

Um dos problemas atuais da gestão da informação é a manipulação da grande


disponibilidade de dados em diferentes unidades de informação para a execução de
análises para a tomada de decisão. Os subsistemas que compõe o sistema de justiça
(polícia e judiciário) carecem de interfaces que facilitem este trabalho.

Figura 19. Reportagem da sala de inteligência da PM de Santa Catarina – SC.

Fonte disponível em:<http://aspectosfuncionaiseestetico.blogspot.com.br/2013/03/sala-de-inteligencia-da-pm-de-sc.html>.


Acesso em: 19 fev. 2015.

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

Uma solução apresentada e que já está sendo utilizada pela polícia de Santa Catarina – SC é
a tela multitouch da Empresa de Tecnologia Oppitz. O sistema permite que o analista
acesse digitalmente diferentes fontes de dados (sistema corporativo, internet, mapas,
fotos, figuras) e desenvolva sua análise fazendo anotações com a caneta digital. Sua
lógica de análise será captada por um software de retaguarda tipo power point.
Posteriormente, sem a necessidade de acesso às bases analisadas, o trabalho realizado
pelo analista poderá ser compartilhado com os demais tomadores de decisão.

Informações dos bancos de dados criminais

Figura 20. Segurança Pública.

Fonte disponível em: <http://acgesp.blogspot.com.br/2010/08/analise-de-dados.html>. Acesso em: 19 fev. 2015.

O art. 809 do Código de Processo Penal trata-se da estatística criminal no Brasil por
meio do boletim de identificação. Porém o Decreto-Lei no 3.992, de 30 de dezembro
1941, que regulamentou o art. 809/CPP trouxe outro modelo, substituindo o anterior
instituído pelo Código.

Tratando-se de estatística criminal, os estudos e teorias do processo penal e direito


penal material tem estreita ligação com Criminologia, e no somatório dessas
inter-relações há uma aproximação de temas sociopolíticos bastante atuais como
segurança pública. Parece um tanto quanto genérica tal afirmação, porém a análise
dos dados estatísticos criminais leva a obtenção de informações e essas, ao estudo
das causas do crime, da criminalidade, da relação com outras áreas como políticas
públicas, ação policial, atuação judiciária, cultura, educação etc.

O Sistema Nacional de Informações Criminais – Sinic (regulamentado pela Instrução


Normativa no 009/1988-DG/DPF, no âmbito da Polícia Federal), gerenciado pelo
Instituto Nacional de Identificação, tem por finalidade centralizar as informações
criminais do País e colocá-las à disposição dos organismos federais e estaduais
responsáveis pela prevenção e repressão da criminalidade no Brasil. O trabalho do

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UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Sinic se restringe, exclusivamente, a informações resultantes de inquéritos e processos


criminais regularmente instaurados no Brasil.

Ainda quanto a Estatística Criminal temos o Conselho Nacional de Políticas Criminal e


Penitenciária, a quem, segundo o art. 64, inciso VII, da Lei de Execuções Penais (Lei no
7.210/1984), incumbe estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal.

O estudo do tema políticas públicas é tido como fator estratégico e de grande importância,
devido ao fato de propiciar uma melhor programação, implementação e se necessário
um redesenho dos atos necessários.

Nesse sentido, Borges et al, (2008, p. 32) destaca que:

A avaliação é um processo sistemático de análise das ações,


características e resultados de uma política pública, programa ou
projeto a partir de critérios definidos, que visam determinar seu
mérito ou relevância, sua qualidade, utilidade ou efetividade, gerando
recomendações para sua correção ou melhoria. Não há avaliação sem
monitoramento. O monitoramento é o processo sistemático de registro
e armazenamento das informações substantivas no continuum da
ação de uma política. O sistema de monitoramento deve ser capaz de
capturar as informações relevantes, precisas, sintéticas, que alimentam
o processo de avaliação. E isso se consegue criando condições favoráveis
(técnicas e informacionais) para se estabelecer à obrigatoriedade do
registro e processamento das informações definidas como relevantes.

Assim sendo, é importante destacar que tal procedimento comparativo para se


desenrolar a análise das políticas públicas, denominado como análise “antes e depois,
com grupo de controle”. É possível dizer que em tal análise é imprescindível ressaltar e
mensurar o fato que se almeja alterar anteriormente a consecução da interferência da
política pública.

Com a realização da interferência, se torna necessária uma nova mensuração do fato


depois de determinado período, para assim identificar se tal ação foi efetiva ou não.
Outro ponto que merece atenção diz respeito à necessidade de se ter conhecimento se
a alteração dos fatos foi decorrente de aspectos diversos às políticas públicas, ou seja,
aspectos externos.

Neste contexto, tem-se ainda a necessária mensuração de determinada comunidade


que não passou pelo processo de intervenção das políticas públicas. A comunidade ou
conjunto de pessoas mencionadas anteriormente são denominados como “grupo de

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ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

controle”, que terá características semelhantes ou ao menos um pouco parecidas com a


comunidade que foi praticada a intervenção das políticas públicas.

Identificando problemas de criminalidade e


violência

Assim como no estabelecimento de parcerias como na resolução de questões adversas,


é possível identificar de maneira antecipada o local que irá receber a intervenção.
Estabelecer pontos críticos que dizem respeito à criminalidade e violência, remetem ao
estabelecimento de grupos que também estão com esta visão de promover as melhorias
necessárias para a resolução de tais situações.

