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MINISTÉRIO ORDENADO
Critérios de análise e correlações incômodas
* A autor nasceu 1955 em Morbach, na Alemanha, ingressou, em 1974, na Congregação dos Missionários
da Sagrada Família e foi ordenando presbítero em 1981. Chegou, em 1988, ao Brasil e trabalhou até 2001 em vári-
as paróquias e na reserva indígena Xakriabáno,no Norte de Minas Gerais, nas dioceses de Januária e de Janaúba.
No “Instituto Superior do Direito Canônico” da Arquidiocese do Rio de Janeiro, agregado à Pontifícia Universi-
dade Gregoriana, em Roma, concluiu, em 2003, o Mestrado em Direito Canônico. Em 2007, concluiu o doutora-
do em Teologia Sistemática, em Fribourgo, na Alemanha. Atualmente é professor de Direito Canônico, no Insti-
tuto Santo Tomás de Aquino (ISTA), juiz e auditor no Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Belo Horizonte e
capelão das Servas do Santíssimo Sacramento.
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1. Introdução
2. Homossexualidade em “transição”
6. P. METTLER, Die Berufung zum Amt im Konfliktfeld von Eignung und Neigung. Eine Studie aus pasto-
raltheologischer und kanonistischer Perspektive, ob Homosexualität ein objektives Weihehindernis ist [A voca-
ção para o ministério ordenado no campo conflitante de aptidão e inclinação. Um estudo, a partir de uma perspec-
tiva teológica-pastoral e canônica, se o homossexualismo constitui um impedimento objetivo à ordenação],
Frankfurt am Main, 2008.
7. Em termos de princípio e de conteúdo, reitera-se dois documentos publicados antes do Concílio Vatica-
no II. Na carta circular Magna Equidem, de 27 de dezembro de 1955, sobre os escrutínios, a então Sagrada Con-
gregação para a Disciplina dos Sacramentos declarou que candidatos que sofrerem de defeitos sexuais ou psíqui-
cos não podem ser admitidos às ordenações. A carta cita expressamnentepessoas com sentimentos homossexuais
como excluídos da ordenação, em: X. OCHOA, Leges Ecclesiae post Codicem Iuris Canonici editae, t. II, Roma
1969, n. 2542. Mais enfática ainda é uma Instrução da então Sagrada Congregação para os Assuntos dos Religio-
sos, de 2 de fevereiro de 1961: “A admissão aos votos e à ordenação sacerdotal será vedada a todos os que lutam
contra tendências malignas como homossexualismo e pederastia, porque acarretam sérios perigos para a vida co-
tidiana e o ministério sacerdotal”, em: X. OCHOA, Leges Ecclesiae post Codicem Iuris Canonici editae, t. III,
Roma 1972, n. 2962.
8. Cf. H. LACHENMANN, “Ich will alles, und das sofort”: Paradise now! Die “neue Ideologie des Bösen”,
em: Die Tagespost, 08-10-2005, p. 12s, 13.
9. Cf. R.-A.THIEKE, “Der gewollte Kulturbruch – Ideologie und Strategie der Schwulenbewegung”, em:
Idea-Dokumentation 2 “Kirche-Kultur-Homosexualität”, Wetzlar 2003, p. 53ss, 53.
10. Cf. P.E. RONDEAU, “Wie Homosexualität in den USA vermarktet wird”, em: Deutsches Institut für
Jugend und Gesellschaft (ed.), Bulletin Nr. 8, Reichelsheim 2004, p. 3-28, 49-59.
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14. Cf. “Lei da Homofobia” no Brasil implicaria perseguição religiosa”, disponível em:
www.zenit.org/article-14376?=portuguese.
15. Ibid.
16. D. PRAGER, em: G. KUBY, Ausbruch zur Liebe. Für junge Leute die Zukunft wollen, Fe-Medienver-
lag GmbH, Kisslegg 2005, p. 215.
