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Unidade III
5 EQUAÇÕES LINEARES
Dois casais foram a um barzinho numa noite quente de verão e lá decidiram comer batata frita e
tomar caipirinha. O primeiro casal tomou duas caipirinhas e uma porção de fritas, gastando R$ 50,00. O
segundo comeu duas porções de batata e três caipirinhas, gastando R$ 80,00. Como procederíamos se
quiséssemos descobrir, a partir dessas informações, somente o valor de cada caipirinha e de cada porção
de fritas?
Para determinar esses valores, vamos assumir que x seja o valor de cada caipirinha, e y, o valor de
cada porção de fritas; então, pode‑se dizer, por meio dessas variáveis, que:
Para o casal 1: 2x + y = 50
Para o casal 2: 3x + 2y = 80
2x + y = 50 → y = 50 - 2x (I)
3x + 2y = 80 (II)
3x + 2(50 - 2x) = 80
3x + 100 - 4x = 80
-x + 100 = 80 → x = 20
y = 50 - 2(20) = 10
Esse é um exemplo simples de como um sistema de equações do 1º grau pode ser usado para
resolver problemas do cotidiano. Além disso, nas áreas tecnológicas, científicas e computacionais, vários
problemas podem ser solucionados por esse sistema de equações lineares, no menor tempo possível. Por
exemplo, para se dimensionar as estruturas triangulares dos tetos de shoppings e centros de exposições,
usa‑se um sistema de equações lineares. Nos cálculos dos esforços, na estrutura de um avião, sempre
aparecem sistemas de equações lineares gigantescos (10.000 x 10.000 ou mais), na geração de imagens
digitais, na Robótica, na tomografia computadorizada, entre outros.
Saiba mais
Antes de iniciarmos os estudos desta unidade, que englobará os sistemas de equações e suas formas
de resolução, vamos introduzir alguns conceitos básicos.
Equação linear
Toda equação do 1º grau com uma ou mais incógnitas é chamada equação linear. São exemplos de
equações lineares:
a) 2y - 6x = 23
• as incógnitas são x e y;
b) 2x - 4y + 3z = 12
99
Unidade III
• as incógnitas são x, y e z;
Por definição, chamamos de equação linear nas variáveis x1, x2,..., xn toda equação do tipo:
a1 x1 + a2 x2 + ... + an xn = b
Lembrete
1
A função + y não constitui uma equação linear, pois o expoente de
x
x é ‑1. A função 6x2 + 2z também não é uma equação linear, mas sim uma
equação do 2º grau.
A sequência, também chamada n‑upla ordenada, ou seja, (a1, a2, ... an), constituirá solução de uma
equação linear a1 x1 + a2 x2 + ...+ an xn = b se a1 x1 + a2 x2 + ...+ an xn = b for uma sentença verdadeira,
por exemplo:
Dada a equação linear x1 + 2x2 + x3 - x4 = -1, podemos ver que a sequência formada por (1, 0, 3, 5)
é uma sentença verdadeira, pois, se substituirmos esses valores na equação, por exemplo, 1 no lugar de
x1, 2 no lugar de x2 e assim por diante, vamos ver que a equação é satisfeita, pois 1 + 2. 0 + 3 – 5 é uma
sentença verdadeira. Por outro lado, a sequência (1, 3, 0, 1) não é solução, pois 1 + 2. 3 + 0 ‑1 = ‑1 é
uma sentença falsa.
Observação
Importante salientar que sempre uma sequência ou n‑upla obedece à ordem alfabética das variáveis,
isto é, (x, y), (x, y, z), (a, b, c) etc. Assim, uma sequência (0, 1, 2) significa, por exemplo, x = 0, y = 1, z = 2,
e, assim, deve ser substituída na equação linear, para saber se é essa que a satisfaz ou não.
100
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
Quando a equação apresenta valor igual a zero, ou seja, o termo independente é igual a zero, dizemos
que a equação é uma equação linear homogênea. Um exemplo:
2x + 3y = 0
Generalizando, toda equação linear homogênea apresenta como solução a sequência (0, 0, 0,... 0),
também chamada de solução trivial.
Na Unidade II, vimos como determinar a solução de uma equação do 1º grau. Para os sistemas lineares, vale
o mesmo procedimento; porém, nesse caso, as raízes devem satisfazer todas as equações simultaneamente.
Assim, chama‑se solução do sistema toda n‑upla ordenada (x1, x2, ... xn) de números reais que satisfaz as
equações do sistema linear, e chama‑se conjunto do sistema o conjunto constituído de todas as soluções.
Para obter as soluções de um sistema, consideraremos dois casos, que serão descritos aqui: Método
da Substituição e Método da Adição ou do Cancelamento.
Nesse método, uma das incógnitas é isolada e substituída na outra equação do sistema, obtendo‑se
uma nova equação com apenas uma incógnita. É sempre útil escolher a equação mais simples para
isolar uma das variáveis:
101
Unidade III
2x + 3y = 10
2x − y = 2
1º passo:
Observar qual das equações apresenta uma incógnita mais fácil de ser isolada. Nesse exemplo,
podemos isolar y na segunda equação (equação mais simples). Essa equação foi escolhida pelo fato de
o coeficiente de y ser igual a ‑1.
