Você está na página 1de 29

Título

O AMOR INCONDICIONAL, ALTRUÍSMO E EGOÍSMO EM UNIVERSITÁRIOS


DE CIÊNCIAS HUMANAS DE CURITIBA.

Resumo

O artigo objetiva analisar o tipo de amor incondicional definido por John Alan Lee com as
pessoas que agem para o bem dos outros e as pessoas que agem em prol de si próprios. Os
dados foram coletados em 200 questionários tipo Likert, (100 homens e 100 mulheres,
universitários de ciências humanas, de Curitiba, com idades entre 20 e 35 anos, com
relacionamento estável de um a três anos). O questionário foi composto por 24 perguntas
elaboradas por Lee para definir o tipo de amor e 24 criadas pelo grupo especialmente para
medir o comportamento egoístico. As respostas foram tratadas estatisticamente através do
cálculo de correlação de Pearson no programa SPSS. Os dados afirmam que aqueles que
praticam o amor incondicional, ou ágape segundo Lee, são os mesmos que agem para o
bem dos outros acreditando positivamente que receberão algo em troca. Em contrapartida
as pessoas que agem em prol de si mesmas e sempre esperam retorno em curto prazo para
suas atitudes não se correlacionaram com nenhum dos seis tipos de amor de Lee, como se
elas não amassem. Conclui-se, ser necessário ao ser humano mostrar-se solícito e
amigável, o que o senso comum denomina de “boa praça”, “gente boa”, por que ninguém
quer perto de si alguém que não tenha essas qualidades. O indivíduo que se aproxima do
outro e é percebido como querendo tirar vantagem, “dar-se bem”, é rechaçado.

Palavras-chaves: Altruísmo, amor, egoísmo


Título:
O AMOR INCONDICIONAL, ALTRUÍSMO E EGOÍSMO EM UNIVERSITÁRIOS
DE CIÊNCIAS HUMANAS DE CURITIBA.

Autores:
Renato Moretto Maccarini
Ricardo Hauer

Orientador:
Prof. Mestre Carlos Nicolau Piffero Steibel

Banca de examinadores:
Prof. Luiz Henrique Ramos
Prof. Marcos Cesar Marins
3

1. INTRODUÇÃO
Todo indivíduo, frequentemente, se comporta de modo egoísta, em maior ou
menor grau, consciente ou não, e procura de diversas maneiras alcançar seus objetivos a
curto ou longo prazo, de forma polida ou ríspida. Ele pode, com o decorrer do tempo,
ajustar-se às necessidades e características do meio, porém sem esquecer-se do objetivo
final planejado anteriormente.
Verifica-se que em todos os relacionamentos esse comportamento egoístico
existe, no entanto, não se pretende entrar no mérito da positividade ou negatividade do
mesmo.
Buscou-se então com a pesquisa realizada, perceber, quantificar e qualificar a
relação existente entre as formas de amar de Lee (1988) com o grau e os tipos de
comportamentos egoísticos entre os sexos.
Aceita-se, portanto, os comportamentos egoísticos como um fato natural na
convivência dos casais, sendo sua existência calcada, simplesmente, na necessidade
individual de sobrevivência pessoal ou da própria dupla amorosa. Entende-se que a
necessidade deste comportamento egoístico surgiu há muitos milênios, na luta pela
sobrevivência dos humanos primevos, sem o qual, provavelmente, não existiria o ser
humano em todas as suas características e complexidades.
Sobre a teoria de “Formas de Amar” de Lee (1988) – (antropólogo, canadense e
grande estudioso sobre o amor) – entendemos as diferenças individuais na forma de amar e
de se apaixonar. Lee comparou na sua teoria os mecanismos da nossa visão de cores com
os mecanismos da nossa capacidade de amar.
“Os olhos só possuem receptores para três cores: o amarelo, o azul e o vermelho.
São chamadas cores primárias. No entanto, somos capazes de perceber mais de 8 milhões
de variações de cores.” (p. 24)
Lee (1988) fez um comparativo com as cores primárias e apontou três estilos
primários do amor. Combinando diferentemente esses três estilos, em diferentes
intensidades, resultará em um número imenso de variedades de Estilos de Amor. Dando
uma característica única a cada pessoa com sua forma de amar. “E o que diferencia esses
estilos é a importância que as pessoas dão para cada um desses fatores que lhes agradam”.
(p. 28)
Assim como as pessoas não conseguem nomear com diversos nomes as cores que
vêem, no caso do amor também não. Mesmo que haja diversas formas de amar, os rótulos
4

são limitados. Em sua teoria, Lee (1988) criou seis formas de amar. As principais
características deles, resumidamente, são: (p. 25 – 27)
• Eros: Sente atração imediata pelo parceiro. Essa atração é causada
principalmente pela aparência física (em geral o erótico sabe descrever qual o
tipo físico que o atrai). Pode haver o amor à primeira vista. Não é muito
possessivo. Não teme se entregar ao amor, mas também não está ansioso para
amar. Afirmação típica de quem tem esse estilo de amor: “O nosso
relacionamento sexual é muito intenso e satisfatório”.
• Estorge: Amor que nasce de uma amizade e demora longo tempo para se
desenvolver. Esse tipo de amor é baseado em interesses compartilhados e nas
semelhanças entre os parceiros. As atividades em conjunto são importantes. O
contato sexual é menos enfatizado e começa relativamente mais tarde. Esse
estilo de amor não se caracteriza pela presença de uma grande paixão.
Afirmação típica de quem tem este estilo de amor: “O melhor tipo de amor é
aquele que se desenvolve com base numa longa amizade”.
• Ludos: O amor é encarado como um jogo que acontece simultaneamente com
diferentes parceiros. As emoções não são levadas muito a sério. A ênfase recai
na sedução e na idéia de liberdade sexual. As promessas são válidas apenas no
momento em que são apresentadas, e não no futuro. Afirmação típica de quem
tem esse tipo de amor: “Eu gosto de jogar o jogo do amor com diferentes
parceiros simultaneamente”.
• Mania (composto de Eros e Ludos): O amor é experimentado como uma
emoção quase obsessiva e preocupante que domina praticamente tudo. O
amante que se enquadra nesse estilo se esforça para atrair, quase
continuamente, a atenção do parceiro. Há ciúme e muita possessividade.
Afirmação típica de quem tem esse estilo de amor: “Quando meu amor não
me dá atenção eu me sinto completamente doente”.
• Pragma (composto de Ludos e Estorge): A compatibilidade dos parceiros e
suas necessidades mútuas de satisfação são enfatizadas nesse estilo de amor.
Esse estilo às vezes é chamado shopping list love porque estas pessoas
examinam os pretendentes para ver se atendem a uma série de expectativas
antes de se envolver com eles. Afirmação típica de quem tem esse estilo de
5

amor: “Eu tento planejar a minha vida cuidadosamente antes de escolher um


amor”.
• Ágape (composto de Estorge e Eros): Os cuidados com o parceiro e a
preocupação em auxiliá-lo a resolver seus problemas são centrais nesse estilo
de amor. É considerado que existe ausência de egoísmo nesse tipo de amor.
Afirmação típica de quem tem esse estilo de amor: “Eu prefiro sofrer a fazer o
meu amor sofrer”.
Utilizando-se da idéia de Lee (1988), igualmente, definiu-se então 3 tipos de
egoísmo primário e das suas combinações surgiram outros 3 tipos secundários. Neste
trabalho, limitou-se a somente estes dois:
• Ego Quidem: É consciente e visa o retorno a curto prazo, toma atitudes que
lhe dêem retorno certo ou com grande probabilidade de tirar vantagem e, caso
essa não ocorra ou seja mínima, dá-se ao fato de agir precipitadamente. O fato
de “perder” é aceito embora não sendo de seu agrado. É infantilmente
egocentrista. Afirmação típica de quem tem este estilo: “Não posso perder de
jeito nenhum, mas...”.
• Optimas: Consciente ou inconscientemente toma atitudes que possam ou não
lhe dar um retorno, porém acreditando que esse venha não se preocupando
muito com a demora do mesmo. Age sempre com o intuito de ganhar, porém
assume a perda de forma não reativa, no “balanço” entre ganhos e perdas ele
precisa estar com “saldo positivo”. Afirmação típica de quem tem este estilo:
“Tomara que dê certo...”.
Escolheram-se pessoas com relacionamentos não superiores há 3 anos porque
pesquisas demonstram existir, durante este período, o que chamamos de amor,
posteriormente a amizade e hábito de convivência sobrepujam a maioria dos
relacionamentos. (BUSS, 2000).
Estabeleceu-se a faixa etária de 20 a 35 por ser a mais provável de que tais
relacionamentos estejam ocorrendo. Foram selecionados 200 indivíduos – 100 homens e
100 mulheres – entre os universitários das faculdades de ciências humanas da Cidade de
Curitiba.
Os dados foram coletados por um questionário tipo Likert e correlacionados pelo
método de Pearson no programa SPSS.
6