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17. Em carta de 23 de julho de 1992, dirigida aos bispos dos EUA, a Congregação para a Doutrina da Fé
afirma que existem áreas em que não se pode falar de discriminação injusta, quando se leva em conta a orientação
sexual, por exemplo, na adoção ou no direito de guarda de crianças, na contratação de docentes, professores es-
portivos ou no serviço militar. “A ‘orientação sexual’ não representa uma orientação comparável à raça, ao grupo
étnico etc., no que tange à não-discriminação... Incluir a ‘orientação homossexual’ em ponderações segundo as
quais qualquer discriminação é contrária à lei, facilmente poderá levar a que se considere o homossexualismo
como fonte positiva de direitos humanos... Isso é tanto mais nefasto pelo fato de não haver um direito ao homos-
sexualismo, que por isso não pode alegar nenhum fundamento legal para exigências de direito. Esse passo até o
reconhecimento do homossexualismo como elemento determinante, sobre cuja base a discriminação é contrária
à lei, pode levar facilmente, se não até mesmo automaticamente, à proteção legal e à propagação do homossexua-
lismo” (“Kongregation für die Glaubenslehre: Anmerkungen zur rechtlichen Nicht-Diskriminierung Homo-
sexueller”, em: Die Tagespost, 14-08-1992, p. 8).
Para T. Anatrella, o homossexualismo não é “sujeito de direitos, por não possuir valor social” (T. ANATRELLA,
“Omosessualitá e Omophobia”, em: Pontificio Consiglio per la Famiglia (ed.), Lexicon. Termini ambigui e dis-
cussi su famiglia, vita e questioni etiche, Bologna 2003, p. 685-697, 696).
18. LACHENMANN, Paradise, p. 13.
19. Cf. JOÃO PAULO II, Erinnerung und Identität. Gespräche an der Schwelle zwischen den Jahrtausen-
den, Augsburgo 2005, p. 18-27.
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nos”.20 Contudo, não existe, nem na vida pública nem na privada, um di-
reito humano ao homossexualismo, visto que cada direito humano pres-
supõe que seu conteúdo seja algo objetivamente valioso, o que, por di-
versas razões, não coaduna com o homossexualismo. Ele viola, de modo
peculiar, as “esferas dos bens da união, da complementaridade entre ho-
mem e mulher e do horizonte de sentido da procriação, aos quais a se-
xualidade humana está ligada. Em favor de um comportamento avesso à
natureza e contrário ao sentido da sexualidade humana, não se pode rei-
vindicar nenhum direito humano”.21
Na medida em que a Igreja está inserida no mundo e vice-versa, não
surpreende o fato de que essa mudança forçada de mentalidade em rela-
ção à homossexualidade e sua avaliação tenham penetrado as estruturas
eclesiais, produzindo efeitos desastrosos. Não por último, tal mudança
encoraja sacerdotes e candidatos ao ministério ordenado a confessarem
publicamente suas tendências homossexuais, ou seja, a “se assumirem”.
Alarmantes são, contudo, os números desproporcionalmente altos,
em comparação com a população geral,22 de seminaristas, sacerdotes e
religiosos com tendências e também práticas homossexuais, apurados
nos EUA, no mundo de língua alemã e no Brasil. Ainda que seja contro-
versa a quantidade exata, o fato como tal não pode ser negado.
Conforme Richard Sipe, entre 1978 e 1985, os relatos sobre homos-
sexualismo no clero dos EUA aumentaram tão significativamente que
passaram a girar em torno de 38 a 42%. “Entre 1982 e 1985, vários infor-
mantes, dentre os quais nenhum tinha tendência ou era homossexual-
mente ativo, estimaram que, em suas áreas, os homossexuais perfaziam
20. JOÃO PAULO II, Identität, p. 26. Conforme o papa Bento XVI, configura-se uma “ditadura do relati-
vismo, na qual nada é reconhecido como definitivo e que admite como parâmetro último somente o próprio eu e
seus desejos” (“Es entsteht eine Diktatur des Relativismus”), disponível em: www.die-tagespost.com/archiv/ti-
tel_anzeige.asp.?ID=13495.
21. J. SEIFERT, “Familie, Homosexualität und Staat”, em: Mut zur Ethik. Schutz der Familie und der he-
ranwachsenden Jugend. II Kongress Mut zur Ethik vom 23. bis 25. September 1994, Feldkirch (Zurique) 1994,
p. 209-233, 224.
22. A asserção sempre de novo disseminada, segundo a qual 10% teriam sentimentos homossexuais é pura
propaganda, um mito, como a própria C. Paglia – um ícone do movimento gay – admite: “a quota dos dez por
cento, que é prontamente repetida pelos meios de comunicação, era pura propaganda. Como cientista, ignoro que
ativistas do homossexualismo desprezem, tão sem escrúpulos, a verdade. Pessoas que vivem homossexualmente
sabem muito bem que justamente não é gay cada décimo homem com que se encontram” (C. PAGLIA, Vamps e
Tramps, Nova Iorque 1994, p. 74). O estudo EUROGAY-EMNID, de 2001, chega a 1,3% entre os homens e
0,6% entre as mulheres que se consideram pessoalmente como homossexuais. Cf. C. WAGNER et al., Erfassung
von sexueller Orientierung und Prävalenz von Homosexualität und Bisexualität, disponível em: www.crossmar-
keting.de/pdf/abstract2.pdf. Trata-se de um resultado realmente assombroso. Evidentemente, o número de ho-
mossexuais é menor que o sugerido pela “onda gay da moda” (Cf. A. GATTERBURG/A. HAEGELE, “Exoten:
witzig und wohlhabend”, em: Der Spiegel, 26-03-2001, p. 80s).
