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O DÍ

DÍZIMO
ZIMO
INTRODUÇÃO

Este estudo tem por finalida


finalidade
de verificar o que realmente a Bíblia
B fala a respeito
deste assunto que sempre causa discussão, tanto entre evangélic
evangélicos como não
evangélicos. Tenho visto algumas explicações sobre o assunto, mas com muita
sinceridade,
ceridade, percebo que as pessoas querem defender seus próprios interesses
ou ensinando com a final finalidade
idade de agradar a homens. Vamos ver o que
realmente a Bíblia
íblia fala sobre, alias,, não somente sobre dízimo,
dí mas sobre
contribuições financeiras em geral.

Antes de prosseguirmos quero deixar bem claro que se alguém espera


encontrar nesse estudo apoio para não contribuir, está enganado. A avareza é
como pecado de idolatria.

“Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a


impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é
idolatria”.
Cl 3.5

Dizimar?

A priori a palavra “dizimar


dizimar” significa:
a: destruir parte do numero de;
de destruir
quase que completamente; (de acordo com o dicionário Aurélio)
Aurélio). Então se você
vai contribuir
uir com dez por cento, não use a palavra dizimar.

I. O DIZIMO É ANTES DA LEI: O primeiro argumentos dos defensores do


dízimo,
zimo, é que ele tem sua origem anterior à lei de Moisés e por isso
estaríamos sujeitos a ele. Vamos analisar. Há apenas duas citações sobre
dízimo na Bíblia
íblia anterior à lei, que são:
1º) Gênesis 14.20: “E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus
inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.”

2º) Gênesis 28.20-22: “E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me
guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir;
E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus; E esta pedra
que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres,
certamente te darei o dízimo”.

As perguntas que não querem calar são: O dízimo citado nestes casos se
enquadra aos dízimos que estão sendo exigidos hoje em dia? Estes dois
patriarcas seriam chamados de “dizimistas fieis” hoje em dia?

Vamos analisar:

1º) No primeiro caso, vemos Abrão dando o dízimo de tudo o que tinha
conquistado naquela batalha (despojos) à Melquesedeque; mas NÃO HÁ
NENHUM registro bíblico onde Abrão tenha dado o dízimo de seus próprios
bens antes disso, e olha que a bíblia é enfática em dizer que ele era muito rico
em gado, em prata e em ouro. (Gn 13.2). Também NÃO HÁ NENHUM registro
bíblico que ele tenha ido se encontrar outras vezes com Melquesedeque para
lhe dar o dízimo novamente, muito menos há registro que isso tenha se tornado
uma prática comum entre os patriarcas. Não há registro de Isaque, por
exemplo, praticando o dízimo. Logo, de acordo com os conceitos hodiernos
Abrão não pode ser chamado de “dizimista fiel”. Outra coisa interessante é que
Abrão não deu o dízimo a fim de ser abençoado, ele já tinha sido abençoado e
como ato de gratidão entregou voluntariamente o dízimo à Melquesedeque.
Ninguém pediu ou mandou que ele o fizesse. Hoje se usa “horas” do culto para
o pedirem (usando inclusive vários argumentos aterrorizantes, como: “Se você
não é dizimista fiel, Deus não pode te abençoar”, “você está roubando a Deus”,
“se você não der o dízimo na igreja, vai dar na farmácia”).

2º) No segundo caso vemos que a motivação para dar o dizimo é outra: Jacó
está fugindo de seu irmão e parando numa cidade chamada Luz, teve um sonho
onde o SENHOR falara que iria abençoa-lo; Então Jacó faz um VOTO de dar o
dízimo, caso ele voltasse pra casa em segurança. Com certeza não é esse o tipo
de dízimo que querem cobrar atualmente. Neste texto vemos que era um VOTO
onde Jacó estava se comprometendo a cumprir muito tempo depois (mais de
quatorze anos com certeza) e não mensalmente. (VOTO = veja Ec 5.4 - 5)

Nesse ponto concluo que dizer que o dízimo é anterior a lei e por isso devemos
fazê-lo, é um sofisma sem base bíblica. Outro ponto que se deve ser levado em
conta é que, assim como o dízimo, a circuncisão também é anterior a lei (Gn
17.12). Seria por isso também uma ordenança pra nós? E o que dizer dos
sacrifícios de animais que está totalmente ligado ao dízimo anterior a lei (Dt
12:11). Não teriam que ser feitos hoje em dia também?