Assim:
2x - y = 2 → y = 2x - 2
Lembrete
2º passo:
2x + 3y = 10
2x + 3(2x − 2) = 10
2x + 6 x − 6 = 10
8x − 6 = 10
8x = 16
x=2
3º passo:
Substituir x = 2 na equação y = 2x - 2.
y = 2x − 2
y = 2(2) − 2
y=2
102
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
4º passo:
Nesse método, as equações do sistema são adicionadas para se obter outra equação com uma única
incógnita.
Consideremos o sistema:
2x + 3y = 6
x − 4y = 8
1º passo:
Devemos multiplicar a segunda linha por ‑2 para obter outra equação análoga, de maneira que a
incógnita x tenha coeficiente ‑2; assim, podemos cancelar (adicionar) os termos que contêm x.
2x + 3y = 6
× ( −2)
x − 4y = 8
2º passo:
2x + 3y = 6
−2x + 8y = 16
11y = 22
y=2
3º passo:
2x + 3(2) = 6
2x = 0
x=0
103
Unidade III
4º passo:
Lembrete
Mais exemplos:
x + y = 5
x − y = 1
Solução:
A primeira coisa que devemos fazer é decidir que método de resolução usar. Podemos ver que é mais
fácil utilizar o método da adição, visto que os coeficientes de y apresentam sinais opostos e podem se
anular. Isso não significa que não poderíamos usar o método da substituição; poderíamos, sim, mas o
trabalho seria um pouco maior; portanto, é preferível usar o da adição, nesse caso. Assim:
x + y = 5
x − y = 1
2x = 6
x=3
3+y=5→y=2
No caso do sistema:
4x − y = 2
3x + 2y = 7
104
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
4x - y = 2 → y = 4x - 2
3x + 2(4 x − 2) = 7
3x + 8x − 4 = 7
11x = 11
x =1
Substituindo em y = 4x - 2, temos y = 2.
x + 2y + 3z = 14
1) Se 4 y + 5z = 23
6z = 18
Então, qual o valor de x?
Solução:
Portanto,
4y + 5(3) = 23 → 4y = 8 → y = 2
x + 2y + 3z = 14 → x + 4 + 9 = 14 → x = 1
2) Classificar os sistemas seguintes como SPD (Sistema Possível e Determinado), SPI (Sistema Possível
e Indeterminado) e SI (Sistema Indeterminado).
x + y = 3
a)
y=2
105
Unidade III
x+y=5
b)
0 x + 0 y = 3
x + y =1
c)
2x + 2y = 2
d) {x + 2y = 4
Solução:
b) A segunda equação não tem solução, portanto não existe solução comum às duas equações do
sistema, o que indica que o sistema é SI.
3) Um clube promoveu um show de música ao qual compareceram 300 pessoas, entre sócios e
não sócios. No total, foram arrecadados R$ 1.400,00, e todos pagaram. Os não sócios pagaram
R$10,00 e os sócios pagaram R$ 2,00. Qual o número total de sócios presentes no evento?
Solução:
Sejam x e y os números de sócios e não sócios, respectivamente. Com isso, o número total de pessoas
presentes no evento é:
x + y = 300
Se os não sócios pagaram R$10,00 e os sócios pagaram R$ 2,00 podemos dizer que
2x + 10y = 1400
x + y = 300
2x + 10y = 1400
x + y = 300
x + 5y = 700
106
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
4y = 400
y = 100
Se o número total de pessoas presentes no evento é 300 e 100 correspondem ao número de não
sócios, temos 200 sócios.
2x + y = −5
3x + 10y = 1
Solução:
−20x − 10y = 50
3x + 10y = 1
-17x = 51 → x = -3
-9 + 10y = 1 → y = 1
5) Um pacote tem 48 balas: algumas de hortelã e as demais de laranja. Se a terça parte do dobro do
número de balas de hortelã excede a metade do de laranjas em 4 unidades, então quantas balas
de hortelã e laranja estão dentro do pacote?
Solução:
x + y = 48
107
Unidade III
A terça parte do dobro do número de balas de hortelã excede a metade do de laranjas em 4 unidades,
então:
2x y
= +4
3 2
2x y
= +4
3 2
x + y = 48
Reescrevendo:
x + y = 48
2x y
− =4
3 2
x y
+ = 24
2 2
2x y
− =4
3 2
x 2x
+ = 28
2 3
3x + 4 x 28 . 6
=
6 6
7x = 28 . 6
x = 24
y = 24
108
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
3x + y = 5
2x − 3y = −4
Solução:
9x + 3y = 15
2x − 3y = −4
11x = 11
x=1
3x + y = 5
3+y=5
y=2
6 MATRIZES E VETORES
Quando temos sistemas muito grandes, ou seja, com muitas variáveis e, portanto, muitas incógnitas,
a resolução pelos métodos discutidos anteriormente torna‑se trabalhosa. Existe outro método
envolvendo o que chamamos de matrizes que facilita a resolução. Neste tópico, introduziremos
o conceito de matriz, sua importância, suas propriedades e aplicações na resolução de problemas
envolvendo sistemas lineares.