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35. M.S. ROSE, GoodBye! Good Men! How Catholic Seminaries Turned Away Two Generations of Voca-
tions from the Priesthood, Cincinatti 2002, p. 51.
36. “De acordo com ex-seminaristas e sacerdotes novos, essa subcultura homossexual, em certos seminári-
os, é tão acentuada que essas instituições receberam apelidos como Notre Flame (para o Seminário de Notre
Dame, em Nova Orleães) e Theological Closet (para o Theological College na Universidade Católica da Améri-
ca, em Washington, D.C). O Seminário de St. Mary em Baltimore recebeu a alcunha de “The Pink Palace”
(ROSE, GoodBye, p. 92).
37. R. Wagner, sacerdote e religioso católico dos EUA, ele próprio envolvido existencialmente, escreve em
um estudo: “Há uma rede informal dos sacerdotes gays em praticamente todas as regiões do país. Essa rede foi
utilizada para conquistar os entrevistados para a pesquisa. Um empenho considerável de tempo e energia foi ne-
cessário para compor uma amostragem com a maior amplitude geográfica possível. O começo foi estabelecer
contato em diferentes partes do país com sacerdotes que ocupam posições-chave nas redes. Esses, por sua vez,
exerceram a função de mediadores em sua área” (R. WAGNER, “Schwule katholische Priester in den USA:
Empirische Untersuchung einer Dissonanz zwischen Pflicht und Neigung”, em: R. GINDORF/E.J. HAEBERLE
(eds.), Sexualwissenschaft und Sexualpolitik (Schriftenreihe Sozialwissenschaftliche Sexualforschung 3), Ber-
lim/Nova Iorque 1992, p. 195-250, 203).
38. Cf. R. EINIG, “Die Autorität der Bischöfe steht auf dem Spiel. Amerikanischer Episkopat beginnt Be-
ratungen über sexuellen Missbrauch durch Priester – Die Wurzeln liegen in der Dissenskultur der Kirche”, em:
Die Tagespost, de 11-06-2002, p. 1.
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39. R. EINIG, “Rosa Revolution auf dem Campus. Studie vor dem Papstbesuch in den Vereinigten Staaten:
Die Homosexuellenbewegung hat katholische Hochschulen unte rwandert”, disponível em: www.die-tages-
post.de/archiv/titel_anzeige.asp?ID=39403.
40. Cf. J. BERRY, Lead us not in temptation. Catholic priests and the sexual abuse of children, Chicago
2000, p. 183.
41. O que foi apurado para a Igreja Católica Romana vale, de forma similar, para as Igrejas Anglicanas e
Evangélicas, que assim são confrontadas com um teste de ruptura que pode levar a um cisma (cf. METTLER,
Amt, p. 124-132).
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42. “Seminary Reform Needed in Wake of Sex Abuse Study. Dr. Rick Fitzgibbons Suggests Programs of
Priest, Religious, Seminarians”, disponível em: www.zenit.org/english/visualizza.phtml?sid=52897. Também
dados de centros terapêuticos na Irlanda, bem como as averiguações de Sountdown (Canadá), do St. Luke’s Insti-
tute (Washington) e das John Hopkins Sexual Disorder Clinics (Baltimore) nos EUA, constatam unanimemente
que a maioria dos sacerdotes que abusam de menores prefere como parceiros sexuais jovens rapazes após a pu-
berdade (cf. E. CONWAY, Theologien des Priesteramts und ihr möglicher Einfluss auf sexuellen Kindesmiss-
brauch, em: Concilium 40 (2004) 308-322, nota 9).