Para tanto, o Safer Cities Initiative (SCI) sugere o uso de três formas de utensílio para
a elaboração de projetos e planos de precaução.

O principal objetivo da iniciativa Safer Cities (SCI) foi reduzir a


criminalidade em Los Angeles, na Califórnia, área conhecida como
“Skid Row”, uma área com uma grande população de rua concentradas
em uma área densamente de desvantagem econômica. A seção teve
altos índices de criminalidade e vitimização, incluindo os mercados de
drogas a céu aberto, a prostituição, o roubo, as quadrilhas de roubo
e vandalismo. Como uma tentativa de combater o aumento dos níveis
de criminalidade e melhorar a ordem pública na área de Skid Row, o
Departamento de Polícia de Los Angeles (LAPD) implementou a SCI
como um programa de 68 semanas, a partir de 2005.

Disponível em: <http://www.crimesolutions.gov/ProgramDetails.aspx?ID=182> –Acesso em: 5

jun. 2014.

A primeira forma está relacionada sobretudo com as informações e dados a serem


levados em consideração para definir o tamanho e a classe dos delitos.

De acordo com o estudioso Kahn (2008, p. 68): Precisamos de um sistema de


precaução que relacione o uso de métodos de diminuição de tais delitos e realize uma
análise planejada de informações para elaboração das técnicas, úteis na avaliação e
acompanhamento dos efeitos realizados.

As outras ferramentas dizem respeito ao desenvolvimento de estratégias adequadas


à prevenção e soluções específicas para problemas, e à definição de modalidades de
implementação e institucionalização destes programas.

55
UNIDADE ÚNICA │ ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA

Isto envolve a formulação de planos estratégicos e de mobilização de grupos, até a


orientação focalizada para problemas específicos, mobilização comunitária, reforma da
justiça, bem como para o treinamento de agentes destes processos em nível local.

Em nível local (municipal) podemos encontrar várias informações que contribuem para
a formulação de atividades de prevenção, em especial bases de dados geocodificadas,
que poderão ser mostradas em mapas digitalizados.

A construção desses geoarquivos consiste na montagem de bases georeferenciadas de


informação de diversas fontes administrativas, da justiça criminal e de dados censitários.
A base espacial torna-se o denominador comum de todas estas bases de informação
oriundas de diferentes fontes, com distintas unidades de contagem, tornando possível
a construção de uma base de dados que agregue os mais diversos tipos de informação.

Sendo assim, este sistema é mantido por meio de três fontes como:

»» Fontes não policiais: escolas, trânsito, órgãos da administração pública


que cuidam de parques, igreja, habitações e prédios, dentre outros.

»» Fontes policiais: informações a respeito de gangues e quadrilhas,


arquivos de homicídios, serviço de inteligência, Boletins de Ocorrências,
informações de diversos órgãos de justiça criminal, mapas de várias
formas de crimes, dentre outros.

»» Fontes comunitárias: elaborando dados efetivos de encontros


informais com a comunidade e formais, dados adquiridos de diversas
associações e agências de sistema de precaução.

No entanto, estes dados são autuados por meio do programa que os conduz diretamente
a um local de análise, encarregada da identificação de hot spots. Este dado é distribuído
depois para os encarregados do policiamento, de locais fundamentais da polícia e para
as unidades da gestão local relacionada, além das associações, comunidade e setores
da comunidade militar. Nesse sentido, refere-se a uma estrutura visando associar uma
elevada gama de dados em um exclusivo programa que unifique a polícia a comissões
civis e públicas.

São muito raros os exemplos de um gestor que disponha simultaneamente de um


sistema com esta diversidade de informações organizada de forma sistemática e
consistente. O usual é que apenas algumas dessas informações estejam disponíveis de
forma fragmentária e dispersa em distintas organizações e agências públicas. Assim, a
orientação a ser seguida é a de organizar o maior número delas, de forma a se montar
um mosaico incompleto de uma paisagem bastante complexa.

56
ANÁLISE DE DADOS E SUA IMPORTÂNCIA EM SEGURANÇA │ UNIDADE ÚNICA

A montagem dessas várias frentes de informações deve-se ao fato de que não existe
uma fórmula única de classificação, mensuração ou definição de delitos criminosos.
Cada organização encarregada do processamento de crimes e criminosos classifica de
acordo com seus objetivos e orientações.

Há diversas maneiras de se buscar os dados sobre violência, criminalidade, departamento


de polícia e coordenações de justiça.

Podendo-se adquiri-la por meio de fontes secundárias como: dados oficiais e fatos
administrativos; ou elaborar estes dados por meio de situações vivenciadas, surveys de
vitimização ou por meio de situações experimentais.

57
Referências

ARIES, P. L’enfant et la vie familiale sous Pancien régime. Éditions du Seuil,


Paris. (1973).

BEATO F., Cláudio C. et al. Atlas da criminalidade em Belo Horizonte. Crisp/


UFMG Belo Horizonte: Cedeplar/ 2002 (mimeo).

BIASOLI-ALVES, Z. M. M. e DIAS DA SILVA, M. H. G. F. Some changes in childrearing


practices. Annual Research Report, (4):64-70. (1987).

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