Para introduzir o conceito de matriz, vamos pensar numa tabela de notas de três alunos, A, B e C, em
três disciplinas distintas: Estatística, Física e Lógica.
109
Unidade III
Tabela 8
Se quisermos saber a nota de Lógica, por exemplo, do aluno C, bastará olhar a coluna e a linha
correspondente a esse aluno e já descobriremos o valor da nota. As tabelas facilitam a visualização de
um conjunto de dados. Esse mesmo conjunto de notas pode ser colocado na forma de linhas e colunas,
porém entre colchetes ou parênteses, da seguinte maneira:
8 6 8
5 7 6
7 4 6
Cada um dos números colocados dessa forma é chamado de elemento. As colunas são classificadas
da esquerda para a direita, e as linhas, de cima para baixo. Uma tabela desse tipo é chamada matriz.
Por matriz é entendida uma tabela disposta em linhas e colunas que denotamos por A = (aij)m×n, em
que o par de índices j representa a posição de cada elemento aij dentro da matriz, i indica a linha a que
pertence o elemento, e j, a coluna. O par de índices m x n representa o tamanho da matriz; m indica o
número de linhas, e n, o número de colunas.
a11 a1n
A =
am1 amn
As matrizes apresentam uma importância muito grande no campo das aplicações em Matemática,
Física, Engenharia, Economia e Computação Gráfica. Na Economia, são ferramentas poderosas que
fornecem informações que facilitam interpretação de gráficos, tabelas etc. Na Engenharia Civil, são
importantes para a divisão dos metros e a distribuição de material na construção para formar uma
estrutura sustentável.
Na Informática, os exemplos mais importantes são os programas em que elas aparecem no auxílio
de cálculos matemáticos, editores de imagem, e até o próprio teclado de um computador tem seu
funcionamento descrito por matrizes, o mesmo ocorrendo com a tela formada por pixels gerados por
uma matriz.
110
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
1) Matriz Quadrada: uma matriz é chamada de matriz quadrada caso m = n, ou seja, quando o
número de linhas é igual ao número de colunas. Essa matriz, de ordem n x n, é indicada por Anxn.
Os elementos i = j da matriz formam o que chamamos de diagonal principal. Por exemplo, uma
matriz A3x3:
2) Matriz Nula: toda matriz 0mxn, onde todos os elementos são nulos:
0 0 0
A 0× 0 = 0 0 0
0 0 0
3) Matriz Linha: toda matriz A1xn, tal que A1×n = [a11 a12 a1n].
a11
a
4) Matriz Coluna: toda matriz Amx1, tal que Am×1 =
21
am1
5) Matriz Diagonal: toda matriz quadrada Anxn, em que cada aij, tal que i = j, e os termos, tais que
i ≠ j iguais a zero. Por exemplo, a matriz A3x3 diagonal:
a11 0 0
A 3×3 = 0 a22 0
0 0 a33
6) Matriz Identidade: toda matriz quadrada em que se, i ≠ j, o elemento adquire o valor zero, e, se
i = j, o elemento assume i valor 1. Exemplo:
1 0 0
A 3×3 = 0 1 0
0 0 1
111
Unidade III
7) Matriz Transposta: a matriz transposta de uma matriz A = (aij)m×n é dada por: At = (aji)n×m. Para
obter a transposta, é só trocar a linhas pelas colunas. Se quando obtivermos a matriz transposta,
resultar na mesma matriz original A, diremos que a matriz é simétrica, se todos os elementos
forem iguais. Se obtivermos uma matriz igual a A, porém com sinais dos elementos opostos,
diremos que é uma matriz antissimétrica, ou seja:
• simétrica se At = A;
• antissimétrica se At = -A.
• Adição: sejam A = (aij)m×n e B = (bij)m×n matrizes de mesma ordem, a soma das matrizes é:
A + B = (aij + bij)m×n
• Associativa: A + (B + C) = (A + B) + C
• Elemento neutro: A + 0 = 0 + A = A
• Comutativa: A + B = B + A
• Subtração: sejam A = (aij)m×n e B = (bij)m×n matrizes de mesma ordem, a subtração das matrizes é:
A - B = (aij - bij)m×n
Observação
A - B = A + (-B).
A multiplicação de matrizes não pode ser feita, portanto, multiplicando termo a termo as matrizes.
Assim, o produto da matriz A pela matriz B é uma matriz do tipo m x q, tal que cada elemento Cik satisfaz:
2 3
1 0 3 1
2 4
4 5
2 . 3 + 3 . 2 2 . 1+ 3 . 4
1 . 3 + 0 . 2 1 . 1+ 0 . 4
4 . 3 + 5 . 2 4 . 1 + 5 . 4
12 14
A .B= 3 1
22 24
Lembrete
• Associativa: A . (B . C) = (A . B) . C
• Distributiva à direita: A . (B + C)
• Distributiva à esquerda: (A + B) . C
113
Unidade III
Observação
A.B≠B.A
0 1 2
2 −3 4 −2
A= B = 5 −1 3 C =
0 1 5 3
4 2 1
Vamos determinar:
a) 2A + C
b) A . B
c) B . C
d) At
e) B . A
f) (A - 3C)
g) A2
h) B2
Solução:
2 −3 4 −2 4 −6 4 −2 8 −88
a) 2 A + C = 2 + = + =
0 1 5 3 0 2 5 3 5 5
b) Não é possível efetuar a multiplicação, pois o número de colunas da matriz A2×2 não é igual ao
número de linhas da matriz A3x3.