43. A. MOSER, Pedofilia: primeiras reações e interpelações, em: REB 62 (2002) 515-547, 520.
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no Monte Sinai. É uma conseqüência que foi tirada, e tinha de ser tirada,
do Primeiro e Sexto Mandamentos, porque sem a proibição da libidina-
gem não é possível que o povo de Deus tenha um ‘comportamento con-
dizente com a aliança’ diante de Deus”.46
Também para Moser, essa negação categórica ao homossexualismo
não remete apenas ao nível moral, mas também diretamente ao teológi-
co: “No início havia o caos, ou seja, não havia diferenciação, mas uma
mistura desordenada de elementos; Deus começa a colocar ordem, jus-
tamente estabelecendo a diferenciação dos elementos: terra, ar, água... A
expressão máxima da diferenciação organizadora e fecunda encontra-se
justamente na diferenciação sexual: Ele os criou homem e mulher. Ora,
o homossexualismo, na compreensão do Levítico, é a expressão de uma
certa volta atrás, da confusão e da esterilidade. Acontece que esquecer a
diferença é também a expressão da idolatria daqueles que esquecem a
condição criatural para se igualarem a Deus, ou então tomam criaturas
como se fossem o Criador. Na compreensão bíblica, o reconhecimento
da diferença sexual descentraliza o sujeito de si mesmo e lhe mostra seus
limites; já o desconhecimento desta diferença ameaça aprisionar a pes-
soa no círculo encantado e mortal de si mesmo”.47
As afirmações e orientações do Antigo Testamento são confirmadas
por Jesus Cristo. Seu silêncio sobre a homossexualidade, muitas vezes
destacado e enfatizado na atual discussão, é, na realidade, um silêncio
muito eloquente, que de forma alguma pode ser interpretado como apro-
vação ou como indício de que a questão é irrelevante para seu pensar,
agir e ensinar.48
Sem se reportar a Gênesis 1-3 e às correlações fundamentais ali ex-
plicitadas, não é possível realizar uma exegese teologicamente coerente
das afirmações do Antigo e Novo Testamentos sobre a homossexualida-
de. O nexo abrangente e a localização no respectivo contexto são deter-
minantes para a formação de juízo dos documentos bíblicos acerca do
tema. São somente eles que fornecem e atribuem significado a cada afir-
49. Com freqüência, se diferencia entre “casca devida à época” e “cerne” da Sagrada Escritura, “válido
para além da época”. “No primeiro caso, trata-se de afirmações da Bíblia que podemos muito bem ‘esquecer’ li-
teralmente. São condicionadas por uma época atrasada em suas opiniões. Dentro delas, porém, encontram-se ou-
tras convicções que possuem um significado supratemporal, eterno, que também continuam válidas conforme o
entendimento de hoje, medidas por critérios atuais, ou seja, que não são condicionadas pela época, mas contem-
porâneas, condizentes com nosso tempo”. Essa distinção casca-cerne, no entanto, pressupõe uma posição su-
pra-histórica. “Quem como sujeito histórico, em vista de documentos do passado, acredita ser capaz de distin-
guir, principalmente no que tange a textos bíblicos, entre condicionado pela época e eternamente válido, está
pressupondo como verdadeiros, corretos e superiores os critérios de seu próprio tempo, raciocinando, assim, fla-
grantemente de forma não-histórica: como se a própria época também não fosse condicionada por seu tempo em
relação às suas opiniões” (H. HEMPELMANN, “Die Autorität der Heiligen Schrift und die Quellen theologis-
cher Grundentscheidungen”, em: Homosexualität und christliche Seelsorge. Dokumentation eines ökumenis-
chen Symposiums, Neukirchen-Vluyn 1995, p. 238-261, 250).
50. L. HOGAN, “Homosexualität im Alten und Neuen Testament”, em: A. LAUN, (ed.), Homosexualität
aus katholischer Sicht, Eichstätt 2001, p. 151-160, 151.
822 P. Mettler
51. W. PANNENBERG, Homosexualität. Massstäbe zur christlichen Urteilsbildung, em: Weisses Kreuz
e. V. (ed.), Sexualethik und Seelsorge, Nº 95/96, 2/3 (1994) 4.
52. LACHENMANN, Paradise, p. 13.
53. Na sétima estação das meditações da via crucis, realizadas pelo arcebispo Comastri e que aconteceram
sob a presidência do Papa Bento XVI, na Sexta-Feira da Paixão de 2006, no Coliseu de Roma, lemos: “Com cer-
teza, o ataque à família constitui um doloroso sofrimento de Deus. Parece que existe hoje uma espécie de antigê-
nesis, um contraprojeto, um orgulho diabólico, que visa eliminar a família. O ser humano pretende reinventar a
família, deseja mudar a gramática da própria vida, concebida e intencionada por Deus. Contudo colocar-se no lu-
gar de Deus, sem ser Deus, é a mais tola arrogância, é a mais perigosa aventura” (Kreuzweg 2006, disponível em:
www.kath.net/detail.php?id=13380).