2. OBJETIVO
Buscou-se analisar a relação existente entre o amor incondicional, o qual
utilizando-se da terminologia de Lee (1988) nominou-se de ágape - com as pessoas que
agem para o bem dos outros acreditando positivamente que receberão algo em troca –
definidas como optimas - e as pessoas que agem em prol de si mesmas com a aparente falta
de amor por seu parceiro – designadas de ego quidem.

3. METODOLOGIA
O presente baseou-se na pesquisa “ESTUDO SOBRE COMPORTAMENTOS
EGOÍSTICOS NAS DIFERENTES FORMAS DE AMAR ENTRE ADULTOS JOVENS
UNIVERSITÁRIOS NA CIDADE DE CURITIBA: NOSSO AMOR EGOÍSTA” realizada
durante o ano de 2006 pelos próprios autores, onde foi aplicado um questionário em 200
indivíduos de ambos os gêneros (100 mulheres e 100 homens) na faixa etária de 20 a 35
anos de idade, nas faculdades de ciências humanas de classes média e alta da cidade de
Curitiba, que mantinham um relacionamento estável a mais de um ano e menos de três
anos ininterruptos. O questionário direcionado – tipo Likert – era dividido em duas partes –
sendo 24 perguntas já definidas por Lee (1988) e 24 criadas pela equipe especificamente
para medir o comportamento egoístico.
Os entrevistados eram identificados apenas por idade, gênero, quantidade de
filhos, moradia, curso universitário e tempo de relacionamento.
Os dados foram tratados estatisticamente através do cálculo de correlação de
Pearson no programa SPSS conforme o entendimento e a concordância entre as formas de
amar e o comportamento egoístico.

4. RESULTADOS
Os resultados obtidos através do tratamento estatístico de Pearsons mostra que as
pessoas que apresentam comportamento egoístico tipo ego quidem, não se correlacionaram
com nenhum dos seis tipos de amor definidos por Lee (1988).
7

Ego Quidem

Estorge 0,089
-0,121

0,090
Ludos 0,120

Eros 0,684
0,029
Significância

0,830 Correlação
Ágape -0,015

0,774
Pragma 0,020

0,275
Mania
0,078

-0,200 0,000 0,200 0,400 0,600 0,800 1,000

GRÁFICO 1: CORRELAÇÃO ENTRE O COMPORTAMENTO EGOÍSTICO EGO QUIDEM


E OS SEIS TIPOS DE AMOR DEFINIDOS POR JOHN ALAN LEE (1988) - 2007

Para o tipo de amor ágape e as pessoas com comportamento egoístico


optimas, o método de Pearsons apresentou altos graus de correlação e significância,
bem como algumas diferenças de correlação entre os gêneros, faixas etárias e tipos
de relacionamento.
Ágape X Optimas
(sig. 0,000)

Feminino 0,384

Masculino 0,508

Geral 0,528

0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600

GRÁFICO 2: CORRELAÇÃO GERAL E DISCRIMINADA POR GÊNERO, ENTRE O TIPO


DE AMOR ÁGAPE E O COMPORTAMENTO EGOÍSTICO OPTIMAS. (SIG. 0,000) - 2007

Ágape X Optimas
(sig. 0,000)

Casado 0,543

Noivado 0,468

Namoro 0,535

Geral 0,528

0,420 0,440 0,460 0,480 0,500 0,520 0,540 0,560

GRÁFICO 3: CORRELAÇÃO GERAL E DISCRIMINADA POR TIPO DE


RELACIONAMENTO, ENTRE O TIPO DE AMOR ÁGAPE E O COMPORTAMENTO
EGOÍSTICO OPTIMAS. (SIG. 0,000) - 2007
8

Ágape X Optimas
(sig. 0,000)

31-35 0,550

25-30 0,539

20-24 0,505

Geral 0,528

0,480 0,490 0,500 0,510 0,520 0,530 0,540 0,550 0,560

GRÁFICO 4: CORRELAÇÃO GERAL E DISCRIMINADA POR FAIXA ETÁRIA, ENTRE O


TIPO DE AMOR ÁGAPE E O COMPORTAMENTO EGOÍSTICO OPTIMAS. (SIG. 0,000) -
2007

5. DISCUSSÃO
Nos primórdios dos tempos os ancestrais humanóides desceram das árvores,
provavelmente pela mudança climática que rarefez as florestas, transformando-as em
savanas, obrigando-os a serem bípedes para poder enxergar mais longe com o objetivo de
caça e defesa. Era necessário correr pelos campos de um grupo de árvores para outro;
surgindo então, a necessidade de se comunicar de forma mais complexa com os membros
da mesma tribo. Os grunhidos monossilábicos não eram mais suficientes para suprir a
necessidade de sobrevivência do grupo frente a novos perigos, desconhecidos até então. As
inclusões de gestos associados aos grunhidos criaram, provavelmente, novos sentidos.
Com o tempo desenvolveram a simbologia, gerando novas sinapses no cérebro dos
primatas, quebraram o paradigma ao significar, para situações diferentes, sentidos diversos,
mas semelhantes, ao conjunto gesto-som. A linguagem tinha seu início e com ela novas
possibilidades apareceram: a realidade passou a ser o que se dizia e não mais o que se
fazia. Surgiram as mentiras, já que a palavra ganhou um peso maior que as atitudes.
A transmissão de conhecimentos passou a ser dominada pela linguagem, que
passou para o campo abstrato, extrapolando a simples imitação. (DENNETT, 1998;
PINKER, 1998; TATTERSALL, 2001; THORNE, 2001; WONG, 2001).
Com o passar dos milênios o convívio fora das árvores tornou-se corriqueiro, o
hominídeo aprendeu a conviver nos campos quando dominou o fogo. Agora podia
proteger-se das feras, ao olhar para o céu viu o sol, a lua e as estrelas. Imaginou que eles
deveriam ser seres superiores que tudo controlavam. As primeiras palavras designantes de
coisas abstratas surgiram. Ora, se existiam seres superiores, existia um desígnio. O homem
não podia terminar com a morte física! Surgiram as crenças em uma vida pós-morte e, com
a necessidade de convívio em grupo, os conceitos religiosos apareceram. A moral religiosa
transformou o altruísmo num bem e o egoísmo em pecado, em mal, gerando no indivíduo a
9