114
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
t
2 −3 2 0
d) A = = , ou seja, as linhas passam a ser colunas e vice‑versa.
t
0 1 −3 1
e) Mesmo caso que b e c.
2
2 −3 2 −3 2 −3
g) A = =
2
0 1 0 1 0 1
2 . 2 + ( −3) . 0 2 . ( −3) + ( −3) . 1 4 −9
= 0 1
0 . 2 +1. 0 0 . ( −3) + 1 . 1
2
0 1 2 0 1 2 0 1 2
h) B = 5 −1 3 = 5 −1 3 5 −1 3
2
4 2 1 4 2 1 4 2 1
13 3 6
B2 = 7 12 10
14 2 1
Mais exemplos:
3 a b x − 2 −5 1
c − 1 4 0 = 4 y z + 3
Solução:
115
Unidade III
x-2=3→x=5
a = -5
b=1
c-1=4→c=5
4=y
z + 3 = 0 → z = -3
1 2 3
A = 4 5 6
7 8 8
Solução:
A matriz transposta é obtida trocando‑se as linhas pelas colunas e as colunas pelas linhas da matriz:
1 4 7
A t = 2 5 8
3 6 8
3 2 −2 0
3) Sendo A = e B = 4 −3 , calcule a matriz X, tal que:
−1 5
X + A - B = 0.
Solução:
X=B-A
−2 0 3 2 −5 −2
X= − =
4 −3 −1 5 5 −8
3 2 −1 4 −2 0
4) Sendo A = eB = , determine a matriz X, tal que 2X + A - B = 0.
0 −5 4 −3 1 −1
116
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
Solução:
2X = B - A
4 −2 0 3 2 −1
2X = −
−3 1 −1 0 −5 4
1 −4 1
2X =
−3 6 −5
1 1
2 −2
2
X=
3 3 − 5
2 2
2 1 0 4 −2
5) Sendo A = eB= , determine A . B e B . A.
3 −1 1 −3 5
Solução:
2 1 0 4 −2
A .B= . 1 −3 5 =
3 −1
2 . 0 +1. 1 2 . 4 + 1 . ( −3) 2 . ( −2) + 1 . 5
=
3 . 0 + ( −1) . 1 3 . 4 + ( −1) . ( −3) 3 . ( −2) + ( −1) . 5
1 5 1
A .B=
−1 15 −11
b) B - A
c) (A - B)t
Solução:
2 3 4 −2 1 0 −0 4 4
a) A + B = + =
5 −1 6 3 −5 −7 8 −6 −1
117
Unidade III
−2 1 0 2 3 4 −4 −2 −4
b) B − A = − =
3 −5 −7 5 −1 6 −2 −4 −13
4 2
2 3 4 −2 1 0 4 2 4
→ ( A − B) = 2 4
t
c) A − B = − =
5 −1 6 3 −5 −7 2 4 13
4 13
7) Resolver a equação matricial A + X = B, onde:
3 2 1 7 5 1
A = eB = 1 6 7 .
−1 −4 2
Solução:
Conforme vimos, resolver uma equação matricial significa que a incógnita é uma matriz. A matriz
procurada é de ordem 2 x 3, e podemos escrevê‑la como:
a b c
C =
d e f
Assim,
A+X=B
3 2 1 a b c 7 5 1
−1 −4 2 + d e f = 1 6 7
Daí:
3 + a 2 + b 1 + c 7 5 1
−1 + d −4 + e 2 + f = 1 6 7
3+a= 7→a= 4
2+b =5→b = 3
−1 + d = 1 → d = 2
−4 + e = 6 → e = 10
1+ c = 1→ c = 0
2+f =7→f =5
118
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
4 3 0
X=
2 10 5
A toda matriz quadrada, ou seja, em que o número de linhas é igual ao número de colunas, pode‑se
associar um número chamado determinante. Os determinantes são úteis no processo de resolução de
sistemas de equações lineares, conforme veremos a seguir.
Para matrizes de ordem 2, o determinante de uma matriz A2x2 é calculado da seguinte maneira:
a a
A = 11 12
a21 a22
a a
det A = 11 12 = (a11 ⋅ a22 ) − (a12 ⋅ a21 )
a21 a22
4 −2
Por exemplo, dada a matriz A2×2 =
5 3
4 −2
det A = = 4 . 3 − 5 . ( −2) = 22
5 3
Podemos ver que o determinante é o resultado da diferença entre o produto dos elementos da
diagonal principal e os elementos da diagonal secundária.