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54. BENTO XVI, Balanço de 2008, com a Jornada de Sydney como Eixo, disponível em: www.zenit.org/
article-20422?!=portuguese.
55. Ibid.
56. Cf. METTLER, Amt, p. 191-203.
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57. A Igreja se esforçou, num passado recente, em explicar sua atitude perante a homossexualidade e mos-
trar caminhos de uma prática pastoral apropriada. Sinais desse esforço são nada menos que 8 documentos, nos
quais o Magistério se manifestou com autoridade, entre 1975 e 2003, sobre o tema da homossexualidade e aspec-
tos correlatos (cf. Ibid. p. 204-207).
58. Cf. Ibid., p. 32ss.
59. Cf. THIEKE, Kulturbruch, p. 53.
60. Cf. METTLER, Amt, p. 208-224.
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64. G. VAN DEN AARDWEG, The biological base of Homosexuality: not solid evidence, much mislea-
ding speculation, em: Narth-Bulletin 2004. Contra o perigo de mesclar ativismo gay e ciência, bem como contra
as consequências, adverte enfaticamente a já citada ativista homossexual, C. Paglia: “Devíamos estar conscien-
tes da possível mistura nociva de ativismo gay e ciência, que produz mais propaganda que verdade. Cientistas ho-
mossexuais precisam ser primordialmente cientistas, homossexuais somente em segundo lugar” (PAGLIA,
Vamps, p. 78).
65. U. EIBACH, Gleichgeschlechtliche Liebe – Gleichwertigkeit der Lebensformen der Geschlechter?,
em: Pastoraltheologie, Monatsschrift für Wissenschaft und Praxis in Kirche und Gesellschaft 87 (1998)
155-167, 157.
66. Cf. METTLER, Amt, p. 224-243.
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67. Cf. H. SCHULTZ-HENKE, Über Homosexualität, em: Zeitschrift für die gesamte Neurologie und
Psychiatrie 140 (1932) 300-312, 300.
68. Cf. METTLER, Amt, p. 244-267.
69. Cf. G. VAN DEN AARDWEG, Das Drama des gewöhnlichen Homosexuellen. Analyse und Therapie,
Neukirchen, Stuttgart 1993, p. 156, Tabela 1; J. NICOLOSI/L.A. NICOLOSI, A Parent’s Guide to Preventing
Homosexuality, Downers Grove 2002, p. 33s.
70. Cf. S. FISHER/R.P. GREENBERG, Freud Scientifically Reapraised: Testing the Theories and The-
rapy, Nova Iorque 1996.
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71. Cf. B. RITTER, Eine andere Art zu lieben? Zum Thema Kirche und Homosexualität. Seelsorgliche
Aspekte, Giessen/Basiléia 1993, p. 50.
72. Cf. AARDWEG, Drama, p. 111ss.
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78. T.E. SCHMIDT, “Der Preis der Liebe”, em: R. HILLIARD/W. GASSER, Homosexualität verstehen 2.
Medizinische, verhaltensgenetische und theologische Aspekte, Zurique 1998, p. 4-23, 7.