culpa. Através destes conceitos o ser humano não se reconhece como egoísta, mas sempre
terá argumentos, desculpas e razões para justificar seus atos egoístas. O conceito de
propriedade, criado no mundo capitalista e consumista proporciona razões para atos
egoístas, disfarçados de lucro, bons negócios, meio de sobrevivência. No meio familiar a
necessidade de defender o clã estabeleceu o egoísmo grupal, a defesa dos genes. (LINK,
1998; PINKER, 1998; DAWKINS, 2006).
Para Darwin (2003), o ser humano é o melhor de seus antepassados, descende dos
mais aptos, que de uma forma ou de outra conseguiram se sobressair perante os outros. A
capacidade do engodo e do auto-engodo foi-lhes fundamental.
Mas, levando-se em consideração as idéias darwinistas para com as diferenças,
precisa-se antes, pensar nas semelhanças de atitudes, inerentes a cada sexo, dentro de seu
grupo e espécie, encontram-se certas “atitudes universais” como: o comportamento de
prole; o fato de nascer de uma fêmea e precisar do “outro” (pelo menos nos mamíferos)
para sobreviver à primeira infância e aculturar-se, o que poderia ser chamado de
“universalidade do instinto familiar”. Atendo-se aos primatas, pode-se falar, com bastante
segurança, da universalidade do tabu do incesto e da discriminação social aos
comportamentos “diferentes” – que não a relação macho e fêmea. Mas, acima de tudo, há
algo totalmente universal, pertinente a qualquer ser vivo: o egoísmo oportunístico.
Obviamente, as pessoas podem ser mais ou menos egoístas dependendo da herança cultural
da sociedade onde estão inseridos. (DAWKINS, 2001, 2003).
Carvalho (2006) assevera ser a continuidade física e mental do humano resultado
da nossa herança animal: “Era, em última análise, a esses ancestrais não-humanos que se
devia as raízes até mesmo de suas mais caras faculdades morais, de sua mais aguda
racionalidade, de seus mais nobres e sublimes sentimentos.” (p. 37)
De acordo com a noção de natureza humana o indivíduo traz filogeneticamente a
chamada tabula inscripta, isto é, “programas” herdados de nossos antepassados desde as
eras primordiais e, portanto animais, o que os faz seres simbólico-culturais que para
sobreviver se utilizam de qualquer artifício inteligente, como por exemplo a regra da
reciprocidade comentada por Cialdini (2006), onde a pessoa que recebe algo sente a
necessidade de retribuir, no mínimo de forma equivalente ao que lhe foi dado ou sofrer o
menosprezo da sociedade, sendo denominado de ingrato.

5.1 SOCIEDADE
10

O homem nasceu para viver em sociedade, dela depende, sendo-lhe impossível


viver isoladamente e, para tanto, regras foram criadas, chamadas de moral, determinando,
em cada sociedade, o que é bom ou ruim ou o que é permitido ou condenável. Daí foi
criada a justiça para garantir o bom e “justo” funcionamento da sociedade. Portanto, para o
homem viver em sociedade, ser valorizado, ele precisa, inicialmente, ser aceito por esta e
agir segundo suas leis e regras morais. Na nossa sociedade o indivíduo que é bom, tem
compaixão, empatia e é solidário, tem grandes chances de dar-se bem socialmente.
(WERNER, 1999; LANE, 2004).
No seu conceito de superioridade, o ser humano diferencia-se de outros animais
por não aceitar o fato de ser egoísta. Ele é doutrinado social e religiosamente, desde o
nascimento, para ser altruísta, caridoso, bondoso, não desejar o mal a ninguém, cultivar o
amor fraterno e condenar qualquer ato que contradiga tudo isso, não sobrevive (tampouco
os genes) se não puder “amar o nosso semelhante como a nós mesmos”. (WERNER,
1999).
Dentro do seio familiar havia a necessidade de cooperação entre seus membros
contra intrusões externas, quer para a perpetuação dos genes, quer pela defesa dos
alimentos. Assim o egoísmo tornou-se passível de culpa, tornou-se “pecado”, pois ao
ajudar alguém de sua tribo ou família, o sujeito amealhava créditos passíveis de serem
cobrados quando em necessidade. Estava criada a forma primitiva de conta corrente onde,
antes do dinheiro, existia uma “mercadoria” a ser permutada – a troca de favores, ou como
comenta Cialdini (2006) a “regra da reciprocidade” – onde o indivíduo que recebe sofre a
auto-cobrança da retribuição. Desta forma surgiu o conceito de lucro, forma disfarçada de
receber algo isento de culpa, afinal trata-se de um bom negócio, meio de sobrevivência ou
fruto do esforço próprio. Seria o embrião da sociedade capitalista. Através destes conceitos
o ser humano não se reconhece como egoísta e sempre terá argumentos, desculpas e razões
para justificar seus atos egoístas. (WERNER, 1999; LANE, 2004).
O vínculo social se faz presente pela troca de favores, troca de mimos e carinhos.
Vários antropólogos pesquisaram a troca e concluíram ser um fenômeno universal. O
interessante é que ao ser inserido num sistema de trocas dificilmente se sai dele sem
prejuízo e, se interromper este ciclo corre-se o risco de ruptura de vínculo. Outro fator a
ressaltar é que o presentear gera um vetor de poder, de dependência. Como a diferença de
valor da dádiva recebida e presenteada influi no relacionamento vê-se que não é um
processo espontâneo, mas uma relação de poder e interesses, pois ao receber mais do que
11

se dá cria-se uma relação de dependência, uma necessidade de retribuição, a regra da


reciprocidade. (ELIAS, 1994; WERNER, 1999; CHEVALIER, 2004; CIALDINI, 2006).
O convívio social depende das trocas entre indivíduos. Para que se possa interagir
sem perder as informações do grupo, o cérebro humano permite o contato com até 150
pessoas. A partir deste número perde-se o referencial e pode-se ser prejudicado mais do
que beneficiado. Já com os mais próximos, a manutenção do contato auxilia
materialmente, valoriza e permite que se descarregue o estresse, ao se compartilhar os
problemas e permitir ajuda. A amizade diminui a incidência de problemas
cardiovasculares, gastrointestinais e de pressão alta. Portanto, ter amigos gera diversão e
aumenta a perspectiva de vida, logo vale a pena investir nos outros. (MANHART, 2006).

5.2 MORAL
Segundo Waal (2007) os primatas, chimpanzés e bonobos, principalmente,
possuem conceitos básicos de moral, empatia, reciprocidade e senso de justiça. Daí
depreende-se que o homem possui a moralidade na sua origem psicológica, independente
da religião.
Sendo o homem um ser biopsicossocial, suas atitudes são determinadas pela
sociedade, pelo psicológico – sua consciência – e pelo biológico – seu sistema límbico –
tanto é que em momentos de ira ou ciúme, por exemplo, seus instintos ancestrais afloram e
as atitudes são tomadas “sem pensar” e, só se as percebe após o fato consumado. Pode-se
sentir culpa, caso a moral tenha sido lesada. Na tentativa de minimizar as atitudes
impensadas, a sociedade e suas regras, através da linguagem, incutem ao homem ser
altruísta ou agir para o bem comum, muitas vezes até esquecendo-se de si próprio.
(VÁZQUEZ, 2005).
Segundo Comte (1798-1857), "a Moral consiste em fazer prevalecer os instintos
simpáticos sobre os impulsos egoístas." (ROUX, 1920) Entende-se por instintos simpáticos
aqueles que aproximam os indivíduos.
A moral possui, em sua essência, uma qualidade social. Manifesta-se somente na
sociedade, respondendo às suas necessidades e cumprindo uma função determinada. Uma
mudança radical da estrutura social provoca uma mudança fundamental de moral, tanto é
que atitudes aceitas atualmente seriam, sem dúvida, condenadas em tempos remotos, ou
seja, a moral ajusta-se com o decorrer dos anos, à “evolução” das sociedades. (VÁZQUEZ,
2005).
12

Para Vázquez (2005),

Cada indivíduo, comportando-se moralmente, se sujeita a determinados


princípios, valores ou normas morais, sendo que o indivíduo não pode inventar
os princípios ou normas nem modificá-los por exigência pessoal. O normativo é
algo estabelecido e aceito por determinado meio social. Na sujeição do indivíduo
à normas estabelecidas pela comunidade se manifesta claramente o caráter social
da moral (p.67).