Para uma matriz de ordem 3 A3x3, o determinante é calculado de uma maneira diferente:
= (a11 ⋅ a22 ⋅ a33 + a12 ⋅ a23 ⋅ a31 + a13 ⋅ a21 ⋅ a32 ) − (a13 ⋅ a22 ⋅ a31 + a11 ⋅ a23 ⋅ a32 + a12 ⋅ a21 ⋅ a33 )
0 1 2
No caso da matriz A = 5 −1 3 , o determinante é:
4 2 1
119
Unidade III
0 1 2 0 1
det A = 5 −1 3 5 −1 =
4 2 1 4 2
(0 . 1( −1) + 1 . 3 . 4 + 2 . 5 . 2) − (2 . ( −1) . 4 + 0 . 3 . 2 + 5 . 1 . 1 = 32 − ( −3) = 35
Esse método de cálculo de determinante é chamado Método de Sarrus. Repetem‑se as duas
primeiras colunas e procede‑se da mesma maneira que o cálculo do determinante de uma matriz
quadrada, ou seja, calcula‑se a diferença entre o produto dos elementos da diagonal principal e os
elementos da diagonal secundária.
Você já aprendeu sobre matrizes e determinantes, e agora podemos voltar ao conceito inicial que
desenvolvemos no início desta unidade.
Observamos que, em um sistema linear de duas equações, poderíamos obter suas soluções a partir
de dois métodos: adição e substituição. Agora, com os conceitos de matrizes e determinantes em
mente, podemos olhar os sistemas lineares como uma equação matricial, e é isso o que discutiremos
no próximo tópico.
A é a matriz dos coeficientes, X é matriz coluna das variáveis e B é a matriz dos termos independentes.
Solucionar uma equação desse tipo é descobrir um conjunto (a1, a2,... an) que satisfaça todas as
equações do sistema simultaneamente.
x + 2y = −1
a)
2x − y = 8
1 2 x −1
2 −1 y = 8
120
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
4 x + 2y = 100
b)
8x + 4 y = 100
4 2 x 100
8 4 y = 100
Existem vários métodos para resolver os sistemas de equações lineares, como os já descritos
métodos de substituição e adição (cancelamento). Veremos agora outro método, chamado Método do
Escalonamento, que facilita a resolução de equações matriciais.
• em cada equação, existir pelo menos um coeficiente de alguma incógnita não nulo;
• existir uma ordem para as equações, tal que o número de coeficientes nulos que precede o primeiro
coeficiente não nulo de cada equação aumenta de uma equação para outra.
x + 3y + z = 9
a) 0x + 4 y + z = 5
0x + 0y + 2z = 6
2x − 3y + 4 t + z = 1
b ) 0 x − 4 y + 5t + 4 z = 2
0x + 0y + 0t + 4 z = 12
3x + 4 y = 4
c)
0x + 5y = 1
Dado o sistema:
121
Unidade III
x + 2y = 5
A=
3x + 7y = 16
• 1º passo: trocar as linhas da equação. Quando fazemos isso, não alteramos a solução do sistema,
pois temos um sistema equivalente, ou seja, aquele que apresenta a mesma solução do sistema
inicial.
3x + 7y = 16
A=
x + 2y = 5
• 2º passo: queremos eliminar a variável x na segunda linha, deixando isolada apenas a variável y.
Portanto, vamos multiplicar a segunda linha por (‑3).
3x + 7y = 16
A=
−3x − 6 y = −15
• 3º passo: vamos manter a primeira equação e, na segunda linha, colocar o resultado da diferença
entre a primeira linha e a segunda.
3x + 7y = 16
A=
3x + 7y − 3x − 6 y = 16 − 15
3x + 7y = 16
A=
0x + y = 1
• 4º passo: o valor de y ficou fácil de ser calculado, já que é a única variável na segunda linha.
Calculado y, basta ser substituído na primeira linha e obtém‑se o valor de x.
y = 1 → 3x + 7 = 16 → 3x = 9 → x = 3
122
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
3x + 4 y = 9
A=
2x + 7y = 1
3 4 x 9
2 7 y = 1
3 4
= 21 − 8 = 13
2 7
O valor desse determinante é 13; portanto, um valor diferente de zero. Toda vez que isso acontecer, ou
seja, quando o determinante for diferente de zero, o sistema será chamado de possível e determinado (SPD).
2x + 3y = 1
A=
4 x + 6 y = 5
2 3 x 1
4 6 y = 5
Resolvendo o determinante:
2 3
= 12 − 12 = 0
4 6
Quando o determinante for igual a zero, o sistema poderá ser possível indeterminado (SPI) ou
impossível (SI).
Para decidirmos qual dessas duas possibilidades o sistema apresenta, vamos escaloná‑lo:
4 x + 6y = 5
2x + 3y = 1
4 x + 6y = 5
0x + 0y = 4
123
Unidade III
Lembrete
Um sistema será chamado homogêneo se for formado exclusivamente por equações lineares
homogêneas, isto é, equações com termos independentes nulos:
x −y + z = 0
x − 3y + 5z = 0
6 x − 2y + z = 0
x + 2y = 0
3x − y = 0
Todo sistema linear homogêneo com n incógnitas admite como solução as n‑uplas (0, 0, 0, ... 0), o
que é chamado de solução trivial do sistema.