79. Cf. R.A. ISAY, Schwul sein, Munique 1990, p. 97ss.
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80. Quando comparamos essas características de personalidade e formas de comportamento com aqueles
presbíteros e religiosos homossexuais que trabalham no Brasil, identificados por G. Nasini à base de questioná-
rios, diálogos e observações pessoais, não há como deixar de notar convergências nos pontos essenciais. Logo,
não se trata, de forma alguma, de observações isoladas, impossíveis de generalizar, mas de concretizações confir-
madoras. Nasini cita, inicialmente, um sacerdote psicólogo do sul do Brasil, que descreve sacerdotes de tendênci-
as homossexuais em pleno exercício do ministério da seguinte maneira: “Usualmente, esses ministros (sacerdo-
tes-religiosos ativos no ministério) são descritos por seus colegas como inteligentes, de muita capacidade criativa
e realizadora. Conquistam facilmente as pessoas em geral. Sabem envolver os que estão à sua volta, pois geral-
mente são simpáticos e prestativos. Mas, por outro lado, agem furtivamente, sempre por baixo dos panos, deixan-
do transparecer insatisfações internas, frustrações afetivas e descontroles psico-emocionais. Buscam preencher
freneticamente os vazios através desse comportamento sexual. Eles parecem ser pessoas espiritualistas e reflexi-
vas, efeminados nos seus gestos e com tendência à passividade, aceitam as coisas como elas se apresentam. São
pessoas muito informadas e com muitas influências. Gostam de bajular os poderosos, de disfarçar e fingir. Na vi-
são de um padre que respondeu à pesquisa, a homossexualidade entre o clero constitui um comportamento mar-
cado pela violência, preguiça e farisaísmo. Tal comportamento é escandaloso e toda a comunidade é a primeira a
saber: Lamentavelmente, essa coisa não é só de padres, mas também de bispos. O relacionamento com determi-
nadas pessoas que são subalternas é demasiadamente intenso e frequente. Pessoa desconfiada, o ministro homos-
sexual mede as palavras e passa medo e desconfiança. Autoritário e centralizador, é apegado ao dinheiro para be-
neficiar seus familiares. Se ativo em sua orientação sexual, o ministro não é bem-aceito onde trabalha. Pode tor-
nar-se dependente de álcool e passar facilmente da euforia à tristeza e depressão. Faz-se vítima, pode causar divi-
sões, negar a realidade dos fatos e esconder seus problemas. Isolado, pode viver na superficialidade e ser agressi-
vo com os colegas. Movido mais pelo impulso que pela razão, alguns ministros continuam em seus relaciona-
mentos homossexuais até morrerem de Aids sob o olhar de seus bispos. Há um crescente corporativismo entre
clérigos homossexuais, caracterizado por carreirismo eclesial e busca de poder econômico: paróquias ricas” (G.
NASINI, Um espinho na carne. Má conduta e abuso sexual por parte de clérigos da Igreja Católica do Brasil,
Aparecida 2001, p. 115s).
81. J. NICOLOSI, “Homosexualität und Veränderung – wie ist das zu verstehen?”, em: Deutsches Institut
für Jugend und Gesellschaft (ed.), Bulletin 5. Sonderheft Männliche Homosexualität, Reichelsheim 2005, p.
19-24, 20.
82. J. SATINOVER, “Is Homosexuality Desirable? Brute Facts”, em: C. VONHOLDT (ed.), Striving for
Gender Identity, Reichelsheim 1996, p. 168-188, 181.
832 P. Mettler
86. R.L. SPITZER, Can some Gay Men and Lesbians change their sexual Orientation? 200 Participants
Reporting a Change from Homosexual to Heterosexual Orientation, em: Archives of Sexual Behavior 32 (2003)
403-417.
87. SPITZER, Change, p. 413.
834 P. Mettler
90. J. SAN JOSÉ PRISCO, La homosexualidad: criterios para el discernimiento vocacional, em: Seminari-
os 166 (2002) 529-551, 546.
91. Cf. H. WINDISCH, “Priesteramt und Homosexualität”, em: Die Tagespost, de 30-09-2004, p. 5.
836 P. Mettler
92. B. KIELY, Candidates with difficulties in celibacy: discernment, admission, formation, em: Seminari-
um 23 (1993) 107-118.
93. Cf. H. WINDISCH, “Nicht herstellen, sondern darstellen. Die sakramentale Indienstnahme befähigt
den Amtsträger, ‘in persona Christi’ zu handeln, damit die Kirche leben kann, was sie nicht aus sich selbst zu le-
ben vermag”, em: Die Tagespost, de 25-02-2006.
94. De acordo com T. Anatrella, pessoas com tendências homossexuais sofrem de uma “desconectividade
estrutural” na posição frente à sua sexualidade (cf. T. ANATRELLA, “Kirche kann unvollständige Sicht der Se-
xualität nicht akzeptieren”), disponível em: www.kath.net/detail.php??id=12234.
Homossexualidade e ministério ordenado 837
100. H. KÜNG, “Zölibat setzt heterosexuell orientierte Persönlichkeit voraus”, disponível em:
www.kath.net/detail.phpid=12165.
101. ANATRELLA, Reflections.
102. Em sua carta, que acompanha a Instrução, o Cardeal Grocholewski apela aos bispos para que as pres-
crições ali apresentadas sejam “cuidadosamente cumpridas” por todos os envolvidos na formação de sacerdotes.
Cumpre, portanto, atualizar as respectivas diretrizes dos seminários e adaptá-las à Instrução.
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6. Sugestões e perspectivas
103. Cf. H. WINDISCH, “Homo-Seilschaften? Bis in höchste Kirchenkreise!”, em: Die Tagespost,
02-08-2003, p. 1.
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