II. O QUE ERA VOLUNTARIO, PASSOU A SER LEI: Ao libertar Israel do Egito e
os conduzir para a terra prometida, Deus tomou a providência de entregar
leis ao povo por intermédio de Moises, dentre essas leis estava a lei de
consagrar o dízimo dos frutos da terra bem como dos animais ao SENHOR.
Logo aquilo que era voluntário passou a ser obrigatório por ordenança do
próprio Deus. O Senhor estava assim provendo o sustendo para a tribo de
Levi que ao entrarem em Canaã não teriam herança de terra para plantar
e colher. (Nm 18.17-21)

Havia ainda uma festa anual, onde todos comeriam dos dízimos, lembrando
que os dízimos eram sempre em mantimentos (não em dinheiro como hoje,
mesmo havendo dinheiro naquela época) e ainda assim se lugar escolhido
para essa festa fosse muito longe para se levar tais alimentos, eles poderiam
vendê-lo e depois comprá-lo novamente no local escolhido para tal festa (Dt
14:22-29) sem contudo se esquecerem dos levitas que também teriam a
obrigação de entregar o dízimo dos dízimos;

Uma parte desse dízimo que era levada ao sumo sacerdote como oferta de
holocausto, era queimada e seu incenso subia a Deus (Lv 3:3,5,16). Outra
parte era comida pelo próprio ofertante e sua família numa grande festa,
onde de tempos em tempos se incluíam as viúvas, os órfãos e os
estrangeiros. Essa lei era uma “lei do amor”, pois era através dela que era
promovida uma comunhão tanto dentro da própria família, como com os
estrangeiros e o próprio Deus participando dessa comunhão. Isso tudo
apontava para o sacrifício perfeito do nosso Senhor Jesus Cristo (veja 1
Cor.10:16-18)

Quando o povo pede para Samuel que tenham sobre si um rei como as
demais nações (rejeitando a teocracia) ele profetiza para o povo o que iria
acontecer; e uma das coisas que ele avisou que aconteceria era que esse rei
retiraria o dízimo do povo para dar aos seus oficiais. Desde então começaram
a surgir reis que além de rechaçar o povo com seus impostos os levava a
outras práticas que desagradava a Deus e assim o povo deixava de cumprir a
lei de Deus (incluindo o dízimo), quando se levantava um rei que temia ao
SENHOR o povo se alegrava e traziam os dízimos novamente.

CONTEXTUALIZANDO MALAQUIAS 3:10

Malaquias 3:10: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja
mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor
dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre
vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a
recolherdes.”(versão ACF)

Os sacerdotes estavam roubando o que era trazido, estavam defraudando os


assalariados, as viúvas, os órfãos e os estrangeiros (v.5); e com isso o povo
também deixou de trazer os dízimos e as ofertas, por isso Deus diz: “Trazei
todos os dízimos... PARA QUE HAJA mantimento...”; Deus estava irado com
eles porque eles haviam desviado os seus estatutos (v.7), mas o convite é
“voltem para mim e eu voltarei para vós.” E se querem ter certeza disso,
“Fazei prova, tragam de volta os mantimentos e vocês verão que abrirei as
janelas dos céus.”

CASA DO TESOURO: Foi no reinado de Ezequias que ocorreu um caso


emblemático de um bom rei, esse caso está registrado em I Cr 28 a 31, onde
o povo vendo a retidão do rei Ezequias, trouxeram tantas ofertas, que eles
festejaram por dias e dias e ainda o povo trazia mais ofertas, dízimos e
presentes de forma que era suprida as necessidades dos levitas e ainda
sobejava os montões. Então o rei Ezequias mandou que se fizessem câmaras
na casa do SENHOR onde foram recolhidos fielmente as ofertas, os dízimos e
os presentes; e foram designados pessoas responsáveis para fazer uma
distribuição com toda fidelidade TANTO À GRANDES COMO À PEQUENOS
(veja I Cro 31:15).