3x + 2y + z = 0
x − 3y + 5z = 0
6 x − 2y + z = 0
3 . 0+2 . 0+0= 0
0−3 . 0+5 . 0= 0
6 . 0−2 . 0+ 0 = 0
Isso demonstra que o sistema apresenta uma solução trivial. Porém, existem sistemas com números
de equações iguais ao número de incógnitas, que apresentam outras soluções além da trivial. Vejamos
o sistema:
x + 2y − z = 0
2x − y + 4 z = 0
3x + y + 3z = 0
124
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
Esse sistema será satisfeito se substituirmos o valor 0 nas incógnitas x, y e z, porém veremos se ele
apresenta mais soluções; para isso, vamos calcular o determinante do sistema:
1 2 −1 1 2
2 −1 4 2 −1 = 0
3 1 3 3 1
O determinante é igual a zero; portanto, trata‑se de um sistema possível e indeterminado (SPI), pois,
além da solução trivial, apresenta outras possíveis soluções.
Nesse caso, será calculado por meio de um conceito chamado cofator, que simplifica, ou melhor,
facilita o cálculo.
6.8 Cofatores
Seja A uma matriz quadrada de ordem n, n > 2, e seja aij um elemento de A. Chamamos de cofator
o elemento Aij, tal que:
Dij é o determinante da matriz que se obtém de A, eliminando‑se sua i‑ésima linha e sua j‑ésima
coluna.
2 1 5
A = 4 3 2
7 6 8
2 1 5
A = 4 3 2
7 6 8
125
Unidade III
Assim,
4 3
A13 = ( −1)1+3 . = 1 . (24 − 21) = 3
7 6
O determinante de uma matriz quadrada M = | aij |nxm pode ser obtido pela soma dos produtos dos
elementos de uma fila qualquer (linha ou coluna) da matriz M pelos respectivos cofatores.
m
detM = ∑aijAij
i=1
1 2 2+1 3 −4 3 −4
D1 = 2( −1)1+1 + ( −2) ( −1) + 0( −1)3+1
5 6 5 6 1 2
1 2 3 −4
D1 = 2 +2
5 6 5 6
D1 = 2 (6 − 10) + 2(18 + 20)
D1 = −8 + 76
D1 = 68
Muitas vezes, o cálculo dos determinantes pode ser simplificado por meio de algumas propriedades.
Vamos descrevê‑las aqui e mostrar como facilitam os cálculos.
126
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
• Linha ou coluna nula: se a matriz A possui uma linha ou coluna na qual todos os elementos são
nulos, dizemos que o determinante dessa matriz é zero.
• Troca de linhas ou colunas paralelas: se trocarmos a posição de duas linhas ou colunas paralelas
de uma matriz A obtendo A', temos que: det A' = - det A.
• Multiplicação de uma linha ou coluna por um número real: quando os elementos de uma
linha ou coluna são multiplicados por um número real k, k ≠ 0, obtemos a nova matriz A', e vale
a relação: det〖A' = - k det A.
• Linhas ou colunas iguais: quando a matriz apresenta linhas ou counas iguais, ou podem ser
também proporcionais, o determinante é igual a zero.
Por exemplo,
5 2
Se A = , então detA = 20 - 6 = 14.
3 4
a b c 4 a 4 b 4 c
Se R = d e f , então 4R = 4d 4e 4 f
g h i 4g 4h 4i
Cada linha e cada coluna foram multiplicadas por 4. Aplicando a propriedade de multiplicação,
concluímos que:
Mais exemplos:
2 3 1
Determine x x 1 x = 15 .
2 0 1
127
Unidade III
Solução:
2 3 12 3
x 1 x x 1 = 15
2 0 12 0
2 + 6 x + 0 − 2 + 0 − 3x = 15
3x = 15
x=5
2 1 1
1
2) Dadas a matriz 3 1 2 e a função f(x) = - x2 - x - 1, calcule f .
Dx
1 −1 0
Solução:
2 1 12 1
3 1 2 3 1 = 0 + 2 − 3 − 1+ 4 − 0 = 2
1 −1 0 1 −1
6.11 Vetores
Assim como as matrizes são elementos que apresentam várias aplicações em ramos da ciência, os
vetores são elementos importantíssimos tanto em Computação quanto em Ciências, Física, Engenharia,
Astronomia, entre outras.
Como poderíamos entender melhor o conceito de vetor na prática? Vamos começar primeiro
fornecendo a noção de algumas grandezas que permeiam nosso cotidiano. Por exemplo, quando você
vai a um shopping comprar aquele par de tênis de seus sonhos. Você chega à loja, escolhe, e a vendedora
apenas pergunta seu número, e isso já é suficiente. Quando está lendo um livro de curiosidades e
descobre que a torre mais alta do mundo é uma que fica em Tóquio, a torre Tokyo Sky Tree, com 634
metros de altura, somente essa informação a respeito da altura basta para você saber por que ela está
no topo das mais altas do mundo. Se eu perguntasse quanto tempo falta para você estudar este capítulo
do livro, você me responderia alguns minutos, horas etc.