5.3 RELIGIÃO
O ser humano prosperou e proliferou. Havia necessidade de criação de normas,
regras e limites para controlar a população e, sendo o policiamento ineficiente, só havia
uma forma de controlá-lo: criando um ser que tudo via, um ser onisciente, que para ser
efetivo devia castigar ou recompensar: inferno e céu. Os líderes perceberam que somente
invocando estes deuses controladores através da imposição de dogmas religiosos, da
repressão, da coação, poderia haver uma sociedade. Mas o simples falar, não trazia
resultados, havia a necessidade de afirmar e reafirmar estes dogmas, já que eles caiam em
esquecimento facilmente e o instinto natural prevalecia: o egoísmo pessoal era mais forte
que a necessidade de convívio em sociedade. Criaram-se, então, cultos religiosos, os
sacrifícios aos deuses, as reuniões grupais, as missas para corroborar os conceitos, para
incutir e repetir ad nauseam os princípios de convívio. (LINK, 1998; DAWKINS, 2003,
2006; NIETZSCHE, 2005).
Também Singer (1997) afirma ter as religiões sido criadas porque o altruísmo era
necessário para a sobrevivência dos grupos.
Assim as religiões pretendem que só se alcança o céu, a felicidade eterna, se
sacrificando pelos outros, isto é, sendo altruísta. A moral religiosa ensina que o egoísmo é
obra do mal, do diabo, logo, desde criança é-se condicionado a camuflar o egoísmo em
atos pretensamente altruísticos. Igualmente, a sociedade exige de seus componentes que,
para a convivência em grupo, sejamos altruístas, isto é, que se faça o bem ao próximo. A
igreja prega o sacrifício, a humildade, a simplicidade e a abnegação. A virtude depende da
vinculação com um deus através da fé e da caridade, ou seja, amar aos outros, mas
também, da responsabilidade pela sua salvação. Porém, quem define estes princípios são os
“homens de deus”, seus auto-intitulados representantes. (LORENZ, 1977; HELLERN,
2001).
Muito se fala em livre-arbítrio, mas as religiões criaram o conceito de culpa para
inibir o primeiro impulso de liberdade que se dirige, segundo eles, para o mal e para o
pecado, isto é, para a transgressão das ditas leis divinas. Diz-se que o homem é um ser
13

fraco, pecador, dividido entre o bem, qual seja, a cega obediência às leis do deus, e o mal
através da submissão à tentação demoníaca, representada pelos instintos egoístas. Ou de
outra forma, os seres são propensos ao pecado, sem vontade própria para controlar os
instintos primitivos que consciente ou inconscientemente procura reverter tudo em lucro,
mesmo que em prejuízo de terceiros. Assim o cristianismo institui um novo conceito
moral: a idéia do ato de dever, isto é, se não se é, deve-se tentar. Desta maneira, o
inconsciente tende a transformar os homens em seres altruístas, mesmo que na prática não
o sejam. Daí a idealização como se fossem essencialmente altruístas. (HELLERN, 2001;
CASTILHOS, 2007).
Todas as grandes religiões e correntes filosóficas consideram a vivência do
assistencialismo essencial ao desenvolvimento espiritual, porém a interpretação é
normalmente errônea, pois considera qualquer esmola inconsciente como uma benesse. Da
mesma forma que, ao se educar os filhos, não se lhes dá o que eles querem, mas, o que eles
precisam, deve-se analisar o que se faz ao semelhante com lógica e discernimento. O nível
de assistencialidade das pessoas mede-se pelo seu "quociente de altruísmo", verificado nas
coisas mais banais do dia a dia, tais como: o motorista que dá passagem a outro veículo, ou
o inverso, o seguidor da "lei de Gerson" que “precisa levar vantagem em tudo”. Porém,
estes fatores são, na realidade, formas de conviver em sociedade, e desta maneira, procura-
se, sempre, inserir-se na sociedade, através de “atos de bondade”. (SINGER, 1997;
WERNER, 1999; HELLERN, 2001).
Vive-se o eterno conflito interno entre a vantagem imediata e a perspectiva de
maior lucro futuro: a “glória eterna”, porque na tentativa de ser altruísta, sofre-se de
recaídas o que acaba se transformando em “seres egoístas”. O cérebro procura sempre
soluções que o beneficiem, mas para isto, precisa enganar suas próprias convicções, sua
própria educação, seus condicionamentos. Precisa passar-se por bom, mesmo que só o seja
para si próprio. Só tem credibilidade aquele que “não mente”, por isto o perjúrio, a mentira
e o engano precisam ser condenados pela moral religiosa. (CASTILHOS, 2007, GOLDIM,
2007).
Muitas vezes os objetivos de procriação, a tendência de propagação genética está
embutida nos preceitos religiosos, visando à prole e não admitindo o sexo isento do ato
reprodutor. Considerando a reprodução como ato altruísta, mas na realidade querendo
preservar o processo hereditário de bens e patrimônios ao legítimo descendente, além de
garantir que na velhice haja possibilidades de sua manutenção pelos mais jovens. Aí vemos
14

que a moral da sociedade e a religiosa se mesclam, se fundem para tornar o grupo coeso e
forte. (SINGER, 1997; CASTILHOS, 2007).
Baseando-se nos adestramentos adquiridos durante a vida e herdados de uma
civilização proveniente de 2 milhões de anos de evolução, o ser humano tende a se
considerar um ser altruísta. Nas religiões judaico-cristãs e maometanas o mote principal é a
dedicação ao próximo, a caridade, a bondade. Desta forma o indivíduo religioso
conquistará a “graça eterna”, seja vivendo eternamente com os anjos, seja usufruindo de 72
virgens, ou outra qualquer forma de regalia futura. Assim entende-se que o sujeito tenta
tornar-se altruísta visando vantagens futuras. No oriente propaga-se o desapego às coisas
materiais, pretendendo o “espiritual”, desta forma quem dá será superior ao que recebe.
Observamos que o ser humano procura, através da realização de “boas ações”, receber uma
recompensa futura, a longo prazo, seja este objetivo consciente ou inconsciente. (SINGER,
1997; HELLERN, 2000).
Assim surgem as filosofias simplórias como: “é dando que se recebe”, “faça agora
e receberá em dobro depois”, que dá a perspectiva futura de recompensa pela “bondade”.
Até tem-se prazer em dar, mas “tirando um pouquinho de vantagem”, mesmo sem perceber
e podendo até mesmo considerar sorte, pois o ego não reconhece essas “mesquinharias”, e
pensa-se que realmente se está praticando uma atitude altruísta e “divina”. Assim, se
constroem os seres sociais e de agradável convívio, com pressupostos religiosos de que o
egoísmo é demoníaco e não se arde no “fogo do inferno”, mas, sim, tem-se um espaço
garantido no “paraíso”. (SINGER, 1997; HELLERN, 2000).

5.4 ALTRUÍSMO
Desde pequeno se é domesticado a “dividir o que se tem com os amiguinhos”,
aquele saboroso chocolate que gostaria de comer sozinho, mas obriga-se a partilhar e
aprender com o tempo, que depois receberá em troca o “lucro” da benesse praticada
anteriormente. Ou, então, que se aprende a não bater nos outros, nem tampouco responder
aos mais velhos. Porém, contrariamente, o mais velho pode agredir o pequeno. Contudo,
por questões de sobrevivência, aprende-se sozinho, na escola da vida, o momento de ser,
ou não, egoísta. (WERNER,1999).
Altruísmo seria realizar o bem a outra pessoa com prejuízo ou não ao executante,
mas como normalmente ambos ganham, ou pensam que ganham, nem que seja a
longuíssimo prazo, o que existe é o egoísmo. É interessante observar que geralmente o
15

indivíduo comporta-se mais altruisticamente em relação aos filhos do que ao cônjuge, pois
existe mais comprometimento com relação àqueles do que a este. Por isso vemos mães se
sacrificarem pelos filhos, pois seu investimento é muito grande e longo, já que seus genes
se perpetuam através deles. (WALLACE, 1985; PINKER, 1998; WERNER, 1999).
Os dados afirmam que o altruísmo recíproco onde 52,8% dos entrevistados
alegam ter o comportamento egoístico optimas, bem como comenta Wallace (1985)
quando diz que um sujeito auxilia outro para aumentar a aptidão reprodutiva, já que há a
criação de um vínculo de gratidão entre ambos e seus parentes que, no futuro, pode ser útil,
graças à memória de longa duração. Segue dizendo ser todo amor egoísta, sendo isso,
porém, bom. Alega que tanto o amor como o ódio não são bons nem maus e, sim, naturais,
imprescindíveis à sobrevivência, pois sem ciúmes do parceiro sexual, pode-se não ter
filhos próprios. Conclui, ele, que o homem não é apenas egoísta, esperto, malandro,
manipulador e que só se preocupa com sua reprodução, é também, um ser criativo, sensível
e artista.
Porém, apesar destes fatos, as pessoas são educadas e amestradas a se aceitarem
como seres altruístas e, sempre que questionadas, consciente ou inconscientemente se
posicionam como tal, como santos e como colaboradores. As diferenças pessoais,
conseqüência da derrocada do comunismo e outras tentativas utópicas de sociedade
mostram a hegemonia do cidadão egoísta sobre o altruísta. (PINKER, 1998; WERNER,
1999; RIDLEY, 2004).