No ano 516 a.C, com o encorajamento dos profetas Ageu e Zacarias, o


primeiro grupo de judeus a retornar do cativeiro concluíram a reconstrução
do templo, e sob a liderança de Esdras e Neemias, retomaram as
arrecadações tanto de dízimos, quanto de ofertas alçadas com uma rigorosa
recomendação de ser feita uma DISTRIBUIÇÃO JUSTA (Ne 12:44 e 13:5). Mas
esse “avivamento” durou pouco tempo, e eles começaram a cair no
formalismo religioso a ponto do povo duvidar da bondade de Deus. Os
sacerdotes negligenciavam as regras para se oferecer sacrifícios ao SENHOR a
ponto de trocarem os animais trazidos para os sacrifícios por animais
defeituosos (Ml 1). Deus então usa o profeta Malaquias para repreender tais
sacerdotes (Ml 2). No capitulo Três, Deus repreende os sacerdotes que (esses
sim) roubavam ao SENHOR, alertando-os sobre a vinda dAquele que traz o
sabão do lavandeiro (v.2) e também ao povo que ao virem os desatinos dos
seus lideres, deixavam de cumprir a lei, deixando de trazer os dízimos para a
Casa do Tesouro, de onde era tirado o sustento para os levitas.

DIZIMO É DA LEI OU DA GRAÇA?

O próprio Senhor Jesus disse que o dízimo faz parte da lei (Mt 23.23). A
origem do dízimo (embora seja diferente dos de hoje) é anterior à lei, mas foi
incorporado a ela passando, portanto a fazer parte dela, assim como os
sacrifícios de animais e a circuncisão;

Exemplo: Aqui no Brasil todos os carros têm cinto como item de segurança,
mas seu uso era facultativo, porém, a partir de 1997 o uso do cinto de
segurança foi incorporado à lei. Logo, passou a ser uma obrigação). O escritor
aos Hebreus além de dizer que o dízimo faz parte da lei, diz que nós não
estamos debaixo dessa Aliança e sim da Aliança da graça (Hb 7:5,11-22).
HÁ ALGUM TEXTO ORDENANDO DAR O DÍZIMO NO N.T?

Não há um único texto no Novo Testamento, ordenando, pedindo ou dizendo


que se deve dar o dízimo.

Afirmar que: “não se falava porque era uma prática comum”, carece de
provas textuais. Além disso vemos que no tempo dos apóstolos o evangelho
se expandiu por outras cidades e nações de forma que alguns ensinamentos
de Cristo precisavam ser transmitidos através de cartas, mas não há uma
única carta ensinando a pratica do dízimo. Será que esse ensino “tão
importante” não teria que ser ensinado à novas igrejas que surgiam anos
depois e em lugares tão distante de Jerusalém? Veja o que disse o apostolo
Paulo: Atos 20:27: “Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de
Deus”.

Alguns insistem em dizer que Jesus tenha defendido o dízimo em Mt 23:23.


Vamos analisar o texto:

Mateus 23:23: ”Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a
hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo,
a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir
aquelas.” Antes de entrar nesse texto precisamos ter em mente que Jesus
nasceu sob a lei (Gl 4:4), foi circuncidado conforme a lei (Lc 2:21), Viveu pra
cumprir a Lei (Mt 5:17). A final a lei e os profetas duraram até João (Lc 16:16).

Voltando ao texto, veja que Jesus está repreendendo os escribas e fariseus


(há nesse texto mais de sete vezes a palavra “ai”) o texto não é direcionado
para os discípulos; os escribas haviam aumentado a lista dos itens dos quais
se exigia a lei, de modo a incluir as ervas mais insignificantes, por isso Jesus
diz “ai de vós fariseus hipócritas...” Eles tinham o hábito de mudar a lei de
Deus em função de suas tradições (Mt 15:2) invalidando assim o real objetivo
da lei de Deus, por isso Jesus disse “desprezam o mais importante da lei...”.