128
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
No entanto, existem outras grandezas que não se caracterizam por uma única informação; por
exemplo, você seria capaz de descrever a força de um vento, ou como o fluxo de água se move em
um rio, a velocidade de um trem‑bala, o movimento de um planeta? Para responder a essas perguntas,
você precisa do conceito de vetor, uma grandeza que fica perfeitamente caracterizada por sua direção,
sentido e intensidade. Em um exemplo prático, vamos supor que alguém lhe pergunte como chegar a
um determinado lugar; você tem de especificar a direção desse lugar, apontar o sentido em que a pessoa
deve ir e quanto ela terá de percorrer, seja a pé ou de carro.
Neste exemplo, você utilizou três conceitos fundamentais no estudo dos vetores:
• direção: é aquilo que existe de comum em três retas paralelas. As retas r, s e t têm a mesma
direção, já as retas t e w não são paralelas;
r
s
t
Figura 57
• sentido: a direção pode ser percorrida da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, de
cima para baixo, de baixo para cima etc;
a b
e
c
Figura 58
129
Unidade III
• intensidade: também chamado módulo, é o tamanho da grandeza, que aqui em nossa representação
é de 3 unidades de medida, ou seja, 3 u.
O P
r
u u u
Figura 59
Observação
Devemos prestar atenção nas unidades; por exemplo, se a unidade de medida da grandeza for dada
em centímetros, então a intensidade será dada em centímetros; se for em metros, será dada em metros
e assim por diante.
Um vetor é sempre representado simbolicamente por uma letra, e sobre essa letra usamos uma
flecha.
Um sistema cartesiano de coordenadas é aquele definido quando existe uma unidade linear para
medir os comprimentos e dois eixos perpendiculares numa ordem qualquer:
130
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
P (x,y)
Um vetor, portanto, pode ser representado em um plano cartesiano, de tal maneira que sua origem
e sua extremidade podem ser associadas a pontos no plano xy.
y
B
y2
y1 A
x1 x2 X
O vetor pode ser representado como segmento orientado, e seu tamanho é dado por B - A. Se as
coordenadas de A são (x1,y1) e as coordenadas de B (x2,y2), o comprimento do vetor AB é dado por:
131
Unidade III
u3
u1
Para que dois vetores sejam iguais, eles devem necessariamente apresentar mesmo módulo, mesma
direção e mesmo sentido, independentemente do local em que se encontram no espaço. Por exemplo,
cada par de vetor da figura a seguir é igual.
v A v
A
B
B v
A B
v v
Figura 64 – Representação de três pares de vetores. Note que os vetores A e B de cada par são iguais.
Se dois vetores apresentarem mesmo módulo e mesma direção, porém sentidos contrários, dizemos
que são opostos. Na figura a seguir, temos o exemplo de vetores opostos:
132
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
v A v
A
B
B v
A B
v v
Em muitos problemas, encontramos mais de um vetor. Para saber o efeito total, considerando esses
vetores envolvidos, é necessário calcular o vetor resultante, ou seja, somá‑los para obter um vetor cujo
efeito seja igual ao efeito combinado de todos os vetores no problema.
O vetor resultante pode ser obtido por meio de métodos gráficos ou analíticos. Dentre os métodos
gráficos, temos o do polígono e o do paralelogramo.
Método do Polígono: sejam u e v dois vetores quaisquer. Sua soma é definida da seguinte maneira:
C
A
B
Para fazer a soma de dois vetores, como AB e BC, considere a extremidade onde se encontra a
flecha como extremidade final do vetor. Para fazer a soma, basta ligar a extremidade final de um com a
extremidade inicial do outro, ou seja, faremos outra figura associando sequencialmente os segmentos
orientados. Portanto, nesse exemplo, o vetor resultante é o AC.
133
Unidade III
Lembrete
A B A+B
B
B A+B
A A
Método do Paralelogramo: considere o vetor AB representado na figura. Vamos supor que seus
segmentos orientados representativos tenham as mesmas origens no ponto 0 e que o ângulo formado
entre eles seja θ.
A
A+B
B
Figura 68 – Adição de dois vetores A e B pelo Método do Paralelogramo
134
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
Olhando a figura anterior, podemos ver que o vetor resultante nada mais é que a diagonal do
paralelogramo. Para obter o vetor por esse método, traçamos uma reta paralela ao segmento orientado,
que representa o outro vetor, e vice‑versa; ligamos a extremidade de um com a extremidade inicial
do outro (ou seja, segmento de origem ligado com a extremidade inicial do outro). Outro exemplo de
cálculo do vetor resultante usando o Método do Paralelogramo:
A
A+B
O nome paralelogramo vem do fato de a figura formada pelos vetores resultantes ser um
paralelogramo.
Diferença de vetores: efetuar a diferença entre dois vetores A e B significa somar um vetor A
com o oposto do vetor B. Esse vetor oposto de B é idêntico ao vetor original, ou seja, com as mesmas
características de intensidade e direção, porém sentido contrário.
A+B -B
B
A-B
A A
Se A é um vetor não nulo e ∝ é um número real não nulo, então a multiplicação do vetor A pelo
escalar ∝ é o vetor descrito como:
• ∝ A tem a direção de A;
2A
0,5A
-2A
B
C
Figura 72
Solução:
B
C
A
Figura 73
136
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
Assim, como cada quadrícula corresponde a 1 unidade, o vetor resultante tem módulo igual a 1.