5.5 EGOÍSMO
Vê-se a relutância dos seres humanos em admitirem-se como seres egoístas,
principalmente ao se tratar de relacionamentos amorosos. Nos dados estatísticos, em
média, 1,8% dos entrevistados admitiram seu comportamento egoístico ego quidem. O ser
humano vive um eterno dilema: ser bom e pensar no futuro ou angariar lucro imediato. As
religiões pregam uma vida eterna cheia de vantagens mirabolantes, decorrentes de uma
vida de sacrifícios, de dedicação ao próximo. A moral religiosa, instituída para domesticar
o ser primitivo, anterior à socialização é fruto das repressões e coações, necessárias em
épocas primevas, quando os instintos falavam mais alto, em que as condições de vida eram
abundantes em agruras e dificuldades na luta pela sobrevivência frente a uma natureza
selvagem, plena de adversidades e perigos mais fortes que as condições normais dos
indivíduos isolados. (RIDLEY, 2004).
16

Dawkins (2001) afirma que a curto ou longo prazo, sempre existe um objetivo
egoísta. Considerando como meme, o equivalente ao gene para a memória, isto é, a
unidade de informação que passa de indivíduo a indivíduo, ou armazenados em artefatos
de saber, tais como livros:

[...] mesmo que olhemos para o lado escuro e assumamos que o homem é
fundamentalmente egoísta, nossa capacidade consciente de previsão – nossa
capacidade de simular o futuro na imaginação – poderia nos salvar dos piores
excessos egoístas dos replicadores cegos. Pelo menos temos o equipamento
mental para promover nossos interesses egoístas a longo prazo e não
simplesmente aqueles a curto prazo. [...] Temos o poder de desafiar os genes
egoístas de nosso nascimento e, se necessário, os memes egoístas de nossa
doutrinação. Podemos até discutir maneiras de cultivar e estimular o altruísmo
puro e desinteressado – o que não ocorre na Natureza e que nunca existiu antes
em toda história do mundo. Somos construídos como máquinas gênicas e
cultivados como máquinas mêmicas, mas temos o poder de nos revoltarmos
contra nossos criadores. Somente nós, na Terra, podemos nos rebelar contra a
tirania dos replicadores egoístas. (2001, p. 222)

Stirner (2006) diz que egoísmo dá-se:

Somente quando as pretensas à falsa autoridade de tais conceitos e instituições


são revelados é que a verdadeira ação, poder e identidade dos indivíduos podem
emergir. A realização pessoal de cada indivíduo se encontra no desejo de cada
um em satisfazer seu egoísmo, seja por instinto, sem saber, sem vontade - ou
conscientemente, plenamente a par de seus próprios interesses. A única diferença
entre os dois egoístas é que o primeiro estará possesso por uma idéia vazia, ou
um espanto, na esperança de que sua idéia o torne feliz, já o segundo, pelo
contrário, será capaz de escolher livremente os meios de seu egoísmo e perceber-
se enquanto fazendo tal.
Somente quando o indivíduo percebe que lei, direito, moralidade, religião, etc.,
são nada mais que conceitos artificiais e não autoridades sagradas a serem
obedecidas é que poderá agir livremente.

5.6 RELACIONAMENTOS
Para Horpaczky (2005) o ciúme está sedimentado no amor e pretende considerar
como sua, a posse do objeto amado, além da remoção do concorrente. O ciúme surge de
uma triangularidade e, portanto, há sempre um alvo diferenciado e existente, mesmo que os
motivos sejam irreais. Já a inveja não precisa da terceira pessoa, pois ela é direcionada ao
outro somente, quer seja por algo que ele possui, quer por uma qualidade. Como a inveja
objetiva igualar ou superar o outro, o indivíduo, ao frustrar-se tende a prejudicá-lo, mesmo
que não ganhe nada com isto. Estes sentimentos, ciúme e inveja, podem levar ao
desespero, depressão e outras perturbações. Outrossim, atos egoístas pretendem,
simplesmente, tirar proveito de determinadas situações, sem ter a intenção de prejudicar
outrem.
17

Homens e mulheres não ciumentos, não podem ter sido os nossos ancestrais,
tendo sido deixados na poeira evolucionária por rivais com sensibilidades passionais
diferenciadas. Todos descendem de uma longa linhagem de ancestrais que sentiam a
paixão perigosa. O ciúme, segundo essa teoria, é uma adaptação, pois no jargão da
psicologia evolucionária, é a solução evoluída para um problema recorrente de
sobrevivência ou reprodução. Os humanos, por exemplo, têm preferências evoluídas por
açúcar, gordura e proteína, que são soluções adaptativas para o problema de sobrevivência
da seleção de alimento. Sofrem evolução em medos especializados de serpentes, aranhas e
estranhos, que são soluções adaptativas a problemas ancestrais, reflexos impostos por
ameaça de espécies perigosas, inclusive, seus semelhantes. Têm preferências específicas
por certas qualidades em parceiros potenciais devido à evolução, que de certa forma
ajudaram a resolver os problemas colocados pela reprodução. As adaptações existentes em
humanos hodiernos surgiram porque ajudaram nossos ancestrais a combater todas as
“forças hostis da natureza”, capacitando-os a sobreviver e a se reproduzir com êxito. Essas
adaptações são mecanismos de enfrentamento passados adiante através dos milênios
porque funcionaram – não perfeitamente, claro, mas ajudaram os ancestrais humanos a
lutar através dos gargalos evolucionários de sobrevivência e reprodução. (BUSS, 2000).
Continua Buss (2000) afirmando que o ciúme emocional, e outras formas de
egoísmo, são articulados inconscientemente e foram transmitidos aos humanos através de
milhões de anos pelos ancestrais bem-sucedidos.
Portanto, quando o relacionamento oferece menos do que o desejado, na maioria
das vezes, é que ocorrem as traições, isto é, procura-se algo que está faltando no
relacionamento, uma saída, uma satisfação. As razões são muitas, mas em resumo é a
necessidade de satisfazer seu ego, insatisfeito ou prejudicado, a sensação de estar perdendo
algo, quando o normal é perceber-se no “lucro”. (HORPACZKY, 2005).
Melo (2006) comenta sobre a falsa idéia que se faz de um relacionamento: a
concepção de que um casal é a união de duas metades. Na realidade, assevera ele, para um
vínculo ser duradouro, cada componente deve ser inteiro, integral, com personalidade e
liberdade. O indivíduo que só se doa, ou no caso contrário, só pretende receber, não está
preparado para um consórcio pleno, pois a troca deve existir sempre de forma harmoniosa.
Se um estiver se sentindo sob coação, ou estiver explorando o outro, cedo ou tarde haverá
ruptura do relacionamento. A individualidade deve ser respeitada para que a conjunção
seja sinérgica, para que um possa receber o que necessita, enquanto o outro dá o que lhe
18

apraz em determinado momento, pois se houver exigência, obrigação, haverá desgaste da