Jesus deixa muito claro o que é mais importante da lei: “A justiça, a


misericórdia e a fé”, então Jesus prossegue dizendo que eles (os fariseus) que
estavam sujeitos a lei, “deveriam fazer essas coisas sem omitir aquelas”.
Como disse anteriormente, Jesus viveu sob a lei, por isso mandava que as
pessoas cumprissem a lei, veja outros exemplos quando Jesus cura alguns
leprosos e lhes manda que se apresentem ao sacerdote para oferecer o
sacrifício que a lei ordenava (Mt 8:4 e Lc17:14). Será que teríamos que fazer o
mesmo hoje? Obviamente NÃO, pois como diz em Hb 9:11-16 Cristo é
mediador de um Novo Testamento que começa a vigorar a partir da sua
morte.

DEVEMOS DEIXAR DE CONTRIBUIR?

Como disse no começo, esse estudo tem como objetivo esclarecer com base
bíblica o assunto, mas não deve servir de “muleta” pra justificar a avareza,
que a bíblia diz ser como o pecado de idolatria (CL 3.5). Então segue uma
reflexão sobre contribuições.

Primeiro julgo ser apropriado aqui definir IGREJA como sendo nós os cristãos
que fazemos parte do corpo de Cristo (Mt 16:18; At 8:3). Nunca um indivíduo
sozinho ou um prédio de tijolos.

A aliança de Deus com a igreja não envolve riqueza material (isso não quer
dizer que você não possa conquistar bens como resultado de seu trabalho e
também com a benção de Deus), mas precisamos entender que o Senhor nos
coloca como mordomo em sua casa (Mt 24:45) o apóstolo Pedro diz que
somos despenseiros da multiforme graça de Deus (1 Pd 1:10). Logo devemos
administrar tudo o que Deus nos confiou de modo que glorifique o nome do
SENHOR.

Uma coisa que pra mim fica muito clara no Novo Testamento é a forma
equivocada como as pessoas enxergavam a lei dada por Deus, gerando assim
nas pessoas uma má interpretação da vontade de Deus tanto para Israel
quanto pra toda humanidade; Veja Lc 10:25 onde Jesus pergunta a um
doutor da lei, “...como você a lê?”

Então, não sou contra contribuição, mas penso que devemos interpretar
melhor o que o Senhor quis dizer na sua Palavra.
E A LEI DA SEMEADURA?

O texto de 2 Co 9.6-8 é chamado por muitos de “a lei da semeadura”, onde


tentam provar que se você der o dízimo, Deus não vai deixar faltar nada pra
você.

Em nenhum momento o texto fala sobre dízimos; Eu acho mais apropriado


chamar de “lei da caridade”, sim, mais uma vez o propósito ali era o socorro
ao necessitado. Analisando o contexto vemos que ali estavam se
arrecadando uma ajuda aos necessitados, a idéia no v.6 não é: “dê um pra
que você ganhe dois”, mas é se você está disposto a distribuir o que Deus te
dá, “Ele não vai deixar faltar o que você vai distribuir”. Paulo deixa isso claro,
compare os vs. 10 e 11 com 8 e 9. Deus não deixara faltar semente aos que
pensam em colher e distribuir, assim, Seu nome vai ser glorificado através
dessa obra de amor de nossa parte. Eu entendo perfeitamente que ao se
reunir como igreja tenhamos alguns custos e que esses custos devem ser de
responsabilidade de todos, mas o que não entendo é priorizar prédios de
tijolos em detrimento de pessoas que necessitem tanto de um socorro.

CONCLUSÃO
Este estudo não tem a pretensão de encerrar o assunto, mas espero ter
contribuído para sua reflexão sobre contribuições financeiras dentro das
comunidades evangélicas Se você percebe que essa arrecadação está sendo
distribuída de forma transparente e que glorifique o nome do SENHOR, não o
desencorajo a deixar de contribuir, mas não faça isso esperando algo em troca,
faça com amor à Deus e ao próximo.

Autor: Derli Figueiredo

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