2) Um vetor velocidade é decomposto em dois outros perpendiculares entre si. Sabendo‑se que o
módulo do vetor velocidade é 10 m/s e que uma das componentes é igual a 8 m/s, determine o módulo
do vetor correspondente à outra componente.
V
y
V = 10
r
V=8
x
Figura 74
Solução:
( Vx )2 + ( Vy )
2
Vr =
( )
2
100 = 82 + Vy
( Vy )
2
= 36
Vy = 6
30º
a = 20
Figura 75
137
Unidade III
Solução:
3
ax = a cos 30” = 20 . = 10 3
2
1
ay = a sin 30” = 20 . = 10
2
V=6
y
V=8
x
Figura 76
Solução:
( Vx )2 + ( Vy )
2
Vr =
( Vr )2 = 82 + 62
Vr = 100 = 10
a) A
138
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
A = 10 cm
B = 20 cm
Solução:
A+B
A+B
A+B = 30 cm
b) A‑B
‑B
A‑B
A‑B = 10 cm
c) B‑A
‑A
B‑A
B‑A = 10 cm
Observação
Diremos que dois vetores não nulos são paralelos se, e somente se, um
for múltiplo escalar do outro.
139
Unidade III
Resumo
Exercícios
x + y + z = 1
2x + 2y + 2z = 4
3x + 3y + 4 z = 5
Analise as asserções seguintes relativas à resolução desse sistema de equações lineares. O sistema
não tem solução...
140
MATEMÁTICA PARA COMPUTAÇÃO
porque
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da
primeira.
Justificativa geral
Para resolvermos a questão, temos de utilizar a teoria de discussão de um sistema linear. Como o
sistema é formado por três equações e três incógnitas, gera matrizes quadradas.
1 1 1
det ( A ) = 2 2 2 = 8 + 6 + 6 − 8 − 6 − 6 = 0 → det ( A ) = 0
3 3 3
Na segunda etapa, calculamos o determinante da matriz, obtido a partir da matriz dos coeficientes,
substituindo a primeira coluna (coeficientes de x) pelos termos independentes.
1 1 1
det ( A x ) = 4 2 2 = 8 + 10 + 12 − 16 − 6 − 10 = −2 →
5 3 4
det(Ax) = –2
det(Ax) ≠ 0
141
Unidade III
Na terceira etapa, calculamos o determinante da matriz, obtido a partir da matriz dos coeficientes,
substituindo a segunda coluna (coeficientes de y) pelos termos independentes.
1 1 1
( )
det A y = 2 4 2 = 16 + 6 + 10 − 8 − 10 − 12 = 2 →
3 5 4
det(Ay)=2
det(Ay)≠0
Na quarta etapa, calculamos o determinante da matriz, obtido a partir da matriz dos coeficientes,
substituindo a terceira coluna (coeficientes de z) pelos termos independentes.
1 1 1
det ( A z ) = 2 4 2 = 10 + 12 + 6 − 10 − 12 − 6 = 0 →
3 5 4
det(Az)=0
det(Az)≠0
Discutindo o sistema, concluímos que, como det A = 0, ele poderia ser possível e indeterminado
ou impossível. Para verificar sua real classificação, tivemos que fazer o determinante dos coeficientes,
substituindo cada coluna pelos termos independentes. Como det A = 0 e pelo menos um det An ≠ 0, o
sistema é impossível (não tem solução). Para o sistema ser impossível, deve-se ter det A = 0 e pelo menos
um det An ≠ 0. Como há pelo menos um det An ≠ 0 e det A = 0, o sistema é impossível. Então, as duas
asserções são verdadeiras, não sendo a segunda uma justificativa correta da primeira.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa correta.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a primeira asserção não é falsa, pois o sistema é impossível (não tem solução).
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: ambas as asserções são proposições verdadeiras, pois o sistema é impossível e det A = 0.
A transposição do rio São Francisco é um assunto que desperta grande interesse. Questionam-se,
entre outros aspectos, os efeitos no meio ambiente, o elevado custo do empreendimento relativamente
à população beneficiada e à quantidade de água a ser retirada — o que poderia prejudicar a vazão do
rio, que hoje é de 1.850 m3/s.
Visando promover um debate acerca desse assunto, um professor de matemática propôs a seus
alunos o problema seguinte, baseando-se em dados obtidos do Ministério da Integração Nacional.
Considere que o projeto prevê a retirada de x m3/s de água. Denote por y o custo total estimado
da obra, em bilhões de reais, e por z o número, em milhões, de habitantes que serão beneficiados pelo
projeto. Relacionando-se essas quantidades, obtém-se o sistema de equações lineares AX = B, em que:
1 2 − 2 11 x
A = 0 4 − 1 ,B = 4 e X = y
1 0 − 2 2 z
143
Unidade III
A) O sistema linear proposto pelo professor é indeterminado, uma vez que det(A) = 0.
C) Mais de 2% da vazão do rio São Francisco serão retirados com a transposição, o que pode provocar
sérios danos ambientais.
E) A matriz linha reduzida à forma escalonada, que é linha equivalente à matriz A, possui uma
coluna nula.
144