união.
Os humanos foram educados a considerar um relacionamento amoroso como um
fim em si mesmo, isto é, ele é obrigado a dar certo. Assim, obviamente, se esforçam para
tal, sendo extremamente altruístas, mas claro, querendo ou exigindo que haja uma
compensação pelos seus atos. Afinal, se houver um fracasso a culpa sempre será do outro.
Vem-se noivos preocupados com a festa do casamento, os convidados, a sociedade enfim,
mas poucas vezes se deparam com análise, limites e contrato intraconjugal, porém ambos
consideram-se preparados para o relacionamento. Observa-se daí que, além de considerar o
companheiro de forma idealizada, concebe-se da mesma maneira, afinal, nunca haverão
conflitos já que cada um fará o máximo para o outro, sem egoísmos! (BUSS, 2000;
CASTILHOS, 2007).
No relacionamento, considera Buss (2000), depois de passada a fase de paixão,
por razões que podem variar da simples birra por se considerar lesado porque o
companheiro não arrumou a cama, não deu um carinho na hora que assim se desejou,
enfim, não correspondeu ao que foi estabelecido como válido, sentindo-se em
desvantagem, utiliza-se de subterfúgios para alcançar determinado ganho.
O namoro é a época utópica do relacionamento, da paixão, de juras eternas, onde
ambos acreditam ter encontrado o parceiro ideal para viver junto o resto de suas vidas.
Nesta fase a projeção que cada um faz no outro reflete seus próprios anseios. Mas, em
contrapartida precisa fazer seu marketing próprio e para isso é preciso fazer com que o
outro se sinta bem, não querendo extrair dele mais do que ele tem para dar (optimas), ao
mesmo tempo jurando fidelidade e amor eterno (ágape), confirmado por 53,5% dos
entrevistados. (BUSS, 2000; RIDLEY, 2000).
Com o noivado a sensação da proximidade do casamento monogâmico e
duradouro e do abandono da vida de solteiro, de sua permissividade, surge hesitações e
dúvidas em relação à confirmação da aliança. Esta dúvida aparece na pesquisa sendo
identificada por uma queda para 46,8% de afirmação dos entrevistados quanto ao seu amor
ágape e sua crença positiva do retorno (optimas). (BUSS, 2000; RIDLEY, 2000).
Quando casado precisa manter perto de si o parceiro e novamente as juras de amor
eterno se refazem. Porém agora para garantir a fidelidade, a certeza da prole para os
homens ou da manutenção e suporte para si e para os filhos por parte da mulher, com isso
19

novamente se refaz a afirmação do amor ágape e comportamento egoístico optimas


apontados por 54,3% dos pesquisados. (BUSS, 2000; RIDLEY, 2000).
5.7 GÊNERO
Ambos os gêneros acreditam amar da mesma forma - ágape, porém devido ao
maior investimento da mulher para a geração de uma nova vida, essa precisa pensar mais
em si do que na relação de ambos, é a única que tem a certeza que o filho é seu. O homem,
por sua vez, precisa dizer amá-la acima de tudo na tentativa de evitar uma possível traição.
(DAWKINS, 2001).
Dawkins (2001) diz, ainda, que a fêmea se comporta de maneira recatada e difícil
para testar o macho. Ela se porta de forma a dificultar a cópula para verificar se o macho
tem paciência, se ele não consegue esperar é por que não seria um marido fiel. Em
contrapartida o macho espera para verificar se ela não está prenhe, o que evitaria com que
ele tenha que cuidar dos filhos de outros. Para ele o ser vivo é uma “máquina de
sobrevivência”, organizado pela seleção natural para preservar a continuidade de sua carga
genética. Ou seja, ela não precisa, tanto quanto ele, afirmar seu amor, pois a dúvida maior
continua sendo dele, na pesquisa isso aparece quando 38,4% delas afirmaram seu amor
ágape e comportamento egoístico optimas contra 50,8% deles.

5.8 FAIXAS ETÁRIAS


Quanto mais novo o indivíduo adulto, mais chama a atenção do gênero oposto,
seu valor no “mercado emocional” é mais alto e por isso não precisa dedicar-se tanto assim
ao parceiro. A fertilidade, a capacidade de gerar bons filhos, a energia vital, e a
disponibilidade são maiores, porém, com o decorrer do tempo, da evolução do ciclo vital,
começam a aparecer os sinais do envelhecimento próprios do passar dos anos, mister se faz
garantir alguém ao seu lado e para isso dedica-se mais, afirma-se mais, dá-se mais certezas
ao outro do que se sente, procura-se fazer com que o outro sinta-se bem estando ao lado e
para isso diz-se amar incondicionalmente. Estatisticamente isso aparece na pesquisa onde
50,5% dos adultos jovens (20 a 24 anos) afirmam seu amor ágape e comportamento
egoístico optimas, 53,9% dos adultos em idade de 25 a 30 anos e 55% das pessoas entre 31
a 35 anos. (WALLACE, 1985; DAWKINS, 2001).
5.9 ÉTICA
Entende-se que a ética analisa o melhor para todos os envolvidos, já que o
indivíduo tem o mesmo peso do que os demais, logo, atos ditos egoístas podem ser
20

necessários para sobrevivência do sujeito e atos ditos altruístas podem prejudicar o sujeito
em prol de terceiros. Assim, devem ser avaliados e ponderados, isto é, considera-se que se
faz ética quando a decisão tomada sobre determinado assunto é benéfica para a maioria dos
envolvidos, inclusive para o próprio sujeito. A dignidade de todos os envolvidos deve ser
resguardada, logo o sujeito não pode ser humilhado, prejudicado, espoliado para a
satisfação de terceiros. (VÁZQUEZ, 2005; GOLDIM, 2007).
Como a ética não vê apenas um dos lados, ela considera que quando alguém é
prejudicado, significa que o outro o está lesando, logo considerando em sentido inverso
não houve ética. A pessoa com um alto grau de maturidade procura avaliar, sempre, se o
seu próximo está preparado para receber o ensinamento ou se ainda está preso ao modus
vivendi arcaico em que o mimetismo (repetição de atos, pensamentos) impera em sua
vivência, fazendo com que sua vida passe sem ponderações sobre os atos e fatos.
(VÁZQUEZ, 2005; GOLDIM, 2007).
Para as pessoas imaturas o que está escrito é fato, simplesmente porque está
escrito. Não há análise, raciocínio, investigação e, muito menos, experiências. O famoso
magister dixit, a gurolatria e o modismo tomam posse de suas vidas engolindo-as
completamente. Mas para a ética é necessário que o problema seja pensado, ponderado,
para só, então, decidir sobre o encaminhamento a ser dado e assunção da responsabilidade
que lhe cabe, que valerá para aquele momento de decisão, pois em outro instante a solução
pode ser diversa em função das variáveis envolvidas nesse novo momento. (VÁZQUEZ,
2005; GOLDIM, 2007).

6. CONCLUSÃO
Todo o relacionamento é uma troca, porém para que todo esse sistema se perpetue
é necessário que ambos acreditem estar ganhando algo, que pode ser imediato ou não ou
ainda ter pelo menos a perspectiva de lucro futuro, mas nenhum dos dois pode sentir-se, na
maior parte das vezes, prejudicado – o que findaria a relação, por isso o comportamento
egoístico optimas é predominante.
Isso é conseguido assegurando-se ao parceiro ou parceira que o amor que lhe é
dedicado praticamente não tem limite, o que dá segurança e tranqüilidade ao outro, ou seja,
pratica-se grandemente o amor do tipo ágape.
Pode-se concluir então que o ser humano de um modo geral desenvolveu uma
grande capacidade de resiliência, já que ele precisa adaptar-se ao meio em que vive para
21

conseguir manter-se vivo e aceito pelos demais. Só assim ele poderá gerar descendência
perpetuando sua própria linhagem. Muito embora as mulheres não precisem mostrar amar
tanto quanto os homens, pois são elas que detêm um maior “poder” da reprodução, apesar
de ser necessário que ambos participem para a geração da prole, o investimento da fêmea
sobrepuja-se haja visto que ela dedica-se inteiramente durante o período gestacional e
amamentação e, além disto, sempre tem a certeza de ser um dos genitores, o que já não
acontece com o macho, por isso é que muito mais ele é quem precisa garantir a fidelidade
dela.
Seguindo a análise dos dados apresentados na pesquisa também pode-se concluir
que as pessoas sempre apresentam um grau de comportamento egoístico, muito embora
elas procurem ocultá-lo ao máximo, pois se não se mostrar colaborativa para com a
sociedade, essa, provavelmente, a excluirá. Tal fato é comprovado pela baixa correlação
encontrada entre o comportamento egoístico ego quidem com qualquer das formas de amar
de Lee (1988).
Enfim, faz-se necessário que haja um balanço entre vitórias e derrotas, caso
contrário, os relacionamentos não ocorrem, a vida social não acontece, por isso o ser
humano utiliza-se da linguagem e das suas capacidades de engodo e auto-engodo, para
assim perpetuar sua própria espécie. Dessa forma entende-se que o peso da moral influiu
sobremaneira na resposta da pesquisa, quer seja por conceitos morais (ou culturais), quer
por religiosos.
Percebe-se a necessidade de novas pesquisas, mais incisivas, para captar o
comportamento egoístico ego quidem, pois entende-se que esta forma é muito mais
freqüente do que apareceu na pesquisa e seria de grande valor para o entendimento dos
relacionamentos humanos, bem como sua relação com comportamentos de manipulação,
mas isso é assunto para outra pesquisa que poderá ser desenvolvida futuramente.
Outrossim, o conhecimento dessas formas de manifestação do ser humano
propicia uma melhor análise dos relacionamentos, com possibilidades de melhor
entendimento entre as partes, desde que se desvinculem das estreitezas impostas pelas
tradições e morais e se passe a atuar com senso ético e conscientes das limitações próprias
e do parceiro.
Considera-se o trabalho realizado importante para as áreas humanas, tais como, a
antropologia, a psicologia, a pedagogia e a sociologia, entre muitas outras, já que ele pode
auxiliar na compreensão das atitudes e comportamentos humanos.
22

REFERÊNCIAS

ABEL-HIRSCH, Nicola. Eros. Rio de Janeiro: Ediouro: Segmento – Duetto, 2005.

AMÉLIO, Ailton. O Mapa do Amor. São Paulo: Gente, 2001.

BARROWS, Kate. Inveja. Rio de Janeiro: Ediouro: Segmento – Duetto, 2005.

BIERHOF, Hans-Werner. Mil formas de Amor. Viver – Mente & Cérebro, São Paulo, n.
141, p. 60-63, out. 2004.

BOWLBY, John, Uma base segura: aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1989

BOWLBY, John. Apego – A Natureza do Vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

BOWLBY, John. Perda –Tristeza e depressão. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

BUSS, David. Paixão Perigosa – Por que o ciúme é tão necessário quanto o amor. São
Paulo: Objetiva, 2000.

CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus. São Paulo: Palas Athena, 2003.

CARVALHO, André; WAIZBORT, Ricardo. A mente darwiniana. Viver – Mente &


Cérebro, São Paulo, n. 157, p. 34-39, fev. 2006.

CASTILHOS, Washingon. A Ética entre o Bem e o Mal. Disponível em:


http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2654&sid=4. Acesso
em: 25 ago. 2007.

CHEVALIER, Sophie; MONJARET, Anne. O valor (moral) da troca. Viver – Mente &
Cérebro, São Paulo, n. 143, p. 30-33, dez. 2004.

CIALDINI, Robert B. O poder da persuasão. Rio de Janeiro: Campus, 2006.

D’ANDREA, Flavio Fortes. Desenvolvimento da Personalidade. Rio de janeiro: Bertrand


Brasil, 2003.

DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Porto: Lello $ Irmão, 2003.

DAWKINS, Richard. O gene Egoísta. Belo Horizonte: Itatiaia, 2001.

DAWKINS, Richard. A Escalada do Monte Improvável. São Paulo: Companhia das Letras,
2003.

DAWKINS, Richard. Deus, um delírio. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

DENNETT, Daniel C. A Perigosa Idéia de Darwin. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.


23

DICIONÁRIO Soviético de Filosofia. Montevideo: Ediciones Pueblos Unidos. 1965.

ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. São Paulo: Perspectiva, 2004.

ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

FADIMANN, J.; Frager, R. Teorias da Personalidade, São Paulo:Harbra, São Paulo, 1986

FEHR, Ernst; RENNINGER, Suzann-Viola. O Paradoxo do Samaritano. Viver – Mente &


Cérebro, São Paulo, n. 144, p. 80 - 87, jan. 2005.

FERRARIS, Ana Oliverio. Emoções e sexualidade. Viver – Mente & Cérebro, São Paulo,
n. 141, p. 64-65, out. 2004.

FREUD, Sigmund. Edição Eletrônica Brasileira das Obras Psicológicas Completas de


Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, out. 1997. 1 CD-ROM.

GIACOIA JR, Oswaldo. Nietzsche. São Paulo: Publifolha, 2000.

GIACOIA JR, Oswaldo. Nietzsche & para além de Bem e Mal. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 2002.

GOLDIM, José Roberto. Ética. Disponível em:


http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2654&sid=4. Acesso
em 02 set. 2007.

GRAZIANO, Lílian. Carinho Gratuito. Ciência & Vida - Psique, São Paulo, n. 01, p. 30-
37, dez. 2005.

HAZAN, Cindy, A Paixão sem Mistérios? A Anatomia, a Química e a Biologia do Amor.


Disponível em:
http://boasaude.uol.com.br/Lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3218&ReturnCatID=1781Acess
o em: 23 mai. 2006.

HELLERN, Victor, NOTAKER, Henry, GAARDNER, Jostein. O Livro das Religiões. São
Paulo: Cia. Das Letras, 2000.

HOLMES, Jeremy. Narcisismo. Rio de Janeiro: Ediouro: Segmento – Duetto, 2005.

HORPACZKY, Kátia Cristina. Você tem inveja?. Disponível em:


http://www.spiner.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=846&mode=thread
&order=0&thold=0. Acesso em: 23 mai. 2006.

INGENIEROS, José. O Homem Medíocre. Curitiba: Livraria do Chain Ed., 19?.

KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa:Edições 70, 1989.

KLEIN, Melanie. Inveja e Gratidão e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
24

KRAMER, Heinrich, SPRENGER, James. O Martelo das Feiticeiras. Rio de Janeiro: Rosa
dos Tempos, 2004.

LANE, Sílvia T. Maurer. O que é Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 2004.

LEE, John Alan. Loves styles. In STERNBERG e BARNES (edits). The Psychology of
Love. Birghamton:Yale University Press. Cap 3. 1988

LINK,Luther. O Diabo, a máscara sem rosto. São Paulo: Schwarcz, 1998.

LORENZ, Konrad. Civilização e Pecado. São Paulo: Circulo do Livro, 1977.

MANHART, Klaus. Nada como um bom amigo. Viver – Mente & Cérebro, São Paulo, n.
159, p. 80-82, abr. 2006.

MASTERS, William H. e JOHNSON, Virginia E. O Vínculo do Prazer – Uma nova


maneira de ver a sexualidade e a confiança. Rio de Janeiro: Record, 1977.

MELO, Pedro P. R. C. Entre o nós, a necessidade do eu e do outro para o bem das nossas
vidas. Disponível em:
http://www.psicologia.com.pt/artigos/imprimir_o.php?codigo=AOP0066. Acesso em: 23
mai. 2006.

MOELLER, Leslie H.; MATHUR, Sharat K.; ROTHENBERG, Randall. O melhor retorno
sobre o investimento. HSM Management, São Paulo, v 6, n. 41, p. 132 – 140, 2003.

MOLLON, Phil. O Inconsciente. Rio de Janeiro: Ediouro: Segmento – Duetto, 2005.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Ecce Homo. São Paulo: Edições de Ouro, 1976.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do Bem e do Mal: prelúdio a uma filosofia do


futuro. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

NOBLE, Florence. Receber presentes um prazer cerebral. Viver – Mente & Cérebro, São
Paulo, n. 143, p. 34-35, dez. 2004.

OLTRAMARI, Leandro Castro. Os Caminhos Filosóficos do Amor. Disponível em:


http://www2.uerj.br/~revispsi/v5n2/artigos/r01.htm . Acesso em: 02 mai. 2006

PIERLUIGI, Politi. Amor de paixão acaba após um ano, diz pesquisa. Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2005/11/printable/051128_amorcc.shtml.
Acesso em: 12 mai. 2006

PINKER, Steven. Como a Mente Funciona. São Paulo: Companhia das Letras,
1998.

QUILICI, Mário L.. O Amor. Disponível em:


http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=59. Acesso: 02
mai. 2006.
25

REGO, Armênio; CARVALHO, Teresa. Motivos de Sucesso, Afiliação e Poder: Evidencia


Confirmatória do Constructo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, jan./abr. 2002, v.18, n. 1, p.
17 – 26. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
37722002000100003&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 03 abr. 2006.

RIBEIRO, Sidarta. Os maleáveis alicerces da moral. Viver – Mente & Cérebro, São Paulo,
n. 159, p. 19, abr. 2006.

RIDLEY, Matt. As Origens da Virtude. Rio de Janeiro: Record, 2000.

RIDLEY, Matt. O que nos faz Humanos. Rio de Janeiro: Record, 2004.

ROTH, Priscilla. O Superego. Rio de Janeiro: Ediouro: Segmento – Duetto, 2005.

ROUX, A. La pensée d'Auguste Comte. Paris:Chiron, 1920.

SCHWARTING, Rainer. As fontes do prazer. Viver – Mente & Cérebro, São Paulo, n.
141, p. 52-57, out. 2004.

SINGER, Peter. How Are We to Live? Ethics in an Age of Self-Interest. Oxford: Oxford
University Press, 1997.

STEIBEL, Nicolau. Heterossexismo: Um Estudo antropológico sobre as Atitudes


Negativas para com os Gays - SC. Florianópolis, 1999. 220p. Dissertação (mestrado em
Antropologia) - Curso de Pós-Graduação em Antropologia Social. Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis

STIRNER, Max. Max Stirner. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Stirner.


Acesso em: 03 abr. 2006.

TATTERSALL, Ian. Não estávamos sozinhos. Novo olhar sobre a Evolução Humana –
Scientific American, São Paulo, n. 2, p. 22 – 29, 2001.

THORNE, Alan G.; WOLPOFF, Milford. A Evolução Multirregional dos humanos. Novo
olhar sobre a Evolução Humana – Scientific American, São Paulo, n. 2, p. 48 – 55, 2001.

VÁZQUEZ, Adolfo S. Ética. 26. ed. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2005.

VILLA, Mirian Bratfisch. Habilidades sociais conjugais em casais de diferentes filiações


religiosas. 2002. 128 f. Dissertação (Mestrado em Ciências, Área: Psicologia) –Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, Ribeirão Preto. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-09092002-
105102/publico/Tese_Mestrado.pdf. Acesso em: 23 mai. 2006.

WAAL, Frans de. A Moral é Animal. Veja, São Paulo, n. 2022, 22 ago. 2007. p. 9 – 13.
Entrevista.

WALLACE, Robert A. Sociobiologia: O Fator genético. São Paulo: Ibrasa, 1985.


26

WASSERMAN, Cláudio. O lucro à luz do conceito de preservação da riqueza. Revista


Contabilidade & Finanças – USP, out. 2003, p. 30 – 38. Disponível em:
http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/ed_comemor/2_artigo_claudio_wasserman_
pg30_38.pdf. Acesso em : 10 mai. 2006.

WERNER, Dennis. Sexo, Símbolo e Solidariedade: Ensaios de Psicologia Evolucionista.


Florianópolis:Universidade Federal de Santa Catarina, 1999.

WONG, Kate. Em busca do primeiro homem. Novo olhar sobre a Evolução Humana –
Scientific American, São Paulo, n. 2, p. 6 – 15, 2001.

ZIMMER, Carl. O Livro de Ouro da Evolução – o Triunfo de uma Idéia.Rio de Janeiro:


Ediouro, 2004.
27

Resumo

O artigo objetiva analisar o tipo de amor incondicional definido por John Alan Lee com as
pessoas que agem para o bem dos outros e as pessoas que agem em prol de si próprios. Os
dados foram coletados em 200 questionários tipo Likert, (100 homens e 100 mulheres,
universitários de ciências humanas, de Curitiba, com idades entre 20 e 35 anos, com
relacionamento estável de um a três anos). O questionário foi composto por 24 perguntas
elaboradas por Lee para definir o tipo de amor e 24 criadas pelo grupo especialmente para
medir o comportamento egoístico. As respostas foram tratadas estatisticamente através do
cálculo de correlação de Pearson no programa SPSS. Os dados afirmam que aqueles que
praticam o amor incondicional, ou ágape segundo Lee, são os mesmos que agem para o
bem dos outros acreditando positivamente que receberão algo em troca. Em contrapartida
as pessoas que agem em prol de si mesmas e sempre esperam retorno em curto prazo para
suas atitudes não se correlacionaram com nenhum dos seis tipos de amor de Lee, como se
elas não amassem. Conclui-se, ser necessário ao ser humano mostrar-se solícito e
amigável, o que o senso comum denomina de “boa praça”, “gente boa”, por que ninguém
quer perto de si alguém que não tenha essas qualidades. O indivíduo que se aproxima do
outro e é percebido como querendo tirar vantagem, “dar-se bem”, é rechaçado.
28

Parecer do orientador:
O presente trabalho foi desenvolvido ao longo de 2 anos onde os alunos precisaram
desenvolver um questionário específico para a avaliação de comportamentos egoísticos.
Todos os anos aqui na Universidade Tuiuti do Paraná, temos graduandos desenvolvendo
pesquisas e questionários para avaliação do objetivo a ser pesquisado, porém este trabalho
em específico denotou uma maturidade além do esperado e obteve como resultado um
trabalho coeso, coerente e muito bem embasado, merecedor das honras granjeadas na sua
apresentação e defesa, tendo os autores ousado desenvolver assuntos pouco trabalhados em
obras semelhantes, porém isso não removeu o brilho do trabalho, pelo contrário, trouxe à
tona assuntos que ainda poderão ser pesquisados mais especificamente.
Portanto merecedor de concorrer ao prêmio Silvia Lane e com muito orgulho de ter sido
seu orientador.
29

Memorial:
Muito se tem pesquisado, falado e debatido sobre vários assuntos, porém os
comportamentos egoísticos ou são simplesmente negados ou pouco falados abertamente,
porém desconfiávamos a princípio da existência dos mesmos, em menor ou maior grau.
Moveu-nos o desejo de comprovar – ou não – nossa dúvida. Pelo que lemos e pesquisamos
antes de definirmos nosso objeto de pesquisa, fala-se de comportamentos egoísticos no
cotidiano, então resolvemos correlacionar a esse a forma de amar – já definidas e
pesquisadas por Lee - que cada pessoa exprime, sendo que os relacionamentos amorosos
entre dois seres geralmente são estudados sob o prisma da entrega, da doação, isto é, de
fora para dentro e poucos estudos os analisam de dentro para fora. Entende-se poder
compreender melhor um relacionamento se se puder entendê-lo através das reações
adquiridas pela evolução e pela necessidade de sobrevivência própria e de mantenimento
da relação amorosa. Os estudos da proposta de John Allan Lee sobre os tipos de amor
gerou a hipótese da existência de diferentes formas de egoísmo causantes destas várias
espécies de amor. Quiçá este estudo-pesquisa possa auxiliar os psicólogos num melhor
entendimento de seus pacientes enquanto relacionado amorosamente, bem como entender
um pouco mais sobre os mecanismos de sobrevivência utilizados pelos indivíduos para que
pudessem transpassar as dificuldades que se lhes apresentam durante seu ciclo vital, isto
sendo visto evolutivamente, afinal de contas somos o resultado dos melhores de nossa
espécie.

Você também pode gostar